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Setembro de 2022 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO Termo de Execução Descentralizada – TED celebrado pela União Exercícios 2008 a 2021 Controladoria-Geral da União (CGU) Secretaria Federal de Controle Interno (SFC) RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO Órgão: Ministério da Economia Unidade Auditada: Departamento de Transferência da União – Secretaria de Gestão Município/UF: Brasília / DF Relatório de Avaliação: 968146 Missão Elevar a credibilidade do Estado por meio da participação social, do controle interno governamental e do combate à corrupção em defesa da sociedade. Avaliação O trabalho de avaliação, como parte da atividade de auditoria interna, consiste na obtenção e na análise de evidências com o objetivo de fornecer opiniões ou conclusões independentes sobre um objeto de auditoria. Objetiva também avaliar a eficácia dos processos de governança, de gerenciamento de riscos e de controles internos relativos ao objeto e à Unidade Auditada, e contribuir para o seu aprimoramento. QUAL FOI O TRABALHO REALIZADO PELA CGU? Trata-se de auditoria de avaliação dos termos de execução descentralizada – TED para descentralização de créditos entre órgãos da União. Foi realizado um comparativo dos instrumentos celebrados com TED concluídos, cancelados, adimplentes, excluídos e rescindidos. Verificou-se também, o tempo médio de conclusão desses instrumentos. Ainda, foi observado que 1.040 TEDs estão com prazos de vigência superior a 72 meses, ou seja, não cumpriram o prazo determinado em norma. Verificou-se, também, que 7.862 instrumentos concluídos se encontravam com o prazo de entrega da prestação de contas em conformidade com o estipulado em normativo. Além disso, verificou-se que as prestações de contas se encontram regulares, uma vez que apenas 4 TCEs foram instauradas. POR QUE A CGU REALIZOU ESSE TRABALHO? A avaliação dos termos de execução descentralizada mostra-se relevante devido ao montante de recursos envolvidos, com cerca de R$ 550 bilhões entre 2008 e 2021. A auditoria realizada buscou identificar pontos de melhoria no macroprocesso dos TED, desde a pactuação, passando pela descentralização de créditos até a prestação de contas. O objetivo da avaliação visou avaliar se o processo de TED (i) está em conformidade com os normativos vigentes, (ii) é eficaz e (iii) gera os resultados esperados pelas unidades descentralizadoras. QUAIS AS CONCLUSÕES ALCANÇADAS PELA CGU? QUAIS AS RECOMENDAÇÕES QUE DEVERÃO SER ADOTADAS? O trabalho avaliou a efetividade e identificou fragilidades dos instrumentos operacionalizados por meio de TED, uma vez que são dispositivos utilizados pelos órgãos e entidades integrantes dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da União, para a execução de programas, projetos e atividades de interesse recíproco. Constataram-se fragilidades nos processos referentes aos TEDs, solicitados por amostra, tais como: TED com excesso de descentralização; subcontratação total do objeto, data limite de designação de fiscais expirada e ausência do número de processos no SIAFI. Recomendou-se a implementação de controles para evitar a ocorrência das fragilidades encontradas. LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS BPC – Benefício de Prestação Continuada CGU – Controladoria-Geral da União DETRU – Departamento de Transferências da União LOA – Lei Orçamentária Anual LOAS – Lei Orgânica de Assistência Social OSPF – Órgão Setorial de Programação Financeira QDD – Quadro de Detalhamento da Despesa SEGES – Secretaria de Gestão SEI – Sistema Eletrônico de Informações SIAFI – Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal SIOP – Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento SOF – Secretaria de Orçamento Federal STN – Secretaria do Tesouro Nacional TCE – Tomada de Contas Especial TCU – Tribunal de Contas da União TED - Termo de Execução Descentralizada UG – Unidade Gestora UO – Unidade Orçamentária SUMÁRIO INTRODUÇÃO 6 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 7 EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA 10 RESULTADOS DOS EXAMES 13 1. Entre 2013 a 2020, o Governo Federal celebrou anualmente cerca de 2.500 TEDs, em que a média anual atingiu mais de R$ 10 bilhões. 13 2. Ausência de uma categoria no campo “situação” no Siafi que indique que um TED teve sua prestação de contas aprovada ou rejeitada pela unidade descentralizadora. 19 3. Instrumentos celebrados com TED encontram-se com tempo médio de vigência de 3,37 anos. 21 4. Instrumentos com prazos de vigência superior a 72 meses, com valor total celebrado de R$ 3.269.699.629,98. 25 5. Instrumentos com prazos de análise das prestações de contas acima de 180 dias, contrariando o Decreto nº 10.426/2020. 28 6. Baixa quantidade de Tomada de Contas Especial (TCE) instauradas nos Instrumentos celebrados com TED. 33 7. Fragilidades na execução dos TEDs celebrados pelo Ministério da Economia com a Enap, tais como: TED com excesso de descentralizações; subcontratação de terceiros para execução total do objeto, data limite de designação de fiscais de TED. 34 RECOMENDAÇÕES 45 CONCLUSÃO 46 ANEXOS 48 I – MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE AUDITADA E ANÁLISE DA EQUIPE DE AUDITORIA 48 6 INTRODUÇÃO A Secretaria de Gestão do Ministério da Economia (Seges/ME), por meio do Departamento de Transferências da União (DETRU), tem competência para formular e promover a implementação de políticas e diretrizes relativas às transferências de recursos da União. Entre as competências da Seges, cabe destacar, para o contexto deste trabalho, a atribuição de propor políticas, planejar, coordenar, supervisionar e orientar normativamente a gestão de convênios, contratos de repasse, colaboração e fomento, termos de execução descentralizada e termos de parceria; e propor e implementar políticas e diretrizes relativas à melhoria da gestão no âmbito das transferências da União, por meio da Rede +Brasil. Na auditoria foram examinados os termos de execução descentralizada da União, que é um tipo de instrumento no qual há descentralização de créditos orçamentários entre órgãos e entidades da Administração Pública Federal dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social, com o objetivo de executar programas, projetos e atividades de interesse recíproco ou de interesse da unidade descentralizadora nos termos pactuados e com observação à classificação funcional programática. Essas transferências são regidas pelo Decreto nº 10.426, de 16 de julho de 20201. Anterior ao Decreto, os TEDs eram regidos pelos arts. 12-A e 12-B do Decreto nº 6.170, de 25 de julho de 2007, introduzidos pelo Decreto nº 8.180, de 30 de dezembro de 2013. Neste contexto, constata-se a relevância do tema para os cofres públicos da União, tendo em vista que os termos de execução descentralizada somaram R$ 547.296.815.458,95, no período 2008-2021 (julho), com um total de 21.0232 instrumentos celebrados. Ressalta-se que do total acima informado, cerca de R$ 452 bilhões referem-se aos instrumentos celebrados por meio de TED referentes ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) repassados pelo Fundo Nacional de Assistência Social. A percepção da complexidade deste universo gera questionamentos a respeito da qualidade na gestão de sua sistemática. Considerando que os TEDs são um dos principais instrumentos por meio dos quais as políticas públicas se materializam, torna-se relevante buscar meios de aprimoramento da gestão desse tipo de transferência. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a atual política dos termos de execução descentralizada, entre os exercícios de 2008 a 2021 na União. O trabalho orientou-se no sentido de responder às seguintes questões de auditoria:1 Dispõe sobre a descentralização de créditos entre órgãos e entidades da administração pública federal integrantes dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da União, por meio da celebração de termo de execução descentralizada. 2 Informações retiradas do Tesouro Gerencial em 21 de julho de 2021. 7 1. O processo dos termos de execução descentralizada está em conformidade com os normativos vigentes? 1.1 - Os processos de formalização dos TEDs encontram-se aderentes à legislação? 1.2 - A entrega do relatório final de cumprimento do objeto está dentro do prazo estipulado na legislação vigente? 2. Os TEDs contribuem para a eficácia dos objetivos das transferências de recursos da União? 2.1 - As descentralizações de créditos orçamentários estão sendo executadas de forma eficaz? 2.2 - Os instrumentos celebrados com TED encontram-se razoáveis em relação ao seu ciclo de vida? 3. Os resultados obtidos nos TEDs encontram-se efetivos em relação aos objetivos esperados pelas unidades descentralizadoras? 3.1 - Os resultados dos TEDs alcançaram os objetivos esperados pelas unidades descentralizadoras? 3.2 - O prazo estipulado para a vigência do TED encontra-se adequado e suficiente? Para a obtenção de evidências que permitissem responder as questões de auditoria, foram realizadas extrações no Tesouro Gerencial e consultas à legislação vigente acerca do tema. CONSIDERAÇÕES INICIAIS3 O termo de execução descentralizada é o instrumento utilizado para transferir créditos orçamentários de um órgão ou uma entidade da Administração Pública Federal para outro ente federal. Em 2013, foi publicado o Decreto nº 8.1804, que introduziu o TED em substituição ao Termo de Cooperação. O TED é utilizado exclusivamente entre os órgãos e entidades federais, onde é permitida a descentralização de créditos para a realização de atividade específica para beneficiar a unidade descentralizadora; para execução de programas, projetos e atividades de interesse recíproco; e ressarcimento de despesas. Porém, é importante avaliar a disponibilidade da unidade descentralizada para que as atividades de outros órgãos não afetem as políticas públicas essenciais do órgão que irá realizar o Termo. 3 Baseado no Decreto nº 10.426, de junho de 2020. 4 O Decreto inseriu os art. 12-A e 12-B no Decreto nº 6.170, de 25 de julho de 2007, que dispõe sobre as normas relativas às transferências de recursos da União mediante convênios e contratos de repasse. 8 Os TEDs terão as seguintes finalidades: execução de programas, projetos e atividades de interesse recíproco, com mútua colaboração; execução de atividades específicas pela unidade descentralizada em benefício da unidade descentralizadora; e ressarcimento de despesas. Ressalta-se que as duas primeiras finalidades configuram delegação de competência para que o órgão executor realize a execução de programas, atividades ou ações previstas no orçamento da unidade descentralizadora. Já a última finalidade pode ser dispensada. Um dos documentos que integra o TED é o plano de trabalho, que será analisado quanto à viabilidade, custos, adequação ao programa, ação orçamentária e período de vigência. São cláusulas necessárias do TED: objeto; obrigações; vigência; valores e classificação funcional programática; destinação e titularidade dos bens adquiridos, construídos ou produzidos; hipóteses de denúncia e rescisão. O processo dos termos de execução descentralizada pode ser divido em três grandes fases: I) celebração; II) execução; e III) avaliação dos resultados. I – Celebração As condições para a celebração dos TEDs são: motivação para utilização de crédito orçamentário por outro órgão ou unidade; aprovação prévia do plano de trabalho; indicação da classificação funcional programática que será utilizada; declaração de compatibilidade de custos dos itens do plano de trabalho; e declaração de capacidade técnica da unidade descentralizada. Ressalta-se que nos TEDs a classificação funcional programática deverá constar à conta da qual vai ocorrer a despesa. Isso se dará por meio de certificação orçamentária, onde a nota de movimentação de crédito será emitida após a publicação do termo, com a indicação obrigatória do número de registro do TED junto ao Siafi. Será facultada a dispensa de análise jurídica para os instrumentos que utilizem modelos padronizados encontrados na Plataforma +Brasil. Além disso, os TEDs serão assinados pelos partícipes e seus extratos publicados no sítio eletrônico da unidade descentralizadora no prazo de 20 dias contados da data de assinatura. II – Execução A execução dos programas, projetos ou atividades celebrados por meio de TED será realizada conforme o plano de trabalho e a funcional programática. A forma de execução dos créditos orçamentários descentralizados poderá ser: direta, por força de trabalho da unidade descentralizada; por particulares, observadas as normas de licitação e contrato; ou descentralizada, por meio da celebração de convênios, acordos, ajustes ou outros instrumentos congêneres, com entes federativos, entidades privadas sem fins lucrativos, organismos internacionais ou fundações de apoio. 9 Ressalta-se que as formas de execução deverão estar previstas no instrumento e deverão observar as características da ação orçamentária no Siop. Poderá haver subdescentralização de créditos entre a unidade descentralizada e outra unidade da administração pública federal caso esteja previsto expressamente no instrumento. Por fim, a delegação de competência fica estendida às unidades responsáveis pela execução final dos créditos orçamentários descentralizados. III – Avaliação dos Resultados A avaliação dos resultados será realizada mediante a análise do relatório de cumprimento do objeto. Quando for necessário, a unidade descentralizadora poderá realizar vistoria no local ou solicitar documentos referentes à execução do objeto que complementem sua análise. O relatório de cumprimento do objeto é uma espécie de declaração proveniente do órgão executor do crédito orçamentário, de modo a comprovar a consecução do objeto e o alcance do objetivo do ajuste firmado, demonstrando a adequada utilização dos recursos repassados5, ou seja, é a prestação de contas para demonstrar as ações realizadas pelos órgãos executores. O relatório de cumprimento do objeto deverá ser entregue no prazo de 120 dias contado da data de encerramento da vigência ou conclusão do objeto, o que ocorrer primeiro. Caso não seja apresentado o relatório, a unidade descentralizadora dará um prazo de 30 dias para que o órgão executor apresente o relatório. Caso a unidade não apresente a prestação de contas será instaurada Tomada de Contas Especial (TCE). O prazo de análise do relatório de cumprimento do objeto é de 180 dias e será realizada pela unidade descentralizadora, contados da data do recebimento do relatório. As análises se darão sobre os resultados atingidos e o cumprimento do objeto pactuado. Os recursos financeiros não utilizados e os saldos dos créditos orçamentários descentralizados e não empenhados não utilizados deverão ser devolvidos para a unidade descentralizadora até quinze dias antes da data do encerramento do exercício financeiro. Após o encerramento do TED ou da conclusão do objeto, o que ocorrer primeiro, os créditos orçamentários e os recursos financeiros não utilizados serão devolvidos no prazo de 30 dias da data de encerramento ou conclusão. Quando identificados atos de improbidade administrativa ou quando solicitado pela unidade descentralizadora ou órgão de controle, a unidade descentralizada deverá instaurar TCE no prazo de 30 dias contados da data de recebimento da comunicação. 5 BRASIL, Ministério do Turismo. Manual de Procedimentos Termos de Execução Descentralizada. Brasília, DF, 2016. 10 EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA6 Após a receita ser estimada e a despesa fixada, a LOA permite que os recursosnela previstos sejam aplicados para que se alcance os objetivos e metas definidos na fase de programação. A partir daí, a fase de execução orçamentária se inicia. A execução orçamentária é a utilização de dotação ou créditos vindos do orçamento, já a execução financeira é a utilização de recursos financeiros com vistas a atender as ações orçamentárias de cada unidade. A SOF envia um arquivo com as informações orçamentárias para a STN, que registra no Siafi os créditos orçamentários, as dotações iniciais e os limites estabelecidos aos valores da LOA fixados pelo Decreto de Programação Financeira do exercício. Cabe à STN, Órgão Central do Sistema de Programação Financeira, a aprovação do limite global de pagamentos de cada ministério ou órgão equivalente, tendo em vista o montante de dotações e a previsão do fluxo de caixa do Tesouro Nacional7. Para viabilizar esse lançamento, existe no Siafi uma tabela que vincula cada Unidade Orçamentária (UO) existente no Quadro de Detalhamento da Despesa (QDD8) com uma Unidade Gestora (UG) do Sistema. Essa UG será responsável pela descentralização e/ou pela execução desses créditos recebidos. Além disso, há unidades vinculadas ou subordinadas aos Órgãos Setoriais que participam da execução do programa de trabalho e precisam receber dotações orçamentárias, por meio de descentralização orçamentária. Descentralização de créditos orçamentários A descentralização de créditos orçamentários consiste na transferência, de uma unidade orçamentária ou administrativa para outra, da prerrogativa de utilizar as dotações que lhes tenham sido atribuídas na Lei Orçamentária Anual (LOA) ou por meio de créditos adicionais, ou ainda por transferências. Tem como objetivo dar mais agilidade e flexibilidade na execução da despesa e, consequentemente, das ações orçamentárias que integram o programa de trabalho. Os órgãos que participam desse processo são: • SOF – como órgão central do Sistema Integrado de Orçamento e Planejamento. A Secretaria coordena o processo de alocação das dotações orçamentárias; 6 Orçamento Público – Conceitos Básicos – Módulo 05 Noções sobre execução orçamentária – ENAP – Escola Nacional de Administração Pública. 7 Manual SIAFI. https://conteudo.tesouro.gov.br/manuais/index.php?option=com_content&view=article&id=1537:020301- elaboracao-e-execucao-orcamentaria&catid=749&Itemid=700. Acessado em 14/04/2021. 8 Demonstrativo que detalha as dotações relativas a cada ação, até o nível de elemento de despesa por UO. https://conteudo.tesouro.gov.br/manuais/index.php?option=com_content&view=article&id=1537:020301-elaboracao-e-execucao-orcamentaria&catid=749&Itemid=700 https://conteudo.tesouro.gov.br/manuais/index.php?option=com_content&view=article&id=1537:020301-elaboracao-e-execucao-orcamentaria&catid=749&Itemid=700 11 • Unidades setoriais de cada Ministério - fazem a articulação entre o órgão central (SOF) e as unidades orçamentárias (UO); • Unidades orçamentárias e unidades administrativas - na condição de unidade gestora executora, realizam as despesas orçamentárias por meio do Siafi. Conforme o Decreto nº 825, de 28 de maio de 1993, as “dotações descentralizadas serão empregadas obrigatória e integralmente na consecução do objeto previsto pelo programa de trabalho pertinente, respeitada fielmente a classificação funcional programática.” A classificação funcional programática tem o propósito de identificar as áreas de atuação do Estado, onde são fixados os objetivos e as ações para o alcance desses objetivos. Ela é composta pela Função, Subfunção, Programa, Ação e Localização. A descentralização de créditos orçamentários pode ser dividida em: • Interna (provisão): transferências de créditos orçamentários de unidades gestoras de um mesmo órgão ou entidade; • Externa (destaque): transferências de créditos orçamentários entre unidades gestoras de órgãos ou entidades distintas. Figura 01 - fluxo do processo de descentralização dos créditos orçamentários Fonte: STN - Figura produzida pela equipe de Auditoria. Movimentação de recursos financeiros A movimentação de recursos financeiros consiste na movimentação de dinheiro entre as diversas unidades orçamentárias e administrativas. As formas de liberação de recursos ORÇAMENTÁRIO Descentralização de Créditos Ministério da Economia SOF Ministério A Ministério B Destaque Entidades Supervisionadas Ex.: Autarquias e fundações Destaque Provisão Provisão UG / UO UG / UO 12 financeiros se dão sob a forma de cotas, repasses e sub-repasses para o pagamento de despesas, compreendendo: • Cota - transferência de recursos do órgão central de programação financeira para os órgãos setoriais do sistema; • Repasse - liberação de recursos financeiros, realizada pelos Órgãos Setoriais de Programação Financeira (OSPF) para Entidades da Administração Indireta ou para Unidade Gestora pertencente a outro Órgão ou Ministério e, ainda, de Entidade da Administração Indireta para Órgão ou Ministério, ou entre Entidades da Administração Indireta. O repasse normalmente acompanha o destaque orçamentário; • Sub-repasse - liberação de recursos financeiros dos OSPF para as unidades gestoras do mesmo ministério, órgão ou entidade. A cota é a primeira fase da movimentação dos recursos e deve estar de acordo com o cronograma de desembolso aprovado pela STN. Já a segunda fase da movimentação de recursos financeiros é a liberação do repasse e sub-repasse. Figura 02 - fluxo do processo de descentralização de recursos financeiros Fonte: STN – Elaborado pela equipe de auditoria FINANCEIRO Movimentação de Recursos Ministério da Economia STN Ministério A Ministério B Repasse Entidades Supervisionadas Ex.: Autarquias e fundações Repasse Sub-repasse UG / UO UG/U O Cota 13 RESULTADOS DOS EXAMES 1. Entre 2013 a 2020, o Governo Federal celebrou anualmente cerca de 2.500 TEDs, em que a média anual atingiu mais de R$ 10 bilhões. A análise busca realizar um levantamento geral dos termos de execução descentralizada celebrados no executivo federal, o que inclui verificar os maiores órgãos descentralizadores de créditos orçamentários, as unidades executoras das transferências, TED por exercício, entre outras informações. As informações referentes aos instrumentos celebrados por meio de TED foram obtidas no Tesouro Gerencial, no dia 29/07/2021, onde foi gerada uma planilha contendo os dados de cadastro junto ao sistema. Assim, foram analisados 21.023 termos de execução descentralizada extraídos do Sistema, entre os exercícios de 2008 a 2021 (29/07/2021), com valor total celebrado de R$ 547.296.815.458,95. Ressalta-se que foram excluídos da análise 15 instrumentos repassados pelo Fundo Nacional de Assistência Social, como unidade descentralizadora, para o INSS/DC Setorial Orçamentária e Diretoria de Engenharia Naval, como unidades descentralizadas. Os valores transferidos estavam estatisticamente muito acima da população analisada. O total celebrado com esses órgãos alcançou R$ 452.419.462.627,73. Assim, o presente relatório tem como escopo 21.008 instrumentos celebrados com TED, com um valor total de R$ 94.858.961.176,22. Unidades descentralizadoras Foram analisadas as unidades descentralizadoras dos TEDs, por concedentes e por órgão superior com maiores recursos financeiros pactuados. As três unidades descentralizadoras com maiores valores celebrados por meio de TED são Diretoria Executiva do Fundo Nacional da Saúde/MS, Coordenação-Geral de Suporte e Gestão Orçamentária/SPO/MEC e Secretaria Nacional de Defesa Civil/MDR. Os três órgãos juntos celebraram mais de R$ 44 bilhões, o equivalente a mais de 47% do total, conforme gráfico a seguir: 14 Gráfico 01 – Maiores valores celebrados, por unidades descentralizadoras. Fonte: Tesouro Gerencial.Elaborado pela equipe de auditoria. Ressalta-se que não foi possível analisar os objetos pactuados desses instrumentos, porque não foram encontradas essas informações no Tesouro Gerencial. Ao analisar as informações referentes ao TED no Sistema não foi encontrado o campo “objeto” contendo as informações referentes ao instrumento. Porém, pelas justificativas observadas no sistema verifica-se que os principais objetos se referem a obras, temas relacionados ao Sistema Único de Saúde (SUS), COVID-19 e temas relacionados aos Institutos Federais e Universidades. Em relação aos instrumentos assinados com TED por órgão superior, os ministérios da Saúde, Educação e Desenvolvimento Regional são os órgãos com os maiores valores celebrados, com 25,2%, 20,03% e 18,98% do total. A soma dos três ministérios supera os R$ 61 bilhões. O gráfico a seguir ilustra as informações descrita acima. R$ 24,33 R$ 11,05 R$ 9,41 R$ 6,03 R$ 5,71 R$ 3,84 R$ 3,75 R$ 2,09 R$ 2,06 R$ 1,97 R$ 1,94 R$ 1,70 R$ 1,49 R$ 1,38 R$ 1,20 R$ 0,00 R$ 10,00 R$ 20,00 R$ 30,00 DIR. EXECUTIVA DO FUNDO NAC. DE SAUDE C.G DE SUP. A GESTAO ORCAMENT/SPO/MEC SECRETARIA NACIONAL DE DEFESA CIVIL - SEDEC SECRETARIA NACIONAL DE DESENV. REG. E… FUNDO NAC.DE DESENV. CIENT. E TECNOLOGICO FUNDO NACIONAL DE DESENVOLV. DA… FUNDO ESP FINANCIAMENTO DE CAMPANHA SECRETARIA NACIONAL DE SEGURANCA HIDRICA… COORD.GERAL DE CONTR.E EXEC.DE… FUND.COORD.DE APERF.DE PESSOAL NIVEL… DEPART.NAC.INFRA ESTRUTURA TRANSPORTES. SEGURANCA ALIMENTAR E NUTRICIONAL - SEISP EMPRESA BRASILEIRA DE SERVICOS… SECRETARIA DE POLITICA AGRICOLA SECRETARIA NACIONAL DE SEG. PUBLICA - SENASP Bilhões 15 Gráfico 02 – 15 Maiores valores celebrados, por órgão superior (%) Fonte: Tesouro Gerencial. Elaborado pela equipe de auditoria. Em relação ao quantitativo de instrumentos, o Ministério da Educação é o órgão com maior número de instrumentos, com 10.166 TEDs. Esse quantitativo chega a 48,39% do total. Em seguida aparecem o Ministério da Saúde e da Ciência, Tecnologia e Inovações com 1.811 e 1.426 instrumentos respectivamente. Os dois somados equivalem a pouco mais que 15% do total. As principais unidades que executaram os TEDs descentralizados pelo Ministério da Educação foram as universidades federais, com 3.037 instrumentos; os institutos federais, com 2.447 instrumentos; os hospitais universitários, com 1.812 instrumentos; e as fundações universitárias, com 1.197 instrumentos. Os valores celebrados com essas unidades totalizaram R$ 15.274.828.988,43. Diante do exposto, constata-se que as principais políticas públicas utilizadas por TED são saúde, educação e infraestrutura urbana e de promoção do desenvolvimento regional e produtivo. Os valores descentralizados por essas pastas, entre os exercícios 2008 e 2021, equivalem a 27,50% do orçamento aprovado pelo Congresso Nacional para o exercício de 2021, conforme quadro comparativo a seguir: 25,22% 20,03% 18,98% 8,06% 7,05% 3,47% 2,68% 2,59% 2,32% 2,10% 1,83% 0,69% 0,56% 0,51% 0,39% MINISTERIO DA SAUDE MINISTERIO DA EDUCACAO MINISTERIO DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL MINISTERIO DA CIENCIA, TECNOLOGIA E INOVACOES PRESIDENCIA DA REPUBLICA MINISTERIO DA JUSTICA E SEGURANCA PUBLICA MINISTERIO DA ECONOMIA MINISTERIO DA INFRAESTRUTURA 16 Tabela 02 – Comparativo entre os valores celebrados por TED em todos os exercícios e orçamento aprovado em 2021 Órgão Superior Total de TEDs celebrados 2008- 2021 (bilhões) Orçamento aprovado pelo Congresso em 2021 (bilhões)9 MINISTERIO DA EDUCACAO R$ 18,99 R$ 74,56 MINISTERIO DA SAUDE R$ 23,92 R$ 136,23 MINISTERIO DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL R$ 18,00 R$ 10,68 Total R$ 60,91 R$ 221,47 Fonte: Senado Federal. Elaborado pela equipe de auditoria. Os valores totais celebrados por meio de TED pelo Ministério do Desenvolvimento Regional nos exercícios de 2008 a 2021 encontram-se superiores ao orçamento aprovado para a pasta ministerial do exercício de 2021 em quase R$ 8 bilhões. Unidades Descentralizadas As unidades descentralizadas são os órgãos que executam os TEDs. São elas que detêm o conhecimento para executar as políticas públicas, e que recebem as dotações orçamentárias e os valores a serem executados nas transferências. A Fundação Oswaldo Cruz, seguida pelo Comando de Operações Terrestres do Comando do Exército e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico/MCTI foram as unidades descentralizadas com os maiores créditos orçamentários recebidos, com cerca de R$ 19,40, R$ 7,25 e R$ 6,3 bilhões respectivamente. Os três juntos equivalem à 34,75% do valor total. Em relação ao quantitativo de instrumentos celebrados, o Conselho Nacional de Desenvolvimento, Científico e Tecnológico; a Fundação Oswaldo Cruz; e a Coordenação-Geral de Orçamento e Finanças/MRE são as unidades descentralizadas que mais possuem instrumentos, com 798, 572 e 553 respectivamente, o que equivale a 9,15% do total. Além disso, as unidades descentralizadas com maiores valores pactuados possuem juntas 18,35% do total de instrumentos, o que equivale a cerca de 61% do valor total celebrados com TED. Observa-se que os TEDs estão pulverizados pelas unidades descentralizadas, uma vez que o quantitativo de instrumentos dos 15 maiores convenentes não chega a 30% do total. 9https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2021/03/25/aprovado-orcamento-de-2021-com-deficit-de-r- 247-1-bilhoes. Acessado em 17/08/2021. https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2021/03/25/aprovado-orcamento-de-2021-com-deficit-de-r-247-1-bilhoes https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2021/03/25/aprovado-orcamento-de-2021-com-deficit-de-r-247-1-bilhoes 17 Gráfico 03 - Unidades descentralizadas com maiores valores celebrados Fonte: Tesouro Gerencial. Elaborado pela equipe de auditoria. TEDs celebrados por exercício A seguir são demonstrados os maiores valores celebrados por exercício, conforme Tabela 03 a seguir: Tabela 03 – Maiores valores celebrados, por exercício Exercício Quantidade de Instrumentos Instrumentos (%) Valor Celebrado Valor Celebrado (%) 2008 2 0,01% R$ 45.523.777,04 0,05% 2009 26 0,12% R$ 68.920.439,66 0,07% 2010 18 0,09% R$ 25.413.989,99 0,03% 2011 23 0,11% R$ 65.426.683,94 0,07% 2012 288 1,37% R$ 974.352.830,09 1,03% 2013 2914 13,87% R$ 13.085.897.077,66 13,80% 2014 2408 11,46% R$ 9.257.389.720,16 9,76% 2015 2115 10,07% R$ 10.141.508.685,70 10,69% 2016 2622 12,48% R$ 11.896.753.067,37 12,54% 2017 2825 13,45% R$ 11.223.167.898,71 11,83% 2018 3142 14,96% R$ 10.294.021.856,94 10,85% 2019 2161 10,29% R$ 9.167.131.782,06 9,66% 2020 2178 10,37% R$ 14.007.564.546,82 14,77% 202110 283 1,35% R$ 4.605.148.263,96 4,85% Total Geral 21008 100% R$ 94.858.961.176,22 100% Fonte: Tesouro Gerencial. Elaborado pela equipe de auditoria. A Tabela 03 apresenta o quantitativo de instrumentos e os valores celebrados por exercício. Os exercícios de 2013, 2016 e 2020 são os que possuem os maiores recursos financeiros 10 Os dados do exercício de 2021 são parciais, uma vez que os dados foram retirados do Tesouro Gerencial em 29/07/2021. 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 R$ 0,00 R$ 5,00 R$ 10,00 R$ 15,00 R$ 20,00 R$ 25,00 B ilh õ es Quantidade de Instrumentos Valor Celebrado 18 celebrados com TED, com cerca de R$ 13, R$ 11,8 e R$ 14 bilhões respectivamente. Os três exercícios juntos equivalem a 41,11% do total. Já os exercícios de 2008 a 2011 celebraram poucos instrumentos, com 68 no total, o equivalente a menos de 1% dos instrumentos. Os valores celebrados nesses exercícios somaram cerca de R$ 205 milhões, ou 0,22% de todos os TEDs celebrados. Uma provável justificativa para o baixo número de instrumentos é que esses anos foram os primeiros a utilizarem TED no sistema Siafi. Antes, eram utilizados os Termos de Cooperação. Temas Relacionados à Covid-19 Outro ponto analisado pela equipede auditoria foram os TEDs relacionados ao combate à Covid-19. Para obter essas informações, foram analisadas as principais justificativas no sistema Siafi e verificou-se que 140 transferências estavam relacionadas ao enfretamento à pandemia do Sars-CoV-2, tais como cursos de qualificação profissional, aquisição de material para fabricação de kit de higiene, produção de álcool líquido e gel para fins de desinfecção de ambientes e de EPI, entre outras ações. A seguir são demonstrados os instrumentos celebrados com TED relacionados ao enfrentamento da pandemia da Covid-19, por órgão superior: Tabela 04 – Instrumentos celebrados com TED relacionados ao enfrentamento da pandemia da Covid-19, por órgão superior Órgão Superior Quantidade de Instrumentos Valor Celebrado MINIST. MULHER, FAMILIA E DIREITOS HUMANOS 4 R$ 14.081.773,15 MINISTERIO DA CIDADANIA 1 R$ 220.000.000,00 MINISTERIO DA CIENCIA, TECNOLOGIA E INOVACOES 11 R$ 36.745.396,89 MINISTERIO DA EDUCACAO 118 R$ 91.823.809,60 MINISTERIO DA JUSTICA E SEGURANCA PUBLICA 1 R$ 18.642.000,00 MINISTERIO DA SAUDE 1 R$ 53.706.371,00 MINISTERIO DO TURISMO 3 R$ 3.026.390,42 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIAO 1 R$ 50.000,00 Total 140 R$ 438.075.741,06 Fonte: Tesouro Gerencial. Elaborado pela equipe de auditoria. Ao analisar a Tabela 04 identifica-se que o Ministério da Educação é o órgão superior com o maior número de instrumentos celebrados com TED para combater a pandemia da Covid-19, com um total de 118, ou 83,69% do total. Em relação aos valores, observa-se que o Ministério da Cidadania foi o órgão com o maior número de recursos financeiros celebrados, com R$ 220 milhões. Esse total equivale a um pouco mais da metade dos valores pactuados com TED para o combate à Covid-19. Ressalta- se que os recursos foram celebrados apenas para um instrumento. A justificativa informada nos dados extraídos do Tesouro Gerencial é “COMBATE AOS EFEITOS DA PANDEMIA DE COVID-19.” Por fim, os instrumentos relacionados ao combate à Covid-19 foram firmados entre os exercícios 2020 e 2021, no valor total de R$ 144.946.884.891,78, o equivalente à 0,03%. 19 Diante do exposto, verificou-se que os órgãos descentralizadores que mais celebraram TED foram a Diretoria Executiva do Fundo Nacional da Saúde/MS, a Coordenação-Geral de Suporte à Gestão Orçamentária/SPO/MEC e a Secretaria Nacional de Defesa Civil/MDR, com mais R$ 44 bilhões, o equivalente a 47% do total. Já a Fundação Oswaldo Cruz, seguida pelo Comando de Operações Terrestres do Comando do Exército e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico/MCTI foram as unidades descentralizadas com os maiores valores celebrados para executar projetos, o equivalente a 34,75% do valor total celebrado. Por fim, os ministérios da Saúde, Educação e Desenvolvimento Regional foram os órgãos com os maiores valores celebrados com TED. A soma dos três ministérios supera R$ 61 bilhões. 2. Ausência de uma categoria no campo “situação” no Siafi que indique que um TED teve sua prestação de contas aprovada ou rejeitada pela unidade descentralizadora. Com o intuito de avaliar a eficácia dos instrumentos celebrados com TED, foi realizado um comparativo dos instrumentos que se encontram na situação concluídos, cancelados, adimplentes, excluídos e rescindidos. As informações referentes à situação dos instrumentos foram obtidas no Tesouro Gerencial, no dia 29/07/2021, onde foi gerada uma planilha gerencial contendo os dados de cadastro desse tipo de transferência. No campo “SITUAÇÃO”, encontram-se as informações sobre a situação atual dos instrumentos celebrados com TED, tais como: concluídos, cancelados, adimplentes, excluídos e rescindidos. A seguir são descritas cada uma das situações11: • Concluídos: indica que um instrumento foi finalizado com o devido processo de prestação de contas; • Cancelados: extinção de um instrumento; • Adimplentes: cumprimento, em tempo hábil, das obrigações contratuais pelo contratante ou convenente; • Excluídos: status designado a um instrumento quando for constatado que ocorreu erro no momento do cadastramento. Não poderá ser efetivado caso tenha ocorrido liberação de recursos referentes a qualquer parcela existente. Após o registro desse tipo de execução os saldos serão zerados e o cadastro ficará inativo; • Rescindidos: extinção do TED em decorrência de inadimplemento das cláusulas pactuadas; da constatação de irregularidade em sua execução; de caso fortuito ou de força maior, regularmente comprovado, que impeça a execução do objeto; ou da verificação de outras circunstâncias que ensejem a tomada de contas especial12. 11 Fonte: Manual do Siafi com adaptações. 12 Inciso IV do art. 2º do Decreto nº 10.426/2020. 20 O normativo que regulamenta a rescisão dos instrumentos celebrados com TED é o Decreto nº 10.426/2020, conforme detalhado a seguir: Art. 20 - O TED poderá ser denunciado a qualquer tempo, hipótese em que os partícipes ficarão responsáveis somente pelas obrigações pactuadas e auferirão as vantagens do período em que participaram voluntariamente do TED. Art. 21. São motivos para rescisão do TED: I - o inadimplemento de cláusulas pactuadas; II - a constatação, a qualquer tempo, de irregularidades em sua execução; III - a verificação de circunstâncias que ensejem a instauração de tomada de contas especial; ou IV - a ocorrência de caso fortuito ou de força maior que, mediante comprovação, impeça a execução do objeto. Ressalta-se que o Decreto nº 8.180, de 30/12/2013 e a Portaria Conjunta MP/MF/CGU nº 08, de 07/11/20212, anteriores ao Decreto nº 10.426/2020, não trataram do tema. Ao analisar os 21.00813 instrumentos extraídos do Tesouro Gerencial, com total celebrado no valor de R$ 94.858.961.176,22, as seguintes situações foram encontradas: Tabela 05 – Situação dos instrumentos celebrados com TED Situação Quantidade de Instrumentos Instrumentos (%) Valor Celebrado Valor Celebrado (%) ADIMPLENTE 12.149 57,83% R$ 65.552.375.055,41 69,11% CANCELADO 514 2,45% R$ 1.225.585.420,24 1,29% CONCLUIDO 7.857 37,40% R$ 25.198.599.673,70 26,56% EXCLUIDO 419 1,99% R$ 2.710.984.720,65 2,86% RESCINDIDO 69 0,33% R$ 171.416.306,22 0,18% Total Geral 21.008 100% R$ 94.858.961.176,22 100,0% Fonte: Tesouro Gerencial. Elaborado pela equipe de auditoria. Conforme demostrado na Tabela 05, cerca de 57% dos instrumentos encontram-se adimplentes, ou seja, foram cumpridas pelas unidades descentralizadoras todas suas obrigações contratuais. O valor celebrado com esses instrumentos totaliza cerca de R$ 65 bilhões. Além disso, cerca de 37% dos instrumentos encontram-se concluídos, ou seja, já foram finalizados após a apresentação das prestações de contas. O valor celebrado com esses instrumentos totaliza R$ 25 bilhões, ou 26,56%. 13O total de instrumentos extraídos do Tesouro Gerencial foi 21.023 instrumentos, com um valor total celebrado de R$ 547.296.815.458,95. Porém, foram excluídos os instrumento e valores repassados pelo Fundo Nacional de Assistência Social, devido ao grande volume de recursos financeiros celebrados com 15 instrumentos, totalizando R$ 457.437.854.282,73, onde os valores estavam estatisticamente muito acima da população. Esses instrumentos referem-se ao Benefício de Prestação Continuada (BPC). 21 Já os instrumentos excluídos e rescindidos se encontram em menor número, com 419 e 69 respectivamente, ou 1,99% e 0,33% do total. Os valores celebrados com esses instrumentos chegam a um pouco mais de 3% do total. Segue abaixo gráfico para melhor ilustrar esse contexto, referente à situação dos instrumentos celebrados com TED: Gráfico 04 – Situação dos instrumentos celebrados com TED Fonte: Tesouro Gerencial. Elaborado pela equipe de auditoria. Por fim, não foi possível avaliar a eficácia dos instrumentos celebrados com TED, pois não existe no Siafi campo contendo informações sobre os TEDsque tiveram seus relatórios de cumprimento do objeto aprovados ou rejeitados. Assim, o teste foi considerado inconclusivo. Uma provável causa das ausências de informações de aprovação ou rejeição dos relatórios de cumprimento do objeto é que o sistema o Siafi encontra-se desatualizado. Por ele ser um sistema muito antigo, provavelmente não houve atualização dessas informações. Como consequência não existe possibilidade de verificar a eficácia dos instrumentos celebrados com TED concluídos, pois não dá para saber o percentual de aprovação ou rejeição dos relatórios de cumprimentos do objeto dos TEDs. 3. Instrumentos celebrados com TED encontram-se com tempo médio de vigência de 3,37 anos. Neste ponto foi realizada uma análise do tempo médio de vigência dos instrumentos celebrados com TED, executados pelos órgãos descentralizados, que vai do início da vigência até a data de conclusão do instrumento. ADIMPLENTE; 57,83% CANCELADO; 2,45% CONCLUIDO; 37,40% EXCLUIDO; 1,99% RESCINDIDO; 0,33% 22 Analisar o tempo médio de vigência de um TED pode ser um fator importante para verificar a eficiência de uma política pública, ou seja, o tempo elevado na execução do objeto pactuado dos termos de execução descentralizada pode impactar negativamente a entrega do serviço ou uma obra pública ao cidadão, o que geraria desperdício de recursos públicos. Para realizar a avaliação do teste de auditoria, com base nas consultas realizadas no Tesouro Gerencial, entre os exercícios de 2008 a 2021 (julho), foram analisados 7.863 instrumentos concluídos14. O cálculo do tempo médio de conclusão dos instrumentos celebrados por meio de TED inicia- se na data de início de vigência e finaliza na data de conclusão dos instrumentos registrados no Tesouro Gerencial. A seguir, será detalhado o tempo médio de vigência dos instrumentos celebrados com TED. Gráfico 05 – Tempo médio de vigência dos instrumentos celebrados por meio de TED, por exercício Fonte: Tesouro Gerencial. Elaborado pela equipe de auditoria. Ao analisar o gráfico 05, observa-se que há uma tendência de queda no ciclo de vida dos instrumentos celebrados com TED e que a média total de vigência é de 3,37 anos. Além disso, nos instrumentos que iniciaram no exercício de 2010, o tempo médio de vigência foi maior, ou seja, foram necessários 9,23 anos para concluir os instrumentos. Não foi encontrado um motivo específico pelo qual o tempo médio ficou tão alto em relação aos demais exercícios, porém nas justificativas dos instrumentos no sistema, dois deles foram eventos de capacitação, um foi elaboração de plano de controle ambiental em portos e outro a execução de projeto. 14 Aqui estão incluídos 6 TED referentes às políticas de assistência social. 7,76 9,23 6,67 4,71 4,66 4,16 3,47 3,18 2,54 1,99 1,40 0,69 3,37 0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00 9,00 10,00 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 Total Geral 23 Ressalta-se que a quantidade de instrumentos nos exercícios de 2009, 2010 e 2011 era muito baixa em relação aos demais anos, com 2, 4 e 5 instrumentos. Isso pode ser uma das causas dos exercícios terem um tempo média de vigência elevado, conforme demonstrado no gráfico a seguir: Gráfico 06 – Quantidade de instrumento concluídos, por exercício Fonte: Tesouro Gerencial. Elaborado pela equipe de auditoria. A seguir é demonstrado o tempo médio de conclusão dos TEDs por unidade descentralizada, ou seja, os executores dos instrumentos. Ressalta-se que foram demonstrados somente os 15 primeiros órgãos executores, uma vez que existem mais de 500 unidades descentralizadas. Gráfico 07 – Tempo médio de vigência dos instrumentos celebrados por meio de TED, por unidade descentralizada 24 Fonte: Tesouro Gerencial. Elaborado pela equipe de auditoria. A partir do gráfico 07, verifica-se que a ASCOM/MINC possui 01 TED com o maior tempo de conclusão dentre todos os órgãos executores, com 7,27 anos, seguidos da CEPLAC/SDI/MAPA/BA e Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal, com tempo de conclusão de 7,25 anos. O primeiro refere-se à campanha Vale da Cultura, programa de apoio ao acesso à cultura, o segundo refere-se à qualificação da assistência técnica e extensão rural nas regiões produtoras de cacau da Bahia e por fim o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal tem o objetivo de “fomentar o desenvolvimento de atividades sustentáveis de base florestal no Brasil e a promover a inovação tecnológica do setor”15. Por fim, em relação aos órgãos superiores verifica-se que os Ministérios do Esporte, da Saúde e do Trabalho são os que possuem instrumentos com médias de conclusão mais altas com 4,45, 4,23 e 3,97 anos respectivamente, conforme demonstrado a seguir: 15 Art. 41 da Lei nº 11.284, de 02 de março de 2006. 7,27 7,25 7,25 7,08 7,08 7,06 6,92 6,61 6,60 6,57 6,35 6,35 6,23 6,22 6,22 1 1 2 1 1 1 2 1 3 2 10 1 1 6 1 ASCOM - 420017 MINC COMISSAO EXEC.DO PLANO DA LAV.CACAUEIRA/BA FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO… HOSPITAL ESCOLA SAO FRANCISCO DE ASSIS EMBRAPA-SETORIAL SECRETARIA DE AGRICULT.FAMILIAR E COOPERATIV. GABINETE DO MINISTRO - MJ FUNDO ESPECIAL DO SENADO FEDERAL COMISSAO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR-IRD FACULDADE DE FILOSOFIA E CIENC. HUMANAS/UFMG HOSPITAL UNIVERSITARIO DE BRASILIA - HUB INST.FED.DE EDUC.,CIENC.E TEC.DE ALAGOAS EMBRAPA/CPAF-RORAIMA UFRN - COMPLEXO HOSPITALAR DE SAUDE IFSP - CAMPUS MATAO Quantidade de Instrumentos Tempo médio de vigência do TED 25 Gráfico 08 – Tempo médio de vigência dos instrumentos celebrados por meio de TED, por órgão superior Fonte: Tesouro Gerencial. Elaborado pela equipe de auditoria. Diante do exposto, verificou-se que o tempo médio de conclusão dos instrumentos é de 3,37 anos. Além disso, observou-se que a ASCOM/MINC possui 01 TED com o maior tempo de conclusão dentre todos os órgãos executores, com 7,27 anos, seguido da CEPLAC/SDI/MAPA/BA e o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal, com tempo de conclusão de 7,25 anos. Por fim, verificou-se que os Ministérios do Esporte, da Saúde e do Trabalho são os órgãos superiores que possuem instrumentos com médias de conclusão mais altas com 4,45, 4,23 e 3,97 anos respectivamente. 4. Instrumentos com prazos de vigência superior a 72 meses, com valor total celebrado de R$ 3.269.699.629,98. O objetivo desse ponto foi avaliar o ciclo de vida e o prazo de vigência dos Termos de Execução Descentralizada. Assim, foram analisados os instrumentos concluídos, ou seja, com o seu ciclo de vida completo, que compreende o início de vigência até o fim da prestação de contas. Ressalta-se que as informações foram extraídas do Tesouro Gerencial, entre os exercícios 2008 a 202016. O Decreto nº 10.426/2020, que atualmente regulamenta a execução e operacionalização dos termos de execução descentralizada, entrou em vigor no dia 16 de julho de 2020 e, portanto, só pode ser aplicado aos Termos de Execução Descentralizada celebrados após esta data. Entretanto, com o objetivo de ter um parâmetro de referência, optou-se por utilizar o normativo apenas para fins de análise dos prazos de vigência dos TEDs celebrados anteriormente à sua publicação, sem que isso impacte a avaliação da regularidade desses instrumentos. 16 As consultas ao Tesouro Gerencial foram realizadas em 29/07/2021. 4,45 4,23 3,97 3,61 3,59 3,48 3,47 3,44 3,35 141 667 7 3620 116 4 1 31 318 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00 4,50 5,00 Q u an ti d ad e an o s Tempo médio de vigência Quantidade de Instrumentos 26 O referido Decreto, em seu artigo 10 informa os prazos de vigência e as hipóteses de prorrogação, conforme a seguir: “Art. 10º O prazo de vigência do TED não será superior a sessenta meses, incluídas as prorrogações. § 1º Excepcionalmente, a vigência do TED poderáser prorrogada por até doze meses, além do prazo previsto no caput, mediante justificativa da unidade descentralizada e aceite pela unidade descentralizadora [...]. § 2º A prorrogação de que trata § 1º será compatível com o período necessário para conclusão do objeto pactuado.” O § 3º informa que o TED será prorrogado de “ofício pela unidade descentralizadora caso haja atraso na liberação de recursos no prazo limitado ao período de atraso.” Ressalta-se que os instrumentos com os prazos de vigência expirados encontrados nas análises são anteriores à publicação do Decreto nº 10.426/2020. De qualquer forma, as análises foram realizadas com base no normativo em questão, uma vez que a única legislação referente à TED anterior ao atual Decreto17 não faz referência aos prazos de vigência dos instrumentos, possivelmente era utilizado os prazos de vigência do Decreto nº 6.170/2007, normativo que regulamenta os convênios e contratos de repasse, e que foram inseridas informações sobre os TEDs. Assim, as fragilidades encontradas nas análises anteriores à 2020 não serão objeto de recomendação. Além disso, informa-se que as análises do tempo de vigência foram realizadas de forma conservadora, ou seja, foram utilizados os 60 meses do tempo de vigência mais os 12 meses adicionais com as devidas justificativas, conforme §3º do art. 10. Diante do exposto, ao analisar os 7.86218 instrumentos com a situação “concluídos” verifica- se que 1.040 ultrapassaram 72 meses de vigência. A Tabela 06 a seguir ilustra as informações comentadas anteriormente: Tabela 06 – Situação do prazo de vigência dos TEDs Prazo de Vigência Quantidade de Instrumentos % Valor Celebrado %2 Maior que 72 meses 1.040 13,25% R$ 3.269.699.629,98 12,98% Menor que 72 meses 6.822 86,75% R$ 21.926.900.043,72 87,02% Total 7.862 100% R$ 25.198.599.673,70 100% Fonte: Tesouro Gerencial Observa-se que apenas 13,25% dos instrumentos ultrapassaram 72 meses de vigência. O valor celebrado com os instrumentos nessa situação representa 12,98% do total, com cerca de R$ 3 bilhões. 17 Decreto nº 8.180, de 30/12/2013, que inseriu dois artigos no Decreto nº 6.170/2001, que dispunha sobre as normas relativas às transferências de recursos da União mediante convênios e contratos de repasse. 18 Foi excluído 1 instrumento concluído, pois não tinha data do dia de conclusão. Assim, ao invés de 7.863, foram contabilizados 7.862 instrumentos. 27 Os instrumentos que foram concluídos em prazo inferior a 72 meses representam 87,02% do total. O valor celebrado foi quase R$ 22 bilhões, o que representa aproximadamente 87% do total. Outros dados importantes para a análise são os instrumentos celebrados com TED com prazo de vigência superior a 72 meses por exercício e por unidade descentralizada, conforme exibido no gráfico 09 e figura 03 a seguir: Gráfico 09 - Instrumentos com prazo de vigência superior a 72 meses, por exercício Fonte: Tesouro Gerencial. Elaborado pela equipe de auditoria. A partir do gráfico 09, observa-se que os exercícios de 2013 e 2014 estão com o maior número de instrumentos com o prazo de vigência extrapolado, com 598 e 395 respectivamente. Esse quantitativo representa mais de 95% do total dos instrumentos. Além disso, a partir de 2018 não houve nenhum instrumento com prazo de vigência superior a 72 meses. Uma provável causa para o ocorrido é que os instrumentos ainda estão dentro do prazo de vigência. Por fim, outra informação importante são os TEDs com prazo de vigência extrapolado por unidade descentralizada, onde foram listadas as 17 unidades com maior número de instrumentos, conforme quadro a seguir: 0,00% 50,00% 100,00% 150,00% 200,00% 250,00% 0 100 200 300 400 500 600 700 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 V al o r C el eb ra d o B ilh õ es In st ru m en to s Exercício Quantidade de Instrumentos Valor Celebrado 28 Figura 03 - Instrumentos com prazo de vigência extrapolado, por órgão executor Fonte: Tesouro Gerencial. Elaborado pela equipe de auditoria. Observa-se na Figura 03 que as maiores unidades descentralizadas, ou seja, os executores do TED, que estão com os prazos de vigência superior a 72 meses, são na maioria universidades e institutos. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) / MCTI, a Universidade Federal da Bahia e a Universidade Federal de Minas Gerais são as unidades descentralizadas com maior número de instrumentos com o prazo de vigência extrapolado, com 50, 28 e 28 respectivamente, em termos percentuais os três representam um pouco mais de 10% do total. Por fim, os instrumentos com prazo de vigência expirados estão pulverizados nos mais de 200 órgãos executores, uma vez que os órgãos demonstrados na figura acima representam 33,17% dos 1.040 instrumentos. Os valores celebrados com esses órgãos totalizam R$ 808.443.365,36 e representam 24,73% do total. Diante do exposto, verifica-se que 1.040 instrumentos (13,25% do total) estão com os prazos de vigência superiores a 72 meses, com valor total celebrado de R$ 3.269.699.629,98. Além disso, observa-se que os exercícios de 2013 e 2014 estão com o maior número de instrumentos com prazo extrapolado, com 598 e 395 respectivamente, o que representa mais de 95% do total. Por fim, constata-se que os maiores órgãos descentralizados com vigência superior a 72 meses são na maioria universidades e institutos. 5. Instrumentos com prazos de análise das prestações de contas acima de 180 dias, contrariando o Decreto nº 10.426/2020. Foi realizado um diagnóstico sobre o prazo de análise das prestações de contas dos TEDs. Assim, foram verificados os instrumentos concluídos, ou seja, com o seu ciclo de vida completo, desde o início de vigência até o fim da prestação de contas. 29 O normativo que atualmente regulamenta a execução e operacionalização dos termos de execução descentralizada é o Decreto nº 10.426, de 12/07/2020. O referido Decreto, nos § 2º e 3º do art. 23, informa os prazos para entrega do relatório de cumprimento do objeto, ou seja, a entrega da prestação de contas dos TEDs, conforme a seguir: “§ 2º O relatório de cumprimento do objeto será apresentado pela unidade descentralizada no prazo de cento e vinte dias, contado da data do encerramento da vigência ou da conclusão da execução do objeto, o que ocorrer primeiro. § 3º Na hipótese de não haver apresentação do relatório de cumprimento do objeto no prazo estabelecido, a unidade descentralizadora estabelecerá o prazo de trinta dias para a apresentação do relatório. O prazo de vigência do TED não será superior a sessenta meses, incluídas as prorrogações.” Além disso, o art. 24 informa como ocorrerão as análises sobre os resultados atingidos, o cumprimento do objeto e o prazo total para análise da prestação de contas: “Art. 24. A análise do relatório de cumprimento do objeto pela unidade descentralizadora abrangerá a verificação quanto aos resultados atingidos e o cumprimento do objeto pactuado. § 1º A análise de que trata o caput ocorrerá no prazo de cento e oitenta dias, contado da data do recebimento do relatório de cumprimento do objeto.” Se em ambos os casos não forem cumpridos os prazos previstos no Decreto ou a prestação de contas não for aprovada, onde fora identificado desvio de recursos, a unidade descentralizadora solicitará à unidade descentralizada a instauração de tomada de contas especial para apurar os responsáveis e eventuais prejuízo ao erário.19 O Decreto nº 10.426/2020 entrou em vigor no dia 16 de julho de 2020 e, portanto, só pode ser aplicado aos TEDs celebrados após esta data. Entretanto, com o objetivo de ter um parâmetro de referência e por não haver informações suficientes nos normativos anteriores ao novo Decreto, optou-se por utilizar o normativo apenas para fins de análise dos prazos relativos ao relatório de cumprimento do objeto dos instrumentoscelebrados anteriormente à sua publicação, sem que isso impacte a avaliação da regularidade desses instrumentos. Assim, ao analisar os 7.863 instrumentos concluídos verifica-se que todos eles se encontram com o prazo de entrega da prestação conforme estipulado no Decreto. Todos os instrumentos estavam com o prazo de 60 dias de entrega do relatório. Ressalta-se que a equipe de auditoria realizou o cálculo do tempo de entrega da prestação de contas pela subtração da data da prestação de contas com a data de fim de vigência, pois nos dados extraídos do Tesouro Gerencial não informavam se a prestação de contas foi 19 § 4º do art. 23 e § 2º do art. 24 do Decreto nº 10.426/2020. 30 apresentada no prazo contado da data do encerramento da vigência ou da conclusão da execução do objeto, o que ocorresse primeiro. Outro ponto verificado pela equipe de auditoria foi se os instrumentos estavam dentro do prazo de análise das prestações de contas estipulado no Decreto, que é de 180 dias contado da data de recebimento do relatório de cumprimento do objeto. Não foi identificado, no Tesouro Gerencial ou em outro sistema de acompanhamento dos TEDs, campo contendo a informação sobre a conclusão da análise do relatório de cumprimento do objeto, ou seja, se ele foi aprovado ou rejeitado. Assim, a metodologia utilizada pela equipe de auditoria foi a subtração do dia de conclusão da data de prestação de contas dos instrumentos. Com isso verificou-se a quantidade de dias que os TEDs se encontravam em prestação de contas, conforme demonstrado a seguir: Tabela 07 – Situação dos prazos de análise das prestações de contas20 Situação Quantidade de Instrumentos Instrumentos (%) Valor Celebrado Valor Celebrado (%) Após 180 dias 6.781 86,24% R$ 21.114.650.342,89 83,79% Até 180 dias 1.076 13,67% R$ 4.081.949.330,81 16,20 Total Geral 7863 100% R$ 25.198.599.673,70 100% Fonte: Tesouro Gerencial. Elaborado pela equipe de auditoria. Conforme Tabela 07, 6.781 mil instrumentos estão com os prazos de análise das prestações de contas dos TEDs acima de 180 dias, com um percentual acima de 86%. Os valores celebrados com os instrumentos nessa situação estão próximos dos R$ 21 bilhões, o equivalente a 83,79% do total. O tempo médio de duração dos instrumentos que ultrapassaram os 180 dias é de 894,39 dias, ou seja, 2,45 anos para examinar a prestação de contas do relatório de cumprimento do objeto. Já o tempo médio dos instrumentos com até 180 dias é de 30,92 dias, uma diferença de 2,37 anos em relação aos instrumentos com tempo médio superior a 180 dias. Outro ponto importante para a análise é o tempo médio de duração das prestações de contas por exercício, conforme demonstrados a seguir: 20 Foi excluído um instrumento da contagem porque estava sem o dia de conclusão. 31 Gráfico 10 - Tempo médio de duração das prestações de contas, por exercício Fonte: Tesouro Gerencial. Elaborado pela equipe de auditoria. Em relação ao gráfico, observa-se que os exercícios de 2009, 2010 e 2011 são os anos com maior tempo para análise das prestações de contas dos TEDs com média de 1.651 dias. Porém, os valores celebrados com esses instrumentos encontram-se abaixo dos demais exercícios, com percentual menor que 1% do total. Já nos exercícios de 2016, 2017 e 2018, o tempo médio de análise foi bem abaixo dos exercícios citados no parágrafo anterior, com média de 691 dias. Além disso, observa-se que ao passar dos anos a tendência é de diminuição do tempo de análise do relatório de cumprimento do objeto, ou seja, os dias para prestar as contas diminuem. Uma provável causa para o ocorrido é que o prazo estipulado em normativo ainda não expirou. Por fim, outra informação importante é o tempo médio de análise das prestações de contas dos TEDs por órgão concedente. Foram listadas as 15 unidades descentralizadoras com os maiores tempos de análise, conforme gráfico a seguir: 1438,50 1716,25 1801,00 1038,25 1177,30 1136,99 935,09 874,15 687,81 511,51 320,36 237,50 0 200 400 600 800 1.000 1.200 1.400 1.600 1.800 2.000 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 D ia s Ano 32 Gráfico 11 – Tempo médio das prestações de contas dos TEDs, por unidade descentralizadora Fonte: Tesouro Gerencial. Elaborado pela equipe de auditoria. Os concedentes com os maiores tempos de análise das prestações de contas são o Projeto de Corredores Ecológicos – KFW/MMA, o Departamento de Gestão Interna/Secretaria-Geral e o Fundo Nacional de Segurança e Educação de Trânsito/MInfra, com 2.497, 1.920 e 1.888 dias para análise. Os valores celebrados com esses órgãos totalizam R$ 38.338.036,45, o que em termos percentuais representa menos que 0,016% do total celebrado. Uma possível causa para o ocorrido seria ausência de capacidade operacional dos órgãos descentralizadores em realizar as análises das prestações de contas dos TEDs. Como consequência, pode ser que a análise do relatório de cumprimento do objeto não tenha sido realizada da forma correta, e consequentemente poderá causar danos ao erário. Diante do exposto, ao analisar os 7.862 instrumentos concluídos verificou-se que todos os TEDs se encontravam com o prazo de entrega da prestação conforme estipulado no Decreto nº 10.426/2020. Além disso, observou-se que mais de 86% dos instrumentos estão com os prazos de análise das prestações de contas acima de 180 dias. Por fim, os órgãos descentralizadores Projeto de Corredores Ecológicos – KFW/MMA, Departamento de Gestão Interna/Secretaria-Geral e Fundo Nacional de Segurança e Educação de Trânsito – MINFRA foram os órgãos com maior tempo de análise das prestações de contas. 2497 1920 1888 1839 1826 1803 1617 1602 1495 1494 1487 1455 1418 1402 1402 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 PROJETO CORREDORES ECOLOGICOS - KFW DEPARTAMENTO DE GESTAO INTERNA FUNDO NACIONAL DE SEG. E EDUCACAO DE TRANSITO SEC NAC FOMENTO E INCENTIVO A CULTURA - CONVE SECRETARIA DE AQUICULTURA E PESCA SUPERINTENDENCIA DO IPHAN MARANHAO, IPHAN-… ARQUIVO NACIONAL - RJ BOLSA VERDE - SEDR FUND.COORD.DE APERF.DE PESSOAL NIVEL SUPERIOR SECRETARIA DE PLANEJ. E DESENV. ENERGETICO SECRETARIA DO PATRIMONIO DA UNIAO SECRETARIA NACIONAL DA JUVENTUDE SUBSECRETARIA DE UNIDADES VINCULADAS SEC. DE DIFUSAO E INFRAESTRUTURA CULTURAL UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL Dias em PC C o n ce d en te 33 6. Baixa quantidade de Tomada de Contas Especial (TCE) instauradas nos Instrumentos celebrados com TED. Foi realizado um levantamento dos instrumentos com TCE instauradas no Executivo Federal pelo não cumprimento do objeto pactuado, ou seja, aqueles que tiveram suas prestações de contas reprovadas. As TCE estão definidas no art. 2º da IN TCU nº 71/2012 e no art. 70 da PI nº 424/2016, conforme transcritos a seguir: “Tomada de Contas Especial é um processo administrativo devidamente formalizado, com rito próprio, para apurar responsabilidade por ocorrência de dano à administração pública federal, com apuração de fatos, quantificação do dano, identificação dos responsáveis e obter o respectivo ressarcimento.” (art. 2º, caput, da IN/TCU n.º 71/2012). “A Tomada de Contas Especial é o processo que objetiva apurar os fatos, identificar os responsáveis e quantificar o dano causado ao Erário, visando ao seu imediato ressarcimento.” (art. 70 da Portaria Interministerial MPDG/MF/CGU n.º 424/2016) Além disso, a nova Portaria de TCE da Controladoria-Geral da União (CGU), Portaria nº 1.531, de 1º de julho de 2021, define TCE: “Art. 2º Tomada de contas especial é um processo administrativo devidamente formalizado, com rito próprio, para apurar responsabilidade por ocorrência de dano à administração pública federal, com apuração de fatos, quantificação do dano, identificação dos responsáveis e obtenção do respectivo ressarcimento, quando caracterizado pelo menos um dos seguintes fatos: I- omissão no dever de prestar contas; II - não comprovação da regular aplicação dos recursos repassados pela União; III - ocorrência de desfalque, alcance, desvio ou desaparecimento de dinheiro, bens ou valores públicos; e IV - prática de qualquer ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico de que resulte dano ao Erário. Parágrafo único. Consideram-se responsáveis pessoas físicas ou jurídicas às quais possa ser imputada a obrigação de ressarcir o Erário”. Conforme Manual de Tomada de Contas Especial da CGU, “o processo tem por base a conduta do agente público que agiu em descumprimento à lei ou deixou de atender ao interesse público, quando da omissão no dever de prestar contas, da não comprovação da aplicação de recursos, da ocorrência de desfalque, alcance, desvio ou desaparecimento de dinheiros, bens ou valores públicos, ou de prática de ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico de que resulte dano à administração pública federal.” 34 O principal objetivo da TCE é apurar a responsabilidade por ocorrência de dano à administração pública federal, com levantamento de fatos, quantificação do dano, identificação do responsável e obter o respectivo ressarcimento21. Dessa forma, caso o relatório de cumprimento do objeto seja reprovado, ou seja, as prestações de contas dos instrumentos celebrados com TED apresentem erro ou falha, “a unidade descentralizadora solicitará que a unidade descentralizada instaure, imediatamente, a tomada de contas especial para apurar os responsáveis e eventuais danos ao erário.”22 As informações referentes a Tomadas de Contas Especial foram obtidas no sistema e-TCE e do Sistema de Gestão de Informações (SGI) da CGU, em ambos os casos a data de extração foi 25/05/2021. Ao analisar os 6.712 instrumentos com TCE instauradas, com valor do débito no total de R$ 13.541.482.650,37, foram encontradas as seguintes informações referentes aos TEDs: Tabela 08 – Instrumentos com TCE instauradas Instaurador Órgão Supervisor Órgão Recebedor Motivo da Instauração Valor do Débito Atualizado SUBSECRETARIA PLAN., ORÇ.E ADM. ADMINISTRATIVO Ministério dos Transportes Universidade Federal Fluminense Não execução do Objeto R$ 295.853,90 CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA Ministério da Educação Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca Não comprovação regular aplicação de recursos R$ 996.502,75 CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA Ministério da Educação Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca Não comprovação regular aplicação de recursos R$ 87.028,29 23º BATALHÃO DE CAÇADORES Comando do Exército Operações Terrestres do Exército Não comprovação regular aplicação de recursos R$ 645.455,36 Total R$ 2.024.840,30 Fonte: e-TCE e SGI. Elaborado pela equipe de auditoria. Diante do exposto, constata-se que as prestações de contas dos instrumentos foram consideradas regulares, uma vez que apenas 4 TEDs tiveram TCE instauradas, ou seja, 0,059% do total. Além disso, o débito equivale a 0,015% do total. 7. Fragilidades na execução dos TEDs celebrados pelo Ministério da Economia com a Enap, tais como: TED com excesso de 21 BRASIL, Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União. Manual de Tomada de Contas Especial. 2017. 22 § 2º do art. 24 do Decreto n° 10.426/2020. 35 descentralizações; subcontratação de terceiros para execução total do objeto, data limite de designação de fiscais de TED. Com a intenção de verificar a regular execução dos TEDs, foram avaliados processos em que o Ministério da Economia participou como órgão descentralizador, ou seja, descentralizou créditos orçamentários e a Enap como órgão descentralizado, executor do objeto pactuado, para verificar se os processos estavam adequados em relação à legislação. Assim, foi realizada uma amostragem aleatória não probabilística. Logo, os desdobramentos da avaliação restringem-se apenas aos TEDs selecionados nesta amostra, conforme demonstrado no quadro a seguir: Tabela 09 – Processos de TED solicitados por amostra Processo Nº do TED Nota de Crédito Exercício Emitente - UG Valor (R$) 19974.102047/2020-80 (ME) 04600.003744/2020-20 (ENAP) 1AACYZ 1706070000120 20NC000058 2020 DIRETORIA DE ADMINISTRACAO E LOGISTICA 2.415.938,12 19973.108942/2020-18 (ME) 04600.004003/2020-66 (ENAP) 1AADQQ 1706070000120 20NC000094 2020 DIRETORIA DE ADMINISTRACAO E LOGISTICA 896.028,90 19687.106869/2020-75 (ME) 04600.003147/2020-03 (ENAP) 1AACLH 1706070000120 20NC000046 2020 DIRETORIA DE ADMINISTRACAO E LOGISTICA 604.740,31 05110.001252/2018-60 (ME) 04600.001370/2018-93 (ENAP) 694023 2010020000120 18NC000723 2018 COORDENACAO- GERAL DE ORC. E FINANCAS/MP 2.110.000 0273775 (ME) 04600.001765/2019-77 (ENAP) 697356 1705920000120 19NC000021 2019 SECRETARIA ACOMP. FISCAL, ENERGIA E LOTERIA 342.832,80 10080.101775 2020-64 (ME) 04600.000034/2021-29 (ENAP) dispensa 1700130000120 21NC001723 2021 SOF 142.632,72 19687.109050 2020-60 (ME) 04600.003585/2020-63 (ENAP) dispensa 1700130000120 20NC003051 2020 SETORIAL ORCAMENTARIA E FINANCEIRA / ME 142.632,72 36 12105.100972 2020-66 (ME) 04600.003066/2020-03 (ENAP) dispensa 1700130000120 20NC002310 2020 SETORIAL ORCAMENTARIA E FINANCEIRA / ME 71.808,00 Fonte: Elaborado pela equipe de auditoria. Dos 8 processos avaliados 5 deles encontram-se em andamento e 3 finalizados. Além disso, do total analisado, 3 processos foram dispensados em celebrar TED, uma vez que o valor da transferência é inferior a R$ 176.000,00, conforme item I do § 3º do art. 3º do Decreto nº 10.426/2020. A seguir encontram-se as principais fragilidades encontradas nos processos analisados: Processos de TED com excesso de descentralização da execução do objeto, o que contraria os princípios da eficiência e economicidade. Nesse ponto foi verificado que os TEDs nº 03/2020 e nº 01 SDIC/SEPEC/ME/2020 encontram- se com excesso de descentralização, onde a Escola Nacional de Administração Pública (Enap) descentralizou parte da execução para uma Fundação de Apoio e essa contratou terceiros para ajudar na execução do objeto. O TED nº 03/2020 foi firmado entre a Secretaria de Governo Digital da Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital/ME, como unidade descentralizadora e a Enap, como unidade descentralizada. O valor total celebrado foi R$ 2.415.938,12 e teve como objeto o “desenvolvimento e oferta de cursos relacionados às temáticas de Transformação Digital, Gestão de Projetos, Ciência de Dados e Tecnologia, na modalidade Ensino a Distância (EaD), com o objetivo de capacitar servidores públicos que atuam no Poder Executivo Federal para atuar e difundir a cultura de concepção digital e de necessidade da transformação digital do Estado e seus serviços.” O TED teve sua vigência iniciada em 11/12/2020 e ainda está em andamento, com data prevista para fim de vigência em 11/12/2022. Ao analisar o TED, item 9 do plano de trabalho, verificou-se que a contratação de conteudistas para desenvolvimento e conteúdo dos cursos foi realizada por meio de contrato entre a Enap e a Fundação de Apoio a Pesquisa (FUNAPE/UFG). Porém, não foi encontrada documentação comprobatória referente ao contrato celebrado entre as partes. Conforme o § 1º do art. 16 do Decreto nº 10.426/2020, poderá haver subdescentralização entre a unidade descentralizada e outro órgão ou entidade da administração pública federal, desde que esteja expressamente previsto no documento do TED. A autorização encontra-se expressa no item 6 do plano de trabalho. Além disso, o art. 1º da Lei nº 8.958, de 20/12/1994, informa que “as Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) e as demais Instituições Científicas e Tecnológicas(ICT) poderão celebrar convênios e contratos, nos termos do inciso XIII do caput do art. 24 da Lei no 37 8.666/199323, por prazo determinado, com fundações instituídas com a finalidade de apoiar projetos de ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento institucional, científico e tecnológico e estímulo à inovação, inclusive na gestão administrativa e financeira necessária à execução desses projetos.” A Enap, como Instituição Científica e Tecnológica, pode contratar fundação de apoio para ajudar na execução de projetos, conforme informado no Decreto nº 10.369 (estatuto da Enap), de 22/05/2020, detalhado a seguir: § 3º do art. 1º - “Fica qualificada como Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação, nos termos do disposto na Lei nº 10.973, de 2004, à qual caberá o desenvolvimento de pesquisa básica ou aplicada, de caráter científico e tecnológico, e o desenvolvimento de novos produtos, serviços ou processos destinados a tecnologias de gestão que aumentem a eficácia e a qualidade dos serviços prestados pelo Estado aos cidadãos.” Assim, a Enap pode realizar subdescentralização de créditos para outra entidade da União ou para fundação de apoio, desde que o órgão responsável pela execução observe as regras estabelecidas no TED. No âmbito do TED, verificou-se a existência do Contrato nº 34/202024, firmado entre as partes, que tem como objeto “a contratação da Fundação de Apoio à Pesquisa (FUNAPE) para apoiar à execução, por meio da gestão administrativa e financeira, do projeto de desenvolvimento do conteúdo de cursos à distância contemplados no TED nº 28/2020 firmado entre Enap e a Secretaria de Governo Digital (SGD) da Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia.” A contratação foi realizada por meio de dispensa de licitação, com base no inciso XIII do art. 24 da Lei nº 8.666, de 1993, conforme exposto a seguir: "Art. 24. É dispensável a licitação: XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional, ou de instituição dedicada à recuperação social do preso, desde que a contratada detenha inquestionável reputação ético-profissional e não tenha fins lucrativos;" O item 2 do projeto básico contém a fundamentação para comprovar a capacidade técnica da FUNAPE e assim realizar a dispensa de licitação. O valor total do contrato entre a Enap e FUNAPE foi de R$ 508.200,00, sendo que R$ 462.000,00 para aplicar na execução do projeto e R$ 46.200,00 para ressarcimento das despesas operacionais da FUNAPE para executar as atividades de gestão administrativas e financeiras do projeto. O prazo para execução do projeto é de 18 meses. 23 O art. 24 informa as formas que as licitações podem ser dispensáveis. XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional, ou de instituição dedicada à recuperação social do preso, desde que a contratada detenha inquestionável reputação ético-profissional e não tenha fins lucrativos; 24 “CONTRATO Nº 34/2020 QUE ENTRE SI CELEBRAM A FUNDAÇÃO ESCOLA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – ENAP E A FUNDAÇÃO DE APOIO À PESQUISA - FUNAPE.” 38 Outro ponto observado pela equipe de auditoria refere-se à contratação de terceiros por meio de contrato com fundação de apoio. No plano de trabalho do TED nº 03/2020, item 09, informa que o desenvolvimento dos conteúdos dos cursos será realizado por meio de contratação de conteudistas pela FUNAPE. Além disso, nos itens 6 e 13 do projeto básico do processo de contratação da FUNAPE (04600.003870/2020-84), informa que a Fundação irá contratar pessoal para desenvolvimento do curso, conforme a seguir: “6 . Descrição das atividades 6.3 - Os profissionais contratados por meio do processo seletivo devem contar com competências técnicas de modo a atuarem na coordenação e desenvolvimento dos trabalhos relativos ao planejamento, selecionando métodos e técnicas mais adequados ao contexto em que será desenvolvido o curso. (...) 13. Obrigações das partes VII - Responsabilizar-se pela contratação e pagamento do pessoal necessário à execução do objeto do presente Contrato, na forma prevista no Projeto Básico e Plano de Trabalho; (...)”. Já o TED nº 01 SDIC/SEPEC/ME/2020 foi firmado entre a Secretaria de Desenvolvimento da Indústria, Comércio, Serviços e Inovação (SDIC/ME), como unidade descentralizadora e Enap, como unidade descentralizada. O valor total celebrado do TED foi R$ 604.740,31 e teve como objeto a “realização de chamada pública para ciclo inovação aberta para solução de problemas públicos identificados pela Subsecretaria de Ambiente de Negócios e Competitividade (SANC) do Ministério da Economia e ciclo de apoio ao desenvolvimento de soluções inovadoras identificadas na chamada pública.” O TED encontra-se em andamento e teve início em 20/10/2020. Seu fim de vigência estava previsto para 20/04/2022. Ao analisar o processo, verificou-se que a Enap contratou fundação de apoio para realizar “a contratação dos recursos humanos, materiais e tecnológicos necessários à realização de um ciclo de inovação aberta para a resolução de três problemas públicos, assim como o pagamento das premiações correspondentes”, e para “contratação de um conjunto de recursos que viabilizarão a realização do ciclo de apoio ao empreendedorismo inovador”, conforme Despacho nº 7.082/2020, de 08/10/2020. A Fundação de Apoio à Pesquisa (FUNAPE), por meio da dispensa de licitação nº 36/2020, publicada no Diário Oficial da União em 17/12/2020, foi a fundação de apoio contratada para apoiar a Enap na realização do TED, nos termos do inciso XIII do art. 24 da Lei nº 8.666/93. A contratação da FUNAPE está amparada na Lei nº 8.958/94, que é regulamentada pelos Decretos nº 7.423/2010 e nº 8.241/2014, que dispõe sobre as relações entre as instituições federais de ensino superior e de pesquisa científica e tecnológica e as fundações de apoio. 39 Conforme dispõe o art. 1º da Decreto nº 7.423/2010: As Instituições Federais de Ensino Superior - IFES e as demais Instituições Científicas e Tecnológicas - ICTs, de que trata a Lei nº 10.973, de 2 de dezembro de 2004, poderão celebrar convênios e contratos, nos termos do inciso XIII do caput do art. 24 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, por prazo determinado, com fundações instituídas com a finalidade de apoiar projetos de ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento institucional, científico e tecnológico e estímulo à inovação, inclusive na gestão administrativa e financeira necessária à execução desses projetos. Ao analisar o processo do TED, verificou-se que não foi encontrado documento de formalização do convênio ou contrato realizado entre a Enap e a FUNAPE. Dessa forma, solicitou-se a documentação referente ao contrato administrativo celebrado entre a Enap e FUNAPE/UFG. Em resposta a Enap disponibilizou o processo nº 04600.003301/2020-39, que se refere à contratação da FUNAPE. Ainda, conforme o projeto básico, o valor total do projeto é R$ 560.000,00 que foi repassado integralmente à FUNAPE. O item 05 do projeto básico, justificativa de preço, afirma que “desse montante, o valor de R$ 509.909,09 será aplicado integralmente na execução do Projeto, conforme detalhamento constante do Plano de Trabalho. Os custos relativos ao desenvolvimento das ações do projeto em si correspondem à contratação de pessoas jurídicas especializadas para a execução de chamada pública para ciclo inovação aberta para solução de problemas públicos e ciclo de apoio ao desenvolvimento de soluções inovadoras identificadas na chamada pública.” (grifo nosso) O restante do valor, R$ 50.909,09, refere-se ao ressarcimento das despesas operacionais de caráter indivisível para a FUNAPE (infraestrutura física, pessoal, insumos e materiais), conforme justificativa encontrada
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