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Sumário Capa Ficha Técnica Dedicatória Agradecimentos Capítulo 1 - Mania de Batalha Espiritual Reféns Espirituais Despojando os Principados e as Potestades Um Comportamento Ridículo e Antibíblico Por Que Tanta Preocupação com a Batalha Espiritual? Não é Nenhuma Novidade E Quanto aos Feiticeiros? A Batalha Espiritual Bíblica Como a Verdadeira Batalha Espiritual Tem Início Lidando com o Vento e as Ondas em Sua Vida Batalha Espiritual: Um Estado Mental Uma Advertência Sobre Batalha Espiritual Capítulo 2 - Armas Carnais VERSUS Armas Espirituais Homens de Guerra com Sede de Sangue, Ousados e Comprometidos Armas e Estratégias Espirituais A Futilidade da Carne As Fracas e Tolas Armas da Carne O Que a Bíblia Diz Sobre o Propósito das Línguas? Não Toque, Não Prove, Não Manuseie Capítulo 3 - Descansando na Nossa Redenção O Mercado de Escravos de Satanás Dominados pela “Maldição deste Mundo” Quem Está Trabalhando nos Bastidores? Usados por Demônios Comprados “do” Cativeiro Pagando o Preço Exigido Restaurados à Condição Plena Transportados para Fora do Reino de Satanás Capítulo 4 - Por que a Batalha Ainda Está Sendo Travada? kindle:embed:0001?mime=image/jpg Batalha Espiritual e Renovação da Mente Um Compromisso para Toda a Vida Capítulo 5 - Uma Ameaça do Céu Um Momento Oportuno para o Diabo Atacar Ataques Demoníacos Que Não Prosperam! Uma Porta Fechada Não Significa Fracasso Se Você Tem Conquistado Novos Territórios, Prepare-se para Ser Desafiado! Ataques Contra Igrejas e Ministérios Um Padrão de Contenda e Discórdia Matadores Treinados e Fortemente Armados Capítulo 6 - Uma Mensagem Importante a Lembrar Cristãos Espiritualmente Desequilibrados Companheiros de Luta Soldados Que São Dignos de se Associar a Você Capítulo 7 - Fortaleça-se no Senhor Poder Sobre-humano para uma Tarefa Sobre-humana Onde Encontrar Esse Poder Está à Sua Disposição A Evidência do Poder do Espírito Santo O Poder Kratos O Braço Forte de Deus! Capítulo 8 - As Ciladas, os Desígnios e o Engano do Diabo Roupas Novas Como Revestir-se de Toda a Armadura de Deus? Mantendo uma Posição Estratégica no Campo de Batalha de Sua Vida e de Sua Mente Um Confronto Olho no Olho! Posicionando-se Contra as Ciladas do Diabo Os Desígnios do Diabo O Engano do Diabo Um Exemplo de Intimidação Demoníaca Fatos Incontestáveis sobre a Batalha Espiritual A Carne para Nada Presta Indo Além da Carne Prevalecendo Sobre os Filisteus em Sua Vida O Modo de Ação do Diabo Capítulo 9 - Lutando Contra Principados e Potestades A Sobrevivência dos Mais Fortes Principados e Potestades As Forças Militares do Diabo Revelando Nomes, Símbolos e Tipos do Diabo na Bíblia A Tendência Destrutiva de Satanás A Natureza Pervertida de Satanás O Desejo Controlador de Satanás Satanás, o Manipulador da Mente Um Pré-requisito para a Batalha Espiritual Capítulo 10 - O Cinturão da Verdade A Versão Expandida de Paulo da Armadura Espiritual Para Revisão A Arma Mais Importante Uma Peça Visível da Armadura A Diferença Entre Logos e Rhema A Única Maneira de Vencer Espiritualmente Como Andar em Justiça Como Andar em Paz Como Andar em uma Fé Forte O Capacete e a Espada Vencer ou Perder É Escolha Sua A Capacidade Reprodutora de Deus O Maior Erro Que os Cristãos Cometem O Salmista Que Entendia a Centralidade da Palavra A Chave para a Vitória e o Sucesso O Melhor Conselho do Mundo O Caminho para Vencer Capítulo 11 - A Couraça da Justiça A Beleza da Couraça Alguém Quer Ferir Você A Atitude Correta para a Batalha Passagens Bíblicas sobre Justiça Uma Nova Fonte de Confiança Religião Sem Poder VERSUS Religião Poderosa Justiça: Uma Arma de Defesa Justiça: Uma Arma de Ataque Capítulo 12 - As Sandálias da Paz Dois Tipos de Paz A Paz Dominante Paz: Uma Arma de Defesa Como a Paz Protege Você Proteção Contra os Ataques do Diabo Como Montar Guarda ao Redor do Seu Coração Estacas para Ficar Firme Como Ter uma Fé Inabalável Paz: Uma Arma de Ataque É Hora de Andar um Pouco! O Que Significa “Em Breve”? Capítulo 13 - O Escudo da Fé O Escudo da Fé Como Cuidar do Seu Escudo da Fé O Que Significa “Acima de Tudo”? O Propósito do Escudo da Fé Os Dardos Inflamados do Maligno Um Fogo que Inflama as Paixões Mais Vis Quem É Responsável pelo Fracasso? Fé Que Apaga, Extingue e Ricocheteia Fé Coletiva na Igreja Local Há Rachaduras em Seu Escudo? Se Sua Fé Precisa de Uma Unção Conclusão Capítulo 14 - O Capacete da Salvação O Capacete da Salvação O Maior Dom de Deus Armado e Perigoso Jogando Jogos Mentais com o Diabo O Que é uma Fortaleza? Dois Tipos de Fortalezas O Que é Opressão? A Salvação Protege Sua Mente O Que é uma Mente Moderada? O Que Significa a Palavra “Salvação”? Uma Mente Transformada Capítulo 15 - A Espada do Espírito As Espadas do Soldado Romano O Que é uma Palavra Rhema? A Espada e o Cinturão O Que é uma Espada de Dois Gumes? Meditação e Confissão Como Ouvir de Deus Quando Jesus Precisou de uma Espada Uma Garantia de Vitória! Capítulo 16 - A Lança da Oração e da Súplica Vários Tipos de Lanças Vários Tipos de Oração Com que Frequência Devemos Orar? Seis Tipos de Oração para o Cristão Uma Palavra Final Referências Rhema Brasil Publicações Rua Izabel Silveira Guimarães, 172 58.410-841 - Campina Grande - PB Fone: 83.3065 4506 www.rhemabrasilpublicacoes.org.br editora@rhemabrasilpublicacoes.org.br Publicado no Brasil por Rhema Brasil Publicações com a devida autorização de Teach All Nations, P.O. Box 702040, Tulsa, OK, uma divisão do Rick Renner Ministries. Todos os direitos em língua portuguesa reservados por Rhema Brasil Publicações. Direção: Samir Ferreira de Souza Supervisão: Ministério Verbo da Vida Tradução: Claudio Chagas Revisão: Idiomas & Cia Capa: Bárbara Giselle Diagramação versão digital: DIAG Editorial Copyright © 1991 por Rick Renner. © 2019 Rhema Brasil Publicações Esta é uma tradução da 1a edição do título original e a 1a edição em língua portuguesa. Título original: In Dressed to Kill. As citações bíblicas, exceto quando indicadas em contrário, são extraídas da Bíblia Sagrada Nova Versão Internacional (NVI), 2000, Editora Vida. Outras versões utilizadas: AA (Almeida Atualizada, SBB), ABV (A Bíblia Viva, Mundo Cristão), ACF (Almeida Corrigida Fiel, Sociedade Bíblia Trinitariana do Brasil) e ARA (Almeida Revista e Atualizada, SBB). Todos os grifos, sejam em itálico ou caixa alta, são do próprio autor. Proibida a reprodução, de quaisquer formas ou meios, eletrônicos ou mecânicos, sem a permissão da editora, salvo em breve citações, com indicação da fonte. 1a Edição DEDICATÓRIA Dedico esta nova versão de Armado para o Combate aos pastores, igrejas, organizações, homens e mulheres de negócios, bem como aos parceiros em todas as áreas que dão apoio financeiro ao nosso ministério. Denise e eu, juntamente com nossa família e com nossa equipe chamada por Deus, fomos convocados para fazer a obra do ministério nas fronteiras do campo missionário. Mas é a graça de Deus e o apoio financeiro fiel de todos os nossos parceiros que nos capacitam a permanecer aqui e cumprir a missão que recebemos do céu, de transformar uma nação. Amamos a cada um e agradecemos a Deus por nos unir a vocês na obra do Reino! Rick Renner AGRADECIMENTOS Gostaria de expressar minha profunda gratidão ao saudoso Rev. Kenneth E. Hagin por seu apoio público a este livro e por me encorajar na obra do Senhor. No Seminário Bíblico de Inverno, em 1991, o irmão Hagin usou este livro e fez referência a ele muitas vezes enquanto ensinava sobre a batalha espiritual bíblica. Isso foi um grande incentivo para mim. Não existem palavras suficientes para expressar minha gratidão por suas palavras de apoio e pelas muitas verdades transmitidas à minha vida por intermédio de seu ministério. Também quero agradecer a Tony Cooke por ser usado por Deus para passar o manuscrito original deste livro ao irmão Hagin. Sou muito grato, Tony. Você é um amigo querido e um companheiro de lutas. Agradeço a Deus por termos sido amigos por todos esses anos. Tenho-o em grande estima. Também gostaria de agradecera Cindy Hansen por seu trabalho de reeditar esta nova edição de Armado para o Combate. Você está entre as melhores editoras que conheço. O que a torna mais valiosa como editora não são apenas suas habilidades editoriais, mas também suas percepções e comentários espirituais, aos quais dou grande valor. E, mais importante que tudo, quero agradecer à minha preciosa esposa Denise, por acreditar em mim e no meu ministério e por liberar fielmente a doce fragrância de Jesus Cristo em nosso lar e em nossas vidas. Você é um grande tesouro em minha vida. Obrigado por ser o exemplo de esposa, mãe e avó temente a Deus que você é. Eu a amo profundamente, Denise. Meu coração bate com gratidão por Jesus ter chamado você para ser minha esposa. Rick Renner CAPÍTULO 1 De tempos em tempos, o assunto da batalha espiritual torna-se um foco popular, quase uma obsessão para o Corpo de Cristo. Quando isso acontece, ela é ensinada com tamanho entusiasmo que um recém-chegado a Cristo poderia supor que a batalha espiritual é uma revelação totalmente nova, embora não seja assim. Houve muitos momentos na História em que este assunto se tornou a paixão do setor carismático do Corpo de Cristo. Qualquer pessoa que esteve em contato com a história da Igreja concordaria rapidamente que, às vezes, o Corpo de Cristo passa pelo que chamamos de uma “mania de batalha espiritual”. Essa ênfase na batalha espiritual é boa no sentido em que nos torna mais familiarizados com nosso adversário — o diabo — e com a maneira como ele age. A partir do momento em que entendemos seu modo de ação, podemos então frustrar seus ataques contra nós. Esse é exatamente o motivo pelo qual Paulo disse aos coríntios com relação ao diabo e ao seu modo de operação: “... não ignoramos as suas [de Satanás] intenções” (2 Coríntios 2:11). No entanto, uma ênfase exagerada na batalha espiritual tem o potencial de exercer um efeito muito negativo sobre a Igreja. Se a batalha espiritual não for ensinada da maneira adequada, ela pode ser devastadora, pois esse assunto tem um modo peculiar de cativar a atenção das pessoas tão completamente que elas acabam por não pensar em mais nada, exceto em guerra espiritual. Esse é um dos artifícios favoritos do diabo para levar os cristãos a exaltarem o poder dele, colocando o diabo em um nível mais alto do que ele merece. Quando essa armadilha funciona, esses crentes desequilibrados e com a mente voltada para o inimigo começam a imaginar que o diabo está por trás de tudo o que acontece, ficando assim paralisados e incapazes de atuar normalmente em qualquer área da vida. Com essa estratégia, o inimigo elimina a futura utilidade dessas pessoas no Reino de Deus. Infelizmente, esse foi o resultado na vida de muitas pessoas que deram um foco exagerado ao tema da batalha espiritual no passado. Não entenda mal o que estou dizendo: eu não me oponho à batalha espiritual. A batalha espiritual é real! Temos ordens na Bíblia de lidar com as forças invisíveis que se organizam contra nós. Temos ordens para “expulsar demônios” (Marcos 16:17) e “destruir as fortalezas” da mente (2 Coríntios 10:3-5). Isso faz parte da nossa responsabilidade cristã para com os perdidos, os oprimidos e os endemoninhados. Em meu próprio ministério, tive de lidar com manifestações demoníacas em algumas ocasiões. Por exemplo, lembro-me de uma vez anos atrás em que um jovem adolescente satanista aproximou-se de mim no fim de uma de minhas reuniões em uma grande igreja. Durante a reunião, ele percebeu que os poderes de Satanás tinham tornado sua mente cativa, então ele foi à frente para receber oração. Enquanto eu continuava orando pelas pessoas que estavam em fila, pude perceber claramente, mesmo à distância, que aquele jovem evidenciava sinais espirituais de uma presença maligna muito forte. Quando me aproximei dele, senti que ele esteve envolvido em algum tipo de atividade ocultista. Quando finalmente cheguei até o jovem, ele olhou para cima com olhos muito apertados, como pequenas fendas em sua cabeça. Olhei-o nos olhos, e foi como se um demônio estivesse olhando para mim por trás do rosto dele. Quando vi isso, soube que aquele jovem falava sério quando pediu ajuda. Foi preciso muita determinação para ele lutar contra aquela força manipuladora e abrir caminho até a frente do auditório da igreja. Quando impus minhas mãos sobre o jovem naquela noite, seu corpo começou a reagir violentamente ao poder de Deus. Tremendo sob o peso do poder de Deus, ele desabou ao chão, caindo junto aos meus pés. Deitado ali, envolvido no poder eletrizante de Deus que percorria seu corpo de cima a baixo, o jovem gemeu baixinho: “Tenho medo de deixá-los [o grupo satânico com o qual ele estava envolvido]. Eles disseram que me matariam se eu saísse do grupo!”. Debrucei-me para orar por ele pela segunda vez, e quando fiz isso, a influência demoníaca terrível que mantinha sua mente cativa imediatamente soltou-o e deixou a cena. Ah, sim, eu definitivamente creio na batalha espiritual genuína! REFÉNS ESPIRITUAIS Há multidões no mundo hoje sendo mantidas reféns pelo diabo em suas mentes. A Primeira Epístola de João 3:8 diz: “... para isso o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do Diabo”. A palavra “destruir” foi extraída da palavra grega luo, e se refere ao ato de amarrar ou desamarrar alguma coisa. É a palavra exata que usamos para retratar uma pessoa que está desamarrando os sapatos. Na verdade, a palavra luo é usada dessa maneira exata em Lucas 3:16, quando João Batista diz: “Mas virá alguém mais poderoso do que eu... tanto que não sou digno nem de desamarrar...”. Assim, Jesus Cristo veio ao mundo para desamarrar e desatar os poderes de direito que Satanás tinha sobre nós. Na cruz, Jesus desatou o poder de Satanás até que Sua obra redentora foi finalmente concluída e nossa liberdade plenamente comprada. Além do mais, Pedro disse à família de Cornélio: “Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e poder, e como ele andou por toda parte fazendo o bem e curando todos os oprimidos pelo Diabo, porque Deus estava com ele” (Atos 10:38). Sabemos a partir dos dois versículos citados que libertar as pessoas do poder de Satanás é uma preocupação primordial de Jesus Cristo. E se essa é a preocupação dele, também deve ser a nossa. Para libertar as pessoas da opressão demoníaca, precisamos aprender a reconhecer a obra do inimigo e a vencer os ataques dele contra a mente, pois a mente é a principal área que ele procura atacar. O objetivo de Satanás é plantar uma fortaleza de engano em alguma área da mente de um indivíduo. Se ele tiver êxito, poderá então começar a controlar e a manipular a pessoa a partir dessa posição de supremacia. O Espírito Santo está nos transmitindo claramente uma mensagem forte sobre a batalha espiritual nestes dias. Os líderes cristãos e as igrejas em toda a nação estão despertando para essa realidade. Diante desse fato, precisamos dar ouvidos ao que o Espírito está dizendo à Igreja e seguir em frente, tendo a Palavra de Deus como nosso guia e fundamento. À medida que procuramos nos envolver na batalha espiritual, precisamos tomar muito cuidado para ter equilíbrio. Primeiro, precisamos entender que esse assunto envolve mais do que apenas lidar com o diabo. Outros elementos importantes da batalha espiritual têm a ver com assumir o controle da nossa mente e crucificar a carne. Não devemos esquecer que esses últimos elementos da batalha espiritual são tão vitais quanto o primeiro. A verdade é que os ataques do diabo contra a nossa vida não funcionariam se a nossa carne não cooperasse. Se estivéssemos realmente mortificando a carne diariamente (ver Colossenses 3:5), vivendo vidas que estão “mortas para o pecado” (ver Romanos 6:2) como a Bíblia nos ordena fazer, não aceitaríamos as sugestões demoníacas e não cederíamos à tentação da carne. Homens mortos são incapazes de reagir a qualquer coisa. Esse é o poder de uma vida crucificada! Viver uma vida crucificada é uma parte crucial da batalha espiritual. Se eu escrevesseum livro sobre batalha espiritual sem mencionar essa verdade, cometeria uma grande injustiça contra os meus fiéis leitores, dando a eles uma visão pouco realista do assunto. Uma pessoa pode gritar com o diabo o dia inteiro, mas se ela permitiu voluntariamente que alguma área de sua mente ficasse sem ser verificada e protegida — se ela está ciente de uma área de pecado, mas não se dispôs a lidar com ela — ela abriu a porta para um ataque sobre si mesma. Nesse caso, todas as suas orações contra o diabo de nada valerão, porque o verdadeiro inimigo dela não é o diabo. Ao contrário, são a sua própria mente carnal e a sua carne que precisam se submeter ao controle do Espírito Santo a fim de erradicar esses ataques. O ponto principal é este: se as pessoas focarem apenas no diabo ao se dedicarem ao tema da batalha espiritual e deixarem de considerar outras áreas igualmente importantes, essa ênfase na batalha espiritual pode ser e será muito prejudicial a elas. DESPOJANDO OS PRINCIPADOS E AS POTESTADES Embora a batalha espiritual seja real e não possamos ignorá-la, precisamos tomar cuidado para lembrar que a verdadeira batalha contra Satanás foi vencida na cruz e na ressurreição. Agora, esse mesmo Cristo vitorioso que sozinho derrotou o diabo vive em nós, na Pessoa do Espírito Santo! É por isso que o apóstolo João nos diz: “... Aquele que está em vocês é maior do que aquele que está no mundo” (1 João 4:4). Nossa visão da batalha espiritual deve começar com a compreensão básica de que Jesus já alcançou a vitória sobre Satanás. Se esse não for o nosso fundamento, eventualmente seremos levados a tirar conclusões espirituais totalmente ridículas. A vitória já foi conquistada; não há nada que possamos acrescentar à obra que Jesus realizou destruindo o domínio de Satanás quando Ele ressuscitou dos mortos. Em Colossenses 2:15, Paulo retrata a vitória de Jesus e a derrota de Satanás de forma clara. Ele diz: “E, tendo despojado os poderes e as autoridades, fez deles um espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz”. Observe especialmente a palavra “despojado”. Essa palavra foi extraída da palavra grega apekdusamenos, e se refere ao ato de retirar as vestes de alguém a ponto de deixá-lo totalmente nu. Ao usar a palavra “despojado”, o Espírito Santo nos diz que quando Jesus ressuscitou dos mortos, Ele saqueou completamente o inimigo. Ele literalmente “despojou os principados e potestades”. Uma tradução ainda melhor poderia ser: “Ele despiu completamente os principados e potestades e deixou-os completamente nus, sem nada à disposição para retaliarem”. Além do mais, Paulo continua nos dizendo que Jesus não parou quando Sua missão foi realizada e o saque e o despojo dos poderes do inferno foram concluídos. Em vez disso, Jesus esfregou essa derrota na cara do diabo, dando a maior festa que o universo já viu! Colossenses 2:15 continua: “... e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz”. A palavra “expôs” foi extraída da palavra deigmatidzo, e significa literalmente exibir ou apresentar alguma coisa. Ela era usada nos escritos gregos clássicos para falar da exibição de prisioneiros, armamentos e troféus apreendidos durante as guerras travadas em solo estrangeiro. Quando a guerra terminava e a batalha era vencida, o imperador dominante voltava para casa e exibia e expunha vitoriosamente os tesouros, troféus, armamentos e prisioneiros que apreendera durante sua conquista militar. Esse era um grande momento de celebração para o vencedor — e uma experiência muito humilhante para o inimigo derrotado! Ora, o Espírito Santo escolheu cuidadosamente usar essa mesma palavra (deigmatidzo) para que soubéssemos o que Jesus fez depois de ter terminado de saquear o inimigo. Quando Sua ressurreição estava concluída e o inimigo foi despojado completamente, Jesus então passou a exibir e expor publicamente esse inimigo espiritual e todos os seus armamentos defeituosos aos exércitos do Céu! Mas espere — ainda há mais em Colossenses 2:15 que precisamos entender. Paulo prossegue dizendo que “... publicamente os expôs ao desprezo...”. Preste atenção especialmente na palavra “publicamente”. A palavra “publicamente” foi extraída da palavra parresia, que é usada ao longo dos livros do Novo Testamento para denotar ousadia ou confiança. Usando a palavra parresia, Paulo declara que quando essa festa celestial de celebração da vitória de Jesus começou, ela não foi nada silenciosa. Muito ao contrário! Jesus expôs e exibiu ousadamente, confiantemente e em alta voz esse inimigo agora vencido aos exércitos do céu! Não se engane! Quando Jesus “publicamente os expôs ao desprezo”, esse não foi um momento de silêncio no céu. Jesus fez uma exibição desses inimigos derrotados e de seus armamentos abertamente, ousadamente, confiantemente — e sim, em alta voz! Em outras palavras, foi um show e tanto! Então o versículo continua: “... publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz”. A palavra “triunfando” foi extraída da palavra grega triambeuo, que é uma palavra técnica usada para descrever um general ou um imperador que voltava para casa após uma grande vitória em território inimigo. A palavra “triunfo” (triambeuo) era uma palavra usada para descrever especificamente o desfile triunfal do imperador quando ele voltava para casa. (Para saber mais sobre isso, veja o capítulo 9 de meu livro Living in the Combat Zone [Vivendo na Zona de Combate]). Colossenses 2:15 ensina explicitamente que quando a obra de Jesus na cruz estava terminada, Ele desceu aos lugares mais inferiores a fim de despojar o inimigo pedaço por pedaço. Jesus “despojou os principados e potestades” completamente por meio de Sua morte e ressurreição. Eles foram saqueados tão completamente que foram “despidos até a nudez completa” e deixados sem nada na mão para retaliar! Se nosso entendimento da batalha espiritual não começar com esse fundamento, eventualmente passaremos a esferas de ensino e experiências que não são saudáveis do ponto de vista doutrinário. Portanto, precisamos abordar a guerra espiritual a partir dessa perspectiva. UM COMPORTAMENTO RIDÍCULO E ANTIBÍBLICO A expressão “batalha espiritual” gera toda espécie de imagens em nossas mentes. Com razão ela nos faz pensar corretamente sobre o nosso constante conflito com os poderes demoníacos invisíveis, pois é realmente disso que se trata a batalha espiritual. Como Efésios 6:12 nos diz, “porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes”. Mas a mente também tem a capacidade de inventar algumas ideias fabulosas, infundadas e antibíblicas sobre o diabo e a nossa guerra contra ele. Se não tivermos um entendimento sólido e bíblico do diabo, da nossa autoridade sobre ele conferida por Cristo e dos nossos armamentos divinamente revestidos de poder a serem usados contra ele, ficaremos totalmente abertos a toda espécie de pensamento errado, imaginação vã, temores e métodos infundados de oposição ao nosso inimigo. Essa é exatamente a razão pela qual afirmei que a ênfase na batalha espiritual é tanto boa quanto má. Ela é boa porque nos ensina como o nosso adversário opera. De modo algum pretendo transmitir a ideia de que todos os ensinamentos sobre batalha espiritual são maus; na verdade, alguns são excepcionalmente bons! Mas quando abordamos esse tópico, precisamos nos proteger contra as prescrições caseiras e supersticiosas a respeito da batalha espiritual. É nossa responsabilidade alicerçar firmemente nossos ensinamentos e atos no que a Palavra de Deus tem a dizer, em vez de fundamentá-los “no exagero” empolgante que desperta emoções ou imaginações desenfreadas que temporariamente agitam uma multidão frenética de novos crentes. Por exemplo, há alguns anos, alguns supostos especialistas em batalha espiritual ensinavam que pelo fato de os espíritos demoníacos viverem nas “regiões celestiais”no Antigo Testamento e Satanás ser chamado de “príncipe da potestade do ar” (Efésios 2:2), os cristãos deveriam encontrar uma maneira de subir o mais alto possível a fim de causar sérios danos ao diabo. Alguns desses “especialistas” em guerra espiritual chegaram a sugerir que o quadragésimo, o quinquagésimo ou sexagésimo andares dos altos arranha-céus eram os melhores lugares para se fazer reuniões de oração e travar a batalha espiritual! Caso alguém não tivesse vitória mesmo depois de haver subido a esses “lugares altos” específicos para lutar contra o inimigo, esses mesmos “especialistas” costumavam oferecer uma sugestão adicional: talvez essa pessoa precisasse alugar um avião ou um helicóptero para subir ainda mais alto — direto até os “lugares altos” onde os demônios habitam — para que pudesse travar a batalha espiritual com maior eficácia! Quando ouvi esse ensinamento, anos atrás, fiquei perplexo com a estupidez do mesmo. Eu queria perguntar a esses supostos especialistas como o Senhor Jesus Cristo conseguiu assumir a autoridade sobre as forças malignas. Afinal, Ele não tinha prédios de 60 andares para fazer as Suas reuniões, nem aviões ou helicópteros estavam disponíveis para Ele subir alto o bastante para fazer dano ao inimigo. Mas, de algum modo, de alguma forma milagrosa, Jesus ainda foi capaz de executar plenamente Seu ministério terreno de acordo com a vontade de Seu Pai! Esse tipo de ensinamento empolga um grande número de pessoas e vende livros, mas ele não se fundamenta na Bíblia. A ignorância da Palavra de Deus sempre deixa o Corpo de Cristo em uma posição vulnerável. É por isso que Oséias 4:6 diz: “O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento...”. Onde há ignorância desenfreada com relação à Palavra — principalmente com relação ao diabo e à nossa autoridade sobre ele — a superstição quase sempre prevalece. Isso resulta em todo tipo de “abracadabra espiritual” a fim de enxotar o diabo. Infelizmente, muito do que é chamado de batalha espiritual geralmente se encaixa nessa categoria constrangedora de comportamento ridículo e antibíblico. No entanto, a batalha espiritual é real, e não devemos ignorar essa verdade. Em vez disso, devemos avançar no estudo desse tema, sempre tendo a Palavra de Deus como nosso guia. POR QUE TANTA PREOCUPAÇÃO COM A BATALHA ESPIRITUAL? Alguém me escreveu recentemente e perguntou: “Por que parece que as pessoas de tempos em tempos ficam tão preocupadas com o assunto da batalha espiritual? Por que, periodicamente, ele se torna o tema da moda, sobre o qual todos comentam?”. Em resposta a essa pergunta, comecei a fazer algumas pesquisas. Falei com muitos líderes cristãos nacionais acerca do assunto da batalha espiritual, perguntando a eles especificamente: “Por que você acredita que a batalha espiritual muitas vezes se torna uma questão de interesse comum?”. As respostas que recebi se encaixam em três categorias diferentes. O primeiro grupo de líderes com quem falei sugeriu que Satanás está desatando novas hordas de espíritos demoníacos contra a Igreja nestes últimos dias — talvez mais espíritos demoníacos do que nunca. Portanto, eles acreditam que esse ímpeto sobre a guerra espiritual é a forma de Deus nos ensinar a vencer essa quantidade inumerável de perturbações não convidadas que foram liberadas para destruir a Igreja nestes últimos dias. O segundo grupo de líderes sugeriu que tem havido uma nova infiltração de demônios na Igreja nestes últimos dias. Esses demônios foram designados especificamente para destruir igrejas e ministérios individuais de dentro para fora. Na verdade, alguns líderes expressaram sua firme convicção de que esse foi o motivo pelo qual tantos ministros fracassaram moralmente e caíram na imoralidade ultimamente. Esses líderes cristãos acreditam que os espíritos demoníacos estão trabalhando o tempo todo para gerar o caos dentro da liderança da Igreja de uma maneira geral, por isso afirmam que precisamos aprender agora mesmo — neste exato momento extremamente crucial — a combater essas criaturas asquerosas das trevas que vieram para planejar cuidadosamente a destruição de grandes homens e mulheres de Deus. O terceiro grupo de líderes acredita que o motivo para essa nova ênfase na batalha espiritual é que os feiticeiros e satanistas estão se unindo em oração satânica para lançar maldições sobre a Igreja de Jesus Cristo. Esses líderes acreditam que, para combater essas maldições, o Espírito Santo está trazendo ao Corpo de Cristo uma nova consciência sobre a necessidade da guerra espiritual. Independentemente de qualquer desses três cenários estarem certos ou errados, ainda é verdade que a batalha espiritual recentemente tem ocupado a vanguarda do Corpo de Cristo. Não importa o motivo pelo qual essa forte ênfase tem ocorrido, pois, seja ele qual for, permanece o fato de que precisamos saber o que a Palavra de Deus tem a dizer sobre essas questões de batalha espiritual e da armadura de Deus. NÃO É NENHUMA NOVIDADE Está claro, com base na História, que inumeráveis massas de espíritos demoníacos foram liberadas para atacar e vitimar a Igreja de Jesus Cristo desde o seu nascimento, durante o primeiro, o segundo e o terceiro século. Pelo fato de que vivemos nos tempos contemporâneos, é natural pensarmos que o nosso problema é muito pior que o de qualquer geração anterior. Mas mesmo com todos esses problemas atuais e as dificuldades que ainda estão por vir, os problemas que enfrentamos hoje realmente não são maiores que os das gerações de cristãos que nos precederam. Quando a Igreja de Jesus Cristo entrou em cena no Dia de Pentecostes, ela nasceu em um mundo muito semelhante ao nosso. As nações estavam em revolta; as fronteiras nacionais estavam desaparecendo; a violência como entretenimento era muito popular; e a moral relacionada a Deus era praticamente inexistente no mundo romano. O exército romano estava rapidamente conquistando todo o mundo civilizado daqueles dias. As terras eram tomadas, saqueadas e ocupadas por esse exército invasor da Itália. O mundo estava sendo unido tanto política quanto economicamente pelo governo romano em ascensão. Enquanto isso, o paganismo ocultista daquela época era muito pior do que qualquer historiador poderia afirmar. Satanás usou todos esses fatores como parte de seu plano de destruir a Igreja de Jesus Cristo antes que ela pudesse destruí-lo. Não obstante, seu plano de destruir a Igreja fracassou miseravelmente, pois Deus tinha outro plano! Em vez de ser destruída, a Igreja Primitiva levantou-se no poder do Espírito para enfrentar o desafio — assim como nós nos levantaremos em nossos dias para enfrentar qualquer desafio que o inimigo tente colocar diante de nós! Equipados com “toda a armadura de Deus” (Efésios 6:10-18), esses primeiros crentes viviam vitoriosamente para o Senhor em meio às piores dificuldades — dificuldades muito piores que qualquer pessoa que está lendo este livro jamais conheceu. Satanás açoitou a Igreja Primitiva com torturas e perseguições externas inimagináveis, mas ele não conseguiu destruí-la! “Toda a armadura de Deus” que funcionou de modo tão eficaz para aqueles primeiros cristãos é exatamente o mesmo conjunto de elementos que compõem a armadura espiritual usada pela Igreja de Jesus Cristo hoje. Assim como aqueles primeiros cristãos estavam plenamente equipados com toda a armadura de Deus para os problemas do seu tempo, nós também temos toda a armadura de Deus para vivermos vitoriosamente para Jesus Cristo em nossos dias. E essa armadura ainda funciona tão eficazmente quanto funcionava naquela época! Cada elemento da armadura espiritual de Deus — o cinturão da verdade, a couraça da justiça, as sandálias da paz, o escudo da fé, o capacete da salvação, a espada do Espírito e a lança da oração e da súplica — ainda constitui um conjunto de armas cruciais, eficazes e poderosas para o Corpo de Cristo hoje. Em 2 Coríntios 10:4, a Bíblia fala sobre essas armas espirituais: “As armas com as quais lutamos não são humanas; ao contrário,são poderosas em Deus para destruir fortalezas”. Com essas “armas com as quais lutamos” nas mãos, somos mais do que capazes de derrotar qualquer inimigo ou fortaleza demoníaca que desafie a nossa fé! As “fortalezas” que esses primeiros cristãos enfrentaram eram muito reais. Eles realmente sabiam o que significavam as fortalezas! Os cristãos da Igreja Primitiva viviam em um ambiente de paganismo, demonismo e adoração a ídolos em uma medida que não podemos imaginar. Eles eram forçados a conviver com a oposição religiosa, social e até política. A oposição da sociedade romana pagã era tão furiosa que os cristãos eram regularmente e fisicamente atacados por feiticeiros, astrólogos e médiuns. Na verdade, foi nesse tipo de circunstância que Timóteo, discípulo de Paulo e pastor da igreja de Éfeso, foi brutalmente assassinado. Um ódio intenso contra os cristãos cresceu rapidamente sob o reinado de Nero. Eles eram queimados até a morte no Circus Maximus em Roma; eram comidos vivos por feras selvagens no Coliseu; e eram mutilados publicamente por gladiadores nos anfiteatros até morrerem diante da plateia. Na verdade, a morte terrível, atroz e grotesca dos cristãos oferecia aos romanos a forma mais popular de entretenimento daquela época. As mortes violentas dos cristãos se tornaram tão populares entre os romanos que a capacidade de assentos do Coliseu foi ampliada. Essa expansão foi necessária a fim de acomodar as enormes multidões que se reuniam para assistir a uma tarde inteira de martírio de cristãos. Animais selvagens eram liberados em uma série de passagens semelhantes a túneis. Então os cristãos eram colocados nessas mesmas passagens para serem caçados por animais selvagens ferozes. Eles eram perseguidos por essas feras famintas até serem apanhados; então eram comidos vivos diante de dezenas de milhares de pessoas que aplaudiam e gritavam. Em princípio, esses eventos sanguinários só ocorriam uma vez ao ano, geralmente durante o mês de janeiro, como dedicação aos deuses. Entretanto, durante o terrível reinado de Nero, o número dessas tardes de entretenimento no Coliseu aumentou enormemente. Nero usava praticamente todas as desculpas que podia inventar para ver mais cristãos serem mortos no Coliseu: por ocasião de seu aniversário, o aniversário da data de sua posse como imperador, o aniversário do nascimento de seus antecessores, o aniversário de sua mãe, um dia religioso especial ou simplesmente um feriado romano normal. Qualquer dessas datas era razão suficiente para Nero encher o Coliseu ao limite máximo com espectadores que se sentavam na beira de seus assentos para presenciarem os cristãos sendo mortos. Os cristãos eram considerados de tão pouco valor no mundo romano que quando a construção da Via Ápia (uma estrada que ia de Roma ao sul da Itália) necessitou de trabalhadores para trabalhar à noite, os corpos mortos dos cristãos martirizados foram pendurados em postes ao longo da estrada e incendiados para servirem como enormes “lanternas”, que permitiam que os trabalhadores continuassem trabalhando e construindo! A atividade demoníaca em Roma era avassaladora! Todos os imperadores romanos daquele período consultavam os astrólogos e os sacerdotes ocultistas para tomarem decisões importantes. Esses médiuns de alto escalão eram considerados tão vitais para a realização dos assuntos governamentais que ocupavam posições oficiais na administração e eram altamente considerados pelo imperador governante. Além desses espiritualistas ocultistas de alto escalão que detinham posições de proeminência especial no governo, centenas de outros sacerdotes ocultistas de classe inferior estavam na folha de pagamento de Roma e serviam como sacerdotes da religião oficial de Roma. Não há dúvida de que esses feiticeiros, astrólogos, adivinhos e médiuns oficiais do governo devem ter influenciado os sentimentos de Nero acerca dos crentes tementes a Deus. Também havia outras espécies de religião além da religião oficial de Roma. A cidade de Pérgamo, a mais famosa de todas as cidades da Ásia e sede oficial do procônsul de Roma, era uma cidade cheia de idolatria e paganismo. No alto de uma montanha acima da cidade de Pérgamo, havia um grande altar à deusa Atena. Diretamente diante desse templo dedicado a Atena, havia ainda outra estátua idólatra. Um enorme altar de mármore polido construído na forma de um trono gigante, que sobressaía em uma prateleira visível a toda a cidade embaixo e brilhava sob a luz do sol todas as tardes. Esse era o altar de Zeus. De cada lugar de Pérgamo, os cidadãos poderiam olhar para cima e ver a fumaça do incenso queimado subindo do altar demoníaco em direção ao céu. Essa é a razão pela qual Jesus disse aos cristãos de Pérgamo: “Você tem perseverado e suportado sofrimentos por causa do meu nome, e não tem desfalecido” (Apocalipse 2:13). Mas espere — ainda há mais! Além dessa adoração idólatra a Atena e a Zeus, a cidade de Pérgamo também era a fortaleza do culto de Asclépio, um espírito demoníaco que assumia a forma externa de uma grande serpente. Esse culto em particular se gabava de que Asclépio, o espírito da serpente, tinha o poder de curar os enfermos. As manifestações sobrenaturais desse espírito da serpente finalmente se tornaram tão conhecidas que as pessoas viajavam de todo o mundo para se consultarem com os sacerdotes de Asclépio e serem curadas. Enormes altares a Asclépio foram erguidos em toda a cidade. Literalmente, centenas de médiuns foram empregados como sacerdotes desse culto tenebroso e demoníaco. Quanto à moralidade de Roma — não havia nenhuma! Até os historiadores e estudiosos não cristãos concordam que Nero mantinha um relacionamento homossexual ativo com muitos dos homens que eram próximos ao trono imperial. A bissexualidade era completamente aceitável pelos padrões da época. Nero era, ele próprio, um homem casado quando estava se relacionando com homens. Assim como a indústria do entretenimento atual, o teatro era grosseiramente sensual e sexual, cheio de vulgaridades e grosserias. Era até comum haver cenas sexuais sendo totalmente encenadas no palco diante de uma audiência romana carnal. As mulheres cristãs que caíam nas mãos do governo de Nero e se recusavam a renunciar à sua fé em Jesus Cristo muitas vezes eram forçadas a trabalhar nas comédias burlescas pervertidas de Roma como uma forma de perseguição mental e espiritual. Satanás tentou destruir a Igreja de Jesus Cristo desde sua concepção — e é certo que ele tentará atacar e vitimar a Igreja à medida que nos aproximamos da vinda do Senhor. O diabo sabe que se ele quiser danificar o plano de Deus, esta é sua última oportunidade e ele precisa fazer o seu trabalho depressa. Está enfaticamente claro que a Igreja Primitiva, assim como a Igreja atual, teve de contender contra muitos ataques demoníacos. Mas, assim como a Igreja Primitiva se levantou no poder do Espírito para enfrentar o desafio, nós também venceremos o mundo que nos cerca, à medida que prosseguirmos, equipados com toda a armadura de Deus, para vivermos vitoriosamente para Jesus Cristo nestes últimos dias. Como o apóstolo João nos disse: “O que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé” (1 João 5:4). O estado espiritual do mundo não pode ficar pior do que era naquele tempo. Algum de seus amigos foi queimado em um poste recentemente? Você viu algum de seus amigos cristãos ser comido vivo por animais selvagens famintos? Você foi aprisionado pela sua fé? Embora a oposição espiritual seja tão real hoje quanto era durante os dias da Igreja Primitiva, ela definitivamente não está pior. Este é o mesmo mundo perdido que sempre foi; o sistema deste mundo ainda é governado pelo mesmo “príncipe da potestade do ar”, que sempre procurou dominá-lo; e as nossas batalhas são as mesmas batalhas que a Igreja tem lutado desde os seus primeiros anos. Satanás sempre procurou destruir a Igreja por meio do seu exército de espíritos corruptos, invisíveis e malignos. Esse absolutamente não é um fenômeno novo! Pelofato de que o diabo fez isso no passado, não deve ser nenhuma grande surpresa que ele tente fazer o mesmo novamente nestes últimos dias. Mas lembre-se de que o primeiro ataque dele sobre a Igreja fracassou miseravelmente. Quanto mais o diabo atacava a Igreja Primitiva, mais depressa a Igreja de Jesus Cristo crescia e se multiplicava. Se o diabo realmente enviar um novo exército de inumeráveis espíritos malignos contra a Igreja nestes últimos dias, como alguns sugeriram, a Igreja mais uma vez crescerá, florescerá, se multiplicará e vencerá! E QUANTO AOS FEITICEIROS? A ideia dos feiticeiros e satanistas unindo-se coletivamente para lançar maldições sobre o povo de Deus também não é uma ideia nova. Em 1 Reis 18:17-40, a Bíblia nos diz que quatrocentos profetas de Baal se reuniram coletivamente para liberar seu poder demoníaco contra o profeta Elias. Embora Elias estivesse fisicamente só no Monte Carmelo naquele dia, ele confrontou os profetas de Baal com o poder de Deus e testemunhou a destruição total dos mesmos. Aqueles adoradores de Baal do Antigo Testamento eram o equivalente aos feiticeiros e satanistas de hoje. No entanto, aqueles adoradores do diabo do Antigo Testamento, que possuíam genuinamente fortes poderes satânicos, não prevaleceram contra o poder de Deus. Com base nesse fato, podemos declarar alegremente que o resultado seria o mesmo se os feiticeiros e satanistas dos dias atuais tentassem repetir esse mesmo cenário novamente. Independentemente de quantos deles aparecessem para lançar maldições sobre uma igreja local específica, um ministério específico ou sobre o Corpo de Cristo de um modo geral, eles fracassariam miseravelmente, assim como os profetas de Baal do Antigo Testamento fracassaram. Mesmo com todos os esquemas e planos dos homens maus — até com a ajuda diabólica incontestável de Satanás — nenhuma força maligna jamais prevaleceu contra o poder de Deus ou o povo de Deus, e nenhuma jamais o fará! Todo líder mundial que tentou destruir a Igreja de Jesus Cristo foi destruído. Todo período de trevas dos últimos dois mil anos da História finalmente sucumbiu e deu lugar à luz avassaladora e vencedora de Jesus Cristo e de Sua Igreja. Satanás tem rugido alto como um animal feroz em muitas ocasiões, mas ele nunca devorou a Igreja — e de acordo com o Senhor Jesus Cristo, ele nunca o fará. Em Mateus 16:18, Jesus disse com relação à Igreja: “... e as portas do Hades não poderão vencê-la”. Com relação ao lançamento de maldições sobre os crentes, Provérbios 26:2 declara: “Como o pardal que voa em fuga, e a andorinha que esvoaça veloz, assim a maldição sem motivo justo não pega”. O que significa esse versículo? Assim como um pardal pode voar, mas não encontrar um lugar para construir um ninho, assim uma maldição pode se agitar em torno de um cristão, mas não encontrará um lugar de descanso na vida dessa pessoa. E assim como a andorinha migra para outro lugar quando a estação muda, assim a maldição finalmente voltará para aqueles que a enviaram. Os feiticeiros e satanistas podem lançar maldições, usar poções e recitar encantamentos e feitiços mágicos até ficarem roxos. Mas independentemente de quanto eles tentem, o poder deles jamais prevalecerá contra o povo ou o poder de Deus! A BATALHA ESPIRITUAL BÍBLICA O Antigo Testamento está repleto de ilustrações de batalha espiritual, como a batalha de Jericó, Josafá e seus cantores, e Davi e Golias. Ainda assim, as palavras “guerra” ou “batalha” só ocorrem cinco vezes em todo o Novo Testamento. Isso nos chama bastante a atenção quando consideramos o quanto se fala hoje sobre batalha espiritual. Essas histórias verídicas do Antigo Testamento que nos dizem como Israel, o exército de Deus, derrotou os adversários tanto naturais quanto espirituais, foram escritas para a nossa instrução e advertência. Esta é a mensagem de Paulo em 1 Coríntios 10:11: “Essas coisas aconteceram a eles como exemplos e foram escritas como advertência para nós, sobre quem tem chegado o fim dos tempos”. Certamente é verdade que estudando as batalhas da Israel do Antigo Testamento, podemos ter uma revelação muito necessária sobre como conquistar os inimigos invisíveis que atacam e tentam destruir a Igreja de Jesus Cristo. Entretanto, considerando que os termos “combater” e “combate” são usados com tanta frequência hoje no Corpo de Cristo, é imperativo construirmos um entendimento doutrinário sobre como essas palavras eram usadas no Novo Testamento. É importante observar que entre as cinco vezes em que as palavras “militar” e “milícia” (na versão ARA) (extraídas da palavra grega stratos) são usadas no Novo Testamento, elas nem uma vez são usadas com relação ao diabo. Por exemplo, ambas as palavras são usadas em 2 Coríntios 10:3-5 para denotar cativeiros mentais que precisam ser “destruídos”. É verdade que esses cativeiros e fortalezas na mente podem ter primeiramente se ligado a nós no passado quando ainda estávamos sob o controle de Satanás. Entretanto, precisamos manter esses versículos no seu contexto próprio. No contexto, esses versículos estão se referindo a uma pessoa que toma a decisão imutável de assumir o controle da sua mente e de levar os pensamentos de sua mente cativos! A palavra “combate” é usada em 1 Timóteo 1:18 com relação a um pronunciamento profético que foi feito sobre a vida de Timóteo. Paulo ordenou que Timóteo se lembrasse das profecias que foram proferidas sobre ele para que por meio dessas profecias, ele “combata o bom combate”. Usando as palavras “combata” e “combate” nesse versículo, Paulo pretendia advertir Timóteo a permanecer no combate da fé e a ser fiel ao chamado de Deus sobre sua vida. Mais uma vez, as palavras “combata” e “combate” neste versículo não têm nada a ver com o diabo! Em 2 Timóteo 2:4, Paulo usa a palavra “milita” mais uma vez, dizendo: “Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra” (ACF). A palavra “milita” nesse versículo não tem nada a ver com o diabo também! Em vez disso, Paulo está exortando Timóteo a manter sua vida livre de entulhos; a ser determinado e a permanecer comprometido com o chamado de Deus sobre sua vida, independentemente do preço. Então, em Tiago 4:1, a palavra “guerras” é usada novamente — desta vez para descrever a carne, e não o diabo. De acordo com Tiago, a “guerra espiritual” diz respeito primordialmente a lutar contra os desejos da carne que vêm para destruir o crescimento e o desenvolvimento espiritual. Pedro usa o verbo guerrear da mesma forma para descrever claramente “os desejos carnais que guerreiam contra a alma” (1 Pedro 2:11). Mais uma vez a forma verbal “guerreiam” é usada não para descrever a atividade do diabo, mas sim para descrever a tentativa da carne de conquistar e subjugar a mente. Diante disso, está abundantemente claro que o uso das palavras “guerrear” e “guerra” no Novo Testamento tem a ver primordialmente com vencer a carne e assumir o controle da nossa mente. Sim, o diabo pode atacar a mente, e ele pode tentar dar poder à carne para trabalhar contra nós. Entretanto, se mantivermos a nossa mente e a nossa carne sob o controle do Espírito Santo, grande parte da batalha espiritual que encontraremos na vida já terá sido decidida! COMO A VERDADEIRA BATALHA ESPIRITUAL TEM INÍCIO A maioria dos cristãos que caíram em tempos recentes não teria caído se não tivesse dado ao diabo alguma espécie de ponto de apoio em suas mentes. Essas pessoas seriam as primeiras a lhe dizer que deixaram a porta aberta para o ataque demoníaco em algum ponto do caminho por não lidarem com alguma área invisível e particular de suas vidas. Os espíritos demoníacos absolutamente não têm poder para gerar destruição a não ser que eles possam encontrar uma porta aberta na mente de uma pessoa. Mas se eles conseguirem localizar essa entrada para a mente, eles podem então, a partir dessa posição elevada, começar a introduzir influências malignas e lançar os seus ataques sobre o indivíduo. O Espírito Santo é fiel para nos convencerde quaisquer áreas em nossas vidas que nos deixem vulneráveis ao ataque. Ele nos estimulará a nos arrependermos e a mudarmos antes que o diabo construa fortalezas em nosso pensamento. Entretanto, ainda cabe a nós garantir que essas portas abertas sejam fechadas com força e de uma vez por todas. Mas o que acontece se ignorarmos os apelos do Espírito Santo? E se permitirmos que o pecado, a tentação permitida voluntariamente ou as atitudes erradas persistam em nossas vidas, sem serem confessadas e transformadas? Nesse caso, estamos deixando brechas totalmente abertas por meio das quais o inimigo tentará nos sabotar. A verdade é que grande parte da destruição espiritual é evitável, mas somente se quisermos ouvir reverentemente aos apelos do Espírito Santo e obedecermos às Suas advertências. Mais uma vez, os espíritos demoníacos não podem destruir sem que haja uma porta aberta para a alma de uma pessoa — e essa entrada só pode ser dada com a nossa permissão. As forças malignas tentam nos esmurrar e nos impedir, como tentaram esmurrar e impedir o apóstolo Paulo (2 Coríntios 12:7; 1 Tessalonicenses 2:18), mas elas não podem destruir você ou a mim a não ser que já haja algo errado em nós ao qual elas possam se agarrar e usar para a nossa destruição. A tendência da carne sempre foi colocar a culpa do fracasso pessoal em outra pessoa ou em alguma circunstância externa que está além do nosso controle. Na verdade, pôr a culpa em outro é algo tão antigo quanto o Jardim do Éden. Lembre-se de que foi Adão (o pai natural de todos nós) que colocou a culpa do seu próprio fracasso moral em Eva. Em vez de reconhecer que ele havia cometido pecado quando comeu livremente do fruto proibido no Jardim, Adão disse a Deus: “... foi a mulher que me deste por companheira que me deu do fruto da árvore, e eu comi” (Gênesis 3:12). Do mesmo modo, um cristão está colocando no diabo a culpa que lhe pertence por direito quando diz: “O diabo me fez fazer isso”, ou “Eu falhei porque os feiticeiros estão orando contra mim”. Independentemente de quantos espíritos demoníacos tenham sido designados para destruir um crente, ele precisa cooperar com as sugestões do inimigo antes que a tentação possa dominá-lo e arruinar seu testemunho. Isso significa que, no fim das contas, você é responsável pelo seu próprio fracasso ou sucesso em obedecer a Deus nesta vida. Você não pode colocar em outro a culpa pelo seu fracasso contra o ataque demoníaco. Para que esse ataque demoníaco tenha sucesso, você teve de cooperar de alguma forma, seja pela ignorância, seja pela cooperação deliberada ou pela negligência ao recusar-se a lidar com alguma área invisível e particular de sua vida. Por exemplo: •Você pode gritar que o diabo está atrás do seu dinheiro até ficar roxo. Mas se deixou de controlar seu talão de cheques ou foi irresponsável no pagamento das suas contas, você abriu a porta para esse ataque financeiro. •Você pode declarar que o inimigo está tentando afligir você com doenças. Mas se você abusa do seu corpo comendo mal, trabalhando demais e levando seu corpo além de sua capacidade, você abriu a porta para que seu corpo seja atacado. •Você pode gritar que seu casamento está debaixo de ataque. Mas se você costuma falar de forma áspera com seu cônjuge, nunca passa tempo nenhum com ele/ela ou não fez do seu casamento uma prioridade em sua vida, você escancarou a porta para que o inimigo entre e destrua seu casamento. E a lista continua incessantemente. Com certeza, há ataques-surpresa genuínos da esfera demoníaca que pegam os cristãos inadvertidamente. Às vezes, o diabo realmente ataca as finanças deles — principalmente se eles estiverem usando as suas finanças para o Reino de Deus. É absolutamente verdade que, às vezes, o inimigo vem para roubar, matar e destruir a saúde de uma pessoa. E também é verdade que o inimigo pode tentar orquestrar o fracasso em um casamento. Em meu próprio ministério, o inimigo tem atacado cruelmente de tempos em tempos para destruí-lo. Conheço a realidade de um ataque demoníaco genuíno. Esses ataques geralmente ocorreram em pontos críticos do nosso ministério quando estávamos prestes a fazer alguma coisa importante no Reino de Deus. Cada um deles foi uma tentativa clara de frustrar o plano de Deus. Há muitos anos, quando meu livro Living in the Combat Zone (Vivendo na Zona de Combate) estava prestes a ser publicado, meu próprio ministério foi lançado em uma zona de combate financeiro. Por algum estranho motivo que não conseguíamos explicar, não entrava nenhuma oferta para o ministério, e nossos parceiros pararam de escrever. Em questão de dias, toda a nossa renda secou. O inimigo sabia que Deus iria usar aquele livro de uma maneira grandiosa. Portanto, ele quis impedi-lo antes mesmo que pudesse chegar às mãos dos nossos leitores. Obviamente, o ataque do diabo fracassou e o poder da Cruz prevaleceu! LIDANDO COM O VENTO E AS ONDAS EM SUA VIDA Toda vez que você estiver na frente de uma batalha fazendo algo significativo para o Reino de Deus, os ataques do inimigo contra sua vida aumentarão. Até Jesus ficou sob esse ataque quando estava preparando-se para expulsar uma legião de demônios do endemoninhado de Gadara (Marcos 4:35-41). Ventos violentos e destrutivos pareciam vir do nada para virar o barco de Jesus e afogá-lo e aos Seus discípulos no meio do lago. O versículo 37 diz: “Levantou-se um forte vendaval, e as ondas se lançavam sobre o barco, de forma que este ia se enchendo de água”. Observe que o versículo diz: “Levantou-se...”. A expressão “levantou-se” foi extraída da palavra grega ginomai. A palavra ginomai é usada mais de duzentas vezes no Novo Testamento; por conseguinte, seu significado principal está bem documentado. A palavra ginomai normalmente descreve algo que acontece inesperadamente ou algo que nos pega de surpresa. Por exemplo, a palavra ginomai é usada em Atos 10:9, 10 para descrever como Pedro recebeu sua visão revelando que a salvação se tornara disponível aos gentios. No dia seguinte, por volta do meio-dia, enquanto eles viajavam e se aproximavam da cidade, Pedro subiu ao terraço para orar. Tendo fome, queria comer; enquanto a refeição estava sendo preparada, CAIU EM êxtase. Observe especialmente as palavras “caiu em”. Essa expressão é derivada da palavra grega ginomai. Pelo fato de Lucas usar a palavra ginomai, sabemos que Pedro não esperava que aquela visitação ocorresse naquela tarde. Ele estava esperando para jantar quando de repente, inesperadamente, “caiu em” um êxtase. Aquele foi um encontro com Deus que o pegou de surpresa. Quando João nos diz como ele recebeu o livro de Apocalipse em Apocalipse 1:10, ele também usa a palavra ginomai: “No dia do Senhor achei-me no Espírito...”. A expressão “achei-me” também foi extraída da palavra ginomai. Portanto, sabemos, a partir do uso dessa palavra, que João não estava esperando ter uma visitação naquele dia. A visão veio inesperadamente, pegando-o completamente desprevenido quando ele olhou para cima e se encontrou na dimensão do Espírito. Ora, essa mesma palavra, que contém um elemento de surpresa, é usada em Marcos 4:37 para nos dizer claramente que Jesus e Seus discípulos não esperavam ter mau tempo naquela noite. Aqueles ventos os atacaram inesperadamente. Muitos dos discípulos de Jesus eram pescadores antes de serem chamados ao ministério, de modo que eles conheciam o tempo do mar. Se uma tempestade natural estivesse se formando naquela noite, aqueles homens jamais teriam levado seu pequeno barco para o meio daquele mar. Portanto, você pode ter certeza de que quando eles iniciaram sua jornada naquela noite, aquela era uma noite perfeita para velejar. Mas de repente e inesperadamente, “levantou-se” uma grande tempestade de vento. Observe que Marcos nos diz que era “uma grande tempestade de vento”. A palavra “grande” foi extraída da palavra mega, que denota algo de proporções magníficas. É de onde obtemos a ideia de “megalópole”, “megalomaníaco” e “megafone”. Por usarmos essa palavra, sabemos que aquela foiuma megatempestade! E observe que tipo de tempestade era aquela. Marcos não diz que era um temporal com trovões ou uma pancada de chuva; ele nos diz que era uma “grande tempestade de vento”. A palavra “vento” foi extraída da palavra lalaipsi, e descreve uma turbulência ou um vento terrivelmente violento. Portanto, a tempestade que atacou Jesus naquela noite era uma tempestade invisível. Uma pessoa não podia ver essa tempestade, mas podia sentir os efeitos dela. Essa foi uma tentativa do inimigo de destruir Jesus e Sua tripulação antes que eles chegassem ao outro lado. Do outro lado, na terra dos gadarenos, Satanás tinha um bem de valor: o endemoninhado de Gadara. O diabo sabia que se o barco de Jesus chegasse ao outro lado, ele perderia seu bem valioso e Jesus realizaria um dos maiores milagres de Seu ministério. Assim, quando Jesus estava no limiar da remoção de uma barreira, esse ataque inesperado de uma turbulência violenta e destrutiva veio sobre Ele e os Seus discípulos para matar e destruir. O diabo não queria que Jesus chegasse à terra dos gadarenos. Esse foi um golpe preventivo do diabo para desfazer a obra de Deus. Essa também foi uma grande oportunidade para os discípulos aprenderem que Jesus Cristo é o Senhor do vento e das ondas! Depois que Ele exerceu a autoridade sobre essa turbulência invisível e falou às ondas do mar, a Palavra diz que “... O vento se aquietou, e fez-se completa bonança” (Marcos 4:39). O fato de o ataque ter ocorrido exatamente quando Jesus estava no limiar de um grande milagre não é raro. Na verdade, esse é normalmente o momento em que os ataques demoníacos genuínos ocorrem. Se esses ataques se levantaram contra Jesus, podemos ter certeza de que o inimigo tentará fazer o mesmo conosco também. Portanto, precisamos nos preparar mental e espiritualmente para lidar com os ataques demoníacos. Precisamos vestir “toda a armadura de Deus” e assumir a autoridade sobre o vento e as ondas que se levantarem contra as nossas vidas, as nossas famílias, os nossos negócios e os nossos corpos — assim como Jesus assumiu a autoridade sobre o vento e as ondas que se levantaram contra Ele. Então, o que fazer se você estiver sob um ataque demoníaco? Primeiramente, certifique-se de ser diligente para avaliar todas as suas bases obedecendo aos apelos do Espírito Santo nas diversas áreas da sua vida. Certifique-se também, da melhor maneira possível, de que você não deixou nenhuma porta aberta para o ataque. Então, exatamente como o Senhor Jesus Cristo, você precisa se levantar para assumir a autoridade sobre o vento e as ondas. Esta é a sua oportunidade de ouro de ver uma demonstração do poder de Deus em sua vida! Deixe-me também enfatizar outro ponto importante: quando o vento e as ondas cessaram naquela noite, a Palavra diz que “... fez-se completa bonança” (v. 39). O versículo 37 anteriormente nos disse que essa tempestade havia sido uma grande tempestade. Assim, quando tudo se resolveu, Jesus equiparou uma grande tempestade com uma grande calmaria! Se o inimigo criou um grande problema financeiro na sua vida, Jesus Cristo quer equipará-lo com uma grande bênção financeira. Se o adversário criou uma grande enfermidade no seu corpo, Jesus Cristo quer equipará-la com uma grande cura. Se o diabo criou um terrível caos matrimonial na sua vida, o Senhor Jesus Cristo quer equiparar essa crise matrimonial com uma grande bênção matrimonial. O que quer que o diabo faça, Jesus Cristo quer equiparar esse ataque com uma bênção ainda maior em sua vida! Entretanto, precisamos ser honestos com nós mesmos no que se refere a esses ataques. A maioria das batalhas que lutamos na vida não se encaixa nesta categoria de “ataques surpresa”. A maioria das batalhas que lutamos acontece porque fomos infiéis em dar ouvidos às advertências do Espírito Santo para lidarmos com algumas áreas das nossas vidas antes que elas saíssem do controle. BATALHA ESPIRITUAL: UM ESTADO MENTAL A batalha espiritual não é uma rajada de emoção momentânea para afugentar o diabo temporariamente. Muito pelo contrário! A verdadeira batalha espiritual é um estado específico da mente que envolve um compromisso para toda a vida. É muito mais uma atitude determinada e comprometida da mente do que uma ação propriamente dita. O apóstolo Paulo entendia essa verdade sobre a batalha espiritual. Depois de ser exteriormente esbofeteado pelas forças demoníacas que haviam se levantado contra seu ministério, Paulo orou três vezes e pediu ao Senhor que removesse o mensageiro de Satanás que fora enviado para “esbofeteá-lo” (2 Coríntios 12:7) e para impedi-lo de ter acesso a níveis mais altos de revelação. Mas esse mensageiro nunca foi removido. Em resposta ao pedido de Paulo de que Deus o livrasse desse tormento, o Senhor respondeu: “... Minha graça é suficiente para você...” (2 Coríntios 12:9). Por que Deus respondeu a Paulo desse modo? Porque Paulo fez um pedido que não era realista. Enquanto Paulo estivesse sendo eficaz para Deus, enquanto ele estivesse causando danos à dimensão das trevas, ele sofreria oposição das forças demoníacas. Em vez de oferecer a Paulo falsas promessas de que ele poderia alcançar uma vida livre de oposição, o Senhor prometeu em vez disso dar a ele a graça e o poder de que ele precisava para vencer cada um desses ataques quando eles viessem. As circunstâncias externas de Paulo eram um desafio constante. A oposição espiritual invisível atiçava um terrível ódio na comunidade contra ele em todo lugar aonde ele ia. O governo da época se colocava no seu caminho e procurava bloquear a mensagem do Evangelho. Mas apesar de toda a oposição que ele suportou, Paulo nunca era destruído por nenhum desses ataques externos. Como ele próprio disse em 2 Coríntios 4:8- 9: “De todos os lados somos pressionados, mas não desanimados; ficamos perplexos, mas não desesperados; somos perseguidos, mas não abandonados; abatidos, mas não destruídos”. De acordo com o testemunho pessoal do próprio Paulo, em 2 Coríntios 11:24-28, sabemos que essa oposição externa era extremamente intensa. Por exemplo, no versículo 24, ele nos diz: “Cinco vezes recebi dos judeus trinta e nove açoites”. Como se isso não bastasse para Paulo suportar, ele continua no versículo 25: “Três vezes fui golpeado com varas, uma vez apedrejado, três vezes sofri naufrágio, passei uma noite e um dia exposto à fúria do mar”. Sem entrar em maiores detalhes sobre todos os métodos de perseguição que Paulo sofreu, podemos resumir rapidamente o que a Palavra nos diz. Sabemos que seus pés foram espancados com varas em três ocasiões diferentes; sua cabeça foi esmagada pelo menos uma vez; ele suportou três naufrágios diferentes; e em algum momento do seu ministério, ele passou uma noite e um dia no mar — 24 horas inteiras pisando na água para permanecer vivo! (Para maiores detalhes sobre os métodos de perseguição e as aflições que Paulo sofreu, veja as páginas 60 a 95 de meu livro If You Were God, Would You Choose You? [Se Você Fosse Deus, Escolheria Você?]). Depois de mencionar essas aflições extremamente duras, Paulo continua falando de maneira mais geral sobre outras aflições menores que ele suportou. Estive continuamente viajando de uma parte a outra, enfrentei perigos nos rios, perigos de assaltantes, perigos dos meus compatriotas, perigos dos gentios; perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, e perigos dos falsos irmãos. Trabalhei arduamente; muitas vezes fiquei sem dormir, passei fome e sede, e muitas vezes fiquei em jejum; suportei frio e nudez. — 2 Coríntios 11:26-27 No entanto, mesmo com todos esses desafios e formas de oposição — e com toda sua fadiga mental e exaustão física — Paulo nunca caiu em nenhum tipo de imoralidade ou em nenhum tipo de falha moral. Ele nunca racionalizou o fracasso dizendo: •“Fracassei porque demônios foram designados para me destruir.” •“Falhei porque feiticeiros estavam se reunindo em congressos de bruxos e lançando maldições sobre mim.” •“O diabo me armou uma armadilha e me fez fazer isto!” É verdadeque a maioria dos ataques demoníacos e tragédias ocorrem por causa de alguma omissão por parte do cristão. Por exemplo, muitas tragédias ocorrem nas vidas dos cristãos por causa de portas que são deixadas abertas para o inimigo por meio da ira, da amargura, do ódio ou da preguiça. Ainda assim, também é verdade que o diabo pode atingir um crente que está andando em fé e no Espírito. Esses “ataques sorrateiros” são reais. Como afirmei, enquanto um cristão procura fazer a vontade de Deus e obedecer à Sua Palavra, o diabo tentará frustrar o plano que Deus deseja realizar por intermédio daquele cristão. Entretanto, os ataques surpresa da esfera demoníaca não terão sucesso se o escudo da fé do cristão estiver no lugar para protegê-lo e para fazer com que esses ataques ricocheteiem de volta para o lugar de onde se originaram. Os espíritos demoníacos não podem destruir uma pessoa exceto que já haja uma área de pecado na vida dela à qual eles possam se apegar e usar para destruí-la. Não havia tais áreas vulneráveis na vida de Paulo — nada que o diabo pudesse usar para destruí-lo. Portanto, a consagração pessoal de Paulo ao Senhor era sua maior defesa contra o inimigo. Embora Paulo fosse esbofeteado exteriormente, ele nunca foi atacado a ponto de sofrer um fracasso pessoal. Ele viveu uma vida crucificada e assim estava morto para o pecado. Nada nele cooperava com os artifícios e tentações do diabo. Assim, a santidade pessoal de Paulo paralisava a capacidade do diabo de fazê-lo cair moralmente. Assim podemos concluir a partir de um estudo da vida de Paulo que é muito difícil, se não inteiramente impossível, o diabo destruir completamente uma pessoa que vive uma vida santificada e consagrada. A maioria dos ataques seriam totalmente evitados se o pecado e as atitudes erradas não tivessem lugar na vida do crente. UMA ADVERTÊNCIA SOBRE BATALHA ESPIRITUAL Por causa da abordagem antibíblica à batalha espiritual que algumas pessoas adotaram no passado, muitos líderes cristãos maduros, respeitados e cheios do Espírito se sentiram compelidos a incentivar o Corpo de Cristo a voltar a um equilíbrio adequado no tocante a esse assunto de batalha espiritual. Esses são homens e mulheres de Deus que entendem que existe um adversário espiritual real que precisa ser confrontado com armas espirituais genuínas. A batalha espiritual é definitivamente uma realidade que todos precisamos aprender a enfrentar em algum ponto de nossas vidas. Entretanto, também devemos entender que o diabo, ele próprio um estrategista muito perspicaz, adoraria nos desviar e nos impedir de lhe causar qualquer dano real. Uma maneira pela qual ele tenta fazer isso é nos colocando fora do caminho ao nos levar a usar táticas espirituais tolas: fazer barulhos estranhos, gritar violentamente com o diabo ou nos envolver em outras tolices extremamente infundadas e antibíblicas da suposta “batalha espiritual”. As pessoas tendem a procurar soluções que resolvam todos os problemas de uma vez e que não as façam olhar para suas próprias falhas ou lidar com sua própria carne. Essa geralmente é a razão pela qual elas se aglomeram em busca de ensinamentos e métodos que oferecem soluções relativamente simples para problemas difíceis de toda uma vida. Agarrar-se firme à Palavra de Deus e aplicar os seus princípios às suas vidas parece demorar demais e ser mais difícil de fazer. Afinal, a Palavra de Deus exige que a pessoa viva uma vida crucificada. Ela exige que haja arrependimento de uma vida mental errada. E insiste que ela procure se conformar à imagem de Jesus Cristo. Portanto, a ideia de uma cura instantânea é muito atraente para os não comprometidos e para os espiritualmente imaturos, que estão em busca de um paliativo para transformar os seus problemas profundamente arraigados, habituais e muitas vezes provocados por eles mesmos. Mais uma vez, ninguém — inclusive este autor — duvidará da realidade da batalha espiritual genuína. Todos nós já ficamos face a face com o inimigo em algum momento de nossas vidas, e podemos estar certos de que o enfrentaremos novamente em algum momento no futuro. Na época da impressão deste livro, vivo em uma parte do mundo que geralmente é muito hostil à obra do Evangelho. Sei, por experiência própria, que a batalha espiritual é uma força muito real que com frequência ataca o povo de Deus! O fato é que enquanto procurarmos viver dentro da vontade de Deus e obedecer à Sua Palavra para as nossas vidas — enquanto quisermos expulsar as forças das trevas e fazer resplandecer a luz do Evangelho onde ela não resplandeceu antes — o diabo fará tudo o que puder para se opor e frustrar o plano que Deus deseja realizar por intermédio de nós. É por essa causa que Deus nos deu um conjunto completo de elementos de uma armadura espiritual. (Nos capítulos 10 a 16, estudaremos o que a Bíblia diz sobre essa armadura espiritual, versículo por versículo e palavra por palavra). Quando o poderoso conjunto de peças dessa armadura invisível estiver em posição em nossas vidas, estaremos prontos para a luta. Com esse armamento à nossa disposição, estamos ARMADOS PARA O COMBATE! PERGUNTAS PARA CRESCIMENTO PESSOAL OU DEBATE EM GRUPO 1.De que maneiras a ênfase na batalha espiritual pode ser tanto boa quanto má para a Igreja? O que você pode fazer para evitar as ciladas que alguns cristãos sofreram ao estudar o tema da batalha espiritual? 2.Qual é o alvo principal do inimigo quando ele planeja atacar alguém? Como esse conhecimento ajuda você a lidar com os ataques do diabo em sua própria vida? 3.Por que crucificar a carne é uma parte tão crucial da verdadeira batalha espiritual? O que acontece se você não der esse passo vital ao tentar vencer as estratégias do inimigo contra a sua vida? 4.Qual é o ponto de partida fundamental para desenvolver uma visão correta da batalha espiritual? 5.O que podemos aprender estudando a reação dos primeiros cristãos à intensa perseguição e aos ataques demoníacos? Como podemos aplicar essas lições à nossa caminhada diária com Deus? CAPÍTULO 2 Deixe-me dizer desde o início que algumas pessoas adorarão este capítulo e outras o desprezarão. Mas por causa dos vários tipos de ensinamentos sobre batalha espiritual que circulam periodicamente pela comunidade cristã, sou compelido pelo Espírito Santo a incluir este capítulo neste livro. Em vez de magnificar a obra vitoriosa de Jesus Cristo sobre Satanás e a nossa libertação do poder dele, muito do que é ensinado hoje sugere que a obra da cruz está inacabada — que o sangue de Jesus nos salvou, mas na verdade não nos libertou completamente do poder de Satanás. Embora essa talvez não seja a intenção de alguns daqueles que ensinam a respeito de batalha espiritual, em geral essa é a mensagem transmitida. O fruto desse ensinamento é uma nova forma de legalismo espiritualizado. Em outras palavras, o que Jesus Cristo fez não foi suficiente; portanto, você agora precisa fazer algumas coisas “a mais” a fim de adquirir a libertação adicional do controle do diabo. Na verdade, isso é o equivalente a trocar uma forma de cativeiro por outra — e o segundo cativeiro é muito mais perigoso. Ele vem na aparência de espiritualidade e, pelo menos em princípio, é muito difícil de discernir. Com relação a essas armas carnais e técnicas carnais feitas pelo homem, Paulo tinha o seguinte a dizer: “Porque, embora andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas” (2 Coríntios 10:3-4, ARA). Observe como Paulo começa: “Pois embora andando na carne...”. A palavra “andar” foi extraída da palavra peripateo e é um composto de duas palavras peri e pateo. A palavra peri significa ao redor e a palavra pateo significa andar. Quando as duas palavras são unidas (peripateo) a nova palavra significa andar por aí ou viver habitualmente e continuar em uma vizinhança geral. Usando a palavra peripateo, Paulo está transmitindo uma mensagem muito forte sobre a sua humanidade. A palavra transmiteesta ideia: “Praticamente tudo o que faço, faço nesta dimensão da carne; como na carne; divirto-me na carne; durmo na carne; penso na carne; estudo na carne. Minha vida consiste principalmente nesta dimensão terrena”. Na verdade, o tempo grego aqui usado é a esfera de influência locativa. Isso é extremamente importante! Em um sentido literal, significava que Paulo sabia que ele estava “trancado” no seu corpo carnal e não podia sair dele, nem podia trocá-lo por outro! Ele estava “preso ao corpo”. Esse estado de estar “preso ao corpo” não mudaria até a morte, quando esse corpo carnal e natural seria gloriosamente transformado em um corpo espiritual. O próprio fato de Paulo dizer: “... não militamos segundo a carne [ou de acordo com a carne]” nos diz que ele estava ciente da fraqueza e futilidade do seu próprio homem natural. Paulo sabia que não havia esperança de realizar nada de bom por intermédio do seu homem carnal; portanto, ele se voltou para a dimensão do espírito onde a ajuda sobrenatural estava disponível. HOMENS DE GUERRA COM SEDE DE SANGUE, OUSADOS E COMPROMETIDOS Paulo continua nos dizendo que há uma coisa que ele não faz com seu corpo carnal e natural: “... não militamos segundo a carne”. A palavra “militar” foi extraída da palavra strateomenos, e se refere à atitude militante de um soldado treinado. Ela era usada particularmente para denotar a atitude comprometida de um soldado romano pesadamente armado, treinado para matar. Não há dúvida de que os soldados romanos eram as melhores máquinas militares de seu tempo e estavam entre os soldados mais habilidosos da história do mundo. Aqueles homens eram matadores treinados. Na verdade, eles eram tão completamente treinados nas artes do assassinato e da mutilação que esses atos de guerra haviam se tornado instintivos para eles. Profissionais nas armas de guerra, os soldados romanos sabiam como usar essas armas contra os adversários com muita eficácia. Poderia se dizer que esses soldados em particular tinham sede de sangue. Além do mais, especialmente os bons soldados pediam para ser colocados na frente de batalha. Seu desejo insaciável de tirar sangue dos adversários estava tão impregnado na disposição deles que eles não se contentavam em guerrear atrás das linhas, onde apenas uma ação mínima estava ocorrendo. Esses soldados pediam para ser colocados na frente de batalha para que pudessem ver o inimigo primeiro e ter a primeira oportunidade de atacar. Além disso, os soldados extremamente audazes com frequência se ofereciam como voluntários para partirem em missões perigosas que outros não queriam empreender. A ideia de penetrar em um campo inimigo e invadir solo estrangeiro perigoso eram possibilidades eletrizantes para esse tipo especial de soldado. Eles eram homens de guerra ousados, comprometidos e com sede de sangue. Todas essas imagens gráficas são transmitidas na palavra “militamos”, que Paulo agora usa em 2 Coríntios 10:3. Portanto, quando Paulo diz: “... não militamos segundo a carne”, ele está fazendo várias afirmações poderosas à Igreja. Primeiramente, Paulo nos diz que, espiritualmente falando, a sua própria atitude mental é muito semelhante a de um soldado romano: ele está tão comprometido em ter vitória que quer tirar sangue do inimigo ele mesmo. Além do mais, ele quer ser colocado na frente de batalha para ter a oportunidade de atacar primeiro. E ele é tão corajoso espiritualmente que está disposto a ir aonde nenhum outro soldado quer ir! Essa era a atitude mental de Paulo, e essa foi uma das razões pelas quais ele declarou que queria “... anunciar o evangelho para além das vossas fronteiras...” (2 Coríntios 10:16). O desejo de Paulo era ir e ministrar em lugares onde nenhum outro homem queria ir! Esse é o motivo pelo qual ele estava disposto a ir a cidades como Éfeso e Corinto, que eram fortalezas de sensualidade e de atividade demoníaca. Paulo era um soldado da linha de frente do Senhor! Mas Paulo nos diz outra coisa que também é muito importante neste versículo. Além de possuir essa atitude mental comprometida e determinada, ele diz: “... não militamos segundo a carne”. Lembre-se de que Paulo era um homem instruído e influente, naturalmente falando. Mas no que se referia a dar um golpe no inimigo, ele sabia que sua inteligência e instrução não contavam. A carne de Paulo, independentemente do quanto ela parecia impressionante ou do quanto ela pudesse rugir alto, não seria páreo para um inimigo espiritual. As armas carnais simplesmente não estão aptas a combater adversários espirituais, e nunca estarão! ARMAS E ESTRATÉGIAS ESPIRITUAIS Paulo continua no versículo 4: “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas”. Preste atenção especial às palavras “armas”, “milícia” e “carnais”, nesse versículo importante sobre batalha espiritual. Em primeiro lugar, Paulo nos diz que temos armas à nossa disposição — mas elas são armas espirituais. Essas armas, tanto ofensivas quanto defensivas, podem ser encontradas em Efésios 6:13-18. (Abordaremos essas armas amplamente nos capítulos 10 a 16.) Em segundo lugar, observe que Paulo continua dizendo: “Porque as armas da nossa milícia...”. A palavra “milícia” oferece outra chave importante para derrotar os ataques do inimigo. Ela foi extraída da palavra stratos, e é de onde retiramos a palavra “estratégia”. Ao escolher usar essa palavra, o Espírito Santo nos diz algumas coisas muito importantes sobre batalha espiritual. Em primeiro lugar, a palavra stratos nos diz que para as armas espirituais funcionarem com eficácia, elas precisam estar acompanhadas de uma estratégia divina sobre como usá-las. Se tivermos armas, mas não tivermos um plano de batalha, nossa derrota será certa. Essa, na verdade, é a principal razão pela qual a maioria dos cristãos não tem vitória em sua vida pessoal. Não é que lhes falte o armamento adequado — Deus lhes deu tudo o que eles precisam! Entretanto, eles não têm uma estratégia que lhes diga como atacar. Por conseguinte, as armas deles de nada adiantam. Armas sem uma estratégia sempre se traduz em fracasso. Imagine um exército que está plenamente equipado com armas de guerra, mas não tem estratégia para usar essas armas contra o inimigo! Mesmo com todas essas armas e artilharia à disposição, esse tipo de exército fracassará completamente. Do mesmo modo, muitos crentes se gabam de ter “toda a armadura de Deus”, mas não fazem ideia de como essa armadura espiritual deveria ser usada na prática nas experiências de suas vidas. Até que Deus dê a esses crentes uma direção clara e um plano de batalha seja concebido em seus corações, essas armas pouco farão para repelir as forças do inferno que se levantam contra eles. Assim como Deus graciosamente o vestiu com uma armadura espiritual quando você nasceu de novo, Ele agora quer graciosamente lhe dar uma estratégia de como destruir as mentiras e enganos do diabo que têm dominado a sua mente para que eles não possam mais controlá-lo. Para receber essa estratégia divina, você precisa ouvir o Espírito de Deus. Isso requer que você passe tempo orando no Espírito, lendo a Palavra e buscando a mente de Deus. Por si mesmo, você nunca conceberá um plano que o liberte. Quando as fortalezas se tornam profundamente arraigadas na mente, somente o Espírito Santo pode lhe dar uma estratégia de como destruí-las. Ele lhe mostrará como usar as armas que Deus lhe deu, e Ele o instruirá sobre quando e o que atacar! A FUTILIDADE DA CARNE Agora chegamos ao ponto seguinte desse versículo. Paulo continua: “Porque as armas da nossa milícia não são carnais...”. A palavra “carnal” foi extraída da palavra sarkos, que é a palavra grega para “carne”. Escolhendo usar essa palavra, Paulo nos diz que as verdadeiras armas espirituais não vêm da esfera da carne. Na verdade, Paulo toma uma posição difícil neste assunto. Ele declara enfaticamente que as armas espirituais não têm absolutamente nada a ver com a carne ou com a atividade da carne. Embora Paulo vivesse, agisse
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