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Livro Fisiologia Humana

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Fisiologia 
1 
Fisiologia 
Ludmila Amitrano Mannarino 
1ª
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di
çã
o 
Fisiologia 
 
DIREÇÃO SUPERIOR 
Chanceler Joaquim de Oliveira 
Reitora Marlene Salgado de Oliveira 
Presidente da Mantenedora Wellington Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor de Planejamento e Finanças Wellington Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor de Organização e Desenvolvimento Jefferson Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor Administrativo Wallace Salgado de Oliveira 
Pró-Reitora Acadêmica Jaina dos Santos Mello Ferreira 
Pró-Reitor de Extensão Manuel de Souza Esteves 
 
DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA 
Gerência Nacional do EAD Bruno Mello Ferreira 
Gestor Acadêmico Diogo Pereira da Silva 
 
FICHA TÉCNICA 
Texto: Ludmila Amitrano Mannarino 
Revisão Ortográfica: Rafael Dias de Carvalho Moraes & Christina Corrêa da Fonseca 
Projeto Gráfico e Editoração: Antonia Machado, Eduardo Bordoni, Fabrício Ramos e Victor Narciso 
Supervisão de Materiais Instrucionais: Antonia Machado 
Ilustração: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos 
Capa: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos 
 
COORDENAÇÃO GERAL: 
Departamento de Ensino a Distância 
Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niterói, RJ, CEP 24020-420 www.universo.edu.br 
 
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universo – Campus Niterói 
 
M281f Mannarino Ludmila Amitrano. 
Fisiologia / Ludmila Amitrano Mannarino ; revisão de Rafael 
Dias de Carvalho Moraes e Christina Corrêa da Fonseca. – 1. ed. 
Niterói, RJ: EAD/UNIVERSO, 2014. 
224p. : il. 
 
1. Fisiologia. 2. Homeostase. 3. Fluidos do corpo humano. 4. 
Ensino à distância. I. Moraes, Rafael Dias de Carvalho. II. Fonseca, 
Christina Corrêa da. III. Título. 
CDD 612 
 
Bibliotecária: ELIZABETH FRANCO MARTINS – CRB 7/4990 
 
Informamos que é de única e exclusiva responsabilidade do autor a originalidade desta obra, não se r esponsabilizando a ASOEC 
pelo conteúdo do texto formulado. 
© Departamento de Ensi no a Dist ância - Universidade Salgado de Oliveira 
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma forma 
ou por nenhum meio sem permissão expressa e por escrito da Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura, mantenedor a 
da Univer sidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO). 
Fisiologia 
 
 
Palavra da Reitora 
 
Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo, 
exigente e necessitado de aprendizagem contínua, a Universidade Salgado de 
Oliveira (UNIVERSO) apresenta a UNIVERSO EAD, que reúne os diferentes 
segmentos do ensino a distância na universidade. Nosso programa foi 
desenvolvido segundo as diretrizes do MEC e baseado em experiências do gênero 
bem-sucedidas mundialmente. 
São inúmeras as vantagens de se estudar a distância e somente por meio 
dessa modalidade de ensino são sanadas as dificuldades de tempo e espaço 
presentes nos dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu próprio 
tempo e gerenciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se 
responsável pela própria aprendizagem. 
O ensino a distância complementa os estudos presenciais à medida que 
permite que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo 
momento ligados por ferramentas de interação presentes na Internet através de 
nossa plataforma. 
Além disso, nosso material didático foi desenvolvido por professores 
especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade são 
fundamentais para a perfeita compreensão dos conteúdos. 
A UNIVERSO tem uma história de sucesso no que diz respeito à educação a 
distância. Nossa experiência nos remete ao final da década de 80, com o bem-
sucedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processo 
de atualização, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualização, 
graduação ou pós-graduação. 
Reafirmando seu compromisso com a excelência no ensino e compartilhando 
as novas tendências em educação, a UNIVERSO convida seu alunado a conhecer o 
programa e usufruir das vantagens que o estudar a distância proporciona. 
 
Seja bem-vindo à UNIVERSO EAD! 
Professora Marlene Salgado de Oliveira 
Reitora. 
Fisiologia 
 
4 
Fisiologia 
 
5 
 
 
Sumário 
 
 
Apresentação da disciplina ................................................................................................ 7 
Plano da disciplina .............................................................................................................. 9 
Unidade 1 – Compartimentalização dos Líquidos Corporais e Homeostasia ...... 11 
Unidade 2 – Fisiologia dos Sistemas de Células Excitáveis ...................................... 
Nervosa e Muscular ........................................................................................................... 33 
Unidade 3 – - Fisiologia do Sistema Circulatório......................................................... 75 
Unidade 4 – Fisiologia do Sistema Respiratório .......................................................... 101 
Unidade 5 – Fisiologia do Sistema Renal ...................................................................... 121 
Unidade 6 – Fisiologia do Sistema Digestório ............................................................. 143 
Unidade 7 – Fisiologia do Sistema Endócrino.............................................................. 173 
Considerações finais ........................................................................................................... 213 
Conhecendo a autora ......................................................................................................... 214 
Referências ........................................................................................................................... 215 
Anexos .................................................................................................................................. 217 
Fisiologia 
 
6 
Fisiologia 
 
7 
 
Apresentação da disciplina 
 
Caro aluno, 
Seja bem-vindo a disciplina de fisiologia. Essa disciplina é trabalhada nos 
cursos de conhecimento biomédico e de saúde, pois nos mostra a função e o 
funcionamento do corpo humano e demonstra os mecanismos envolvidos no 
controle desse funcionamento para que seja mantida a condição de saúde. Dessa 
maneira, estaremos trabalhando os conceitos relacionados ao equilíbrio fisiológico. 
A disciplina associa conhecimentos adquiridos em outros conteúdos, 
colocando cada "peça" dessa "engrenagem" maravilhosa, que é nosso corpo, em 
funcionamento. 
Sendo uma palavra de origem grega, physis (natureza) logos (estudo), tem 
uma abrangência muito grande, por isso ela é dividida em seguimentos como: 
celular, vegetal, microbiana, animal, viral e humana. Nosso estudo será baseado na 
fisiologia humana. 
Considerando a variedade de células presentes em nosso organismo, 
podemos reconhecer que elas estão organizadas em diferentes tecidos, e que estes 
estão organizados em órgãos, que estão organizados em sistemas. Se analisarmos 
cuidadosamente iremos perceber que existem vários mecanismos que são 
intrínsecos a função que estas células exercem, e outros que são comuns a todas às 
células, independente da sua função. Em nossos estudos, iremos focar apenas o 
funcionamento e os mecanismos reguladores, baseando-nos na divisão por 
sistemas, sem considerar as diferenças que possam existir entre as suas células, mas 
valorizando as suas semelhanças. 
Fisiologia 
 
8 
 
Com o caminhar de nossos estudos, iremos perceber que os sistemas 
orgânicos trabalham de forma integrada, onde a função de um é fundamental para 
o trabalho do outro. Logo concluiremos que não existe sistemamais importante, e 
que o funcionamento equilibrado é que nos garante o estado de saúde. 
Para maior compreensão, durante a apresentação do conteúdo, serão 
sugeridos leituras adicionais, correlacionadas a outras disciplinas, mas que são de 
suma importância para o entendimento da fisiologia. 
Ludmila Amitrano Mannarino 
Bons estudos! 
Fisiologia 
 
9 
 
Plano da disciplina 
 
 
Os objetivos gerais da disciplina consistem em reconhecer a participação dos 
sistemas corporais na manutenção da saúde, assim como os mecanismos que os 
regem. Para que possa ser obtido o sucesso em nossa proposta, dividiremos o 
estudo em sete unidades, distribuídas da seguinte forma: 
 
Unidade 1 - Compartimentalização dos Líquidos Corporais e Homeostasia 
Serão abordados os conceitos básicos relacionados à organização do nosso 
corpo, para que possamos introduzir a base da fisiologia, que é a homeostasia. 
Objetivo: Reconhecer a participação dos sistemas no equilíbrio dinâmico do 
corpo. 
 
Unidade 2 - Fisiologia dos Sistemas de Células Excitáveis - Nervosa e 
Muscular 
Nessa unidade, abordaremos a geração de correntes elétricas em células 
nervosas e musculares, para correlacionarmos a ocorrência de potenciais de ação 
com o funcionamento desses sistemas. 
Objetivo: Identificar a participação do sistema nervoso como coordenador das 
funções corporais e compreender as diferenças funcionais entres os tipos de 
músculos (estriados e lisos) 
 
Unidade 3 - Fisiologia do Sistema Circulatório 
Utilizando os conhecimentos da anatomia iremos explorar o funcionamento 
cardiovascular e os eventos associados, como ciclo cardíaco, pressão sanguínea, 
fluxo sanguíneo, entre outros. 
Objetivo: Compreender a dinâmica da circulação dos líquidos corporais. 
Fisiologia 
 
10 
Unidade 4 - Fisiologia do Sistema Respiratório 
Também utilizando a organização anatômica desse sistema, iremos estudar os 
mecanismos de ventilação pulmonar e quais são os volumes e capacidades 
respiratórias. Falaremos sobre o transporte de gases pelo sangue e quais são os 
mecanismos de difusão envolvidos. 
Objetivo: Identificar a participação do sistema respiratório na oxigenação do 
sangue e tecidos, assim como a regulação do funcionamento do sistema. 
 
Unidade 5 - Fisiologia do Sistema Renal 
Iremos abordar o sistema renal como parte do sistema excretor, onde faremos 
a correlação com a função deste na manutenção da homeostasia. 
Objetivo: Compreender os processos básicos de troca renal e a participação 
deste sistema no controle da volemia e da diurese. 
 
Unidade 6 - Fisiologia do Sistema Digestório 
O sistema digestório será abordado pela sua divisão anatômica, onde faremos 
uma correlação da histologia e inervação com a função de cada segmento. 
Objetivo: Reconhecer os eventos associados à digestão e absorção para 
obtenção de nutrientes, assim como o processo de defecação. 
 
Unidade 7 - Fisiologia do Sistema Endócrino 
Sendo esse sistema um dos controladores do funcionamento do corpo, 
juntamente com o sistema nervoso, ele será estudado pelas glândulas endócrinas e 
os efeitos de seus hormônios no organismo, assim como os mecanismos de 
controle de secreção endócrina. Será englobada nessa unidade a endocrinologia 
da reprodução feminina e masculina. 
Objetivo: Reconhecer a participação dos hormônios no controle das funções 
celulares e os mecanismos de controle da secreção por feedback, assim como seus 
efeitos sobre o sistema reprodutor. 
Desta forma, prezado aluno, estaremos contribuindo com sua formação 
acadêmica, lembrando que estamos à disposição para auxilia-lo na compreensão 
do conteúdo. 
Fisiologia 
 
11 
 
Compartimentalização 
dos líquidos corporais e 
homeostasia 1 
Fisiologia 
 
12 
Quando estamos saudáveis, significa que os nossos sistemas orgânicos foram 
capazes de sofrer adaptações aos estímulos recebidos. Por exemplo, podemos citar 
as mudanças ocorridas em função da temperatura ambiental, atividade física, 
altitude, jejum prolongado e até mesmo durante a assimilação de novas 
informações. Conforme nos adaptamos aos estímulos ambientais, internos ou 
externos ao corpo, mantemos as condições necessárias para o funcionamento das 
nossas células. Concluímos que independente da localização e da função que a 
célula exerça, ela necessita de um ambiente equilibrado, que atenda as suas 
necessidades de sobrevivência e função. 
Para melhor entendimento da unidade é recomendável que alguns assuntos 
sejam revistos, seguem sugestões: 
 STANFIEL, Cindy L., Fisiologia Humana - 5ª edição. São Paulo: Pearson 
Education do Brasil, 2013. Cap. 2 - A Célula: estrutura e função 
 Guyton & Hall. Tratado de Fisiologia Médica - 12ª edição. Rio de Janeiro: 
Elsevier Editora Ltda., 2011. Cap. 2 - A célula e suas Funções 
 
Objetivos da unidade: 
 Reconhecer os compartimentos corporais e os líquidos que os compõe; 
 Identificar a importância do princípio da eletroneutralidade e da manutenção 
da osmolaridade, entre os compartimentos corporais; 
 Demonstrar a importância dos mecanismos de transporte de membrana 
celular na composição dos líquidos corporais; 
 Identificar o meio interno e a importância da manutenção de sua composição 
física e química; 
 Comprovar que a homeostasia é o principio fundamental da fisiologia; 
 Descrever como ocorre o controle dos sistemas corporais; 
Fisiologia 
 
13 
 
 Comprovar a importância dos ajustes realizados pelos sistemas, mediante os 
estímulos para manutenção da homeostasia; 
 Demonstrar a participação dos sistemas orgânicos na manutenção da 
homeostasia. 
 
Plano da unidade: 
 Líquidos e Compartimentos Corporais 
 Composição dos Líquidos Corporais 
 Movimentação de Substâncias entre os Compartimentos 
 Homeostasia e Processos Homeostáticos 
 Importância dos Processos Homeostáticos 
 Participação dos Principais Sistemas Orgânicos na Manutenção da 
Homeostasia 
 
Bons estudos! 
Fisiologia 
 
14 
 
Líquidos e compartimentos corporais 
 
Sabemos que a água é o principal componente do nosso corpo, 
correspondendo aproximadamente 60% do nosso peso. Esse volume é 
denominado de água corporal total (ACT), e é onde encontram-se dissolvidos 
vários solutos como íons inorgânicos, aminoácidos e proteínas. A ACT está 
distribuída em compartimentos orgânicos, como será descrito a seguir. 
A porção interna do nosso corpo pode ser dividida em dois compartimentos 
preenchidos por líquidos, o intracelular, que possui o líquido intracelular (LIC) e o 
extracelular, com o liquido extracelular (LEC). Quem separa o LIC do LEC é a 
membrana citoplasmática, sendo ela a responsável pela individualidade celular, 
controlando quais e quanto de cada elemento podem entrar ou sair da célula. 
 
Figura 1.1 - Compartimentos intra e extracelular 
Fisiologia 
 
15 
 
O compartimento extracelular é subdividido em outros compartimentos 
importantes, o intersticial (ou intercelular) e o vascular, contendo os líquidos 
intersticial (LIS) e plasmático, respectivamente. A composição desses dois líquidos 
extracelulares é bastante semelhante, pois os capilares, que são os menores e mais 
numerosos vasos sanguíneos, são bastante permeáveis a quase todos os solutos, 
exceto as proteínas e elementos celulares. 
O líquido presente nas câmaras oculares, na cavidade abdominal e entre as 
meninges (liquido cefalorraquidiano), por exemplo, não estão dentro das células, 
nem entre elas e nem no vaso sanguíneo, compondo assim o líquido transcelular, e 
esse compartimento é denominados transcelular. 
Compartimento % do peso corporal 
LIC 30-40 
LEC 
LIS 15-16 
Plasmático3-4 
Transcelular 1-3 
Tabela 1 - Distribuição da ACT (60% peso corporal) 
A análise desses compartimentos permite-nos visualizar que as células do 
nosso corpo encontram-se banhadas pelo LEC, e esse ambiente é denominado de 
meio interno. Ou seja, as condições do meio interno é que devem ser mantidas 
equilibradas para atender as necessidades celulares, seja na composição química 
ou física, pois é ele que oferece à célula os elementos necessários a sua 
sobrevivência e função. 
 
Composição dos líquidos corporais 
 
A composição dos líquidos corporais difere entre si conforme o 
compartimento em que estão localizados, sendo que mantém a mesma 
concentração, em mEq/L, de cargas positivas (cátions) e negativas (ânions), 
Fisiologia 
 
16 
obedecendo o princípio da eletroneutralidade. No LEC o principal cátion é o sódio, 
que é contrabalanceado pelos ânions cloreto e bicarbonato. Já no LIC o potássio e 
o magnésio são os principais cátions, e os ânions que os neutralizam são 
representados pelas proteínas e fosfatos orgânicos. 
Nesses dois compartimentos, a diferença na concentração de cada soluto é 
gerada e mantida por mecanismos de transporte da membrana celular, sendo que 
a osmolaridade (concentração total de soluto por litro de solução) é a mesma entre 
eles. A manutenção desta osmolaridade é importante para manter equilibrado o 
volume de água entre os compartimentos, pois ela tem livre passagem pela 
membrana celular, e qualquer alteração na osmolaridade movimentaria a água 
para dentro ou para fora da célula. 
Quanto aos LIS e plasmático, a diferença mais significativa de composição 
entre eles é gerada pela presença de proteínas no plasma sanguíneo, que devido 
ao seu grande tamanho molecular, não conseguem atravessar a parede dos 
capilares. Pelo fato destas apresentarem carga negativa e serem impermeáveis, a 
manutenção da eletroneutralidade é devida a redistribuição de pequenos cátions e 
ânions, através da parede capilar. Dessa forma, o plasma contém uma 
concentração levemente menor de ânions (como de cloreto) e uma ligeiramente 
maior de cátions (como sódio e potássio), quando comparado ao líquido 
intersticial. A esse evento denominamos de equilíbrio de Donnam-Gibbs. 
 
Movimento de substâncias entre os compartimentos 
 
A passagem de água e substâncias entre os compartimentos orgânicos ocorre 
através de membrana, e esta apresenta permeabilidade seletiva, ou seja, é 
permeável à água, mas com permeabilidade variável, ou até mesmo impermeável 
aos solutos. Logo a membrana funciona como uma barreira à passagem livre para a 
maioria das moléculas com importância biológica, sendo a movimentação de 
substâncias entre os compartimentos dependentes de sistemas especiais de 
transporte. 
Os mecanismos de transporte de solutos pela membrana são de dois tipos, 
sem gasto de energia (ATP), que é denominado de transporte passivo, e com gasto 
Fisiologia 
 
17 
de energia, que é o transporte ativo. Ambos os transportes possuem modalidades 
diferentes de serem realizados, e serão descritos a seguir. 
Difusão 
É uma modalidade de transporte passivo, e consiste na passagem do soluto do 
compartimento em que ele está mais concentrado para o que ele está menos 
concentrado, isso significa dizer que a força que promove a difusão é chamada de 
gradiente de concentração. Não podemos esquecer que as partículas carregadas 
eletricamente vão ser atraídas pelas cargas opostas, influenciando a difusão. 
A difusão simples é quando a membrana não oferece resistência à passagem 
da substância e elas difundem-se livremente pela membrana obedecendo ao 
gradiente de concentração e elétrico. Mas se possui alto peso molecular, por 
exemplo, vai depender de proteínas transportadoras presentes na membrana 
celular para facilitar seu transporte, por isso essa modalidade é chamada de difusão 
facilitada. 
A difusão simples (ou apenas difusão) ocorre em todas as células do nosso 
corpo. E a facilitada ocorre, por exemplo, para entrada de glicose na célula. 
 
Figura 1.2 - Difusão 
Fisiologia 
 
18 
 
Transporte Ativo 
Quando as substâncias movimentam-se contra o gradiente de concentração é 
necessário gasto de energia para que aconteça, além de proteínas transportadoras, 
visto que essa modalidade ocorre contra a tendência natural do deslocamento, 
movimentando do meio menos concentrado para o mais concentrado. 
Sabendo-se que não é interessante para célula manter o sódio em 
concentração elevada no LIC, pois favoreceria a movimentação da água, ele é 
transportado para o meio extracelular por transporte ativo, essa é a bomba de 
sódio e potássio, que transporta três moléculas de sódio para fora da célula ao 
mesmo tempo em que bombeia duas de potássio para dentro, mantendo a 
concentração de sódio mais elevada no LEC e de potássio no LIC. 
 
Figura 1.3 - Bomba de sódio e potássio 
Osmose 
A movimentação da água pelos compartimentos corporais ocorre por canais 
de água na membrana (aquaporinas), e obedece a duas forças, a pressão osmótica, 
realizada pela concentração de soluto (que retém a água), e a pressão hidrostática, 
exercida pelo volume de líquido na parede do compartimento. Quando os 
compartimentos apresentam diferença de concentração, a água desloca do meio 
Fisiologia 
 
19 
menos concentrado (possui menor pressão osmótica) para o mais concentrado 
(com maior pressão osmótica) para tornar as soluções isotônicas (com a mesma 
concentração de soluto/L). Mas, conforme a parede desse compartimento que 
recebe a água começa a ser pressionada pelo aumento do volume de líquido 
(pressão hidrostática), impede o deslocamento de mais água. Nos casos em que a 
pressão hidrostática é maior que a osmótica, a água será conduzida no sentido 
inverso, e nesse caso denominamos de osmose reversa ou filtração. 
 Exemplo de osmose é quando colocamos a hemácia em uma solução 
hipertônica (maior concentração de soluto/L), visto que, pela pressão osmótica, 
perderá água para o meio externo, consequentemente ela irá murchar (crenação). 
Essa perda ocorrerá até o volume do meio oferecer resistência a mais passagem de 
água (pressão hidrostática). Se a solução for hipotônica, a concentração de solutos 
na hemácia exercerá pressão osmótica, fazendo com que a água entre, e 
dependendo de quanta água entrar, a pressão hidrostática será tão grande que 
poderá romper a membrana da hemácia (hemólise). 
 Um exemplo de osmose reversa é o aumento de pressão sanguínea sobre a 
parede dos vasos capilares, exercendo maior pressão hidrostática, e com isso 
ocorre extravasamento de líquido para o espaço intersticial, causando o edema 
(acúmulo de líquido no compartimento intercelular). 
A filtração ocorre fisiologicamente nos glomérulos renais, mas depois boa 
parte da água é novamente reabsorvida para o sangue por osmose, nos túbulos 
renais. Também é por osmose que absorvemos a água que ingerimos, quando ela 
chega ao intestino grosso. 
 
Figura 1.4 - Osmose 
 
Fisiologia 
 
20 
 
Transporte envolvendo porções da membrana celular 
São os processos de endocitose, exocitose e transcitose. 
Na endocitose a membrana engloba as partículas formando vesículas no 
interior da célula, e pode ser dividida em pinocitose (partículas em solução) e 
fagocitose (partículas sólidas). A exocitose ocorre quando as vesículas presentes no 
interior das células se fusionam a membrana exteriorizando o seu conteúdo. Esses 
dois processos podem ocorrer em todas as células. 
Durante a absorção de alguns nutrientes pelo intestino delgado, as partículas 
entram nos enterócitos por endocitose e são liberados para o espaço intersticial 
porexocitose, e posteriormente são absorvidas pelos capilares intestinais. Este é 
um exemplo de transcitose, uma combinação de endocitose e exocitose. 
 
 
Figura 1.5 – Transcitose 
 
Importante! 
Qualquer falha nesses mecanismos de transporte pode 
comprometer a sobrevivência da célula e até mesmo do organismo, 
como um todo. 
Fisiologia 
 
21 
 
Homeostasia e processos homeostáticos 
 
Os elementos que são necessários ao metabolismo celular, como glicose, 
aminoácidos, sais minerais, vitaminas e O2, são oferecidos através do liquido 
intersticial, que é enriquecido pelo líquido plasmático. Os produtos desse 
metabolismo, como CO2, ácido úrico, ureia e creatinina são excretados da célula 
para o meio intercelular e dai retirados pela circulação, para destinos apropriados. 
Logo, para que a composição química, o volume do LEC e a temperatura (em torno 
de 37°C) sejam mantidos constantes no meio interno, é necessário que os sistemas 
orgânicos sofram os ajustes necessários. Portanto, a esse equilíbrio dinâmico, que 
garante a saúde do nosso corpo, é que denominamos homeostasia. 
O controle dos sistemas ocorre principalmente pelo evento de 
retroalimentação negativa, ou feedback negativo, que consiste em mecanismos 
de ajustes baseados na oscilação dos parâmetros, mantendo-os dentro de uma 
faixa de normalidade. Vejamos alguns exemplos. 
 O centro nervoso de controle da respiração regula a concentração do CO2 nos 
líquidos corporais. Logo, a elevação desse parâmetro (CO2) é percebida pelo 
centro respiratório, que irá determinar mudanças na respiração, tornando-a 
mais profunda e rápida, com isso aumenta a entrada de O2 no sangue e a 
retirada do excesso de CO2, retornando com o parâmetro para a faixa de 
normalidade. Esse retorno cessa o estímulo de ajuste sobre o centro 
respiratório. 
 A insulina é o hormônio produzido pelas células beta do pâncreas e é 
responsável pela diminuição da glicemia (concentração de glicose no 
sangue), pois favorece o deslocamento desta para dentro das células. Uma 
elevação desse parâmetro (glicemia) é percebida pelas células pancreáticas 
que irão secretar insulina, fazendo com que o nível de glicose no sangue 
diminua, e quando normaliza, o estimulo de secreção de insulina é 
interrompido. 
 O centro nervoso vasomotor é responsável pelo controle da pressão 
sanguínea. Quando ocorre diminuição desse parâmetro (pressão sanguínea) 
Fisiologia 
 
22 
o centro vasomotor produz respostas mediadas pelo sistema autônomo 
simpático que irá aumentar a frequência cardíaca e a contração da parede 
vascular, retornando com os valores de normalidade de pressão do sangue. 
 
No feedback negativo, o efeito gerado pelo ajuste do sistema é contrário ao 
evento que o desencadeou. 
* Aumento do CO2 → resposta do centro respiratório → diminuição do CO2 
* Aumento da glicemia → resposta pancreática → diminuição da glicemia 
* Queda da pressão sanguínea → resposta do centro vasomotor → elevação 
da pressão sanguínea 
 
 
Figura 1.6 - feedback negativo 
 
Poucos sistemas são controlados por feedback (retroalimentação) positivo. 
Nesse caso os efeitos gerados pelo ajuste do sistema "alimenta" mais ainda o 
evento que o desencadeou. Por exemplo, a ocitocina é o hormônio produzido pelo 
hipotálamo e secretado pela neurohipófise, ele estimula a contração uterina 
Fisiologia 
 
23 
durante o parto. Quanto mais a criança distende o canal do parto durante o seu 
nascimento, mais ocitocina é secretada, logo mais contrações vão ocorrer. No 
feedback positivo é necessário um fator para cessar a alimentação do sistema e no 
caso da ocitocina, é o parto, ou seja, a expulsão da criança e da placenta irá 
diminuir a distensão do colo uterino. 
 
Figura 1.7 - feedback positivo 
 
Importância dos processos homeostáticos 
 
Os processos de ajustes que garantem a homeostasia ocorrem por meio dos 
sistemas de controle, que atuam a nível celular, ou podem interferir no 
funcionamento de parte ou de todo um órgão, ou ainda, atuar em todo o corpo, 
controlando a interação entre os sistemas. Como já vimos eles são regulados pelos 
mecanismos de feedback. 
O objetivo desses sistemas de controle é ajustar as características físicas e a 
composição do LEC dentro de uma faixa estreita de valores. Quando esses valores 
oscilam fora dessa faixa, mas com limites máximos e mínimos não letais, significa 
que houve uma quebra na homeostasia, ou seja, são causados por doenças. Mas 
quando ultrapassam os limites não letais podem levar a uma disfunção muito 
grave, e até mesmo à morte. Quanto mais distante da faixa de normalidade, mais 
severo é o quadro clínico. 
Fisiologia 
 
24 
Quando fazemos exame no sangue, estamos verificando o funcionamento de 
muitos dos sistemas, pois a composição do líquido plasmático reflete a composição 
do liquido intersticial, logo podemos verificar a condição do meio interno. A tabela 
2 mostra alguns parâmetros que podem ser aferidos. 
 
 
Limite 
Não –letal 
mínimo 
(aproximado) 
Valor 
normal 
mínimo 
Valor 
normal 
Valor 
normal 
máximo 
Limite 
Não –letal 
Máximo 
(aproximado) 
Oxigênio 
(mm Hg) 
10 35 40 45 1.000 
Dióxido de 
carbono 
(mm Hg) 
5 35 40 45 80 
Íon sódio 
(mmol/L) 
115 138 142 146 175 
Íon potássio 
(mmol/L) 1,5 3,8 4,2 5,0 9,0 
Íon cálcio 
(mmol/L) 
0,5 1,0 1,2 1,4 2,0 
Íon cloreto 
(mmol/L) 70 103 108 112 130 
Íon bicarbonato 
(mmol/L) 
8 24 28 32 45 
Glicose 
(mg/dL) 20 75 85 95 1.500 
Temperatura 
corporal 
(°C) 
18,3 37 37 37 43,3 
Ácido-base 
(pH) 6,9 7,3 7,4 7,5 8,0 
Tabela 2 - Adaptação Tratado de Fisiologia Médica, cap. 1 - Gutton & Hall 
Observem algumas das consequências quando esses limites são 
ultrapassados: 
 Temperatura 7°C acima do normal pode desencadear um ciclo vicioso de 
aumento de metabolismo celular, que destrói as células. 
 Variação de 0,5 no valor de pH, para cima ou baixo, pode levar à morte. 
 Redução em 1/3 da concentração de potássio pode levar a paralisia por 
incapacidade funcional dos nervos. Já o aumento em duas vezes ou mais, 
pode levar a depressão do músculo cardíaco. 
Fisiologia 
 
25 
 Redução para metade da concentração de cálcio pode acarretar contrações 
tetânicas em todo o corpo, por geração espontânea de impulso nervoso 
periférico. 
 Redução em metade da concentração normal de glicose pode acarretar 
intensa irritabilidade mental e até convulsão. 
 
Participação dos principais sistemas orgânicos na 
manutenção da homeostasia 
 
 
Figura 1.8 - representação do transporte do LEC e participação dos sistemas corporais 
Agora iremos fazer uma apresentação sucinta de como os sistemas funcionais 
do nosso corpo colaboram com a manutenção da homeostasia, tendo em vista 
que, o funcionamento de cada um é fundamental para que os outros possam 
Fisiologia 
 
26 
exercer suas funções. Posteriormente, nas outras unidades, iremos descrever cada 
um de forma mais detalhada. 
O transporte do líquido extracelular é realizado pelo sistema circulatório que é 
composto pelo coração, vasos sanguíneos e linfáticos. A dinâmica circulatória 
consiste no bombeamento do sangue pelo coração, fazendo com que este circule 
por todo o corpo dentro dos vasos sanguíneos. É em nível nos capilares que ocorre 
a troca de substâncias entre o plasma e o líquido intersticial, sendo que é a mistura 
contínua entre esses dois líquidos corporais que garante uma semelhança na 
composição desses líquidos praticamente em todos os seguimentos. O volume de 
líquido que sai dos capilares sanguíneos na porção arterial, devido à pressão 
hidrostática elevadae a permeabilidade destes, é maior do que é recolhido pelos 
capilares venosos, sendo esse excesso de água recolhido pelos vasos linfáticos, 
juntamente com outros elementos, formando a linfa, o que posteriormente é 
devolvido à circulação venosa, no retorno ao coração. 
A obtenção de substâncias para enriquecer o LEC fica a cargo do sistema 
respiratório, digestório e alguns tecidos metabólicos. Durante a circulação do 
sangue pelos pulmões (pequena circulação) o oxigênio presente no ar inspirado 
difunde dos alvéolos para os capilares pulmonares, devido à diferença no 
gradiente de concentração e a permeabilidade de suas membranas (alveolar e 
capilar), e com a circulação sistêmica (grande circulação) ele é ofertado às células, 
quando se difunde pelos capilares teciduais para o líquido intersticial. Ao mesmo 
tempo em que o sangue oferta oxigênio para o sistema digestório durante a 
grande circulação, ele absorve os nutrientes que foram obtidos com a digestão dos 
alimentos, enriquecendo o líquido plasmático de substâncias como carboidratos, 
aminoácidos e ácidos graxos. Tecidos e órgãos que realizam funções metabólicas 
como o fígado (principalmente), adipócitos (células gordurosas), mucosa do trato 
gastrintestinal e glândulas endócrinas são capazes de armazenar e modificar 
quimicamente algumas substâncias presentes no sangue para que posteriormente 
sejam utilizadas por outras células. 
A remoção das substâncias provenientes do metabolismo celular ou que estão 
em excesso é feita pelo sistema respiratório, renal e secreção biliar. Da mesma 
forma que o oxigênio difunde do alvéolo para o capilar pulmonar, o dióxido de 
carbono (CO2), formado pela respiração celular, faz o sentido inverso, e com os 
movimentos respiratórios é liberado para a atmosfera. Muitos elementos não mais 
Fisiologia 
 
27 
necessários ao organismo são excretados na urina que é formada pelo sistema 
renal. Os rins não apenas filtram o sangue, pois esse processo é pouco seletivo, 
permitindo que substâncias essenciais ao organismo sejam filtradas, como a 
glicose e o aminoácido, portanto, é necessário que após a filtragem do plasma nos 
glomérulos renais, ocorra a reabsorção para o sangue e a secreção para os túbulos 
de substâncias, conforme a necessidade de rete-las ou elimina-las, 
respectivamente. Sendo o fígado o principal órgão de metabolização, algumas 
substâncias são excretadas pela bile, que é produzida pelo fígado, armazenada na 
vesícula biliar e secretada no intestino, onde é eliminada juntamente com os 
alimentos não digeridos, por meio das fezes. 
O sistema músculo-esquelético participa da homeostasia por originar os 
movimentos do corpo, seja para o deslocamento em busca de alimento e a 
mastigação, como permitir a mobilidade para proteção contra ambientes adversos, 
garantindo assim a integridade de todos os outros sistemas e os demais 
mecanismos homeostáticos. 
Apesar da reprodução não ser considerada por muitos autores como uma 
função relacionada à homeostasia, é por meio dela que novos seres são originados, 
sendo, portanto, uma função relacionada à perpetuação da espécie, que é a base 
biológica da vida. Se considerarmos que a forma sexuada de reprodução possibilita 
recombinações genéticas, ela colabora com a possibilidade de originar 
descendentes que sejam mais resistentes ao meio que seus progenitores. 
Para que haja uma sincronia no funcionamento do corpo, o sistema nervoso e 
o endócrino exercem um papel regulador, onde o primeiro atua regulando, 
principalmente, as atividades musculares e secretórias do corpo, enquanto o 
segundo, por meio dos hormônios, regula, principalmente, as funções de 
metabolismo celular. A porção sensorial do sistema nervoso é responsável por 
captar as informações do ambiente externo e interno do nosso corpo e conduzi-las 
até o centro de integração (sistema nervoso central), que tem a função de 
processa-las, armazena-las, assim como gerar pensamentos, ideias e comandos, 
que são enviados pelo segmento motor para serem executados pelos músculos e 
glândulas. Por outro lado, o sistema endócrino produz mediadores químicos, os 
hormônios, que são distribuídos pelo sangue para todo o corpo, incrementando ou 
minimizando uma função realizada pelo seu tecido-alvo, ou seja, o local onde ele 
atua. 
Fisiologia 
 
28 
 
Leitura Complementar! 
Se assimilarmos o que é homeostasia e como ela é conseguida, 
podemos imaginar quais ajustes que os sistemas devem sofrer, mediante aos 
estímulos, para que ela seja mantida. 
Sugestões de leitura complementar 
 STANFIEL, Cindy L., Fisiologia Humana - 5ª edição. São Paulo: Pearson 
Education do Brasil, 2013. 
 Cap. 1 - Introdução a Fisiologia 
 Cap. 4 - Transporte na membrana celular 
 Guyton & Hall. Tratado de Fisiologia Médica - 12ª edição. Rio de Janeiro: 
Elsevier Editora Ltda., 2011. 
 Cap. 1 - Organização Funcional do Corpo Humano e Controle do "Meio 
Interno". 
 Cap. 4 - O transporte de Substâncias através das Membranas Celulares. 
 SINGI, Glenan. Fisiologia Dinâmica - 2ª edição. São Paulo: Atheneu, 2007. 
 Cap. 2 - Homeostasia 
Fisiologia 
 
29 
 
Exercícios – unidade 1 
 
1) São líquidos presentes nos compartimentos extracelulares, exceto: 
a) Liquido intracelular 
b) Liquido plasmático 
c) Líquido intercelular 
d) Líquido transcelular 
2) A estrutura responsável pela diferença de composição entre o líquido 
intracelular e o extracelular é: 
a) Capilar sanguíneo 
b) Membrana celular 
c) Rins 
d) Fígado 
3) A administração endovenosa de uma solução hipertônica de sacarose pode 
levar a crenação das hemácias devido a: 
a) Difusão de solutos 
b) Transporte ativo da sacarose 
c) Osmose 
d) Transcitose 
4) O mecanismo de transporte que envolve porções da membrana, e que 
permite a absorção de muitos nutrientes pelo intestino é denominado: 
a) Difusão de solutos 
b) Transporte ativo da sacarose 
c) Osmose 
d) Transcitose 
Fisiologia 
 
30 
5) O liquido que banha as células, sendo o responsável em manter as condições 
de sobrevivência e função da mesma é denominada: 
a) Meio interno 
b) Liquido transecular 
c) Liquido intracelular 
d) Todas estão corretas 
6) Quando o equilíbrio dinâmico é mantido, garantido a condição de saúde 
podemos dizer que estamos em: 
a) Homeostasia 
b) Adaptação 
c) Feedback positivo 
d) Feedback negativo 
7) Quando o pâncreas secreta a insulina, com o objetivo de diminuir a glicemia, e 
para de secretar quando esta retorna a faixa de normalidade, podemos dizer 
que o mecanismo de controle que está ocorrendo é: 
a) Homeostasia 
b) Adaptação 
c) Feedback positivo 
d) Feedback negativo 
8) O que justifica podermos avaliar a nossa condição de saúde pelo exame de 
sangue? 
a) O fato de ele estar presente nos vasos sanguíneos 
b) A drenagem de líquido tecidual pelos vasos linfáticos 
c) A semelhança entre a sua composição e a do meio interno 
d) O princípio da eletroneutralidade 
Fisiologia 
 
31 
9) Sabendo que o sistema circulatório faz o transporte de líquido extracelular, e 
que ele pode ser enriquecido com oxigênio e nutrientes, descreva a 
integração dos sistemas envolvidos: 
 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ______________________________________________________________________________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 
10) Descreva a participação dos sistemas de controle, que atuam regulando o 
funcionamento corporal: 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
Fisiologia 
 
32 
Fisiologia 
 
33 
Fisiologia dos Sistemas 
de Células Excitáveis - 
Nervoso e Muscular 2
Fisiologia 
 
34 
 
A função dos sistemas que constituem o nosso corpo é baseada na 
organização das células que os compõe, e muitas destas possuem especializações 
exclusivas, o que permite classificar os neurônios (células nervosas) e as células 
musculares como excitáveis, o que significa dizer que essa células são capazes de 
alterar a condição de potencial elétrico da membrana quando são estimuladas, o 
que resultará em passagem de uma corrente elétrica (potencial de ação) que será 
responsável pela sua função. No caso do sistema nervoso, a função das células é 
propagar informações, e no muscular é a contração, e graças a essas 
especializações é que podemos andar, pensar, memorizar, utilizar nossos sentidos, 
executar movimentos como respiratórios e digestivos, controlar a secreção de 
hormônios e muito mais! Para melhor entendimento, essa unidade será 
subdividida em três partes: eletrofisiologia celular (estudo da atividade elétrica da 
célula); sistema nervoso e sistema muscular. 
 
Objetivos da unidade: 
 Reconhecer os potenciais de membrana e suas variações; 
 Entender os processos eletroquímicos que ocorrem nas células excitáveis e 
reconhecer os íons envolvidos; 
 Correlacionar a divisão anatômica com a funcional, do sistema nervoso; 
 Identificar as células que formam o tecido nervoso e suas funções; 
 Reconhecer a sinapse e suas modalidades; 
 Reconhecer os tipos de receptores e vias sensoriais envolvidas; 
 Demonstrar o funcionamento do sistema nervoso pela sua divisão funcional; 
 Correlacionar as vias somática e autônoma com as respostas orgânicas, os 
neurotransmissores e seus receptores; 
 Apresentar algumas das funções integradas do sistema nervoso; 
Fisiologia 
 
35 
 Diferenciar os tipos de músculos; 
 Correlacionar a histologia com o funcionamento de cada tipo de músculo; 
 Associar os tipos de músculos com suas funções. 
 
Plano da unidade: 
 1ª PARTE: Eletrofisiologia Celular 
 Potencial de Repouso e de Ação em Células Excitáveis 
 2ª PARTE: Fisiologia do Sistema Nervoso (SN) 
 Células do Sistema Nervoso 
 Transmissão sináptica 
 Divisão funcional do SN - Princípios Gerais 
 Divisão funcional do SN - Vias Aferentes (Sensitivas) 
 Divisão funcional do SN - Vias Eferentes (Autônoma e Motora) 
 Função Integrada do SN - Atos Reflexos 
 Função Integrada do SN - Coordenação dos Movimentos 
 Função Integrada do SN - Regulação da Temperatura Corporal 
 Função Integrada do SN - Regulação da Alimentação 
 Função Integrada do SN - Regulação da Ingestão de Água 
 Função Integrada do SN - Sono 
 Função Integrada do SN - Sistema Límbico 
 3ª PARTE: Fisiologia Muscular 
 Músculo Esquelético 
 Músculo Liso 
 Músculo Cardíaco 
Bons estudos! 
Fisiologia 
 
36 
 
1ª Parte: Eletrofisiologia celular 
 
Como visto na unidade anterior, existe uma diferença na composição e na 
concentração dos íons entre o meio intra e extracelular, e esta condição é gerada e 
mantida pela membrana que possui como característica a permeabilidade seletiva. 
No meio extracelular ocorre maior concentração dos íons sódio, cálcio e cloro, e no 
intracelular de potássio. Estes elementos foram destacados por serem os 
envolvidos na atividade elétrica da membrana. 
A facilidade de passagem de íons permeáveis pelos seus canais iônicos 
(proteínas integrais de membrana que apresentam permeabilidade seletiva aos 
íons) é dependente de sua hidratação, que resulta da valência e do peso atômico 
de cada um. Por exemplo, ao comparar o sódio (Na+), o potássio (K+), o cloro (Cl-) e 
o cálcio (Ca++) perceber-se-á que o potássio e o cloro são mais permeáveis do que o 
sódio, e que este é mais permeável que o cálcio, que é o íon que possui maior grau 
de hidratação (quanto mais hidratado, maior o tamanho do íon e menor a sua 
permeabilidade). É essa desigualdade nas concentrações dos íons que é 
responsável pela presença de carga elétrica nas faces da membrana, ou seja, existe 
uma diferença de potencial elétrico entre elas, sendo a externa mais positiva que a 
interna (pois as proteínas que são sintetizadas na célula não se difundem). A 
polaridade da membrana (diferença de potencial elétrico) ocorre praticamente em 
todas as células do nosso corpo sendo denominada potencial de membrana. 
 
Fisiologia 
 
37 
Como as células nervosas e musculares são capazes de gerar variações 
eletroquímicas em suas membranas devido à alteração da permeabilidade dos 
seus canais iônicos, são consideradas excitáveis, e o potencial de membrana é 
chamado de potencial de repouso. Quando ocorre alteração na polaridade da 
membrana nessas células, dizemos que está ocorrendo um potencial de ação, que é 
o responsável pela função que elas exercem. 
 
Potencial de repouso e de ação em células excitáveis 
 
Os eventos eletroquímicos associados à geração do potencial de ação serão 
apresentados de forma sucinta, permitindo a assimilação do que é necessário para 
o entendimento do funcionamento do tecido nervoso e muscular. 
A alteração da permeabilidade dos canais iônicos das células excitáveis pode 
ser induzida por estímulos elétricos, químicos, físicos e mecânicos, ou ocorrer 
espontaneamente, como também ocorre nas células musculares lisas e cardíacas. 
Para que o potencial de ação seja iniciado, é necessário que a célula esteja em 
repouso (com a membrana polarizada - positiva na face externa e negativa na 
interna), assim quando ela for estimulada ocorre a abertura temporária dos canais 
de sódio, que devido ao gradiente de concentração, irá difundir para o meio 
intracelular, resultando em uma despolarização da membrana, tornando-a mais 
negativa na face externa e positiva na interna. Pelo fato do potássio estar mais 
concentrado no meio intracelular, ser mais permeável e a face externa estar 
carregada positivamente, ele é atraído para o meio extracelular, ocorrendo a 
repolarização da membrana, tornando a face externa novamente positiva e a 
interna negativa. Nesse momento a célula é capaz de responder a novos estímulos, 
pois a quantidade de sódio que entrou foi pequena, e ele ainda é mais concentrado 
no líquido extracelular. Mas para que a célula seja capaz de manter a excitabilidade 
é necessário que ocorra a organização iônica após a despolarização, que é 
conseguida com a ativação da bomba de sódio-potássio (transporte ativo), 
transportando o sódio em excesso para fora da célula enquanto conduz o potássio 
para dentro, retornando a condição iônica e de polaridade inicial da célula, antes 
de iniciar o potencial de ação. 
Fisiologia 
 
38 
 
 
Quando o estímulo determinar a abertura dos canais de cloro, ocorrerá uma 
hiperpolarizaçãoda membrana, pois o cloro, que é um anion, irá reforçar a 
polaridade negativa da face interna, impedindo ou retardando um potencial de 
ação. 
Fisiologia 
 
39 
 
 
Para facilitar o entendimento, vamos montar uma associação do íon com o 
evento na membrana: 
 Sódio → despolarização 
 Potássio → repolarização 
 Bomba de sódio-potássio → reorganização iônica 
 Cloro → hiperpolarização 
Vale destacar que uma propriedade importante do potencial de ação é a 
propagação por toda a membrana a partir do ponto de estímulo, e que a 
repolarização normalmente ocorre onde a despolarização teve início. 
 
2ª PARTE: Fisiologia do sistema nervoso (SN) 
 
O sistema nervoso (SN) é formado por um conjunto de células especializadas 
em gerar e transmitir informações entre si e para as células musculares e glândulas, 
sendo o principal integrador das funções corporais. 
Vejamos como isso funciona... 
O SN é dividido anatomicamente em duas partes, o sistema nervoso central 
(SNC), constituído pelo encéfalo e pela medula espinhal, sendo responsável por 
processar as informações relativas ao ambiente interno e externo do nosso corpo, 
Fisiologia 
 
40 
por tomar decisões, gerar os comandos para serem executados pelos órgãos 
efetores (músculos e glândulas) e por ser o local de armazenamento das 
informações, do aprendizado, dos pensamentos, das emoções e de muitas outras 
funções. A outra parte é o sistema nervoso periférico (SNP), seguimento responsável 
por fazer a integração entre o SNC e todos os órgãos do nosso corpo. Quando o 
SNC recebe as informações e determina comandos, tem como função manter o 
organismo adaptado aos estímulos, garantindo dessa forma a homeostasia. 
 
 
Fisiologia 
 
41 
 
 
Células do sistema nervoso 
 
O tecido nervoso é formado principalmente por dois tipos de células, as 
nervosas (denominadas de neurônios), que são a unidade funcional desse sistema e 
as células da glia (células gliais ou neuroglias), responsáveis por funções 
metabólicas, nutritivas e de suporte, que correspondem a cerca de 75 a 90% do 
total de células do sistema nervoso. 
Sendo as neuroglias mais numerosas que os neurônios, apesar de não serem 
excitáveis, são fundamentais para manter o ambiente apropriado para o 
funcionamento neural. Atualmente são reconhecidas no SNC os astrócitos, os 
oligodendrócitos, as micróglias e as células ependimais, e no SNP, as células de 
Schwann 
Oligodendrócitos e células de Schwann são responsáveis pela formação da 
bainha de mielina que envolve o axônio dos neurônios do SNC e do SNP, 
respectivamente. Os astrócitos, que são as neuróglias mais numerosas, exercem 
funções diversas das quais podemos destacar a participação na formação da 
barreira hematoencefálica (protege o SNC contra substâncias presentes no sangue 
que podem ser nocivas); a manutenção da concentração de potássio extracelular 
(permitindo a excitabilidade neuronal); a remoção de neurotransmissores da fenda 
sináptica; a síntese e fornecimento de substratos para os neurônios utilizarem, 
como o lactato (para ser utilizado como fonte energética); além de guiarem os 
prolongamentos do axônio na organização do tecido nervoso. As micróglias 
realizam fagocitose de restos celulares e de corpos estranhos (como bactérias) e 
também protegem os neurônios do estresse oxidativo. Apenas a função das células 
ependimais ainda não foi reconhecida. 
O nosso sistema nervoso possui quase 100 bilhões de neurônios, que são 
células excitáveis e liberam mediadores químicos (neurotransmissores) que 
permitem que haja uma comunicação entre si e entre eles e os órgãos efetores. 
Estruturalmente esta célula é formada pelo corpo celular nucleado, que é 
responsável pelas funções metabólicas e de onde partem prolongamentos que são 
Fisiologia 
 
42 
 
os dendritos (dispersos e numerosos) que recebem os estímulos, sendo que 
também podem ocorrer no corpo celular e no axônio, e o axônio (ou fibra nervosa) 
que apesar de único possui uma ramificação onde a substância neurotransmissora 
fica armazenada em vesículas, sendo, portanto, a estrutura responsável em 
transmitir a informação para célula seguinte, por meio de sinapse. 
 
 
 
O axônio pode ser revestido pela bainha de mielina (mielínico) ou não 
(amielínico). A mielina é um isolante, onde potenciais de ação não podem ser 
gerados nem conduzidos, mas como ela é descontínua, o potencial de ação "salta" 
através dos nódulos de Ranvier (local do axônio entre duas junções de mielina), 
permitindo acelerar a velocidade da transmissão do impulso nervoso em até 10 
vezes, essa é a condução saltatória da corrente elétrica. Nos axônios mielinizados 
ou não, a condução do potencial de ação que ocorre no sentido do axônio 
(ortodrômica), é a responsável pela passagem de informação, tendo em vista ser 
esse o local que possui o neurotransmissor. 
 
Fisiologia 
 
43 
 
Transmissão sináptica 
 
Sinapse é o local de passagem de informação entre um neurônio e outro ou 
entre ele e uma célula muscular ou glandular, sendo de dois tipos: a sinapse 
elétrica e a química. 
Nas sinapses elétricas o potencial de ação é passado de uma célula para outra 
pelas junções comunicantes, e ocorre com pouca frequência no SN, além de que 
pouco se sabe a respeito de seu funcionamento e sua função neste tecido. Por 
outro lado, as sinapses químicas é que predominam, sendo elas responsáveis pela 
modulação na passagem de informação entre neurônios. Nesse tipo de sinapse as 
células não se tocam, havendo entre elas um espaço denominado fenda sináptica, 
onde a substância neurotransmissora é liberada pelo neurônio pré-sináptico para 
atuar no receptor da célula pós-sináptica. 
 
 
Cada neurônio sintetiza apenas um tipo de neurotransmissor, que fica 
armazenado nas vesículas, assim o potencial de ação que se propaga no sentido do 
axônio permitirá a entrada do cálcio após a do sódio, fazendo com que ocorra a 
exocitose do neurotransmissor. Após a liberação deste na fenda sináptica, ele irá 
Fisiologia 
 
44 
interagir de forma reversível com o receptor pós-sináptico, e posteriormente será 
degradado por enzimas específicas. Seus subprodutos difundem-se para fora da 
fenda juntamente com os neurotransmissores que não foram degradados, ou estes 
são recaptados para serem degradados e utilizados para ressíntese, no próprio 
neurônio. 
Cada célula pós-sináptica possui receptores que são específicos para cada 
neurotransmissor, e a interação entre eles resultará em um tipo de potencial pós-
sináptico. Se o resultado dessa interação abrir os canais de sódio, despolarizando a 
membrana, promoverá um potencial de ação na célula, e é denominado potencial 
pós-sináptico excitatório (PPSE). Porém se forem abertos os canais de cloro e até 
mesmo apenas os de potássio, haverá uma hiperpolarização da membrana, que 
impede ou torna mais difícil a geração de um potencial excitatório, sendo esse o 
potencial pós-sináptico inibitório (PPSI). 
 
Nos arranjos sinápticos divergentes ocorre a passagem de informação de um 
único neurônio para vários outros neurônios, permitindo a amplificação da 
informação. Nas sinapses convergentes, um neurônio recebe informação de 
terminais axônicos de vários neurônios, que podem estar transmitindo PPSE ou 
PPSI, e a somação desses potenciais determina qual resposta pós-sináptica irá 
ocorrer. A somação pode ser temporal, quando gerados de uma única sinapse, ou 
espacial, quando ocorrem de sinapses diferentes. A somação é fundamental para 
Fisiologia 
 
45 
que o limiar excitatório da célula seja atingido, pois de acordo com a lei do tudo ou 
nada,o estímulo tem que ser suficiente para que o potencial de ação ocorra e se 
propague pela fibra nervosa, e uma vez conseguida a resposta de despolarização, 
ela será igual, mesmo que aumente a frequência ou a intensidade do estímulo. 
 
Divisão funcional do SN - princípios gerais 
 
Nosso estudo será baseado na anatomia e no funcionamento do sistema 
nervoso, procurando focar principalmente a divisão funcional. Abaixo, seguem 
tabelas ilustrativas das duas divisões didáticas 
Tabela 2.1- Divisão Anatômica do SN 
SN 
SNC 
Encéfalo 
Cérebro 
Cerebelo 
T. encefálico 
Mesencéfalo 
Ponte 
Bulbo 
Medula espinhal 
SNP 
Nervos 
Espinhais 
Cranianos 
Gânglios 
Terminações nervosas 
Adaptado da tabela 14.1 Singi (pag.132) 
Tabela 2.2 - Divisão funcional do SN 
SN 
SN Somático 
(Voluntário) 
Aferente 
Eferente (motor) 
SN Visceral 
(Involuntário) 
Aferente 
Eferente 
(autônomo) 
Simpático 
Parassimpático 
Adaptado da tabela 14.3 Singi (pag.132) 
Os nervos são estruturas formadas por fibras nervosas (axônios), que podem 
ser de neurônios aferentes ou sensitivos (quando trazem a informação para o 
sistema nervoso central); e eferentes ou motoras (quando levam a informação para 
Fisiologia 
 
46 
o órgão efetor), desta maneira formam os nervos sensitivos (apenas fibras 
sensitivas), os motores (apenas fibras motoras) e os mistos (fibras sensitivas e 
motoras). No SNC existem ainda os interneurônios ou de neurônios associação, que 
são responsáveis em integrar diferentes partes e seguimentos do SNC, e estão em 
maior número. 
Vamos refletir! 
Em relação ao seu corpo. Qual é o único seguimento que podemos 
movimentar de forma voluntária? 
Certamente é o músculo esquelético. Não temos controle consciente do 
funcionamento do nosso coração, da transpiração, dos vasos sanguíneos, nem 
mesmo dos movimentos peristálticos do trato digestório. Portanto, o sistema 
nervoso somático é segmento relacionado às respostas voluntárias, conscientes, 
que realizamos com os nossos músculos esqueléticos; já o visceral, também 
chamado de autônomo, é responsável pelas respostas involuntárias, ou seja, que 
ocorrem independente da nossa consciência, e está relacionado ao funcionamento 
dos músculos lisos, cardíaco e das glândulas. 
Fisiologia 
 
47 
 
Divisão funcional do SN - vias aferentes (sensitivas) 
 
O trabalho do SNC é baseado nas informações recebidas pela via sensorial 
(aferente), sendo os receptores a estrutura responsável por captar as variações do 
meio em que se encontram (seja no ambiente interno ou externo do nosso corpo), 
e quando são ativados eles transformam o estímulo em potenciais de ação no 
neurônio sensitivo, que irá conduzir a informação para centros nervosos (regiões 
específicas do SNC) onde serão processadas e integradas, resultando nas sensações 
que poderão promover respostas eferentes, sejam elas somáticas ou viscerais. 
Os receptores apresentam especificidade quanto ao tipo de estímulo que é 
capaz de ativa-los. Observe a tabela abaixo que mostra a classificação, o estímulo, e 
as sensações envolvidas. 
Tabela 2.3 - classificação dos receptores - especificidade 
Classificação Estímulo Sensação 
Mecanorreceptores 
Deformação 
mecânica 
Tato cutâneo, audição, equilíbrio 
e pressão arterial 
Termorreceptores 
Variação de 
temperatura 
Frio e calor 
Nociceptores Fortes estímulos Dor 
Eletromagnéticos 
(fotossensíveis) 
Variação de ondas 
luminosas 
Visão 
Quimiorreceptores Substâncias químicas 
Olfato, paladar, concentração 
dos gases no sangue, 
osmolaridade, concentração de 
glicose... 
 
Outra classificação está relacionada com a via sensitiva que o receptor participa. 
 Proprioceptores: localizados nos músculos, ligamentos, capsulas articulares e 
tendões. Participam da via proprioceptiva que pode ser consciente ou 
Fisiologia 
 
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inconsciente. A consciente é capaz de localizar as partes do nosso corpo e 
perceber os movimentos que fazemos sem o auxílio da visão. A inconsciente 
informa ao SNC o grau de distensão muscular e articular para que os 
movimentos musculares esqueléticos possam ser ajustados. 
 Interoceptores: localizados em vísceras e vasos sanguíneos. Estão envolvidos 
na interocepção, que também pode ser consciente ou não. As sensações 
conscientes viscerais são as de dor, que podem ser causadas por deficiência 
sanguínea ou distensão, por exemplo; e as sensações orgânicas, como as do 
apetite, da sede e da repleção de bexiga, sendo assim responsáveis para 
indicar uma necessidade orgânica para que possamos satisfazê-la, como nos 
alimentarmos, bebermos água, eliminarmos a urina e assim por diante. Já as 
inconscientes como as relacionadas com a percepção da osmolaridade, 
pressão arterial, composição de gases respiratórios e pH, são utilizadas para 
ajustar os sistemas orgânicos, garantindo a homeostasia. 
 Exteroceptores: localizados na superfície do corpo e estão relacionados às 
sensações conscientes de temperatura, luminosidade, som, dor, olfato, 
paladar, entre outras. 
As percepções visuais, auditivas, gustativa, olfativas, táteis e de dor ocorrem 
baseadas nas estimulações de receptores específicos, que pela via aferente 
conduzem as informações para os respectivos centros nervosos, onde são 
interpretadas e associadas a outras informações. 
O seguimento aferente somático é responsável por conduzir principalmente 
informações proprioceptivas que permitem a integração do organismo com o 
meio ambiente, cujas respostas eferentes são realizadas pelos movimentos 
musculares esqueléticos, que ocorrem de forma voluntária, por meio de 
movimentos precisos. 
O aferente autônomo está relacionado a informações que permitem os ajustes 
viscerais independentes de nossa vontade, controlando o funcionamento do 
músculo cardíaco, liso e glândulas, sendo o sistema da vida vegetativa ou 
autonômica. A sua porção eferente é dividida em respostas simpáticas e 
parassimpáticas. 
Fisiologia 
 
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Divisão funcional do SN - vias eferentes (autônoma e 
motora) 
O segmento somático (motor) está relacionado ao controle voluntário que é 
possível ocorrer nos músculos esqueléticos. Os neurônios motores têm origem no 
SNC e levam a informação diretamente para cada fibra muscular esquelética, assim 
cada neurônio é responsável pela contração de um número determinado de fibras, 
e esse conjunto formado pelo neurônio motor e as fibras que ele inerva é 
chamado de unidade motora. Quando o neurônio motor é ativado resulta na 
liberação do neurotransmissor acetilcolina na placa motora, região da fibra 
muscular onde estão localizados os receptores para a acetilcolina, que são 
específicos para ela, os receptores colinérgicos nicotínicos. Na sinapse da junção 
neuromuscular (entre o terminal sináptico e a placa motora), o potencial pós-
sináptico é sempre excitatório, isso quer dizer que a interação da acetilcolina no 
receptor nicotínico irá gerar na fibra muscular um potencial de ação, que conduzirá 
os eventos que resultarão na contração muscular. É na junção mioneural que 
ocorre a degradação da acetilcolina pela enzima acetilcolinesterase. 
 
Os órgãos efetores de respostas autônomas são inervados, na maioria das 
vezes, pelas duas divisões, simpática e parassimpática. Essa dupla inervação 
permite o controle do funcionamento do órgão efetor, onde uma predomina sobre 
a outra, dependendo da situação. O parassimpático é mais ativo nas situações de 
repouso, digestão e micção, e o simpático durante as atividades físicas e estados 
emocionais. Na maioria das vezes os efeitos são antagônicos, mas em alguns 
sistemas trabalham de forma sinérgica (um ajudando o outro),como na produção 
de saliva e no ato sexual masculino (parassimpático promove a ereção e o 
simpático a ejaculação) e sempre com o mesmo objetivo que é a manutenção da 
homeostasia. Alguns sistemas podem receber apenas um tipo de inervação, como 
o vascular. 
Fisiologia 
 
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Cada via eferente autônoma é formada por dois neurônios que fazem sinapse 
fora do SNC, em gânglios nervosos, os simpáticos localizam-se próximos à coluna 
vertebral, e os parassimpáticos próximo ou no próprio órgão efetor. O primeiro 
neurônio (pré-ganglionar) nas duas vias tem origem no SNC (em regiões diferentes) 
e libera o neurotransmissor acetilcolina na fenda sináptica ganglionar, que irá 
interagir no receptor colinérgico nicotínico presente no segundo neurônio (pós-
ganglionar), e esse por sua vez faz sinapse com o órgão efetor (músculo cardíaco, 
liso e glândulas), sendo que o neurotransmissor liberado depende da via que o 
neurônio pertence. Os neurotransmissores da via simpática são a adrenalina e a 
noradrenalina, que interagem em receptores adrenérgicos do tipo α e β, dependendo 
do tecido. A via parassimpática libera acetilcolina, sendo o receptor colinérgico 
muscarínico. 
 
As respostas da via simpática e parassimpática estão relacionadas a funções 
vegetativas (autônomas) para manutenção da homeostasia, sendo que o 
seguimento simpático é capaz de promover uma resposta generalizada, 
denominada reação de alarme em situações de estresse, emocionais e atividade 
física. Essa resposta só é possível, pois a via simpática estimula a região medular da 
glândula suprarrenal (adrenal) a liberar a adrenalina direto na corrente sanguínea, 
Fisiologia 
 
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esta, por sua vez, será distribuída por todo o nosso corpo, interagindo em todos os 
receptores adrenérgicos. A via simpática também é chamada de sistema de luta e 
fuga, resultando de forma geral no aumento da pressão sanguínea, do 
metabolismo celular e da glicose. 
Tentem imaginar uma pessoa fugindo de uma situação de perigo... agora 
vamos associar à resposta generalizada da reação de alarme: 
 Vasoconstrição cutânea → palidez. 
 Vasodilatação muscular → mais sangue para os músculos, pois eles irão 
desenvolver a atividade de fuga. 
 Aumento da frequência cardíaca → maior volume de sangue circulando para 
atender a demanda corporal. 
 Dilatação da árvore traqueobrônquica → maior ventilação pulmonar, com 
melhor oxigenação do sangue. 
 Diminuição do peristaltismo intestinal, relaxamento do músculo da bexiga e 
contração dos esfíncteres uretral e retal internos → evita a eliminação de 
fezes e urina. 
 Piloereção → arrepiar como um gato assustado! 
 Sudorese → com suor frio nas extremidades. 
 Dilatação da pupila e acomodação da visão à distância → melhora a 
percepção visual. 
As respostas vegetativas, simpática e parassimpática, estão esquematizadas na figura 
2.11. 
 
Função integrada do SN - atos reflexos 
 
As respostas realizadas pela via eferente motora e autônoma (principalmente) 
podem ocorrer por mecanismos reflexos. Um ato reflexo significa uma resposta 
automática e ou inconsciente realizada por um órgão efetor mediante um 
estímulo, e eles podem ser organizados em categorias, como: 
 Encefálicos ou medulares, de acordo com a origem. 
 
Fisiologia 
 
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 Somáticos ou autônomos, de acordo com a via eferente envolvida. 
 Inatos (nascem conosco) ou condicionados (temos que aprender). 
 Monossinápticos (dois neurônios e uma sinapse) ou polissinápticos (mais de 
dois neurônios e várias sinapses). 
Agora iremos descrever alguns reflexos, lembrando que eles são agrupados em 
todas as categorias acima descritas. 
1. Reflexo de estiramento. É a contração involuntária de um músculo após seu 
estiramento. Pode ser exemplificado pelo reflexo patelar, que ocorre com a 
percussão no tendão patelar, que resulta na contração do músculo 
quadríceps femoral. É o único monossináptico conhecido no homem, sendo 
denominado de arco reflexo, sendo inato, somático e de origem medular. 
2. Reflexo de estiramento inverso. É o relaxamento involuntário de um 
músculo esquelético quando seu estiramento é muito intenso, sendo uma 
forma de proteção para evitar lesões no tendão ou no músculo que está 
Fisiologia 
 
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sendo contraído. Acontece quando pegamos um objeto mais pesado do que 
nossa capacidade de força, assim suportamos por um período, depois a força 
cessa repentinamente e largamos o objeto. Pode ser enquadrado na mesma 
categoria anterior, exceto por ser bissináptico. 
3. Reflexo de retirada. É a contração que ocorre simultaneamente ao 
relaxamento de músculos esqueléticos flexores e extensores, 
respectivamente, na tentativa de afastar um segmento do corpo do local de 
um estímulo nocivo ou doloroso. É o que fazemos quando pisamos em um 
prego ou encostamos a mão em uma superfície quente. Também pode ser 
enquadrada na mesma categoria dos anteriores, exceto por ser 
polissináptico, o que nos permite tomar consciência da dor. 
4. Reflexo pupilar. É a constrição da pupila com o estímulo luminoso. Este 
reflexo é inato, encefálico, autônomo e polissináptico. 
5. Reflexo visceral. É a resposta de uma via autônoma mediante estímulo, 
como acontece com a produção de saliva quando pensamos em um alimento 
ou sentimos seu cheiro. Ele é encefálico, autônomo, polissináptico e 
condicionado, pois a salivação está relaciona a alimentos que gostamos. 
Existem os inatos, que estão relacionados ao controle da frequência cárdica, 
por exemplo. 
 
Fisiologia 
 
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Função integrada do SN - coordenação dos movimentos 
 
Cada movimento que executamos envolve uma série de eventos aferentes, 
eferentes e integrativos entre regiões encefálicas. O cerebelo é uma das estruturas 
fundamentais para a coordenação dos movimentos voluntários, pois recebe do 
córtex cerebral motor a intenção do movimento, das vias proprioceptivas o 
posicionamento do corpo, da visão o posicionamento espacial, além de outras 
informações, coordenando e uniformizando os movimentos para serem precisos, 
sejam eles suaves ou bruscos; rápidos ou lentos; fortes ou fracos. 
A regulação do equilíbrio e da postura corporal envolve tanto o cerebelo como o 
aparelho vestibular. Este segundo está situado no ouvido interno (labirinto) e é 
responsável por informar a movimentação e a posição da cabeça, que juntamente 
com informações proprioceptivas permite ao cerebelo coordenar as correções 
necessárias para manutenção correta da postura e do equilíbrio. Uma inflamação 
no labirinto (labirintite) conduz informações imprecisas para o cerebelo, 
dificultando o equilíbrio. 
Muitos dos movimentos voluntários não dependem de aprendizado, como os 
que permitem o choro, a sucção e a deglutição, porém outros necessitam de ser 
aprendidos, como andar, dançar, tocar um instrumento, alcançar um objeto. E 
depois de aprendidos são executados de forma automática, ou seja, fazemos sem 
ter necessidade de ficar "calculando" exatamente o que e como devemos nos 
movimentar. 
 
Fisiologia 
 
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Função integrada do SN - regulação da temperatura 
corporal 
O controle da temperatura corporal é realizado por centros nervosos 
localizados no hipotálamo, o de perda de calor e o de promoção de calor, que atuam 
como termostato, ajustando a temperatura de acordo com necessidade, mantendo 
o interior do corpo na faixa de 37°C. Sendo assim, quando os termorreceptores, 
que estão distribuídos por todo o corpo, registram a variação da temperatura, os 
centros hipotalâmicos são informados, e irão promover respostas de ajuste. 
As variações registradas pelos termorreceptores da pele permitem que 
tomemos medidas apropriadaspara evitarmos variações na temperatura interna, 
como vestir agasalhos quando sentimos frio. Já as variações registradas na 
temperatura interna, causada por fatores externos (frio ou calor intenso) ou 
internos (alteração metabólica, exercício físico, entre outros) requisitam 
interferência dos centros termorreguladores. 
A diminuição da temperatura interna ativa o centro de promoção de calor, 
promovendo respostas como: diminuição do fluxo sanguíneo para pele (evitando a 
perda de calor para o ambiente); tremores musculares (contrações musculares 
produzem calor); aumento do metabolismo celular (estimulado principalmente 
pelo hormônio da tireoide, que é um hormônio 
termogênico), aumento do apetite (obtenção de 
nutrientes para o metabolismo e geração de calor 
pelo processo digestório) e piloereção (forma uma 
camada de ar entre o pelo e a pele, conservando 
calor). Por outro lado, se for registrado um aumento 
na temperatura interna, o centro de perda de calor irá 
aumentar o fluxo sanguíneo para pele, que junto com 
a sudorese favorece a perda de calor para o ambiente, o aumento da respiração 
(perda de calor pelo ar expirado), a diminuição do apetite e do metabolismo 
celular. 
Fisiologia 
 
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Função integrada do SN - regulação da alimentação 
 
A sensação de fome indica necessidade de nos alimentar, e é percebida pelo 
aumento das contrações gástricas (por isso sentimos fome no "estômago") e 
inquietação, que motiva a ingestão de alimentos, sendo diferente de apetite, que 
indica uma vontade específica do alimento a ser ingerido. Quando suprimos a 
necessidade do organismo de nutrientes (principalmente de glicose) ou ocorre a 
repleção gástrica (que é mais tardia), temos a sensação de saciedade. Essas 
sensações são controladas principalmente pelo hipotálamo, por mecanismos ainda 
não bem esclarecidos, e também são influenciadas por fatores ambientais e 
culturais. 
Estudos têm demonstrado a existência de dois centros nervosos envolvidos na 
regulação da ingestão de alimentos, o da fome e o da saciedade, onde o primeiro é 
sempre ativo, sendo inibido quando o segundo é ativado pela ingestão de 
alimentos. 
Uma das hipóteses de regulação seria a glicostática, que é baseada na 
existência de células sensíveis a glicose (glicostatos) no centro de saciedade. 
Quando a concentração de glicose nessas células está baixa, o centro para de inibir 
o da fome, e quando está elevada, o inibe, fazendo com que o indivíduo pare de 
comer. Existem hipóteses semelhantes relacionadas aos aminoácidos 
(aminostática) e de lipídios (lipostática). 
É reconhecido que as células adiposas secretam um hormônio chamado 
leptina, e quando ocorre um aumento do tecido adiposo a quantidade de leptina 
liberada também aumenta, estimulam o centro da saciedade, regulando em longo 
prazo, a ingestão de alimentos. 
Os centros hipotalâmicos também respondem a hormônios, como os da 
tireoide e as catecolaminas, que aumentam o metabolismo basal das células; a 
insulina e o glucagon, que regulam a glicemia (concentração de glicose no 
sangue); e a colecistocinina, hormônio produzido pelo intestino delgado 
(duodeno) que tem sua secreção aumentada na presença de gordura no alimento. 
Fisiologia 
 
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Distúrbios relacionados aos controles da fome e saciedade são responsáveis 
pela obesidade e pela anorexia. 
 
 
Função integrada do SN - regulação da ingestão de agua 
 
A sensação de sede é percebida como "secura na boca", indicando uma 
necessidade orgânica. O controle da ingestão de água é realizado pelo centro da 
sede (no hipotálamo), que pode ser ativado devido à variação da osmolaridade dos 
líquidos extracelulares, quando a perda de água é maior do que a obtenção ou por 
excesso de soluto, como o sódio, provocando a desidratação das células no centro 
da sede, na boca e no estômago, sendo percebida por osmorreceptores 
(receptores que percebem variação da osmolaridade); ou quando ocorre 
diminuição no volume desse líquido, o que envolve barorreceptores (receptores de 
pressão). 
A informação é conduzida ao centro da sede, que promove a vontade de 
ingestão de água ao mesmo tempo em que desencadeia respostas orgânicas para 
retenção de líquidos, ou seja, que diminuem a diurese. Dessa forma o plasma e o 
meio intercelular são reequilibrados. 
 
Fisiologia 
 
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Função integrada do SN - sono 
 
O sono consiste em uma necessidade orgânica justificada por diversas teorias, 
como as baseadas na função restauradora das atividades corporais e imunológica, 
na conservação de energia, no armazenamento de memórias e na organização de 
pensamentos. Independente da teoria é sabido que a privação do sono 
desencadeia confusão mental e distúrbios orgânicos e imunológicos. O estado de 
sono é definido como uma diminuição (mas não ausência) da atividade motora e 
de percepção quando comparado com o estado de vigília (quando estamos 
acordados). 
Existe uma alternância entre o estado de sono e de vigília, onde o tempo 
necessário de sono varia individualmente, sendo maior para bebês (mínimo de 17 
horas) e menor para idosos (5 horas), e em média de 8 horas para adultos. Os 
adolescentes são menos alerta de manhã cedo e mais alerta durante a tarde e a 
noite. 
Apesar de não totalmente esclarecido como se estabelece o ciclo sono/vigília, 
já foi percebido a participação de alguns mediadores químicos em determinadas 
regiões encefálica envolvidas nesse processo, como a acetilcolina, noradrenalina, 
dopamina, histamina e atualmente o peptídeo orexina. 
 
 
Fisiologia 
 
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Função integrada do SN - sistema límbico 
 
Esse sistema consiste em várias estruturas encefálicas, inclusive o tálamo e o 
hipotálamo, e é responsável pelas respostas emocionais, aprendizado, e memória. 
As emoções são desencadeadas por informações sensoriais e pela recordação, 
promovendo respostas orgânicas, como alterações na frequência cardíaca, na 
pressão sanguínea, no apetite e no sono, assim como motoras e hormonais. Elas 
também estão relacionadas com as motivações pessoais (impulsos que direcionam 
nossas ações), como as necessidades fisiológicas (fome, sede e sexo) ou 
compensatórias. A emoção que produz maior motivação é o prazer, pois o estado 
encefálico de euforia motiva a repetição do que desencadeou essa emoção. 
A aprendizagem é um processo contínuo, tem início na infância e consiste na 
aquisição de novas informações e habilidades (andar, falar, tocar instrumentos...). A 
conservação do que aprendemos consiste na memorização, inicialmente em curto 
prazo (duração de segundos ou 
minutos), que necessita ser consolidada 
para tornar-se de longo prazo (anos e até 
mesmo a vida toda). Estudos 
demonstram que a consolidação pode 
ocorrer pela associação da informação a 
outros eventos (músicas, cheiros, fotos...) 
ou pela repetição (varias leituras do 
mesmo assunto e treinamento). 
Consequentemente, o sistema 
límbico está relacionado à nossa personalidade e nossas lembranças, e é ele que 
faz "sermos exatamente como somos". 
 
Fisiologia 
 
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3ª PARTE: Fisiologia muscular 
 
As células musculares são células excitáveis, assim como os neurônios. Isso 
significa dizer que são capazes de alterar a condição do potencial de membrana, 
gerando potenciais de ação, mas diferem desses, pois a consequência do estimulo 
elétrico não é a passagem de informação, e sim a contração muscular. 
Em nosso corpo podemos encontrar dois tipos de células musculares, as lisas, 
que formam os músculos lisos e as estriadas, que formam os músculos 
esqueléticos e o cardíaco. Essa classificação é baseada no aspecto microscópico

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