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1 CONHECIMENTOS REGIONAIS DO ESTADO DO PIAUÍ O território do Piauí: características gerais e socioeconômicas, formação histórica e dinâmicas recentes. O Piauí localiza-se no noroeste da Região Nordeste, englobando a Sub-Região Meio-Norte do Brasil. Limita-se com cinco estados: Ceará e Pernambuco a leste, Bahia a sul e sudeste, Tocantins a sudoeste e Maranhão a oeste. Delimitado pelo Oceano Atlântico ao norte, o Piauí tem o menor litoral do Brasil, com 66 km. Sua área é de 251 577,738 km²,[nota 1] sendo pouco maior que o Reino Unido, e tem uma população de 3 264 531 habitantes. A capital e cidade mais populosa do estado é Teresina. Está dividido em 4 mesorregiões e 15 microrregiões, divididos em 224 municípios. Os municípios com população superior a oitenta mil habitantes são Teresina, Parnaíba e Picos. Tem um relevo moderado e a regularidade da topografia é superior a 53% inferiores aos 300m. Parnaíba, Poti, Canindé, Piauí e São Nicolau são os rios mais importantes e todos eles pertencem à bacia do rio Parnaíba. Possui clima tropical e semiárido. As principais atividades econômicas do estado são a indústria (química, têxtil, de bebidas), a agricultura (algodão, arroz, cana-de-açúcar, mandioca) e a pecuária. No Piauí, há vestígios da presença do homem que datam de há até 50 000 anos. Estes estão presentes no Parque Nacional da Serra da Capivara, na Serra das Confusões e em Sete Cidades. O Parque Nacional da Serra da Capivara é, sem dúvida, o mais importante. Lá, foram encontradas a cerâmica mais velha da América, um bloco de tinta de 10 000 anos, fósseis humanos e animais, pinturas rupestres e outros artefatos antigos. Os achados estão no Museu do Homem Americano. A Serra da Capivara foi descoberta por caçadores nas proximidades da cidade-sede: São Raimundo Nonato, os quais, sem saber de que se tratavam as pinturas rupestres, chamaram o prefeito que, surpreso, tirou fotos. Seis anos depois, em uma conferência em São Paulo, o mesmo prefeito, por coincidência, encontrou Niède Guidon e mostrou as fotos à pesquisadora. Esta tanto se interessou, que a levou a se mudar para a Serra, onde ainda reside, fazendo pesquisas. O "homem de Pedra Furada" viveu há cerca de 40 mil atrás (paleoíndio) na região onde hoje é o Piauí, e lá caçava e acendia fogueiras. Antes da independência do Piauí de Portugal, a sua economia se baseava na criação de gado, no cultivo do algodão, que era considerado o melhor do Brasil, na cana-de-açúcar, no fumo, entre outros. A Capitania do Piauí foi criada em 1718, desmembrando-se da Capitania do Maranhão, sendo uma capitania do Estado do Maranhão. Em 28 de fevereiro de 1821 torna-se uma província, que viria a ser o atual estado de Piauí com a Proclamação da República em 1889. 2 Com a independência do Brasil em 7 de setembro de 1822, algumas províncias continuaram como colônias portuguesas, dentre elas, o Piauí. 3 O Piauí compunha a nação portuguesa junto com Maranhão, Pará, Mato Grosso e Goiás. Era uma espécie de Portugal em plena caatinga piauiense. Oeiras, a capital imperial do Piauí, estava cheia de portugueses que queriam a todo custo continuar com a política colonialista. D. Pedro I, no dia 7 de setembro de 1822, às margens do Riacho Ipiranga, arrancou os laços que uniam o Brasil a Portugal com o grito “Independência ou Morte”. No Piauí, a noticia chegou no dia 30 de setembro, permanecendo sob domínio português até 24 de janeiro de 1823, quando o Brigadeiro Manoel de Sousa Martins declarou o estado independente em Oeiras. Com medo de perder a província do Piauí, a coroa portuguesa mandou a Oeiras, que era a capital da província, o brigadeiro português graduado João José da Cunha Fidié, que comandava uma tropa militar, a fim de manter o Piauí como colônia portuguesa. Em 19 de outubro de 1822, a Câmara Provincial de Parnaíba declarou a independência de Parnaíba. Para conter os revoltosos, Fidié e sua tropa militar foram a Parnaíba, onde ficaram por quase dois meses e depois voltaram a Oeiras. Corroborando o boato de que Portugal queria ficar com o norte do Brasil, que na época compreendia o Piauí, o Maranhão e o Pará, os portugueses enviaram para o Piauí uma quantidade enorme de armas por volta de 1820, alem da vinda de Fidié a Oeiras como Governador das Armas. Quinze anos antes de vir para o Piauí, defender a última esperança portuguesa de ter uma colônia lusitana nas Américas, Fidié, militar de alta patente, já era herói em Portugal, por ter lutado contra os exércitos napoleônicos quando a França invadiu Portugal em 1807. Lutou bravamente na defesa de Portugal contra as forças francesas do general Jean-Andoche Junot. Na volta para a capital, ao passar pela cidade de Piracuruca, viram que estava deserta. Isso serviu de sinal para o que aconteceu mais adiante: em Campo Maior, nas proximidades do Riacho do Jenipapo, houve um confronto entre portugueses e piauienses, no qual os portugueses possuíam armas avançadas, munição e alimento garantido, enquanto os piauienses tinham apenas equipamentos rudimentares. Essa batalha foi chamada de Batalha do Jenipapo. Com o fim desta, os piauienses que sobreviveram roubaram toda a munição e alimento dos portugueses que, desesperados, foram para União e, de lá para Caxias, no Maranhão, onde foram presos por Manuel de Sousa Martins. Fidié ficou preso em Oeiras por três meses. De lá, foi mandado ao Rio de Janeiro e, depois, a Lisboa. Colonização do Piauí No começo do século XVII, fazendeiros da região do rio São Francisco procuravam expandir suas criações de gado. Vaqueiros, vindos principalmente da Bahia, chegaram procurando pastos e passaram a ocupar as terras ao lado do rio Gurgueia. Ainda no século XVII, muitos nobres portugueses empobrecidos e padres jesuítas, bem como escravos negros se estabeleceram no Piauí. A primeira pecuária em grande escala também chegou com esses colonos. Em 1718, o território, até então sob a jurisdição da Bahia, passou para a do Maranhão. O capitão português Domingos Afonso Mafrense, ou capitão Domingos Sertão, como era conhecido, foi um dos sesmeiros que ocuparam essas terras; possuía trinta fazendas de gado e foi o mais alto colonizador da região, doando suas fazendas — após sua morte — aos padres jesuítas da Companhia de Jesus. 4 A contribuição dos padres jesuítas foi decisiva, principalmente no desenvolvimento da pecuária, que, em meados do século XVIII, atingiu seu auge. A região Nordeste, o Maranhão e as províncias do sul eram abastecidas pelos rebanhos originários do Piauí até a expulsão dos jesuítas (período pombalino), 5 quando as fazendas foram incorporadas à Coroa portuguesa e entraram em declínio. Quanto à colonização, esta se deu do interior para o litoral. Após a independência do Brasil em 1822, algumas províncias continuaram sobre o poder de Portugal (entre essas, o Piauí). Portugal, com medo de perder essa província, mandou, de Oeiras à cidade de Parnaíba, tropas portuguesas; o grupo recebeu adesões, mas acabou derrotado em 1823, por ocasião da Batalha do Jenipapo, onde piauienses lutaram contra os portugueses com armas brancas em Campo Maior. A tropa de Fidié, capitão da tropa portuguesa, saiu enfraquecida e este acabou por ser preso em Caxias, no Maranhão. Alguns anos depois, movimentos revoltosos, como a Confederação do Equador e a Balaiada, atingiram também o Piauí. Em 1852, a capital foi transferida de Oeiras para Teresina, tendo início um período de crescimento econômico. A partir da proclamação da república brasileira (1889), o estado apresentou tranquilidade no terreno político, mas grandes dificuldades na área econômico-social. Além da colonização portuguesa e da presença de outros grupos de origem europeia no Piauí, a cidade de Floriano recebeu, a partir de 1889 um influxo migratório da Síria que durou mais de cem anos, de modo que essa etnia se faz assaz presente naquela cidade. Destaca-se a migraçãode Sírios e Libaneses no século XX. A população branca, é quase exclusivamente composta de descendentes de portugueses, dada a pequena migração de outros europeus para a região. No início, a maioria dos colonos eram etnicamente portugueses, mas alguns dos primeiros colonos eram na verdade, cristãos-novos, judeus portugueses convertidos que tinham sido condenados a ser exilados do Reino de Portugal. Por determinação da Coroa portuguesa esses colonos oriundos de Portugal e dos Açores se estabeleceram no Piauí. Em 1880, em troca do município de Crateús, a então Província do Ceará cedeu ao Piauí a cidade de Luís Correa, possibilitando ao estado a tão almejada saída para o mar. A transferência da capital A ideia da transferência da capital do Piauí de Oeiras remonta aos períodos coloniais. Já no século XVIII, quando a capitania do Piauí adquiriu a sua independência do Maranhão, Fernando Antônio de Noronha, então governador da capitania do Piauí, propôs ao rei de Portugal a transferência da capital, alegando que Oeiras era uma terra seca e estéril, imprópria para a agricultura e de difícil comunicação com as outras partes da colônia. Durante anos, sempre foram citadas as povoações de Parnaíba, vila ao litoral de intenso comércio e a vila do Poti, às margens do rio Parnaíba, que convivia problemas com as cheias dos rios, mas que, por localizar-se no interior, poderia integrar o estado através da navegação pelo rio Parnaíba. No governo de José Idelfonso de Sousa Ramos, foi votada e sancionada a lei nº174, de 27 de agosto de 1844, que autorizava a mudança da capital, não para a vila de Parnaíba ou para a vila do Poti, localidades sempre lembradas, mas para a margem do rio Parnaíba na foz do rio Mulato, devendo a nova cidade receber o nome de Regeneração. Quando, em 23 de julho de 1850, José Antônio Saraiva, fundador de Teresina, fora nomeado 6 governador da Província do Piauí, o assunto da transferência da capital estava em plena efervescência. Logo após assumir, Saraiva recebeu uma delegação das vilas de Parnaíba, Piracuruca e Campo Maior 7 com um grande número de assinaturas reivindicando a mudança da capital para Parnaíba. Diante dessa situação, o novo governador procurou estudar o assunto com profundidade. Nas suas pesquisas, constatou que muitas eram as sugestões para se edificar uma nova capital às margens do rio Parnaíba. Em manobra audaciosa, Antônio Saraiva, em 1852, decidiu pela transferência para a vila do Poti com a condição de que uma nova sede fosse construída em local a salvo das enchentes que assolavam a vila. Graças ao empenho da população local, o projeto pôde se concretizar e, em 16 de agosto de 1852, foi instituída a nova capital da Província do Piauí, com o nome de Teresina em homenagem à imperatriz Teresa Cristina de Bourbon. Rapidamente, todo o império foi informado da nova capital. Litígio de limites entre Ceará e Piauí O litígio de limites entre Ceará e Piauí compreende um território de aproximadamente 3.000 km², localizado na Serra da Ibiapaba, nos limites entre os estados brasileiros do Ceará e do Piauí. As regiões reivindicadas passaram a ser popularmente conhecidas como Cerapió e Piocerá. O litígio tem origem no governo colonial de Manuel Inácio de Sampaio e Pina Freire, do Ceará, quando o engenheiro Silva Paulet apresentou um mapa da província que mostrava o limite oeste do litoral até a foz do rio Igaraçu. Dessa forma, a localidade de Amarração, atual cidade piauiense de Luís Correia faria parte do território do Ceará. Durante o século XIX a localidade teve assistência da cidade cearense vizinha, Granja, até que em 1874 os parlamentares estaduais decidiram elevar a localidade à categoria de vila. Tal atitude chamou a atenção dos políticos do Piauí que reivindicaram o território. A solução para o impasse ocorreu com o Decreto Geral nº 3.012, de 22 de novembro de 1880, determinando que haveria uma troca, na qual o Piauí restabeleceria a totalidade de seu litoral e o Ceará incorporaria os municípios de Crateús e Independência. Desde essa época, portanto, que nos limites entre o Ceará e o Piauí persistem vários pontos com indefinições e ambas as unidades da federação continuam disputando o controle de tais locais. Segundo o deputado estadual Neto Nunes (PMDB-CE), a indefinição permanece porque «o Piauí quer uma parte de serra, fértil, bom clima, com pousadas, uma região turística do estado», enquanto o pedaço trocado pelo litoral seria de sertão. Após a Constituição de 1988, foi proposto que em 1991 seria resolvida a questão do litígio de limites entre os estados, mas só em 2008 foi apresentado um acordo sobre a questão, com o Piauí ficando com 1.500 hectares e o Ceará com 1.000. Em outubro de 2011, no entanto, o diálogo entre os dois estados foi abalado pela decisão do governo do Piauí de entrar com uma ação civil ordinária no Supremo Tribunal Federal (STF), reivindicando uma área total de 2.821 quilômetros quadrados que hoje pertence ao Ceará. Se acatado o pedido do governo piauiense, o estado do Ceará perderia 66% do município de Poranga, 32% de Croatá, 21% de Guaraciaba do Norte, 18% de Carnaubal, 8% de Crateús, além de 7% de Ipaporanga. O espaço piauiense: população, economia, urbanização. 8 O Piauí possui uma população de 3 264 531 habitantes segundo o IBGE sendo majoritariamente cristã. Segundo o IBGE, é o estado com a menor proporção de protestantes, e maior proporção de católicos do país. 9 Há uma grande diversidade de manifestações religiosas no Piauí, expressando a identidade multicultural do povo piauiense. Segundo levantamento realizado por aplicativo desenvolvido pela Prefeitura Municipal de Teresina, existem mais de 800 terreiros de matriz afro-brasileira na capital. Tendo em vista que são 800 mil habitantes no município, existe praticamente um terreiro para cada mil habitantes. Além das religiões cristãs e monoteístas, no Piauí também se encontram seguidores de espiritualidades politeístas, como o Piaganismo, considerado a primeira religião neopagã brasileira. 1. Católicos Apostólicos Romanos - 85,1% 2. Protestantes - 9,7% 3.Não Religiosos - 3,4% 4.Espíritas - 0,3% 5.Outros - 1,4% Composição étnica Cor/Raça Porcentagem Pardos 69% Brancos 24% Pretos 7% Amarelos 2,3% Fonte: PNAD (dados obtidos por meio de pesquisa de autodeclaração). A economia do estado é baseada no setor de serviços (comércio), na indústria (química, têxtil, de bebidas), na agricultura (soja, algodão, arroz, cana-de-açúcar, mandioca) e na pecuária extensiva. Ainda merecem destaque a produção de mel, o caju e o setor terciário em Picos e produção de biodiesel através da mamona em Floriano. Sua pauta de exportação se baseou, em 2012, em Soja (64,55%), Ceras (20,82%), Algodão Cru (4,73%), Mel (2,00%) e Alcaloides Vegetais (1,82%). Urbanização De acordo com a Síntese de Indicadores Sociais 2013, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Piauí tem a segunda menor taxa de urbanização do país (67%), perdendo apenas para o Maranhão que registrou apenas 58,9% da população residente em áreas urbanas. No Brasil o índice ficou em 84,8%, sendo a região Nordeste quem apresentou menor taxa (73,4%). Já no outro extremo, Rio de Janeiro (97,3%) e São Paulo (96,4%) concentraram quase a totalidade de sua população em áreas urbanas. Ainda sobre a população, no Piauí a maior proporção de pessoas (52,1%) encontra-se entre crianças, adolescentes e jovens de 0 a 29 anos de idade, sendo que 15,6% estão na faixa etária dos 6 a 14 anos, seguida dos jovens entre 18 e 24, que ocupam 12% dos piauienses. Outro dado preocupante refere-se a taxa de mortalidade infantil, que no Brasil atinge o percentual de 15,7%. Das regiões, o Nordeste aparece em primeiro lugar com número de casos, 20,5% dos registros, no qual o Piauí é o quarto do país com maior taxa, 21,8%. O estado fica atrás somente do Maranhão(26,1%), Amapá (24,1%), Alagoas (25,9%). 10 A principal fonte de informação para a construção dos indicadores foi a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2012. A análise de indicadores sociais levaram em consideração os aspectos populacionais de uma sociedade, incluindo a análise das componentes demográficas, tamanho da 11 população, alterações no tempo, sua distribuição espacial e a composição segundo diferentes características, são essenciais em uma análise de indicadores sociais. O espaço agrário piauiense O espaço agrário do estado do Piauí, mais especificamente o sudoeste desse estado, tem passado por constantes transformações espaciais decorrentes da territorialização do capital à luz do agronegócio da commodity soja, conformando e consolidando regiões. Tal situação é resultante de um conjunto de ações de gestores públicos, agroindústrias, produtores e empresas que prestam serviços à cadeia produtiva do agronegócio para garantir a materialidade da produção, circulação e venda da commodity soja. A ocupação dos cerrados piauienses pela atividade do agronegócio iniciou-se nas últimas décadas, mais precisamente a partir da década de 1970. Seu ponto de partida foi a criação de incentivos com base em linhas de crédito do programa Polo Nordeste voltado para médios e grandes pro- prietários para que estes melhorassem a capacidade produtiva das fazen-das, aumentando a produção, viabilizando as exportações e garantindo a demanda nacional por alimentos. Posteriormente, várias empresas e produtores buscaram adquirir terras no estado do Piauí, movidos pelo seu baixo preço e pela atratividade dos financiamentos do governo federal com recursos da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), como, por exemplo, o Fundo de Investimentos do Nordeste (Finor), e do Fundo de Investimentos Seto-riais (Fiset). O principal objetivo desses programas e financiamentos que chegaram ao Piauí foi o melhoramento da capacidade produtiva das fazendas tradicionais de gado e a formação de áreas de extrativismo, bem como a realização de projetos de reflorestamento, como, por exemplo, a plantação de mudas de caju. Historicamente, a pecuária foi a primeira atividade econômica desenvolvida no estado, fazendo parte de sua tradição histórica. O folclore e os costumes regionais derivam em grande parte da atividade pastoril. Entre os rebanhos, destacam-se os caprinos, bovinos, suínos,ovinos e asininos. A caprinocultura, por sua capacidade de adaptação a condições climáticas inóspitas, tem sido incentivada pelo Governo, proporcionando meio de vida a significantes parcelas da população carente, principalmente nas regiões de Campo Maior e Alto Piauí. No Sul do estado algumas fazendas estão investindo bastante na qualidade genética do rebanho. Podemos citar a cidade de Corrente no sul do estado que possui fazendas com um rebanho de alta qualidade genética, e em São Raimundo Nonato onde a família Paes Ribeiro tem a maior criação de gado. A agricultura no Piauí desenvolveu-se paralelamente à pecuária, como atividade quase que exclusivamente de subsistência. Posteriormente, adquiriu maior caráter comercial, embora de forma lenta e insuficiente para abastecer o crescente mercado interno do Estado. Em 2018 o estado era o 3º maior produtor de grãos do Nordeste. Entre as culturas tradicionais temporárias sobressaem-se a soja (2,4 milhões de toneladas em 2018, 3º maior produtor do Nordeste), o milho (1,5 milhão de toneladas em 2018, 2º maior produtor do Nordeste), a cana-de-açúcar (839 mil toneladas em 2018), a mandioca (365 mil toneladas em 2019) , o arroz (109 mil toneladas em 2019), o feijão (93 mil toneladas em 2019), o algodão herbáceo (24 mil toneladas em 2019) e o sorgo (23 mil toneladas em 2019). Entre as culturas permanentes, destacam-se a manga, a laranja, castanha-de-caju (2º maior produtor no 12 Brasil, com 24.855 toneladas em 2018) e o algodão. A agricultura é forte em Altos (manga) e União (cana-de-açúcar). 13 Estudos de laboratório sobre a carnaúba demonstraram ser possível a elevado do nível tecnológico de seu aproveitamento, sendo a celulose o derivado de maior potencial para viabilizar a exploração dessa imensa riqueza natural do Estado. A castanha de caju deixou de ser um produto extrativo para se constituir numa cultura desenvolvida em grande escala. O Piauí tem intensificado investimentos em sua agricultura que está se mecanizando. No sul do estado cidades como Uruçuí, Bom Jesus e Ribeiro Gonçalves produzem soja, sorgo, milho e algodão para exportação. O estado é o terceiro maior produtor de grãos do nordeste, devido aos seus cerrados. Aspectos naturais do Piauí: relevo, clima, vegetação e hidrografia. O relevo piauiense abrange planícies litorâneas e aluvionares, nas faixas das margens do rio Parnaíba e de seus afluentes, que permeiam a parte central e norte do estado. Ao longo das fronteiras com o Ceará, Pernambuco e Bahia, nas chapadas de Ibiapaba e do Araripe, a leste e da Tabatinga e das Mangabeiras, ao sul, encontram-se as maiores altitudes da região, situadas em torno de novecentos metros de altitude. Entre essas zonas elevadas e o curso dos rios que permeiam o estado, como, por exemplo, o Gurgueia, o Fidalgo, o Uruçuí Preto e o Parnaíba, encontram-se formações tabulares, contornadas por escarpas íngremes, resultantes da áreas erosivas das águas. Clima Duas tipologias climáticas ocorrem no estado: A primeira, classificada por Köppen como tropical de savana (Aw); domina a maior parte do território variando entre 25 e 27 °C. As chuvas na área de ocorrência deste clima também são variáveis. Ao sul, indicam cerca de 700mm anuais, mais ao norte a pluviosidade aumenta, atingindo índices próximos a 1.200mm/ano. O segundo tipo de clima predomina na porção sudeste do estado, sendo classificado como semiárido quente (BSh). As chuvas ocorrem durante o verão, distribuindo-se irregularmente, alcançando índices de 600mm/ano; pela baixa pluviosidade, a estação seca é prolongada (oito meses mais ou menos) sendo mais drástica no centro da Serra da Ibiapaba. As temperaturas giram na casa dos 24 a 40 °C, tendo seus invernos secos. Vegetação Predominam quatro classes de vegetação: caatinga, cerrado, floresta estacional semidecidual e a mata de cocais. Caatinga: tem sua ocorrência em ambientes de clima tropical semiárido. Os vegetais da caatinga apresentam adaptações a esse ambiente. Têm folhas grossas e pequenas, muitas delas com forma de espinhos, que perdem pouca água pela transpiração. Registrada principalmente no sul e sudeste do estado; é composta por cactáceas, bromélias, arbustos e árvores de pequeno até grande porte em áreas brejosas. Cerrado: estende-se nas porções sudoeste e norte do estado; apresenta arbustos, árvores e 14 galhos retorcidas, folhas grandes, casca grossa, raízes profundas e algumas gramíneas, cactos, bromélias e ervas cobrindo o solo. Encontra-se no sul, sudoeste e da região central ao leste. 15 Floresta estacional semidecidual: ocorre da foz do rio Canindé no médio Parnaíba até o baixo Parnaíba, além de outra extensão no vale do rio Gurgueia, é mista com a floresta de palmáceas principalmente acompanhado o rio Parnaíba; espécies ocorrentes carnaúba, babaçu, buriti, macaúba, tucum, pati e outras. Essas palmeiras podem ser encontradas no cerrado. Quanto aos vegetais lenhosos a variedade é impressionante desde pequenas ervas e arbustos de alguns centímetros á árvores de grande porte com mais de 20 a 30 metros, no período seco algumas plantas perdem as folhas e outras se mantém verdes o ano todo; espécies ocorrentes angico branco, jatobá, cedro, ipê-roxo, pau-d'arco-amarelo, ipê- amarelo, tamboril, gonçalo alves, violeta, sapucaia, sapucarana, louro-pardo, aroeira, cajazeira, guaianã, oiti, caneleiro, burra- leiteira, chichá, açoita cavalos, moreira, azeitona, jenipapo, algodão bravo, podoí, pau derato, juazeiro, tuturubá, mutambá, goiaba, quabiraba entre outras. Mata de cocais: vegetação predominante entre a Amazônia e a caatinga, onde predominam as palmeiras ora mescladas pela floresta estacional semidecidual ora em agrupamentos quase puros, ocorrem preferencialmente em baixadas onde o lençol freático e mais raso , mantêm-se sempre verdes todo o ano e produzem muitos frutos tanto para o extrativismo das populações locais como para fauna silvestre. predomina nos estados do Maranhão, Piauí, ceará e norte do Tocantins. No Piauí, predominam as palmeiras babaçu, carnaúba, buriti, tucum, macaúba, patizeiro além de muitas outras. Hidrografia Enquanto quase todos os estados do Nordeste oriental contam com apenas um rio perene, o rio São Francisco, com aproximadamente 1 800 quilômetros dentro de seus territórios, o Piauí conta com o rio Parnaíba e com alguns de seus afluentes, entre eles o Uruçuí Preto e o Gurgueia, que, somando-se seus cursos permanentes, ultrapassam 2 600 km de extensão. O estado conta ainda com lagoas de notável expressão, tais como a de Parnaguá, Buriti e Cajueiro, que vêm sendo aproveitadas em projetos de irrigação e abastecimento de água na região. A perenidade dos rios piauienses, entretanto, encontra-se ameaçada. Os rios sofrem intenso processo de assoreamento, sempre crescente, em decorrência do desmatamento acentuado que ocorre no estado, principalmente nas nascentes e nas margens dos rios. O estado encontra-se com 82,5% de seu território dentro do polígono das secas, segundo dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Exploração e usos dos recursos naturais no Piauí Um estudo sistêmico realizado no estado confirmou a existência de gás natural em 34 municípios: Alvorada do Gurgueia, Amarante, Antônio Almeida, Arraial, Baixa Grande do Ribeiro, Bertolínia, Cajazeiras do Piauí, Canavieira, Canto do Buriti, Colônia do Gurgueia, Currais, Eliseu Martins, Flores do Piauí, Floriano, Francisco Ayres, Guadalupe, Itaueira, Jerumenha, Landri Sales, Manuel Emídio, Marcos Parente, Nazaré do Piauí, Oeiras, Pajeú do Piauí, Palmeira do Piauí, Pavussu, Porto Alegre do Piauí, Regeneração, Ribeiro Gonçalves, Rio Grande do Piauí, São Francisco do Piauí, São José do Peixe, Sebastião Leal e Uruçuí. Há previsão da construção de um porto seco em Teresina e, também, da construção de oito novas usinas hidrelétricas no Piauí, para tornar possível a navegação do Rio Parnaíba e gerar mais energia elétrica. Ocorre principalmente nos vales úmidos, onde predominam as matas de babaçu e carnaúba. 16 O Piauí tem uma matriz energética diversificada, composta pela Usina Hidrelétrica de Boa Esperança, localizada no rio Parnaíba, o Parque Solar Nova Olinda, além da geração eólica em usinas como Delta 1 17 e 2, Padra do Sal, Araripe I, Araripe II, Araripe III e Chapada do Piauí. Em 2018, o estado foi o 3º maior produtor de energia eólica no Brasil, sendo essa a principal fonte energética do estado, com 1.443,10 MW de capacidade instalada. No setor de mineração, a Vale S.A. está em operação no município de Capitão Gervásio Oliveira, onde foi encontrada a segunda maior reserva de níquel do maior reserva de níquel do de pesquisa para verificar a viabilidade de exploração de petróleo e gás natural ao longo do Rio Parnaíba, provavelmente, em Floriano. No tocante à industrialização, ressalta-se a multinacional Bunge, instalada em Uruçuí para exploração da soja e da empresa de cimento Nassau, em Fronteiras, onde se obtém matéria- prima para sua produção. Diversos estudos geológicos demonstram a existência de potencial bastante promissor de exploração mineral. Entre as ocorrências de maior interesse econômico, encontram-se o Mármore, o amianto, as gemas, a ardósia, o níquel, o talco e a vermiculita. Vale ressaltar que o Piauí á dotado de grandes reservas de águas subterrâneas artesianas e possui a segunda maior jazida de níquel do Brasil, localizada no município de São João do Piauí. Ainda em 2009 foi anunciada a descoberta de uma grande jazida de ferro no município de Paulistana, sendo esta a segunda maior jazida de ferro do mundo. Ferro este que a companhia siderúrgica brasileira tem muito interesse. Questão ambiental no Piauí: problemas ambientais, degradação e conservação. As atividades desenvolvidas pelo homem nos diversos ecossistemas piauienses (cerrado, caatinga, transição com a floresta amazônica e manguezais na pequena costa de 66 Km) aparecem como fatores determinantes de transformação e problemas sócio-ambientais, tais como: processo de desertificação no sul do Estado; ocupação do cerrado por grandes latifúndios; tráfico de animais silvestres; assoreamento e poluição dos rios; desmatamentos; queimadas indiscriminadas; destruição dos mangues; lixo; processo de favelização em Teresina etc. O Núcleo de Educação Ambiental do IBAMA no Piauí desenvolve trabalhos educativos em diversos municípios do Estado. Os projetos desenvolvidos buscam equacionar esses problemas, suscitando reflexões acerca da condução de políticas públicas e do comportamento individual e coletivo dos envolvidos. O NEA tem como objetivo propor discussões acerca desses problemas ambientais, de forma mais ampla possível, assegurando a participação democrática. Os projetos em desenvolvimento vão desde a realização de seminários, que visam promover o diálogo e a troca de informações entre O.G’s e ONG’s, lideranças populares, dirigentes, profissionais de comunicação e pesquisadores, passando pelo apoio à projetos desenvolvidos por outras instituições, até àqueles que se caracterizam como educação no processo de gestão ambiental, a exemplo do projeto de Gestão Participativa de Conservação dos Recursos Naturais do Delta do Rio Parnaíba, que tem como objetivo geral desenvolver ações de Educação Ambiental, visando melhorar as condições de vida da população residente no Delta, sobretudo dos catadores de caranguejo. 18 Outro projeto com grande demanda é o de Capacitação de Professores em Educação Ambiental, dirigido aos docentes oriundos da rede oficial de ensino. Ações em conjunto com a DITEC e DICOF também são comuns, privilegiando-se áreas de entorno das Unidades de Conservação. Campanhas Educativas desenvolvidas com recursos financeiros de empresas privadas têm surtido efeito, despertando atenção da mídia e atingindo grande número de pessoas.
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