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Atividades nos espaços abertos públicos

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KNAPP, C.; SILVA, G. C. da; REIS, A. T. da L. Atividades nos espaços abertos públicos: edificações 
com diferentes recuos frontais, níveis de permeabilidade e usos. Ambiente Construído, Porto Alegre, 
v. 22, n. 1, p. 49-70, jan./mar. 2022. 
ISSN 1678-8621 Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído. 
http://dx.doi.org/10.1590/s1678-86212022000100578 
49 
Atividades nos espaços abertos públicos: 
edificações com diferentes recuos frontais, 
níveis de permeabilidade e usos 
Activities in public open space: buildings with different 
setbacks, levels of permeability and uses 
 
Chrystiane Knapp 
Gabriela Costa da Silva 
Antônio Tarcísio da Luz Reis 
Resumo 
ste artigo investiga os efeitos de edificações com diferentes recuos 
frontais, níveis de permeabilidade visual e funcional e usos nos 
térreos, na intensidade de atividades opcionais e necessárias, em 
movimento e estacionárias nos espaços abertos públicos. O estudo 
foi realizado em sete quadras no Bairro Cidade Baixa, Porto Alegre, RS, 
selecionadas com base nas seguintes características: predominância de 
edificações no alinhamento frontal do lote e de edificações recuadas em 
relação a ele; e térreos predominantemente residenciais e não residenciais. Os 
dados foram coletados mediante observações comportamentais, levantamentos 
físicos e aplicação de questionários respondidos por 194 moradores das sete 
quadras, e analisados no programa SPSS/PC. Os resultados revelam que 
quadras com térreos com uso predominantemente não residencial e com maior 
diversidade de usos, localizados junto à calçada e com portas e janelas para a 
calçada tendem a atrair maior quantidade de pessoas para o espaço aberto 
público. Ainda, todas as atividades opcionais, em pé e sentadas, e quase todas 
as necessárias nesse tipo de quadra, independentemente do período, são 
maiores do que nas demais quadras analisadas. 
Palavras-chave: Atividades no espaço aberto público. Diferentes recuos. Níveis de 
permeabilidade visual. Níveis de permeabilidade funcional. Usos nos térreos. 
Abstract 
This paper investigates the effects of building with different setbacks, levels of 
visual and functional permeability, and uses on the ground floor, considering 
the optional and necessary activities, in movement and stationery in the use of 
public open space. The study was carried out in seven blocks, in the Cidade 
Baixa neighborhood, Porto Alegre, RS, selected according to the following 
characteristics: predominance of buildings with street alignment and next to 
the sidewalks, and buildings with front setback, considering the front limit of 
the lot; predominance of residential and non-residential uses on the ground 
floor. The data were collected through behavioral observations, physical 
measurements and questionnaires applied to residents of the seven selected 
blocks, resulting in 194 respondents and analyzed in the SPSS/PC program. 
The results reveal that blocks with ground floors predominantly with non-
residential uses and with a greater diversity of uses, located close to the street 
with doors and windows facing the sidewalk tend to attract more people and 
contribute to the use of the public open space. Moreover, all the optional 
activities, standing and sitting, and almost all the necessary ones, in this type 
of block, regardless of the period, are larger than in the other analyzed blocks. 
Keywords: Activities in public open space. Different building setbacks. Levels of visual 
permeability. Levels of functional permeability. Uses on the ground floor. 
E 
1
Chrystiane Knapp 
1Universidade Federal do Rio Grande do 
Sul 
Porto Alegre – RS - Brasil 
 
 
2
Gabriela Costa da Silva 
2Universidade Federal do Rio Grande do 
Sul 
Porto Alegre – RS - Brasil 
 
 
3
Antônio Tarcísio da Luz Reis 
3Universidade Federal do Rio Grande do 
Sul 
Porto Alegre – RS - Brasil 
 
 
Recebido em 11/11/20 
Aceito em 07/05/21 
https://orcid.org/0000-0003-1267-9201
https://orcid.org/0000-0002-9770-480X
https://orcid.org/0000-0002-2010-0688
Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 22, n. 1, p. 49-70, jan./mar. 2022. 
 
Knapp, C.; Silva, G. C. da; Reis, A. T. da L. 50 
Introdução 
As edificações junto ao limite frontal do lote constituem parte dominante do campo visual do transeunte, 
enquanto edificações recuadas com relação ao passeio público tendem a participar menos de tal campo 
visual (CULLEN, 1983). No entanto, pequenos recuos frontais, sejam públicos, semiprivados ou privados, 
quando utilizados como áreas de permanência, com lugares para se sentar, tendem a contribuir para o uso 
adequado e para a apropriação do espaço aberto público (GEHL, 2010). Por outro lado, recuos frontais 
substanciais afastam as fachadas do campo visual dos transeuntes e, logo, reduzem as possibilidades de 
interações com as atividades nos térreos das edificações, o que, conforme já destacado por Gehl (2010) e 
Jacobs (2011), afeta negativamente o uso do espaço aberto público. Por sua vez, os resultados de um estudo 
realizado por Netto (2017) indicam que tende a haver redução na circulação de pedestres conforme o 
aumento do recuo frontal, por exemplo, de 11,5 pedestres/min em quadras com a média de recuos frontais de 
até 1 m para 1,9 pedestre/min em quadras com a média de recuos frontais entre 4 m e 5 m. Contudo, as 
contagens de pedestres nos segmentos de rua (equivalente a uma quadra) consideradas no referido estudo 
foram feitas em apenas um dia da semana em cada segmento, sem menção se tais contagens em diferentes 
segmentos foram realizadas em dias da semana com movimento similar de pedestres ou não. 
Ainda, a permeabilidade funcional, caracterizada por portas que possibilitam a passagem de pessoas do 
espaço aberto público para o interior das edificações e vice-versa (REIS; ELY JUNIOR; EISENHUT, 2019), 
é drasticamente reduzida em muitas cidades brasileiras devido à delimitação frequente de recuos frontais por 
muros, os quais tendem a afetar negativamente o movimento de pedestres e a existência de atividades 
estacionárias no espaço aberto público (NETTO; VARGAS; SABOYA, 2012; FIGUEIREDO, 2018). 
Especificamente, embora baseados em observações realizadas em apenas um dia da semana (não 
especificado) em cada um dos 250 segmentos de rua na cidade do Rio de Janeiro, os resultados do estudo 
realizado por Netto, Vargas e Saboya (2012) revelam a existência de correlações negativas entre a presença 
de muros e atividades em movimento e estacionárias. 
Além disso, pode ter um efeito específico sobre o uso dos espaços abertos públicos a permeabilidade visual, 
caracterizada por janelas, portas transparentes ou vitrines que permitem a conexão visual entre o espaço 
aberto público e o interior das edificações (por exemplo, Vivan e Saboya (2019) e Reis, Ely Junior e 
Eisenhut (2019)). Nesse sentido, a existência de vitrines e produtos expostos para serem observados em vias 
com maior presença de uso comercial nos térreos tende a contribuir para o uso mais intenso dos espaços 
abertos públicos (GEHL; KAEFER; REIGSTAD, 2006; MEHTA, 2007; FIGUEIREDO, 2018). A 
diversidade de objetos que podem ser observados através das áreas transparentes das edificações é apontada 
como a principal justificativa para os pedestres preferirem caminhar por uma quadra em detrimento de outra, 
mesmo quando estão apenas de passagem (MEHTA, 2008; FIGUEIREDO, 2018). 
Estudo feito em Copenhague pelo Centre for Public Space Research at the School of Architecture (Centro 
para Pesquisa em Espaço Público na Faculdade de Arquitetura) mostrou que as pessoas tendiam a diminuir a 
velocidade da caminhada, em torno de 13%, em frente de fachadas mais atraentes e permeáveis, e 25% das 
pessoas observadas paravam em frente a esse tipo de fachada. Por outro lado, as pessoas observadas em 
quadras com fachadas desinteressantes e com pouca permeabilidade tendiam a se apressar, enquanto apenas 
1% das pessoas observadas parava na frente de tais fachadas (GEHL; KAEFER; REIGSTAD, 2006). No 
estudo realizadopor Ewing et al. (2015), o percentual de transparência nas fachadas térreas também aparece 
como uma das três características expressivas das ruas que contribuem para o movimento de pessoas e para a 
vitalidade urbana. Nesse sentido, o nível de atividades pode ser até sete vezes maior diante de uma fachada 
de uso comercial visualmente permeável do que diante de uma fachada de mesmo uso visualmente 
impermeável (GEHL, 2010). 
As atividades dos espaços abertos públicos também são afetadas pelos usos existentes nos térreos das 
edificações. Conforme pesquisa que compara quadras de três áreas metropolitanas de Boston (Central 
Square, Coolidge Corner e Davis Square), quando as variáveis físicas são similares (p. ex., calçadas largas e 
bem mantidas, presença de alguns bancos e outros mobiliários urbanos, prédios com características 
arquitetônicas históricas, com muitas aberturas para a rua), os usos nos térreos são os geradores de atividades 
no espaço aberto público (MEHTA, 2007). Nesse sentido, em estudo realizado em 588 quadras de Nova 
York (EWING et al., 2015) foi identificada correlação positiva entre usos ativos nos térreos das edificações 
(tais como lojas e restaurantes) e o movimento de pedestres, além de o percentual de tais usos ser um dos 
três atributos relevantes das ruas que contribuem para a circulação de pessoas. Estudo realizado em Capão 
da Canoa, RS, também revelou que as quadras com maior movimento de pedestres tendiam a ser 
caracterizadas por térreos com usos, predominantemente, comercial e de serviços e por maiores percentuais 
Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 22, n. 1, p. 49-70, jan./mar. 2022. 
 
Atividades nos espaços abertos públicos: edificações com diferentes recuos frontais, níveis de permeabilidade e usos 51 
de áreas de estar nos recuos frontais, enquanto as quadras com menor movimento tendiam a ser 
caracterizadas por recuos utilizados como jardins ornamentais e pelo predomínio do uso residencial com 
portas de garagem e paredes sem aberturas nos térreos (ANTOCHEVIZ; ARSEGO; REIS, 2019). Nesse 
sentido, pesquisa realizada em Florianópolis (SABOYA; VARGAS; NETTO, 2017) revela a existência de 
correlação negativa entre o movimento de pedestres e usos residenciais. Por sua vez, os resultados do 
trabalho de Netto, Vargas e Saboya (2012) revelam a existência de correlações positivas entre o movimento 
de pedestres, as atividades estacionárias e a diversidade de usos nos térreos (residencial, comércio, serviços e 
institucional), o que é corroborado pela correlação positiva entre diversidade de usos e movimento de 
pedestres revelada por outra pesquisa (SABOYA; VARGAS; NETTO, 2017). Essa diversidade de usos 
tende a aumentar em quadras com maior proporção de edificações no limite do lote, conforme outro estudo 
realizado em Florianópolis (KRETZER; SABOYA, 2020). Em trabalho realizado na Baía de São Francisco 
(CERVERO; DUNCAN, 2003) com base no banco de dados da cidade com informações acerca das 
atividades diárias de pessoas residentes em 15.066 domicílios selecionados aleatoriamente, evidencia-se que 
ambientes de uso misto com serviços de varejo induzem significativamente à caminhada. Adicionalmente, o 
uso tende a ser otimizado em quadras com densidade acima de 10 lojas em 100 m de rua em estudo realizado 
em Caxias do Sul (FIGUEIREDO, 2018). Nesse sentido, estudos realizados em cidades inglesas revelam a 
necessidade de, pelo menos, 11 fachadas ativas em 100 m (MONTGOMERY, 1998), coincidindo com 
estudo realizado em Boston, onde a existência de 11 ou mais térreos destinados a cafés, restaurantes, bares e 
lojas como floricultura e livraria, e a serviços que atendam às necessidades diárias ou semanais (p. ex., loja 
de conveniência, lavanderia) (MEHTA, 2009) contribui para a otimização do uso nas quadras. Por sua vez, 
estudos realizados em Copenhagen, Changsha (China), Middlesbrough (Reino Unido) e Nova York indicam 
o mínimo de 15 lojas para que tal uso seja otimizado (GEHL, 2010). 
A importância dos efeitos gerados por edificações com diferentes recuos frontais, níveis de permeabilidade e 
usos nos térreos para a existência de atividades nos espaços abertos também se deve ao fato de que as 
pessoas tendem a ser atraídas por lugares com presença de outras pessoas e a evitar locais vazios (GEHL; 
KAEFER; REIGSTAD, 2006; GEHL, 2010; JACOBS, 2011). Contudo, edificações recuadas com atividades 
nos térreos que pouco ou nada contribuem para os usos dos espaços abertos públicos e com baixo nível de 
permeabilidade visual e funcional continuam a ser construídas em várias cidades, em diversos países. Dessa 
forma, é importante a produção de novas evidências acerca dos efeitos que edificações com diferentes recuos 
frontais, níveis de permeabilidade visual e funcional, e atividades nos térreos causam no uso dos espaços 
abertos públicos. Soma-se a isso a necessidade de haver melhor identificação e quantificação das atividades 
necessárias e opcionais, em movimento e estacionárias, a partir de observações de pedestres em vários dias 
da semana, de maneira a reduzir os efeitos de possíveis alterações pontuais no uso dos espaços abertos 
públicos. Com base na categorização de atividades concebida por Gehl (2009), as atividades necessárias são 
aquelas desenvolvidas por obrigação e são menos dependentes das características ambientais, enquanto as 
atividades opcionais ocorrem voluntariamente, pelo desejo das pessoas, e dependem das condições 
favoráveis do ambiente. 
Assim, o objetivo deste artigo é investigar os efeitos de edificações com diferentes recuos frontais, níveis de 
permeabilidade visual e funcional, e usos nos térreos, na intensidade de atividades opcionais e necessárias, 
em movimento e estacionárias, nos espaços abertos públicos. 
Método 
A área de estudo está localizada no Bairro Cidade Baixa, Porto Alegre, RS, e foi escolhida em razão da 
existência de atividades opcionais e necessárias nas ruas e em razão de seu uso misto. Ainda, esse bairro está 
próximo do Centro Histórico e, principalmente, do Campus Centro da Universidade Federal do Rio Grande 
do Sul (UFRGS) (Figura 1). O bairro possui 16.522 habitantes, distribuídos em 8.892 domicílios, em uma 
área de 79 ha, com densidade demográfica de 209,14 hab., a segunda maior da cidade. Adicionalmente, no 
Bairro Cidade Baixa predominam domicílios particulares permanentes com renda entre 2 e 5 salários 
mínimos (2.770 – 31,15%), seguido daqueles com renda entre 5 e 10 salários mínimos (2.598 – 29,23%) 
(INSTITUTO..., 2010). 
Assim, para atender ao objetivo deste trabalho, foram selecionadas sete quadras nesse bairro com base nos 
seguintes parâmetros: 
(a) predominância de edificações no alinhamento frontal do lote e de edificações recuadas em relação a ele 
(máximo de 6 m, conforme o existente); e 
(b) térreos das edificações com usos predominantemente residencial e não residencial (Tabela 1, Figura 2). 
Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 22, n. 1, p. 49-70, jan./mar. 2022. 
 
Knapp, C.; Silva, G. C. da; Reis, A. T. da L. 52 
Figura 1 - Localização do Bairro Cidade Baixa e seu entorno 
 
Fonte: adaptado de Open Street Maps (2020). 
Ainda, o uso não residencial é caracterizado por pelo menos 25% de comércios e serviços (Tabela 1). 
Levantamentos físicos foram realizados nas quadras selecionadas, por meio do Google Street View, visando 
ao registro das seguintes variáveis: 
(a) tipos de usos dos pavimentos térreos (residencial, comercial e de serviço, garagem/estacionamento e 
sem uso); 
(b) comprimento total da quadra, das interfaces no alinhamento e recuadas; 
(c) número de edificações (total da quadra, no alinhamento e recuadas); 
(d) permeabilidade visual (comprimento de janelas, vitrines e portas de vidro que possibilitem a 
visualização da rua); e 
(e) permeabilidade funcional (número de acessos para pedestres às edificações) (Tabela 1). 
A quadra na Rua Leão XIII é formada por três segmentos, enquanto a quadra na Rua Sofia Veloso é formada 
por dois segmentos (Figura2). 
Em razão dos diferentes comprimentos das quadras, os usos dos pavimentos térreos e os níveis de 
permeabilidade visual e funcional foram identificados através de taxas, calculadas conforme segue: 
(a) taxa de permeabilidade visual: divisão do comprimento total de áreas transparentes nos térreos em 
ambos os lados da quadra pela soma dos comprimentos dos limites frontais dos lotes nos dois lados da 
quadra; 
(b) taxa de permeabilidade funcional: divisão da quantidade total de acessos para pedestres nos dois lados 
da quadra pela soma dos comprimentos dos limites frontais dos lotes nos dois lados da quadra; e 
(c) taxa de usos dos térreos: divisão da quantidade de cada tipo de uso no térreo pela soma dos 
comprimentos dos limites frontais dos lotes nos dois lados da quadra. 
 
 
 
Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 22, n. 1, p. 49-70, jan./mar. 2022. 
 
Atividades nos espaços abertos públicos: edificações com diferentes recuos frontais, níveis de permeabilidade e usos 53 
Tabela 1 - Características das edificações e interfaces das sete quadras selecionadas 
Características  das  quadras 
Tv.  dos  
Venezianos 
(1) 
Rua  
Leão  
XIII   
(2) 
Rua  
Joaquim  
Nabuco   
(3) 
Rua  
Sofia   
Veloso   
(4) 
Tv.  do  
Carmo   
(5) 
Rua  
João  
Alfredo1   
(6) 
Rua  da  
República2   
(7) 
Comprimento  da  quadra  
medida  no  eixo  (metros) 64,67  m 132,65  m 278,06  m 215,30  m 221,06  m 149,04  m 204,81  m 
Ti
po
s  d
e  
re
cu
os
 
Térreos  no  alinhamento  
do  lote  (metros) 
129,32  m 
(100%)   
265,31  m 
(100%)   
221,50  m4  
(39,86%) 0 438,32  m 
(99,03%) 
276,52  m 
(92,94%) 
378,22  m 
(92,36%)   
Térreos  no  alinhamento  
do  lote  (unidade) 
18  un 
(100%) 
11  un 
(100%) 
24  un 
(42,86%)  0 30  un 
(96,77%) 
33  un 
(91,67%) 
35  un 
(94,60%) 
Taxa  edificações  no  
alinhamento 1,00000 1,00000 0,39863 0 0,99031 0,92940 0,92359 
Térreos  recuados  do  
alinhamento  do  lote  
(máximo  6,00  m)  
(metros) 
0 0 334,15  m  
(60,14%)   
431,92  m 
(100%) 
4,28  m 
(0,97%) 
21,00  m 
(7,06%) 
31,29  m 
(7,64%) 
Térreos  recuados  do  
alinhamento  do  lote  
(máximo  6,00  m)  
(unidade) 
0 0 32  un 
(57,14%) 
39  un 
(100%) 
1  un 
(3,22%) 
2  un 
(8,33%) 
2  un 
(5,40%) 
Taxa  edificações  
recuadas 0 0 0,60136 1,00000 0,00967 0,07058 0,07641 
U
so
  n
os
  té
rre
os
3 
Re
sid
en
-c
ia
l Total  térreos  uso  
residencial  (unidade) 
12  un 
(66,67%) 
11  un 
(91,67%) 
27  un  
(46,55%) 
32  un 
(82,05%) 
10  un  
(30,30%) 
6  un 
(16,67%) 
11  un 
(23,91%) 
Taxa  uso  residencial 0,0927 0,0414 0,0485 0,0740 0,0225 0,0201 0,0268 
N
ão
  re
sid
en
ci
al
 
Total  térreos  uso  
comércio  e  serviço56  
(unidade) 
5  un 
(83,33%) 
1  un 
(100%) 
15  un 
(48,39%) 
7  un 
(100%) 
16  un 
(69,56%) 
19  un  
(63,33%) 
29  un 
(82,86%) 
Taxa  uso  comércio  e  
serviço 0,0386 0,0037 0,0269 0,0162 0,0361 0,0638 0,0708 
Total  térreos  uso  
garagem5/  
estacionamento  
(unidade) 
0 0 6  un 
(19,35%) 0 1  un 
(4,35%) 
1  un 
(3,33%) 
4  un 
(11,43%) 
Taxa  uso  garagem/  
estacionamento 0 0 0,0107 0 0,0022 0,0033 0,0097 
Total  térreos  sem  
uso5  (unidade) 
1  un 
(16,67%) 0 10  un 
(32,26%) 0 6  un 
(26,09%) 
10  un 
(33,34%) 
2  un 
(5,71%) 
Taxa  térreos  sem  uso 0,0077 0 0,0179 0 0,0135 0,0336 0,0048 
Total  térreos  uso  não  
residencial  (unidade) 
6  un  
(33,33%) 
1  un  
(8,33%) 
31  un  
(53,45%) 
7  un  
(17,95%) 
23  un  
(69,7%) 
30  un  
(83,33%) 
35  un  
(76,09%) 
Número  de  lojas,  
mercadinhos,  cafés,  
bares  e  restaurantes  
a  cada  100  m  de  
quadra  (unidade) 
7,73  ≈  8  un 0,75  ≈  1  
un 3,60  ≈  4  un 0,46  un 1,36  ≈  1  
un 
2,01  ≈  2  
un 
9,77  ≈  10  
un 
Pe
rm
ea
bi
lid
ad
e 
P.  Visual  –  Comprimento  
de  áreas  transparentes  
(metros) 
23,43  m  
(18,11%) 
113,20  m  
(42,67%) 
120,71  m  
(27,72%) 
81,79  m  
(18,93%) 
80,81  m  
(18,28%) 
35,66  m  
(11,96%) 
129,44  m  
(31,60%) 
Taxa  P.  Visual 0,1811 0,4267 0,2171 0,1899 0,1828 0,1196 0,3160 
P.  Funcional  =  N°  de  
acesso  (unidade) 16  un 14  un 67  un 44  un 38  un 56  un 63  un 
Taxa  P.  Funcional 0,1237 0,0528 0,1206 0,1019 0,0859 0,1882 0,1538 
N°  de  portas  a  cada  100  
m  (unidade) 12  un 5  un 12  un 10  un 8  un 18  un 15  un 
Soma  de  taxas  (P.  Visual  
e  P.  Funcional) 0,3049 0,4794 0,3376 0,2918 0,2686 0,3078 0,4698 
Nota: não foram encontradas quadras no Bairro Cidade Baixa que apresentassem edificações predominantemente 
recuadas com uso não residencial; 1- trata-se de quadra com bares abertos a partir das 22h; 2- trata-se de quadra com 
bares e cafés abertos nos turnos da manhã, tarde e noite; 3- a quantidade de usos nos térreos se refere ao número de 
usos diferentes nos térreos, podendo haver em uma mesma edificação mais de um uso; 4- dos 221,50 m de interfaces no 
alinhamento na Rua Joaquim Nabuco, 52,00 m (23,48%) correspondem a muros; 5- o total de térreos destinados a 
serviços e comércios, garagem/estacionamento e sem uso são calculados sobre o valor total dos usos não residenciais; 6- 
os térreos de uso comércio e serviço são lojas, mercadinhos, cafés, bares, restaurantes, farmácia, cuidados com a saúde 
bem-estar, creche, lavanderia, imobiliária/assessorias, serviços partidários, espaço religioso, cuidados com pets, 
serviços de conserto, serviços de segurança, serviços comunitários, serviços de lazer/turismo e serviços de tatuagem. 
 
Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 22, n. 1, p. 49-70, jan./mar. 2022. 
 
Knapp, C.; Silva, G. C. da; Reis, A. T. da L. 54 
Figura 2 - Quadras selecionadas no Bairro Cidade Baixa 
 
Fonte: adaptado de Google My Maps (2020). 
Observações comportamentais foram realizadas com o intuito de relacionar as atividades dos diferentes 
usuários com as características das quadras selecionadas quanto aos diferentes recuos, níveis de 
permeabilidade visual e funcional, e usos nos térreos. Essas atividades foram observadas em todas as 
quadras selecionadas (Figura 2) de 11 a 17 de janeiro de 2018, alternando a ordem de início e fim das 
observações dentro dos períodos definidos com base nos horários de maior movimento de pessoas na rua, 
nomeadamente das 12h30 às 14h (período diurno) e das 18h30 às 20h (período noturno). O registro das 
atividades em cada quadra foi realizado simultaneamente por duas pesquisadoras, uma partindo da 
extremidade de uma das calçadas na quadra e outra partindo da extremidade da calçada oposta, filmando 
com o celular os pedestres que passavam ou que eram ultrapassadas pelas pesquisadoras durante o percurso. 
Para percorrer e registrar as atividades em 100 m de um lado da quadra foi necessário aproximadamente 1 
min e 30 s, o que equivale a 3 min para um único pesquisador percorrer 200 m ou os dois lados de uma 
quadra com 100 m. Posteriormente, as atividades registradas nos vídeos foram passadas para um mapa 
comportamental (Figuras 3 e 4). 
A quantificação das atividades em opcionais e necessárias, em movimento e estacionárias, em pé e sentadas 
foi obtida por meio de taxas calculadas com base na divisão da quantidade dessas atividades em cada quadra 
(durante o dia e durante a noite) pelo comprimento do eixo da quadra. As atividades identificadas como 
opcionais, fundamentalmente, foram: 
(a) passear com cachorro; 
(b) fazer atividade física; 
(c) conversar com outras pessoas; 
(d) olhar vitrines; 
(e) sentar-se nas cadeiras de restaurantes/bares/cafeterias localizadas na calçada; 
Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 22, n. 1, p. 49-70, jan./mar. 2022. 
 
Atividades nos espaços abertos públicos: edificações com diferentes recuos frontais, níveis de permeabilidade e usos 55 
(f) sentar-se na frente das residências para tomar chimarrão; 
(g) crianças brincando; e 
(h) crianças passeando acompanhadas de adultos. 
Por sua vez, as atividades identificadas como necessárias, essencialmente, foram: 
(a) caminhar com sacolas de compras ou com mochila; 
(b) caminharvestindo roupa formal (p. ex., terno); 
(c) estar em parada de ônibus; 
(d) estar em fila de restaurante; 
(e) entregar comida/bebida; 
(f) fazer a segurança de algum estabelecimento; 
(g) atender clientes sentados nas mesas na calçada (garçons); e 
(h) crianças indo para a escola (de mochila e acompanhadas de adulto). 
Figura 3 - Mapas comportamentais da quadra na Rua da República 
 
(a) Rua da República – turno diurno 
 
(b) Rua da República – turno noturno 
Figura 4 - Mapas comportamentais da quadra na Rua Sofia Veloso 
 
(a) Rua Sofia Veloso – turno diurno 
 
(b) Rua Sofia Veloso – turno noturno 
Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 22, n. 1, p. 49-70, jan./mar. 2022. 
 
Knapp, C.; Silva, G. C. da; Reis, A. T. da L. 56 
Adicionalmente, foram aplicados questionários entre os dias 20 de abril e 12 de maio de 2018 para 
moradores das quadras selecionadas (Figura 2), totalizando 194 respondentes (Tabela 2), que foram 
contatados: 
(a) pessoalmente, nos trechos das quadras escolhidas, onde responderam ao questionário impresso, 
fornecido pelos pesquisadores, ou informaram seus endereços eletrônicos, para os quais foi encaminhada 
uma carta apresentando a pesquisa, com orientações sobre como completar o questionário on-line através do 
programa LimeSurvey; e 
(b) através de uma carta de apresentação impressa depositada nas caixas de correspondência das edificações 
residenciais nos trechos de quadras escolhidas para as análises. 
As respostas dos questionários impressos foram transferidas para o LimeSurvey pelos pesquisadores. 
Os dados dos questionários no LimeSurvey foram transferidos diretamente para o programa estatístico 
SPSS/PC e analisados através de frequências e tabulação cruzada (teste estatístico não paramétrico, valor de 
Phi),   tal   como   na   verificação   da   existência   de   relação   estatisticamente   significativa   entre   o   “desejo   de  
transitar  ou  não  na  quadra  onde  mora  caso  não  morasse  nela”  e  as  sete  quadras,  e  o  “desejo  de  transitar  ou  
não  na  quadra  onde  mora  caso  não  morasse  nela”  e  as  justificativas  apresentadas.  As  taxas  obtidas  através  
das observações de comportamento foram correlacionadas (teste de correlação paramétrico de Pearson) com 
as taxas de características das quadras obtidas através do levantamento físico, tal como a verificação da 
existência de correlação entre taxa de atividades opcionais e taxa de permeabilidade visual, e entre taxa de 
atividades necessárias e taxa de permeabilidade funcional. Ainda, foram consideradas para esta pesquisa as 
justificativas citadas por pelo menos 30% dos respondentes dos questionários em cada trecho de quadra. 
Resultados 
Atividades diurnas: edificações com diferentes recuos frontais, níveis de 
permeabilidade e usos 
Atividades opcionais em movimento 
Conforme as atividades observadas, a maior taxa de atividades opcionais em movimento diurnas está na 
quadra na Rua da República (0,6982; Figuras 3a e 5), seguida pela quadra na Rua João Alfredo (0,4831), 
enquanto a menor está na quadra na Rua Leão XIII (0,0226), seguida pelas taxas na quadra da Rua Joaquim 
Nabuco (0,0683) e na Travessa dos Venezianos (0,0773). As taxas de atividades opcionais em movimento 
diurnas estão correlacionadas à taxa de permeabilidade funcional (teste de Pearson; Tabela 3) e, logo, 
tendem a aumentar na medida em que essa taxa aumenta. 
Assim, a quadra da Rua da República possui a segunda maior taxa de permeabilidade funcional (0,1538, 15 
acessos em 100 m de um lado ou 7,5 acessos em cada lado da quadra com 50 m) e a maior quantidade de 
movimento de pessoas em atividades opcionais na quadra durante o dia (Figura 5). Embora não existam 
correlações entre as taxas de atividades opcionais em movimento diurnas e as taxas de permeabilidade 
visual, está nessa quadra a segunda maior taxa de permeabilidade visual (0,3160 – 31,6 m de transparência 
em 100 m de um lado ou 15,8 m em cada lado da quadra com 50 m). Na quadra da Rua João Alfredo está a 
maior taxa de permeabilidade funcional (0,1882 – 18 acessos em 100 m de um lado da quadra), 
consequência da presença da segunda maior taxa de edificações (0,1208 – 12 em 100 m de um lado da 
quadra). Ainda, esta quadra apresenta a terceira maior taxa de permeabilidades visual e funcional somadas 
(0,3078), embora possua a menor taxa de permeabilidade visual (0,1196) (Figura 5). 
Tabela 2 - Caracterização da amostra de respondentes – moradores das sete quadras 
 
Tv.  dos  
Venezianos 
4 (100%) 
Rua Leão 
XIII 
33 
(100%) 
Rua 
Joaquim 
Nabuco 
30 (100%) 
Rua Sofia 
Veloso 
32 
(100%) 
Tv. do 
Carmo 
32 
(100%) 
Rua João 
Alfredo 
30 
(100%) 
Rua da 
República 
33 
(100%) 
Gênero 
Feminino 1 (25) 14 (42,4) 16 (53,3) 14 (43,8) 18 (56,3) 21 (70) 19 (57,6) 
Masculino 3 (75) 19 (57,6) 14 (46,7) 18 (56,3) 14 (43,8) 9 (30) 14 (42,4) 
Faixa Etária 
Entre 18 e 30 anos 1 (25) 11 (33,3) 5 (16,7) 10 (31,3) 5 (15,6) 9 (30) 4 (12,1) 
Entre 31 e 65 anos 3 (75) 18 (54,5) 14 (46,7) 14 (43,8) 21 (65,6) 19 (63,3) 23 (69,7) 
Mais de 65 anos 0 4 (12,1) 11 (36,7) 8 (25) 6 (18,8) 2 (6,7) 6 (18,2) 
Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 22, n. 1, p. 49-70, jan./mar. 2022. 
 
Atividades nos espaços abertos públicos: edificações com diferentes recuos frontais, níveis de permeabilidade e usos 57 
Figura 5 - Taxas de atividades opcionais e necessárias diurnas nas quadras, níveis de permeabilidade e 
usos nos térreos 
 
Tabela 3 - Correlações entre atividades nas quadras e taxas de permeabilidades e usos nos térreos 
(teste de Pearson) 
Taxas Teste de 
Pearson 
Opcionais Necessárias 
Em 
mov. 
Estacionárias Em 
mov. 
Estacionárias 
Somatório Em 
pé Sentada Somatório Em 
pé Sentada 
Turno diurno 
Permeabi-
lidade 
funcional 
Coef. 0,765 - - - - 0,801 0,779 0,814 
Sig. 0,045 - - - - 0,030 0,039 0,026 
Uso 
comercial
/ serviços 
Coef. - 0,838 0,770 0,831 - - - - 
Sig. - 0,019 0,043 0,020 - - - - 
Turno noturno 
Uso 
comercial
/ serviços 
Coef. 0,899 0,859 0,941 0,837 0,842 0,864 0,853 0,818 
Sig. 0,006 0,013 0,002 0,019 0,018 0,012 0,015 0,025 
Nota: Legenda: 
- inexistência de correlações; e 
mov.= movimento. 
Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 22, n. 1, p. 49-70, jan./mar. 2022. 
 
Knapp, C.; Silva, G. C. da; Reis, A. T. da L. 58 
Por outro lado, na quadra na Rua Leão XIII está a menor taxa de permeabilidade funcional (0,0528 - 5 
acessos a cada 100 m), refletindo a existência da menor taxa de edificações (0,041; 4,1 em 100 m), embora 
as taxas de permeabilidade visual (0,4267) e de permeabilidade visual e funcional somadas (0,4794) sejam 
as maiores (Figura 5). Na quadra na Rua Joaquim Nabuco está a quarta maior taxa de permeabilidade 
funcional (0,1206 – 12 acessos a cada 100 m), a terceira maior taxa de permeabilidade visual (0,2171), e o 
quarto menor somatório das taxas de permeabilidade visual e funcional (0,3376). Por sua vez, a Travessa dos 
Venezianos possui a terceira maior taxa de permeabilidade funcional (0,1237 – 12 acessos em 100 m), a 
segunda menor taxa de permeabilidade visual (0,1811) e a terceira menor soma da taxa de permeabilidade 
visual e funcional (0,3049) (Figura 5). 
Atividades opcionais estacionárias 
A maior taxa de atividades opcionais estacionárias em pé diurnas está na quadra da Rua da República 
(0,2051), seguida pela taxa na Travessa do Carmo (0,1131), enquanto não foi observado tal tipo de atividade 
na Travessa dos Venezianos e quase não foi observada nas quadras na Rua Leão XIII (0,0151) e na Rua 
Sofia Veloso (0,0186; Figuras 4a e 5). A maior taxa de atividades opcionais estacionárias sentadas também 
está na quadra na Rua da República (0,5126), sendo muito maior que a segunda maior taxa (0,0537) na 
quadra na Rua João Alfredo, não tendo sido observado esse tipo de atividade na Rua Sofia Veloso, e 
praticamente também não na quadra na Rua Joaquim Nabuco (0,0036). Assim, na quadra na Rua da 
República está a maior taxa de atividades opcionais estacionárias(em pé e sentadas somadas; 0,7177), muito 
maior do que o valor da segunda maior taxa (0,1409), na quadra na Rua João Alfredo e da terceira maior 
taxa, na Travessa do Carmo (0,1402), enquanto os menores valores estão na Travessa dos Venezianos 
(0,0155) e na quadra na Rua Sofia Veloso (0,0186) (Figura 5). 
As taxas de atividades opcionais estacionárias diurnas somadas estão correlacionadas (Teste Pearson, Tabela 
3) ao uso comercial/serviços nos térreos e, portanto, tendem a aumentar conforme aumenta a quantidade de 
térreos com comércio e serviços na quadra. Assim, considerando as quadras com as maiores taxas de 
atividades opcionais estacionárias em pé diurnas, verifica-se que a quadra na Rua da República possui uso 
predominantemente não residencial (35 un – 76,09%) e uma taxa de uso comercial e de serviços (0,0708) 
bem maior do que nas outras quadras (Tabela 1, Figura 5). Ainda, nessa quadra está a maior diversidade de 
usos nos térreos, registrando o segundo maior percentual de bares, restaurantes e cafeterias (13 un – 28,26%) 
e o maior percentual de mercado/lojas (7 un – 15,22%), atividades estas que tendem a ser atratores 
importantes de pessoas. Essa quadra também possui um conjunto de outros usos comerciais e de serviços 
(farmácia/lavanderia – 3 un – 6,52%; cuidados com a saúde e o bem-estar – 3 un – 6,52%; creche – 2 un – 
4,35%; imobiliária/assessorias – 1 un – 2,17%) e um uso residencial (11 un – 23,91%) muito menor do que 
os usos comerciais e de serviços, e cuja taxa é a terceira menor (0,0268) entre as sete quadras investigadas. 
Adicionalmente, essa quadra apresenta alto valor (0,0708/0,0048= 14,75) resultante da divisão entre a taxa 
de comércio e serviço e a taxa de térreos sem usos (Tabela 1). A Travessa do Carmo também tem uso 
predominantemente não residencial (23 un – 69,7%) e a terceira maior taxa de uso comercial e de serviços 
(0,0361). Embora apenas uma (1 un – 3,03%) atividade nos térreos das edificações nesta travessa esteja na 
categoria bar/restaurante/cafeteria, há um conjunto de outras atividades que explicam a terceira maior taxa 
de uso comercial e de serviços (0,0361), nomeadamente imobiliária/assessorias (4 un – 12,12%); serviços 
partidários (3 un – 9,09%); mercado/loja (2 un – 6,06%); serviços comunitários e de lazer/turismo (2 un – 
6,06%); creche (1 un – 3,03%); serviços de conserto e segurança (1 un – 3,03%); espaço religioso (1 un – 
3,03%); e serviços de tatuagem (1 un – 3,03%). Ainda, existe um claro predomínio desses usos sobre o uso 
residencial (10 un – 30,30%), cuja taxa é a segunda menor (0,0225) (Figura 5). 
Com relação às quadras com as menores taxas de atividades opcionais estacionárias em pé diurnas, a 
Travessa dos Venezianos possui uso predominantemente residencial (12 un – 66,67%), cuja taxa é a maior 
(0,0927) entre as sete quadras (Tabela 1, Figura 5). Embora a Travessa dos Venezianos apresente a segunda 
maior taxa de uso comercial e de serviços (0,0386) e possua o maior percentual de 
bares/restaurantes/cafeterias (5 un – 27,78%), há pouca presença de pessoas durante o dia devido ao fato de 
os estabelecimentos abrirem suas portas no período da noite. A quadra na Rua Leão XIII possui quase que 
exclusivamente uso residencial dominante (11 un – 91,67%; taxa = 0,0414), a menor taxa de uso comercial e 
de serviços (0,0037), e apenas uma atividade (1 un – 8,33%) desse tipo (na categoria 
bar/restaurante/cafeteria). A quadra na Rua Sofia Veloso também possui o claro predomínio do uso 
residencial (32 un – 82,05%), cuja taxa é a segunda maior (0,0740), enquanto a taxa de usos comerciais e de 
serviços é a segunda menor (0,0162), incluindo térreos com usos voltados para cuidados com a saúde e o 
Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 22, n. 1, p. 49-70, jan./mar. 2022. 
 
Atividades nos espaços abertos públicos: edificações com diferentes recuos frontais, níveis de permeabilidade e usos 59 
bem-estar (2 – 5,15%), e com os demais usos com uma única ocorrência cada (2,56%): 
bar/restaurante/cafeteria, farmácia/lavanderia, creche, cuidados com pets e serviços de conserto e segurança. 
Considerando as quadras com as maiores taxas de atividades opcionais estacionárias sentadas diurnas, além 
da quadra na Rua da República, a quadra na Rua João Alfredo possui visível predomínio de uso não 
residencial (30 un – 83,33%), com a menor taxa de uso residencial (0,0201; uso residencial em apenas 6 
térreos – 16,22%) (Tabela 1, Figura 5). Por outro lado, nessa quadra está a terceira menor taxa de uso 
comercial e de serviços (0,0201), incluindo os seguintes usos nos térreos: bar/restaurante/cafeteria (3 un – 
8,11%); creche (1 un – 2,70%); serviços de conserto e segurança (1 un – 2,70%); e espaço religioso (1 un – 
2,70%). Essa pequena taxa se deve ao fato de que não foram considerados no cálculo os usos nos térreos de 
14 casas noturnas, já que esses estabelecimentos estavam fechados nos horários de realização das 
observações de comportamento nessa quadra. Ainda, o fato de o valor resultante da relação entre as taxas de 
comércio e serviço e as taxas de térreos sem usos (0,0201/0,0336 = 0,5982) ser menor do que 1 e bem menor 
que o da quadra na Rua da República (14,75) indica que as atividades opcionais estacionárias sentadas 
diurnas nessa quadra têm pouca relação com os usos comerciais e serviços nos térreos. 
Com relação às quadras com as menores taxas de atividades opcionais estacionárias sentadas diurnas, além 
daquela na Rua Sofia Veloso, a quadra na Rua Joaquim Nabuco possui uso não residencial (31 un – 53,45%) 
um pouco superior ao uso residencial (27 un – 46,55%), a quarta maior taxa de uso comercial e de serviços 
(0,0269) e o terceiro maior percentual de bares, restaurantes e cafeterias (7 un – 12,07%; com recuos e 
calçadas utilizados como áreas para mesas de restaurantes), embora este percentual seja bem menor do que 
nas quadras na Rua da República e na Travessa dos Venezianos (Tabela 1, Figura 5). Ainda, existem outros 
usos comerciais e de serviço na quadra na Rua Joaquim Nabuco, nomeadamente mercado/loja (3 un – 
5,17%), imobiliária/assessorias (2 un – 3,45%), cuidados com a saúde e o bem-estar (1 un – 1,72%), 
cuidados com pets (1 un – 1,72%) e espaço religioso (1 un – 1,72%). Portanto, esses usos comerciais e de 
serviços não tiveram efeito significativo na geração de atividades opcionais estacionárias sentadas diurnas. 
Atividades necessárias em movimento e estacionárias 
Visivelmente, a maior taxa de atividades necessárias em movimento diurnas está na quadra na Rua da 
República (0,6543), seguida pela taxa na quadra na Rua João Alfredo (0,2617), enquanto não existe tal 
atividade na Travessa dos Venezianos e quase não existe na Travessa do Carmo (0,0149) (Figura 5). Por sua 
vez, a maior taxa de atividades necessárias estacionárias em pé diurnas está na quadra na Rua João Alfredo 
(0,3757) seguida da taxa na Rua da República (0,1074), não tendo sido observada tal tipo de atividade na 
Travessa dos Venezianos e, basicamente, também não na quadra na Rua Leão XIII (0,0075). 
Adicionalmente, as duas maiores taxas de atividades necessárias estacionárias sentadas diurnas são muito 
próximas e estão nas quadras na Rua João Alfredo (0,0470) e na Rua da República (0,0439), não tendo sido 
observado esse tipo de atividade na Travessa dos Venezianos (Figura 5). 
Logo, na quadra na Rua João Alfredo está a maior taxa de atividades necessárias estacionárias (em pé e 
sentadas somadas; 0,4227), seguida pela taxa na quadra na Rua da República (0,1514), enquanto esse tipo de 
atividade não foi observado na Travessa dos Venezianos e praticamente não foi observado na quadra na Rua 
Leão XIII (0,0075) (Figura 5). As taxas de atividades necessárias estacionárias somadas, em pé e sentadas 
diurnas, estão correlacionadas à taxa de permeabilidade funcional (teste de Pearson, Tabela 3) e, logo, 
tendem a aumentar à medida que essa taxa aumenta. 
Totais de atividades diurnas na quadra 
Considerando a soma de todas as atividades diurnas (opcionaisem movimento e estacionárias + necessárias 
em movimento e estacionárias) observadas, a quadra na Rua da República é aquela com a maior taxa 
(2,2215 = 222 pessoas em 100 m), quase o dobro da segunda maior taxa (1,3083; quadra na Rua João 
Alfredo), e quase sete vezes a terceira maior taxa (0,3225; Travessa do Carmo) (Figura 6). Por outro lado, a 
Travessa dos Venezianos possui a menor taxa (0,0928), seguida pela taxa na quadra da Rua Leão XIII 
(0,1583) (Figura 6). 
 
 
 
 
Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 22, n. 1, p. 49-70, jan./mar. 2022. 
 
Knapp, C.; Silva, G. C. da; Reis, A. T. da L. 60 
Figura 6 - Taxas do total de atividades observadas no período do dia em cada quadra 
 
Comparando as taxas de atividades diurnas observadas (das 12h30 até as 14h) com o uso da quadra pelo 
morador no período das 12h até as 14h, verifica-se que a quadra Rua da República (aquela com a maior taxa) 
possui apenas o quarto maior uso pelos moradores, enquanto aquelas com o maior trânsito de moradores 
(Travessa do Carmo e Rua Leão XIII) possuem respectivamente a terceira maior e a segunda menor taxa de 
atividades diurnas observadas (Figuras 6 e 7). Ainda, há uma relação estatisticamente significativa (Phi = 
0,295; sig. = 0,010) entre o uso da quadra depois das 12h e até as 14h e a quadra onde o respondente mora, 
com o maior trânsito pelos moradores ocorrendo na Travessa do Carmo (62,5% – 20 de 30), seguida pela 
Rua Leão XIII (45,5% – 15 de 33) e Rua João Alfredo (40% – 12 de 30) (Figura 7). Por outro lado, não 
existe uso da quadra nesse período por moradores da Travessa dos Venezianos, havendo pouco uso pelos 
moradores na Rua Joaquim Nabuco (23,3% – 7 de 30) e na Rua Sofia Veloso (25% – 8 de 32) (Figura 7). 
Logo, os moradores da Rua da República utilizam menos sua quadra nesse período do que os moradores de 
outras três quadras, o que indica que parte expressiva do uso na Rua da República em tal período é explicado 
pela presença de visitantes. 
Com relação ao somatório das atividades opcionais (em movimento e estacionárias) diurnas, a maior taxa 
está na quadra na Rua da República (1,4159), seguida pela taxa na quadra na Rua João Alfredo (0,6240), 
enquanto a menor está na quadra na Rua Leão XIII (0,0528), seguida pela taxa na Travessa dos Venezianos 
(0,0928) (Figura 6). Da mesma forma, está na Rua da República (0,8056) a maior taxa de atividade 
necessária (em movimento e estacionárias somadas) diurna, seguida pela taxa na Rua João Alfredo (0,6843), 
não tendo sido observadas tais atividades na Travessa dos Venezianos, e poucas foram observadas na 
Travessa do Carmo (0,0873), na Rua Leão XIII (0,1055), e na Rua Joaquim Nabuco (0,1259). Também está 
na quadra da Rua da República a maior taxa de atividades em movimento (opcionais e necessárias somadas) 
diurnas (1,3524), quase o dobro da segunda maior taxa, na Rua João Alfredo (0,7447). Por outro lado, a 
menor taxa está na Travessa dos Venezianos (0,0773), seguida pela taxa na Travessa do Carmo (0,1099) e na 
Rua Leão XIII (0,1206) (Figura 6). 
Novamente, na quadra na Rua da República está a maior taxa de atividades estacionárias (opcionais e 
necessárias somadas; 0,8691) diurnas, seguida pela taxa na Rua João Alfredo (0,5636) e na Travessa do 
Carmo (0,2126), enquanto as demais são bem menores, com a menor taxa na Travessa dos Venezianos 
(0,0155), seguida pela taxa na Rua Leão XIII (0,0377) (Figura 6). Com relação ao somatório das atividades 
Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 22, n. 1, p. 49-70, jan./mar. 2022. 
 
Atividades nos espaços abertos públicos: edificações com diferentes recuos frontais, níveis de permeabilidade e usos 61 
estacionárias em pé (opcionais + necessárias) diurnas, está na João Alfredo a maior taxa (0,4629), seguida 
pelas taxas na Rua da República (0,3125) e na Travessa do Carmo (0,1674). Por outro lado, não existe esse 
tipo de atividade na Travessa dos Venezianos e quase não existe na Rua Leão XIII (0,0226). Além disso, na 
quadra na Rua da República também está a maior taxa de atividades estacionárias sentadas (opcionais e 
necessárias somadas) diurnas (0,5566), quase seis vezes a segunda maior taxa (0,1006 na Rua João Alfredo), 
estando na Rua Sofia Veloso a menor taxa (0,0139), seguida pelas taxas na Rua Leão XIII (0,0151) e na 
Travessa dos Venezianos (0,0155) (Figura 6). 
Atividades noturnas: edificações com diferentes recuos frontais, níveis de 
permeabilidade e usos 
Atividades opcionais em movimento 
Claramente, a maior taxa de atividades opcionais em movimento noturnas está na quadra na Rua da 
República (0,8349; Figura 3b), seguida pela quadra na Rua João Alfredo (0,1879), enquanto a menor está na 
quadra na Rua Leão XIII (0,0151), seguida pelas taxas na quadra na Rua Sofia Veloso (0,1393; Figura 4b) e 
na Travessa dos Venezianos (0,1546) (Figura 8). 
Atividades opcionais estacionárias 
A maior taxa de atividades opcionais estacionárias em pé noturnas está na quadra na Rua da República 
(0,3174), seguida pela taxa na Travessa dos Venezianos (0,2010), enquanto a menor está na quadra na Rua 
Sofia Veloso (0,0418), seguida pelas taxas nas quadras na Rua Leão XIII (0,0829) e na Rua João Alfredo 
(0,0872) (Figura 8). 
Figura 7 - Turnos em que o morador mais transita na quadra onde mora 
 
 
 
 
Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 22, n. 1, p. 49-70, jan./mar. 2022. 
 
Knapp, C.; Silva, G. C. da; Reis, A. T. da L. 62 
Figura 8 - Taxas de atividades opcionais e necessárias noturnas nas quadras, níveis de permeabilidade e 
usos nos térreos 
 
A maior taxa de atividades opcionais estacionárias sentadas também está na quadra na Rua da República 
(2,2899), sendo muito maior que a segunda maior taxa (0,1582) na Rua Joaquim Nabuco, enquanto a menor 
está na quadra na Rua Sofia Veloso (0,0093), seguida pelas taxas na quadra na Rua Leão XIII (0,0302) e na 
Travessa do Carmo (0,0317) (Figura 8). 
Assim, na quadra na Rua da República está a maior taxa de atividades opcionais estacionárias (em pé e 
sentadas somadas; 2,6072), muito maior do que o valor da segunda maior taxa (0,2913), na quadra na Rua 
Joaquim Nabuco e da terceira maior taxa na Travessa dos Venezianos (0,2474), enquanto os menores 
valores estão nas quadras na Rua Sofia Veloso (0,0511) e na Rua Leão XIII (0,1131) (Figura 8). 
Atividades necessárias em movimento e estacionárias 
Nitidamente, a maior taxa de atividades necessárias em movimento noturnas está na quadra na Rua da 
República (0,7714), seguida pela quadra na Rua João Alfredo (0,1409), enquanto a menor está na quadra na 
Rua Leão XIII (0,0679), seguida pelas taxas na quadra na Rua Sofia Veloso (0,0743) e na Travessa do 
Carmo (0,0860) (Figura 8). 
A maior taxa de atividades necessárias estacionárias em pé noturnas está na quadra na Rua da República 
(0,1807), seguida pela taxa na Travessa dos Venezianos (0,0928), enquanto a menor está na Travessa do 
Carmo (0,0136), seguida pelas taxas nas quadras na Rua Sofia Veloso (0,0139) e na Rua Leão XIII (0,0226) 
(Figura 8). A maior taxa de atividades necessárias estacionárias sentadas também está na quadra na Rua da 
República (0,1269), sendo muito maior que a segunda maior taxa (0,02013), na quadra na Rua João Alfredo, 
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Atividades nos espaços abertos públicos: edificações com diferentes recuos frontais, níveis de permeabilidade e usos 63 
não tendo sido observado esse tipo de atividade na Rua Leão XIII e na Travessa dos Venezianos e 
praticamente também não na Travessa do Carmo (0,0045) e na quadra na Rua Sofia Veloso (0,0046) (Figura 
8). 
Assim, na quadra na Rua da República está a maior taxa de atividades necessárias estacionárias (em pé e 
sentadas somadas; 0,3076), muito maior do que o valor da segunda maior taxa (0,0928), na Travessa dos 
Venezianos e da terceira maior taxa, na quadra na Rua João Alfredo (0,0805), enquanto os menores valores 
estão na Travessa do Carmo (0,0181) e na Rua Sofia Veloso (0,0186) (Figura 8). Ainda, astaxas de 
atividades opcionais (em movimento e estacionárias) e necessárias (em movimento e estacionárias) noturnas 
estão correlacionadas (teste de Pearson; Tabela 3) à taxa de uso comercial e de serviços nos térreos das 
edificações, e, logo, tendem a aumentar à medida que essa taxa aumenta. 
Totais de atividades noturnas na quadra 
Considerando todas as atividades noturnas (opcionais em movimento e estacionárias, e necessárias em 
movimento e estacionárias somadas) observadas, a maior taxa está na quadra na Rua da República (4,5212), 
sete vezes a segunda maior taxa (0,6366 na Joaquim Nabuco), seguida pelas taxas na Travessa dos 
Venezianos (0,5876) e na Rua João Alfredo (0,5434). Por outro lado, a menor taxa está na quadra da Rua 
Leão XIII (0,2186), seguida pela taxa na Rua Sofia Veloso (0,2833) (Figura 9). 
Comparando as taxas de atividades noturnas observadas (das 18h30 até as 20h) com o uso da quadra pelo 
morador nos períodos depois das 18h e até as 19h e depois das 19h e até as 00h, verifica-se que a quadra na 
Rua da República (aquela com a taxa bem maior que as demais quadras) possui apenas o sétimo (depois das 
18h e até as 19h) e o quarto (depois das 19h e até as 00h) maior uso pelos moradores, e a Rua Joaquim 
Nabuco (aquela com a segunda maior taxa) possui apenas o quinto (depois das 18h e até as 19h) e o sexto 
(depois das 19h e até as 00h) maior uso pelos moradores (Figura 7). Por sua vez, as quadras na Travessa dos 
Venezianos (terceira maior taxa) e na Rua Leão XIII (menor taxa) possuem o maior uso (depois das 18h e 
até as 19h), e a Leão XIII tem o maior uso pelos moradores depois das 19h e até as 00h. 
Figura 9 - Taxas do somatório das atividades observadas no período da noite em cada quadra 
 
 
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Knapp, C.; Silva, G. C. da; Reis, A. T. da L. 64 
Ainda, existe relação estatisticamente significativa (Phi = 0,310; sig. = 0,005) entre o uso da quadra depois 
das 19h e até as 24h e a quadra onde o respondente mora, com o maior trânsito pelos moradores ocorrendo 
na Rua Leão XIII (72,7% – 24 de 33), seguida pela Rua João Alfredo (70% – 21 de 30) e pela Travessa do 
Carmo (62,5% – 20 de 32), e a quadra Rua da República (56,3% – 18 de 33), enquanto o menor trânsito é na 
Rua Sofia Veloso (30% – 9 de 32) (Figura 7). Esses resultados revelam que os moradores da quadra na Rua 
da República utilizam menos sua quadra nesse período do que os moradores de outras três quadras, o que 
indica que parte expressiva do uso na Rua da República é explicado pela presença de visitantes. 
Por sua vez, a maior taxa de atividades opcionais (em movimento e estacionárias somadas) noturnas também 
está na Rua da República (3,4421), quase oito vezes a segunda maior taxa (0,4459), na Rua Joaquim 
Nabuco, seguida pela Travessa dos Venezianos (0,4020), ao passo que a menor está na Rua Leão XIII 
(0,1282), seguida pela taxa na Rua Sofia Veloso (0,1904) (Figura 9). Adicionalmente, está na Rua da 
República a maior taxa de atividades necessárias (em movimento e estacionárias somadas) noturnas 
(1,0790), quase cinco vezes a segunda maior taxa (0,2214), na Rua João Alfredo, seguida pelas taxas na Rua 
Joaquim Nabuco (0,1906) e na Travessa dos Venezianos (0,1855). Por outro lado, as menores taxas estão na 
Rua Leão XIII (0,0905), na Rua Sofia Veloso (0,0929) e na Travessa do Carmo (0,1040) (Figura 9). 
Igualmente, está na quadra na Rua da República a maior taxa de atividades em movimento (opcionais e 
necessárias somadas) noturnas (1,6063), sendo quase cinco vezes a segunda maior taxa (0,3288), na Rua 
João Alfredo, enquanto na Rua Leão XIII está a menor taxa (0,0829), seguida pela taxa na Rua Sofia Veloso 
(0,2137) (Figura 9). 
A maior taxa de atividades estacionárias (opcionais + necessárias) também está na quadra na Rua da 
República (2,9148), quase nove vezes a segunda maior taxa (0,3417), na Rua Joaquim Nabuco, seguida pela 
taxa na Travessa dos Venezianos (0,3402). Na Rua Sofia Veloso está visivelmente a menor taxa (0,0697), 
seguida por aquela na Rua Leão XIII (0,1357) (Figura 9). Ainda, está na Rua da República a maior taxa de 
atividades estacionárias (opcionais + necessárias) em pé (0,4980), seguida pela taxa na Travessa dos 
Venezianos (0,2938), enquanto a menor está na Rua Sofia Veloso (0,0557), seguida por aquela na Rua Leão 
XIII (0,1055) (Figura 9). Adicionalmente, a taxa de atividades estacionárias (opcionais + necessárias) 
sentadas na quadra na Rua da República (2,4168) é quase quinze vezes a segunda maior taxa (0,1654), na 
Rua Joaquim Nabuco, com a menor taxa na Rua Sofia Veloso (0,0139), seguida pelas taxas na Rua Leão 
XIII (0,0302), na Travessa do Carmo (0,0362) e na Travessa dos Venezianos (0,0464) (Figura 9). 
Total de atividades nas quadras 
Considerando o total de atividades na quadra (atividades diurnas e noturnas somadas), a taxa na Rua da 
República (6,7427) é quase quatro vezes a segunda maior taxa (1,8517), na Rua João Alfredo, seguida pelas 
taxas na Rua Joaquim Nabuco (0,8667) e na Travessa do Carmo (0,7704). Por outro lado, a menor taxa está 
na Rua Leão XIII (0,3769), seguida pela Rua Sofia Veloso (0,5666) e pela Travessa dos Venezianos 
(0,6803) (Figura 10). 
Considerando o total de atividades opcionais (diurnas + noturnas), a maior taxa está na quadra na Rua da 
República (4,8581), cinco vezes a segunda maior taxa (0,9460), na Rua João Alfredo, seguida pelas taxas na 
Travessa do Carmo (0,5790) e na Rua Joaquim Nabuco (0,5502) (Figura 10). Por outro lado, a menor taxa 
está na Rua Leão XIII (0,1809), seguida pela taxa na Rua Sofia Veloso (0,3112). A maior taxa de atividades 
necessárias (diurnas + noturnas) também está na quadra na Rua da República (1,8846), seguida pela taxa na 
Rua João Alfredo (0,9057), enquanto a menor está na Travessa dos Venezianos (0,1855), seguida pelas taxas 
na Travessa do Carmo (0,1913), na Rua Leão XIII (0,1960) e na Rua Sofia Veloso (0,2554) (Figura 10). 
Comparando as taxas de atividades opcionais e atividades opcionais realizadas pelos moradores, verifica-se 
similaridade entre as intensidades dessas atividades, com exceção da quadra na Rua Joaquim Nabuco (220% 
– 1º; quarta maior taxa), onde está o maior somatório (220%) de atividades opcionais indicadas pelos 
moradores da quadra e somente a quarta maior taxa de atividades opcionais (Figura 11). Assim, as outras 
quadras mais utilizadas pelos moradores para atividades opcionais também são aquelas com as maiores taxas 
de atividades opcionais, nomeadamente aquelas na Rua da República (212,2% – 2º; maior taxa), na Rua 
João Alfredo (206,6% – 3º; segunda maior taxa) e na Travessa do Carmo (200,1% – 4º; terceira maior taxa), 
enquanto aquelas menos utilizadas pelos moradores também são aquelas com as menores taxas de atividades 
opcionais, especificamente a Rua Sofia Veloso (156,3% – 7º; sexta maior taxa), a Travessa dos Venezianos 
(175% – 6º; quinta maior taxa) e a Rua Leão XIII (193,4% – 5º; menor taxa). Logo, os atributos das quadras 
que atraem os visitantes para atividades opcionais também tendem a atrair seus moradores (Figura 11). 
 
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Atividades nos espaços abertos públicos: edificações com diferentes recuos frontais, níveis de permeabilidade e usos 65 
Figura 10 - Taxas do somatório das atividades observadas em ambos os períodos em cada quadra 
 
Figura 11 - Atividades necessárias e opcionais realizadas nas quadras pelos moradores 
 
Adicionalmente, existe similaridade entre as taxas de atividades necessárias e as atividades necessárias 
realizadas pelos moradores, com exceção da quadra na Travessa do Carmo (225% – 3º; 6º maior; Figura 11), 
onde está o terceiro maior somatório de atividades necessárias indicadas pelos moradores da quadra e 
somente a sexta maior taxa de atividades necessárias (Figura 9). Assim, as demais quadras mais utilizadas 
pelos moradores para atividades necessárias também são aquelascom as maiores taxas de atividades 
necessárias, nomeadamente aquelas na Rua João Alfredo (240% – 1º; segunda maior taxa), na Rua da 
República (239,4% – 2º; maior taxa) e na Joaquim Nabuco (190% – 4º; terceira maior taxa), enquanto 
aquelas menos utilizadas pelos moradores para atividades necessárias também são aquelas com as menores 
Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 22, n. 1, p. 49-70, jan./mar. 2022. 
 
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taxas de atividades necessárias, especificamente, Rua Leão XIII (87,9% – 7º; quinta maior), Travessa dos 
Venezianos (100% – 6º; menor taxa) e Rua Sofia Veloso (187,5% – 5º; quarta maior) (Figura 11). Portanto, 
os usos nos térreos das edificações por comércios e serviços necessários auxiliam na presença de pessoas nas 
quadras, não somente de visitantes, mas também de seus moradores. Adicionalmente, esses resultados 
evidenciam que os períodos de realização das observações foram adequados para captar as principais 
atividades opcionais e necessárias nas quadras. 
Escolha em transitar ou frequentar a quadra caso não morasse nela: 
atividades na quadra, edificações com diferentes recuos frontais, níveis de 
permeabilidade e usos 
Os maiores números de moradores que escolheram transitar por suas quadras caso não morassem nelas estão 
na Rua Joaquim Nabuco (73,3%) e na Rua da República (72,7%), enquanto os menores estão na Rua João 
Alfredo (33,3%) e na Rua Leão XIII (45,5%) (Figura 12). As principais justificativas indicadas pelos 
moradores destas duas quadras revelam a importância da presença de comércio e serviço (Joaquim Nabuco – 
72,7%; Rua da República – 75%), assim como da presença de pessoas (Joaquim Nabuco – 59,1%; Rua da 
República – 83,3%), aspectos diretamente relacionados aos usos dos térreos (Figura 12). Ainda, a 
arborização (facilitada pela largura da calçada, assim como pela existência de recuos) é uma justificativa 
relevante (Joaquim Nabuco – 50%; Rua da República – 79,2%), assim como a própria largura adequada da 
calçada (Joaquim Nabuco – 45,5%; Rua da República – 58,3%), variando entre 4 m e 4,60 m na quadra na 
Rua Joaquim Nabuco e entre 4,5 m e 6,60 m na Rua da República. Por sua vez, a indicação bem mais 
expressiva da distância agradável entre os prédios e a calçada pelos moradores da quadra na Rua da 
República (54,2%) do que na quadra na Rua Joaquim Nabuco (31,8%) reflete o fato de essa quadra possuir 
apenas 39,86% (221,5 m) das interfaces alinhadas junto à calçada e de a quadra na Rua da República possuir 
92,36% (378,22 m) das interfaces alinhadas, e, logo, do fato de essa quadra ser mais atraente para os 
pedestres (Figura 12). 
Por outro lado, os maiores números de moradores que escolheram não transitar por suas quadras caso não 
morassem nelas estão na Rua João Alfredo (66,7%) e na Rua Leão XIII (54,5%), fundamentalmente em 
razão da falta de segurança (João Alfredo - 80%; Leão XIII – 61,1%) (Figura 13), possivelmente em função: 
da Rua Leão XIII ser sem saída e possuir taxas de atividades, assim como aquelas realizadas pelos 
moradores, tanto opcionais quanto necessárias, que estão entre as mais baixas; da atração na quadra da Rua 
João Alfredo de muitos visitantes pelos bares que abrem a partir das 22h, e de pessoas bebendo na rua 
mesmo  antes  desse  horário,  o  que  é  suportado  pela  indicação  da  “presença  de  pessoas  transitando”  por  30%  
daqueles moradores que não desejam transitar nessa quadra. 
Figura 12 - Justificativas para a escolha de transitar na quadra caso não morasse nela 
 
 
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Atividades nos espaços abertos públicos: edificações com diferentes recuos frontais, níveis de permeabilidade e usos 67 
Figura 13 - Justificativas para a escolha de não transitar na quadra caso não morasse nela 
 
Conclusão 
Os resultados revelam que as maiores quantidades de atividades opcionais (em movimento e estacionárias 
somadas), em ambos os turnos, estão em uma quadra (Rua da República) caracterizada pela quase totalidade 
das edificações alinhadas junto à calçada, pelo uso predominantemente não residencial (com a maior 
diversidade de usos), com a segunda maior taxa de permeabilidade visual (0,3160) e funcional (0,1538). Da 
mesma forma, nessa quadra estão as maiores taxas de atividades em movimento durante o dia (opcionais: 
0,6982; necessárias: 0,6543) e durante a noite (opcionais: 0,8349; necessárias: 0,7714), quando somadas as 
atividades opcionais e necessárias ou quando consideradas separadamente. Essas taxas (bem maiores do que 
nas outras quadras) revelam a intensidade das atividades, principalmente durante a noite. Nessa quadra 
também estão as maiores quantidades de atividades estacionárias durante o dia (0,8691) e durante a noite 
(2,9148) quando somadas as atividades opcionais e necessárias. Quando consideradas separadamente as 
atividades opcionais e necessárias, assim como discriminadas as atividades estacionárias (em pé e sentadas), 
verifica-se que todas as atividades opcionais e quase todas as necessárias, independentemente do turno e se 
em pé ou sentadas, são maiores ou bem maiores nessa quadra do que nas demais, com as maiores taxas 
ocorrendo durante a noite. 
Por outro lado, as menores quantidades de atividades opcionais (Rua Leão XIII: diurna – 0,0528; noturna – 
0,1282) podem ser explicadas pelo uso predominantemente residencial (96,67%) e pela menor taxa de 
permeabilidade funcional (0,0528) em relação às outras seis quadras, bem menor do que na quadra da Rua 
da República. Adicionalmente, os resultados para essa quadra evidenciam que uma taxa maior de 
permeabilidade visual (0,4267) e a existência de todas as edificações alinhadas junto à calçada não são 
suficientes para gerar taxas de atividades opcionais expressivas. 
Este estudo também revela, com base nas correlações positivas entre as taxas de permeabilidade funcional e 
de atividades em movimento opcionais e estacionárias necessárias diurnas nas quadras, que a permeabilidade 
funcional apresenta maior potencial em afetar a ocorrência de tais atividades do que a permeabilidade visual. 
Nesse sentido, o fato de uma taxa de permeabilidade funcional de 15 ou mais acessos em 100 m de fachadas 
em um lado da quadra se revelar como adequada para contribuir para a existência dessas atividades nas 
quadras investigadas em Porto Alegre está em consonância com os resultados de estudo realizado em Nova 
York (WHYTE, 1990) acerca da contribuição da existência de pelo menos 13 portas em 100 m de quadra 
para uma maior vitalidade urbana. Ainda, estes resultados vão ao encontro do estudo de Gehl, Kaefer e 
Reigstad (2006), na cidade de Estocolmo, o qual indica que a concentração entre 10 e 20 portas em 100 m de 
fachadas propicia quadras mais atraentes para os deslocamentos a pé. Da mesma forma, o estudo de 
Figueiredo (2018), realizado em Caxias do Sul, demonstra que a presença acima de 10 portas em 100 m de 
quadra possibilita maior concentração de atividades estacionárias nos espaços abertos públicos. 
Adicionalmente, os resultados obtidos estão em sintonia com aqueles do estudo de Lopez (2007), feito em 
ruas comerciais de Madrid, que revelam que a redução da velocidade do pedestre é obtida a partir da 
Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 22, n. 1, p. 49-70, jan./mar. 2022. 
 
Knapp, C.; Silva, G. C. da; Reis, A. T. da L. 68 
existência de 11 a 14 acessos às edificações a cada 100 m de quadra, assim como de um índice de 
permeabilidade visual de aproximadamente 63%. 
Por sua vez, as correlações positivas entre as quantidades de atividades em movimento e estacionárias 
diurnas e noturnas nas quadras e as quantidades de uso comercial e de serviços nos térreos das edificações 
confirmam o potencial desses usos em gerar atividades nos espaços abertos públicos, principalmente 
atividades opcionais estacionárias. Assim, a quadra que registrou o maior número de atividades opcionais 
estacionárias (Rua da República) é tambéma de maior diversidade de uso comercial e de serviços (tais como 
bares, restaurantes, cafés, lojas e mercadinhos). Esses resultados estão em consonância com os de estudos 
realizados em cidades de diferentes países, onde atividades tais como parar na frente de vitrines para olhar o 
interior de uma loja ou ocupar as mesas de bares e cafés dispostas na calçada para apreciar a vida urbana são 
consequência dos usos nos térreos das edificações adjacentes (GEHL, 2010; MEHTA, 2009; GEHL; 
KAEFER; REIGSTAD, 2006). Esses resultados também corroboram aqueles encontrados em outros 
estudos, os quais revelam a existência de correlações positivas entre a diversidade de usos nos térreos e o 
movimento de pedestres na cidade do Rio de Janeiro (NETTO; VARGAS; SABOYA, 2012), de 
Florianópolis (SABOYA; VARGAS; NETTO, 2017), de Nova York (EWING et al., 2015) e de São 
Francisco (CERVERO; DUNCAN, 2003); e condizem com o maior movimento de pedestres também nos 
turnos da manhã e da noite realizado por meio de contagens do movimento de pedestres em Capão da 
Canoa, em quadra cuja taxa de usos comerciais e serviços nos térreos é maior (ANTOCHEVIZ; ARSEGO; 
REIS, 2019). 
Adicionalmente, o fato de haver 10 térreos com usos comerciais (lojas, mercado, bares, cafés e restaurante) 
em 100 m na quadra com a maior quantidade de atividades opcionais (Rua da República), corrobora o 
resultado do estudo realizado em Caxias do Sul sobre a recomendação de uma densidade mínima de 10 lojas 
em 100 m de rua (FIGUEIREDO, 2018). A adequação de tal quantidade de térreos com usos comerciais 
também está em sintonia com estudos em cidades do Reino Unido que indicam pelo menos 11 fachadas 
ativas em 100 m de rua (MONTGOMERY, 1998) e com estudo realizado em Boston (MEHTA, 2009) que 
indica a existência de 11 ou mais térreos em 100 m destinados a cafés, restaurantes, bares e lojas tais como 
floricultura e livraria, e a serviços que atendem a necessidades diárias ou semanais (p.ex., lojas de 
conveniência, lavanderia). Por outro lado, a adequação de referida quantidade de usos comerciais não está 
em sintonia com estudos realizados em Changsha (China), Middlesbrough (Reino Unido), Nova York e 
Copenhagen (GEHL, 2010), que indicam a necessidade de pelo menos 15 lojas em 100 m de quadra para 
que elas contribuam para a otimização do uso nas quadras. 
Além disso, as quadras mais utilizadas para atividades necessárias pelos moradores são caracterizadas pelo 
uso predominantemente não residencial e refletem a intensidade das taxas das atividades necessárias 
observadas nos turnos diurnos e noturnos, evidenciando a contribuição de tal uso para a presença de pessoas 
na quadra, tanto moradores quanto visitantes. 
Também se verificou a importância para a existência de atividades opcionais estacionárias sentadas da 
existência de calçadas com boa largura (não inferiores a 4,5 m) e em bom estado de conservação ao longo da 
quadra, que possibilitam a colocação de mesas e cadeiras por bares e cafés, tal como na quadra na Rua da 
República. Assim, calçadas com tais características podem contribuir para a existência de atividades 
opcionais estacionárias sentadas nas quadras, principalmente durante a noite, atuando como extensões dos 
usos dos térreos das edificações, tais como bares e restaurantes, e, assim, proporcionar um uso que também 
poderia ser possibilitado por pequenos recuos das edificações (de até 6 m). Os resultados também mostram, 
no caso de uma cidade como Porto Alegre, com as quatro estações bem definidas, a relevância da existência 
de vegetação, incluindo árvores de pequeno, médio e grande porte, na faixa de serviço das calçadas, para a 
agradabilidade e o aumento principalmente das atividades opcionais estacionárias na quadra, que dependem 
dos atributos do ambiente construído. Ainda, a existência de comércios e serviços e a presença de pessoas na 
rua revelam a importância desses aspectos para a decisão do morador de querer transitar ou não na quadra 
onde mora além da arborização e da largura da calçada. Por outro lado, a falta de segurança justifica a 
escolha daqueles moradores que escolheram por não transitar por suas quadras e pode ser parcialmente 
explicada em uma das quadras pelas baixas taxas de atividades em uma rua sem saída e, em outra, pela 
expressiva quantidade de pessoas atraídas pelos bares e casas noturnas que abrem a partir das 22h. 
Ainda, as taxas de atividades opcionais e necessárias nas quadras com maior e menor uso diurno e noturno, 
assim como as taxas correlacionadas com essas atividades, nomeadamente as taxas de atividades nos térreos 
das edificações e as taxas de permeabilidade funcional, servem de referência para outros estudos e 
contribuem para o conhecimento existente sobre o tema abordado. 
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Atividades nos espaços abertos públicos: edificações com diferentes recuos frontais, níveis de permeabilidade e usos 69 
Os resultados obtidos neste estudo também contribuem para ressaltar a importância da existência de 
atividades nos espaços abertos públicos para a atração de outras pessoas e, assim, para favorecer a redução 
de roubos a pedestres, principalmente durante a noite, turno com maior ocorrência desse tipo de crime em 
várias cidades, incluindo Porto Alegre (REIS; ELY JUNIOR; EISENHUT, 2019). 
Concluindo, sem ignorar as limitações deste trabalho, por exemplo, com relação à quantidade de diferentes 
quadras analisadas, os resultados obtidos podem contribuir para uma melhor compreensão acerca dos efeitos 
no uso do espaço aberto público, como consequência da existência de edificações recuadas e no alinhamento 
do lote, de seus usos e níveis de permeabilidade visual e funcional nos térreos. Assim, tais resultados podem 
contribuir para o planejamento e desenho urbano, especificamente para o conhecimento acerca do 
posicionamento das edificações e das características de seus térreos, visando à concepção de espaços 
urbanos mais convidativos para o uso pelos pedestres. Todavia, salienta-se a importância da realização de 
novos estudos que tratem de análises de usos de setores urbanos com distintas características arquitetônicas e 
de usos nos térreos, a partir da quantificação dessas características e da percepção dos diferentes usuários do 
espaço aberto público. 
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Chrystiane Knapp 
Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional | Universidade Federal do Rio Grande do Sul | Rua Sarmento Leite, 320, 
Centro | Porto Alegre – RS – Brasil | CEP 90050-170 | Tel.: (+595) 961 705 729 | E-mail: chrys.knapp@gmail.com 
 
Gabriela Costa da Silva 
Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional | Universidade Federal do Rio Grande do Sul | Tel.: (51) 98135-6750 | E-
mail: gs.arq@hotmail.com.br 
 
Antônio Tarcísio da Luz Reis 
Departamento de Arquitetura, Faculdade de Arquitetura | Universidade Federal do Rio Grande do Sul | Rua Sarmento Leite, 320, 5º 
Andar, Sala 510, Centro | Porto Alegre – RS – Brasil | CEP 90050-170 | Tel.: (51) 99215-5810 | E-mail: tarcisio@orion.ufrgs.br 
 
 
 
Ambiente Construído 
Revista da Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído 
Av. Osvaldo Aranha, 99 - 3º andar, Centro 
Porto Alegre – RS - Brasil 
CEP 90035-190 
Telefone: +55 (51) 3308-4084 
www.seer.ufrgs.br/ambienteconstruido 
www.scielo.br/ac 
E-mail: ambienteconstruido@ufrgs.br 
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	Atividades nos espaços abertos públicos: edificações com diferentes recuos frontais, níveis de permeabilidade e usos
	Activities in public open space: buildings with different setbacks, levels of permeability and uses
	Introdução

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