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Calicivirose Felina

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Calicivirose
Introdução
A calicivirose faz parte do complexo respiratório felino em conjunto com a rinotraqueíte viral felina.
Etiologia
Causado pelo feline calicivirus vírus, pertencente à família Caliciviridae, de RNA fita simples, não envelopado, que sofre mutações frequentes, possuindo uma alta diversidade genética, por isso há dificuldades em seu tratamento e produção de vacinas.Diferente de vírus DNA cujo material genético é copiado com acurácia, os vírus RNA frequentemente sofrem erros durante sua cópia (mutações)
A vacina foi feita a partir da “compilação” de várias cepas em que se teve um sorotipo (grupo de vírus que possuem um antígeno em comum). 
O vírus é resistente no ambiente por pelo menos 30 dias em superfícies secas e temperatura ambiente, sendo assim, se torna importante a desinfecção, sobretudo de abrigos, errantes, casas com muitos gatos.
Epidemiologia
Ocorre com uma maior frequência em locais onde habitam grandes grupos de gatos, por isso perguntar na anamnese como é a habitação do animal. 
O vírus é eliminado pelas secreções orais e nasais e o animal suscetível contrai a infecção pelo contato direto com essas secreções, também pode ocorrer transmissão indireta quando as secreções contaminam gaiolas, bebedouros e comedouros, mas não ocorre transmissão vertical.
Patogenia
O trato orofaríngeo (boca + garganta) é o mais acometido uma vez que o vírus faz sua replicação neste local, causando necrose de células epiteliais já que o vírus utiliza as células epiteliais como fonte de energia. Por isso, é comum a presença de úlceras na cavidade oral. A viremia ocorre em 3 a 4 dias, e o vírus é capaz de atingir outros tecidos como intestinais e articulações.
Devido às várias mutações que os vírus fazem, houve a criação de uma cepa mais virulenta denominada FCV disease, que causa uma síndrome inflamatória originando uma vasculite generalizada pois a resposta inflamatória é mais rápida e mais efetiva, o que acaba envolvendo vários órgãos, sendo assim, o animal vai á óbito mais facilmente. Sua patogênese ainda é desconhecida.
Sinais clínicos
Os animais apresentam sinais orais agudos, por isso é muito importante o exame físico da cavidade oral. Principalmente sinais respiratórios superiores que podem evoluir para pneumonia, sobretudo em filhotes. Também é comum o felino apresentar gengivo-estomatite crônica imunomediada por conta da resposta inflamatória exacerbada. 
Os principais sinais clínicos são:
· Ulceração oral, principalmente em base de língua, desde perder as espículas até a necrose de parte da língua 
· Espirros 
· Secreção nasal serosa 
· Febre 
· Anorexia devido á ulceração na língua, optando pelo sachê
· Hipersalivação 
· Halitose devido a infecção na língua 
· Estomatites
· Em casos de pneumonia o paciente apresenta dispneia, tosse e depressão
· Síndrome da claudicação: o vírus também possui tropismo pelo líquido sinovial que fica nas articulações, podendo apresentar claudicação por sinovite aguda, também está associado a outros sinais como lesões cutânea, edemas e lesões crostosas e alopécicas nos membros e na face.
Diagnóstico
Associar:
· Anamnese: Quantos gatos vivem na casa? É vacinado? Tem algum outro animal com o mesmo sinal clínico?
· Sinais clínicos 
· Exames complementares como hemograma (mas vai ser inespecífico)
O padrão ouro é o isolamento viral a partir de swab nasal, ocular ou de secreções e mandar para o laboratório para fazer PCR.
A sorologia é pouco útil para o diagnóstico pois pode ocorrer resultados falso-negativos ou falso-positivos, caso ainda não haja a formação de anticorpos ou quando o animal foi vacinado, respectivamente
Tratamento
Como não há antiviral, o tratamento é de suporte como antibioticoterapia devido às infecções secundárias (doxiciclina pois ela também tem um fator imunoestimulante em filhotes), imunoestimulantes e os antivirais.
Vacinação
A principal forma de prevenção é a vacinação. Para gatos há três tipos de vacina a V3, V4 e V5. Para saber qual melhor vacina, depende do ambiente em que ele vive. As cepas mais usadas na vacina são F9, FCV 255, G1 e 431. 
A primeira dose de vacina deve ser aplicada com 9 semanas de idade e a segunda 2 a 4 semanas depois, em situações de risco e quando filhotes vacinados tenham desenvolvido a doença, sugere-se a aplicação de uma terceira dose às 16 semanas, recomenda-se utilizar a mesma marca durante todo o ciclo. Já gatos adultos devem receber duas aplicações com intervalo de 2 a 4 semanas. 
A revacinação deve ser feita a cada 3 anos para gatos em situações de baixo risco e a anualmente para gatos em situação de alto risco. 
Em alguns países, há produção de vacina para uso intranasal. Tais vacinas induzem imunidade local na mucosa, mais eficiente que a gerada pelas vacinas parenterais, é necessário apenas uma dose e não há risco de sarcomas no local de aplicação. Sua utilização é interessante quando precisa de desenvolvimento rápido de proteção como em um gato que será introduzido em uma colônia.
Gatos recuperados de calicivirose provavelmente não estejam imunes para o resto da vida, principalmente para cepas diferentes
 
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