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A processualidade e a 
complexidade da inovação
Vimos ao longo do curso a importância de diferentes dimensões impli-
cadas no processo de inovação, desde o papel da ação criativa, passando 
pelas formas de interação entre os atores, até a relevância do contexto 
social no processo. Logo, uma compreensão ampla e completa da inovação 
depende de um abordagem processual e complexa do fenômeno.
A abordagem processual, pressupõe que o processo de inovação possa 
ser analiticamente segregado em etapas típico-ideais, tal como no estudo 
precursor de Everett Rogers (2003), que o divide em seis principais etapas: 
1) A identificação de uma necessidade ou de um problema que precisa 
de solução; 2) A decisão de fazer a pesquisa (de base ou aplicada) 
para resolver a questão; 3) O desenvolvimento da inovação; 4) A comercialização, 
que compreende a produção e a distribuição do produto/serviço 
que se refere à inovação; 5) A sua adoção e difusão; e 6) As consequências 
da inovação relativas à sua adoção. 
No entanto, a subdivisão em etapas do processo inovador tem 
uma validade puramente analítica, isto é, serve para definir categorias 
e referências típico-ideais para a análise de casos concretos. Ademais, isso 
não significa que o processo de inovação “deve ser pensado exclusivamente 
em termos sequenciais, numa sucessão ordenada e linear de fases, rigi-
damente distintas uma das outras” (RAMELLA, 2020, p.15), conforme afir-
mam alguns modelos lineares. O processo inovador sempre tem relação 
com a criação, a difusão e o uso de novos conhecimentos, que frequen-
temente provêm das experiências dos fornecedores, dos produtores 
e dos utilizadores de certos bens e serviços. 
 
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Neste sentido, a inovação tem uma conotação circular e recorrente. 
As inovações passam por mudanças ao longo do processo, desde a ideia, 
pesquisa, construção, implementação e da valorização econômica das inova-
ções. O que faz com que a dimensão “criativa” perpasse todo o processo 
inovativo. 
Logo, as etapas são instrumentos teóricos que visam à apreensão 
do processo inovativo de maneira mais ampla, capaz de perceber a relevância 
desses outros momentos na construção de uma inovação. Porém, isso não 
quer dizer que todos os processos de inovação passam, necessariamente, 
por todas essas etapas. Mas, essas também não são partes isoladas 
do processo, essas são intrinsecamente articuladas de um todo em constante 
movimento e retroalimentação.
Por outro lado, a noção de complexidade deriva da relação entre 
diferentes atores, em todos os momentos do processo inovativo, na constru-
 
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RAMELLA, Francesco. Sociologia da Inovação Econômica. Porto Alegre: 
Editora da UFRGS, 2020. 
ROGERS, E. M. Diffusion of Innovations – 5th ed., The Free Press, New 
York, 2003.
Referências
ção política, cultural e econômica da inovação. Bem como, da consideração 
sobre o conjunto de atores sociais envolvidos na rede e a forma como esses 
negociam seus interesses e coordenam suas ações em torno das novidades. 
Isto é, o processo de inovação como algo além da construção de 
ambientes favoráveis ao desenvolvimento de novas tecnologias, por meio 
da colaboração e interação de atores produtivos, mas como um processo 
dependente, também, da produção de consensos favoráveis para a aceitação, 
a difusão e a legitimação da novidade. O que pressupõe ir além das empre-
sas, dos institutos de pesquisa e da tecnologia em si e observar, também, os 
processos de aprendizado relacionados às primeiras experiências, as moti-
vações em jogo e os enquadramentos político-culturais que possibilitam a 
emergência e a consolidação dessas iniciativas, assim como os arranjos e 
disputas envolvendo o paradigma dominante.
 
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