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H*- 
Glossário 
David Pereira Neves 
Agente Etiológico. É o agente causador ou responsável 
pela origem da doença. Pode ser um vírus, bactéria, fungo, 
protozoário, helminto. 
Agente Infeccioso. Parasito, sobretudo, microparasitos 
(bactérias, fungos, protozoários, vírus etc.), inclusive hel- 
mintos, capazes de produzir infecção ou doença infecciosa 
(OMS, 1973). 
Anfixenose. Doença que circula indiferentemente entre 
humanos e animais, isto é, tanto os humanos quanto os ani- 
mais funcionam como hospedeiros do agente. Exemplo: 
doença de Chagas, na qual o Trypanosoma cruzi pode cir- 
cular nos seguintes tipos de ciclo: 
ciclo silvestre: gambá-triatomíneo-gambá; 
ciclo peridoméstico: ratos, cão-triatomíneo-ratos, cão; 
ciclo doméstico: humano-triatomíneo-humano; cão, 
gato-triatomíneo-cão, gato. 
Antroponose. Doença exclusivamente humana. Por exem- 
plo, a filariose bancrofiiana, a necatorose, a gripe etc. 
Antropozoonose. Doença primária de animais, que pode 
ser transmitida aos humanos. Exemplo: brucelose, na qual o 
homem é um hospedeiro acidental. 
Cepa. Grupo ou linhagem de um agente infeccioso, de 
ascendência conhecida, compreendida dentro de uma es- 
pécie e que se caracteriza por alguma propriedade bioló- 
gica e/ou fisiológica. Ex.: a cepa "Laredo" da E. his- 
tolytica se cultiva bem a temperatura ambiente, com mé- 
dia patogenicidade. 
Contaminação. É a presença de um agente infeccioso na 
superficie do corpo, roupas, brinquedos, água, leite, alimen- 
tos etc. 
Doença Metaxênica. Quando parte do ciclo vital de um 
parasito se realiza no vetor; isto é, o vetor não só transporta 
o agente, mas é um elemento obrigatório para maturação e/ 
ou multiplicação do agente. Ex.: malária, esquistossomose. 
Enzoose. Doença exclusivamente de animais. Por exem- 
plo, a peste suína, o Dioctophime renale, parasitando rim de 
cão e lobo etc. 
Endemia. É a prevalência usual de determinada doença 
com relação a área. Normalmente, considera-se como en- 
dêmica a doença cuja incidência permanece constante por 
vários anos, dando uma idéia de equilíbrio entre a doença 
e a população, ou seja, é o número esperado de casos de um 
evento em determinada época. Exemplo: no início do inver- 
no espera-se que, de cada 100 habitantes, 25 estejam 
gripados. 
Epidemia ou Surto Epidêmico. É a ocorrência, numa co- 
letividade ou região, de casos que ultrapassam nitidamente 
a incidência normalmente esperada de uma doença e derivada 
de uma fonte comum de infecção ou propagação. Quando do 
aparecimento de um único caso em área indene de uma 
doença transmissível (p. ex.: esquistossomose em Curitiba), 
podemos considerar como uma epidemia em potencial, da 
mesma forma que o aparecimento de um único caso onde 
havia muito tempo determinada doença não se registrava (p. 
ex.: varíola, em Belo Horizonte). 
Epidemiologia. É o estudo da distribuição e dos fatores 
determinantes da frequência de uma doença (ou outro even- 
to). Isto é, a epidemiologia trata de dois aspectos fun- 
damentais: a distribuição (idade, sexo, raça, geografia etc.) 
e os fatores determinantes da freqüência (tipo de patógeno, 
meios de transmissão etc.) de uma doença. Exemplo: na epi- 
demiologia da esquistossomose mansoni, no Brasil, devem 
ser estudados: idade, sexo, raça, distribuição geográfica, 
criadouros peridomiciliares, suscetibilidade do molusco, há- 
bitos da população etc. (Ver Capitulo 3 Epidemiologia). 
Espécies Alopátricas. São espécies ou subespécies do 
mesmo gênero, que vivem em ambientes diferentes, devido 
a existência de barreiras que as separaram. 
Espécies Simpátricas. São espécies ou subespécies do 
mesmo gênero, que vivem num mesmo ambiente. 
Espécie Euritopa. É a que possui ampla dislribuiqão geográ- 
fica, com ampla valência ecológica, e até com hábitats variados. 
Espécie Estenótopa. É a que apresenta distribuição geo- 
gráfica restrita com hábitats restritos. 
Estádio. É a fase intermedihia ou intervalo entre duas 
mudas da larva de um &pode ou helrninto. Ex.: larva de 1" 
estádio, larva de 3* estádio, estádio adulto (em entomologia, 
estádio adulto é sinônimo de instar). 
Capitulo 1 3 
Estágio. É a forma de transição (imaturos) de um 
artrópode ou heirninto para completar o ciclo biológico. Ex.: 
estágio de ovo, larva ou pupa (portanto, o estágio larva 
pode passar por dois ou três estádios). 
Fase Aguda. É aquele período após a infecção em que os 
sintomas clínicos são mais marcantes (febre alta etc.). É um 
período de definição: o indivíduo se cura, entra na fase crô- 
nica ou morre. 
Fase Crônica. É a que se segue a fase aguda; caracteri- 
za-se pela diminuição da sintomatologia clínica e existe um 
equilíbrio relativo entre o hospedeiro e o agente infecc,ioso. 
O número do parasitos mantém uma certa constância. E im- 
portante dizer que este equilíbrio pode ser rompido em fa- 
vor de ambos os lados. 
Fômite. É representado por utensílios que podem veicu- 
lar o parasito entre hospedeiros. Por exemplo: roupas, serin- 
gas, espéculos etc. 
Fonte de Infecção. "É a pessoa, coisa ou substância da 
qual um agente infeccioso passa diretamente a um hos- 
pedeiro. ~ s i a fonte de infecção pode estar situada em qual- 
quer ponto da cadeia de transmissão. Exemplos: água con- 
taminada (febre tifóide), mosquito infectante (malária), car- 
ne com cisticercos (teníase)." OMS, 1973. 
Hábitat. É o ecossistema, local ou órgão onde determi- 
nada espécie ou população vive. Ex.: o Ascaris lumbricoides 
tem por hábitat o intestino delgado humano. 
Heteroxeno. Ver Parasito heteroxênico. 
Hospedeiro. É um organismo que alberga o parasito. 
Exemplo: o hospedeiro do Ascaris lumbricoides é o ser hu- 
mano. 
Hospedeiro Definitivo. É o que apresenta o parasito em 
fase de maturidade ou em fase de atividade sexual. 
Hospedeiro Intermediário. É aquele que apresenta o pa- 
rasito em fase larvária ou assexuada. 
Hospedeiro Paratênico ou de Ti-ansporte. É o hospedeiro 
intermediário no qual o parasito não sofre desenvolvimen- 
to, mas permanece encistado até que o hospedeiro definiti- 
vo o ingira. Exemplo: Hymenolepis nana em coleópteros. 
Incidência. É a freqüência com que uma doença ou 
fato ocorre num período de tempo definido e com relação 
à população (casos novos, apenas). Exemplo: a incidên- 
cia de piolho (Pediculus humanus) no Grupo Escolar X, 
em Belo Horizonte, no mês de dezembro, foi de 10%. (Dos 
100 alunos com piolho, 10 adquiriram o parasito no mês 
de dezembro.) 
Infecção. Penetração e desenvolvimento, ou multiplicação, 
de um agente infeccioso dentro do organismo de humanos ou 
animais (inclusive vírus, bactérias, protozoários e helmintos). 
Infecção Inaparente. Presença de infecção num hos- 
pedeiro, sem o aparecimento de sinais ou sintomas clínicos. 
(Nesse caso, pode estar em curso uma patogenia discreta, 
mas sem sintomatologia; quando há sintomatologia a infec- 
ção passa a ser uma doença infecciosa.) 
Infestação. É o alojamento, desenvolvimento e reprodu- 
ção de artrópodes na superficie do corpo ou vestes. (Pode- 
se dizer também que uma área ou local está infestado de 
artrópodes.) 
Letalidade. Expressa o número de óbitos com relação a 
determinada doença ou fato e com relação a população. Por 
ex.: 100% das pessoas não-vacinadas, quando atingidas 
pelo vírus rábico, morrem. A letalidade na gripe é muito baixa. 
Morbidade. Expressa o número de pessoas doentes com 
relação a população. Exemplo: na época do inverno, a mor- 
bidade da gripe é alta [isto é, o número de pessoas doentes 
(incidência) é grande]. 
Mortalidade. Determina o número geral de óbitos em de- 
terminado período de tempo e com relação a população. 
Exemplo: em Belo Horizonte morreram 1 .O32 pessoas no mês 
de outubro de 2004 (acidentes, doenças etc.). 
Parasitemia. Reflete a carga parasitária no sangue do 
hospedeiro. Exemplo: camundongos X apresentam 2.000 
tripanossomas por cm3 de sangue. 
Parasitismo. É a associação entre seres vivos, em que 
existe unilateralidade de benefícios, sendo um dos as- 
sociados prejudicadospela associação. Desse modo, o pa- 
rasito é o agressor, o hospedeiro é o que alberga o parasi- 
to. Podemos ter vários tipos de parasitos: 
Endoparasito. O que vive dentro do corpo do hos- 
pedeiro. Exemplo: Ancylostoma duodenale. Ectoparasito. O 
que vive externamente ao corpo do hospedeiro. Exemplo: 
Pediculus humanus (piolho). 
Hiperparasito. O que parasita outro parasito. Exemplo: 
E. histolytica sendo parasitado por fungos (Sphoerita en- 
dogena) ou mesmo por cocobacilos. 
Parasito Acidental. É o que parasita outro hospedeiro 
que não o seu normal. Exemplo: Dipylidium caninum, 
parasitando criança. 
Parasito Errático. É o que vive fora do seu hábitat 
normal. 
Parasito Estenoxênico. É o que parasita espécies de ver- 
tebrados muito próximas. Exemplo: algumas espécies de 
Plasmodium só parasitam primatas; outras, só aves etc. 
Parasito Eurixeno. É o que parasita espécies de verte- 
brados muito diferentes. Exemplo: o Toxoplasma gondii, que 
pode parasitar todos os mamíferos e até aves. 
Parasito Facultativo. É o que pode viver parasitando, ou 
não, um hospedeiro (nesse último caso, isto é, quando não 
está parasitando, é chamado vida livre). Exemplo: larvas de 
moscas Sarcophagidae, que podem desenvolver-se em fe- 
ridas necrosadas ou em matéria orgânica (esterco) em de- 
composição. 
Parasito Heterogenético. É o que apresenta altemância 
de gerações. Exemplo: Plasmodium, com ciclo assexuado no 
mamífero e sexuado no mosquito. 
Parasito Heteroxênico. É o que possui hospedeiro de- 
finitivo e intermediário. Exemplos: Trypanosoma cruzi, S. 
mansoni. 
Parasito Monoxênico. É o que possui apenas o hos- 
pedeiro definitivo. Exemplos: Enterobius vermicularis, A. 
lumbricoides. 
Parasito Monogenético. É o que não apresenta alternân- 
cia de gerações (isto é, possui um só tipo de reprodução 
sexuada ou assexuada). Exemplos: Ascaris lumbricoides, 
Ancylostomatidae, Entamoeba histolytica. 
Parasito Obrigatório. É aquele incapaz de viver fora do 
hospedeiro. Exemplo: Toxoplasma gondii, Plasmodium, S. 
mansoni etc. 
Capitulo 1 
Parasito Periódico. É o que frequenta o hospedeiro 
intervaladamente. Exemplo: os mosquitos que se alimentam 
sobre o hospedeiro a cada três dias. 
Parasitóide. É a forma imatura (larva) de um inseto (em 
geral da ordem Hymenoptera) que ataca outros invertebra- 
dos, quase sempre levando-os a morte (parasitóide = para- 
sito proteleano). Ex.: os micromenópteros Telenomous fariai 
e Spalangia endius desenvolvendo-se, respectivamente, 
em ovos de triatomíneos e pupas de moscas. 
Partenogênese. Desenvolvimento de um ovo sem inter- 
ferência de espermatozóide (parthenos = virgem, mais 
genesis = geração). Ex.: Strongvloides stercoralis. 
Patogenia ou Patogênese. É o mecanismo com que um 
agente infeccioso provoca lesões no hospedeiro. Ex.: o S. 
mansoni provoca lesões no organismo através de ovos, 
formando granulomas. 
Patogenicidade. É a habilidade de um agente infec- 
cioso provocar lesões. Ex.: Leishmania braziliensi tem 
urna patogenicidade alta; Taenia saginata tem patogeni- 
cidade baixa. 
Patognomônico. Sinal ou sintoma característico de uma 
doença. Ex.: sinal de Romana, típico da doença de Chagas. 
Pedogênese. É a reprodução ou multiplicação de uma 
forma larvária (pedos =jovem, mais genesis = geração). Ex.: 
a formação de esporocistos secundários e rédias a partir do 
esporocisto primário. 
Período de Incubação. É o período decorrente entre o 
tempo de infecção e o aparecimento dos primeiros sinto- 
mas clínicos. Ex.: esquistossomose mansoni-penetração 
de cercária até o aparecimento da dermatite cercariana (24 
horas). 
Periodo Pré-Patente. É o período que decorre entre a in- 
fecção e o aparecimento das primeiras formas detectáveis do 
agente infeccioso. Ex.: esquistossomose mansoni-período 
entre a penetração da cercária até o aparecimento de ovos nas 
fezes (formas detectáveis), aproximadamente, 43 dias. 
Poluição. É a presença de substâncias nocivas (produ- 
tos químicos, por exemplo) mas não-infectantes, no ambiente 
(ar, água, leite, alimentos etc.). 
Portador. Hospedeiro infectado que alberga o agente 
infeccioso, sem manifestar sintomas, mas capaz de trans- 
miti-lo a outrem. Nesse caso, é também conhecido como 
"portador assintomático"; quando ocorre doença e o por- 
tador pode contaminar outras pessoas em diferentes fases, f 
temos o "portador em incubação", "portador convalescen- 
te", "portador temporário", "portador crônico". 
Premunição ou Imunidade Concomitante. É um tipo es- 
pecial do estado imunitário ligado a necessidade da presen- 
ça do agente infeccioso em níveis assintomáticos no hos- 
pedeiro. Normalmente, a premunição é encarada como sen- 
do um estado de imunidade que impede reinfecções pelo 
agente infeccioso específico. Ex.: na malária, em algumas re- 
giões endêmicas, o paciente apresenta-se em estado crôni- 
co constante, não havendo reagudização da doença. Existe 
um equilíbrio perfeito entre o hospedeiro o hóspede. 
Prevalência. Termo geral utilizado para caracterizar o 
número total de casos de uma doença ou qualquer outra 
ocorrência numa população e tempo definidos (casos anti- 
gos somados aos casos novos). Ex.: no Brasil (população 
definida), a prevalência da esquistossomose foi de 8 milhões 
de pessoas em 1992. 
Profdaxia. É o conjunto de medidas que visam a preven- 
ção, erradicação ou controle de doenças ou fatos prejudici- 
ais aos seres vivos. Essas medidas são baseadas na epide- 
rniologia de cada doença. (Prefiro usar os termos "profilaxia", 
quando uso medidas contra uma doença já estabelecida e 
"prevenção", quando uso medidas para evitar o estabeleci- 
mento de uma doença.) 
Reservatório. São o homem, os animais, as plantas, o 
solo e qualquer matéria orgânica inanimada onde vive e se 
multiplica um agente infecioso, sendo vital para este a pre- 
sença de tais reservatórios e sendo possível a transmissão 
para outros hospedeiros (OMS). O conceito de reservatório 
vivo, de alguns autores, é relacionado com a capacidade de 
manter a infecção, sendo esta pouco patogênica para o re- 
servatório. 
Sinantropia. É a habilidade de certos animais silvestres 
(mamíferos, aves, insetos) frequentar habitações humanas; 
isto é, pela alteração do meio ambiente natural houve uma 
adaptação do animal que passou a ser capaz de conviver 
com o homem. Ex.: moscas, ratos e morcegos silvestres 
frequentando ou morando em residências humanas. 
Vetor. É um artrópode, molusco ou outro veículo que 
transmite o parasito entre dois hospedeiros. 
Vetor Biológico. É quando o parasito se multiplica ou se 
desenvolve no vetor. Exemplos: o T cruzi, no T infestam; 
o S. mansoni, no Biomphalaria glabrata. 
Vetor Mecânico. É quanto o parasito não se multiplica 
nem se desenvolve no vetor, este simplesmente serve de 
transporte. Ex.: Tunga penetram veiculando mecanicamen- 
te esporos de fungo. i 
Virulência. É a severidade e rapidez com que um agen- 
te infeccioso provoca lesões no hospedeiro. Ex.: a E. his- 
tolytica pode provocar lesões severas, rapidamente. 
Zooantroponose. Doença primária dos humanos, que 
pode ser transmitida aos animais. Ex.: a esquistossomose 
hansoni no Brasil. O humano é o principal hospedeiro. 
Zoonose. Doenças e infecções que são naturalmente 
transmitidas entre animais vertebrados e os humanos. Atual- 
mente, são conhecidas cerca de 100 zoonoses. Ex.: doença 
de Chagas, toxoplasmose, raiva, brucelose (ver Anfixenose, 
Antroponose e Antropozoonose). 
Capitulo 1 
David Pereira Neves 
Ao observamos os seres vivos - animais e vegetais - 
vemos que o seu inter-relacionamento é enorme e funda- 
mental para a manutenção da "vida". Podemos, mesmo, afir- 
mar que nenhum ser vivo é capaz de sobreviver e reprodu- 
zir-se independentemente de outro. Entretanto, esse rela- 
cionamento varia muito entre os diversos reinos, filos, or- 
dens, gêneros e espécies. A ecologia é a ciência que es- 
tuda a interdependência funcional entre bactérias, proto- 
zoários, vegetais, animais e meio ambiente, ou seja,"é o 
estudo da estrutura e função da Natureza". Convém sali- 
entar que as relações entre os seres vivos não são estáti- 
cas, ou seja, na natureza a característica maior é a interde- 
pendência dinâmica de seus componentes. Há uma adap- 
tação de cada um, tendendo ao equilíbrio, cuja estabilida- 
de jamais é alcançada, salvo como etapas sucessivas em 
demandas de novos e contínuos equilíbrios: é a "evolu- 
ção". Dessa forma, meio ambiente e seres vivos estão em 
permanente e contínuo processo de adaptação mútua, isto 
6 , estão "evoluindo" sempre. Entretanto, para que essa 
evolução ocorra, o agente ou força que provocou o dese- 
quilíbrio ambiental agiu de maneira constante, progressiva 
e lenta. Porém, se o desequilíbrio for brusco, rápido ou 
muito abrangente, não haverá eyolução, mas, sim, destrui- 
ção das espécies envolvidas. E o que tem ocorrido nas 
áreas em que os humanos têm feito sentir toda a força 
modificadora de sua tecnologia sobre (ou mesmo contra) 
a Natureza. Por isso é fundamental que para um desenvol- 
vimento harmônico de uma região ou de um país, antes de 
toda e qualquer ação humana, há necessidade de se fazer 
o estudo do impacto ambiental da mesma. Daí a idéia vi- 
gente de que para se fazer uma "ação na Natureza" ela 
sempre deve priorizar o "desenvolvimento sustentável". 
Em verdade, "se os humanos não conhecerem e não pre- 
servarem os recursos naturais do Planeta, verão que os 
caminhos que levam ao progresso são os mesmos que nos 
levam ao caos" (Silva, D.B., 2002). Portanto, esse desen- 
volvimento sustentável só será possível quando formos 
capazes de entender que nossa espécie é uma engrenagem 
na "Roda da Vida", conforme mostramos na Fig. 2.1. Aí está 
mostrado a interação permanente que ocorre entre todos os 
elementos da natureza, incluindo a nossa espécie. É de 
fundamental importância que os especialistas em Saúde Pú- 
blica (inclusive os parasitologistas) se dêem conta dessa 
"Roda da Vida", pois "é assim que caminha a humanidade" ... 
Em nosso país existe um fenômeno civilizatório muito tí- 
pico, também acometendo os demais países de língua his- 
pânica: a influência dominadora, declarada ou sutil, da igreja 
católica e das classes coldnizadoras de Portugal e Espanha. 
Essa dominação e o obscurantismo não permitiram que ibé- 
ricos ou outros povos aqui viessem para permanecer e for- 
mar uma sociedade produtiva e culta. 
"Em verdade isso completa os quinhentos anos de ex- 
ploração e dominação econômica, religiosa, política, militar 
e cultural da 'dinastia' do poder. Essa dinastia trabalha com 
muita ciência e esperteza. Estão conscientes do que fazem 
e estão empenhados em divulgar o negativismo e o 
derrotismo: trabalham para a manutenção da dominação. 
Agora, com dois ano de governo do Lula (que está traba- 
lhando equilibradamente na direção certa), essa mesma di- 
nastia divulga notícias desanimadoras e hipócritas: 'veio 
para mudar, mas está igual ao anterior', ou tumultuam as're- 
formas. Nesse aspecto, os radicais entravam as negociações 
e incitam greves, os inocentes úteis corporativistas aderem 
e os reacionários se aproveitam, se unem e buscam tomar o 
poder novamente ..." (Parasitologia Básica, pág. 5). 
Como um país vivo, os fatores que regem a relação en- 
tre as espécies e o meio ambiente também comandam a re- 
lação entre as pessoas e as nações. Assim, além da pressão 
e da espoliação externa que padecemos, internamente 
vivenciamos um aviltamento da relação humana. A falência 
das políticas públicas programadas pelos governos anterio- 
res, acrescida de um salário mínimo irrisório e da concentra- 
ção de renda em cerca de 10% da população, prejudica toda 
a sociedade. Felizmente, vejo que mais de 60% da popula- 
ção está tomando consciência disso e buscando novos ca- 
minhos. E, conforme já foi feito em outros países organiza- 
dos e desenvolvidos, a "receita" foi esta: implementar o en- 
sino público, fortalecer os serviços e as políticas públicas, 
estimular a distribuição de riquezas através de mais trabalho 
e melhor remuneração, aumentar as oportunidades e a auto- 
estima pessoal e nacional! 
Capitulo 2 
Fig. 2.1 A Roda da Vida: interação entre o meio ambiente e os humanos. As ações e reações são recíprocas entre a natureza, o indivíduo, a comunidade, 
a saúde, o trabalho, o lazer e a espiritualidade, pois cada elemento sofre e exerce influência sobre os demais. (Desenho original de D. F! Neves e Anamaria 
R. A. Neves: Parasitologia Básica, Coopmed Editora, 2003) 
Nosso momento histórico é agora e não podemos ter 
medo de mudar e reformar o que é necessário. Precisamos 
ousar na reorganização do social e na recuperação do am- 
biental. Daí o fascínio de vivermos agora! Pessoas compe- 
tentes e sensíveis para isso, nós temos; precisamos cora- 
gem, determinação e largueza de espírito para avançarmos 
na direção da justiça e do equilíbrio! 
E o que isso tudo tem a ver com a parasitologia e com 
as doenças parasitárias? Tem tudo, pois é na esteira da po- 
breza, da falta de educação e de saneamento básico que as 
doenças parasitárias encontram um campo fértil ... (Parasito- 
logia Dinâmica, capítulo 1). Além disso, a dinâmica popula- 
cional tem sido muito intensa em nosso país, com acentua- 
do êxodo rural e formacão de favelas na ~ e n f e n a das cida- 
des. Para se ter uma idéia, em 1940 tínhamos uma população 
total de 41 milhões de habitantes, com 30% (13 milhões) vi- 
vendo em ambiente urbano e 70% (28 milhões) vivendo na 
zona rural; hoje somos 170 milhões, com 80% (138 milhões) 
vivendo nas cidades e 20% (32 milhões) vivendo na zona 
rural. Em decorrência desse êxodo acelerado, associado a 
falta de higiene, de moradia adequada e serviços sanitários 
amplos, as doenças que eram chamadas de "endemias ru- 
rais" devem ser hoje estudadas como "endemias urbanas", 
com perfil epidemiológico diferenciado Fig. 2.2). 
O relacionamento entre os seres vivos visa dois aspectos 
fundamentais: a) obtenção de alimento; b) elou proteção. 
A obtenção de alimentos, quando enfocada sob o pris- 
ma celular, isto é, a obtenção de nutrientes para produção 
de energia ao nível da célula, é um dos capítulos mais 
apaixonantes da ciência moderna. A bioquímica celular es- 
tá hoje num grau muito elevado, mostrando a "uniformida- 
de" dos seres vivos quanto ao método de produzir energia, 
sejam animais uni ou pluricelulares. A descrição da bioquí- 
mica e da fisiologia celular foge ao escopo deste livro, mas 
pensamos que será útil aos interessados reportarem-se a li- 
vros especializados, para melhor conhecimento da matéria. 
ORIGEM DO PARASITISMO E TIPOS 
DE ADAPTACOES 
Como foi dito, os seres vivos na natureza apresentam 
grande inter-relacionamento, e como será mostrado, varia 
desde a colaboração mútua (simbiose) até o predatismo e 
canibalismo. O parasitismo, seguramente ocorreu quando na 
evolução de uma destas associações um organismo menor 
se sentiu beneficiado, quer pela proteção, quer pela obten- 
ção de alimento. 
Como conseqüência dessa associação e com o decorrer 
de milhares de anos houve uma evolução para o melhor re- 
lacionamento com o hospedeiro. Essa evolução, feita a cus- 
ta de adaptações, tomou o invasor (parasito) mais e mais 
8 Capitulo 2

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