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A Carreira que nos está Proposta

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Todos os direitos reservados. Copyright © 2024 para a língua portuguesa da Casa Publicadora das
Assembleias de Deus. Aprovado pelo Conselho de Doutrina.
É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou
meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição na web e outros), sem permissão
expressa da Editora.
Preparação dos originais: Daniele Pereira
Revisão: Cristiane Alves
Capa: Anderson Lopes
Projeto gráfico e editoração: Anderson Lopes
Conversão para Ebook: Cumbuca Studios
CDD: 240 – Moral cristã e teologia devocional
ISBN: 978-65-5968-323-9
e-ISBN: 978-65-5968-315-4
As citações bíblicas foram extraídas da versão Almeida Revista e Corrigida, edição de 2009, da
Sociedade Bíblica do Brasil, salvo indicação em contrário.
Para maiores informações sobre livros, revistas, periódicos e os últimos lançamentos da CPAD, visite
nosso site: http://www.cpad.com.br.
SAC — Serviço de Atendimento ao Cliente: 0800-021-7373
Casa Publicadora das Assembleias de Deus
Av. Brasil, 34.401, Bangu, Rio de Janeiro – RJ
CEP 21.852-002
1ª edição: 2024
http://www.cpad.com.br/
Sumário
Introdução
1. O Início da Caminhada
2. A Escolha entre a Porta Estreita e a Porta Larga
3. O Céu: o Destino do Cristão
4. Como se Conduzir na Caminhada
5. Os Inimigos do Cristão
6. As nossas Armas Espirituais
7. O Perigo da Murmuração
8. Confessando e Abandonando o Pecado
9. Resistindo à Tentação no Caminho
10. Desenvolvendo uma Consciência de Santidade
11. A Realidade Bíblica do Inferno
12. A Bendita Esperança: a Marca do Cristão
13. A Cidade Celestial
Referências
Introdução
Sinto-me muito deslumbrado pela oportunidade que mais uma vez me é
facultada, a produção desta obra literária chamada A Carreira que nos Está
Proposta. Seus capítulos são muito relevantes, envolvendo temáticas que
delineiam o início de uma vida com Cristo, que se dá pelo novo nascimento,
ao seu epílogo, ser como Cristo é e chegar às mansões celestiais. Ao longo
do conteúdo que será exposto, compreenderemos que essa jornada é longa
e requer todo o cuidado necessário para não perdermos de vista o alvo (Fp
3.14), arrefecendo em nossa vida espiritual.
Nos capítulos propostos, procuramos matizar diversas passagens bíblicas,
desde o Antigo até o Novo Testamento, evidenciando que é possível
passarmos por vales, despenhadeiros, tempestades, desafios, inimigos,
decepções, abandono, perdas, ganhos, altos e baixos, morte, mas chegarmos
ao destino prometido, pois o Supremo Pastor está conosco (Sl 23.4).
A jornada de Paulo até Roma, para estar na presença de César, não seria
nada fácil, mas Deus prometeu que o levaria até seu destino. Esse apóstolo
enfrentou tempestades, noites escuras, desespero, perda do transporte que o
conduzia, mas Deus lhe disse: “[...] não temas! É preciso que compareças
perante César” (At 27.20-26, ARA). Mas todo o diferencial está na
expressão “Deus por sua graça”, afinal, é impossível chegar ao nosso destino
final se não pela graça de Deus.
Não há promessa de Deus na Bíblia de que nossa jornada para o Céu
será fácil, Jesus mesmo disse que nesse mundo teríamos aflições, e disse isso
para que tivéssemos paz (Jo 16.33). Certo escritor com muita propriedade
disse: “Deus nunca nos prometeu uma viagem tranquila, mas, sim, que
chegaríamos”. Paulo chegou salvo à praia, tanto ele como os demais
companheiros, destarte, é dito como eles chegaram: em tábuas, nos
destroços do navio, por isso se diz: “E foi assim que todos se salvaram em
terra” (At 27.44, ARA).
Esse mesmo apóstolo esclareceu como foram suas jornadas desde o
momento em que abraçou a fé e o chamado de Cristo para fazer a obra:
“em jornadas, muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de salteadores,
em perigos entre patrícios, em perigos entre gentios, em perigos na cidade,
em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos”
(2 Co 11.26, ARA).
No seu aspecto literal, a jornada aponta para a remoção de uma pessoa
de determinado lugar para outro, biblicamente fala de uma viagem ou
caminhada (Gn 13.3; 2 Co 11.26). No Antigo Testamento, no livro de
Números, há quatro palavras que o descrevem bem: “serviço”, “ordem”,
“falha”, “peregrinação”. Do capítulo 1 ao 9, Israel está no Sinai; do 10 ao
19, do Sinai até Cades; do 20 ao 36, de Cades a Moabe; o versículo-chave
desse livro é Números 33.2, e a palavra-chave é peregrinação.
Durante a peregrinação de Israel, por não atentarem para os ditames
bíblicos, mas se entregarem aos seus desejos, idolatrias, costumes dos povos
pagãos, rebeldia, murmuração, incredulidade, prostituição, muitos
perderam o alvo, e o mais triste, conforme pontuado por Paulo: “Deus não
se agradou da maioria deles, razão por que ficaram prostrados no deserto”
(1 Co 10.5). Note que há duas expressões verbais fortes nesse versículo. A
primeira é não se agradou, eudokeo, parecer bom para alguém, ser a satisfação
de alguém, não houve prazer de Deus neles; o segundo verbo é katastronnumi,
espalhar sobre o chão, prostrar, matar, abater. Não foram adiante, ficaram
mortos no deserto.
Na caminhada com Cristo somos convidados a calçar os pés com a
preparação do evangelho da paz (Ef 6.15). De modo análogo, as sandálias
militares romanas eram projetadas especificamente para a proteção dos pés,
buscando manter o soldado equilibrado e firme em qualquer combate;
ainda que estivesse em terreno acidentado, capacitava-o a ter agilidade e
apoio nos pés para se movimentar. Se estivermos em Cristo e calçarmos os
pés com o evangelho, podemos começar a jornada, pois desse modo não
temeremos as mentes usadas por Satanás, as vãs filosofias, o pós-
modernismo, o secularismo, ateísmo ou naturalismo. Entraremos pela porta
estreita e o caminho apertado, seguiremos impávidos, frente aos nossos três
grandes opositores: o Diabo, a carne e o mundo, sempre orando e vigiando
(Mt 26.41), na certeza de que a Canaã Celestial é logo ali.
1
O Início da Caminhada
I – A Caminhada com Cristo
1. Compreendendo os dois caminhos
Logo nos primeiros capítulos de Gênesis, nos deparamos com a criação
do homem, que foi algo totalmente projetado por Deus (Gn 1.26). A
princípio, Deus criou todas as coisas, o que era bom, mas sem a presença do
homem a criação estava incompleta (Gn 1.31). É importante compreender
que esse homem não surge por um acidente ou uma ideia vaga, mas é
resultado do conselho divino, bem projetado.
Na criação do homem, pelo relato divino, descarta-se qualquer ideia de
evolução, não dando espaço para o homem pré-humano, conforme os livros
seculares ensinam, relacionando seu surgimento através de um animal. Não,
antes esse homem foi criado por meio do poder de Deus de modo muito
especial (Gn 2.7), dispensando a ideia de que o primeiro homem foi criado
de uma forma pré-orgânica. O homem foi feito de modo especial, não está
no mesmo nível do animal irracional. Isso se nota no fato de que o seu
corpo, ao morrer, volta ao pó, mas seu espírito a Deus (Gn 3.19). Jamais se
pode comparar a criação de Adão com a dos animais, ele foi feito do pó da
terra, e logo sua vida surge com o sopro de Deus. Ainda que a frase “alma
vivente” seja aplicada também aos animais (Gn 1.21-24; 2.19), jamais
qualquer animal foi feito à imagem e semelhança de Deus. Portanto, há
diferença entre o homem e o animal.
A imagem na qual Adão foi criado foi sendo passada para os seus
descendentes (Gn 5.1-3; 9.6), e por meio dela se quer expressar que esse ser
feito de barro tem o reflexo concreto de Deus em sua vida. No hebraico, a
imagem é tselem: imagem, semelhança; trata-se de uma imagem moldada,
uma figura formada e representativa (2 Rs 11.18; Ez 23.14; Am 5.26). Já a
palavra semelhança, demuth, corresponde a similaridade, a semelhança de,
como. Ao longo do tempo, houve debates constantes entre os teólogos
cristãos para a compreensão desses dois termos, afirmando que a palavra
imagem tratava da questão física, ao passo que semelhança visava ao
aspecto ético da imagem de Deus. Por exemplo, um dos Pais da Igreja,
Irineu, cria que imagem apontavapara liberdade, razão, já a semelhança
era a possibilidade da comunicação do homem com Deus, a qual foi
perdida na Queda.
As mais diversas opiniões surgiram para tentar dar explicação do que
seria o homem criado à imagem de Deus. Alguns falaram de corporalidade,
envolvendo o lado material e imaterial, nesse caso, o corpo do homem seria
parte da imagem de Deus. Essa colocação não tem tanto cabimento, visto
que Deus é espírito e não possui corpo (Jo 4.24). A outra linha de
pensamento fala da imagem de Deus no tocante à sua personalidade, que é
chamada visão não corpórea, a qual destaca a questão da moral, do
domínio, do exercício da vontade, das faculdades intelectivas: a habilidade
de falar, de organizar. No relato da criação do homem e da mulher está
claro que ambos foram feitos completos, tendo a parte material e imaterial.
Na verdade, esse ser criado à imagem e semelhança de Deus tem um corpo
que veio de Deus, e que no futuro será útil (1 Co 15.44), tem uma vida que
se origina do Pai Eterno (At 17.28,29), tem habilidade, capacidade, vontade
própria, domínio e capacidade de manter comunhão com Deus. Nisso tudo
se configura o ser com a imagem e semelhança de Deus.
A Bíblia descreve no início de tudo um ser perfeito, inocente, que tinha a
santidade no nível de criatura, não absoluta, como Deus, por isso foi posto
um teste da parte de Deus e cedeu. A permanência nesse nível de santidade
lhe garantiria a imortalidade, pois a morte passou a reinar depois do seu
pecado (Rm 5.12). A história da jornada do homem nesta terra teve seu
começo com Deus. Na verdade, no geral, compreendemos que a imagem
de Deus no homem envolvia um ser que foi criado em perfeição e
santidade, um ser inteligente, vivo e moral. Após a Queda, ele não perdeu
essa imagem; ela foi maculada, contudo jamais apagada, pois, nesse caso, se
a tivesse perdido, então como poderíamos caracterizá-lo como um ser
racional, inteligente e vivo?
Deus é maravilhoso e bondoso. Apesar da Queda de Adão, sua imagem
vai sendo passada para sua geração (Gn 5.3; 1 Co 11.7), ao que vai
acontecendo por meio da geração natural. Os filhos possuem seus corpos,
os quais vieram de seus pais, dentre outros elementos genéticos; a grande
questão nesse particular é quanto à parte imaterial, como ela é passada de
pai para filho? Há três concepções para essa questão. A primeira tem base
na filosofia platônica, denominada de preexistência, na qual se afirma que a
alma de todos os seres humanos foi criada por Deus no começo do Universo
e presa nos corpos humanos como uma forma de punição. Há um processo
no qual as almas vão se encarnando ao longo do processo histórico, de
maneira que vão se tornando pecadoras. Tal ensino era chamado de
transmigração da alma. Um dos Pais da Igreja, Orígenes, tinha uma defesa
similar a tal pensamento, porém, esse argumento não tem qualquer base
bíblica, de maneira que os cristãos comprometidos com a Bíblia não
apoiam tal ensino, posto que a concepção de punição e vida eterna é outra.
Há mais duas ideias que visam explicar como se processa a questão do
imaterial para o homem. Uma delas é o criacionismo, no qual se ensina que
Deus cria a alma do homem no momento da concepção ou do nascimento,
unindo-a de imediato ao corpo. A alma tem pecado não porque a criação
tenha algum tipo de defeito, mas porque mantém contato com a culpa
herdada através do corpo. O ensino do criacionismo tem base em Charles
Hodge, e, para firmar seu ponto de vista, faz uso de Números 16.22 e
Hebreus 12.9, afirmando que a alma se origina em Deus, enquanto o corpo
vem dos pais terrenos. Ele dizia que a alma, sendo natural, não poderia
jamais ser transmitida por meio da concepção natural. Muitos teólogos
reformados são dessa opinião.
Em relação ao traducionismo, o que se entende é que a alma vem por
meio do processo da geração natural, semelhantemente ao corpo. Para
confirmar tal ensino, se faz uso de Hebreus 7.10 e Gênesis 2.1-3. Com tais
passagem se afirma que, ao descansar, Deus não criou mais nenhuma nova
alma (Gn 2.7), nenhum fôlego de vida foi soprado sobre outro ser humano,
além de Adão. Muitos teólogos passaram a pender para o traducionismo,
pois no caso do criacionismo, por meio de seu argumento, Deus cria uma
alma perfeita, depois poderia fazê-la cair. No seu sentido fisiológico, o ser
humano é visto no aspecto geral com alma e corpo, assim, o lado físico e
psicológico se desenvolve simultaneamente.
Fizemos toda essa colocação para que o leitor entenda e compreenda que
é a partir da Queda que o ser humano passa a herdar a natureza
pecaminosa estando separado de Deus (Rm 3.23), mas o homem tem a
opção de escolha, se quer trilhar sua jornada neste mundo com Deus ou
sem Deus. Depois da Queda, todas as pessoas iniciam sua jornada por meio
do nascimento natural com a natureza carnal. Isso se comprova muito bem
pelas palavras de Cristo a Nicodemos: “O que é nascido da carne é carne, e
o que é nascido do Espírito é espírito” (Jo 3.6). Por meio desse nascimento,
o homem recebe a parte humana, a carne, que está sujeita à morte (Rm
5.12). Tudo na natureza humana está ligado ao que é próprio dessa
existência no plano físico.
O homem nascido da carne não tem em sua natureza a espiritualidade de
Cristo, o que é chamado de natureza espiritual; a sua inclinação é sempre
para as coisas físicas e carnais. Como não tem a natureza espiritual plantada
no seu ser, a tendência da vida na carne é totalmente contrária aos
princípios divinos, razão pela qual Paulo diz que os que estão na carne não
podem agradar a Deus (Rm 8.8; Gl 5.19-21). A condição pecaminosa do
homem é descrita teologicamente como pecado original.
O nascimento espiritual só é possível mediante a regeneração, a
santificação, por meio do qual o homem poderá começar sua caminhada
segundo o querer de Deus, para ajustar-se ao padrão de Cristo Jesus, e,
escatologicamente, ter como desfecho a restauração de sua imagem e
semelhança conforme Cristo (Rm 8.29; 1 Co15.49; 2 Co 3.18). Portanto,
quando o homem nasce do casal, macho e fêmea, começa sua jornada na
terra, sua vida física. Se escolher andar sem Cristo, sem passar pelo novo
nascimento, seu destino é a vida eterna separada de Deus. Porém, se aceitar
o convite de Jesus (Mt 11.28-29), possibilitando a entrada em sua vida,
nasce um filho de Deus, um novo homem com um novo destino, passando a
estar de imediato nas regiões celestiais com Cristo (Ef 1.3), e, ao findar sua
jornada neste mundo, terá direito a viver na eternidade com Cristo Jesus (Jo
5.24).
2. Os três companheiros da nossa caminhada
O começo da nossa jornada com Cristo, a salvação, tem a participação
conjunta da Trindade. É necessário uma fé firme no Deus trino e uno, no
que envolve nosso relacionamento pessoal com os membros da Trindade.
No que tange ao papel que cada membro desenvolve em prol da nossa
salvação, todos os temas da reconciliação, expiação, redenção, justificação e
propiciação dependem da cooperação distinta do Deus uno e trino (Ef 1.3-
14).
Na Teologia Sistemática Pentecostal (2009), sobre a Trindade, seus autores
dizem: “Cada pessoa da Trindade é Deus. A Palavra do Senhor descarta a
ideia de triteísmo (três Deuses) e de unicismo. A Trindade pode ser definida
como a união de três Pessoas — o Pai, o Filho e o Espírito Santo — em
uma só divindade. Tais pessoas, embora distintas, são iguais, eternas e da
mesma substância. Ou seja, Deus é cada uma dessas pessoas”. Não
podemos negar que a doutrina da Trindade para nós é um mistério,
primeiramente porque o Deus que a Bíblia fala é grandioso, majestoso,
sublime, não pode jamais ser dissecado, explicado pela nossa ínfima razão
humana. Assim, nesse assunto, o cristão temente e reverente às Sagradas
Letras aceita com fé e reverência ao que é revelado sobre o Deus trino e
uno.
Entendemos a razão como a faculdade concedida ao ser humano para
avaliar e ponderar ideias. Teologicamente, podemos asseverar que a razão é
descrita como um canal imprescindível para dar e receber informações.
Cada cristão verdadeiro é consciente disso, todavia,para a compreensão
das verdades divinas, faz-se necessário que a nossa mente seja a de Cristo (1
Co 2.16). Para compreender as coisas espirituais, e que jamais a nossa razão
deve ser autônoma, antes ela tem que estar subordinada a uma autoridade
maior, fora de nós mesmos, em Deus, pois nossa razão é falha e finita. A
nossa razão, envolvendo a Trindade, não pode jamais ser racionalista, ela
vem como um instrumento de auxílio, e jamais de domínio, posto que uma
razão humana nunca conseguiria explicar a pessoa de um Deus Santo e
Eterno.
Portanto, compreendemos a doutrina da Trindade como uma realidade
bíblica que descreve o relacionamento do Pai com o Filho e com o Espírito
Santo. Essa verdade está revelada na Palavra, dela jamais podemos fugir,
não se trata de uma invenção humana nem de algo abstrato. Nunca
podemos nos voltar para a doutrina da Trindade como uma formulação de
homens da Igreja, pelo contrário, esse ensino está revelado na Palavra,
tanto no Antigo como no Novo Testamento.
Toda a causa da nossa salvação foi uma ação primeiramente do Pai,
envolvendo o seu Filho para a nossa redenção e justificação. É por
intermédio do sangue de Cristo Jesus que se dá o perdão dos nossos
pecados. Acontece também a denominada propiciação, que é o ato
realizado para aplacar a ira de Deus, de modo a ser satisfeita a sua
santidade e a sua justiça, tendo como resultado o perdão do pecado e a
restauração do pecador à comunhão com o Senhor. No Antigo
Testamento, a propiciação era realizada por meio dos sacrifícios de
animais, os quais se tornaram desnecessários com a vinda de Cristo, que se
ofereceu como sacrifício em lugar dos pecadores (Êx 32.30; Rm 3.25; 1 Jo
2.).
Nosso Cristo Jesus, por meio do seu sacrifício, nos tornou agradáveis a
Deus. Hoje Ele atua em nosso favor perante o Pai fazendo nossa defesa (1
Jo 2.1). Ele é a propiciação pelos nossos pecados e do mundo inteiro (1 Jo
2.2), e isso nos dá certeza plena e segurança da nossa salvação, por Jesus ser
tanto o nosso Salvador como também a oferta agradável a Deus pelos
nossos pecados.
A terceira pessoa que está presente em nossa jornada para o Céu é o
Espírito Santo. Nosso Senhor Jesus falando dEle usa a expressão grega allon
(Jo 14.16). Seria uma Pessoa distinta, mas do mesmo tipo que Ele. O
trabalho do Espírito Santo na vida do salvo, conforme Tito 3.5, é empregar
a obra realizada por Cristo Jesus no novo nascimento. O Espírito Santo é a
terceira Pessoa da Trindade, que busca levar o cristão a um viver santo (1
Co 6.11), nos concedendo acesso ao Pai (Ef 2.18; 2 Co 5.17,21), por meio
de Jesus, o nosso Sumo Sacerdote (Hb 4.14-16).
Portanto, pelo exposto, podemos entender que a nossa caminhada para o
Céu envolve as três Pessoas da Trindade; Pai, Filho e Espírito Santo. Sem o
papel desempenhado por cada um dEles não seria possível a doutrina da
expiação vicária, por meio da qual Cristo Jesus, na sua morte, levou os
nossos pecados sobre si. Pai, Filho e Espírito Santo são os três companheiros
presentes na nossa caminhada para a Canaã Celestial. O Pai Eterno é o
Grande Criador, que envia Jesus para morrer na cruz pelos nossos pecados,
que desse modo está expressando seu grande amor (Jo 3.16). Jesus Cristo,
em ação, desenvolve o trabalho da nossa salvação, encarnando-se para nos
dar vida eterna e trazendo Deus para perto de nós (Jo 1.14; Mt 1.23). O
Espírito Santo trabalha em nossa vida para que a obra de Cristo seja uma
realidade em nosso ser, nos conduzindo à santidade, às verdades divinas (Jo
16.13).
Quem nesta vida negar a Cristo Jesus não tem o Pai, e quem negar o Pai,
não tem o Filho (1 Jo 2.23). No demais, há de perder a vida eterna, posto
que é tão somente pela obra de Cristo na cruz do Calvário que a justiça e a
graça divina nos são reveladas. O homem imperfeito é reconciliado com o
Deus Perfeito por meio de Jesus Cristo (Gl 3.11-13).
II – O Novo Nascimento
1. Por que precisamos do novo nascimento?
Não precisamos ir longe para respondermos tal pergunta. Paulo diz: “pois
todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3.23, ARA); logo, o
pecado leva à morte (Rm 5.12; 6.23). No pecado, o homem não apenas tem
a consequência da morte, mas está separado de Deus, e para que possa
achegar-se a Ele é preciso nascer de novo.
Vivendo no pecado, o homem segue a vida da velha natureza, cujas obras
são descritas por Paulo em Gálatas 5.19-21. Logo, podemos compreender o
estado em que a humanidade caminha sem Deus (Rm 1.21-32). Sobre isso,
o grande pastor Billy Graham afirmou que parece que muita coisa está
melhorando no mundo, menos o homem. Isso é uma realidade sem
precedente, pois o homem, com sua capacidade, pode melhorar seu
ambiente. Por meio da cultura e da tecnologia, faz diversas mudanças e
conquistas, mas como é dominado por uma natureza pecaminosa, sempre
caminha para um abismo, posto que o viver na carne não o conduz a
agradar a Deus (Rm 8.8).
Os jornais e mídias revelam o panorama em que a humanidade está
envolvida: assassinatos, roubos, crimes, desigualdade social, egoísmo,
racismo, medo, depressão, trapaças, mentiras, estupros, aborto e drogas.
Não faltam análises das ciências comportamentais, como, por exemplo, da
psicologia, antropologia e sociologia, na incansável busca de compreender o
homem e sua natureza, o porquê de suas reações maléficas e
comportamento alterado. Mas esse esforço não tem alcançado sucesso, visto
que analisam o homem apenas de fora para dentro, e não de dentro para
fora. Caso isso fosse feito, logo se compreenderia a realidade, pois Jesus
deixou claro os sinais que estão do lado de dentro de um homem de vida
não transformada (Mt 15.19; Gl 5.19.21).
A sociedade olha para o homem apenas no seu aspecto biológico, mas
não crê nem aceita falar que ele é um pecador miserável, separado de Deus,
e que por viver na prática do pecado suas obras são maléficas.
As ditas teologias modernas, teologia queer, teologia liberal, teologia da
libertação, teologia moderna e teologia crítica, todas procuram tratar
apenas das questões sociais descartando o homem como um ser pecador
separado de Deus, que precisa arrepender-se de seus pecados crendo em
Cristo para ser salvo. Na atualidade, presenciamos o abrandamento de
muitas mensagens quanto ao pecado e à necessidade de arrependimento,
como pregavam João Batista e Jesus Cristo (Mt 3.2; 4.17). É claro que a
Igreja de Jesus Cristo deve combater as injustiças sociais, as políticas
opressoras e precisa estar ao lado dos pobres e necessitados, temas que
sempre estiveram presentes na Bíblia (Dt 24.17), visto que nosso Deus é
descrito como estando ao lado dos menosprezados, dos menos afortunados,
e a prática do amor e acolhimento de tais pessoas é uma recomendação
divina presente no Antigo e Novo Testamento (Gl 2.10). Todavia, é preciso
ter em mente que não basta apenas querermos mudanças em lugares de
grande pobreza e a implantação de boas políticas públicas, se nos
esquecermos de que o problema não está do lado de fora, mas do lado de
dentro, no coração, o qual precisa passar por uma transformação urgente
(Jr 17.9; Ez 11.19; 36.26). Jamais haverá sociedade modificada, melhorada,
sem a real transformação do coração, o que só é possível pela mensagem do
evangelho de Jesus Cristo (Rm 1.16).
Todos os homens na terra precisam do novo nascimento porque existem
dois problemas em suas vidas: o primeiro é espiritual e o segundo é social.
No espiritual, o homem que vive em pecado está morto (Ef 2.1,5), situação
que o torna incapaz de conhecer a Deus e manter um relacionamento com
Ele (1 Co 2.14). Em Romanos 3.10-18, Paulo evidencia a situação espiritual
do homem que vive em pecado, e que esse pecado se alastrou e o conduziu
a uma condição pecaminosa atraindo a ira de Deus.
Toda a humanidade está em pecado, por meio de seus esforços e obras
próprias jamais conseguirão se libertar, isso foi bem pontuado por Paulo,
destarte, qualquer caminho tomado pelo homem sem Cristo será totalmente
em vão (Jo 15.5), de modo que o problema do pecado só pode ser resolvido
em Cristo Jesus (At 2.38). Em Mateus18.3 está claro: “E disse: Em verdade
vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de
modo algum entrareis no reino dos céus” (ARA).
No aspecto espiritual, o homem precisa despir-se do velho homem, isto é,
da velha natureza pecaminosa (Cl 3.9,10), passar pelo lavar regenerador do
Espírito Santo (Tt 3.5), receber uma nova natureza, a divina, e assim o
problema do pecado estará solucionado (1 Pe 1.4). O segundo grande
problema do homem é a questão do social, que é ampla e envolve questões
nas mais diversas áreas. A natureza de tais problemas é bem complexa, pela
ótica humana, e a solução deles só é possível pelas abordagens
multifacetadas, envolvendo a participação do governo, organizações,
população, indivíduos. Não se pode jamais negar que há discriminação,
falta de emprego, opressão política, racismo, desigualdade social, pobreza,
violência, saúde precária. Pessoas com boas intenções podem promover
ações políticas, inclusive a Igreja poderá desenvolver atividades de cunho
social, como tem feito ao longo de sua existência, criando orfanatos, escolas,
dando dignidade pela valorização da vida humana como um presente de
Deus.
A Igreja não se omite diante das questões sociais, porém está consciente
de que apenas isso não basta, pois o maior problema é a questão espiritual,
a condição pecaminosa na qual o homem vive. Como já dito, não basta
apenas sermos boas pessoas, realizarmos grandes projetos sociais, lutar por
implantações de grandes políticas públicas; tudo isso é importante, todavia,
o grande problema está alojado do lado de dentro do homem: sua natureza
pecaminosa, e ela só pode ser desfeita pela transformação ocasionada pelo
evangelho.
Além desta vida, há uma vida eterna; dela só poderá desfrutar aquele que
nasceu de novo (Jo 3.3,5). O homem que está morto no pecado precisa da
graça e do favor divino para viver, para ter os seus pecados perdoados, pois
a vida que sua alma precisa só pode vir de cima, isto é, de Deus. Obreiros,
pastores, pregadores e teólogos, proclamemos com vigor e no poder do
Espírito Santo a Palavra de Deus, dizendo ao mundo em pecado que só
Jesus pode salvar (At 4.12;16.31). Priorizemos em nossos púlpitos, escolas
bíblicas e seminários a necessidade que o homem tem do novo nascimento.
Sigamos a recomendação de Deus ao profeta Ezequiel para que todos se
convertam (Ez 14.6) e gritemos ao mundo para que se voltem para Deus,
pois só Ele pode salvar (Is 45.22).
2. A religião não faz nascer de novo
O sistema religioso pode ser descrito como um conjunto de crenças,
práticas e rituais que são observados, seguidos e praticados por um grupo de
pessoas, assente na fé em alguma divindade. Podemos asseverar que a
estrutura da religião propõe ao homem respostas para muitas de suas
questões existenciais, concede orientação moral e dá um sentido à vida. No
aspecto antropológico, afirma-se que o homem é um ser em essência
religioso, naturalmente ele pende para a religião. Além do mais, outras
ciências, como, por exemplo, a sociologia, declaram que o homem anseia
por uma experiência religiosa. As muitas religiões no mundo vão surgindo e
criando seus símbolos, suas celebrações, suas doutrinas, seus ritos, suas
crenças, desejando com isso, mesmo em meio a tantas diferenças, ligar o
homem a Deus.
Devemos entender que a religião sempre fez parte da vivência humana,
buscando responder às perguntas cruciais: Qual é o real sentido da vida? De
onde o homem veio? Por que estamos aqui? Para onde iremos ao final de
tudo? É na religião que tais perguntas angustiantes podem encontrar suas
respostas, concedendo ao homem certo tipo de consolo e conforto. É nesse
prisma que se pode afirmar que a religião dá respostas para as questões
existenciais, dando à alma do homem paz, consolo, esperança, e levando
cada pessoa a entender que a vida humana tem sentido.
O mundo atual é descrito como a era da tecnologia, da globalização, da
ciência, da cultura, e, mesmo assim, é marcado também pela violência,
estupro, desigualdade, terrorismo, desvalorização da vida humana, o que
revela que o ser humano perde a sua real essência. Esse homem perdido
sente um vazio em sua alma, apesar de todo avanço que possa promover.
Ele jamais pode se separar do sagrado; visto que Deus soprou em suas
narinas o fôlego de vida, há algo de Deus no homem (Gn 2.7). Ainda que
tateando, como disse Paulo, o homem busca Deus (At 17.27). A ciência com
seus avanços e a racionalidade com sua confiança plena na razão, buscando
deixar Deus de lado, não conseguem tirar a religião de cena, uma vez que
não possuem as respostas precisas para aquilo que gera desconforto e
tristeza na alma do homem. Assim, a religião se apresenta com sua
proposta.
A religião atinge o que a tecnologia não pode atingir, o que a
racionalidade não pode dar: a paz e o conforto para a alma. Entretanto, é
preciso levar em consideração que existe a religião que segue os princípios
exarados na Palavra, mas existe também a religião natural, a qual é produto
do homem, cuja base é o egoísmo humano, ela está totalmente diante de
Deus, quem falou dela foi o apóstolo Paulo (Rm 1.23). Ela pode envolver a
crença em um deus ou deuses e ensina que por meio dos esforços humanos
pode se chegar a Deus. Assim, qualquer coisa pode tornar-se religião.
Afirmamos categoricamente que o cristianismo verdadeiro não é religião,
mas trata-se de um relacionamento firmado entre Deus e o homem por
meio do sangue de Cristo Jesus, pelo qual fomos perdoados (1 Pe 1.18,19;
Hb 9.22).
As religiões humanas ou naturais, criadas pelos homens, possuem seus
absurdos, razão pela qual muitos dizem: “Não quero ter religião”. Não se
pode negar nem esconder que em nome da religião muitos crimes e
atrocidades foram cometidos. Em nome da religião e seus deuses, filhos
foram sacrificados, outros se lançaram às práticas mais horríveis na intenção
de terem seus pecados perdoados. Por exemplo, na Índia, pessoas se deitam
em tábuas de pregos, ficam sem comer e beber, apenas para serem
perdoadas. É costume bem prático na África homens caminharem sobre
brasas; se saírem totalmente ilesos, sem se queimar, a conclusão é de que
foram aceitos por Deus. Caso contrário, são vistos como pecadores.
Na atualidade, muitos fazem uso do termo religião para se referir a todas
as seitas, envolvendo, identificando-as como maometismo, budismo,
hinduísmo, taoísmo, confucionismo, inclusive, colocam nesse meio também
o cristianismo. É importante analisar que as palavras de Paulo são certeiras
quando ele faz alusão à religião natural, a qual substitui o plano original de
Deus. Sua introdução na vivência humana se dá pelo próprio homem (Rm
1.20-25). Por meio da religião natural, pode-se analisar que houve
deturpação das verdades divinas reveladas. Assim, o homem não apenas
reprimiu tal verdade, mas trouxe o erro e criou sua religião. Nesse tipo de
religião, pode até haver certos elementos de verdade, certos padrões éticos,
termos que por vezes são semelhantes aos da Bíblia, mas, na verdade, são
apenas ilusões, nada que possa de fato salvar. No caso da religião
humanista, há um desprezo para com a Bíblia. Essa religião não aceita as
ideias teológicas envolvendo a questão do pecado, da necessidade da
justificação pela fé por meio da morte de Cristo como o Cordeiro de Deus
que tira o pecado do mundo (Jo 1.29).
O sistema religioso possui coisas boas, como a prática de fazer o bem;
destaca aspectos éticos e morais; têm seus ritos, boas obras, ações
comunitárias, reformas sociais; porém, nada disso salva, posto que a
salvação é resultado da fé em Cristo Jesus e na sua obra salvífica, que gera
um relacionamento perfeito com Deus e concede a verdadeira vida eterna
(Rm 5.1,2).
Existe uma religião verdadeira e outra falsa. A falsa é aquela criada pelo
homem. Quem primeiro a desenvolve é Caim. Ele se aproxima de Deus
com sua oferta, mas seu coração não era verdadeiro, e sim egoísta, falso,
superficial, sem obediência, sem fé, pois era do Maligno (1 Jo 3.12). Ele
quer se achegar ao Senhor do seu jeito, pois o textodiz que suas obras eram
más. Nesse particular, de modo análogo, dizemos que Caim é um protótipo
da religião humana, natural, vazia, do esforço próprio, Deus não se agradou
de sua oferta (Gn 4.5). Por outro lado, ainda seguindo a ilustração dos dois
irmãos, temos Abel. Este foi ao Senhor com um coração puro, verdadeiro,
em uma atitude de reverência, humildade, sinceridade, adoração, verdade,
e prontamente Deus atentou para sua oferta, isto é, se agradou, do hebraico
hev (sha‘ah) olhar para, considerar,
fitar ou observar ao redor (Gn 4.4).
A religião humana, natural, não pode jamais promover a salvação; por
outro lado, a religião verdadeira, que se aproxima de Deus com fé,
buscando sua Palavra, crendo em Jesus Cristo, pode sim salvar.
3. O que é nascer de novo?
O nascer de novo está escrito no Novo Testamento, aparecendo
aproximadamente em 85 passagens fazendo alusão à nova vida. Essa nova
vida não é produto do homem, do seu interior, de seu esforço, mas trata-se
de uma ação plenamente do Espírito Santo, o que é denominado na Bíblia
de novo nascimento (Jo 3.3-5), o que ainda pode ser descrito de nascer da
parte de Deus (Jo 1.10-11; 1 Jo 3.9), nova criação (Gl 6.15).
Em suma, nascer de novo é um termo bíblico que quer dizer regeneração
(Tt 3.5). O novo nascimento trata-se especificamente de uma ação
sobrenatural, não é um esforço do homem, porém, o que o homem deve
fazer é decidir se aceita ou não essa ação do Espírito Santo que vem de
cima, isto é, de Deus. Na verdade, podemos dizer que o novo nascimento é
um milagre operado por Cristo na vida do homem que o aceita com fé,
processando tudo isso sobre quatro passos: justificação, regeneração, adoção
e santificação.
A salvação como milagre começa com a justificação. Por intermédio dela
se tem a culpa do pecado apagado (Rm 5.1), posto que antes, devido à
depravação da natureza humana, colocava o homem distante de Deus e em
condenação. Quando o homem aceita a Cristo Jesus como Senhor e
Salvador pela fé, então começa a nova vida, ou seja, a regeneração. Isso se
dá de modo instantâneo, logo que a justiça de Cristo passa a agir em sua
vida. Pela regeneração o homem passa a ter a natureza de Cristo
implantada em seu ser, isso pela ação do poder do Espírito Santo, por esse
motivo que Paulo esclarece que nada disso é pelo esforço do homem (Tt
3.5; 1 Jo 1.12,13).
É importante entender que por meio dessa nova natureza o cristão
poderá seguir sua jornada de fé ciente que tem dentro de si a força divina
que o capacita a viver em retidão e seguir firme às mansões celestiais. É
possível agora seguir em frente porque a nova natureza foi implantada, não
estando mais o homem naquela situação de morte espiritual (Ef 2.1,5), sem
capacidade de manter um relacionamento perfeito com Deus, de conhecê-
lo verdadeiramente; pelo contrário, agora poderá não somente penetrar na
dimensão espiritual, como também discernir tudo espiritualmente (1 Co
2.14).
Por intermédio da Palavra compreendemos a necessidade do novo
nascimento, pois estando na condição de um pecador, dominado pela velha
natureza pecaminosa, não era possível jamais esse homem entrar no Céu,
pois isso só é para quem é nova criatura (Jo 3.3). Sem a nova natureza não
há como resistir à natureza pecaminosa (1 Jo 3.9), pela nova natureza, o
cristão pode seguir em frente de cabeça erguida, pois é consciente de que
tem uma vida agora justificada, reta, diante de Deus (1 Jo 2.29). Lendo João
5.24, encontramos os benefícios da nova vida: vida eterna e vida presente
com Cristo neste mundo. É por meio dela que vivemos com a expectativa
da vida no porvir, que é chamada de vida espiritual. A nova vida tem o
espírito humano fortalecido pelo Espírito de Deus, assim não se cumpre os
desejos da carne (Gl 5.16). A vida que nos é comunicada pelo Espírito Santo
gera em nós comunhão com Deus, pois não vivemos mais para a vida neste
mundo pecaminoso (Rm 6.11). Haverá uma plenitude ainda maior dessa
vida que já se vive aqui com Cristo neste mundo, pois quando o mortal se
revestir da imortalidade, então seremos glorificados, sendo como Cristo é (1
Jo 3.2,3).
Em se tratando da nova natureza, o cristão vive agora na esperança da
glória de Deus. Como sua vida é espiritual e desenvolve comunhão com
Deus, ainda que esteja neste mundo, essa nova natureza lhe concede poder,
pela ação do Espírito Santo, para não pensar mais nas coisas desta vida,
mas ter atitudes diferentes para com elas, como, por exemplo, passa a ter
ódio do pecado, priorizando em seu viver diário a vida em Cristo Jesus.
Pedro é bem categórico em afirmar que agora possuímos a natureza divina
(1 Pe 1.4).
É importante dizer que, ainda que tenhamos a nova vida e uma nova
natureza, a velha natureza não foi debelada de uma vez por todas, de modo
que o cristão terá que lutar contra o pecado e a tentação, mas, doravante,
pela nova natureza implantada, vinda do Espírito Santo, não se inclinará
mais para carne, como era antigamente (Rm 8.8), e sim para as coisas do
Espírito (Gl 5.16). Essas duas naturezas sempre estarão em conflito, a
espiritual penderá para as coisas de Deus, ao passo que a carnal para as
coisas pecaminosas (Gl 5.17), na verdade, é uma guerra constante (Rm
7.21), que é vencida pelo poder do Espírito de Deus (Rm 6.16).
4. O novo nascimento e seu processo
O homem por si mesmo jamais poderá desenvolver o novo nascimento.
Todo esse processo, como já dito antes, trata-se de algo sobrenatural, uma
ação direta do Espírito Santo de Deus. No texto do profeta Jeremias,
objetivamente ele salienta que o homem não pode, por si mesmo, alterar
sua natureza pecaminosa, da mesma forma que um etíope não pode mudar
a cor de sua pele, nem tampouco o leopardo suas manchas (Jr 13.23). Por
vezes, há da parte do homem uma luta para controlar seus desejos e não
praticar coisas ruins, ou procurar fazer coisas boas, mas isso não quer dizer
que sua natureza foi mudada. É claro, essa ação é limitada pela força
humana, como acontece com uma represa, tenta por certo tempo segurar a
água parada, mas não demorará para que haja um rompimento brusco. O
profeta Zacarias disse: “Não por força, nem por violência, mas pelo meu
Espírito, diz o Senhor dos Exércitos” (Zc 4.6). Quando a transformação
vem pelo Espírito Santo de Deus, implantando a nova natureza, de fato
aconteceu a real transformação no homem interior, o que acontece
teológica e biblicamente de três maneiras:
Por meio da ação de ouvir a Palavra
A regeneração ou o novo nascimento acontece quando o homem ouve a
Palavra de Deus, o evangelho de Jesus Cristo, o qual tem o poder de
transformar o pecador em uma nova criatura. Devemos pregar o evangelho
a todos, pois somente ele tem o poder de agir no coração do homem. Por
meio da mensagem do evangelho, o homem toma conhecimento dos seus
pecados e da necessidade de ter o Salvador, Cristo Jesus (Rm 1.16).
A definição que se pode dar do evangelho é a seguinte: a mensagem de
salvação anunciada por Jesus Cristo e pelos apóstolos (Rm 1.15).
“Evangelho” em grego quer dizer “boa notícia”. É preciso entender que a
Palavra de Deus age poderosamente no coração do homem porque ela é
viva e eficaz (Hb 4.12). O apóstolo Pedro esclarece que o homem é gerado
não da semente corruptível, mas da incorruptível, a Palavra de Deus, a
qual, vive e é permanente (1 Pe 1.23). O apóstolo Tiago afirma que nós
somos gerados pela Palavra da verdade (Tg 1.18). Essas verdades nos levam
a refletir sobre a importância que devemos dar à mensagem do evangelho,
pois somente ela pode salvar. Assim, jamais desprezemos a real pregação da
Palavra.
Por meio da ação de crer e receber a Palavra
É preciso que aquele que ouviu a Palavra não apenas manifeste uma
grande alegria, mas que procure responder positivamente à mensagem
pregada, rendendo-se a Cristo, crendo nEle de todo o coração e aceitando-
o pela fé. É tão somente dessa forma que a real transformação é possível. O
apóstolo João é bem claro em dizer que “quem tem o Filho tem a vida;
quem não tem o Filho de Deus não tem a vida” (1 Jo 5.11-13).
Comunicação davida verdadeira pelo Espírito Santo
Após os dois passos mencionados é que o milagre da regeneração, como
uma ação transformadora do Espírito Santo, irá se processar cabalmente,
resultando na nova vida e nova natureza oriundas do Espírito Santo. Esses
dois primeiros processos listados foram citados por Jesus a Nicodemos:
nascer da água e do Espírito (Jo 3.5,6). Quando se ouve e crê na Palavra,
recebendo-a de todo o coração, conforme fez o Eunuco (At 8.36,37), a
regeneração acontece como ato instantâneo, abrindo-se a porta para se
desenvolver uma vida de santificação, a qual é inicial, progressiva e final.
Vale ressaltar que, no momento da regeneração, o novo convertido
recebe a nova vida e a nova natureza, e, por meio da santificação, ele é
capacitado a desenvolver na prática um novo comportamento.
III – O Novo Testamento e a Caminhada de Fé do Cristão
1. O Novo Testamento
De posse da Bíblia Sagrada, de imediato, o cristão vai se deparar com
duas expressões adjetivais: Antigo e Novo Testamento. Ambas fazem
menção a pactos, o da Antiga Aliança e o da Nova Aliança. Aqui nos
deteremos em analisar o Novo Testamento, que é a revelação de Deus para
o bem de todos os povos. Jesus Cristo, o Messias e Salvador, veio na
plenitude dos tempos (Gl 4.4), e com Ele teve início a Igreja, fundada sobre
o alicerce do testemunho dos apóstolos. O Novo Testamento compõe-se de
27 livros, assim classificados: Livros históricos: Evangelhos e Atos (5);
Epístolas de Paulo (13); Epístolas Gerais (8); Apocalipse (1).
Ao nos voltarmos para o Antigo Testamento, vemos que ele está repleto
de profecias messiânicas, isto é, atinentes à pessoa de Jesus Cristo. O
número é de, aproximadamente, quarenta profecias com o tema. Os
homens que a predisseram, alguns eram de alto nível cultural, outros, de
baixo nível cultural. A abertura da profecia envolvendo a pessoa de Cristo
começou com Gênesis 3.15, sendo que o desfecho delas se dá em Malaquias
3.1.
O período que separa o Antigo e o Novo Testamento é de quatrocentos
anos. Isso quer dizer que Deus, em sua sabedoria, onisciência e onipotência,
escolheu o momento certo para que tudo tivesse seu pleno cumprimento.
Tudo o que os santos da Antiga Aliança falaram de Jesus Cristo,
envolvendo seu nascimento, obra, caráter, humildade, amor, morte e
ressurreição, cumpriu-se cabalmente.
Jesus mesmo deixou claro aos seus discípulos o que a Lei, os profetas e os
Salmos disseram sobre Ele (Lc 24.44). Os livros bíblicos que mais falaram
profeticamente da vinda de Jesus Cristo como o Messias foram: Salmos,
Isaías, Zacarias, sendo que o destaque maior vem para Isaías, no qual
constam aproximadamente 16 referências em relação ao Messias. Em
destaque, o mais lido é o capítulo 53. Essas profecias falando de Jesus Cristo
jamais o exaltaram como um chefe político, um grande filósofo, um
camponês normal, um revolucionário, como desejam os estudiosos liberais
que buscam desfazer de Cristo. Antes, as profecias bíblicas falando da vinda
de Jesus como Messias o destacavam de duas maneiras: primeiramente, o
Rei Messias (Sl 2.6-8; Dn 2.44; Zc 6.12,13); em segundo lugar, Jesus é
descrito como um Servo Sofredor (Is 50.6-52; Dn 9.26; Zc 11.12).
Por meio dessa conceituação precisa do Novo Testamento, o caro leitor
poderá compreender que, ao tomar em mãos o Novo Testamento para
fazer uso, não se tem uma obra qualquer, mas, sim, a revelação perfeita de
Cristo Jesus. São 27 livros totalmente inspirados (2 Tm 3.16), os quais
revelam o cumprimento do programa de Deus para o bem da vida humana,
pois é pela doação de Cristo ao mundo por parte do Pai que a revelação
perfeita e desejada para os homens se realiza (Mt 1.23).
No Novo Testamento constam as verdades que antes estavam ocultas,
profetizadas, mas agora totalmente reveladas (Hb 1.1). As obras do Novo
Testamento tiveram a supervisão plena do Espírito Santo de Deus no
processo de inspiração. Deus protegeu de erros os seus escritores (2 Tm
3.16; 1 Co 2.13; 2 Pe 1.20,21). Pelo conceito de Novo Testamento somos
ensinados que o Novo Pacto, firmado com Deus para a nossa salvação, não
se origina nem se modela no Antigo, quando animais inocentes eram
mortos. Destarte, a Nova Aliança que vivemos com Cristo é resultado de
seu sacrifício, seu sangue (Mt 26.28; 1 Pe 1.18; 1 Co 6.20), por meio do qual
passamos a ter uma nova vida, um novo relacionamento com o Pai, de
modo que nos tornamos agradáveis a Ele.
2. O tema principal do Novo Testamento
Para a existência de um grande prédio é preciso uma base sólida, um
firme fundamento. Semelhantemente, o Novo Testamento não seria o que é
sem a pessoa de Jesus Cristo; sua origem, tema e alvo orbitam em torno
dEle. Nas páginas dos quatro Evangelhos, Jesus é apresentado não apenas
como um ser humano comum, mas como o Verbo que se fez carne (Jo
1.14), o que já existia antes de todas as coisas, antes de Abraão (Jo 8.58),
maior do que Moisés (Jo 5.46) e Salomão (Mt 12.42), o Emanuel (Mt 1.23),
o caminho a verdade e a vida (Jo 14.6), igual ao Pai (Jo 10.30), o único por
meio do qual o homem pode ter a vida verdadeira (Jo 6.66).
O tema da mensagem dos apóstolos, a doutrina que passaram a ensinar,
tudo se firmava em Cristo Jesus, a Pedra Principal (Ef 2.21-22; 1 Co 3.16; 1
Pe 2.5), pois dEle depende a nossa salvação. Paulo mesmo esclarece que
não propunha falar outra coisa, se não de Jesus (1 Co 2.2). O destaque que
se pode notar nas palavras de Cristo é: Eu Sou. Por diversas vezes disse: Eu
sou a luz, a vida, a verdade, o pão do céu, perdoador, salvador; só quem
realmente poderia ser o criador da Igreja verdadeira seria Ele. Afirmamos
que o cristianismo tem sua base bem alicerçada em Cristo Jesus. Assim,
afirmamos que os Evangelhos só falam de Jesus Cristo, o Ser Perfeito.
Como Ele mesmo disse: “Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece
em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer”
(Jo 15.5, ARA). Pela leitura do Novo Testamento, por intermédio dos
quatro Evangelhos, logo a pessoa concluirá que a alusão que se faz ao seu
protagonista principal, Jesus Cristo, é que Ele não é comum, seu
nascimento foi diferente, seu viver foi diferente, seu ensino era com
autoridade (Lc 4.32), jamais se igualando às frias normas farisaicas, ou aos
farrapos do velho judaísmo contaminado de tradições próprias, que para ter
o novo ensino de Jesus Cristo precisaria ser odre novo e veste nova, pois os
odres velhos e podres dos judeus não suportariam os novos ensinos de Jesus
(Mt 9.14-17), os quais só podem frutificar na vida de pessoas que se tornam
novas criaturas (2 Co 5.17).
3. A importância do Novo Testamento na caminhada do cristão
Pelo que anteriormente já foi exposto, prontamente o cristão já pôde
concluir sobre a importância do Novo Testamento para a sua vida, pois
Cristo é a base, o assunto geral desses 27 livros. Todas as histórias narradas
nos Evangelhos, nas Epístolas, envolvendo Cristo, foram inspiradas e são
plenamente verdadeiras.
O Novo Testamento reveste-se de grande significado para o cristão pelo
fato de ele ser o maior documento original da nossa fé, pois em suas páginas
constam a mensagem de que precisamos para viver uma vida de fé e
santidade. Esse maravilhoso documento divino não está no nível histórico
de qualquer outra obra, sendo visto apenas como uma peça literária que se
perdeu no tempo. O escritor aos Hebreus diz que a Palavra de Deus é viva
e eficaz (Hb 4.12).
De posse do conhecimento e da prática do Novo Testamento, o cristão
poderá desenvolver uma vida de comunhão e salvação com Deus, por
intermédio de Cristo, para ter a vida eterna (Jo 20.31; Lc 1.4; Jo 3.15,16;
5.24; At 3.6; 1 Co 4.10). Além do mais, poderá desenvolver a defesa de sua
fé, posto que seu conteúdo é também apologético, pois cada página lida do
Novo Testamento leva o cristão a viver a verdade de Cristo, a qual liberta
(Jo 8.32), colocando-o em perfeita condição espiritual, prevenindo-o das
heresias e doutrinas erradas, como as vãs filosofias e superstições. Mas, em
essência, como já supracitado, o conhecimento doNovo Testamento e seus
ensinos levam o crente a pender para um viver santo, conforme o proceder
de Cristo Jesus. Os que querem conduzir-se na jornada cristã para o Céu
precisam viver os ensinos neotestamentários. É por meio do ensino do Novo
Testamento que o cristão passa a ter e a compreender os verdadeiros
padrões do real cristianismo, desenvolvendo uma vida santa e de
frutificação, pois segue o personagem principal de todo o seu conteúdo,
Jesus Cristo (Hb 12.2). Para falar da relevância do Novo Testamento, além
de todo o seu conteúdo interno, envolvendo as provas da inspiração, o
cumprimento das profecias, o testemunho dos apóstolos, bem como de
Pedro, João e Paulo, os quais asseguravam a importância da morte e
ressurreição de Cristo Jesus (At 13.30), acrescenta-se a isso o testemunho da
história, na qual o Senhor Jesus, conforme prometeu em Mateus 28.20,
sempre esteve presente com a Igreja, desenvolvendo uma comunhão íntima
com Ele e vencendo as vicissitudes, as forças opositoras (Mt 16.16-18).
Um cristão que vive a sua vida de fé firmado no Novo Pacto, na Nova
Aliança, procurando atentar para os ensinos de Cristo presentes no Novo
Testamento, jamais se abrirá aos novos modismos, as novas doutrinas
comprometedoras, visto que o conteúdo desse livro lhe concederá a
verdadeira liberdade (Jo 8.36). Quando Jesus entrou no cenário humano, o
mundo religioso da época se configurava dominado pelo animismo, culto
aos imperadores, religiões místicas, práticas de ocultismo, mas, pela
mensagem pregada, o evangelho, as Boas Novas, uma nova fé verdadeira
brotava do coração daqueles que se arrependiam, pois como bem disse
Paulo: o evangelho é poder de Deus (Rm 1.16).
Conclusão
Compreendemos que a vida humana começou com Deus e precisa de
Deus constantemente, porém, ao longo do caminho, o homem afastou-se do
Senhor, tomando atalhos comprometedores, passando a ter uma natureza
pecaminosa, corrupta, daí a necessidade do novo nascimento em Cristo
Jesus. Ao começar a nova vida, ela tem que ser guiada e orientada pela
Trindade divina — Pai, Filho e Espírito Santo — procurando ter como
regra de fé e de prática a Bíblia Sagrada, em especial o Novo Testamento,
que é a base da nossa nova aliança em Cristo Jesus.
2
A Escolha entre a Porta Estreita
e a Porta Larga
O assunto envolvendo a porta estreita, à luz de Mateus 7.13,14, faz parte
do Sermão do Monte. A compreensão desse tema nos remete aos princípios
que foram vaticinados por Jesus Cristo aos seus seguidores para terem um
viver espiritual e ético nos padrões do Deus Eterno. Esse ensino vai na
contramão de tudo o que uma sociedade sem Deus adota, que ensina uma
liberdade que conduz à libertinagem, que a verdade depende do conceito
de cada um, que o que vale é o prazer. Nosso divino Mestre, Jesus, por
meio do ensinamento da porta estreita e do caminho apertado, não é vago,
mas, sim, direto, evidenciando que o seguimento para uma vida de fé
requer sacrifício, compromisso (Lc 1.75).
Um dos maiores emblemas divinos para a vida cristã é a cruz, palavra
que carrega três significados:
1. Antigo instrumento de tortura e morte, formado por duas vigas, uma
atravessada na outra, em que eram pregados ou amarrados os
condenados. As cruzes eram de três feitios: em forma de xis, ou de tê
maiúsculo, ou de sinal de somar, sendo mais longa a viga que ficava
enterrada (Mc 15.30).
2. A morte de Cristo na cruz (1 Co 1.17; Gl 6.14).
3. Disposição de sofrer por Cristo até a morte (Mt 16.24).
Assim, o chamado para viver a jornada com Cristo para o Céu envolve a
ação de renunciar a si mesmo, os prazeres mundanos, como o tomar a cruz,
que é o estar pronto a viver pelo nome de Deus e fé até enfrentar a morte, o
que requer dedicação e renúncia. Jamais se pode conjecturar que a vida
com Cristo seja sem sacrifício, apenas de facilidade; não é isso que a
mensagem da porta estreita e do caminho apertado querem nos falar. Por
outro lado, a mensagem transmitida pela porta larga e o caminho espaçoso
é a de que pela nossa escolha podemos trilhar a jornada da conveniência,
da prioridade dos desejos do eu, do nosso achismo, de um viver que não
quer qualquer alinhamento com a Palavra de Deus, mas dominado pelo
egoísmo humano. Está claro que para viver a vida cristã à luz da mensagem
de Cristo é preciso crer e obedecer às Escrituras Sagradas, razão pela qual
Jesus mesmo afirmou: “Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de
águas viva correrão do seu ventre” (Jo 7.38). Nossa vida só pode ser bem
alinhada nos valores divinos se vivermos pela Palavra de Deus, na qual
constam os ensinamentos divinos.
O homem pode tomar dois caminhos nesta vida: um que leva ao Céu,
que é apertado, cujas placas de sinalização ao longo do caminho são os
mandamentos e ensinos de Cristo Jesus, requerendo um viver santo, justo,
ético, ações marcadas pelo amor, verdade, dessa forma se chegará ao Pai
(Hb 12.14). O outro caminho é o espaçoso, é livre, sem placas de exigências,
prevalecem todos os desejos de um eu não regenerado (Gl 5.19-21).
Por meio desses dois versículos, Mateus 7.13,14, somos chamados por
Cristo a refletir sobre as nossas escolhas e que tipo de decisões iremos tomar
nesta vida, em que uma delas pode nos levar a uma verdadeira
espiritualidade, que resultará na vida eterna, em uma comunhão verdadeira
com Deus. É a escolha da porta estreita e do caminho apertado. A outra
escolha, que não requer sinceridade, diligência, compromisso, poderá nos
levar à perdição, que é a porta larga e o caminho espaçoso. Portanto, a
decisão está diante de você: se escolher o caminho certo (Jesus), terá vida (Jo
14.6); se escolher o caminho da perdição, terá a morte eterna.
I – Portas e Caminhos
No que diz respeito à distinção entre a porta estreita e a larga, tais
ensinamentos tratam sobre as escolhas que as pessoas fazem. É importante
dizer que porta e caminho expressam escolhas. Se fizermos boas escolhas, as
consequências serão grandiosas, porém, o contrário disso, é que péssimas
escolhas geram consequências desastrosas. As metáforas da porta e do
caminho não estão tratando de julgamento, mas de consequências de
escolhas erradas. Assim, por meio do ensino de Cristo, é possível fazer a
distinção e refletir sobre a decisão certa que devemos tomar quanto às
nossas escolhas.
Por meio do ensino de Cristo, somos desafiados a tomar as decisões
certas, que podem contribuir para o bem da nossa vida espiritual, em
especial da nossa salvação. Para a vida eterna, no aspecto soteriológico, à
luz do Novo Testamento, está preconizado que Jesus é a porta e o caminho
(Jo 10.9).
Em relação a Jesus sendo apresentado como o caminho, como Ele mesmo
afirmou em João 14.6: “Eu Sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém
vem ao Pai senão por mim”. Fica claro em suas palavras que Ele não estava
falando que a meta ou destino final não seria um lugar físico, mas, sim, uma
pessoa, o Pai, e que o caminho para o Pai era outra pessoa, seu Filho.
É importante analisar três palavras destacáveis nesse versículo: caminho,
verdade e vida. Pelo caminho se compreende o acesso ao Pai; pela verdade,
trata-se da realidade, que envolve as promessas feitas por Deus para o bem
e salvação do homem; pela vida, compreendemos que a vida divina é
colocada em nós pelo novo nascimento.
1. A porta estreita
A primeira coisa que devemos levar em consideração é que a porta aqui
representa as escolhas do ser humano, porém, pode-se falar da porta como
entrada para o caminho, que simbolicamente expressa o início de uma
experiência do homem com Cristo Jesus, razão pela qual os cristãos
primitivos foram chamados de “Caminho” (At 9.2; 19.9,23; 22.4; 24.14-22).
O versículo 13 começa falando sobre a porta estreita, στενῆς (stenês),
adjetivo que quer dizer apertado. Quando se fala de ser estreito, não quer
dizer que é muito difícil ser cristão, pois para isso o Pai providenciou tanto a
porta como o caminho (Jo 10.9; 14.6), mas a ênfase aqui é que Jesus Cristo
é o único acesso para o homem obter a salvação, visto que Ele morreu pelos
pecados da humanidade. Assim,fora dEle não há como ser salvo (At 4.12),
porém, é estreito porque, para se obter a vida eterna, é necessário bater de
frente com as inclinações naturais.
Por estreito, apertado, objetiva-se falar que para seguir o caminho para a
vida eterna é preciso obedecer, guardar, atentar para os ensinos de Cristo.
O ser humano não pode passar por essa porta com a bagagem do eu, do
pecado, da vida narcisista, hedonista, mas requer um negar-se, que envolve
o ato de sacrificar seus próprios interesses, desejos e opiniões, priorizando
então a gloriosa vontade de Deus, um viver segundo seus princípios (Mt
7.21). Os que desejam entrar pela porta estreita precisam nascer de novo,
pois irão se despir do velho eu (Gl 2.20), estando prontos para viver uma
vida em total e plena obediência aos ensinos de Cristo Jesus, especialmente
em poder praticar a justiça e o amor ao próximo, exercendo a misericórdia
e a humildade. A máxima da lei, como bem pontuado por Cristo, está
apoiada primeiramente no amor verdadeiro para com Deus, em segundo
lugar, no amor ao próximo (Mt 22.37-40).
2. O caminho apertado
Nos ensinos de Cristo Jesus, as características do caminho apertado são
faustas, que realmente só coloca em prática aquele que nasceu de novo e
que deseja ir para o Céu, pois envolve a ação de amar a Deus sobre todas as
coisas (Mt 22.37, salientando que Deus deve sempre ser prioridade), de
perdoar os que nos ofendem (Mt 6.14,15), ser servo dos outros sempre com
toda humildade (Mt 23.11-12), colocar em prática a justiça, buscando fazer
aquilo que é justo, reto (Mt 5.6), carregar constantemente sua cruz (Mt
16.24), o que quer dizer que mesmo tendo que enfrentar diversos desafios e
lutas por causa da fé em Cristo, o cristão precisa manter-se incólume,
vivendo e batalhando pela fé que foi dada aos santos (Jd 3).
O caminho é apertado porque não tem facilidade, os que realmente
desejam a vida eterna com Deus têm que manter a perseverança, verdade,
santidade, disciplina, dedicação, para com os tais que assim vivem, o
Senhor jamais os abandonará, mas estará com cada um até o momento
final (Mt 28.20).
3. Porta larga e caminho espaçoso
As metáforas da porta larga e do caminho espaçoso apresentam a vida
que o ser humano vive no seu egoísmo, negligenciando a vontade de Deus e
procurando estabelecer seu próprio estilo de vida. Os que vivem na porta
larga e no caminho espaçoso são autoindulgentes, querem glorificação
pessoal, priorizam suas vontades e desejos, isso porque não querem fazer
qualquer tipo de renúncia. É a vida totalmente dominada pelo
materialismo; procuram apenas viver dominado pelos bens materiais,
querem conforto, riqueza, há uma ganância que domina o coração dessas
pessoas. Os que priorizam a porta larga e o caminho espaçoso são
individualistas e insensíveis, querem saber apenas de si, jamais dos outros,
são dominados pela imoralidade, tendo comportamento totalmente fora da
Palavra de Cristo, sendo promíscuos, infiéis, não atentando sob hipótese
alguma para os valores do Reino de Deus.
Na estrada que leva à perdição, porta larga e caminho espaçoso, os
transeuntes vivem de modo orgulhoso, na arrogância, se acham maiores do
que todos, não há qualquer sentimento de humildade, o que era algo
prioritário no ensino de Jesus (Mt 11.29). Os que adotam a vida que leva à
perdição não possuem qualquer reverência à Palavra, oração, fé, perdão,
uma comunhão com Deus. Os que desejam viver na jornada que conduz ao
Céu de glória jamais devem pensar em entrar pela porta larga e pelo
caminho espaçoso, pois seus valores são contrários ao querer de Deus. É
bem verdade que aparentemente pode oferecer uma vida prazerosa,
marcada pela liberdade, mas tudo é ilusão. O servo do Senhor deve atentar
para o conselho do salmista, de não andar segundo o conselho dos ímpios,
não se deter nos seus caminhos, nem se assentar na roda dos
escarnecedores, pois tudo isso perecerá (Sl 1.1,16).
II – Por que Entrar pela Porta Estreita É Difícil?
Entendemos que a porta estreita é a porta da renúncia, descrita em
Mateus 16.24, requer autonegação, autoindulgência, desprezo ao espírito
egoísta, mundanismo, imoralidade (1 Ts 4.3;1 Jo 2.15). Envolve sacrifício
pessoal, isto é, desprezo aos prazeres mundanos, o que requer um
alinhamento aos ensinos de Cristo. A porta estreita aponta para o novo
nascimento (Jo 3.3,5); assim, a velha natureza com seus desejos pecaminosos
não podem prevalecer, de modo que é preciso despir-se dela com toda a sua
bagagem (Ef 4.22; Cl 3.9).
Os que entram pela porta estreita, além de fazer uma renúncia própria,
terão que enfrentar oposições oriundas do lado de fora, as quais combaterão
fortemente para levar o seguidor de Cristo a negar a fé. Essa oposição vem
do mundo dominado por Satanás (2 Co 4.4), isso pelo fato de não se
coadunarem com os ensinos da Bíblia, dos valores cristãos, de modo que
suas ideologias e valores confrontam fortemente o que as Sagradas
Escrituras ensinam. Assim, o cristão poderá ser perseguido por causa de sua
fé e posição. Para resistir, o cristão precisa ser fiel, perseverando na fé em
Cristo Jesus.
Outro ataque que pode vir contra os que entram pela porta estreita é a
dita contracultura. Uma sociedade que vive sem Deus, nas práticas do
pecado, tendo mente e corações corruptos, jamais concordará com os
valores cristãos. O apóstolo Paulo descreve muito bem como é a sociedade
separada de Deus (Rm 1.18-32). Os valores cristãos e seus defensores
sempre serão confrontados. Nesse sentido, diz David Platt:
O Evangelho é a força vital do cristianismo e proporciona o fundamento para confrontar a
cultura, pois, quando cremos de verdade no evangelho, começamos perceber que ele não só
constrange o cristão a confrontar as questões sociais à sua volta, mas também cria de fato uma
confrontação com a cultura ao seu redor — e de dentro de nós. (PLATT, 2016, p. 17)
Um cristão que diz que não se envolverá em assuntos que a sociedade
tem como normais e que a Bíblia é contra mostra que não tem em sua vida
o real evangelho, pois quem vive o evangelho de Cristo jamais
compartilhará ou se conformará com este século (Rm 12.2). A revolta da
sociedade contra o evangelho é visível; qualquer ponto que trata sobre
alguma questão social já é rotulado como ofensivo.
O evangelho é ofensivo hoje para uma sociedade sem Deus não somente
por causa da questão do aborto e da homossexualidade, mas, sim, porque
combate todas as práticas do pecado de um povo que opta por entrar pela
porta larga e pelo caminho espaçoso. Jesus deixou claro que o mundo o
odiava porque combatia suas obras pecaminosas, das trevas (Jo 3.19,20); o
mesmo acontece com os que procuram falar as verdades bíblicas.
1. Porque as oportunidades da porta larga e do caminho
espaçoso são atraentes
Ao se falar da porta larga e do caminho espaçoso, Jesus disse: “[...] muitos
são os que entram por ela” (Mt 7.13). Há um poder de atração que carrega
um número maior para trilhar o caminho espaçoso. Podemos numerar
algumas placas que atraem seus transeuntes, vivendo a experiência da porta
larga. No caminho espaçoso, pode acontecer aparentemente uma imediata
gratificação, isso pelo fato de as escolhas serem livres, sem qualquer
exigência, atendendo o gosto do cliente da forma que ele quer e deseja,
como diz Paulo, “amigos dos prazeres” (2 Tm 3.4, ARA). Prevalece nesse
caminho espaçoso a realização de todas as concupiscências da carne, as
paixões mundanas.
Na porta larga, as oportunidades são atraentes porque não há
perseguição, contrariedade, oposição, ninguém é dono de ninguém, cada
um é livre para viver do jeito que quer e pensa, não há críticas. Há, na
verdade, uma sensação de absoluta liberdade, não há qualquer expressão
que gere um sentimento de consequência, de responsabilidade. Não se pede
mudança de vida nem questões éticas e morais, o que vale é seguir seus
impulsos. Todo esse tipo de vida é combatido pela Palavra (1 Pe 2.11). A
sociedade hodierna não somente aprecia as atrações da porta larga e do
caminho espaçoso, como também aprova esse tipo de conformidade social,isso pelo fato de seus ensinos e valores corresponderem como ela mesma
pensa. A mentalidade do mundo sem Deus é desprendida, livre de qualquer
princípio bíblico.
Jesus falou que é bem verdade que a porta larga e o caminho espaçoso
levam uma multidão maior, porém, deixou claro que o destino final é a
perdição, substantivo feminino que aponta para apoleia, ato de destruir,
destruição total, deterioração, ruína, destruição, a destruição que consiste
no sofrimento eterno no Inferno (Mt 7.13). É a perda do bem-estar, da
felicidade. Não haverá felicidade eterna para os que seguem a porta larga,
posto que viverão separados de Deus. Na verdade, todos quantos passam a
entrar pela porta larga e trilhar o caminho espaçoso têm um destino triste,
horrível, pois caminham para a destruição, para a aniquilação, para a
perdição eterna (Dn 12.2; Mt 3.12; 18.8; 25.41,46; Mc 9.43; Lc 3.17; 2 Ts
1.9; Jd 6.7; Ap 14.9-11; 19.3; 20.10).
2. Porque a porta estreita e o caminho apertado têm muitas
exigências
Quem deseja seguir a Jesus Cristo precisa alinhar sua vida aos seus
ensinos e exigências. Crer nEle envolve voltar-se plenamente para a
Palavra, sem opiniões próprias, conjecturas, achismo (Jo 7.38). Seja para o
mais humilde homem, seja para o mais culto, Cristo só se apresenta como o
Salvador. Foi assim que disse para o letrado e culto Paulo: “Eu sou Jesus”
(At 9.5). Como bem fala Pedro, “em nenhum outro há salvação” (At 4.12).
A porta estreita e o caminho apertado são bem restritos. Podem ser
descritos, conforme já destacado, como uma passagem que fica pressionada
por dois penhascos. Isso tudo aponta para a nova vida que o crente vive,
certo de que ainda há no seu interior, mesmo como a implantação da nova
natureza, a velha natureza, de maneira que terá que lutar contra as
tentações do lado de fora e de dentro, porém, com um diferencial, a luta de
dentro pode ser vencida pela presença do Espírito Santo (Gl 5.16).
Há uma luta tamanha na vida do crente, que é entre a carne e o Espírito
(Gl 5.17). Podemos dizer que é nesse particular que se diz também que o
cristão deixou de trilhar o caminho dos pecadores para viver no caminho
dos justos. Assim, quem passa a entrar pela porta estreita e o caminho
apertado vai viver na autonegação, priorizar a santidade e a justiça, pureza
moral, buscando ser como o Pai é (Mt 5.48). Envolve também a abnegação,
não priorizando seus desejos e vontades, mas, sim, o querer do Senhor,
abandonando o pecado de vez, reconhecendo sua pequenez, falhas, erros,
iniquidades, anelando um viver pela obediência à Palavra.
Conforme esclareceu Jesus Cristo, a porta estreita e o caminho apertado
têm muitas exigências pelo fato de que o convite para viver a vida cristã
requer compromisso de uma vida espiritual transformada e genuína,
segundo os padrões da vontade de Deus e seus ensinos. Há exigências para
viver uma vida de santidade, posto que o cristão segue sua jornada de fé
para o Céu, de modo que deve proceder em justiça e pureza moral em
todos os momentos (Lc 1.75). Esse estilo de vida tem que se ajustar para ser
conforme o Pai (Mt 5.48). Quem assim procede está em consonância plena
com os ditames divinos de Cristo Jesus.
Na porta estreita e no caminho apertado, exige-se que aquele que entrou
por essa nova vida com Cristo expresse um amor verdadeiro para com o
próximo, que é a segunda máxima do resumo da Lei e dos Profetas (Mt
22.37-40), viver em plena humildade, estando sempre pronto para servir aos
outros (Mt 23.11,12), amar e orar pelos seus inimigos (Mt 5.44), renunciar a
todos os pecados e aos desejos egoístas, rendendo-se perante os ensinos de
Cristo e permanecendo fiel até o fim (Mt 16.24).
As exigências para trilhar o caminho estreito não são para dificultar a
entrada do cristão no Céu, mas, sim, para torná-lo mais puro a fim de ser
como Jesus é (Rm 8.29; 1 Jo 3.2) e colocá-lo em uma perfeita condição de
poder caminhar plenamente com o Pai Eterno, o qual é Santo e exige
santidade (1 Pe 1.15,16), a verdadeira comunhão (Hb 12.14). Portanto, a
vida do cristão que caminha para o Céu deve envolver um novo
nascimento, sacrifício, amor, santidade e humildade.
III – Entrando pela Porta e pelo Caminho do Céu
Nas palavras de Cristo, por meio do que ensinou em Mateus 7.13-14, por
parte daqueles que anelam uma eternidade feliz, para se ter uma vida em
comunhão gloriosa com o Pai, é preciso ter ação a atitude certa,
priorizando o estilo de vida que corresponda ao querer do Senhor. À luz do
Novo Testamento, evidenciam-se as condições imprescindíveis para entrar
pela porta estreita e trilhar o caminho apertado. A primeira atitude a ser
tomada é arrepender-se, um abandono total do pecado e um voltar-se para
Deus. Esse foi o primeiro tema da mensagem do Divino Mestre, Jesus (Mt
4.17). Segue-se a isso a necessidade de ter uma vida em plena obediência
aos mandamentos de Cristo (Jo 14.15), o amor a Deus sobre todas as coisas
(Mt 22.39), a prioridade ao Reino de Deus (Mt 6.33), desenvolver os atos
piedosos (oração, meditação na Palavra, jejum — isso firma mais e mais a
comunhão com Deus), jamais se amoldar ou se conformar com o mundo
pecaminoso (Rm 12.2) e perseverar firme até o fim (Mt 24.13; Dn 12.13).
1. Arrependimento de pecados
Lamentavelmente, esse tema já não se faz presente nas mensagens de
muitos pregadores da atualidade, pois estes estão priorizando a exaltação
pessoal, ou preferem falar aquilo que os outros desejam ouvir. Esse tipo de
situação iria acontecer no fim dos tempos, como foi dito pelo apóstolo
Paulo: querem ouvir aquilo que satisfaz, que impressiona, que emociona,
mas não transforma (2 Tm 4.3). O arrependimento é descrito biblicamente
como aquela atitude verdadeiramente sincera em reconhecer que é um
pecador e necessitar de um Salvador. É descrito também como um pesar
sincero de algum ato ou omissão. O verbo grego metanoeō é uma palavra
composta — primeiramente temos meta, que quer dizer “depois”, trazendo
no seu bojo a questão de mudança; em seguida, vem noeō, “perceber”, que
envolve a questão da mente. Daí o surgimento de nous, mente, que se trata
do lugar em que acontece a reflexão moral. Assim, arrependimento quer
dizer mudar de mente ou propósito, é mudar para melhor (Lc 17.3,4). Na
verdade, toda essa mudança está envolvendo o arrependimento do pecado
por intermédio do poder do evangelho de Cristo na vida do pecador (Rm
1.16). Na obra Teologia Sistemática Pentecostal, o pastor Antonio Gilberto,
falando sobre o arrependimento, diz:
O verdadeiro arrependimento é o que produz convicção do pecado; contrição do pecado;
confissão do pecado; abandono do pecado, e conversão do pecado. Se essas cinco reações por
parte do homem não ocorrerem, não se trata de arrependimento verdadeiro, completo, mas
apenas tristeza e remorso: “Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a
salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte (2 Co 7.10).
(GILBERTO, 2009, p. 358)
Arrepender-se implica a pessoa reconhecer seus próprios pecados e falhas
diante de Deus e ser consciente de que depende dEle para salvação (1 Jo
1.9). Quando acontece o arrependimento na vida de uma pessoa,
prontamente ela está manifestando a busca por uma vida transformada e
restaurada para viver em comunhão com o Pai (1 Co 1.9). O
arrependimento envolve a confissão de pecado, isso pelo fato de a própria
pessoa os reconhecer.
Doravante, estará pronta para abandoná-los de uma vez por todas,
lembrando-se das palavras que nosso divino Mestre disse à mulher
pecadora: “[...] vai-te e não peques mais” (Jo 8.11). É preciso ser consciente
de que arrependimento não se trata de uma emoção aparente, um simples
movimento, todavia, trata-se de uma atitude que envolve mudança de
comportamento e comprometimento, e estar pronto para viver e obedecer
aos ensinos de Cristo.
O arrependimento não é um remorso, pois ele leva a pessoa a uma
reflexão de seus pecados, consciente de que precisa abandoná-los, mudar de
vida e compreender que só Jesus é quem pode perdoar os pecados
cometidos (Mt 9.6;1 Jo 1.9). O remorso se manifesta de modo intenso como
sentimento de culpa, o qual pode até parar a vida de uma pessoa, levando-a
diversas doenças.
2. Confissão de pecados
Biblicamente, o verbo confessar quer dizer declarar o que se crê ou sabe.
A pessoa confessa os seus pecados (Sl 32.5) e afirma que crê no Deus
Poderoso e Salvador (Rm 10.9,10). O ato de confessar os pecados faz parte
do processo envolvendo o arrependimento. É afirmar e confirmar perante
Deus que pecou, errou, que não cumpriu seus mandamentos e leis, não
viveu conforme a sua vontade. O ato de confessar envolve uma atitude de
humildade, pois revela o quanto somos falhos e fracos em nossa natureza,
razão pela qual nos voltamos plenamente para o Deus verdadeiro, o qual
pode nos socorrer. No momento em que acontece a confissão por parte do
pecador, a pessoa está demonstrando uma atitude também de
responsabilidade, pois de fato assumiu o que praticou, sem transmitir para
outros as suas culpas, como fez Adão no Éden. A confissão é por demais
relevante porque mostra que nesse ato a pessoa não quer mais conviver com
uma vida dissimulada, escondendo seus pecados, mantendo uma vida de
aparência, antes, quer seguir em frente com uma vida santa, limpa e
verdadeira diante de Deus, por isso busca em Cristo o perdão (1 Jo 1.9).
É preciso entender o quanto a confissão de pecados é maravilhosa. Por
meio dela pode acontecer a cura como também a liberdade, como é bem
pontuado por Salomão: “o que as confessa e deixa alcançará misericórdia”
(Pv 28.13). Na confissão, o peso da carga do pecado é deixado de lado, não
há mais aquele sentimento de culpa, medo e desespero, pois Jesus alivia
tudo (Mt 11.28,29). Pela confissão, Cristo concede o perdão, o qual vem
acompanhado da restauração espiritual e emocional, pois o amor de Deus
concede o perdão. Quando acontece a verdadeira confissão, a pessoa
recebe não somente o perdão, mas uma mudança de vida, de
comportamento, de atitudes, não há mais espaço para arrogância,
sentimento de grandeza, pois foi humilhando-se diante do Cristo Eterno,
por reconhecer os pecados e suas fraquezas, que o perdão foi concedido.
Um cristão que é consciente de que foi perdoado sabe perdoar o seu
semelhante, pois sabe o quanto isso é glorioso e maravilhoso. A razão de a
mulher pecadora agir daquela maneira com Jesus, quebrando todas as
normas e etiqueta da época, foi porque ela sabia o tamanho do perdão que
Ele lhe concedeu (Lc 7.44-48).
Não podemos jamais considerar o ato de confissão como mera
religiosidade, um rito; isso resultará em uma prática vazia. Porém, à luz da
Bíblia, a confissão é uma atitude que nasce de um coração arrependido, que
toma ciência de seus pecados e do quanto precisa de Deus. Na verdade,
trata-se de uma ação sincera do coração que busca mudança de vida e
comportamento. Jamais devemos fazer uma confissão de aparência ou falsa,
apenas para ser visto pelos outros. Afinal, Deus é onisciente, Ele sabe o que
se passa dentro de cada um de nós, por isso, em tudo devemos ser sinceros.
3. Produzindo frutos de arrependimento
O verdadeiro arrependimento se configura por meio de uma conversão
verdadeira e genuína, a qual é acompanhada pelos frutos. Essa foi a prédica
alvissareira do enérgico João Batista, quando apareceu pregando no deserto
da Judeia (Mt 3.2,8). Não basta apenas fazer confissão de lábios, pois
nenhum resultado espiritual se alcançará; antes, é preciso que tudo seja
verdadeiro e sincero. A real mudança é provocada pela mensagem divina,
causando impacto primeiramente pelo lado interno, que logo se evidenciará
pelo lado externo na produção de frutos que provem de fato que tal
conversão foi verdadeira. Esses frutos são descritos pelo aspecto bíblico
mediante a generosidade, justiça, contentamento, misericórdia, fidelidade,
retidão (Lc 3.10-14; Mt 23.23). Os que não têm esses frutos, conforme a
linguagem de João Batista, não passam de víboras. Prontamente se pode
observar que a conversão não é verdadeira se houver ausência dos frutos.
Lamentavelmente, nos dias em que estamos vivendo, a real essência de
uma vida espiritual é descrita de outra maneira, por vezes, se dá ênfase ao
emocional, à religiosidade aparente, que pode apenas salientar folhas, não
frutos, o que muitos “cristãos” têm hoje. Um cristão de verdade se nota pela
transformação e por estabelecer um novo estilo de vida que se evidencia por
atitudes verdadeiras. Os frutos dignos de arrependimento expressam, na
verdade, uma mudança radical de vida e um compromisso assumido com
Cristo, logo se notará um amor diferente que esse cristão tem, sua vida de
humildade, retidão, justiça, a paz, sem qualquer resquício de mágoas,
ressentimento, ódio, priorizando a comunhão e reconciliação com todos.
Sua vida é desejosa pela pureza moral, não querendo mais o estilo de vida
liberal e pecaminoso que outrora tinha.
Por fim, os que possuem frutos dignos de arrependimento brilham em
meio às trevas (Mt 5.14-16), dando um testemunho verdadeiro (Fp 2.15),
influenciando outros por meio de seu viver exemplar e santo, pois tal
procedimento revela um viver que se harmoniza com os ensinos do amado
Mestre, Jesus.
Conclusão
A mensagem da porta estreita e do caminho apertado, bem como da
porta larga e do caminho espaçoso, expressa duas lições: na primeira,
requer-se um verdadeiro sacrifício, renúncia para viver a vida que Jesus
deseja que cada um de nós vivamos, pois não é fácil seguir a Cristo (Mt
16.24), porém, é esse o caminho que conduz à vida; na segunda expressão,
o que se tem é uma facilidade total, porta larga e caminho espaçoso, uma
vez que não segue os ensinos de Cristo, porém, o final dele é a morte eterna.
Portanto, procuremos viver a vida cristã à luz da Palavra de Deus,
manifestando um verdadeiro arrependimento, confessando nossos pecados
e produzindo frutos dignos.
3
O Céu: o Destinodo Cristão
Logo que aceitamos a Cristo como Salvador, nossa mente passa a ser
transformada (1 Co 2.16), o que nos leva a não desejarmos mais nos moldar
ao padrão de vida deste mundo pecaminoso, nem ter mais desejo de ficar
aqui, pois, doravante, pensamos apenas nas coisas de cima (Cl 3.1,2), em
especial a conscientização de que nossa morada é na Pátria Celestial.
Os que vivem piedosamente em Jesus Cristo são conscientes de que seu
Reino não é deste mundo, como não era de Cristo (Jo 18.36). Assim,
vivemos nesta terra como peregrinos, isto é, a morada deste mundo é
temporária, sendo que a nossa verdadeira morada está no Céu, razão pela
qual somos vistos como estrangeiros. O cristão vive sua vida pensando no
Céu não como algo utópico, mas está firmado nas palavras de Cristo, que
declarou: “Na casa de meu Pai há muitas moradas [...]” (Jo 14.2,3). É
assente nessa promessa que a esperança verdadeira se evidencia em cada
crente, tendo consolo e a alegria, trabalhando com todo gozo, pois está
agarrado na promessa de “novos céus e nova terra, em que habita a justiça”
(2 Pe 3.13). Esse lugar é o destino de todo peregrino salvo.
I – Céu: o Alvo de todo Cristão
1. Definindo Céu
Ao se falar do Céu, nossa perspectiva sobre tal temática deve ser
totalmente bíblica, visto que é por intermédio das Sagradas Escrituras que
nos é assegurada a promessa do Céu e sua realidade. Como bem sabemos, a
Palavra de Deus é verdadeira, inspirada e fiel (2 Tm 3.16; 2 Tm 3.16; 1 Tm
4.15; 3.1; 4.9). Fora do padrão das Escrituras, o cristão pode correr o risco
de ter uma visão popular sobre o Céu, tendo-o apenas como algo
“fantasmagórico”, de seres desencarnados, lugar onde as pessoas só vivem
cantando o tempo todo, lugar entre as nuvens, onde todos serão anjos.
Para o crente não correr o risco de ter qualquer assimetria quanto ao
ensino sobre o Céu, deve procurar crer no que a Bíblia diz; caso contrário,
poderá matizar diversas combinações erradas. São abundantes as
concepções e descrições que as pessoas dizem ter sobre os Céus, falando em
visão e revelações que tiveram, apresentando concepções totalmente
humanas e alinhadas à glória desta vida. Evitemos todas essas coisas e
vivamos a

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