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e-Tec Brasil81 Aula 17 – Ética nas negociações Nesta aula, vamos discutir que chegar ao “sim” em uma nego- ciação nem sempre é suficiente, é preciso também considerar a continuidade dos relacionamentos. Vamos compreender a natureza dos conflitos e se eles precisam ser sempre evitados. A negociação faz parte de nosso cotidiano. As trocas que fazemos com as pessoas com quem convivemos e com o meio ambiente que nos cerca re- quer análises constantes. As necessidades e desejos das partes envolvidas são analisadas; as perdas e ganhos são consideradas e, muitas vezes, as emoções entram em jogo conduzindo as negociações para o sucesso ou fracasso. 17.1 O “sim” nem sempre é o suficiente Há situações em que os negociadores não aceitam uma determinada pessoa no processo por saberem de sua conduta antiética, buscando sempre o fe- chamento da negociação a qualquer preço, sem respeitar as outras partes. Outra situação frequente é a busca pelo fechamento da negociação rapi- damente para não dar à outra parte o tempo de que precisa para refletir. Situações em que se está disposto a ganhar não importando se a outra parte vai perder, reflete a falta de ética nas negociações. Quantas vezes precisamos ceder para que a negociação chegue a bom ter- mo, sendo boa para ambas as partes. A continuidade do relacionamento entre aqueles que negociam facilita a aproximação e a condução de novas rodadas de discussões sobre interesses muitas vezes divergentes. A estratégia de atuação durante a negociação assim como a busca por infor- mações sobre a outra parte fazem parte do processo. Condutas antiéticas, no entanto, conduzem à desconfiança, prejudicam a negociação e sua con- tinuidade assim como a implementação do que foi decidido. 17.2 Natureza do conflito Quando o sistema de valores de uma pessoa é confrontado com o de ou- tra ou então com os valores da organização, instala-se o conflito. Para al- guns, “vale tudo no amor, na guerra e nos negócios” enquanto para outros, deve-se preservar a conduta ética em todas as situações. Com relação aos trabalhadores de uma organização, Montana e Charnov (2010, p. 348) en- sinam que “quando seu senso de ética é radicalmente diferente dos valores ancorados na cultura organizacional, experimentam conflitos internos que podem assumir dimensões de risco de vida.” Quantas pessoas você conhece que têm úlcera, pressão alta, insônia, problemas conjugais como extensão dos problemas encontrados no ambiente de trabalho? E o que dizer dos aci- dentes de trabalho ocorridos por desatenção devido à pressão cotidiana, ao cansaço por excessivas horas de trabalho e conflitos pessoais no trabalho? 17.2.2 Conflitos devem ser evitados? Somos levados a acreditar que conflitos são destrutivos e devem ser evitados a qualquer preço. De fato, situações conflitantes consomem energia dos en- volvidos além do seu tempo e, muitas vezes recursos financeiros. Por outro lado, conforme indicam Montana e Charnov (2010, p. 349) os conflitos po- dem “estimular a inovação na solução de problemas e, consequentemente, pode ser benéfico para a organização.” Vale ressaltar, contudo, que neste caso é importante a atuação de uma liderança firme que conduza o processo conflituoso para o caminho dos resultados positivos para todos, sobretudo sem ressentimentos das partes envolvidas. Como o excesso de harmonia prejudicava a Yahoo! A Yahoo! Apresentou o exemplo de uma organização que sofreu impac- tos negativos pelo excesso de harmonia e ausência de conflitos funcionais. Como isso é possível? A Yahoo! foi fundada em 1994 e tornou-se em pouco tempo uma das marcas mais conhecidas da internet. Em 1999, acompanhamos a implosão das empresas “ponto.com” e em 2001, vimos também que os espaços na internet para anunciantes já não eram mais negociados com a mesma facilidade que se viu no início das ações na internet. Figura 17.1: Yahoo! Fonte: ©Sebastian Bergmann/Wikimedia Commons. Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 82 As ações da Yahoo! haviam perdido 92% do valor que conseguiram atin- gir em seu momento de maior alta verificado na Bolsa de Valores. Foi neste momento que Terry Semel trouxe para a Yahoo! sua habilidade de administrar conflitos. Semel que já havia trabalhado na Warner Brothers, descobriu que a empresa estava “isolada e desprovida de conflitos fun- cionais. Ela não conseguia responder à mudança. Chefes e subordinados estavam em tamanha harmonia que ninguém queria mudar nada”. A fonte do problema, foi descoberta. Por incrível que pareça, o proble- ma era seu presidente Tim Koogle que havia definido para a organização uma cultura de ausência de confrontos. Se por um lado, este cenário é benéfico para o ambiente de trabalho, por outro, mostrou-se ruim para os negócios. O presidente Koogle foi substituído por outro executivo que em sua gestão, estimulou conflitos funcionais. Com isso, a Yahoo! estimulada à confrontação, teve que buscar a inovação. O resultado foi à reconquista de seu lugar de destaque entre as empresas “ponto.com”. Fonte: ROBBINS, 2005. pág. 334. Resumo Nesta aula, vimos que a condução ética do processo de negociação pas- sa pelo respeito a todas as partes envolvidas, considerando que é antiético buscar a vantagem a qualquer preço, prejudicando o outro. A manutenção do relacionamento também é fundamental neste processo. Vimos também que a resolução de conflitos é uma habilidade para negociadores eficientes. Conflitos muitas vezes são geradores de inovações, mas precisam ser moni- torados para que sejam benéficos. Atividades de aprendizagem • Você já viveu situações em que o conflito gerou uma inovação na organi- zação em que você trabalha? Qual foi o papel da liderança e como reagi- ram as pessoas que integraram esta situação? No link http://www.rh.com. br/Portal/Grupo_Equipe/ Artigo/6366/gestao-de-conflito. html, acesso em: 17 maio 2013, a autora reforça o fato de que conflitos fazem parte de nosso cotidiano. O importante é conhecer caminhos eficazes para resolvê-los. Encontra-se também à sua disposição uma série de outros temas que você pode consultar e que o ajudarão a refletir sobre o relacionamento interpessoal. Alguns destes temas são: amizades no trabalho; razões para não se isolar da equipe; fofocas no ambiente de trabalho, entre outros. Boa leitura! O artigo “A liderança e ética nas empresas: a influência do líder na saúde mental da equipe” aborda o papel do líder na condução de iniciativas baseadas na justiça, igualdade, confiança e tolerância. Acesse no link: http:// www.recantodasletras.com.br/ trabalhosacademicos/1385295. Acesso em: 17 maio 2013. e-Tec BrasilAula 17 – Ética nas negociações 83 e-Tec Brasil85 Aula 18 – A ética no setor público Nesta aula, vamos abordar os princípios que regem a atuação do servidor público. A obrigatoriedade no cumprimento ético dos deveres se dá tanto na esfera da gestão privada, como da pública, sendo esta feita por meio da atuação dos servidores públicos a quem a população confia a gestão da “coisa públi- ca”. Por meio de políticas públicas ou no cotidiano de seu trabalho cabe ao servidor dedicar-se com zelo e moralidade na busca pelo bem comum dos cidadãos. 18.1 O código de ética do servidor público Para resgatar a imagem do Poder Executivo, abalada pela renúncia do Presi- dente Fernando Collor, o Presidente Itamar Franco, em 22/06/1994 aprovou o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal. Algumas das orientações deste código indicam que: – o trabalho do servidor público deve ser orientado pela dignidade, de- coro, zelo, eficácia e consciência dos princípios morais; – de sua conduta deve fazer parte o elemento ético, a verdade, o sigilo, o zelo, a disciplina, a moralidade, a cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo que ele precisa para o cumprimento de seus deveres; – não é suficiente apenas distinguir o bem e o mal para garantira mo- ralidade na Administração Pública; além disso, deve-se ter a consciên- cia de que a razão da atuação do servidor público é o bem comum; – a remuneração do servidor público é proveniente dos tributos pagos pelos cidadãos brasileiros; a contrapartida que a sociedade brasileira exige do servidor volta-se para a moralidade administrativa associada às normas jurídicas; – tudo aquilo que o servidor público fizer em âmbito privado tem in- fluência em sua vida profissional; desta forma sua conduta fora do órgão público deve ser tão ética quanto durante o exercício de seu trabalho diário; – qualquer dano ao patrimônio público “constitui uma ofensa (...) a to- dos os homens de boa vontade que dedicaram sua inteligência, seu tempo, suas esperanças e seus esforços para construí-los”; assim sendo cabe ao servidor zelar pelo patrimônio público e dele fazer bom uso; – deixar o cidadão esperando em longas filas; maus tratos ao cidadão; e atraso na prestação do serviço também são considerados danos morais aos usuários dos serviços públicos. A seguir, você conhece alguns atos do Poder Público para orientar o servi- dor público no exercício ético de suas atividades. • Código de Conduta da Alta Administração Federal Foi proposta em 18/08/2000 conforme carta ao Presidente da Repúbli- ca disponível no link http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/codigos/ codi_conduta/cod_conduta.htm Acesso em: 15 ago. 2011, e aprovado em 21/08/2000. Este código está disponível na íntegra no link http:// www.servidor.gov.br/codigo_conduta/index.htm Acesso em: 15 ago. 2011. • Comissão de Ética Pública Foi criada em 25/09/2003 pela Resolução n. 8, pela Presidência da Repú- blica, por meio de sua Casa Civil publicada no link http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/codigos/codi_Conduta/resolucao8.htm, acesso em: 15/08/2011, com o objetivo “orientar as autoridades submetidas ao Có- digo de Conduta da Alta Administração Federal na identificação de situa- ções que possam suscitar conflito de interesses (...)”. • Comitê de ética do IFPR - Instituto Federal do Paraná O IFPR possui uma Comissão de Ética Pública de “caráter deliberativo e consultivo” conforme informa o link http://reitoria.ifpr.edu.br/menu- -institucional/comissoes/comissao-de-etica-publica, acessado em: 15 ago. 2011, e tem como objetivos: “orientar, supervisionar, acolher denún- cias e analisá-las, difundindo os princípios da conduta ética do servidor no relacionamento com o cidadão e no resguardo do patrimônio público”. Recomendo a você que acesse estes links e conheça estes códigos. Como ci- dadão brasileiro, é sua responsabilidade conhecer as diretrizes dadas àqueles a quem você confiou (ainda que indiretamente) a responsabilidade de zelar pela administração pública. Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 86 Para você refletir! Leia atentamente o Código de Ética do Servidor Público Civil do Poder Exe- cutivo Federal e analise os serviços públicos que são oferecidos a você. Qual o resultado de sua avaliação? Como cidadão brasileiro, o que você sugere para melhorar aquilo que considera necessário e quais serviços você consi- dera de alta qualidade? Resumo Nesta aula, vimos que o servidor público federal brasileiro deve respeitar um Código de Ética aprovado pelo Presidente Itamar Franco em 1994 e deve ser seguido sob pena de descumprimento da norma jurídica. Vimos tam- bém que foram feitos movimentos pela Administração Pública no sentido de aprovar diretrizes para orientar a atuação do servidor público com ética, moral, zelo, integridade, respeito, sigilo, disciplina, cortesia, entre outros cui- dados necessários ao cuidado com aquilo que é público. Anotações e-Tec Brasil87 e-Tec Brasil89 Aula 19 – A ética, a transparência e a responsabilidade social Veremos nesta aula, como inserir um comportamento social- mente responsável na gestão das organizações e no cotidiano dos profissionais que nelas trabalham. Você certamente já ouviu falar em responsabilidade social e sabe que este conceito se relaciona com o respeito às pessoas e ao meio ambiente. Também fazem parte deste conceito a ética e a transparência presentes no relaciona- mento entre as organizações e os públicos com os quais se relaciona. 19.1 Como a responsabilidade social se insere na gestão das organizações Cada vez mais os profissionais tomadores de decisão nas organizações têm sido cobrados por seu comportamento ético e transparente, levando em consideração as pessoas e o meio ambiente em seus processos internos e externos. Para o Instituto Ethos, responsabilidade social é: “A forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais que impulsionem o desenvol- vimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promo- vendo a redução das desigualdades sociais”. http://www1.ethos.org.br Em abril de 2010, no Golfo do México, uma plataforma da British Petroleum – BP afundou após uma explosão, matando 11 funcionários. Esta tragédia resultou em 650 milhões de litros de óleo vazando do litoral do Texas até a Flórida. Isso é mais de 15 vezes o que o navio Exxon Valdez derramou no Alasca em 1989 e que foi motivo de indignação de todo o mundo. Além disso, a BP teve que desembolsar US$ 37 bilhões para reparar os danos ao meio ambiente e indenizar as famílias prejudicadas com este acidente. As ações da empresa despencaram nas bolsas de valores de todo mundo e o prejuízo foi imensurável. Diante de uma situação como esta é difícil dizer que a gestão das organizações não está relacionada com a transparência e a ética na tomada de decisões. O profissional de segurança do trabalho tem muitos motivos para refletir profundamente sobre seu papel na gestão dos negócios das organizações sejam eles de alto ou baixo risco para os públicos de interesse. 19.2 A gestão socialmente responsável dos negócios e o respeito à diversidade Na aula dedicada ao tema da diversidade, aprendemos como a soma das di- ferenças pode adicionar valor às decisões dos gestores de uma organização. No que diz respeito à segurança do trabalho e considerando que as orga- nizações estão contratando cada vez mais pessoas com deficiência, vamos compreender os cuidados necessários que a gestão deve ter com pessoas com limitações visuais, auditivas ou de locomoção. Figura 19.1: Cadeirantes. Fonte: ©ArnoldReinhold/Wikimedia Commons.©Leinad/Wikimedia Commons. A legislação prevê o cumprimento de especificações que permitam a pessoas com deficiência o acesso a rotas de fuga. Cabe ao gestor colocar em prática as ações necessárias para garantir o bem estar das pessoas que trabalham nas dependências de uma organização afinal, cabe a ele zelar pela relação ética e responsável entre a empresa e os stakeholders. São denominados stakeholders de uma organização acionistas, fornecedores, clientes, funcio- nários, meio ambiente, comunidade, sociedade, governo além de outros que podem influenciar os negócios como a mídia, as ONGs, as instituições de ensino. Você pode se perguntar: o cumprimento da lei deve ser o único balizador para a tomada de decisões do gestor? A consciência ética de cada um de nós deve ser o fundamento de nossas decisões e se a lei existe é para garantir que haja uma padronização de movimentos pela harmonia no convívio. Saiba mais sobre o desastre ecológico no Golfo do México em 2010. Acesso em: http://noticias.uol. com.br/blogs-e-colunas/coluna/ thomas-friedman/2010/06/15/ estilo-de-vida-e-responsavel- pelo-desastre-ambiental-no- golfo-do-mexico.htm Veja também imagens dos animais afetados em: http://noticias.uol.com.br/ album/100614animaisgolfo_ album.jhtm?abrefoto= 11#fotoNav=2 Acesse o link www.ethos.org. br e conheça as ações realizadas pelo Instituto Ethos de Empresas eResponsabilidade Social. Trata- se de uma organização sem fins lucrativos, caracterizada como Oscip (organização da sociedade civil de interesse público). Sua missão é mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de uma sociedade justa e sustentável. Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 90 Aula 17 – �Ética nas negociações 17.1 O “sim” nem sempre é o suficiente 17.2 Natureza do conflito 17.2.2 Conflitos devem ser evitados? Aula 18 – �A ética no serviço público 18.1 O código de ética do servidor público Aula 19 – �A ética, a transparência e a responsabilidade social 19.1 Como a responsabilidade social se insere na gestão das organizações 19.2 �A gestão socialmente responsável dos negócios e o respeito à diversidade
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