Buscar

fulltext

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 276 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 276 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 276 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

w w w. u n i s u l . b r
capa_curva.pdf 1 15/07/16 09:51
UnisulVirtual
Palhoça, 2016
Direito Eleitoral
Universidade Sul de Santa Catarina
Créditos
Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul
Reitor
Sebastião Salésio Herdt
Vice-Reitor
Mauri Luiz Heerdt
Pró-Reitor de Ensino, de Pesquisa e de Extensão
Mauri Luiz Heerdt
Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional
Luciano Rodrigues Marcelino
Pró-Reitor de Operações e Serviços Acadêmicos
Valter Alves Schmitz Neto
Diretor do Campus Universitário de Tubarão
Heitor Wensing Júnior
Diretor do Campus Universitário da Grande Florianópolis
Hércules Nunes de Araújo
Diretor do Campus Universitário UnisulVirtual
Fabiano Ceretta
Campus Universitário UnisulVirtual
Diretor
Fabiano Ceretta
Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Ciências Sociais, Direito, Negócios e Serviços
Amanda Pizzolo (coordenadora)
Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Educação, Humanidades e Artes
Felipe Felisbino (coordenador)
Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Produção, Construção e Agroindústria
Anelise Leal Vieira Cubas (coordenadora)
Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Saúde e Bem-estar Social
Aureo dos Santos (coordenador)
Gerente de Operações e Serviços Acadêmicos 
Moacir Heerdt
Gerente de Ensino, Pesquisa e Extensão
Roberto Iunskovski
Gerente de Desenho, Desenvolvimento e Produção de Recursos Didáticos 
Márcia Loch
Gerente de Prospecção Mercadológica 
Eliza Bianchini Dallanhol
Livro didático
UnisulVirtual
Palhoça, 2016
Designer instrucional
Elizete Aparecida De Marco Coimbra
Direito Eleitoral
Mauro Antonio Prezotto
Livro Didático
Copyright © 
UnisulVirtual 2016
Professora conteudista
Mauro Antonio Prezotto
Designer instrucional
Elizete Aparecida De Marco Coimbra
Projeto gráfico e capa
Equipe UnisulVirtual
Diagramador(a)
Edison Valim
Revisor
Diane Dal Mago
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por 
qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul
P93
Prezotto, Mauro Antonio
Direito eleitoral : livro didático / Mauro Antonio Prezotto ; design 
instrucional Elizete Aparecida De Marco Coimbra. – Palhoça : 
UnisulVirtual, 2016.
274 p. : il. ; 28 cm.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-506-0082-6
e-ISBN 978-85-506-0083-3
1. Direito eleitoral. 2. Crime eleitoral. 3. Direitos políticos. I. 
Coimbra, Elizete Aparecida De Marco. II. Título.
CDD (21. ed.) 341.28
ISBN
978-85-506-0082-6
e-ISBN
978-85-506-0083-3
pag_iniciais.indd 4 10/10/16 10:36
Sumário
Introdução | 7
Capítulo 1
Direitos políticos | 9
Capítulo 2
Atores do processo eleitoral | 55
Capítulo 3
Processo eleitoral | 97
Capítulo 4
Representações e ações eleitorais | 151
Capítulo 5
Crimes eleitorais | 215
Considerações Finais | 259
Referências | 261
Sobre o Professor Conteudista | 273
Introdução 
O presente livro tem por objetivo apresentar as leis que regem o processo eleitoral 
e o seu funcionamento no Brasil, cujo tema é objeto de estudo da Unidade de 
Aprendizagem intitulada Direito Eleitoral. 
O direito eleitoral se ocupa do estudo das normas constitucionais e 
infraconstitucionais que regem os direitos políticos e seu exercício, bem como 
a formação da vontade popular, ou seja, o exercício da soberania popular a que 
alude o artigo 14 da Constituição da República de 1988.
O direito eleitoral pode ser entendido como o ramo do direito público que se 
ocupa da regulamentação do exercício dos direitos políticos, abrangendo todas 
as fases do macroprocesso eleitoral, desde o alistamento eleitoral, portanto, até a 
diplomação dos candidatos eleitos.
Quanto às fontes do direito eleitoral podemos citar primeiramente a Constituição 
Federal, de onde emanam os preceitos fundamentais, o regramento acerca do 
sistema de governo (Art. 1º), nacionalidade (Art. 12), os direitos políticos (Art. 14), 
os partidos políticos (Art. 17), a competência para legislar sobre a matéria (Art. 23, 
I) e a organização da Justiça Eleitoral (Art. 118).
Na legislação infraconstitucional temos a Lei nº 4.737/65, que institui o 
Código Eleitoral (CE); a Lei Complementar nº 64/90, denominada de Lei 
das Inelegibilidades; a Lei nº 9.404/97, conhecida como Lei Eleitoral; a Lei 
nº 9.096/96, também denominada de Lei dos Partidos Políticos – LPP e as 
resoluções expedidas pelo TSE, nos termos do artigo 105 da Lei Eleitoral.
Especificamente em relação ao Código Eleitoral (CE), é importante anotar que 
vários dispositivos não têm mais aplicabilidade, porquanto a Constituição Federal 
de 1988 dispôs sobre o mesmo assunto, mas de modo diverso, não tendo sido 
recepcionado pelo atual texto constitucional, ou mesmo porque a legislação 
infraconstitucional editada após 1965 (ano da publicação da Lei nº 4.737 – Código 
Eleitoral) veio a modificá-lo, revogando, portanto, o dispositivo até o momento 
vigente, seja de forma expressa, seja tacitamente.
O livro está constituído em cinco capítulos que abordam os conteúdos 
relacionados ao direito eleitoral, ou seja, ao exercício dos direitos políticos. 
No primeiro capítulo, estudaremos todas as normas que regulam a aquisição, 
os aspectos relacionados ao seu exercício, em especial quanto à capacidade 
eleitoral passiva, bem como as restrições ao seu exercício decorrentes das 
hipóteses de perda ou suspensão e das causas de inelegibilidades previstas na 
Constituição Federal e na legislação infraconstitucional.
No segundo capítulo, vamos conhecer os diversos atores que integram o 
processo eleitoral. São entidades e pessoas que intervêm no processo de 
escolha dos representantes do povo, sem os quais a democracia brasileira não se 
realizaria, a soberania popular não se expressaria.
O terceiro capítulo apresenta o conteúdo relacionado às diferentes fases do 
processo eleitoral, entendido este como sendo o procedimento concatenado 
em etapas, visando a materializar e concretizar o exercício da soberania popular, 
por meio da escolha do cidadão, especialmente para a composição do poder 
legislativo e do poder executivo. Ao estudar as diferentes fases do processo 
eleitoral, poderemos compreender melhor o funcionamento do processo eleitoral, 
o qual comumente chamamos de eleição.
No quarto capítulo, estudaremos as representações e ações eleitorais previstas 
na legislação eleitoral, as quais visam a apurar e reprimir os ilícitos eleitorais 
praticados no curso do processo eleitoral e punir os responsáveis pelas 
irregularidades, preservando, assim, a lisura e a legitimidade das eleições.
Por fim, no quinto capítulo, veremos os principais aspectos relacionados aos 
crimes eleitorais. Estudaremos a classificação doutrinária dos diversos crimes e 
as características principais dos diversos tipos penais eleitorais, os quais visam, 
ao lado das representações e ações eleitorais, a resguardar a legitimidade do 
processo de escolha do eleitor.
Esperamos que o presente livro sirva de instrumento para conhecer e 
compreender as particularidades de nosso sistema eleitoral e todos os aspectos 
relacionados à aquisição e exercício dos direitos políticos, tornando-se assim 
cidadãos cientes dos direitos e deveres para o permanente processo de 
construção da democracia brasileira.
Bons estudos!
9
Capítulo 1
Direitos políticos 1
Seção 1 
Noções introdutórias 
Ainda que não seja exclusivo dos regimes democráticos, é impossível falar de 
direitos políticos sem pensar em democracia. 
Silva (2011, p. 125-126) destaca que democracia é meio e instrumento para a 
realização de valores que são essenciais para a convivência humana, sendo a 
democracia “um processo de convivência social em que o poder emana do povo, 
há de ser exercido, direta e indiretamente, pelo povo e em proveito do povo.”
A democracia se assenta em dois princípios básicos:
a) soberania popular, pelo qual o povo é a fonte única de poder – todo poder 
emana do povo; 
b) participação direta e indireta do povo no poder, a qual se opera pelo 
exercício dos poderes políticos. 
A ConstituiçãoFederal (CF) de 1988 dedica um capítulo específico para tratar dos 
direitos políticos, por meio de normas que disciplinam o exercício da soberania 
popular (Arts. 14 a 16), normas essas que são o desdobramento do princípio 
estabelecido no artigo 1º, parágrafo único. 
Conforme Ferreira (1989, p. 288-289), os direitos políticos “são aquelas prerrogativas 
que permitem ao cidadão participar na formação e comando do governo”. Os 
direitos políticos são as prerrogativas ou atributos de intervenção e participação na 
organização administrativa e gerência dos interesses comuns da sociedade. 
1 PREZOTTO, Mauro Antonio. Direito Eleitoral. Palhoça: UnisulVirtual, 2016. p. 9-54.
10
Capítulo 1 
Acerca da importância dos direitos políticos, Ferreira (2015, p. 41) destaca que: 
Os direitos políticos fulguram, com destaque, no festejado Título 
II da Constituição da República, em capítulo próprio (IV), sendo 
imperativo qualificá-los como direitos fundamentais, não apenas 
pela topográfica expressa na Carta, mas pelo conteúdo que 
encetam em face da opção do Constituinte de adoção de um 
regime democrático.
Neste sentido, enquanto a nacionalidade representa o vínculo territorial por 
nascimento ou pela naturalização, a cidadania qualifica os participantes da vida 
do Estado, sendo, pois, atributo das pessoas integradas à sociedade, decorrente 
do direito de participar do governo, direta ou indiretamente. Cidadão é o indivíduo 
titular dos direitos políticos com direito de votar, de ser votado e de intervir em 
assuntos de grande relevância.
Sobre estes conceitos, Dias (2013, p. 105) traz importante diferenciação entre 
nacionalidade e cidadania: 
Do ponto de vista jurídico, a nacionalidade é o vínculo que une 
cada indivíduo com um Estado determinado. A relação que se 
estabelece é jurídico-política. A nacionalidade não estabelece 
nem fundamenta inicialmente os direitos civis, mas políticos. 
[...] A nacionalidade se refere ao fato de que alguém faça parte da 
comunidade nacional e esteja integrado nela; tenha condição de 
nacional contrapondo-se à de estrangeiro. [...] 
A cidadania, por outro lado, faz referência à condição de membro 
ativo do Estado, caracterizada pela titularidade dos direitos políticos. 
[...]. Enquanto cidadão é sempre nacional, o nacional pode não ser 
cidadão. É a participação ativa, a titularidade do direito de participar 
no governo o que determina a condição de cidadão.
Os direitos políticos, portanto, dizem respeito à soberania popular, que é exercida 
pelo sufrágio, entendido esse como o direito de escolha.
O indivíduo que se submete ao poder sem dele participar, sem exercê-lo, é súdito e 
não cidadão.
Segundo Silva (2011), a democracia pode ser direta, onde o povo exerce, sem 
intermediários, os poderes de governo, legislando, administrando e julgando. E 
indireta, na qual o povo escolhe periodicamente representantes para atuar em 
seu nome, governando, legislando, exercendo, enfim, todas as funções estatais; e 
semidireta, que se caracteriza por utilizar instrumentos da democracia direta e da 
semidireta, ou seja, é a conjugação dos dois primeiros tipos de democracia.
11
Direito Eleitoral 
A democracia brasileira é, a um só tempo, direta e também representativa. É o 
que estabelece a CF/88, ao dizer que a manifestação popular, ou o sufrágio, dá-
se de forma direta e por meio de representantes: “Art. 1º, parágrafo único: Todo 
poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou 
diretamente, nos termos desta Constituição”. (BRASIL, 1988, grifo nosso).
Como vimos na democracia direta, o cidadão decide, sem intermediários, 
sobre os assuntos de interesse da comunidade, utilizando-se, para tanto, de 
instrumentos como o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular, conforme 
artigo 14, incisos I e II, da CF/88.
A Lei nº 9.709/98 regulamentou os institutos do plebiscito, referendo e iniciativa 
popular, estabelecendo: “Art. 1º A soberania popular é exercida por sufrágio 
universal e pelo voto direto e secreto, com igual valor para todos, nos termos desta 
Lei e das normas constitucionais pertinentes, mediante: I – plebiscito; II – referendo; 
III – iniciativa popular.
O plebiscito é a consulta feita à população previamente à edição de ato legislativo ou 
administrativo, para que ela delibere sobre os assuntos de grande relevância.
No referendo a consulta à população é feita posteriormente à edição do ato legislativo 
ou administrativo, para que ela o aprove ou rejeite. 
Por fim, a iniciativa popular é a prerrogativa de a população apresentar projeto de 
lei à Câmara dos Deputados, mediante a assinatura de no mínimo um por cento do 
eleitorado nacional, distribuídos pelo menos em cinco Estados, com no mínimo três 
décimos por cento dos eleitores de cada um deles, conforme artigo 61, § 2º da CF/88, 
tendo, então, tramitação segundo as regras regimentais do Parlamento.
São três instrumentos - embora pouco utilizados - importantes para o exercício 
do poder diretamente pelo povo.
Seja na democracia direta, seja na representativa, o povo é soberano e exerce 
essa soberania por meio do direito de sufrágio, que segundo o artigo 14 da CF/88 
é universal.
O termo universal precisa ser analisado com o devido cuidado, porquanto, ao 
contrário do que possa parecer, não está ele a indicar que todo nacional possui 
o direito ao exercício do sufrágio, mas, apenas aqueles habilitados perante a 
Justiça Eleitoral.
12
Capítulo 1 
Conforme Gomes (2014, p. 48), o sufrágio pode ser universal ou restrito (este é 
subdividido em censitário, cultural e masculino), igual ou desigual.
Sufrágio universal é aquele em que o direito de votar é atribuído 
ao maior número possível de nacionais. As eventuais restrições 
só devem fundar-se em circunstâncias que naturalmente 
impedem os indivíduos de participar do processo político. 
Restrito, diferentemente, é o sufrágio concedido tão só a 
uns quantos nacionais, a uma minoria. A doutrina aponta três 
espécies de sufrágio restrito: censitário, cultural ou capacitário e 
masculino. 
Censitário é o sufrágio fundado na capacidade econômica do 
indivíduo. Nele somente se atribui cidadania aos que auferirem 
determinada renda, forem proprietários de imóveis ou recolherem 
aos cofres públicos certa quantia pecuniária a título de tributo. 
Cultural ou capacitário é o sufrágio fundado na aptidão 
intelectual dos indivíduos. Os direitos políticos somente são 
concedidos àqueles que detiverem determinadas condições 
intelectuais, demostradas mediante diploma escolar. A vigente 
Constituição acolheu em parte esse tipo de sufrágio. Com 
efeito, nega a capacidade eleitoral passiva aos analfabetos, pois 
estabelece que eles são inelegíveis (art. 14, § 4º). Todavia, se 
quiserem, poderão votar (art.14, § 1º, II, a), embora não possam 
ser votados. 
[...] 
Masculino é o sufrágio que veda a participação de mulheres no 
processo político. A exclusão se faz só com fulcro no sexo. 
[...] 
O sufrágio igual decorre do princípio da isonomia. Os cidadãos 
são equiparados, igualados, colocados no mesmo plano. O 
voto de todos apresenta idêntico peso político, independente de 
riquezas, idade, grau de instrução, naturalidade ou sexo. Significa 
dizer que todas as pessoas têm o mesmo valor no processo 
político-eleitoral: one mam, one vote. 
[...].”
No sufrágio desigual admite-se a superioridade de determinados eleitores e, 
portanto, possuem maior número de votos.
No Brasil, adotamos o sufrágio universal o qual é atribuído ao maior número de 
pessoas devidamente habilitadas segundo as regras eleitorais vigentes, de modo 
que não se limita por distinções de gênero, cor, raça, capacidade financeira ou 
patrimonial, sexo ou cultural.
13
Direito Eleitoral 
1.1 Aquisição dos direitos políticos
Conforme vimos anteriormente, o direito de sufrágio, isto é, o direito de escolha 
é atribuído a um universo de pessoas, qualificadas como eleitores. É com o 
alistamento eleitoral perante a Justiça Eleitoral que se adquirem os direitos 
políticos,ou seja, os atributos de intervenção no governo do município, do estado 
e do país.
1.1.1 Alistamento eleitoral 
O alistamento eleitoral consiste na inscrição do indivíduo que preenche todos os 
requisitos exigidos pela legislação, no rol de eleitores.
O alistamento eleitoral possui regras que estão 
estabelecidas no artigo 14 da CF/88. Dessa forma, ele é:
a) obrigatório para os maiores de dezoito anos;
b) facultativo para analfabetos; para os maiores de 
setenta anos; para os maiores de dezesseis e menores 
de dezoito anos. 
Ainda de acordo com o artigo 14, § 2º da CF/88 são 
considerados inalistáveis, ou seja, não podem se alistar 
como eleitores, os estrangeiros e, durante o período do 
serviço militar obrigatório, os conscritos.
As normas referentes ao exercício dos direitos políticos 
estão disciplinadas na Lei nº 4.737/65, chamada 
também de Código Eleitoral (CE), que embora seja 
anterior à CF/88, foi parcialmente recepcionado pela 
Carta Constitucional.
Os artigos 4º, 5º e 6º do CE são dispositivos que 
não foram integralmente recepcionadas pela atual 
Constituição da República, isso porque, quanto ao 
alistamento e voto, a norma regente é aquela inserida no 
artigo 14 da CF/88. 
Com essa constatação, podemos dizer que o indígena 
não está impedido de se alistar eleitor, porquanto a CF 
não impôs como condição para o alistamento a fluência 
na língua pátria. Esse entendimento restou sedimentado 
pelo TSE pela Res. nº 23.274, de 01/06/2010.
O termo se refere ao 
cidadão brasileiro 
chamado para a seleção, 
tendo em vista a prestação 
do Serviço Militar inicial, 
conforme art. 3º do 
Decreto nº 57.654/66 
que regulamentou a Lei 
nº 4.375/64, que dispõe 
sobre o serviço militar. 
Todavia, nem todos 
aqueles chamados para 
a seleção para o serviço 
militar tem o direito a 
voto restringido. Somente 
estarão impedidos de 
exercer o direito ao voto 
aqueles que efetivamente 
tenham sido selecionados 
e estejam prestando o 
serviço militar obrigatório. 
Por outro lado, conforme 
decidiu o TSE na Consulta 
respondida através da 
Resolução n. 15.850, de 
03/11/1989, os alunos 
de Órgão de Formação 
da Reserva (médicos, 
dentistas, farmacêuticos 
e veterinários) que estão 
prestando o serviço militar 
inicial obrigatório, estão 
inseridos na proibição 
constitucional, sendo 
inalistáveis e, portanto, 
estão impedidos de 
exercer o direito ao voto.
14
Capítulo 1 
Importante ainda registrar, de acordo com o artigo 14 da Res. TSE nº 
21.538/2003, que regulamenta o alistamento eleitoral, o cidadão que completar 
16 anos até a data da eleição poderá se alistar eleitor. Ou seja, o marco para 
verificação da idade, para fins de inscrição eleitoral, é a data da eleição.
Também de acordo com o artigo 16 da Res. TSE nº 21.538/2003 o analfabeto que 
deixar de sê-lo deverá requerer a sua inscrição eleitoral, não estando sujeito à 
multa prevista no artigo 8º do CE.
Já o brasileiro nato que não se alistar até os 19 anos ou o naturalizado que não 
se alistar até um ano depois de adquirida a nacionalidade brasileira incorrerá 
em multa imposta pelo juiz eleitoral e cobrada no ato da inscrição, consoante 
estabelece o artigo 15, do CE.
A multa pelo não alistamento no prazo estabelecido deixará de ser aplicada 
ao não alistado se esse requerer sua inscrição eleitoral até o centésimo 
quinquagésimo primeiro dia anterior à eleição subsequente à data em que 
completar 19 anos (CE, artigo 8º combinado com artigo 91 da Lei nº 9.504/97, 
também conhecida como Lei Eleitoral).
Os direitos políticos são adquiridos com o alistamento eleitoral, ou seja, com a inscrição 
do indivíduo no rol de eleitores.
 A função do alistamento consiste basicamente em:
a) qualificar e inscrever o cidadão no rol de eleitores; 
b) conhecer e declarar o direito ao sufrágio (direito de escolha);
c) organizar o eleitorado.
Sendo a qualificação, o procedimento administrativo realizado pela Justiça 
Eleitoral para verificar se o cidadão preenche os requisitos necessários para ser 
eleitor. A qualificação e a inscrição estão previstas no CE (artigo 42 ao artigo 50), 
regulamentado pela Res. TSE nº 21.538/2003.
15
Direito Eleitoral 
Os requisitos para o alistamento eleitoral são:
a) ser brasileiro nato ou naturalizado; 
b) ter no mínimo 16 anos de idade;
c) possuir domicílio na zona eleitoral onde pretende se alistar; 
d) não ser inalistável.
A CF/88 estabelece quem é considerado brasileiro nato e naturalizado:
Artigo 12. São brasileiros: 
I - natos: 
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda 
que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam 
a serviço de seu país; 
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe 
brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da 
República Federativa do Brasil; 
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou 
de mãe brasileira, desde que sejam registrados em 
repartição brasileira competente ou venham a residir 
na República Federativa do Brasil e optem, em 
qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela 
nacionalidade brasileira; 
II - naturalizados: 
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade 
brasileira, exigidas aos originários de países de língua 
portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto 
e idoneidade moral; 
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, 
residentes na República Federativa do Brasil há mais 
de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, 
desde que requeiram a nacionalidade brasileira. 
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no 
País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, 
serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, 
salvo os casos previstos nesta Constituição [...].
De acordo com o Decreto nº 70.436, de 18/04/72, que “regula a igualdade de 
tratamento entre brasileiros e portugueses, concernente aos direitos e obrigações 
civis e ao gozo dos direitos políticos”, a igualdade de direitos e obrigações civis 
e o gozo de direitos políticos serão reconhecidos por decisão do Ministro da 
Justiça, mediante portaria.
16
Capítulo 1 
A prova da idade se faz mediante a apresentação de um dos documentos 
previstos no artigo 44 do CE, como carteira de identidade ou carteira emitida 
pelos órgãos criados por lei federal, controladores do exercício profissional; 
certificado de quitação do serviço militar; certidão de nascimento ou casamento, 
extraída do Registro Civil; instrumento público do qual se infira, por direito, ter o 
requerente a idade mínima de 16 anos e do qual constem, também, os demais 
elementos necessários à sua qualificação. 
Para os cidadãos maiores de 18 anos e do sexo masculino é obrigatória a 
apresentação de certificado de quitação do serviço militar, conforme artigo 44, II, CE.
Para fins eleitorais, o domicílio eleitoral não se confunde necessariamente com 
o domicílio civil. Assim, o eleitor pode indicar como domicílio eleitoral o lugar 
onde reside, o local onde trabalha ou o local onde possui vínculo patrimonial ou 
comunitário, conforme entendimento do TSE no REsPE nº 16.397/2000.
O alistamento é realizado por meio do processamento eletrônico de dados, 
conforme Lei nº 7.444/85, segundo a qual, o requerimento de alistamento eleitoral 
deverá ser submetido à apreciação do juiz eleitoral, o qual poderá determinar a 
realização de diligência para esclarecer eventual dúvida quantos aos requisitos 
para o alistamento. 
Preenchidos todos os requisitos estabelecidos pela legislação, o requerimento de 
alistamento será deferido pelo juiz eleitoral e o indivíduo terá seu nome inscrito no 
rol de eleitores. Como o alistamento eleitoral pode ser fiscalizado pelos partidos 
políticos, o Código Eleitoral estabelece que, da decisão que defere a inscrição do 
cidadão, qualquer partido político poderá recorrer, no prazo de 10 dias, contados 
da data em que as listas de alistamento sejam publicadas. 
Se o juiz eleitoral indeferir o pedido de alistamento é possível ao alistando interpor 
recurso no prazo de 5 dias, conforme artigo 7º, da Lei nº 6.996/82.Importante consignar que de acordo com o artigo 91 da Lei nº 9.504/97 nenhum 
requerimento de alistamento ou transferência será recebido nos 150 dias que 
antecedem a eleição.
Em razão do processamento eletrônico, os títulos eleitorais não são mais datados 
e assinados a cada eleição e o comprovante de votação é entregue no momento 
da votação, pelo presidente da mesa receptora.
Como garantia ao alistamento eleitoral, o CE assegura ao empregado a ausência 
ao serviço, sem prejuízo da remuneração, por até dois dias para se alistar eleitor, 
devendo fazer a comunicação com antecedência mínima de 48 horas (artigo 48, CE).
17
Direito Eleitoral 
O CE em seu artigo 47 assegura ainda a gratuidade das certidões de nascimento 
ou casamento, quando destinadas ao alistamento eleitoral.
1.1.2 Transferência de domicílio eleitoral
Conforme artigo 55 do CE, cabe ao eleitor que mudar de domicílio requerer ao juiz 
eleitoral do novo domicílio a sua transferência, a qual somente será deferida se 
preenchidos os seguintes requisitos:
a) entrada do requerimento no cartório eleitoral até o 151º dia anterior à data da 
eleição; b) ter transcorrido pelo menos um ano da inscrição primitiva; 
c) ter residência mínima de três meses no novo domicílio; 
d) estar quite com a Justiça Eleitoral.
Não se exigirá o cumprimento dos requisitos citados nas letras “b” e “c” acima, 
quando se tratar de transferência de servidor público civil ou militar, ou membro 
de sua família, por motivo de remoção ou transferência.
A comprovação da nova residência é feita mediante declaração do próprio eleitor, 
de acordo com a Lei nº 6.996/82.
O pedido de transferência deverá ser publicado na imprensa oficial, podendo os 
interessados apresentar impugnação no prazo de 10 dias.
Da decisão do juiz eleitoral que indeferir o pedido de transferência caberá recurso 
por parte do eleitor no prazo de 5 dias. Da decisão que deferir o pedido poderá 
recorrer qualquer partido político, no prazo de 10 dias contados da colocação da 
respectiva listagem à disposição dos partidos.
No caso de transferência de domicílio eleitoral, o eleitor não poderá votar em 
eleição suplementar no novo domicílio. 
Eleição suplementar é aquela realizada em virtude da anulação da primeira 
realizada na mesma circunscrição eleitoral.
18
Capítulo 1 
Os partidos poderão acompanhar os pedidos de alistamento, transferência, 
revisão, segunda via e quaisquer outros atos, bem como requerer a exclusão 
de eleitor inscrito ilegalmente e assumir a defesa do eleitor cuja exclusão esteja 
sendo promovida.
1.1.3 Cancelamento do alistamento eleitoral 
De acordo com a legislação eleitoral (Art. 71, CE), o alistamento pode ser 
cancelado nas seguintes hipóteses:
a) Alistamento dos inalistáveis (estrangeiros, conscritos e os privados dos direitos 
políticos – Arts. 5º e 42, CE);
b) Alistamento fora do domicílio;
c) Perda ou suspensão dos direitos políticos, depois de alistado;
d) Pluralidade de inscrição (alistar-se em mais de um domicílio);
e) Falecimento do eleitor;
f) Deixar de votar em 3 eleições consecutivas, não pagar a multa ou não se justificar 
no prazo de 6 (seis) meses, a contar da data da última eleição a que deveria ter 
comparecido.
O cancelamento do alistamento eleitoral leva à exclusão do eleitor do 
cadastro de eleitores e será promovido de ofício pelo juiz eleitoral, ou seja, 
independentemente de pedido, ou mediante requerimento de representante de 
partido político, do próprio eleitor ou do Ministério Público Eleitoral.
No processo de exclusão do eleitor do cadastro de eleitores, será assegurado 
o direito de defesa que pode ser efetuado pelo próprio eleitor interessado, por 
qualquer outro eleitor ou por representante de partido político. 
A autoridade que aplicar a pena de suspensão ou perda dos direitos políticos 
deverá comunicar à Justiça Eleitoral.
Os oficiais de registro civil deverão enviar até o dia 15 de cada mês ao juiz 
eleitoral da respectiva zona comunicação dos óbitos dos alistáveis ocorridos no 
mês anterior.
19
Direito Eleitoral 
Havendo denúncia de fraude no alistamento eleitoral de uma zona eleitoral ou 
município, o Tribunal Regional poderá determinar a realização de correição e, 
desde que provada a fraude, ordenará a revisão do eleitorado.
Quando for constatada a inscrição do mesmo eleitor em mais de uma zona 
eleitoral, o Tribunal Regional comunicará ao juiz competente para o cancelamento 
que deverá recair, preferencialmente:
a) Na inscrição que não corresponda ao domicílio eleitoral;
b) Naquele cujo título não haja sido entregue ao eleitor;
c) Naquele cujo título não haja sido utilizado para o exercício do voto na última 
eleição;
d) Na inscrição mais antiga.
O pedido de exclusão será publicado em edital com prazo de 10 (dez) dias 
para ciência dos interessados, que poderão contestar dentro de 5 (cinco) dias, 
podendo ser realizada dilação probatória de 5 a 10 dias, devendo o juiz proferir 
decisão em 5 dias.
Da decisão do juiz eleitoral que determinar a exclusão do eleitor do cadastro 
eleitoral caberá recurso para o Tribunal Regional Eleitoral, que deverá ser 
interposto no prazo de 3 dias, contados da publicação da decisão. O recurso 
poderá ser interposto pelo eleitor excluendo, por representante de partido político 
ou pelo Ministério Público Eleitoral. 
Da decisão que mantém a inscrição eleitoral cabe recurso, também no prazo de 
3 dias, que poderá ser interposto por representante de partido ou pelo Ministério 
Público Eleitoral.
Durante todo o processo até chegar à decisão definitiva que determinar a 
exclusão, o eleitor pode votar validamente. Todavia, interpostos recursos contra 
as decisões que deferem as inscrições, uma vez providos os recursos pelo 
Tribunal Regional ou pelo TSE, os votos serão nulos se em número suficiente 
para alterar a representação partidária ou classificação de candidato eleito pelo 
sistema majoritário, (Art. 72, CE).
Cessada a causa do cancelamento, poderá o interessado requerer novamente a 
sua qualificação e inscrição.
20
Capítulo 1 
1.2 Sufrágio e voto
Uma vez alistado, o cidadão adquire a capacidade eleitoral ativa, ou seja, o direito 
de escolha ou direito de votar.
O sufrágio é o direito subjetivo do cidadão de escolher o seu representante no 
poder legislativo e o governante, bem como o direito de ser escolhido. É o meio 
pelo qual a soberania popular se exprime.
Sufrágio e voto não possuem o mesmo significado. Conforme ensina Gomes 
(2014, p. 50), o sufrágio é direito subjetivo do cidadão, sendo o voto a expressão 
desse direito.
De acordo com Gomes: 
O voto é um dos instrumentos mais democráticos, pois enseja 
o exercício da soberania popular e do sufrágio. Cuida-se 
de ato pelo qual os cidadãos escolhem os ocupantes dos 
cargos político-eletivos. Por ele, concretiza-se o processo de 
manifestação da vontade popular. 
Embora expresse um direito público subjetivo, o voto é também 
um dever cívico e, por isso, é obrigatório para os maiores de 18 
anos e menores de 70 anos (CF, Art. 14, § 1º).
O voto é ato fundamental do exercício do sufrágio, e é a concretização deste. 
O voto é, nos termos do artigo 14, § 1º da CF/88: 
a) obrigatório: para os maiores de 18 anos; e 
b) facultativo para os analfabetos, os maiores de 70 anos e para os maiores de 16 e 
menores de 8 anos.
É necessário compatibilizar a regra constitucional que estabelece ser o voto 
obrigatório, com a noção de sufrágio, enquanto direito do cidadão. 
Nesse sentido, segundo Silva (2011. p. 359), a obrigatoriedade referida no artigo 
14, § 1º, alínea a, da CF diz respeito ao comparecimento do eleitor à seção 
eleitoral no dia da eleição, oportunidade que poderá escolher uma das opções 
apresentadas, ou anular o seu voto, ou votar em branco. 
21
Direito Eleitoral 
O voto, enquanto expressão da vontade do eleitor possui garantias inafastáveis, 
estabelecidas no artigo 14, caput da CF que são: 
a) voto direto; 
b) voto secreto; 
c) com igual valor para todos.
Ao estabelecer queo voto é direto, a CF/88 afastou a possibilidade do exercício 
do direito de escolha por meio de intermediários. Dessa forma, o eleitor deverá 
se fazer presente na seção eleitoral para, pessoalmente, realizar ou concretizar 
o seu direito de escolha. Portanto, o voto, enquanto concretização do sufrágio, 
constitui-se em ato personalíssimo.
Outro atributo essencial ao exercício do direito de sufrágio é a garantia do sigilo 
do voto. Trata-se de mecanismo que visa a assegurar a liberdade de escolha do 
eleitor. Protegê-lo de pressões, de interferências indevidas na sua escolha. 
O eleitor é o dono do seu voto, o qual não deve ser revelado, sob pena de conspurcar 
o processo de escolha.
Por fim, o terceiro atributo do voto é o reconhecimento de que cada eleitor tem 
um voto, com o mesmo peso, o mesmo valor. Ou seja, não haverá eleitor com 
voto que possa valer mais do que outro. Todos os votos possuem o mesmo peso 
e valor político. 
Estabelecidas as garantias constitucionais relativas ao exercício do direito de 
sufrágio, vamos conhecer outras regras específicas a serem observadas.
Os eleitores do sexo masculino maiores de 16 e menores de 18 ficam 
impedidos de votar quando e enquanto conscritos. 
Observe que o § 2º do artigo 14, da Constituição Federal, estabelece que os 
conscritos são inalistáveis. Todavia, considerando que aquele que tem entre 16 
e 18 anos pode se alistar eleitor, o alistamento eleitoral continuará válido, porém, 
esses cidadãos – os conscritos – ficarão impedidos de exercer o direito de sufrágio, 
enquanto estiverem prestando o serviço militar obrigatório.
Continua...
22
Capítulo 1 
Continuação
Outra situação que merece especial atenção diz respeito aos presidiários – aquele 
que ainda não tenha sido condenado definitivamente pela justiça - esse possui o 
direito de votar, devendo a Justiça Eleitoral adotar as condições para o exercício 
desse direito. Isso ocorre porque a restrição ao exercício dos direitos políticos 
decorrente de condenação criminal se dá a partir do trânsito em julgado da decisão 
condenatória, perdurando até o término do cumprimento da pena. Ou seja, preso 
temporário não tem seus direitos políticos suspensos, conforme veremos de forma 
mais detalhada na próxima seção.
O eleitor que estiver obrigado a votar e não o fizer estará sujeito à aplicação de 
multa, além dos impedimentos previstos no artigo 7º do CE, salvo se apresentar 
justificativa para a sua ausência.
O prazo para apresentar justificativa é de 60 dias, contados da eleição, de acordo 
com o artigo 7º da Lei nº 6.091/74 e artigo 80 da Res. TSE nº 21.538/2003. Para o 
eleitor que se encontrar no exterior na data do pleito, o prazo de justificativa será de 
30 dias, contados de sua entrada no país (artigo 16 da Lei n° 6.091/74).
Os eleitores em trânsito no território nacional poderão exercer o direito de voto 
na eleição para Presidente da República, Governador, Senador, Deputado Federal, 
Deputado Estadual e Deputado Distrital, devendo ser instaladas urnas nas capitais 
e nos municípios com mais de 100 mil eleitores, conforme estabelece o artigo 
233-A do CE. Para exercer o direito de voto neste caso, o eleitor deverá habilitar-
se perante a Justiça Eleitoral no período de até 45 dias da data marcada para a 
eleição, indicando o local onde pretende votar.
Para os eleitores que se encontrarem fora da unidade da Federação de seu 
domicílio eleitoral somente é assegurado o direito à habilitação para votar em 
trânsito nas eleições para Presidente da República.
Os membros das Forças Armadas, os integrantes dos órgãos de segurança 
pública a que se refere o artigo 144 da CF/88, bem como os integrantes das 
guardas municipais mencionados no § 8º do mesmo artigo 144, poderão votar em 
trânsito se estiverem em serviço por ocasião das eleições.
Em relação aos eleitores para os quais o voto é facultativo, não há penalidades, ou 
seja, para aqueles referidos no artigo 14, § 1º, II, CF/88. Também não haverá penalidades 
ao eleitor enfermo ou deficiente cujo exercício do voto seja demasiadamente oneroso ou 
impossível, conforme estabelece a Res. TSE nº 21.920/2004.
Do exercício da soberania popular decorre o direito de votar (ius singulli) e de ser votado 
(ius honorum). Para exercer o direito de votar basta estar inscrito no rol de eleitores.
23
Direito Eleitoral 
Seção 2 
Perda ou suspensão dos direitos políticos 
Como vimos até aqui, com o alistamento eleitoral o cidadão é integrado ao corpo 
eleitoral. A partir de sua inscrição no rol de eleitores, ele encontra-se habilitado a 
participar nas deliberações de interesse da sociedade, seja de forma direta (nos 
casos de plebiscito, referendo e iniciativa de projeto de lei), ou de forma indireta, 
escolhendo os representantes no legislativo e no executivo. Em síntese, com o 
alistamento o cidadão adquire os direitos políticos.
Uma vez adquiridos, os direitos políticos não podem sofrer restrição a não ser 
nas hipóteses legais. A primeira dessas hipóteses nós vimos na seção anterior, e 
ocorre quando há o cancelamento do alistamento eleitoral.
Todavia, a CF/88 estabelece que não haverá cassação de direitos políticos, mas 
estabelece as hipóteses de perda ou suspensão.
O cancelamento do alistamento eleitoral e a perda ou suspensão dos direitos 
políticos, embora produzam efeitos idênticos, ou seja, retiram o direito de votar e 
ser votado, são institutos diferentes e ocorrem por razões distintas.
Apresentadas as hipóteses de cancelamento do alistamento eleitoral, agora vamos 
analisar as situações que levam à perda e à suspensão dos direitos políticos.
Sobre o tema dispõe a Constituição Federal:
Artigo 15. É vedada a cassação dos direitos políticos, cuja perda 
ou suspensão só se dará nos casos de: 
I – cancelamento da naturalização por sentença transitada em 
julgado; 
II – incapacidade civil absoluta; 
III – condenação criminal transitada em julgado, enquanto 
durarem seus efeitos; 
IV – recusa em cumprir obrigação a todos imposta ou prestação 
alternativa, nos termos do artigo 5º, VIII; 
V – improbidade administrativa, nos termos do artigo 37, § 4º. 
(BRASIL, 1988).
Para melhor compreensão, vamos tratar separadamente os casos de perda e de 
suspensão dos direitos políticos, conforme segue.
`Como aponta Gomes (2012, p. 9), “[...] perder é deixar de ter, possuir, deter ou 
gozar algo; é ficar privado. Como é óbvio, só se perde o que se tem. A ideia de 
perda liga-se à definitividade; a perda é sempre permanente, embora se possa 
recuperar o que perdeu”.
24
Capítulo 1 
A perda dos direitos políticos implica a impossibilidade definitiva de o cidadão 
exercer o direito de votar e de ser votado. Ou seja, atinge a capacidade 
eleitoral ativa e passiva. O indivíduo que perde os direitos políticos, perde 
definitivamente o direito de sufrágio. 
2.1 Cancelamento da naturalização por sentença transitada em 
julgado
A primeira e única hipótese legal de perda dos direitos políticos se refere ao 
cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado (Art. 15, I, CF).
Conforme Mendes (2015, p. 697), a nacionalidade é adquirida de forma originária – 
quando decorre do nascimento, independendo da sua vontade (Art. 12, I, CF) – ou 
de forma secundária – aquela obtida voluntariamente pelo indivíduo (Art. 12, II, CF).
O inciso I do artigo 15 da Constituição Federal trata especificamente dos casos 
de nacionalidade adquirida, ou secundária, ou seja, dos casos de naturalização. 
Quando o indivíduo naturalizado brasileiro tem cancelada a sua naturalização por 
decisão judicial da qual não caiba mais recurso – transitada em julgado – perde, 
consequentemente, os direitos políticos. Com efeito, a aquisição e fruição dos 
direitos políticos pressupõem a nacionalidade; sem essa, não existem aqueles.
Uma vez decretado o cancelamento da naturalização, incumbe ao juiz que julgar a 
respectiva ação comunicar à Justiça Eleitoral para o imediato cancelamento do 
alistamento eleitoral, conforme artigo 71, inciso II e § 2º do CódigoEleitoral.
A despeito de não haver expressa previsão 
constitucional, nos casos de perda da nacionalidade 
brasileira originária – artigo 12, § 4º, inciso II, 
Constituição Federal –também haverá, como 
consequência, a perda dos direitos políticos, porquanto, 
como vimos anteriormente, a nacionalidade brasileira é 
pressuposto do alistamento eleitoral e, portanto, para a 
aquisição dos direitos políticos, como anota Ramayana 
(2006. p. 168):
A perda da nacionalidade (vínculo jurídico de união entre 
cidadão e o Estado) acarreta a perda dos direitos políticos. 
[...]. 
Cai a lanço notar o fato de que, mesmo não contemplada na 
CRFB, a aquisição de outra nacionalidade, como no caso de 
perda dos direitos políticos, na prática acarretará efetivamente 
a perda, pois o nacional estará sujeito ao decreto presidencial 
e às consequências da decisão administrativa.
Será declarada a perda da 
nacionalidade do brasileiro 
que: I – tiver cancelada 
a sua naturalização por 
sentença judicial, em 
virtude de atividade 
nociva ao interesse 
nacional; II – adquirir 
outra nacionalidade, 
salvo nos casos: a) de 
reconhecimento de 
nacionalidade originária 
por lei estrangeira; 
b) de imposição de 
naturalização, pela 
norma estrangeira, ao 
brasileiro residente em 
Estado estrangeiro, 
como condição para 
permanência em seu 
território ou para o 
exercício de direitos civis.
25
Direito Eleitoral 
Portanto, tanto quanto o cancelamento da naturalização leva à perda dos direitos 
políticos, a aquisição de outra nacionalidade, conforme artigo 12, § 4º, II, CF/88, 
também acarretará a perda do direito de sufrágio. 
2.2 Suspensão dos direitos políticos 
A suspensão dos direitos políticos consiste na interrupção temporária do 
exercício do direito de votar e ser votado. Vejamos cada uma das hipóteses de 
suspensão elencadas no artigo 15 da Constituição Federal.
2.2.1 Incapacidade civil absoluta
O inciso II, do artigo 15 da CF/88, refere-se aos absolutamente incapazes de 
pessoalmente exercer os atos da vida civil, os quais, conforme o artigo 3º do 
Código Civil, são todos aqueles menores de 16 anos.
A hipótese aqui tratada não decorre de prática de qualquer ilícito, não sendo, 
portanto, uma sanção. É consequência de um fato jurídico biológico. No presente 
caso, temos uma hipótese de suspensão dos direitos políticos que perdurará 
enquanto presente a incapacidade.
2.2.2 Condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem os 
efeitos da pena
 A suspensão dos direitos políticos também decorre de uma sentença criminal 
condenatória da qual não caiba mais recurso, e perdurará enquanto ainda 
produzir efeitos a decisão judicial condenatória. A suspensão dos direitos 
políticos, no presente caso, é efeito decorrente, ou secundário, da sentença 
criminal condenatória transitada em julgado.
Esse dispositivo, consoante entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) é 
autoaplicável (STF. AgRRMS n. 22.470-SP, 27/09/1996), ou seja, não depende de 
regulamentação.
A suspensão dos direitos políticos decorrente da condenação criminal transitada 
em julgado tem incidência em todas as espécies de crimes, pouco importando a 
pena aplicada, alcançando inclusive a condenação por contravenção penal, bem 
como nos casos de aplicação de medida de segurança.
26
Capítulo 1 
Portanto, incide nos casos de: 
a) sursis – suspensão condicional da pena (STF RE nº 179.502-6), enquanto durar o 
respectivo prazo;
 b) pena privativa de liberdade – dura enquanto estiver sendo cumprida; 
c) livramento condicional - enquanto durar o prazo de prova; 
d) pena restritiva de direitos – enquanto estiver cumprindo ou a pena ainda for 
exigível; e) pena pecuniária – enquanto não for quitada.
Todavia, não abrange os casos em que há suspensão condicional do processo, 
bem como nos casos de transação penal, posto que, nessas hipóteses, não 
existe a condenação.
A suspensão dos direitos políticos perdura enquanto não cessar o cumprimento 
da pena ou enquanto não ocorrer a sua extinção, consoante a Súmula 9 do TSE: 
“A suspensão de direitos políticos decorrente de condenação criminal transitada 
em julgado cessa com o cumprimento ou a extinção da pena, independendo de 
reabilitação ou prova de reparação de dano”. 
Não devemos confundir a suspensão dos direitos políticos em decorrência 
da condenação criminal transitada em julgado (enquanto durarem os seus 
efeitos) com a inelegibilidade prevista no artigo 1°, inciso I, alínea “e”, da Lei 
Complementar nº 64/90, chamada de Lei das Inelegibilidades, na redação dada 
pela Lei Complementar nº 135/2010.
A suspensão dos direitos políticos tem fim com a cessação dos efeitos da pena. 
Já por força do artigo 1°, I, “e” da LC 64/90, quem for condenado pelos crimes 
previstos naquele dispositivo legal fica inelegível desde a decisão proferida por 
órgão colegiado até 8 anos após o cumprimento da pena, consoante veremos 
adiante.
Ou seja, a partir de uma decisão criminal condenatória proferida por órgão 
colegiado (nos crimes indicados na alínea “e”, do inciso I, do artigo 1º, da LC 
nº 64/90), o apenado torna-se inelegível para qualquer cargo até o trânsito em 
julgado da decisão. Com o trânsito em julgado o apenado tem os seus direitos 
políticos suspensos, o que equivale a dizer que não poderá votar nem ser votado, 
suspensão que perdurará pelo prazo do cumprimento da pena imposta. Cumprida 
a pena, o apenado permanece inelegível por mais 8 anos, contados do término do 
cumprimento da pena imposta. 
27
Direito Eleitoral 
2.3 Recursa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação 
alternativa 
O inciso VII do artigo 5º da CF/88 estabelece que “ninguém será privado de 
direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica, salvo se 
invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir 
prestação alternativa, fixada em lei.”
Podemos citar dois casos de obrigação a todos imposta;
 • função de jurado; 
 • prestação do serviço militar. 
 
De acordo com o artigo 436 do Código de Processo Penal (CPP), o serviço do júri 
é obrigatório a todos os brasileiros maiores de 18 anos, com exceção daqueles 
relacionados no artigo 437 do mesmo diploma legal.
Porém, é possível a recusa em cumprir a obrigação fundada em convicção 
religiosa, filosófica ou política, situação que obrigará o cidadão a prestar serviço 
alternativo, sob pena de suspensão dos direitos políticos, suspensão essa que 
perdurará enquanto não prestar o serviço imposto, conforme artigo 438, do CPP.
O segundo caso de obrigação a todos imposta diz respeito à prestação do 
serviço militar. Estabelece o artigo 143 da CF:
Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos da lei. 
§ 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir serviço 
alternativo aos que, em tempo de paz, após alistados, alegarem 
imperativo de consciência, entendendo-se como tal o decorrente 
de crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para 
se eximirem de atividades de caráter essencialmente militar. 
(BRASIL, 1988) 
A Lei nº 8.239/91 regulamentou os §§ 1º e 2º do artigo 143 da CF/88, dispondo 
sobre o serviço alternativo ao serviço militar. Os que se recusarem prestar 
o serviço alternativo terão os seus direitos políticos suspensos até o efetivo 
cumprimento das obrigações, consoante o artigo 4º da referida Lei:
Art. 4º [...] 
§ 1º A recusa ou cumprimento incompleto do Serviço Alternativo, 
sob qualquer pretexto, por motivo de responsabilidade pessoal 
do convocado, implicará o não-fornecimento do certificado 
correspondente, pelo prazo de dois anos após o vencimento do 
período estabelecido. 
§ 2º Findo o prazo previsto no parágrafo anterior, o certificado só 
A Lei nº 4.375/64 trata 
do serviço militar.
28
Capítulo 1 
será emitido após a decretação, pela autoridade competente, da 
suspensão dos direitos políticos do inadimplente, que poderá, a 
qualquer tempo, regularizar sua situação mediante cumprimento 
das obrigações devidas. (BRASIL, 1964).
Alguns doutrinadores sustentamque o caso em análise implica a perda dos 
direitos políticos, tendo por pressuposto o critério da definitividade ou não 
temporalidade da restrição aos direitos políticos. No caso específico da recusa 
de cumprir a obrigação alternativa ao serviço militar, consoante a regra do § 2º do 
artigo 4º da Lei nº 8.239/91, por não existir um prazo certo, implicaria a perda e 
não suspensão dos direitos políticos.
Nesse sentido, Mendes (2015, p. 751) insere o inciso IV, do artigo 15, CF/88 entre 
os casos de perda dos direitos políticos. Mesmo entendimento adotado por 
Guedes (2013, p. 688), ainda que a própria lei faça referência à suspensão dos 
direitos políticos e não à perda.
Para a maioria dos eleitoralistas, entre eles Marcos Ramayana e José Jairo 
Gomes, a recusa de cumprir obrigação imposta a todos, ou prestação alternativa, 
configura caso de suspensão dos direitos políticos. 
Adotando o critério de verificação do caráter da restrição, ou seja, se definitiva ou 
temporária, consideramos pertinente a segunda corrente na qual a recusa de cumprir 
obrigação a todos imposta ou prestação alternativa implica a suspensão dos direitos 
políticos, que perdurará enquanto não atendida, ou não cumprida a prestação. 
2.4 Improbidade administrativa
O último caso de restrição aos direitos políticos previsto no artigo 15 da CF/88 se 
refere à condenação por ato de improbidade administrativa, consoante o disposto 
no § 4º do artigo 37 do texto constitucional.
Art. 37, § 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos 
direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o 
ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da 
ação penal cabível. (BRASIL, 1998)
A Lei nº 8.429/92, que dispõe sobre os atos de improbidade e respectivas 
sanções, estabelece três espécies de improbidade administrativa:
29
Direito Eleitoral 
a) os que importem enriquecimento ilícito (artigo 9º); 
b) os que causam lesão ao patrimônio público (artigo 10); e 
c) os que atentam contra os princípios da administração pública (artigo 11). 
Entre as penas cominadas pela prática de ato de improbidade administrativa, a 
Lei de Improbidade estabelece no artigo 12 a suspensão dos direitos políticos, 
que varia de 3 até 10 anos: 
a) de 3 a 5 anos, nos casos do artigo 11; 
b) de 5 a 8 anos, no caso do artigo 10; e 
c) de 8 a 10 anos, nos casos do artigo 9º.
Porém, não é toda e qualquer condenação por ato de improbidade administrativa 
que implicará a suspensão dos direitos políticos. Somente haverá suspensão 
quando a sentença condenatória expressamente estabelecer essa penalidade.
Outro aspecto relevante é que a pena de suspensão dos direitos políticos 
aplicada na sentença condenatória por ato de improbidade administrativa 
somente começa a produzir seus efeitos a partir do trânsito em julgado da 
decisão condenatória, conforme expressamente 
consignado no artigo 20 da Lei de Improbidade. Dessa 
forma, o prazo de suspensão dos direitos políticos por ato 
de improbidade administrativa começa a fluir a partir do 
trânsito em julgado da sentença condenatória, perdurando 
até o término final do período de suspensão fixado na 
decisão condenatória.
Importante anotar que a condenação por ato de improbidade administrativa pode 
configurar ainda causa de inelegibilidade, nos termos e limites estabelecidos pela 
Lei Complementar n. 64/90 (artigo 1º, inciso I, alínea “l”). 
Lei nº 8.429/92, artigo 
20: A perda da função 
pública e a suspensão 
dos direitos políticos 
só se efetivam com o 
trânsito em julgado da 
sentença condenatória.
30
Capítulo 1 
Seção 3 
Condições de elegibilidade
Para ser candidato, ou seja, para exercer a capacidade eleitoral passiva o cidadão 
deve atender os requisitos de elegibilidade.
Conforme Gomes (2014. p. 151) elegibilidade diz respeito à aptidão para ser 
eleito. “Elegível é o cidadão apto a receber votos em um certame, que pode ser 
escolhido para ocupar cargos políticos-eletivos.”
Costa (2013. p. 67) assevera que elegibilidade e condições de elegibilidade não 
possuem o mesmo significado. Diz o doutrinador:
A Constituição Federal, em seu art. 14, prescreve quais são as 
condições de elegibilidade, é dizer, os pressupostos para que 
surja no mundo jurídico o direito de ser votado (elegibilidade). 
Não se pode confundir, destarte, condições de elegibilidade e 
elegibilidade; aquelas são suporte fáctico que, concretizado, 
faz nascer o fato jurídico do qual dimana o direito de ser votado 
(elegibilidade). Ali, pressupostos; aqui efeito.
A elegibilidade, direito de ser votado, decorre da concretização das condições de 
elegibilidade. 
Enquanto a capacidade eleitoral passiva é obtida com o alistamento eleitoral, a 
capacidade eleitoral passiva é alcançada por etapas, tendo em vista a exigência 
de idade mínima para concorrer a cada dos cargos eletivos. Nesse sentido, 
aos 18 anos o cidadão adquire o direito de se candidatar a vereador, aos 21 
anos pode concorrer a prefeito e vice, deputado estadual, distrital e federal, aos 
30 anos pode concorrer a governador e vice e aos 35 anos pode concorrer a 
senador, presidente e vice-presidente da república. Portanto, aos 35 anos de 
idade o cidadão atinge a alcança a capacidade eleitoral passiva plena.
De acordo com Gomes (2014, p. 152): 
[...] as condições de elegibilidade são exigências ou requisitos 
positivos que devem, necessariamente, ser preenchidos por 
quem queira registrar candidatura e receber votos validamente. 
Em outras palavras, são requisitos essenciais para que se possa 
ser candidato e, pois, exercer a cidadania passiva.
31
Direito Eleitoral 
Conforme classificação sugerida por Costa (2014, p. 75), as condições de 
elegibilidade são próprias – aquelas previstas no § 3º, do artigo 14 da CF/88 e 
impróprias – aquelas previstas nos §§ 4º e 8º do artigo 14 também da CF/88 e na 
legislação infraconstitucional. 
A situação do militar alistável, prevista no § 8º do artigo 14 da CF/88, será tratada 
como exceção à regra da filiação partidária, de modo que a título de condição de 
elegibilidade imprópria, serão oportunamente apenas aquelas previstas no artigo 
11 da Lei nº 9.504/97. 
3.1 Condições de elegibilidade próprias
Conforme já mencionado, as condições de elegibilidade consideradas próprias, 
conforme Costa (2014, p.75), são aquelas previstas no § 3º, do artigo 14, da 
CF/88, a seguir analisadas.
3.1.1 Nacionalidade brasileira
A nacionalidade diz respeito ao vínculo existente entre o indivíduo e determinado 
Estado. De acordo com Bastos (2002. p. 447-448), todo indivíduo ou é nacional 
ou é estrangeiro, sendo a nacionalidade o vínculo jurídico que indica as pessoas 
que integram a sociedade. “Em síntese, pois, nacional é a pessoa natural do 
Estado. É todo aquele que se encontra preso ao Estado por um vínculo jurídico 
que o qualifica com seu integrante [...]”. 
Desse modo, somente podem ser votados, ou seja, podem se candidatar a um cargo 
eletivo os brasileiros natos e os naturalizados, conforme artigo 12, I e II CF/88.
A CF/88 excepciona a regra da nacionalidade para os Portugueses que possuem 
residência permanente em nosso país há pelo menos de 5 anos e desde que haja 
reciprocidade aos brasileiros em Portugal, reciprocidade essa que precisa ser 
provada conforme prevê o artigo 12, § 1º, CF/88.
Embora, como regra geral, são considerados elegíveis os brasileiros natos e 
os naturalizados, há cargos eletivos - pelo voto direito do cidadão - que são 
privativos de brasileiro nato. De acordo com o artigo 12, § 3°da CF, os cargos de 
Presidente e Vice-Presidente da República somente podem ser ocupados por 
brasileiro nato, o que exclui, por óbvio, os naturalizados.
3.1.2 Pleno exercício dos poderes políticos
Os poderes políticos estão relacionados à capacidade eleitoral ativa e passiva e 
os casos de perda ou suspensão estão previstos no artigo 15 da CF/88, conforme 
vimos anteriormente.
32
Capítulo 1 
Somente podem ser candidatos aqueles que estejamem pleno gozo dos direitos 
políticos, ou seja, que não tenham qualquer restrição que impeça o seu exercício. 
3.1.3 Alistamento eleitoral
Como já estudamos, o alistamento eleitoral é meio de aquisição dos direitos 
políticos. A partir dele que o indivíduo nacional se torna eleitor, passando a 
integrar o corpo eleitoral, estando apto a exercer os atributos inerentes aos 
direitos políticos.
3.1.4 Domicílio na circunscrição do pleito 
O quarto requisito, ou condição para ser candidato se refere ao domicílio eleitoral. 
Para que o cidadão possa exercer a capacidade eleitoral passiva ele deve 
possuir domicílio, isto é, estar inscrito como eleitor na circunscrição eleitoral onde 
pretende se candidatar. Portanto, domicílio eleitoral nada mais é do que o lugar 
onde o cidadão vota. 
A Lei nº 9.504/97, artigo 9º, exige o tempo mínimo de domicílio na circunscrição 
de 1 ano antes da data do pleito. 
Circunscrição eleitoral é o espaço territorial onde ocorre determinada eleição. 
Na eleição presidencial a circunscrição é o país; na eleição para governador e vice-
governador, deputados federais e estaduais e senadores é o estado; e na eleição 
para prefeito, vice-prefeito e vereadores a circunscrição é o município.
3.1.5 Filiação partidária 
Nosso sistema eleitoral está organizado de tal modo que o direito de lançar 
candidatos para ocupar cargos públicos eletivos é privativo de determinadas 
entidades denominadas partidos políticos. Eles possuem o monopólio das 
candidaturas. 
Não se admite no Brasil, portanto, a existência de candidaturas avulsas, isto é, de 
candidaturas desvinculadas de partidos.
Dessa forma, ninguém poderá se candidatar a qualquer cargo eletivo a não ser 
por meio de um partido político.
O ingresso do cidadão no partido se dá mediante filiação partidária, conforme 
veremos em seção própria. Por ora basta sabermos que a filiação a um partido 
político constitui condição para o exercício da capacidade eleitoral passiva.
33
Direito Eleitoral 
Importante observar que a Lei nº 9.504/97 estabelece um prazo mínimo de 
filiação partidária para concorrer a cargo eletivo, conforme estabelecido pela Lei 
nº 13.165/15, que dá nova redação ao artigo 9º da Lei nº 9.504/97, definindo que 
“para concorrer às eleições, o candidato deverá possuir domicílio eleitoral na 
respectiva circunscrição pelo prazo de, pelo menos, um ano antes do pleito, e 
estar com a filiação deferida pelo partido no mínimo seis meses antes da data da 
eleição” (BRASIL, 1997). 
Todavia, a Lei nº 9.096/95, conhecida como Lei dos Partidos Políticos (LPP) dispõe 
que é facultado ao partido político estabelecer, em seu estatuto, prazo de filiação 
partidária superior ao previsto na lei, com vistas à candidatura a cargos eletivos. 
Desse modo, se fixado no estatuto do partido prazo superior a 6 meses para 
concorrer a cargo eletivo, é esse – o do estatuto - o prazo a ser observado como 
condição de elegibilidade.
Há uma única exceção à exigência de filiação partidária e ela se refere aos militares 
da ativa. De acordo com o artigo 142, § 3º, inciso V, da CF/88, o “militar, enquanto 
em serviço, não pode estar filiado a partidos políticos.” (BRASIL, 1998).
Inobstante essa proibição, a CF em seu artigo 14 estabelece:
Art. 14, § 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes 
condições: 
I – se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da 
atividade; 
II – se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela 
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato 
da diplomação para a inatividade. (BRASIL, 1998). 
Compatibilizando as duas normas constitucionais, o TSE passou a entender que 
para o militar da ativa ser candidato basta ser escolhido em convenção partidária 
de determinado partido e requerer o registro de candidatura (TSE. Res. nº 
21.787/2004).
Dessa forma, resta plenamente atendida as duas regras constitucionais, 
assegurando assim o pleno exercício da capacidade eleitoral passiva dos militares.
Ainda sobre a norma do § 8º, do artigo 14, da CF transcrito anteriormente, 
é importante esclarecer que para o militar que possuir menos de 10 anos de 
serviço, para ser candidato, ele deverá se desligar definitivamente da corporação 
a que pertence.
34
Capítulo 1 
O militar que possuir mais de 10 de serviço, após a escolha em convenção e 
que tenha o registro de candidatura deferido pela Justiça Eleitoral (TSE. Ac. 
N. 20.169/2002), será agregado, ou seja, deixará de ocupar vaga na escala 
hierárquica da corporação a que serve. Se não for eleito, retorna à atividade 
após as eleições. Sendo eleito passará automaticamente à inatividade no ato da 
diplomação.
3.1.6 Idade mínima
A CF/88 em seu artigo 14, § 3º, inciso VI estabelece idade mínima para concorrer 
a cargo eletivo estabelecido conforme o cargo em disputa, conforme o quadro a 
seguir:
3.1 – Quadro de idade e cargos eletivos 
Idade Cargo eletivo
35 anos Presidente, vice-presidente e senador.
30 anos Governador e vice-governador.
21 anos Deputado federal, estadual e distrital, prefeito e vice-prefeito.
18 anos Vereador
Fonte: Elaboração do autor, 2016.
Conforme o texto constitucional, a capacidade eleitoral passiva tem início aos 18 
anos de idade, quando o cidadão pode concorrer somente ao cargo de vereador e se 
torna plena aos 35 anos de idade, quando pode concorrer a qualquer cargo eletivo.
Para efeito de verificação da idade toma-se como referência a data da posse, 
exceto quanto ao cargo de vereador, hipótese em que a idade será aferida na 
data do registro de candidatura, conforme artigo 11, § 2°, Lei nº 9.504/97.
3.1.7 Condições de elegibilidade impróprias
Abordaremos como condição de elegibilidade imprópria apenas as situações 
previstas na legislação infraconstitucional, artigo 11 da Lei nº 9.504/97, quais sejam:
Ser escolhido em convenção
Convenção partidária é a reunião realizada pelos partidos visando a deliberar 
sobre a formação de coligação partidária para a disputa da eleição, bem como 
para a escolha dos candidatos à eleição proporcional e majoritária.
Somente tem direito a apresentar candidato às eleições o partido que realizar 
convenção partidária. Conforme artigo 11, § 1º, I da Lei nº 9.504/97, a prova de que 
35
Direito Eleitoral 
o cidadão foi escolhido candidato é a ata da convenção partidária, que deve ser 
acompanhada de autorização do candidato, por escrito, para que o partido ou a 
coligação possa requerer o registro de candidatura; declaração de bens, assinada 
pelo candidato; certidões criminais fornecidas pelos órgãos de distribuição da 
Justiça Eleitoral Federal e Estadual; fotografia do candidato nas dimensões 
estabelecidas em instrução da Justiça Eleitoral; e propostas defendidas pelos 
candidatos, essa última é exigida apenas para aqueles que concorrem ao cargo de 
Prefeito, de Governador de Estado e de Presidente da República.
Desincompatibilização
Outro requisito para a admissão do registro de candidatura se refere à prova 
da desincompatibilização do cargo ocupado, ou seja, o candidato deve provar 
que se exonerou do cargo ocupado, ou se afastou do exercício das funções que 
exerce no serviço público, ou mesmo em entidades privadas, o que se exige em 
determinadas situações que estão previstas nos incisos I a VII, do artigo 1º da LC 
64/90, as quais estudaremos na próxima seção deste capítulo. 
Seção 4 
Inelegibilidades
Enquanto a elegibilidade é o direito público subjetivo de ser votado, a 
inelegibilidade, conforme Costa (2013, p. 175), “é o estado jurídico de ausência 
ou perda da elegibilidade”. Trata-se de impedimento ao exercício da capacidade 
eleitoral passiva. A inelegibilidade impede o cidadão de se candidatar a cargo 
político eletivo. Ou seja, quem é inelegível não possui direito de disputar o pleito 
eleitoral.
A inelegibilidade não é propriamente uma sanção aplicada em razão do 
cometimento de algum ato ilícito, assim definido pela legislação, embora em 
determinados casos deva ser tratada como tal – sanção -. É, pois, uma condiçãonegativa de restrição a direito político fundamental, o direito de ser votado.
Para o STF a inelegibilidade não possui natureza de sanção porquanto se assenta, 
ou integra a elegibilidade, que “é a adequação do indivíduo ao regime jurídico – 
constitucional e legal complementar – do processo eleitoral.” O STF deu ao termo 
elegibilidade uma compreensão mais ampla, pela qual a elegibilidade implica a 
presença das condições de elegibilidade e a ausência de causa de inelegibilidade, 
conforme se extrai de trecho da ementa do acórdão proferido na Ação Direta de 
Constitucionalidade (ADC) nº 29/2012:
36
Capítulo 1 
1. A elegibilidade é a adequação do indivíduo ao regime jurídico 
– constitucional e legal complementar – do processo eleitoral, 
razão pela qual a aplicação da Lei Complementar nº 135/10 com 
a consideração de fatos anteriores não pode ser capitulada na 
retroatividade vedada pelo art. 5º, XXXVI, da Constituição, mercê 
de incabível a invocação de direito adquirido ou de autoridade 
da coisa julgada (que opera sob o pálio da cláusula rebus sic 
stantibus) anteriormente ao pleito em oposição ao diploma legal 
retromencionado; subjaz a mera adequação ao sistema normativo 
pretérito (expectativa de direito). [...] (BRASIL, 2012)
Portanto, como aduz Gomes (2014, p. 166), a elegibilidade, assim como a 
inelegibilidade “podem ser pensadas como estado ou status eleitoral da pessoa, 
integrantes, portanto, de sua personalidade”.
A inelegibilidade, quanto à sua origem, pode ser consequência de um ilícito 
praticado (característica de sanção) – inelegibilidade cominada -, conforme artigo 
22, XIV, da LC 64/90, como também pode decorrer de mera situação fática em 
que se encontra o cidadão – inelegibilidade in nata -, como ocorre nos casos 
previstos nos §§ 4º a 7º, do artigo 14, da CF/88 e no artigo 1º, da LC nº 64/90.
As inelegibilidades, por representarem restrição a direito fundamental – direto à 
capacidade eleitoral passiva – além daquelas situações consignadas na CF/88, 
somente podem ser estabelecidas por meio de lei complementar. É o que 
estabelece expressamente o § 9º, do artigo 14 do texto constitucional.
Portanto, as inelegibilidades podem ser classificadas, quanto à sua natureza, em: 
a) constitucionais: aquelas previstas nos §§ 4º a 7º do artigo 14 CF; e 
b) infraconstitucionais: as previstas na Lei Complementar nº 64/90.
As inelegibilidades podem ser classificadas ainda quanto à abrangência, em: 
a) absolutas: aquelas que constituem impedimento para a disputa de qualquer 
cargo eletivo, durante o período de incidência; 
b) relativas: aquelas que impedem o exercício da capacidade eleitoral passiva 
exclusivamente para determinados cargos ou em razão da presença de 
determinadas circunstâncias.
37
Direito Eleitoral 
Sob o aspecto temporal, as inelegibilidades podem ser atuais as que se acham 
presentes no momento do registro de candidatura e supervenientes àquelas que 
surgem após a data limite para o registro.
Por fim, pode-se classificar ainda as inelegibilidades como diretas, aquelas que 
atingem diretamente a pessoa envolvida no fato que lhe dá origem e reflexas, ou 
seja, aquelas que provocam o impedimento de terceira pessoa, como é o caso do 
cônjuge do titular do cargo de chefe do poder executivo. 
4.1. Inelegibilidade constitucional
A CF/88 estabelece nos §§ 4º a 7º, do artigo 14, as situações de inelegibilidade 
constitucional. A seguir trataremos cada uma das situações:
4.1.1 Os estrangeiros, os conscritos e os menores de 16 anos
Abrange os inalistáveis, ou seja, aqueles que não possuem direitos políticos, 
mencionados no § 4º do artigo 14, da Constituição Federal. 
4.1.2 Os analfabetos 
Embora possa votar, ou seja, possui capacidade eleitoral ativa, o analfabeto não 
detém capacidade eleitoral passiva, não podendo ser candidato.
De acordo com o entendimento da Justiça Eleitoral, é admitida a aplicação de 
testes com o fim de aferir a alfabetização do candidato:
[...] Registro de candidatura. Analfabetismo. Dúvida. Declaração 
de próprio punho. Aplicação de teste. Possibilidade. Art. 27, 
§ 8º, da Res.-TSE nº 23.373/2011. [...] 1. A dúvida quanto à 
declaração de próprio punho apresentada pelo candidato 
autoriza a aplicação de teste pelo juízo eleitoral, a fim de 
constatar a condição de alfabetizado. Precedentes. 2. 
‘O exercício anterior de mandato eletivo não é suficiente 
para afastar a incidência da inelegibilidade decorrente de 
analfabetismo, mormente diante do insucesso no teste aplicado 
pela Justiça Eleitoral (AgR-REspe - nº 14241/PI, Rel. Min. Dias 
Toffoli, PSESS de 12.12.2012). [...]” (Ac. de 29.10.2013 no AgR-
REspe nº 16734, rel. Min. Luciana Lóssio).
Os testes aplicados para aferir se o candidato é ou não alfabetizado não sujeita o 
avaliando à situação vexaminosa.
http://inter03.tse.jus.br/InteiroTeor/pesquisa/actionGetBinary.do?tribunal=TSE&processoNumero=16734&processoClasse=RESPE&decisaoData=20131029
http://inter03.tse.jus.br/InteiroTeor/pesquisa/actionGetBinary.do?tribunal=TSE&processoNumero=16734&processoClasse=RESPE&decisaoData=20131029
38
Capítulo 1 
4.1.3 Terceiro mandato consecutivo para chefe do poder executivo
De acordo com o § 5º do artigo 14 da CF/88, o chefe do poder executivo, e quem 
o houver substituído ou sucedido no curso do mandato, poderá ser reeleito para 
um único mandato subsequente.
A despeito de ser tratada como causa de inelegibilidade para muitos 
doutrinadores, o § 5º do artigo 14 da CF refere à condição de reelegibildade. 
Dessa forma, a partir da edição da Emenda Constitucional nº 16/97, o chefe do 
poder executivo passou a ter direito a uma segunda eleição consecutiva para o 
mesmo cargo.
Conforme Costa (2014, p. 150-151), a “reelegibilidade é a elegibilidade para o 
mesmo cargo, por um período subsequente.” Todavia, o direito de concorrer a um 
novo mandato não é automático, é necessário que o cidadão preencha todos os 
requisitos, ou condições de elegibilidade e que não esteja submetido a nenhuma 
causa de inelegibilidade.
Importante destacar que o direito à reelegibilidade não pressupõe a 
desincompatibilização do cargo ocupado. Vale dizer, o chefe do poder executivo 
pode se candidatar a um novo mandato para o mesmo cargo, sem necessidade 
de renunciar, podendo, portanto, exercer todos os atos a ele inerentes.
Até a eleição de 2008, o entendimento da Justiça Eleitoral era no sentido de que 
em se tratando de circunscrição eleitoral diversa, era possível a terceira eleição 
consecutiva para o cargo de chefe do poder executivo. Ou seja, aquele que 
exerceu por dois mandatos consecutivos o cargo de prefeito, por exemplo, de 
determinado município, poderia mudar seu domicílio eleitoral para outro município 
e ali ser candidato ao cargo de prefeito, na eleição imediatamente subsequente.
Todavia, na eleição de 2008, o TSE, ao apreciar o Recurso Especial nº 
32.507/2008, decidiu, no caso conhecido como prefeito itinerante, que a 
proibição à terceira eleição consecutiva prevista no § 5º do artigo 14, CF/88 incide 
independentemente da circunscrição eleitoral.
A matéria chegou ao STF, que fixou interpretação da regra do § 5º, do artigo 14, 
CF idêntica àquela adota pelo TSE, consoante se extrai da ementa da decisão a 
seguir transcrita:
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. 
REELEIÇÃO. PREFEITO. INTERPRETAÇÃO DO ART. 14, § 5º, DA 
CONSTITUIÇÃO. MUDANÇA DA JURISPRUDÊNCIA EM MATÉRIA 
ELEITORAL. SEGURANÇA JURÍDICA. I. REELEIÇÃO. MUNICÍPIOS. 
INTERPRETAÇÃO DO ART. 14, § 5º, DA CONSTITUIÇÃO. 
PREFEITO. PROIBIÇÃO DE TERCEIRA ELEIÇÃO EM CARGO DA 
MESMA NATUREZA, AINDA QUE EM MUNICÍPIO DIVERSO. O 
39
Direito Eleitoral 
instituto da reeleição tem fundamento não somente no postulado da 
continuidade administrativa, mas também no princípio republicano, 
que impede a perpetuação de uma mesma pessoa ou grupo 
no poder. O princípio republicano condiciona a interpretação e 
a aplicação do próprio comando da norma constitucional, de 
modo que a reeleição é permitida por apenas uma única vez.Esse princípio impede a terceira eleição não apenas no mesmo 
município, mas em relação a qualquer outro município da federação. 
Entendimento contrário tornaria possível a figura do denominado 
“prefeito itinerante” ou do “prefeito profissional”, o que claramente é 
incompatível com esse princípio, que também traduz um postulado 
de temporariedade/alternância do exercício do poder. Portanto, 
ambos os princípios – continuidade administrativa e republicanismo 
– condicionam a interpretação e a aplicação teleológicas do art. 
14, § 5º, da Constituição. O cidadão que exerce dois mandatos 
consecutivos como prefeito de determinado município fica inelegível 
para o cargo da mesma natureza em qualquer outro município da 
federação. [...]. (BRASIL, 2012).
Portanto, a proibição à terceira eleição consecutiva ao cargo de chefe do poder 
executivo incide, inclusive, nos casos de circunscrição diversa.
4.1.4 Desincompatibilização do cargo de chefe do poder executivo
De acordo com o § 6º do artigo 14, CF/88, o titular do cargo de chefe do poder 
executivo, para concorrer a outro cargo precisa se desincompatibilizar do cargo 
ocupado, ou seja, renunciar ao cargo, no prazo limite de 6 meses antes da data da 
eleição. Não havendo a renúncia nesse prazo, torna-se inelegível para aquela eleição.
 Observe que se o titular do cargo de chefe do poder executivo, sendo reelegível, 
pretender concorrer à segunda eleição consecutiva ao mesmo cargo, não precisa 
se desincompatibilizar do cargo, ou seja, pode concorrer ao mesmo cargo 
estando em seu pleno exercício, conforme destacamos anteriormente. Todavia, 
em se tratando de eleição para cargo diverso, exige-se a renúncia 6 meses antes 
da eleição, sob pena de tornar-se inelegível. Sobre o tema decidiu o TSE:
[...] Prefeito. Primeiro mandato. Candidato. Vice-prefeito. Eleição 
seguinte. Exigência. Afastamento. Cargo. Art. 14, § 6o, da 
Constituição Federal. 1. O § 6o do art. 14 da Constituição Federal 
estabelece que, para concorrerem a outros cargos, o presidente 
da República, os governadores de estado e do Distrito Federal e 
os prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis 
meses antes do pleito. 2. Desse modo, o prefeito, em primeiro 
mandato, não pode candidatar-se ao cargo de vice-prefeito se 
não houver se desincompatibilizado no período de seis meses 
que antecede o pleito. [...]. (Res. no 22.763, de 15.4.2008, rel. 
Min. Caputo Bastos.)
40
Capítulo 1 
Cabe ainda anotar que essa necessidade de desincompatibilização só atinge o 
chefe do poder executivo. Isso permite concluir que se o vice, enquanto estiver 
nessa condição, poderá concorrer a qualquer cargo eletivo sem necessidade de 
desincompatibilização (artigo 1°, § 2°, LC nº 64/90).
Em resumo: o titular e o vice podem ser reeleitos uma só vez. Cumprido o segundo 
mandato, o titular não poderá candidatar-se novamente nem ao cargo de titular, 
nem ao cargo de vice. Se o vice suceder o titular em qualquer época, poderá 
concorrer ao cargo de titular, vedada a reeleição e a possibilidade de concorrer 
novamente ao cargo de vice (TSE Res. 21.791/2004). O vice que não substituiu 
o titular nos últimos 6 meses e nem o sucedeu poderá ser candidato ao cargo do 
titular, podendo, neste caso, candidatar-se à reeleição.
4.1.5 Inelegibilidade de cônjuges e parentes do chefe do poder executivo
A inelegibilidade aqui referida somente se verifica no âmbito da jurisdição do 
titular do cargo de chefe do poder executivo. Dessa forma, o cônjuge ou parente 
do prefeito não é inelegível se concorrer a qualquer cargo em município diverso. 
O mesmo pode ser dito em relação ao cônjuge e aos parentes do governador 
de Estado ou do Distrito Federal, que pode concorrer a qualquer cargo fora do 
estado de jurisdição do titular. 
Trata-se de causa de inelegibilidade reflexa que atinge o cônjuge ou o 
companheiro do titular do cargo de chefe do poder executivo. Portanto, não 
alcança os parentes do vice, salvo se este tiver substituído o titular nos últimos 6 
meses ou sucedido a qualquer tempo.
Com base nas decisões do TSE, acerca dessa causa de inelegibilidade bem 
como da posição da doutrina, podemos apontar as seguintes situações:
a) Quando o chefe do poder executivo, no exercício do primeiro mandato, renunciar 
6 meses antes da data da eleição, falecer ou tiver seu diploma cassado, os seus 
parentes e seu cônjuge, podem concorrer a qualquer cargo no mesmo território. 
Podem concorrer, inclusive, ao cargo de chefe do poder executivo, vedada, nesse 
caso, a possibilidade de reeleição.
b) Os parentes e cônjuge do vice, que substituiu o titular nos 6 meses que 
antecedem a eleição ou que o tenha sucedido, são inelegíveis no território de 
jurisdição daquele.
Continua...
41
Direito Eleitoral 
Continuação
c) É possível a composição de chapa entre parentes, conforme já decidiu o TSE 
(Res. nº 22.799/2008 e Res. nº 23.087/2009).
d) A inelegibilidade aqui abordada abrange também os casos de união estável, 
concubinato e relação estável homoafetiva (TSE. Respe 24.564/2004).
e) A dissolução da sociedade ou vínculo conjugal no curso do mandato não afasta a 
inelegibilidade, consoante a Súmula Vinculante n. 18 do STF.
De acordo com a ressalva na parte final do § 7º do artigo 14, CF/88, a 
inelegibilidade não resta configurada se o parente já é titular de mandato eletivo 
e concorre à reeleição. Assim, o filho do prefeito, que já exerce o mandato de 
vereador, pode concorrer à reeleição, na mesma jurisdição do pai, independente 
de desincompatibilização.
4.2. Causas de inelegibilidades infraconstitucional 
A Lei Complementar nº 64/90 sofreu sensível modificação em seu texto, com a 
edição da Lei Complementar n. 135/2010, a chamada “Lei da Ficha Limpa”. Em 
síntese, foram introduzidas novas hipóteses de incidência da inelegibilidade, além 
de ter havido a tentativa de unificação dos prazos de inelegibilidade previstos no 
inciso I, do artigo 1º. Outra modificação importante foi a dispensa do trânsito em 
julgado para produzir o efeito da inelegibilidade, no caso de decisões judiciais 
condenatórias. A partir da edição da LC nº 135/2010, o prazo de inelegibilidade 
decorrente de condenação na Justiça Eleitoral, na Justiça Comum e na Justiça 
Federal, nos processos por ela mencionados, passa a correr a partir do trânsito 
em julgado da respectiva decisão ou de decisão colegiada.
Cabe ainda lembrar que a LC nº 135/2010 teve sua constitucionalidade 
reconhecida por decisão da maioria dos membros do STF nas Ações Diretas de 
Constitucionalidade nº 29 e 30 e na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4578, 
julgadas em 16 de fevereiro de 2012.
Após a edição da LC nº 135/2010, podemos agrupar as causas de inelegibilidade 
infraconstitucional em seis grupos distintos, tem em vista o fato gerador, 
conforme apontadas a seguir:
42
Capítulo 1 
a) inelegibilidade decorrente de condenações da justiça: artigo 1º, I, alíneas d, e, h, 
j, l, n e p;
b) inelegibilidade decorrente de rejeição de contas de administrador púbico: artigo 
1º, I, alínea g;
c) inelegibilidade decorrente da perda de cargo eletivo ou de provimento efetivo: 
artigo 1º, I, alíneas b, c, f, o e q;
d) inelegibilidade decorrente da renúncia a cargo eletivo, em razão da instauração de 
processo visando à perda do mandato: artigo 1º, I, alínea k;
e) inelegibilidade decorrente da exclusão do exercício da profissão: artigo 1º, I, alínea m;
f) inelegibilidade decorrente da responsabilização em processo de liquidação judicial 
ou extrajudicial de estabelecimento de crédito: artigo 1º, I, alínea i.
Feitas essas considerações, no item a seguir passemos a analisar as hipóteses de 
inelegibilidade previstas na LC nº 64/90, com as alterações da LC nº 135/2010.
4.2.1 Inelegibilidade absoluta 
São considerados inelegíveis, ou seja, não podem concorrer a qualquer cargo:
a) Os inalistáveis e os analfabetos. 
Essa causa de inelegibilidade também está prevista no § 4º do artigo 14 da 
CF/88, conforme referido anteriormente.
b) O parlamentar que haja

Continue navegando