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ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 Aberturas Em Lajes Treliçadas Nervuradas Unidirecionais de Concreto Armado Do Tipo Vigota Treliçada Opennings In Reinforced Concrete Unidirectional Ribbed Lattice Slabs Ana Beatriz Leda Ribeiro (1), Luciano Carneiro Reis (2) (1) Graduanda, Universidade Estadual do Maranhão/UEMA (2) Professor Mestre, Departamento de Construção Civil e Estruturas – DECE Av. do Vale, nº01, Renascença II, apto. 604, CEP: 65075820. Resumo Ao analisar lajes nervuradas unidirecionais, em termos normativos, considerando o tipo vigota isolada, é plausível afirmar que o rompimento de uma nervura traria ao colapso uma faixa de laje representativa na ordem de influência da nervura rompida. A ABNT NBR 6118:2014, no item 14.7.7, não recomenda a utilização da rigidez da capa de concreto, anulando a possibilidade de transmissão de carregamentos, redução das flechas da laje e, assim, também, a possibilidade de abertura de furos nas lajes. Sendo obrigatório dessa forma a existência de vigas nos contornos de shafts e aberturas. Entretanto, FLÓRIO (2003) apresenta a metodologia de análise dessas lajes, mais especificamente as lajes nervuradas unidirecionais de vigotas armadas, através da analogia de grelha considerando a rigidez da capa na direção transversal à nervura para diversos casos lineares e não-lineares, obtendo percentuais consideráveis de transmissão de cargas na direção da capa, o que simultaneamente denota a amortização dos esforços solicitantes das nervuras, quando comparado com o modelo de viga isolada, e, dessa forma, abrindo campos de análise que consideram a rigidez da capa para maior estabilização da laje como um todo. Sendo possível que a capa suporte esforços provenientes da compatibilização de uma grelha e tendo em vista a necessidade de passagem de tubulações por essas lajes, em certas dimensões, essas aberturas podem vir a ser viáveis desde que haja o detalhamento de reforços de borda dessas aberturas para servir de meio de transmissão dos esforços das pontas das vigotas interrompidas pela abertura, para as vigotas adjacentes. Esse estudo apresenta uma solução para o problema e a metodologia a ser utilizada no dimensionamento e análise. Palavras-Chave: Lajes, Nervuradas, Unidirecionais, Pré-moldada, Treliçada, Aberturas. Abstract In normative terms, it is plausible to affirm that in the analysis, the unidirectional ribbed slabs, isolated beams, the rupture of a rib would bring to the collapse a representative slab band in the order of influence of the ruptured rib. NBR 6118 (ABNT, 2014) prohibits the use of rigidity of the concrete cover, avoiding the possibility of transmission of loads, reducing the arrows of the slab and, also, the possibility of opening holes in the slabs. Therefore, it is mandatory that there be beams in the contours of shafts and openings. However, FLORIO (2003) presents the methodology of analysis of these slabs, more specifically the unidirectional ribbed slabs of armed beams, through the grid analogy considering the stiffness of the cover in the transversal direction to the rib for several linear and non-linear cases, obtaining percentages transport of loads in the direction of the cover, which coincidentally denotes the amortization of the stresses applying to the ribs, when compared to the isolated beam model, and, thus, opening fields of analysis that consider the stiffness of the cover for greater stabilization of the slab as a whole. It being possible for the cover to support stresses coming from the compatibility of a grate and in view of the need for passage of pipes through these slabs, in certain dimensions, such apertures may become feasible provided there is detailing of edge reinforcements of such apertures for serve as a means of transmitting the efforts of the tips of the beams interrupted by the aperture to adjacent beams. This study presents a solution to the problem and the methodology to be used in the design and analysis. Key-Words: Slabs, Rib, Unidirectional, Pre-cast, Latticework, Openings. ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 1. Introdução 1.1 Objetivos O objetivo principal desse trabalho é contribuir para uma melhor avaliação da influência de furos no comportamento das lajes nervuradas formadas por vigotas pré-fabricadas com armadura treliçada. Buscando também compreender a influência da posição de aberturas na transmissão de esforços para as vigas, analisar as lajes com furo com relação as suas flechas além de apresentar uma proposta de pré-dimensionamento e reforço de bordo das aberturas para as lajes treliçadas com furo. 1.2 Justificativa Por apresentar vantagens em relação a outros sistemas, principalmente na redução de custos, a utilização do sistema estrutural de lajes pré-fabricadas de vigotas treliçadas tem se tornado cada vez mais frequente atualmente. Porém apesar do crescimento na popularidade do seu uso, sente-se ainda que muito pode ser aproveitado por parte dos projetistas sem experiência no assunto. Torna-se oportuno ampliar o estudo sobre esse tipo de sistema, tendo em vista potencializar o acervo de informações técnicas sobre seu comportamento objetivando seu melhor aproveitamento. Os furos e aberturas em lajes são feitos usualmente para passagens de tubulações dos sistemas prediais. Qualquer estrutura que apresente, em suas exigências de projeto, a necessidade de furos ou aberturas, deve ser projetada e detalhada para absorverem as alterações do fluxo de tensões que ocorrem no entorno destes locais. As aberturas em lajes de vigotas treliçadas são normalmente feitas na mesa da estrutura. Com os estudos de FLÓRIO (2003) sobre a rigidez transversal como mecanismo de redução da transmissão de cargas apenas na direção da nervura, onde apresentou em seu trabalho redução das flechas por conta da transmissão por meio da rigidez da mesa, vislumbrou-se a ideia que é o assunto deste artigo, a possibilidade de poderem ser cortadas algumas nervuras para fins de aberturas nas lajes e a possibilidade de se evitar colocação de vigas adicionais no pavimento. Assim, espera-se que este trabalho possa ajudar os projetistas a potencializarem o uso do sistema estrutural de lajes treliçadas unidirecionais pré-fabricadas de concreto armado e ampliar o acervo de informações técnicas a seu respeito. 1.3 Histórico Bibliográfico BOCCHI JR. (1995) aborda em seu estudo uma comparação, por meio de um exemplo numérico, as lajes nervuradas de concreto armado moldadas no local e as lajes pré- fabricadas. Ele enfatiza a importância do caminhamento correto da concepção da estrutura, desde o projeto até a execução das lajes, como fator fundamental para o bom desempenho das mesmas. Demostra que o custo das lajes pré-fabricadas é bem inferior as moldadas in ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 loco, analisa as principais recomendações da norma de concreto vigente da época, a NBR 6118 (ABNT, 1980) e apresenta exemplos numéricos das armaduras de flexão. DROPPA JUNIOR (1999) em sua Dissertação considera a fissuração do concreto na análise estrutural das lajes pré-fabricadas. Para isso utiliza o modelo de grelha, considerando a não-linearidade do concreto armado, a relação momento x curvatura e carregamento incremental. Os resultados que obteve se comparam com os obtidos de forma analiticamente para vigotas simplesmente apoiadas que foram ensaiadas na Escola de Engenharia de São Carlos. Em seu trabalho ainda analisa também sistemas contínuos e lajes bidirecionais. FLÓRIO (2003) aborda em sua dissertação o projeto e execução de lajes unidirecionais com vigotas em concreto armado segundo a analogia de grelha equivalente. Compara as deformações dos pavimentos considerando vigas independentes, lajes pré-fabricadas com capa e placa maciça. Utiliza como modelo de cálculo a consideração devigas independentes por conta da proximidade dos valores apresentados de momento fletor e deformação elástica. Traz ainda uma análise sobre os benefícios que a consideração da continuidade pode incorporar nas condições de serviço, especialmente no cálculo dos deslocamentos, considerando os efeitos de fissuração, plastificação e cisalhamento do concreto. Em termos de Normas Técnicas, quando se trata das Lajes Pré-Fabricadas, a ABNT apresenta disposições sobre o assunto na NBR 6118:2014, NBR 9062, NBR 14859 (partes 1 e 2), NBR 14860-1 (partes 1 e 2) e NBR 14862. Porém todas apresentam de uma maneira geral apenas especificações. A NBR 14859 (parte 1), principal norma sobre o tipo de laje em estudo no artigo, apenas fixa os requisitos para o recebimento e utilização de componentes de lajes pré-fabricadas a serem empregados na execução de estruturas laminares nervuradas unidirecionais, para qualquer tipo de edificação, mas não dispõe de critérios de cálculos para projetos. A única que ainda realmente aborda um pouco mais sobre isso é a NBR 6118:2014. 1.4 Modelo Teórico A analogia de grelha consiste em um método de análise muito utilizado em estudos de lajes devido a sua simplicidade em relação a outros métodos e a sua facilidade de compreensão. Com isso, optou-se pela sua escolha na análise deste artigo. Assim como nos trabalhos feitos por DROPPA JR (1999), BOCCHI JUNIOR (1995) e FLÓRIO (2003). Através deste método a laje é substituída por uma grelha equivalente, onde a sua rigidez longitudinal concentra-se nas barras longitudinais e a sua rigidez transversal concentra-se nas barras transversais. Assim, a estrutura torna-se um problema simples de analise matricial aplicada a uma grelha. Quando a laje analisada consiste em uma laje nervurada em uma direção, como é o caso em estudo, a discretização da malha é determinada de acordo com a localização das nervuras, sendo a localização das barras na direção da ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 nervura já determinadas e podendo variar apenas o número de barras na direção perpendicular a ela. Quando se fala em modelos de grelha, surge além dos esforços de momento fletor e cortante, esforços referentes ao momento torsor nas barras, sendo a rigidez à torção um parâmetro a ser estudado na analogia de grelhas tal qual a rigidez a flexão. O módulo de elasticidade transversal (G) do material, que é calculado em função do módulo de elasticidade longitudinal ( ), e a inércia à torção da seção transversal da barra ( ), compõem este parâmetro de rigidez à torção da barra ( ), que é função direta destas duas grandezas, sendo: = ∗ (Equação 1) Como as tensões provocadas na estrutura causam deformações tanto na sua direção longitudinal como em sua transversal, utiliza-se o coeficiente de Poisson ( ) como razão dessas duas deformações. Este coeficiente é encontrado na equação do módulo de elasticidade transversal (G) e apesar de ser variável com a compressão do concreto adota- se para cálculos práticos, segundo a NBR 6118 (2014), o valor médio de 0,2. = 2(1 + ) (Equação 2) Como pode ser observado em estudos realizados sobre o assunto, assim como em LEOHARDT (1981), o parâmetro de rigidez a torção cai consideravelmente com o surgimento de fissuras nas peças de concreto armado. Já a inércia à torção ( ), segundo LEOHARDT (1979), para vigas com seção I ou T, como é o caso da configuração adotada para o dimensionamento das vigotas da laje em estudo, deve-se calcular dividindo-se a seção em retângulos e somando os valores parciais dos retângulos. = = + + + ⋯ + (Equação 3) ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 Assim, tem-se ainda segundo estudos do CEB-90 (1991), equações estimadas para valores de de acordo com o Estádio em que se encontra o a peça de concreto armado: Para Estádio I: = 0,3 ∗ ∗ (Equação 4) Para Estádio II: = 0,1 ∗ ∗ (Equação 5) Para casos de flexo-torção: = 0,05 ∗ ∗ (Equação 6) 1.5 Discretização da laje A escolha do painel de laje nervurada pré-moldada foi a mesma utilizada por FLÓRIO (2003), discretizada como uma grelha. A laje tem dimensões de 363cm de comprimento por 330cm de largura, e as nervuras são dispostas paralelas ao menor lado. Apesar de que na prática, para lajes com EPS, os valores mais usualmente adotados para são de 9 e 10 cm, optou-se por preservar o mesmo valor que FLÓRIO (2003), de = 12 . Dessa forma, os valores adotados foram os seguintes: Intereixo (bf) de 33cm. Altura da capa ( ) de 3 cm. Altura da alma ( ) de 8 cm. Largura da alma ( ) de 12cm. Carregamento (Q) de 5kN/m². = 500 MPa = 20 Mpa Figura 1 - configuração do cálculo do momento de inércia à torção da seção I, segundo LEOHARDT (1979). ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 No método das grelhas equivalentes o carregamento atuante na laje pode ser aplicado de duas formas: distribuído ao longo da barra ou aplicado diretamente no nó das grelhas. Optou-se pela segunda forma devido a posição do furo que iremos analisar. Dessa forma há um melhor aproveitamento da carga aplicada na análise da estrutura para o seu dimensionamento. Assim calcula-se a área de influência de cada nó e aplica-se nele a carga correspondente, tal como na figura 3. Figura 2 - Representação em corte da laje treliçada (medidas em cm). (Fonte: Autor) Figura 3 - Configuração da área de influência para obtenção de cargas por nó de grelha (DROPPA, 1999) Figura 4 - Representação da área de influência do carregamento distribuído. (Fonte: Autor) ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 Caso a abertura em análise fosse feita em um formato mais parecido com um losango, recomendar-se-ia aplicar o carregamento distribuído na barra, já que o cálculo da área de influência é feito como demonstrado na figura 4 e para esse tipo de caso o aproveitamento da carga é superior. Na modelagem do SAP 2000 as nervuras foram modeladas como vigas “T” com as dimensões da vigota anteriormente descritas e as barras transversais como barras retangulares com largura igual ao comprimento do intereixo e altura igual a espessura da capa. O esquema da malha é representado na imagem abaixo e as vigas de bordas, que são apoiadas na alvenaria, consideradas indeslocáveis verticalmente com um auxílio de apoios do 2º gênero. Na direção transversal às nervuras a rigidez da capa é a responsável pela condução dos esforços. O espaçamento entre as barras da grelha é igual tanto na direção longitudinal quanto na transversal e tem o valor do intereixo de 33cm. O tipo de vigota escolhido foi o TR08645 + ∅ 8.0 de acordo com manual dos fabricantes no mercado e dimensionamento da área de aço adicional. Para que se chegasse a essa escolha seguiu-se os passos recomendados pelo item 14.7.7 da NBR 6118:2014 considerando a vigota como elemento isolado de viga com seção transversal em forma de “T”. Com as seguintes dimensões em cm: Figura 5 - Modelo da laje analisada no software SAP 2000. (Fonte: Autor). ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 Considerando a vigota como uma viga bi apoiada e distribuindo linearmente o carregamento na barra para obtenção do momento máximo: Temos que: = ∗ = 5 ∗ (0,33 ∗ 3,3) 3,3 = 1,65 / (Equação 7) = 8 = 1,65 ∗ 3,3 8 = 2,246 (Equação 8) = ∗ = 1,4 ∗ 2,246 = 3,144 (Equação 9) = 1,4 = 20000 1,4 = 14.285,714 (Equação 10) = 1,15 = 50 1,15 = 43,478 (Equação 11) Admitindo primeiramente que a linha neutra se encontre na alma e utilizando a tabela para cálculo da área de aço de CARVALHO (2014): Figura 6 – Configuração da seção da viga em formato "T". (Fonte: Autor) Figura 7 - Configuração da viga bi apoiada feita no ftool. (Fonte: Autor) ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DOCONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 Para tal valor de KMD temos que: KMD = 0,07389 (Equação 12) KX = 0,1156 (Equação 13) KZ = 0,9537 (Equação 14) Por meio de KX verifica-se a posição da linha neutra: = ∗ = 0,1156 ∗ 0,095 (Equação 15) = 0,011 (Equação 16) Como < a linha neutra encontra-se na mesa da viga e apesar de ter o formato em T é calculada com o formato de viga retangular. Calcula-se então a área de aço necessária obtida no valor de 0,798 cm², chegando-se então na treliça escolhida, a TR08645 que possui área de aço igual a 0,39 cm², verifica-se que será necessário armadura longitudinal adicional de 0,4 cm². Acrescenta-se então uma barra com ∅8.0, cuja a área é igual a 0,5 suprindo assim a área de aço calculada. 2. Análise das influências das aberturas Para a análise dos efeitos causados pela abertura de furos nas nervuras das lajes pré- fabricadas treliçadas foram consideradas as seguintes situações: a) abertura no canto da laje; b) abertura no centro da laje; c) abertura na lateral da laje. Avaliaram-se então os resultados encontrados quanto aos critérios de flecha e momento na vigota central e quanto a carga transmitida aos apoios. Pelos resultados apresentados quanto às flechas, pode-se concluir que o modelo de análise adotado pela NBR 6118:2014 é adequado. Os resultados obtidos pela analogia de grelha apresentam uma redução de Figura 8 - Aberturas nas lajes em 3 situações: a) no canto; b) no centro e c) na lateral. (Fonte: Autor) ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 5% da flecha na vigota central, reduzindo seu valor conforme aproxima-se das laterais da laje em forma de paraboloide. O gráfico 1 refere-se ao deslocamento vertical da vigota central em cada uma das lajes analisadas. Comparado ao método descrito pela NBR 6118:2014 todas as lajes obtiveram flechas menores do que a flecha determinada pela metodologia da norma, com exceção da laje com abertura central, isso porque estamos analisando apenas a vigota central e nas demais lajes com aberturas, as mesmas não cortam essa vigota, dessa forma a vigota central tem pouca sensibilidade a abertura e não sofre seus efeitos na flecha. Com a abertura central pode-se observar um maior deslocamento em relação às outras situações. Isso decorre da quebra de continuidade do painel da laje, originando um distúrbio na distribuição de tensões por conta do furo, concentrando-as em pontos não existentes anteriormente. Já com a abertura lateral observa-se uma maior proximidade dos seus valores aos obtidos pela análise segundo a NBR 6118:2014. Em relação ao momento fletor, este apresenta um comportamento semelhante aos obtidos pela análise das flechas, com variação média de 5% em seus valores, exceto no caso da abertura central que se observa uma variação maior que a média obtida das outras situações e redução dos momentos conforme aproxima-se da lateral e em caso de abertura na lateral valores mais próximos aos obtidos por análise segundo a Norma. Gráfico 1 - Flecha na vigota central para cada laje analisada. (Fonte: Autor) -0,014 -0,012 -0,01 -0,008 -0,006 -0,004 -0,002 0 0 33 66 99 132 165 198 231 264 297 330 363 Fl ec ha (m ) Posição (cm) ν NBR ν s/ Ab. ν Ab. Canto ν Ab. Centro ν Ab. Lateral ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 Gráfico 2 - Valor dos momentos fletores para a vigota central em cada laje analisada (Fonte: Autor) As lajes analisadas via analogia de grelha transmitiram em média 21% dos esforços para as vigas adjacentes, resultado próximo daquele obtido por FLÓRIO (2003) para as mesmas condições, sem aberturas. As lajes com aberturas utilizaram-se mais da rigidez da capa transferindo mais esforços para as vigas adjacentes na ordem de crescimento de 1%, garantindo a proximidade das flechas e esforços com aqueles encontrados pela metodologia indicada pela NBR 6118 (ABNT, 2014). Pode-se reparar que, como existe abertura no centro do vão da laje, as vigotas centrais sofrem uma redução na carga transmitidas as vigas transversais devido a inexistência de peças nessa abertura, ou seja, essas vigotas coletam menos cargas que as demais adjacentes a abertura. Esse fato explica a mudança do valor de transmissão de cargas no gráfico da laje com abertura central que causa o desvio de horizontalidade observado no gráfico. 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1,8 2 2,2 2,4 0 33 66 99 132 165 198 231 264 297 330 363 M om en to (K N m ) Posição (cm) M. NBR M s/ Ab. M Ab. Canto M Ab. Centro M Ab. Lateral -1 -0,5 0 0,5 1 1,5 2 0 33 66 99 132 165 198 231 264 297 330 363Re aç ão (K N ) Posição (cm) R. NBR R. s/ Ab. R. Ab. Canto R. Ab. Centro R. Ab. Lateral Gráfico 3 - Carregamento transmitido às vigas adjacentes à direção das vigotas através da capa (Fonte: Autor). ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 3. Reforço de borda Validado o modelo, é necessário prover condições de suporte para os novos esforços causados localmente na borda da abertura. O modelo de grelha equivalente das lajes, a fim de garantir a correta compatibilidade dos esforços, precisa, ainda, ser comparado ao modelo físico construtivo real. Nisso, há de ser lembrado que o caso em análise trata de uma abertura onde ocorre um rompimento da nervura, que é mais alta que a laje. Portanto, seria necessária armadura de suspensão, o que não é recomendável pela pouca espessura da laje e pela sua pouca rigidez. Por outro lado, na borda da abertura ficaria exposta a extremidade interrompida da vigota e alvéolos dos blocos ou EPS de enchimento, o que é esteticamente desagradável. Assim, recomenda-se que seja abandonada a hipótese de suporte dos esforços através da capa, diretamente, e prover a criação de uma peça mais robusta e com inércia compatível aos esforços solicitantes. Ainda, deve-se atentar para a existência de esforço torçor na borda da abertura causado pelo momento fletor da vigota que solicita a rigidez da capa, momento fletor na capa proveniente do carregamento de apoio da vigota na extremidade da abertura e, na mesma posição, esforço cortante. Então, a fim de evitar armaduras complexas e de difícil instalação, incompatibilidades de rigidez ou fissurações inconvenientes, é indicada a criação de uma peça semelhante a uma vigota transversal na borda da abertura que se prolongue transversalmente tangenciando a borda da abertura até um comprimento de 2 vigotas para cada lado convenientemente dimensionado para os esforços obtidos via análise estrutural. Para efeito ilustrativo, a tabela 1 apresenta a ordem de grandeza dos esforços solicitantes obtidos nas lajes analisadas nesse trabalho. Tabela 1 – Esforços solicitantes máximos obtidos na borda das aberturas nos modelos analisados. Laje Momento Fletor Máximo(kNm) Esforço Cortante Máximo (kN) Momento Torçor Máximo (kNm) Abertura no Canto 0.4577 1.452 0.2978 Abertura Lateral 0.3921 1.305 0.2638 Abertura no Centro 0.3706 1.288 0.1998 0 1 2 3 4 0 33 66 99 132 165 198 231 264 297 330 363 Re aç ão (K N ) Posição (cm) R. NBR R. s/ Ab. R. Ab. Canto R. Ab. Centro R. Ab. Lateral Gráfico 4 - Carregamento transmitido às vigas transversais à direção das vigotas através das vigotas ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 De posse das informações de esforços e dimensionada a vigota de suporte com comprimento de seis intereixos (tanto sua largura quanto sua armação), lembrando que devem ser verificados os critérios de estados limites de serviço além dos estados limites últimos para as diversas combinações de carregamentos, é sugerido detalhamento conforme figura 11 lembrando de se especificar a espessura da nervura (não constante no detalhamento exemplo da figura supracitada). Em caso de verificação estrutural de necessidade de estribos e armadura superior, deve-sefazer o detalhamento correto da nervura de suporte. Figura 9 - Detalhe do momento fletor, esforço cortante e momento torçor, respectivamente, na borda da abertura. Figura 10 - Detalhe da borda da abertura sem a nervura de suporte, com as duas possíveis soluções. (Fonte: Autor) ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 Figura 11 - Detalhamento da armação da nervura de suporte para reforço de borda de abertura. (Fonte: Autor) Referências Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT NBR 6118:2014: projeto de estruturas de concreto – procedimento. Rio de Janeiro, 2014. _____. ABNT NBR 14859-1:2002: laje pré-fabricada: requisitos. Parte 1: lajes unidirecionais. Rio de Janeiro, 2002. _____. ABNT NBR 6120:1980: cargas para o cálculo de estruturas de edificações - procedimento. Rio de Janeiro, 1980. BOCCHI Jr., C. F. (1995). Lajes nervuradas de concreto armado: projeto e execução. Dissertação (Mestrado) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 1995. CARVALHO, R.C., FIGUEIREDO FILHO, J.R. (2014). Cálculo e detalhamento de estruturas usuais de concreto armado. 4ª Edição – Editora da UFSCar. São Carlos, SP. DROPPA Jr., A. (1999). 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Análise numérica e experimental de vigotas pré-moldadas em concreto armado para emprego de lajes nervuradas. SILVA, B. R. (2012). Contribuições à análise estrutural de lajes pré-fabricadas com vigotas treliçadas. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), 2012. ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 STRAMANDINOLI, J. S. B., LORIGGIO, D. D. Estudo da rigidez à torção para a aplicação do processo de analogia de grelha em lajes maciças. V Simpósio EPUSO sobre Estruturas de Concreto, s/d. STRAMANDINOLI, J. S. B. (2003). Contribuições à análise de lajes nervuradas por analogia de grelha. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Santa Catarina, 2003.
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