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infectante penetra na pele ou mucosa (Ancylostoma, Strongyloides). Há também a possibilidade de a L, de um nematóide ser ingerida por um hospedeiro que não o definitivo e nele encistar, comportando-se este como hospedeiro paratênico. Em Wuchereria, as larvas de primeiro estádio liberadas pelas fêmeas são conhecidas como microfilárias e podem ser encontradas no sangue circulante. Para a continuidade do ciclo há necessidade da interveniência de um hospedeiro invertebrado intermediário hematófago, o qual, ao se alimen- tar, ingere sangue com microfilárias. Estas, então, evoluem até se tomarem infectantes e se desenvolverão no hospe- deiro vertebrado quando o hospedeiro intermediário fizer novo repasto sanguíneo. FILO ACANTOCEPHALA São helmintos endoparasitos, pseudocelomados, com simetria bilateral, sem tubo digestivo e apresentando, na ex- tremidade anterior, uma probóscida armada de ganchos. Apresentam corpo cilíndrico ou ligeiramente comprimi- do lateralmente. O tamanho é variável, acima de 1,5mm, sen- do a maioria das espécies em tomo de 25mm. O corpo é dividido em "presoma" e "tronco". Presoma é composto da probóscida, pescoço, bainha ou receptácu- lo da probóscida e lemniscos. A bainha ou receptáculos e os lemniscos ficam situados dentro do tronco. A probóscida varia em forma e tamanho; pode ser globulosa como em M?cracanthorhynchus ou alongada como em Moniliformis. E recoberta de ganchos de número, forma e tamanho variáveis (Fig. 2 1.7). Fig. 21.6 - Extremidade anterior de Ancylostoma duodenale: A) abertura bucal; 6) dente; C) c8psula bucal; D) esdfago; E) papila cervical; F) intes- tino. O tronco representa a maior parte do acantocéfalo. Suas paredes limitam o pseudoceloma, dentro do qual distinguem- se os sacos dos ligamentos e os órgãos genitais. O sistema nervoso consiste num gânglio central que funciona como o cérebro, o qual pode ser visto na por- ção central posterior da bainha da probóscida, do qual partem nervos. São dotados de órgãos dos sentidos: uma papila ante- rior e um par lateral na base da probóscida. Nos machos, as terminações nervosas têm, em suas extremidades, formações bulbosas na bolsa copuladora e no pênis. Sistema excretor com protenefiídios ocorre somente nos Archiacanthocephala. Os sexos são separados, sendo os espécimes machos menores que as fêmeas. O aparelho genital masculino é constituído, em geral, por dois testículos, ductos eferentes, vesícula seminal, ducto espermático comum e cirro ou pênis. Como acessório, entre os testículos e a vesícula seminal, aparecem as glândulas prostáticas; no final do macho nota-se a bolsa copuladora, retrátil. No aparelho genital feminino encontramos, de fora para dentro, o poro genital feminino, vagina e útero. Em continua- ção ao útero encontramos a campainha, que é uma peça aberta em sua porção anterior. Para a reprodução, é necessário que ocorra a cópula. Os ovos eliminados pelo parasito vão para o solo ou para a água e só continuam a evolução após serem ingeridos pe- los hospedeiros intermediários onde, ao alcançarem o apa- relho digestivo, são liberadas as larvas acanthor; essas se transformam em acanthella e, depois, em cystacanth, que é a forma infectante. A infecção do hospedeiro definitivo ocor- re por ingestão do hospedeiro intermediário ou por inges- tão do hospedeiro paratênicos (peixes, cobras, rãs, lagartos, aves etc.). Os acantocéfalos são agrupados em três ordens: Archiacanthocephala, Palaeacanthocephala e Eoacantho- cephala. Na primeira ordem encontramos espécies parasitas de aves terrestres e mamíferos, entre elas Monili-formis monilíformis e Macracanthorhynchus hirudinaceus, que têm sido encontradas parasitando também o homem. ANNE LIDA Ao filo Annelida pertence um gmpo de animais mais evoluídos do que os helmintos, porém distintos destes. Em geral, apresentam corpo alongado, cilíndrico ou achatado dorsoventralmente, segmentado e com simetria bilateral. As espécies desse filo ocorrem em águas doce ou salgada e em solos úmidos, ricos em húmus. Em seguida, descreveremos as três classes importantes: 1) Polichaeta - segmentação nítida, com cabeça apre- sentando cerdas implantadas em parapódios, frequentes nas praias marinhas; 2) Oligochaeta - são as minhocas, segmentadas, sem cabeça e sem parapódios, frequentes em solos úmidos; 3) Himdinea - sanguessugas, com segmentação in- conspícua, sem parapódios ou cerdas, mas com duas ven- tosas, uma anterior e outra posterior. Vivem em água doce, 190 Capítulo 21 Fig. 21.7 - Acanthocephala: A) Macracanthorynchus hirudinaceus: a) probóscida; b) colo ou pescoço; c) tronco com falsa segmentação; 6) macho: a) probbscida com ganchos; b) colo ou pescoço; c) tronco; d) bainha ou receptáculo da probóscida; e) lemnisco; f ) gânglio nervoso (cbrebro); g) saco dos ligamentos; h) gl6ndulas prostáticas; i) bolsa copuladora; j) testículo. TPkla 21.1 r, Quodro SMptko L Alguns iieimintor pur Paraskn S«# Humanos i Filo Classe Família Gênero Espbcies S. mansoni Trematoda [ ~ c h i s t o s o m a S. japonicum S. haematobium Fasciolidae [ ~ a s c i o l a F. hepatica Platyhelminthes L Cestoda r Taeniidae Taenia T solium T saginata L ~ c h i n o c o c c u s E. granulosus L Hymenolepididae [ ~ y m e n o l e p i s H. nana H. diminuta r Ascaris A. lumbricoides Ascarididae I Toxocara T canis Oxyuridae [Enterobius E. vermicularis Strongyloididae [Strongyloides S. stercoralis r Ancylostoma A. duodenale Secernentea Necator A. braziliense N. americanus Trichuridae E Trichuris T trichiura Wuchereria W bancrofti Onchocercidae Onchocerca o. volvulus Capitulo 21 191 salgada ou terra. Algumas espécies são ectoparasitos tem- vocando um prurido doloroso. Outras espécies têm impor- porários de répteis, anfíbios, peixes e, eventualmente, do ho- tância, pois são predadores de larvas de mosquitos, carecen- mem. Nesse hospedeiro se aderem firmemente aos pés e as do, entretanto, de maiores estudos para verificação de seu pernas (ou mesmo corpo) que estavam dentro d'água, pro- possível emprego em controle biológico. Capitulo 21 ~ c h i s t o s o m a mansoni e a Doença 33 Alan Lane de Me10 Paulo Marcos Zech Coelho Na classe Trematoda encontramos a família Schisto- matidae, que apresenta sexos separados e são parasitos de vasos sanguíneos de mamíferos e aves. Essa família é dividida em duas subfamilias: Bilharz ie l inae e Schistosomatinae. Na primeira encontramos os vermes sem dimorfismo sexual, que parasitam aves e alguns ma- míferos domésticos ou silvestres (patos, gansos, búfa- los, bovinos etc.), portanto, sem interesse médico dire- to. Na segunda, estão incluídos os que apresentam um nítido dimorfismo sexual e com espécies que parasitam o homem e animais. Foi Biiharz, em 1852, quem descreveu um parasito intra- vascular durante necropsia um rapaz, para o qual deu o nome de Distomum haematobium. Posteriormente, Weinland (1 858) denominou o gênero deste helminto de Schistosoma, uma vez que o macho apresenta o corpo fendido (schisto = fenda; soma = corpo), sendo esta designação aceita até hoje. O nome fenda é algo incorreto, uma vez que o sulco e na realidade formado pelas extremidades laterais do macho, que se dobram no sentido ventral. A denominação da espécie Schistosoma mansoni foi dada em 1907, por Sambon. As observações dessse au- tor, que o levaram a criar uma espécie nova, foram inde- pendentemente vistas por Pirajá da Silva, na Bahia, na mesma época, que a denominou Schistosoma ameri- canum. Sambon, em Londres, examinando poucas amos- tras fecais adiantou-se e descreveu a nova espécie, que, entretanto, não foi muito aceita na época. Pirajá da Silva, fazendo numerosos exames de fezes e necrópsias, pôde confirmar que o Schistosoma que produzia ovos com es- porão lateral vivia nas veias mesentéricas e era realmen- te uma espécie distinta. Os trabalhos de Pirajá da Silva dirimiram todas as dúvidas,mas a denominação da espé- cie coube a Sambon. O ciclo biológico foi descrito inicialmente por Lutz, no Brasil, e por Leiper, no Egito, independentemente. As espécies do gênero Schistosoma, que têm importân- cia epidemiológica em medicina humana, são: Agente de esquistossomose vesical ou hematuria do Egito. É encontrado em grande parte da Africa (principal- mente Egito), do Oriente Próximo e Médio. Os ovos são elipsóides, com esporão terminal; são eliminados pela urina, uma vez que os vermes adultos permanecem nos ramos pél- vicos do sistema porta. Os hospedeiros intermediários são moluscos, principalmente do gênero Bulinus. Causador da esquistossomose japônica ou moléstia de Katayama. Apresenta distribuição geográfica abrangendo a China, Japão, Ilhas Filipinas e Sudeste Asiático. Os vermes adultos não possuem papilas em seu tegumento e os ovos são subesféricos, com um rudimento de espinho lateral. Os vermes adultos vivem no sistema porta e os ovos são elimi- nados pelas fezes. Os hospedeiros intermediários são moluscos do gênero Oncomelania. É uma espécie muito semelhante ao S. japonicum, encon- trado no vale do rio Mekong, no Camboja, parasitando o sistema porta do homem e de alguns animais (cães, roedo- res). Existem pequenas diferenças morfológicas e biológicas entre essas duas espécies, cuja principal característica é o caramujo Neotricula aperta como hospedeiro intermediário. Muitos autores não aceitam S. mekongi como espécie, mas apenas uma variedade local do S. japonicum. Agente de uma esquistossomose intestinal, encontrada no interior da Áfiica Central. Os vermes adultos localizam- se no sistema porta, os ovos são elipsóides com esporão terminal e eliminados pelas fezes. Os hospedeiros interme- diários pertencem ao gênero Bulinus e esta espécie tem uma forte ligação filogenética com o S. haematobium. Capitulo 22 193 Agente da esquistossomo,.se intestinal ou moléstia de Pirajá da Silva, ocorrendo na Africa, Antilhas e América do Sul. Como é a Única espécie existente em nosso meio, fare- mos a seguir um estudo detalhado da mesma. No Brasil, a doença é popularmente conhecida como "xistose", "barriga-d'água" ou "mal-do-caramujo", atingin- do milhões de pessoas, numa das maiores regiões endêmi- cas dessa doença em todo o globo. As espécies do gênero Schistosomtl,que afetam o ho- mem chegaram as Américas durante o tráfico de escravos e com os imigrantes orientais e asiáticos (nos quais foram de- tectados numerosos indivíduos parasitados pelo S. haematobium e S. japonicum). Entretanto, apenas o S. mansoni aqui se fixou, seguramente pelo encontro de bons hospedeiros intermediários e pelas condições ambientais semelhantes As da região de origem. MORFOLOGIA A morfologia do S. mansoni deve ser estudada nas vá- rias fases que podem ser encontradas em seu ciclo biológi- co: adulto - macho e fêmea -, ovo, miracídio, esporocisto e cercária (Figs. 22.1 e 22.3). Mede cerca de l ~ m . Tem cor esbranquiçada, com te- Fig. 22.1 - S. mansoni em cópula mostrando detalhes do macho - ven- gumento recoberto de minúsculas projeções (tubércu- tosas oral e ventral, aspecto do tegumento recoberfo de tubérculos e canal 10s). Apresenta o corpo dividido em duas porções: an- ginecóforo do qual emerge a fêmea (microscopia de varredura). terior, na qual encontramos a ventosa oral e a ventosa ventral (acetábulo), e a posterior (que se inicia logo após a ventosa onde encontramos o canal racteriza o ovo maduro é a presença de um miracídio for- ginecóforo; este nada mais é do que dobras das laterais mado, visível pela transparência da casca. O ovo madu- longitudinal, para a fêmea ro é a forma usualmente encontrada nas fezes (Fig. 22.3). e fecundá-la. Em seguida à ventosa oral temos o esôfa- go, que se bifurca no nível do acetábulo e funde-se de- pois, formando um ceco único que irá terminar na extre- midade posterior. Logo atrás do acetábulo encontramos de sete a nove massas testiculares que se abrem direta- mente no canal ginecóforo (o verme não possui órgão copulador e, assim, os espermatozóides passam pelos canais deferentes, que se abrem no poro genital, dentro do canal ginecófor, e aí alcançaram a fêmea, fecundan- do-a) (Figs. 22.1 e 22.2). FÊMEA Mede cerca de 1,5cm. Tem cor mais escura devido ao ceco com sangue semidigerido, com tegumento liso. Na metade anterior, encontramos a ventosa oral e o acetábulo. Seguinte a este temos a vulva, depois o útero (com um ou dois ovos), e o ovário. A metade posterior é preenchida pelas glândulas vitelogênicas (ou vitelinas) e o ceco (Figs. 22.1 e 22.2). OVO Fig. 22.2 - S. mansoni. A) casal em cópula; 13) macho; C) fémea. Vo, ven- Mede cerca de 50ym de comprimento por 60 de lar- tosa oral; Vv, ventosa ventral; C) ceco ramificado; Pg, poro genital; 7; tes- tículos; Cg, canal ginecóforo; V, vulva; U, útero, 0 , ovo; Oot, oótipo; O ová- gura, sem opérculo, com um formato oval, e na parte mais rio; Gv, glãndulas vitelinas, larga apresenta um epísculo voltado para trás. O que ca- 1 94 Capitulo 22
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