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2
Projeto Político Pedagógico 
da Zona Costeira e Marinha 
do Brasil – PPPZCM
 
Brasília-DF, abril de 2021
Projeto Político Pedagógico da Zona Costeira e Marinha do Brasil (PPPZCM). 
Maria Henriqueta Andrade Raymundo; Erika de Almeida; Marcia Oliveira; 
Betânia Fichino; Thais Ferraresi Pereira. (Coord.). GIZ. Brasília/DF, abril de 
2021. 237 p.; 21x29,7 cm.
ISBN: 978-65-994634-0-2
Diagnóstico socioambiental participativo; caracterização da zona costeira e 
marinha; projeto político pedagógico; educação ambiental.
Ficha técnica
FACILITADORAS/ES DO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO PPPZCM 
NOS TERRITÓRIOS DA ZONA COSTEIRA E MARINHA DO BRASIL
Adayse Bossolani da Guarda
PainelMar
Andrea Olinto de Lyra Sobral
Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade - SEMAS/PE
Antonio Jeovah de Andrade Meireles
Universidade Federal do Ceará (UFC)
Célia Regina Nunes da Neves
CONFREM
Clemente Coelho Junior
Instituto Bioma Brasil
Cynthia Lima Ranieri
Instituto Albatroz
Fabiana Cava
GIZ
Flavia Dias Suassuna
Secretaria de Estado da Infraestrutura, dos Recursos 
Hídricos e do Meio Ambiente (SEIRHMA-PB).
Flavia Maria Rossi de Morais
Resex de Corumbau / ICMBio
Jacqueline Rogério Carrilho Eichenberger
Organização Núcleo Macacoprego
Jakeline Borges de Souza
CIPEA/IBAMA
Jamile Trindade
Secretaria do Meio Ambiente da Bahia/ SEMA-BA/DIEAS
João Baccarin Xisto Paes
RESEX de Cassurubá / ICMBio
Jonathas da Silva Barreto
Associação Ambiental Voz da Natureza
José Conceição de Jesus
Povo Pataxó Resex Corumbau - BA
Josenilde Ferreira Fonseca
Rede de Mulheres /CONFREM
Kaio Lopes de Lima
Universidade Estadual do Maranhão (UEMA)
Luciano Silva Galeno
Comissão Ilha Ativa
Luciene de Almeida Santos
Associação de Moradores, Agricultores 
e Pescadores de Puxim da Praia – AMAPPP
Luisa Evangelista Santos
CEPENE 
Manuela Muzzi de Abreu
APA Costa dos Corais / ICMBio
Maria Aparecida Sodré
IEMA
Maria Cristina Nascimento Vieira
INEMA - BA
Maria Eduarda Nascimento Santos
Jovem Protagonista Costa Corais
Maria Martilene Rodrigues de Lima
Movimento Pescadores e Pescadoras do Brasil (MPP) 
Paula Moraes Pereira
DILIC/IBAMA
Pedro Henrique Dias Marques
Projeto GEF-Mar
Priscilla Maria de Paula Lobão
Parque Estadual Parcel Manuel Luis
Raoni Braz Vieira
Povo Pataxó - Resex Marinha Corumbau - BA
Renan Guerra
Secretaria do Meio Ambiente do Estado do Ceará 
Renata Pereira
Conservação Internacional (CI)
Renato de Almeida
Universidade Federal do Reconcavo da Bahia (UFRB)
Ronaldo Santos
CONAQ
Rosalvo de Oliveira Junior
Secretaria do Meio Ambiente da Bahia/ SEMA-BA/GERCO
Rosana Maria Bara Castella
Secretaria do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo/PR
Simone Madalosso
Associação RARE do Brasil
Tainara Nascimento Vidal
CONFREM
Thaís Cândido Lopes
Coletivo Jovem - Albatroz
Valéria da Silva Correia
Associação de Moradores, Agricultores e Pescadores de Puxim 
da Praia – AMAPPP / RESEX Canavieiras
Zanna Maria Mattos
Universidade Estadual de Feira de Santana
COLABORAÇÃO TÉCNICA NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO PPPZCM:
Alex Barroso Bernal
MMA
Alex de Castro Fiuza
ICMBio
Ana Aparecida
GIZ
Ana C. M. Martins
ICMBio
Ana Elisa Bacellar
ICMBio
Ana Paula Leite Prates
MMA
Andrea Varella
MMA
Breno Herrera
ICMBIO
Camila Helena da Silva
ICMBIO
Camila Lobo
ICMBio
Carla Rossitto
GIZ
Dörte Segebart
GIZ
Elisa Malta
GIZ
Fabrício Escarlate
ICMBio
Flavia Cabral 
MMA
Hugo Garcês
GIZ
June Müller
MMA
Larissa Godoy
MMA
Lia Mendes Cruz
MMA
Leonardo Rizzo de Melo e Souza
MMA
Luciana Ribas
ICMBio
Luciene Mignani
MMA
Mariana Roberto da Silva
MMA
Nadja Janke
MMA
Neusa Helena Barbosa 
MMA
Paulo Roberto Russo
ICMBio
Rachel Landgraf de Siqueira
MMA
Rogerio Eliseu Egewarth 
ICMBio
Tiessa Franco
ICMBio
TEXTO E SISTEMATIZAÇÃO:
Maria Henriqueta Andrade Raymundo
REVISÃO DE TEXTO: 
Betânia Fichino
Breno Herrera
Camila Helena Silva
Erika de Almeida
Hugo Garcês
Lia Mendes Cruz
Marcia Oliveira
Ricardo Brochado 
Thais Ferraresi Pereira
COORDENAÇÃO GERAL DO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO PPPZCM: 
Maria Henriqueta Andrade Raymundo
Erika de Almeida
Marcia Oliveira
Betânia Fichino
Thais Ferraresi Pereira
EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO:
Daniela Franca
Ficha técnica
Sumário
9
11
11
12
15
18
33
34
39
42
58
71
74
76
76
78
83
89
89
90
90
92
92
94
98
99
103
109
121
125
128
130
137
140
144
148
Lista de figuras – ilustrações
Lista de quadros
Lista de tabelas
Lista de abreviaturas e siglas
APRESENTAÇÃO
ASPECTOS METODOLÓGICOS DO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO PPPZCM
EIXO SITUACIONAL – PARTE 1: CARACTERIZAÇÃO SOCIOAMBIENTAL DA ZONA COSTEIRA E MARINHA DO BRASIL
Introdução
Sistema Costeiro-Marinho e sua interação com outros Biomas com interface na Zona Costeira e Marinha
Biodiversidade, ecossistemas e áreas protegidas na Zona Costeira Marinha brasileira
Uso e ocupação do solo na Zona Costeira Marinha
A pandemia da Covid-19 na Zona Costeira Marinha
A década dos oceanos
Políticas públicas na Zona Costeira e Marinha
Marcos e acordos internacionais
Políticas públicas no Brasil
Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC)
Programa Nacional para a Conservação da Linha de Costa (Procosta)
Plano Nacional de Combate ao Lixo no Mar (PNCLM)
Política Nacional para os Recursos do Mar (PNRM)
Plano Setorial para os Recursos do Mar (PSRM)
Política Nacional para a Conservação e o Uso Sustentável do Bioma Marinho Brasileiro (PNCMar)
Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas (PNAP) e Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC)
Política nacional e políticas estaduais de educação ambiental
EIXO SITUACIONAL – PARTE 2: DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO
Aspectos socioambientais positivos da Zona Costeira e Marinha
Problemas e desafios socioambientais da Zona Costeira e Marinha
Mapeamento participativo da Zona Costeira e Marinha
Saberes necessários para o uso sustentável e conservação da biodiversidade
Demandas internas das instituições para o desenvolvimento de processos de formação
Desafios para desenvolver educação ambiental
Breve perfil de um conjunto de ações de capacitação e educação ambiental
EIXO CONCEITUAL
Significados do PPPZCM
Significados de viver e atuar na Zona Costeira e Marinha do Brasil
Nossas utopias realizáveis: a Zona Costeira que desejamos alcançar no prazo de 10 anos
A Sociedade que queremos construir na Zona Costeira e Marinha do Brasil
Sumário
155
159
161
162
163
164
166
168
200
206
215
216
217
223
227
228
234
Diretrizes do PPPZCM
EIXO OPERACIONAL
Objetivos gerais do PPPZCM
Conjuntos estruturantes de ações do PPPZCM
1º conjunto de ações – gestão e governança do PPPZCM
2º conjunto de ações – diversidade de atores da Zona Costeira e Marinha do Brasil
Lista das ações educativas da diversidade de atores sociais atuantes na Zona Costeira e Marinha do Brasil
Monitoramento e avaliação do PPPZCM
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RELAÇÃO DOS ANEXOS
ANEXO 1 – participantes do processo formativo e de elaboração do PPPZCM
ANEXO 2 – atividades realizadas no tempo territorial (dezembro/2019 a abril/2020)
ANEXO 3 – principais políticas estaduais relacionadas ao gerenciamento costeiro
ANEXO 4 – legislação das políticas estaduais de EA e suas respectivas CIEAS
ANEXO 5 – mapas desenhados pelos participantes do processo formativo e de construção do PPPZCM
ANEXO 6 – organizações institucionais que aderiram ao processo formativo e de construção do PPPZCM
LISTA DE FIGURAS - ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Três eixos de um PPP – Conceitual, Situacional e Operacional 16
Figura 2: Estratégias metodológicas articuladas e integradas de construção do PPPZCM 19
Figura 3: Participantes do processo formativo e de elaboração do PPPZCM 21
Figura 4: Percentual de instituições respondentes do questionário do PPPZCM que atuam em cada uma das regiões da ZCM 23
Figura 5: Tipo de instituição respondente do questionário do PPPZCM 24
Figura 6: Foco de atuação das instituições respondentes do questionário do PPPZCM 24
Figura 7: Interação individual e/ou coletiva nos registros e sistematizaçõesda construção do PPPZCM 27
Figura 8: Registro coletivo e individual em interação durante as atividades 28
Figura 9: Caracterização socioambiental da Zona Costeira e Marinha do Brasil 33
Figura 10: Limites do mar territorial, ZEE e plataforma continental com área de expansão pleiteada 36
Figura 11: Limites geográficos e ambientes das zonas costeiras e oceânicas do Brasil, conforme a CNUDM 37
Figura 12: Limites da orla marítima no Brasil 38
Figura 13: Composição e área ocupada pelo Sistema Costeiro-Marinho (parte continental) nos biomas 40
Figura 14: Mapa dos Biomas e Sistema Costeiro-Marinho do Brasil 41
Figura 15: Unidades do Projeto GIUC 54
Figura 16: Carta-imagem multiespectral elaborada no CIEG a partir do satélite CBERS 2B de 29/01/2019 da área de 
derramamento até domingo (27/01/2019) e o avanço entre domingo e terça-feira (29/01/2019), em Brumadinho (MG) 61
Figura 17: Localidades atingidas pelas manchas de óleo 63
Figura 18: Como funciona o emissário submarino 66
Figura 19: Avaliação da qualidade das praias turísticas analisadas 67
Figura 20: Avaliação em porcentagem da qualidade das praias turísticas analisadas 68
Figura 21: Cronologia das políticas públicas, quanto ao Plano Nacional de Combate ao Lixo no Mar 82
Figura 22: Governança da gestão costeira no Brasil. 84
Figura 23: Projetos que integram o Programa Nacional para Conservação da Linha de Costa 88
Figura 24: Comitês executivos para as ações do X PSRM (2020-2023) 91
Figura 25: Tópicos do Diagnóstico participativo da ZCM 98
Figura 26: Aspectos Socioambientais Positivos da Zona Costeira e Marinha 100
Figura 27: Aspectos Socioambientais Positivos da Zona Costeira e Marinha por Região 101
Figura 28: Gráfico dos Problemas e Desafios Socioambientais da Zona Costeira e Marinha 104
Figura 29: Gráfico dos problemas e desafios da ZCM distribuídos por regiões 105
LISTA DE FIGURAS - ILUSTRAÇÕES
Figura 30: Mapa da Região Norte e Nordeste: AP, PA, PI, MA 111
Figura 31: Mapa da Região Nordeste: PI, CE, RN 112
Figura 32: Mapa da região Nordeste: AL, PB, PE, SE 113
Figura 33: Mapa da região Nordeste: Bahia 114
Figura 34: Mapa da Região Nordeste: Sul da Bahia 115
Figura 35: Mapa da Região Sudeste e Sul: SP, SC, PR, RS 116
Figura 36: Mapa da Região Sudeste: ES, RJ 117
Figura 37: Mapa Síntese da Zona Costeira e Marinha (7 mapas reunidos) 118
Figura 38: Saberes necessários para a conservação e uso sustentável da biodiversidade 122
Figura 39: Gráfico de demandas das instituições relacionadas à capacitação 127
Figura 40: Gráfico de Desafios da Educação Ambiental apontado pelas Instituições atuantes na ZCM 129
Figura 41: Desafios para ações e processos de Educação Ambiental, por eixos de desafio e por região 130
Figura 42: Instituições responsáveis pelas ações de Capacitação 131
Figura 43: Carga horária das ações de capacitação: cursos realizados 132
Figura 44: Instituições parceiras na realização dos cursos 133
Figura 45: Gráfico das instituições responsáveis pela realização das ações de Educação Ambiental (EA) <?>
Figura 46: Público envolvido nas ações de EA 135
Figura 47: Gráfico de parcerias das ações de EA 136
Figura 48: Gráfico de temáticas abordadas nas ações de capacitação (cursos) e ações de Educação Ambiental (EA) 137
Figura 49: Nuvem de palavras sobre as utopias de sociedade desejada 154
Figura 50: Diretrizes para a sociedade a ser construída na ZCM 159
Figura 51: Dois conjuntos estruturantes de ações do Eixo Operacional do PPPZCM 163
Figura 52: Rede de Comunidades de Aprendizagens do PPPZCM 164
Figura 53: Mapa da Região Norte e Nordeste: AP, PA, PI, MA 228
Figura 54: Mapa da Região Nordeste: PI, CE, RN 229
Figura 55: Mapa da região Nordeste: AL, PB, PE, SE 230
Figura 56: Mapa da região Nordeste: Bahia 231
Figura 57: Mapa da Região Nordeste: Sul da Bahia 232
Figura 58: Mapa da Região Sudeste e Sul: SP, SC, PR 233
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Informações sobre as RESEX Marinha 51
Quadro 2: Acordos internacionais relacionados à Zona Costeira e Marinha 77
Quadro 3: Marcos de Projetos Políticos Pedagógicos nas Políticas Públicas Socioambientais 
no Brasil a partir da Educação Ambiental 96
Quadro 4: Detalhamento das Categorias de Aspectos Positivos da ZCM 102
Quadro 5: Detalhamento das categorias de problemas e desafios socioambientais da ZCM 106
Quadro 6: Divisão dos 40 participantes em 7 Subgrupos para confecção dos mapas da ZCM 109
Quadro 7: Demandas institucionais para processos de capacitação na ZCM 126
Quadro 8: Princípios do Tratado de EA 139
Quadro 9: Linhas de ações estruturantes e seus indicadores de processo e resultados 203
 
 
LISTA DE TABELAS 
Tabela 1: Encontros de socialização do PPPZCM 31
Tabela 2: Táxons marinhos ameaçados. Criticamente em Perigo – CR, Em Perigo 46
Tabela 3: Sítios Ramsar localizados na zona costeira e marinha 48
Tabela 4: Unidades de Conservação criadas ou ampliadas na ZCM entre 2016 e 2018 50
Tabela 5: Pontos afetados pelo óleo no litoral brasileiro 64
Tabela 6: Fauna Oleada – ocorrências até 15 de janeiro de 2020 65
Tabela 7: Objetivo Desenvolvimento Sustentável - ODS 14 75
Tabela 8: Leis que se relacionam com a Zona Costeira Marinha 78
Tabela 9: Principais Instrumentos para gestão costeira no Brasil de acordo com Decreto n. 5.300/2004 84
Tabela 10: Ações do IV Plano de Ação Federal da Zona Costeira – PAF-ZC 85
Tabela 11: Classificação por estágios de maturidade dos estados em relação ao processo de elaboração 87
Tabela 12: Ranking das temáticas enfatizadas no conjunto de conteúdos programáticos para capacitação 124
Tabela 13: TEMPO-TERRITORIAL 217
Tabela 14: Principais Políticas Estaduais relacionadas ao gerenciamento costeiro 223
Tabela 15: Legislação das Políticas Estaduais de EA e suas Respectivas CIEAS 227
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Áreas Marinhas e Costeiras Protegidas
Associação Nacional de Órgãos Municipais de Meio Ambiente
Articulação Nacional de Políticas Públicas de Educação Ambiental
Área de Proteção Ambiental
Áreas Úmidas 
Ministério Federal do Meio Ambiente, Proteção da Natureza e Segurança Nuclear da Alemanha
Comitê de Bacia Hidrográfica
Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental
Comissão Interministerial para os Recursos do Mar 
Comissão Nacional para o Fortalecimento das Reservas Extrativistas 
e dos Povos Extrativistas Costeiros Marinhos
Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar 
Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento
Comissão de Limites da Plataforma Continental
Educação Ambiental 
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz – da USP
Fundação Nacional do Índio
Fundo Brasileiro de Educação Ambiental
Fundo Brasileiro para a Biodiversidade
Fundação Joaquim Nabuco
Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit
Grupo de Integração do Gerenciamento Costeiro
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 
Instituições de Ensino Superior
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
AMCPs 
ANAMMA 
ANPPEA 
APA 
AUs 
BMU 
CBH 
CIEA 
CIRM 
CONFREM 
CNUDM 
CNUMAD 
CLPC 
EA 
ESALQ 
FUNAI 
FunBEA 
FUNBIO 
Fundaj 
GIZ 
GI-GERCO 
IBAMA 
IBGE 
ICMBIO 
IES 
IPEA 
Instrução Normativa
Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Governo Estadual da Bahia
Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Áreas Úmidas
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
Laboratório de Análise e Desenvolvimento de Indicadores para Sustentabilidade, vinculado ao 
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Ministério do Meio Ambiente 
Movimento dos Pescadores e Pescadoras artesanais
Sistema Brasileiro de Monitoramento e Avaliação de Políticas Públicas de Educação Ambiental
Objetivos do Desenvolvimento Sustentável
Organização não governamental 
Organização Mundial da Saúde 
Organização das Nações Unidas
Planos de Ação Nacional para a Conservaçãodas Espécies Ameaçadas de Extinção
Plano Nacional de Adaptação às Mudanças Climáticas
Plano Nacional de Combate ao Lixo no Mar
Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas
Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro
Política Nacional de Educação Ambiental
Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas 
Projeto Político Pedagógico
Projeto Político Pedagógico da Zona Costeira e Marinha 
Programa Nacional de Educação Ambiental
Programa Nacional para a Conservação da Linha de Costa
Política Nacional para os Recursos do Mar
Política Nacional para a Conservação e o Uso Sustentável do Bioma Marinho Brasileiro
Projeto de Lei 
Projeto Político Pedagógico mediado pela educação ambiental
IN 
Inema 
INCT 
INPE 
LDB 
LADIS 
MMA 
MPP 
MonitoraEA 
ODS 
ONG 
OMS 
ONU 
PAN 
PNA 
PNCLM 
PNAP 
PNGC 
PNEA 
PNGATI 
PPP 
PPPZCM 
ProNEA 
Procosta 
PNRM 
PNCMar 
PL 
PPPea 
Reserva Extrativista
Rede Brasileira de Educação Ambiental
Sistema de Informação Georreferenciada
Secretaria Nacional de Saneamento do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR)
Sistema Nacional de Unidades de Conservação
Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global 
Unidades de Conservação
Universidade Federal da Bahia
Universidade Federal do Paraná
Universidade de São Paulo
Zona Costeira e Marinha do Brasil 
Zonas Econômicas Exclusivas
Zoneamento Ecológico-Econômico Costeiro 
Zonas Úmidas
RESEX 
REBEA 
SIG 
SNS 
SNUC 
TRATADO DE EA 
UC 
UFBA 
UFPR 
USP 
ZCM 
ZEE 
ZEEC 
ZUs 
Apresentação
O Projeto Político Pedagógico da Zona Costeira e Marinha do Brasil (PPPZCM) que se apre-
senta neste documento foi construído pelo Projeto TerraMar e Projeto GEF Mar, no período 
de setembro/2019 a fevereiro/2021.
O Projeto TerraMar é uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e do Instituto Chico 
Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em parceria com o Ministério Federal 
do Meio Ambiente, Proteção da Natureza e Segurança Nuclear (BMU) da Alemanha e apoio 
técnico da cooperação alemã para o desenvolvimento sustentável, por meio da Deutsche 
Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, e tem por objetivo apoiar a 
gestão ambiental territorial integrada do espaço continental e marinho, contribuindo para a 
conservação da biodiversidade.
O Projeto Áreas Marinhas e Costeiras Protegidas – GEF Mar é uma iniciativa do MMA, em parce-
ria com o ICMBio, governos estaduais, Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO), Banco 
Mundial e sociedade civil, e tem como objetivo apoiar a expansão de um sistema globalmen-
te significativo, representativo e eficaz de Áreas Marinhas e Costeiras Protegidas (AMCPs) no 
Brasil, e identificar mecanismos para a sua sustentabilidade financeira.
Os dois projetos, TerraMar e GEF Mar, possuem em seu escopo linhas voltadas para capacita-
ção, visando a atuação na gestão ambiental territorial na zona costeira e marinha com foco 
no uso sustentável e conservação da biodiversidade. A confluência dos dois Projetos, com a 
sobreposição de atuação em determinadas áreas, tornou estratégica uma ação integrada en-
tre eles, motivando-os a elaborar conjuntamente o PPPZCM.
APRESENTAÇÃO
16
UM PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO (PPP) É UM DOCUMENTO 
VIVO E DINÂMICO QUE, DE ACORDO COM MMA (2005), 
consiste na formulação e enunciação de uma proposta educacional com diretrizes filosóficas, 
bases conceituais e políticas até a sua operacionalização. O PPP nunca é um produto acabado e 
definitivo ou uma cartilha normatizadora. O documento que resulta do processo de elaboração 
do PPP traz uma educação pautada na visão de sociedade desejada, traçando uma proposta de 
ação pedagógica e social. Um PPP, em linhas gerais, é constituído de três eixos estruturantes: 
conceitual, situacional e operacional (ibid., 2005).
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Figura 1: Três eixos de um PPP – Conceitual, Situacional e Operacional
As políticas públicas socioambientais vêm adotando os projetos políticos pedagógicos como 
uma ferramenta estratégica da educação ambiental devido ao seu forte potencial de mobili-
zação, articulação e integração de atores, ações e políticas públicas.
O objetivo geral da elaboração do PPPZCM foi criar diretrizes pedagógicas e institucionais que 
contribuam para o desenvolvimento de processos educativos com o foco no uso sustentável 
e conservação da biodiversidade da Zona Costeira e Marinha do Brasil (ZCM).
APRESENTAÇÃO
17
A elaboração do PPPZCM foi realizada por meio de um conjunto de estratégias participativas, 
que envolveu cerca de 1200 pessoas que puderam contribuir de alguma forma para este PPP. 
Destaca-se, como parte da metodologia, o processo de formação e construção deste proje-
to político pedagógico junto a 40 pessoas integrantes do poder público, organizações não 
governamentais, povos originários, comunidades tradicionais, associações comunitárias e 
Instituições de Ensino Superior (IES) das várias regiões da Zona Costeira e Marinha do Brasil. 
O PPPZCM é assumido como um instrumento político-pedagógico de gestão educativa e está 
organizado a partir dos eixos situacional, conceitual e operacional que devem ser dialoga-
dos, um influenciando o outro numa perspectiva sistêmica do processo de planejamento, 
gestão e educação.
O presente documento demarca o término da primeira fase do PPPZCM que foi de constru-
ção e a partir de agora a nova fase será iniciada, ou seja, a sua implementação, monitora-
mento e avaliação no período entre 2021 e 2023. Deste modo, evidencia-se que um PPP é 
muito mais que um documento, ele se refere a um processo educativo que deve ser conti-
nuado e permanente.
Aspectos metodológicos do 
processo de construção 
do PPPZCM
“Um galo sozinho não tece uma manhã: ele precisará sempre 
de outros galos. De um que apanhe esse grito que ele e o lance a 
outro; de um outro galo que apanhe o grito de um galo antes e o 
lance a outro; e de outros galos que com muitos outros galos se 
cruzem os fios de sol de seus gritos de galo, para que a manhã, 
desde uma teia tênue, e vá tecendo, entre todos os galos.”
(João Cabral de Melo Neto)
 
 
 
Dentre os referenciais teóricos que fundamentam a educação ambiental na proposta metodo-
lógica destacam-se os marcos legais da Política e Programa Nacional de Educação Ambiental 
(Lei nº 9795/99) e o Tratado Internacional de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis 
e Responsabilidade Global.
A estrutura geral do processo de construção do PPPZCM estava alicerçada em metodologias 
de abordagem qualitativa de pesquisa e planejamento, além de processos metodológicos de 
ensino-aprendizagem, educação ambiental e intervenção educadora referendadas em OCA, 
2016; TASSARA E ARDANS, 2005; TOZONI-REIS, 2005; VASCONCELOS, 2002; BRANDÃO, 2001; 
MINAYO, 2001; VEIGA, 2000; FREIRE, 1992; BORDA, 1982; CHARTIER, 1982.
ASPECTOS METODOLÓGICOS DO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO PPPZCM 
19
As metodologias de abordagem qualitativa se preocupam com
“o universo de significados, aspirações, valores e atitudes, o que corresponde a 
um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não 
podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. Porém, o conjunto de da-
dos quantitativos e qualitativos não se opõe, os dados podem se complementar”, 
(MINAYO, 2001, p. 22).
Neste sentido, a construção do PPPZCM priorizou estratégias e técnicas diversas para que fos-
se possível identificar e incluir neste documento a diversidade de olhares, pensares e fazeres 
da Zona Costeira e Marinha. Não houve a intenção de fazer um “censo demográfico”, mas, sim 
de promover diálogos, escutas e reflexões com as representações dos atoresdos territórios 
da ZCM como o poder público, movimentos sociais, povos originários e comunidades tradi-
cionais, organizações não governamentais e instituições do ensino superior. 
O PPPZCM foi elaborado por meio de um processo participativo no período de setembro de 
2019 a fevereiro de 2021, contando com a participação de cerca de 1100 pessoas e 500 orga-
nizações comunitárias e institucionais. 
A construção foi realizada de acordo com as estratégias metodológicas indicadas na Figura 2.
 
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Figura 2: Estratégias metodológicas articuladas e integradas de construção do PPPZCM
ASPECTOS METODOLÓGICOS DO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO PPPZCM 
20
Importante destacar que essas estratégias foram pensadas e executadas de forma orgânica, 
articulada, integrada e transversal, portanto, algumas estratégias aconteceram de forma si-
multânea, sem que uma excluísse a outra ou tivesse uma ordem sequencial. Essas estraté-
gias caracterizam-se como os alicerces de toda a proposta metodológica de elaboração do 
PPPZCM. A seguir encontra-se uma breve descrição de cada uma dessas estratégias. 
ARTICULAÇÃO E PLANEJAMENTO 
A concepção de planejamento adotada na elaboração do PPPZCM foi incremental e articu-
lada, considerando-se que o processo de construção de um projeto político pedagógico é 
educador, sendo assim “não é inflexível, rígido e estanque, mas pode modificar-se ao cami-
nhar, revisitando as atividades e reflexões realizadas, articulando cada novo passo aos ante-
riores e incrementando-os a partir da avaliação crítica dos aprendizados por eles propicia-
dos” (OCA, 2016, p. 83). 
O planejamento e articulação foram transversais no processo de ponta a ponta, buscando garantir 
participação e aprendizados, não se tratando de algo isolado, mas, sim de um processo que deve-
ria propiciar aprofundamentos, acolhimento, adesão, compartilhamentos e comprometimento. 
Neste sentido, a presente estratégia metodológica propiciou articulações intra e interinstitu-
cionais, alinhamento metodológico e pedagógico entre equipes, construção de agendas co-
letivas, parcerias, ações em cooperação e a importante adesão ao PPPZCM.
PROCESSO FORMATIVO 
Entre os meses de setembro e novembro de 2019, os Projetos TerraMar e GEF-Mar articularam 
e convidaram cerca de 40 pessoas para contribuírem diretamente na construção do PPPZCM 
por meio da participação em um processo formativo. Criou-se assim uma rede de aprendi-
zagens com integrantes do poder público, organizações não governamentais, povos originá-
rios, comunidades tradicionais, associações comunitárias e Instituições de Ensino Superior 
(IES) das várias regiões da Zona Costeira e Marinha do Brasil.
O processo formativo do PPPZCM estava fundamentado em metodologias de ensino-apren-
dizagem com base na pedagogia da práxis, pedagogia da alternância e pessoas que apren-
dem participando. A metodologia da práxis, referenciada em Paulo Freire, permitia que todo 
o processo fosse um movimento contínuo de refletir, agir e refletir.
ASPECTOS METODOLÓGICOS DO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO PPPZCM 
21
A pedagogia da alternância traz a perspectiva de processos educadores que valorizam os 
saberes presentes nos espaços formais de educação, bem como na comunidade e trabalho 
numa articulação, organização e produção da diversidade de conhecimentos. 
De acordo com Bourgeon (1979) e Chartier (1982), a pedagogia da alternância considera o 
lugar da vivência profissional e comunitária como fontes de saberes, ponto de partida e de 
chegada do processo de aprendizagem.
O processo formativo do PPPZCM desenvolveu-se em alternância por meio de dois tempos 
e espaços de formação, sendo o Espaço e Tempo-Fixo aquele realizado com a presença e 
mediação da equipe pedagógica do PPP e o Tempo-Territorial com várias ações orientadas 
pela equipe pedagógica, porém planejadas, articuladas e desenvolvidas pelos próprios par-
ticipantes da formação em seus respectivos territórios envolvendo suas comunidades, insti-
tuições entre outros atores.
O início do processo formativo foi com o Tempo-Fixo sendo realizado um encontro presen-
cial de imersão nos dias 04, 05 e 06 de dezembro de 2019, em Brasília/DF.
 
Figura 3: Participantes do processo formativo e de elaboração do PPPZCM
Este encontro orientou o Tempo-Territorial, ou seja, a realização de ações pedagógicas em 
rede pelos 40 participantes (Anexo 1) na Zona Costeira e Marinha, durante o período de de-
zembro/2019 a abril/2020 com objetivos de ampliar a participação, diálogos e reflexões que 
contribuíssem para a elaboração do PPPZCM.
ASPECTOS METODOLÓGICOS DO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO PPPZCM 
22
Salienta-se que este Tempo-Territorial, com a relação de atividades realizadas no Anexo 2, 
desenvolvido pela rede de atores resultou em 34 rodas de conversa, oficinas e/ou reuniões 
com o envolvimento de, aproximadamente, 700 pessoas da Zona Costeira e Marinha que pu-
deram apontar e dialogar sobre seus saberes, percepções e sugestões para subsidiar os três 
eixos (situacional, conceitual e operacional) do PPPZCM.
O cenário da pandemia da Covid-19 trouxe a necessidade de adaptação da metodologia pre-
vista para o processo formativo junto aos 40 participantes, portanto a continuidade foi de-
senvolvida de forma remota por meio de cinco módulos pedagógicos realizados entre maio 
e dezembro de 2020. 
O caráter formativo junto a esse grupo da rede de aprendizagens do PPPZCM estava presente 
com a intencionalidade pedagógica do processo de ação-reflexão-ação permanente media-
da pela equipe pedagógica do PPP e pelo próprio acúmulo de saberes e vivências dos parti-
cipantes em suas respectivas comunidades e instituições na Zona Costeira e Marinha. Deste 
modo, ocorreu um processo que era de construção do PPP e ao mesmo tempo de formação 
e autoformação, no qual todas as pessoas eram aprendizes, educadoras e educadores con-
tribuindo para a elaboração do projeto político pedagógico.
QUESTIONÁRIO
Registra-se aqui a importância da estratégia metodológica do questionário que ampliou a 
participação e enriqueceu as contribuições ao PPPZCM. Ele foi aplicado no período de 09/01 
a 16/04/2020 sendo destinado às instituições do poder público, organizações não governa-
mentais, movimentos sociais, setor privado, instituições de ensino superior e outras institui-
ções interessadas em participar do processo. 
O questionário foi utilizado como mais uma técnica de escuta das percepções socioambientais 
e dos vários aspectos pedagógicos e suas inter-relações na Zona Costeira e Marinha do Brasil. 
Intencionalmente o questionário teve a maioria de suas perguntas de forma aberta para 
que permitisse a livre expressão de ideias e sugestões, buscou-se assim criar um espaço de 
maior acolhimento da pluralidade dos atores sociais atuantes na ZCM. Portanto, o questio-
nário contribuiu para a construção de dados qualitativos e quantitativos, além do registro 
ordenado de informações. 
ASPECTOS METODOLÓGICOS DO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO PPPZCM 
23
Na sequência, apresenta-se um sucinto perfil das 272 organizações institucionais que res-
ponderam ao questionário do PPPZCM, sendo possível observar que a grande maioria, com 
63,60%, atua na região Nordeste, enquanto 7,72% atuam na região Norte (Figura 4).
 
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Figura 4: Percentual de instituições respondentes do questionário do PPPZCM 
que atuam em cada uma das regiões da ZCM
Conforme mostrado na Figura 5, das 272 instituições respondentes, 41% correspondem ao po-
der público, 32% são organizações da sociedade civil seguidas pelas Instituições de Ensino 
Superior (IES) com 18%.
ASPECTOS METODOLÓGICOS DO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO PPPZCM 
24
Figura 5: Tipo de instituição respondentedo questionário do PPPZCM
Quanto ao foco de atuação dessas instituições, destacou-se a educação ambiental e a con-
servação ambiental com 20% e 18% respectivamente (Figura 6). 
 
Figura 6: Foco de atuação das instituições respondentes do questionário do PPPZCM
ASPECTOS METODOLÓGICOS DO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO PPPZCM 
25
Dentre as características do conjunto das instituições chama-se a atenção para 72% que 
afirmaram participar de algum colegiado, fórum ou espaço de gestão participativa na Zona 
Costeira e Marinha. Ainda sobre o perfil das instituições que contribuíram para a construção 
do PPPZCM, por meio do questionário, registra-se que 62% informaram que realizam ações 
de educação ambiental; 56% desenvolvem ações de capacitação e 72% atuam junto às co-
munidades tradicionais, juventudes e/ou mulheres, destacando-se que as instituições atuam 
com focos concomitantes. 
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A revisão bibliográfica foi realizada com o levantamento de dados a partir de relatórios oficiais, 
planos, informativos, sites institucionais, publicações científicas entre outros documentos 
que pudessem contribuir para a caracterização socioambiental da Zona Costeira e Marinha.
O ponto de partida da revisão bibliográfica, como uma das estratégias metodológicas de cons-
trução do PPPZCM foi o conjunto de apontamentos, diálogos e reflexões feitas no primeiro 
encontro presencial do processo formativo do PPPZCM.
No encontro, foram destacadas as características gerais e socioambientais da zona costeira 
e marinha, seus biomas e ecossistemas, o uso e ocupação do solo com seus impactos e con-
flitos, o projeto político pedagógico e as políticas públicas que incidem no uso sustentável 
e conservação da biodiversidade, bem como nos processos de capacitação e educação am-
biental na Zona Costeira e Marinha do Brasil. 
Desse modo, a revisão bibliográfica foi fundamental para alimentar a primeira parte do eixo 
situacional deste projeto político pedagógico, apresentando-se como um panorama geral da 
realidade da ZCM a partir de dados documentais e científicos.
REGISTRO, SISTEMATIZAÇÃO E ANÁLISES DE DADOS 
O registro e a sistematização de dados exigem método, pois é uma reconstrução e reflexão 
de algo que foi vivido, descoberto, dialogado, construído e sentido por diferentes atores so-
ciais, merecendo cuidado especial. O registro é um ato transversal do processo de elabora-
ção do PPPZCM, portanto aconteceu de forma permanente e continuada.
ASPECTOS METODOLÓGICOS DO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO PPPZCM 
26
“O registro permite a sistematização de um estudo feito ou de uma situação de 
aprendizagem vivida. O registro é História, memória individual e coletiva eter-
nizadas na palavra grafada” (FREIRE, 2005).
Os registros e sistematizações no processo de construção do PPPZCM foram feitos por meio 
de painéis de visualização coletiva, cartazes, tarjetas, formulários, relatórios, vídeos e foto-
grafias que foram produzidos em atividades de diálogos, de leituras, escutas, partilhas, in-
teração e imersão individual e/ou coletivamente (Figura 7), em especial no âmbito do grupo 
de 40 pessoas do processo formativo.
 
ASPECTOS METODOLÓGICOS DO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO PPPZCM 
27
 
Figura 7: Interação individual e/ou coletiva nos registros e sistematizações da construção do PPPZCM
ASPECTOS METODOLÓGICOS DO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO PPPZCM 
28
Figura 8: Registro coletivo e individual em interação durante as atividades
ASPECTOS METODOLÓGICOS DO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO PPPZCM 
29
A partir dos registros dos participantes do processo de elaboração do PPPZCM a equipe peda-
gógica se responsabilizou pela sistematização final utilizando-se das metodologias de aná-
lises de conteúdo, frequência, narrativas e triangulação de dados com referenciais teóricos 
de Bardin (2016), Gil (2008), Minayo (2012), Patton (2002) e Kerlinger (1980).
Kerlinger (1980, p.353) define a análise de dados como “a categorização, ordenação, manipu-
lação e sumarização de dados”. Assim, os dados brutos do PPPZCM foram agrupados de for-
ma sistematizada, criando-se categorias de análises que facilitam interpretações e reflexões. 
O PPPZCM formado pelos seus três eixos (situacional, conceitual e operacional) é fruto, tam-
bém, dos registros, sistematização e análise de dados que propiciaram a costura dos senti-
dos e significados sustentando as conexões, as interações, o cognitivo e afetivo das vivên-
cias, percepções e envolvimentos diversos na elaboração deste projeto político pedagógico.
SOCIALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES
A elaboração do PPPZCM foi um processo gradativo de articulação, planejamento, mobili-
zação social, participação, aprendizagens, formação, produção e análises de informações, 
destacando-se aqui a socialização de informações junto à diversidade de atores que vivem e 
atuam na Zona Costeira e Marinha do Brasil.
A socialização de informações, também, foi gradativa ao longo de todo o processo de elabo-
ração do PPPZCM à medida que as pessoas e organizações eram convidadas a se envolverem 
e contribuírem na construção do PPP. 
No entanto, vamos destacar aqui a estratégia metodológica específica que intitulamos de 
“socialização de informações”. Essa estratégia de socialização de informações foi realizada 
de forma remota entre o período de julho a outubro de 2020, com objetivos de compartilhar 
e problematizar os resultados parciais estimulando reflexões, apropriação das informações 
pelas pessoas envolvidas no processo de elaboração do PPPZCM, além de sensibilizar novos 
atores para a participação na construção do PPP.
Neste sentido, foram realizados nove encontros de socialização organizados por atores di-
versos, em especial representantes do processo formativo, que assumiam a responsabilida-
de de pensar no formato, fazer a mobilização e facilitar os diálogos em conjunto com a equi-
pe pedagógica do PPPZCM. A seguir a Tabela 1, mostra a lista dos encontros realizados.
ASPECTOS METODOLÓGICOS DO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO PPPZCM 
30
ASPECTOS METODOLÓGICOS DO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO PPPZCM 
31
TABELA 1: Encontros de socialização do PPPZCM
ENCONTROS DE SOCIALIZAÇÃO DATA
(2020) PÚBLICO ENVOLVIDO Nº DE PESSOAS
PARTICIPANTES
Reunião de devolutiva do IBAMA
Organização: CIPEA/IBAMA
16/07 Núcleos de Educação Ambiental do Ibama dos estados da ZCM 15
Oficina Devolutiva do Projeto Político Pedagógico da Zona Costeira e Marinha do Brasil 
(PPPZCM)
Organização: 
Instituto e Projeto Coral Vivo
27/07 Projeto Coral Vivo, Redes de Educação Ambiental, Museu Nacional, UFRJ 13
Encontro virtual: Projeto Pedagógico da Zona Costeira Marinha
Organização: GEF-Mar e TerraMar
06/08 ICMBio: Gerências Regionais, Coordenações Temáticas, UC’s apoiadas pelo GEF Mar, Centros de Pesquisa, Instrutores 
do GSA, CGGP. MMA: DAP, DECO, DESP, DGAT, DDOC. Bolsistas do Gef Mar. Conselheiros do Projeto GEF Mar: SAP/
MAPA, Marinha/SECIRM, MCTI, Coral Vivo, WWF, CONFREM, Academia/PPGMar, ABEMA
81
Webinário: Projeto Político Pedagógico da Zona Costeira Marinha
Organização: PainelMar, Projeto Albatroz, Instituto Bioma Brasil, Comissão Ilha Ativa e 
Associação Ambiental Voz da Natureza
28/08 Universidades, Ongs, prefeituras, Ibama, Órgãos ambientais das UFs, Redes, Movimentos Sociais, etc. 63
Encontro com as CIEAs: Diálogos sobre o projeto Político Pedagógico da Zona Costeira e 
Marinha (PPPZCM)
Organização: ANPPEA e CIEA/BA
03/09 Representantes das CIEAs dos 17 estados da ZCM. Secretarias de Estado de Meio Ambiente e Educação; Ibama; 
ICMBio; Ongs, Instituições de Ensino Superior; Movimentos Sociais; Instituto de Pesquisa; Prefeituras Municipais, etc.
114
Encontro do estado da Bahia
Organização: SEMA/INEMA, NUPPEA/UFSB, UNEB, RESEX Corumbau/ICMBio, Vila Criativa, 
CBH-PIJ, GADAP
22/09 Prefeituras Municipais, órgãos do estado; Instituições de Ensino Superior, Movimentos Sociais, ONGs, colegiados 
estaduais, Rede de EA; etc. 
63
Encontro com instrutores do ICMBio 
Organização: GSA/ICMBio
07/10 Analistas ambientaisdo ICMBio atuantes como Instrutores de processos formativos da instituição. 19
Encontro do G17 – GERCO / ABEMA
Organização: G17 / ABEMA
13/10 Gestores do Grupo de Gerenciamento Costeiro dos 17 estados da ZCM 17
Encontro com a CONFREM
Organização: CONFREM 
28/10 Representantes da CONFREM de várias regiões da ZCM 12
EIXO SITUACIONAL
“A prática de pensar a prática é a melhor maneira de pensar certo.” 
Paulo Freire
 
O eixo situacional de um PPP “refere-se às características do contexto socioambiental 
e educativo, um diagnóstico que deve ser pensado como ponto de partida para a reali-
zação de planos de trabalho não apenas no sentido curativo, mas também preventivo” 
(MMA, 2005).
As informações do eixo situacional do PPPZCM estão organizadas em duas grandes partes: 
a primeira se refere à Caracterização Socioambiental da ZCM e a segunda é o Diagnóstico 
Participativo da ZCM.
EIXO SITUACIONAL – Parte 1:
CARACTERIZAÇÃO SOCIOAMBIENTAL 
DA ZONA COSTEIRA E MARINHA DO BRASIL 
A primeira parte do eixo situacional, chamada de “Caracterização Socioambiental”, foi rea-
lizada por meio de uma revisão bibliográfica a fim de compor os olhares sobre alguns aspec-
tos da realidade da ZCM. 
Esta parte do eixo situacional é importante para contribuir na contextualização socioambien-
tal da região a que se refere este projeto político pedagógico. Trata-se, portanto, de uma revi-
são bibliográfica com fins de registro das informações relevantes sobre a ZCM, sem análises 
ou inferências, caracterizando-se apenas como subsídios às percepções e reflexões coleti-
vas sobre a realidade. Esta primeira parte está organizada em oito tópicos conforme ilustra-
do na figura a seguir (Figura 9).
 
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Figura 9: Caracterização socioambiental da Zona Costeira e Marinha do Brasil
Introdução
O Brasil possui vasta área oceânica, tendo atualmente 3,6 milhões (Ibama, 2012) de km², po-
dendo atingir uma área de 5,7 milhões1 de km², o que virá a ser maior do que a metade do 
território nacional na parte continental. Essa área é constituída pelo Mar Territorial, de 12 mi-
lhas náuticas contadas a partir da costa; pela Zona Econômica Exclusiva (ZEE), de 188 milhas 
náuticas (Figura 10 e Figura 11) a partir do Mar Territorial; e pela Plataforma Continental e a 
sua extensão além das 200 milhas náuticas.
A extensão da plataforma continental é resultante de pleito brasileiro à Comissão de Limites 
da Plataforma Continental (CLPC), da Organização das Nações Unidas (ONU), que garanti-
rá ao Brasil a soberania para pesquisa e explotação dos recursos naturais do leito e subsolo 
marinhos. Tal pleito para extensão está ocorrendo com base no Plano de Levantamento da 
Plataforma Continental Brasileira (LEPLAC), criado pelo Decreto nº 98.145, de 15 de setembro 
de 1989. Atualmente está em andamento o LEPLAC 2, o qual dividiu o território em três áreas 
distintas: Margem Sul, Margem Equatorial e Margem Oriental/Meridional. A proposta para a 
Região Sul foi aprovada na íntegra pela CLPC em março de 2019, incorporando assim cerca 
de 170.000 km² à nossa Plataforma Continental. A proposta da Margem Equatorial foi apre-
sentada na Plenária da CLPC em 2018 e a da margem Oriental/Meridional, incluindo a ele-
vação de Rio Grande, foi encaminhada em dezembro de 2018 e tem perspectivas de análise 
a partir de 2023 (Ibama, 2012; Marinha do Brasil, 2019, https://www.marinha.mil.br/secirm/
1 MARINHA DO BRASIL. Plano de Levantamento da Plataforma Continental Brasileira. 
 Disponível em https://www.marinha.mil.br/secirm/leplac. Acesso em: 24/11/2020.
https://www.marinha.mil.br/secirm/leplac
INTRODUÇÃO
35
leplac). Os limites do mar, definidos na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar 
– CNUDM, e as áreas de expansão pleiteadas são apresentadas na Figura 10 .
A Zona Costeira brasileira, estabelecida como patrimônio nacional no § 4° do art. 225 da 
Constituição Federal, compreende uma faixa que se estende por mais de 8.000 km voltados 
para o Oceano Atlântico, levando em conta os recortes litorâneos. Em termos de latitude, o 
litoral brasileiro estende-se desde os 4°30’ Norte até os 33°44’ Sul, estando, assim, localiza-
do nas zonas intertropical e subtropical. Possui largura terrestre variável, compreendendo 
443 municípios costeiros distribuídos em 17 estados litorâneos. Inclui a faixa marinha de 12 
milhas náuticas (mn), que coincide com o mar territorial, ampliando a área da zona costeira 
para 514 mil km2 (Ibama, 2012).
Figura 10: Limites do mar territorial, ZEE e plataforma continental com área de expansão pleiteada 
Fonte: Marinha do Brasil – (acessado em 18/02/21) 
(https://www.marinha.mil.br/secirm/sites/www.marinha.mil.br.secirm/files/pictures/linhamar2019.jpg)
https://www.marinha.mil.br/secirm/sites/www.marinha.mil.br.secirm/files/pictures/linhamar2019.jpg
INTRODUÇÃO
37
Outro recorte territorial no âmbito da Zona Costeira, definido no Decreto N° 5.300/2004, é a 
orla marítima, uma faixa de largura variável, compreendendo também uma porção maríti-
ma (até isóbata de 10m) e outra terrestre, podendo variar de 50 metros em áreas urbaniza-
das a 200 metros em áreas não urbanizadas (Figura 11 , Figura 12) A isóbata de 10 metros (as-
sinalada em todas as cartas náuticas) é a profundidade na qual a ação das ondas passa a 
sofrer influência da variabilidade topográfica do fundo marinho, promovendo o transporte 
de sedimentos. Já a área terrestre é demarcada na direção do continente a partir da linha de 
preamar ou do limite final de ecossistemas, caracterizadas por feições como de praias, du-
nas, áreas de escarpas, falésias, costões rochosos, restingas, manguezais, marismas, lagu-
nas, estuários, canais ou braços de mar, quando existentes, onde estão situados os terrenos 
de marinha e seus acrescidos (MMA, 2006). 
Essa faixa corresponde às áreas mais susceptíveis a elevação do nível do mar, cuja gestão 
deve valorizar a perspectiva da manutenção das características paisagísticas e os serviços 
ecossistêmicos prestados (OLIVEIRA E CABRAL, 2014).
 
Figura 11: Limites geográficos e ambientes das zonas costeiras e oceânicas do Brasil, 
conforme a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM), 
Fonte: Marinha do Brasil.
INTRODUÇÃO
38
 
Figura 12: Limites da orla marítima no Brasil. Fonte: Marinha Brasileira
A ampla extensão da costa brasileira implica em diferentes condições climáticas e ambientais, 
resultando em grande diversidade de ecossistemas costeiros e marinhos. A costa brasileira é 
comumente dividida em quatro regiões distintas, considerando suas características oceano-
gráficas, biológicas e tipo de substrato predominante: (i) Região Norte (foz do rio Oiapoque à 
foz do rio Parnaíba); (ii) Região Nordeste (foz do rio Parnaíba à Salvador); (iii) Região Central 
ou Leste (Salvador ao Cabo de São Tomé); e, (iv) Região Sudeste-Sul (Cabo de São Tomé ao 
Chuí) (ICMBIO, 2019).
Sistema Costeiro-Marinho e sua 
interação com outros Biomas com 
interface na Zona Costeira e Marinha
Do ponto de vista biogeográfico, a Zona Costeira Marinha não se caracteriza como um bioma 
específico, embora os processos marinhos e costeiros inerentes justifiquem seu tratamen-
to como uma unidade ambiental, em que ocorrem sedimentos, vegetação, fauna e feições 
geomorfológicas particulares, que compõem paisagens litorâneas e marinhas característi-
cas. Contudo, por apresentar uma multiplicidade de feições e características físicas e bióti-
cas de cada porção do litoral brasileiro, essa região é tratada como Sistema Costeiro-Marinho(IBGE, 2019).
O Sistema Costeiro-Marinho é caracterizado como uma zona de transição ecológica entre os 
ecossistemas terrestres e marinhos, sendo em sua maioria formada pela parte marítima. A 
parte continental é equivalente a apenas 6,27% da sua área total, entretanto, interage e com-
partilha a abrangência com outros biomas (Figura 13), em uma superposição que possibili-
ta a delimitação de subsistemas costeiro-marinhos em cada bioma, com exceção evidente-
mente do Pantanal (IBGE, 2019).
SISTEMA COSTEIRO-MARINHO E SUA INTERAÇÃO COM OUTROS BIOMAS COM INTERFACE NA ZONA COSTEIRA E MARINHA
40
 
Figura 13: Composição e área ocupada pelo Sistema Costeiro-Marinho (parte continental) nos biomas 
Fonte: IBGE, Diretoria de Geociências, Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais (IBGE,2019).
Para o limite da parte marítima do Sistema Costeiro-Marinho foi adotado as bordas externas 
(offshore) dos três Grandes Ecossistemas Marinhos brasileiros (os LMEs, sigla em inglês de 
Large Marine Ecosystems) - plataforma Norte do Brasil, plataforma Leste do Brasil e platafor-
ma Sul do Brasil - com limites externos das principais correntes ou, em alguns casos, até a 
borda de plataformas continentais (IBGE, 2019). Contudo, o Sistema Costeiro e Marinho não 
abrange toda a Zona Econômica Exclusiva.
Figura 14: Mapa dos Biomas e Sistema Costeiro-Marinho do Brasil
Biodiversidade, ecossistemas 
e áreas protegidas na Zona 
Costeira Marinha brasileira
A despeito da sua imensidão, do ponto de vista biológico, a maior parte da área dos oceanos 
é de baixa produtividade, sendo equivalente aos desertos em terra. Já as zonas costeiras, for-
madas por uma estreita faixa terrestre e marinha situada na borda dos continentes, são alta-
mente produtivas, complexas, e ricas em biodiversidade. Na zona costeira, são encontrados 
ecossistemas como praias arenosas, dunas, manguezais, recifes de corais e costões rochosos. 
Em conjunto, os ecossistemas costeiro-marinhos são responsáveis por diversas “funções eco-
lógicas”, tais como proteção da linha de costa contra processos erosivos; mitigação dos efei-
tos de inundações; ciclagem de matéria orgânica e produção de nutrientes; abastecimento 
do lençol freático e proteção contra a intrusão salina; além dos diversos recursos pesqueiros 
que alimentam e sustentam milhares de pessoas, se constituindo um desafio permanente à 
gestão costeira (ICMBIO, 2019).
O ambiente costeiro e marinho abriga um mosaico de ecossistemas de alta relevância am-
biental. Na costa brasileira, por exemplo, ocorrem os únicos ambientes recifais do Atlântico 
Sul, que se distribuem por aproximadamente 3 mil km de costa, do Maranhão ao sul da Bahia. 
Além da biodiversidade que abriga, os recifes de corais contribuem muito para a pesca e para 
a fabricação de remédios e ajudam a proteger a costa da ação destrutiva das ondas (CASTRO, 
2016). A fauna de coral formadora dos recifes é constituída por espécies na maioria endêmi-
ca, o que confere ao Brasil enorme responsabilidade na proteção e uso sustentável desses 
ambientes (IBAMA, 2012).
BIODIVERSIDADE, ECOSSISTEMAS E ÁREAS PROTEGIDAS NA ZONA COSTEIRA MARINHA BRASILEIRA 
43
Na região costeira marinha estão as maiores manchas residuais da Mata Atlântica, inclusi-
ve sua maior manifestação contínua, que envolve as encostas da Serra do Mar nos estados 
do Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná, apresentando biodiversidade superior à da Floresta 
Amazônica (IBAMA, 2012).
Também os manguezais, de expressiva ocorrência na zona costeira desde o Amapá até Santa 
Catarina, cumprem funções essenciais na reprodução biótica da vida marinha e no equilíbrio 
das interações entre a terra e o mar (IBAMA, 2012). 
Os manguezais da região Norte do Brasil se destacam no contexto internacional por corres-
ponderem à mais extensa faixa contínua de manguezais protegidos do mundo, , destacando-
-se também por sua produtividade e importância socioeconômica, como na produção de ca-
ranguejos e mariscos, atividades mais importantes para as famílias extrativistas nas unidades 
de conservação litorâneas. Estima-se que esse ecossistema contribui com cerca de 50% da 
produção total da pesca artesanal (ICMBIO, 2019). Segundo o atlas dos Manguezais do Brasil 
(2018), 87% de todo ecossistema manguezal brasileiro está em unidades de conservação.
Os estuários e manguezais ocorrem em áreas abrigadas, próximas à linha de costa, consti-
tuem-se como áreas de transição entre os rios e os mares e abrigam uma enorme diversida-
de de espécies, representando cerca de 0, 16% do território do país (CASTRO, 2016, p. 21). 
As dunas são ambientes que se formam a partir da interação entre sedimentos de origem 
marinha, o vento que os transporta em direção ao continente, e a vegetação que atua como 
barreira física aos sedimentos transportados, compondo ambientes litorâneos associados a 
praias e restingas. Esse ecossistema possui área equivalente a 318.312 hectares, dos quais 
37,1% estão em UCs de proteção integral e 5,7% em UCs de uso sustentável. Já as restingas 
são faixas de areia depositadas paralelamente ao litoral, caracterizadas como um conjunto 
de fitofisionomias distintas que refletem diferenças geomórficas, pedológicas e climáticas 
existentes no litoral brasileiro. Possui área de 469.183 hectares, sendo 20,4% protegidos em 
UCs de proteção integral e 48,7% em UCs de uso sustentável (IBAMA, 2012).
As marismas são ambientes salobros, lagunares ou estuarinos, de baixa energia, pantano-
sos, planos, costeiros e de águas rasas que se desenvolvem na região intermarés, permane-
cendo parcialmente inundados pela maioria das preamares (maré alta). As marismas são 
ecologicamente equivalentes aos manguezais adaptados ao frio e às geadas da costa meri-
dional do Brasil. Formam hábitats importantes para moluscos, crustáceos, insetos, peixes, 
BIODIVERSIDADE, ECOSSISTEMAS E ÁREAS PROTEGIDAS NA ZONA COSTEIRA MARINHA BRASILEIRA 
44
aves e mamíferos. Com área estimada em 12.149 hectares, este ecossistema possui apenas 
0,63% de seu território protegido por UCs, o menor percentual entre os ecossistemas costei-
ros e marinhos (IBAMA, 2012).
As praias são um dos ambientes mais conhecidos e se constituem a partir de depósitos de 
areias acumuladas pelos agentes de transporte fluvial ou marinho, apresentando largura va-
riável em função da maré. A praia é frequentemente associada a outros ecossistemas costeiros 
como estuários, deltas, restingas, mangues, dunas, rios e lameiros intertidais. Acompanham 
todo o litoral, do Amapá ao Rio Grande do Sul, e estão ameaçadas pela especulação imobi-
liária, pelo turismo descontrolado, pela expansão de marinas e pela poluição urbana e in-
dustrial. Dos 82.778 hectares de praias do País, apenas 20.011 hectares (24,2%) estão sob a 
proteção por diferentes categorias de UCs (IBAMA, 2012).
Ao longo da costa norte do território estão presentes os estuários, lagoas costeiras e mangue-
zais, onde se pode encontrar quelônios, mamíferos, aves e peixes diversos. Ao largo da Região 
Nordeste, a ausência de grandes rios e a predominância das águas quentes da Corrente Sul 
Equatorial determinam o ambiente propício para a formação de recifes de corais, suporte de 
grande diversidade biológica (IBAMA, 2012).
No Sudeste-Sul a presença da Água Central do Atlântico Sul sobre a plataforma continental 
e a sua ressurgência eventual, ao longo da costa, contribuem para o aumento da produtivi-
dade e, mais ao sul, o deslocamento na direção norte nos meses de inverno da Convergência 
Subtropical, formada pelo encontro das águas da Corrente do Brasil com a Corrente das 
Malvinas, confere à região características climáticas mais próximas a temperadas, influen-
ciando profundamente na composição da fauna local (IBAMA, 2012).
O costão rochoso é o ambiente formado pelo encontro do mar com as rochas, por ser con-
siderado muito mais uma extensão do ambiente marinho que do terrestre, conta essencial-
mente com espécies marinhas de crustáceos (como os caranguejos), moluscos(como ma-
riscos e ostras), anêmonas e outros invertebrados (ouriço, estrela-do-mar e pepino-do-mar) 
(BECKER, SILVA, LIMA, 2016, p. 18). No Brasil, parte dos costões é formada por rochas de ori-
gem vulcânica e parte deriva de extensões de serras rochosas, próximas ao litoral, que atingem 
o fundo do mar, constituindo, assim, ambientes extremamente heterogêneos (IBAMA, 2012).
Já a plataforma continental é a parte do fundo marinho que começa da linha da praia e que 
está submersa pelas águas do oceano, variando de poucos quilômetros até mais de 400 km. 
BIODIVERSIDADE, ECOSSISTEMAS E ÁREAS PROTEGIDAS NA ZONA COSTEIRA MARINHA BRASILEIRA 
45
Em seguida vem o talude continental com ambientes como vales submersos, cânions e ha-
bitats coralíneos de profundidade – verdadeiros organismos engenheiros que criam uma es-
trutura complexa de abrigo, proteção e alimento (PIRES, 2016).
Existem também ilhas e montes submarinos, localizados fora da plataforma continental e 
muitas vezes sem ligação com o continente que, em função disso, são ambientes singulares 
tanto nos aspectos abióticos quanto bióticos (SILVA-JR, GERLING, 2016). 
A biodiversidade das áreas costeiras e marinhas brasileiras ainda é pouco conhecida. O relató-
rio “Panorama da conservação dos ecossistemas costeiros e marinhos no Brasil” (MMA, 2010) 
estimou em pouco mais de 1.300 as espécies inventariadas para os invertebrados bentôni-
cos, entre 750 e 1209 as espécies de peixes (já no processo de avaliação do estado de conser-
vação das espécies da fauna, conduzido entre 2009 e 2014, foram considerados 1.347 táxons 
de peixes, cartilaginosos ou ósseos, no ambiente marinho), aproximadamente 59 espécies 
de mamíferos, e mais de 100 espécies de aves associadas aos sistemas costeiros e marinhos. 
Das sete espécies de tartarugas marinhas conhecidas no mundo, cinco são encontradas na 
costa brasileira, e têm praias e ilhas oceânicas como importantes locais para desova e abri-
go. Das mais de 20 espécies de corais recifais que ocorrem no Brasil (entre as 350 espécies re-
gistradas no mundo), oito são endêmicas, ou seja, exclusivamente brasileiras (ICMBIO, 2019).
Como parte dos compromissos assumidos pelo país na Convenção da Diversidade Biológica, 
o Brasil faz periodicamente a avaliação do estado de conservação das espécies de fauna e 
flora. Entre 2009 e 2014 o ICMBio coordenou o processo abrangente de avaliação, que con-
templou análise de vertebrados e um conjunto selecionado de invertebrados, incluindo im-
portantes grupos marinhos, com base no método consagrado da União Internacional para 
a Conservação da Natureza (IUCN). Foram avaliados 2.178 táxons marinhos, e destes 160 fo-
ram classificados como ameaçados de extinção (Tabela 2), a lista completa das espécies amea-
çadas e os dados que levaram a tal classificação encontram-se no Livro Vermelho da Fauna 
Brasileira Ameaçada de Extinção (ICMBIO, 2019).
BIODIVERSIDADE, ECOSSISTEMAS E ÁREAS PROTEGIDAS NA ZONA COSTEIRA MARINHA BRASILEIRA 
46
TABELA 2: Táxons marinhos ameaçados.
Criticamente em Perigo – CR, Em Perigo – EN e Vulneráveis – VU (ICMBio, 2018b)
GRUPO TAXONÔMICO NOME POPULAR
CATEGORIA DE AMEAÇÃO
TOTAL
CR EN VU
Mammalia Mamíferos 2 4 2 8
Aves Aves 7 8 5 20
Reptilia Répteis (Ex. tartarugas) 2 2 1 5
Actinopterygii Peixes ósseos 7 6 30 43
Elasmobranchii Peixes cartilaginosos 
(Ex. tubarões e arraias) 27 8 19 54
Myxini Peixes bruxa - - 1 1
Echinodermata Equinodermos (Ex. ouriços e 
estrelas-do-mar) 1 1 8 10
Crustacea Crustáceos 
(Ex. carangueijos) 1 1 - 2
Mollusca Moluscos (Ex. vieiras) 3 1 2 6
Outros invertebrados 
(Brachiopoda, 
Enteropneusta
1 1 - 2
Annelia Anelídeos - 1 1 2
Cnidaria Cnodários (Ex. corais) - 2 2 4
Porifera Poríferos 
(esponjas do mar) - - 3 3
TOTAL 51 35 74 160
BIODIVERSIDADE, ECOSSISTEMAS E ÁREAS PROTEGIDAS NA ZONA COSTEIRA MARINHA BRASILEIRA 
47
Em relação às Zonas Úmidas (ZUs), a biodiversidade nessas áreas é muito grande e contribui 
de maneira substancial para a biodiversidade da paisagem. As ZUs pertencem aos ecossiste-
mas mais ameaçados do mundo, pois estão sujeitas a muitos impactos antropogênicos tan-
to terrestres quanto aquáticos (GOPAL; JUNK, 2000 apud IBAMA, 2012).
Reconhecendo essa importância, o Brasil assinou a Convenção de Ramsar (IUCN, 1971) com 
o compromisso de inventariar e demarcar suas áreas úmidas, considerando que esse ecos-
sistema envolve diversas peculiaridades “na interface entre ambientes terrestres e aquáti-
cos, continentais ou costeiros, naturais ou artificiais, permanentemente ou periodicamen-
te inundados por águas rasas ou com solos encharcados, doces, salobras ou salgadas, com 
comunidades de plantas e animais adaptadas à sua dinâmica hídrica”, descrevem JUNK E 
PIEDADE (2015). O Brasil reconhece como sítio Ramsar 24 unidades de conservação e três 
Sítios Ramsar Regionais, somando 27 Sítios na Lista de Ramsar (MMA, s.d. d), sendo que 13 
deles estão situados na Zona Costeira e Marinha (Tabela 3).
BIODIVERSIDADE, ECOSSISTEMAS E ÁREAS PROTEGIDAS NA ZONA COSTEIRA MARINHA BRASILEIRA 
48
TABELA 3: Sítios Ramsar localizados na zona costeira e marinha
Nº Sítios Ramsar localizados na ZCM UF Tipo Ano
1 Parque Nacional Cabo Orange AP Unidade de 
Conservação 2013
2 Estuário do Amazonas e seus Manguezais 
AP, PA, 
MA, PI e 
CE
Regional 2018
3 Parque Estadual Marinho do Parcel de Manuel 
Luiz e Baixios do Mestre Alvaro e Tarol MA Unidade de 
Conservação 2000
4 Área de Proteção Ambiental Reentrâncias 
Maranhenses MA Unidade de 
Conservação 1993
5 Área de Proteção Ambiental da Baixada 
Maranhense MA Unidade de 
Conservação 2000
6 Reserva Biológica Atol das Rocas RN Unidade de 
Conservação 2015
7 Parque Nacional Marinho de 
Fernando de Noronha PE Unidade de 
Conservação 2018
8 Parque Nacional Marinho dos Abrolhos BA Unidade de 
Conservação 2010
9 APA Cananéia - Iguape – Peruíbe SP Unidade de 
Conservação 2017
10 Estação Ecológica de Guaraqueçaba PR Unidade de 
Conservação 2017
11 APA Estadual de Guaratuba PR Unidade de 
Conservação 2017
12 Parque Nacional da Lagoa do Peixe RS Unidade de 
Conservação 1993
13 Estação Ecológica do Taim RS Unidade de 
Conservação 2017
Fonte: Adaptado de MMA, s.d. de RAMSAR, s.d.
BIODIVERSIDADE, ECOSSISTEMAS E ÁREAS PROTEGIDAS NA ZONA COSTEIRA MARINHA BRASILEIRA 
49
Nas ZUs, os recifes de coral e os manguezais são considerados especialmente vulneráveis às 
mudanças climáticas, por sua fragilidade e limitada capacidade de adaptação, de forma que 
os danos a eles causados podem ser irreversíveis (IBAMA, 2012).
Segundo Figueiroa et al. (2016, p. 362) “no Brasil, uma das estratégias utilizadas para con-
servação do meio ambiente e gestão da zona costeira é a criação de áreas protegidas, em es-
pecial de unidades de conservação”. Tal estratégia é prevista nos marcos legais do gerencia-
mento costeiro, que atribui competências para promover, articular e apoiar a implantação 
de UC (MMA, 1997). Nesse sentido, em consonância com o PNGC, estão entre as diretrizes do 
Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas (PNAP) gerir áreas protegidas situadas na zona 
costeira e marinha, considerando a criação e gestão de unidades de conservação para recu-
peração de estoques pesqueiros, a proteção de ecossistemas que caracterizam uma região 
do país e a inclusão das Zonas Econômicas Exclusivas (ZEE) nas suas delimitações (PRATES; 
GONÇALVES; ROSA, 2012).
Juntamente com as UCs, as terras indígenas e territórios quilombolas exercem papel funda-
mental na proteção e conservação da biodiversidade e dos recursos naturais, funcionando, 
muitas vezes, como barreira para o avanço dos desmatamentos, da fronteira agrícola e es-
peculação fundiária (IBAMA, 2012). Em 2006, o PNAP também reconheceu terras indígenas e 
territórios quilombolas como áreas protegidas.
Atualmente, 26% da zona costeira e marinha brasileira estão protegidos sob a forma de uni-
dades de conservação, com um total de 184 UCs, das quais 70 são de esfera federal, 80 esta-
duais e 34 municipais.Considerando o tipo de uso, 77 UCs são de proteção integral e 107 UCs 
de uso sustentável, em sua maioria Áreas de Proteção Ambiental (APA), Parques e Reservas 
Extrativistas (RESEX), mas também incluindo Monumentos Naturais, Estações Ecológica, 
Refúgios de Vida Silvestre, Reservas Biológicas, Áreas de Relevante Interesse Ecológico e 
Reservas de Desenvolvimento Sustentável, que totalizam uma área de aproximadamente 
963 mil km² (ICMBIO, 2019).
Essas unidades têm sido estabelecidas com a finalidade de proteger habitats singulares ou 
com alta complexidade biológica, e habitats com presença de espécies ameaçadas de extin-
ção, além de servir como instrumento para a recuperação dos estoques pesqueiros e regular 
o acesso e o uso sustentável dos recursos naturais pelas populações tradicionais. A proteção 
das áreas marinhas por meio da ampliação das UCs é, ainda, um desafio (IBAMA, 2012, p.167). 
BIODIVERSIDADE, ECOSSISTEMAS E ÁREAS PROTEGIDAS NA ZONA COSTEIRA MARINHA BRASILEIRA 
50
Neste sentido, entre 2016 e 2018, foram ampliadas ou criadas nove UCs marinho costeiras, o 
que resultou no aumento de mais de 100% da área do sistema federal de UCs e um aumento 
de 1,5% para 26,3% de nossas áreas marinhas protegidas, conforme Tabela 4, abaixo.
TABELA 4: Unidades de Conservação criadas ou ampliadas na ZCM entre 2016 e 2018
Denominação Bioma Estado Categoria Área (ha) Encaminhamentos
Alcatrazes Marinho SP RVS 67.479 Criada em 02/08/2016
Taim Marinho/
Costeiro RS ESEC 32.797 Ampliada em 05/06/2017
Cadeia 
Vitória-
Trindade
Marinho ES APA 40.237.708 Criada em 20/03/2018
Cadeia 
Vitória-
Trindade
Marinho ES Mona 6.915.536 Criada em 20/03/2018
São Pedro e 
São Paulo Marinho PE APA 40.237.708 Criada em 20/03/2018
São Pedro e 
São Paulo Marinho PE Mona 6.915.536 Criada em 20/03/2018
Itapetininga Marinho/
Costeiro MA RESEX 16.294 Criada em 05/04/2018
Arapiranga-
Tromai
Marinho/
Costeiro MA RESEX 186.908 Criada em 05/04/2018
Baía do 
Tubarão
Marinho/
Costeiro MA RESEX 292.855 Criada em 05/04/2018
TOTAL 94.902.821
 
BIODIVERSIDADE, ECOSSISTEMAS E ÁREAS PROTEGIDAS NA ZONA COSTEIRA MARINHA BRASILEIRA 
51
Entre estas, destaca-se o significativo esforço para a promoção do uso direto e sustentável dos 
recursos naturais e fortalecimento das comunidades tradicionais por meio de três reservas 
extrativistas no maranhão (Arapiranga Tromaí, Baía do Tubarão, Itapetininga) que somam 400 
mil hectares de áreas estuarinas e aproximadamente 13 mil famílias. Este conjunto de áreas 
é reconhecido como prioritário para a conservação, usos sustentáveis e repartição de bene-
fícios da biodiversidade. Contemplando manguezais e outros ambientes estuarinos com al-
tíssima produtividade e enorme importância social, além de ser berçário de espécies mari-
nhas ameaçadas, como o peixe boi marinho, área de ninhais e repouso de aves migratórias e 
ameaçadas, área de lagos, presença de babaçuiais, jaçurais e com grande potencial turístico.
QUADRO 1: Informações sobre as RESEX Marinha
RESEX MARINHA
“As reservas extrativistas têm como objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, 
assegurando o uso sustentável dos recursos naturais da unidade” (Art.18 da Lei 9985/2000). As resex têm como 
diferencial o seu conselho ser deliberativo. 
Em 1992 foi criada a primeira unidade marinha nessa categoria, a Resex de Pirajubaé em Santa Catarina. 
Desde então as resex trouxeram aprendizados para as ações de fortalecimento da gestão socioambiental. Um 
exemplo foi a CONFREM (Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas e Povos 
Tradicionais Extrativistas Costeiros e Marinhos), que se organizou em 2009 com os objetivos de atuar pelo 
reconhecimento e andamento da criação de novas resex marinhas assegurando o direito a produção de espaço 
próprio dos extrativistas; estabelecer uma rede de todas as resex marinhas, garantir a manutenção dos saberes 
das populações tradicionais pesqueiras, assim como atuar na conservação dos rios, mares, manguezais e fauna 
marinha e costeira.
 Também temos a “Rede de Mulheres Pescadoras” que vem cada vez mais se fortalecendo ao longo do litoral 
brasileiro, já estando estabelecidas em diversos locais, tais como: Resex Delta do Parnaíba, Salgados paraense 
e maranhense, Costa dos Corais, Sul da Bahia, entre outras localidades. Esse movimento busca dar voz às 
mulheres, diminuindo a segregação deste gênero. A organização destes grupos de mulheres contribui no aumento 
da autoestima, concretização de direitos, acesso às políticas públicas e construção de conhecimentos.
Fonte: QUEM SOMOS | CONFREM (wordpress.com) – acessado em 03/12/2020
As reservas extrativistas federais correspondem à categoria de unidade de conservação mais 
frequente no ambiente marinho nessa esfera de gestão (ICMBIO, 2019). Até o momento, foram 
criadas 24 resex marinhas, essas áreas buscam a garantia e reconhecimento do seu território 
já utilizado para proteger os seus meios de vida e cultura, além de assegurar o uso sustentá-
vel dos recursos naturais da unidade (ICMBIO, 2020). As resex marinhas abrigam aproxima-
damente 48 mil famílias beneficiárias, ou seja, com direitos em relação a esses territórios e 
ao uso dos recursos naturais, mas vinculados à sustentabilidade. 
https://confrem.wordpress.com/pagina-principal/quem-somos/
BIODIVERSIDADE, ECOSSISTEMAS E ÁREAS PROTEGIDAS NA ZONA COSTEIRA MARINHA BRASILEIRA 
52
Destacam-se também as áreas de proteção ambiental (APA), bastante extensas, em que o or-
denamento pesqueiro e o uso coletivo dos recursos são determinantes. No litoral e no mar 
as áreas são da União e, portanto, são passíveis de ordenamento que visa ao uso coletivo em 
diálogo com estratégias de conservação, tais como áreas de exclusão de pesca com que se 
busca promover a recuperação de estoques e proteção de ambientes mais sensíveis (tam-
bém chamadas de ACRES – áreas de conservação e recuperação de espécies) (ICMBIO, 2019).
Cabe destaque, também, para os enormes conjuntos de UCs marinhas do Arquipélago São 
Pedro e São Paulo e do Arquipélago Trindade e Martim Vaz, estas compõem o conjunto de 
novas unidades de conservação marinhas, que se destacam pela riqueza em biodiversidade 
e cumprem uma função estratégica na delimitação e proteção do mar territorial brasileiro e 
da Zona Econômica Exclusiva (ZEE). Essas quatro UC somam mais de 90 milhões de hectares, 
contribuindo sobremaneira para o salto da área marinha protegida no Brasil. Além da enor-
me importância destas UCs quanto às suas abrangências territoriais e incidência sobre im-
portantes recursos marinhos conhecidos e incalculáveis ainda desconhecidos pela ciência, 
cabe destacar a importância do processo de criação e previsões legais dadas em seus decre-
tos (Decretos nº 9312 e nº 9313 de 19/03/2018), quanto à cooperação entre o Ministério do 
Meio Ambiente e o Ministério da Defesa.
Entende-se que estes processos trouxeram importantes precedentes para uma relação de 
gestão das áreas marinhas brasileiras em maior integração de esforços e alinhamento de ob-
jetivos entre o ICMBio e a Marinha do Brasil. 
A lei federal que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - 
SNUC estabelece que “quando existir um conjunto de unidades de conservação (...) próxi-
mas, justapostas ou sobrepostas, e outras áreas protegidas (...), constituindo um mosaico, a 
gestão do conjunto deverá ser feita de forma integrada e participativa” (Lei 9985/2000, art. 
26). Através dos Mosaicos de Áreas Protegidas, entre outras estratégias de integração da ges-
tão de UC, portanto, a gestão da biodiversidade é alçada no nível local (UCs isoladamente) 
ao regional (conjunto de UC), por meio do diálogo entre diferentes atores governamentais e 
não-governamentais, considerando as dimensões territoriais biológicas, socioeconômicas, 
políticas e culturais. 
A integração da gestão de UCs é uma estratégia bastante importante para promover a conser-
vação e uso sustentável de recursos em escala mais regionalizada,em consonância com um 
olhar mais sistêmico e em acordo com preceitos da abordagem ecossistêmica. Cabe destacar 
BIODIVERSIDADE, ECOSSISTEMAS E ÁREAS PROTEGIDAS NA ZONA COSTEIRA MARINHA BRASILEIRA 
53
aqui que a abordagem ecossistêmica, como estratégia para a gestão integrada da terra, da 
água e dos recursos vivos que promove a conservação e o uso sustentável de forma equi-
tativa, foi considerada como a estrutura principal para ação na Convenção de Diversidade 
Biológica(CDB), conforme decisão II/8 da COP2 em Jacarta 19952, desdobrando assim em pre-
missa para a CDB. Tal como a indicação para sua utilização na gestão de áreas protegidas no 
Brasil, no princípio X do Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas (PNAP).
Tais arranjos regionais têm sido abordados desde antes da publicação do SNUC, onde po-
demos citar o Núcleo de Unidades de Conservação do Rio de Janeiro (NURUC-RJ) no final 
da década de 90. Antes disso, conforme Pinheiro (2010) houve o surgimento da proposta de 
Mosaico em 1994, com base na experiência com gestão integrada de quatro UCs estaduais 
na região do Vale do Ribeira. Experiência formalizada em 2008 como o Mosaico de Áreas 
Protegidas do Jacupiranga. 
No contexto Marinho Costeiro, damos destaque a uma das primeiras iniciativas de promoção 
da integração da gestão de UCs no âmbito do SNUC, que se iniciou no ano de 2000 por meio 
do denominado “Projeto Gestão Integrada de Unidades de Conservação Marinho Costeiras 
do Estado de Santa Catarina” (Projeto GIUC-SC). O projeto se propõe a gerar um modelo de 
integração, tendo como base cinco UCs federais (ESEC Carijós, REBIO do Arvoredo, APA do 
Anhatomirim e a RESEX do Pirajuba é uma estadual (PEST do Tabuleiro). 
Este arranjo abrange um território com diversas semelhanças quanto às sinergias e dificulda-
des de gestão no litoral de Santa Catarina, conforme Figura 15. Mesmo não tendo sido criado 
o mosaico à época, a iniciativa trouxe uma série de prerrogativas de integração da gestão de 
UCs em ambientes marinho costeiros e foi, em parte, formalizado em 2011 como Núcleo de 
Gestão Integrada de Unidades Marinho-Costeiras de Santa Catarina – NGI-UMC/SC, com cin-
co UCs federais e quatro Centros Especializados do ICMBio e alterado em 2020 como Núcleo 
de Gestão Integrada de Florianópolis (NGI-Florianópolis), mantendo somente as quatro UCs 
com sede na cidade de Florianópolis, SC.
2 https://www.cbd.int/ecosystem/background.shtml
https://www.cbd.int/ecosystem/background.shtml
https://www.cbd.int/ecosystem/background.shtml
https://www.cbd.int/ecosystem/background.shtml
Figura 15: Unidades do Projeto GIUC
BIODIVERSIDADE, ECOSSISTEMAS E ÁREAS PROTEGIDAS NA ZONA COSTEIRA MARINHA BRASILEIRA 
55
Neste contexto, o ICMBio tem promovido a criação dos Núcleos de Gestão Integrada, ten-
do criado a Política de Integração e Nucleação Gerencial – PINGe por meio da PORTARIA nº 
102/2020, com a criação, desde 2016, de cerca de 60 NGIs dentro desta lógica.
Estes arranjos configuram-se como importantes instrumentos para a gestão da sociobiodi-
versidade marinho-costeira, seja para o ordenamento da pesca artesanal ou industrial, cos-
teira ou oceânica, seja para a promoção da organização do uso e ocupação da faixa costeira 
e contribuição das bacias hidrográficas a montante entre tantas outras atividades humanas.
A conservação da biodiversidade e uso sustentável da ZCM é essencial para garantir a ampla 
gama de serviços ecossistêmicos prestados por estes ambientes, tais como a “prevenção de 
inundações, da intrusão salina e da erosão costeira; a proteção contra tempestades; a reci-
clagem de nutrientes e de substâncias poluidoras, e a provisão direta ou indireta de habitats 
e de recursos para uma variedade de espécies explotadas” (MMA, 2010. p. 15). 
Em um país megadiverso de dimensões continentais, é fundamental priorizar as ações de 
conservação, focando nas medidas potencialmente mais efetivas para conservar ou reverter 
a degradação ambiental ou colapso populacional de componentes chave, assim como pro-
mover a articulação dos diversos atores e instituições que atuam na agenda (ICMBIO, 2019).
Os serviços ecossistêmicos providos pelos ambientes marinho-costeiros brasileiros são tam-
bém amplamente usufruídos pela sociedade, o que se expressa nas múltiplas referências cul-
turais ao mar e ao litoral, além disso, regiões costeiras são as áreas com maiores concentra-
ções de ocupação humana. 
Em muitos locais, numerosas comunidades humanas dependem diretamente dos recursos 
do mar, fazendo uso de baixa intensidade em espaços coletivos. Nesses casos, há a defesa 
de que tais espaços sejam inclusive denominados ‘maretórios’ (Lucca, 2018 apud ICMBIO, 
2019), em adaptação do conceito de território para os ambientes das marés, dada sua im-
portância ambiental e socioeconômica, suas estruturas de governança complexas e o uso 
compartilhado e negociado dos recursos. Como exemplos de serviços ecossistêmicos e re-
cursos, temos as praias, que são essenciais ao lazer e referência cotidiana de vida, além do 
turismo e toda economia que gira em torno dessa atividade; a produção pesqueira, passan-
do por camarões, lagostas, ostras e ampla diversidade de peixes, extraídos pela pesca arte-
sanal e industrial; a crescente atividade de aquicultura; a produção de óleo e gás; a infraes-
trutura de portos para escoamento da produção agrícola e industrial; e, menos percebidos 
BIODIVERSIDADE, ECOSSISTEMAS E ÁREAS PROTEGIDAS NA ZONA COSTEIRA MARINHA BRASILEIRA 
56
conscientemente, mas fundamentais, os serviços ecossistêmicos de regulação, que garan-
tem produção de oxigênio ao planeta. 
Dentre todos os exemplos, os recursos pesqueiros são uma das mais importantes fontes de 
renda de populações tradicionais nas unidades de conservação marinhas (ICMBio, 2019).
Conforme dados e informações desenvolvidos no âmbito da Avaliação Ecossistêmica do 
Milénio, identifica-se que a produção pesqueira mundial tem sofrido grande pressão e mui-
tos bancos de pesca estão em grave situação de degradação. Esta degradação tem afetado 
mais gravemente o acesso a esta importante fonte de proteína de baixo custo e relativo fácil 
acesso, especialmente para as parcelas mais vulneráveis da sociedade (Millennium Ecosystem 
Assessment, 2005).
Nesse contexto, em 2018, foi publicada a 2ª atualização das Áreas Prioritárias para a 
Conservação, Utilização Sustentável e Repartição dos Benefícios da Biodiversidade da Zona 
Costeira e Marinha, que teve como objetivo identificar as principais áreas para a conserva-
ção da biodiversidade marinha e costeira, além de estabelecer diretrizes e ações prioritárias 
para cada uma das áreas identificadas. Os principais resultados desta ação são: i) Banco de 
dados das Áreas Prioritárias para a Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade da Zona 
Costeira e Marinha; ii) Mapa de importância biológica; iii) Mapas de sensibilidade ambiental 
a diferentes ameaças; e iv) Diretrizes e ações prioritárias para as Áreas Prioritárias, que estão 
disponíveis no site do MMA.
Os mapas de espécies ameaçadas apontam maior concentração na região litorânea, revelan-
do a tendência de o número de espécies ameaçadas estar espacialmente associado às áreas 
de maior desenvolvimento e ocupação humana. No entanto, essa distribuição está condicio-
nada ao que se conhece das espécies da flora do Brasil (IBAMA, 2012, p. 158). Em números 
absolutos, o conjunto Mata Atlântica e Zona Costeira-Marinha apresenta o maior número de 
espécies da fauna ameaçadas de extinção em UCs federais (IBAMA, 2012, p. 162).
Nesse sentido, os PAN – Planos de Ação Nacional para a Conservação das Espécies Ameaçadas 
de Extinção são instrumentos de gestão que estabelecem, de forma participativa, as ações 
prioritárias para a conservação de espécies ameaçadas, que para fins de planejamento po-
dem ser agrupadas por critérios taxonômicos, territoriais, por vetores de ameaça, dentre ou-
tros. O ICMBio coordena a elaboração e implementação dos PAN para a fauna, estando

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