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RESUMO DE PARASITOLOGIA – TAISE TERRA @MED_RABISCOS malária Segundo a OMS, é a doença tropical e parasitária que mais causa problemas sociais e econômicos no mundo, sendo superada em número de mortes apenas pela Aids macrogametas. Zigoto formado pela fusão de micro e macrogametas, se tornará em horas um estágio móvel: oocineto ® oocineto penetra na parede do estômago do mosquito, transforma em oocisto, aloja entre epitélio e membrana basal, e no interior se formam esporozoítos. A ruptura do oocisto libera esporozoítos que migram pras glândulas salivares do mosquito. (ciclo esporogônico no mosquito dura 10-17 dias) ETIOLOGIA • Plasmodium falciparum, P. vivax, P. malariae, P. ovale • Protozoário apicomplexo (esporozoário; reprodução assexuada) • Ciclo complexo e heteróxeno (mosquito é definitivo, homem é intermediário) Lembrar que o P. falciparum é capaz de produzir uma doença potencialmente mais grave, além de desenvolver com rapidez resistência a diversos antimaláricos • P. vivax (predomina nas Américas); P. falciparum (África) CICLO VITAL DOS PLASMÓDIOS • Infecção humana: injeção no Incubação de 8-30 dias; presença de hipnozoítos; ciclo sanguíneo de 48h; merozoítos por esquizonte hepático 10.000; parasitemia média 20.000; duração máxima da infecção não tratada 4 anos Em P. vivax e P. ovale, alguns esporozoítos originam formas tecido subcutâneo de esporozoítos presentes nas glândulas salivares de mosquitos fêmeas do gênero Anopheles dormentes intra-hepáticas: P. vivax HIPNOZOÍTOS (quando reativam, resultam em recaídas tardias típicas da infecção humana por esses parasitas) Incubação de 15-30 dias; ausência de hipnozoítos; ciclo sanguíneo de 72h; merozoítos por esquizonte hepático 2.000; parasitemia média 6.000; duração máxima da infecção não tratada até 50 anos Incubação de 8-25 dias; ausência de hipnozoítos; ciclo sanguíneo de 48h; merozoítos por esquizonte hepático 40.000; parasitemia média 50-500.000; até 2 anos Incubação de 9-18 dias; presença de hipnozoítos; ciclo sanguíneo de 48h; merozoítos por esquizonte hepático 15.000; parasitemia média 9.000; até 4 anos • Em 30 minutos, os esporozoítos da corrente sanguínea invadem os hepatócitos, onde irão originar os criptozoítos (células esféricas mononucleares) • Divisão nuclear ® forma célula multinucleada: esquizonte. Para a formação do esquizonte, ocorre P. malariae P. falciparum P. ovale o processo de esquizogonia ® reprodução assexuada (em hepatócitos é esquizogonia hepática, tecidual, pré-eritrocitária ou exo- eritrocitária) • Ao final de 8-15 dias, o hepatócito parasitado irá se romper, liberando dezenas de milhares de merozoítos • Os merozoítos invadem exclusivamente as hemácias. P. vivax parasita reticulócitos (somente EPIDEMIOLOGIA hemácias que expressam grupo Moléculas capazes de • Campanha de erradicação promovida pela OMS diminuiu os casos + melhoria nas condições habitacionais • Sul do Saara, Sudeste Asiático, Índia e América Latina • Cerca de 150 milhões de casos anuais no mundo; 2 milhões de mortes/ano • Transmissor no Brasil: Anopheles darlingi • Disseminação do parasito: homem • Controle da malária no Brasil: inseticida de ação residual (DDT), diagnóstico e tratamento das infecções humanas (cloroquina) sanguíneo Duffy) e P. falciparum invade hemácias de todas as idades (preferência pelas jovens; utiliza receptores como glicoforina A) exercerem o papel de ligantes de receptores eritrocitários: EBA-175 • Primeiro estágio intra-eritrocitário: trofozoítos ® dentro das hemácias vai ter nova esquizogonia ® formando esquizontes eritrocitários (os maduros apresentam de 6-32 núcleos, onde cada um deles originam um merozoíto) • Ao final da esquizogonia, os merozoítos são liberados na corrente sanguínea, coincidindo com os picos febris periódicos da malária • O intervalo entre os picos febris corresponde à duração da esquizogonia sanguínea em cada espécie • Os merozoítos que invadem novas hemácias podem se transformar em trofozoítos e depois em esquizontes, ou então, podem se diferenciar em formas de reprodução sexuada, os gametócitos infectantes para mosquitos vetores • Próxima fase: esporogonia (ocorre no PATOGENIA • Malária grave ou complicada: pacientes infectados com P. falciparum que requerem cuidados médicos de maior complexidade ® gravidade: pacientes incapazes de ingerir antimaláricos, que apresentam disfunção de órgãos vitais ou apresentam altas parasitemias exigem hospitalização • Infecção crônica por P. malariae tem sido descrita como uma causa importante de lesão glomerular por deposição de imunocomplexos, produzindo uma síndrome nefrótica mosquito) ® os gametócitos ingeridos durante o repasto sanguíneo não são digeridos pelo mosquito gametócitos masculinos exflagelação (formam 6-8 gametas masculinos ou microgametas); os gametócitos femininos viram ® os sofrem • Maior virulência de P. falciparum: § Anemia produzida por hemólise intravascular causada pela ruptura de hemácias parasitadas e RESUMO DE PARASITOLOGIA – TAISE TERRA @MED_RABISCOS destruição de hemácias não-parasitadas pelo sistema imune do hospedeiro (autoimunidade; hipersensibilidade) dolorosos (outras encefalopatias excluídas) ® devido à citoaderência • Insuficiência renal (complicação da malária grave): alterações da perfusão renal por causa da desidratação e de eventual hipotensão, agravadas pela hemólise § Capacidade de produzir grande número de merozoítos ao final da esquizogonia hepática e esses merozoitos invadirem hemácias de todas as idades § Capacidade de aderência das hemácias parasitadas por estágios maduros ao endotélio de pequenos intravascular e consequente lesão tubular precoce pra reduzir letalidade do quadro ® diálise • Insuficiência respiratória: decorrente de edema pulmonar, apresentação clínica semelhante a SARA; quadro comum em adultos, com elevada letalidade; elevada pressão capilar pulmonar em função do excesso de hidratação parenteral na vigência de débito urinário reduzido vasos sanguíneos (vênulas pós-capilares) ® citoaderência. Além de adesão de hemácias não parasitadas formando rosetas Citoaderência e formação de rosetas: produção, pelos trofozoítos maduros e esquizontes sanguíneos de P. falciparum, de moléculas • Icterícia: decorrente da hemólise intravascular e exportadas para a membrana das hemácias parasitadas, alteração funcional dos hepatócitos, levando ao aumento dos níveis de bilirrubina indireta e direta • Febre hemoglobinúrica: uso irregular do quinino, formando protuberâncias em sua superfície conhecida como knobs. Como consequências: as hemácias parasitadas aderidas ao endotélio e a outras hemácias podem obstruir pequenos vasos, causando hipóxia tecidual. Ao fim da esquizogonia eritrocitária, as moléculas do parasita liberadas podem estimular a produção de citocinas pró-inflamatórias (TNF) ® o TNF estimula a produção de ICAM-1 e selectina-E, promovendo citoaderência, associados à febre, hipoglicemia e anemia. artemisina, mefloquina intravascular ® extrema hemólise • Distúrbios da hemostasia ® trombocitopenia (redução de plaquetas), associada a um quadro de coagulação intravascular disseminada Obstrução microvascular combinada com alterações inflamatórias e metabólicas: acometimento de diversos órgãos e sistemas • Ruptura do baço: rara; cirurgia imediata Condições que indicam gravidade da doença e necessidade de hospitalização do paciente com malária grave: • Crianças com menos de 1 ano • Idosos com mais de 70 anos • Todas as gestantes • Pacientes imunodeprimidos • Pacientes com: hiperpirexia (temperatura maior que 41oC), convulsão, hiperparasitemia (maior que 200.000/mm3), vômitos repetidos, oligúria, dispneia, anemia intensa, icterícia, hemorragias, hipotensão arterial DIAGNÓSTICO • Baseado no encontro de estágios intra-eritrocitários do parasito em amostras de sangue periférico microscópio óptico ® • Corantes mais usados: Giemsa, Leishman, Fiel e Wright Þ Demais espécies (P. vivax, P. malariae, P. ovale) sem malária complicada descrita Evento de lesão glomerular por P. malarieae (imunocomplexos – hipersensibilidade dotipo 3) ® gota espessa para maior sensibilidade • Etapa de lise das hemácias para remoção da hemoglobina ® resulta em grande distorção da forma dos parasitos Þ • Esfregaços sanguíneos: distinção entre as espécies de plasmódios (avaliar forma, diâmetro relativo das hemácias) • Sorologia apenas para detecção de anticorpos, estudos epidemiológicos e triagem de doadores de sangue ® não faz diagnóstico individual porque não diferencial infecção atual de pregressa • PCR: detecção de parasitos com elevada sensibilidade, especiação precisa; alto custo e relativa complexidade • Fitas diagnósticas: fitas impregnadas com anticorpos; método simples, porém alto custo, baixa sensibilidade e dificuldades na diferenciação entre espécies SINAIS E SINTOMAS • Paroxismos característicos: começam com calafrios, acompanhados de mal-estar, cefaleia, dores musculares e articulares • Frequentes: náuseas e vômitos, também podendo ocorrer dor abdominal intensa • Em algumas horas tem início a febre alta ® adinamia e prostração ® em seguida, sudorese profunda, com melhora progressiva do estado geral • Febre quartã: paroxismos a cada 72h (P. malariae) • Febre terçã: paroxismos febris a cada 48h (P. falciparum, P. vivax, P. ovale) • Anemia, esplenomegalia, hepatomegalia • Malária cerebral: restrita a pacientes com P. falciparum em coma profundo, incapazes de localizar estímulos RESUMO DE PARASITOLOGIA – TAISE TERRA @MED_RABISCOS TRATAMENTO Resistência aos antimaláricos • Objetivo primário: erradicar os estágios assexuados sanguíneos do parasito, cuja multiplicação produz a sintomatologia • Causada por mutação em diferentes genes • Tratamento inadequado das infecções seleciona as mutações e confere resistência • Objetivos secundários: eliminar os estágios hepáticos • Resistência de P. falciparum à cloroquina; P. vivax e P. malariae resistentes também já foram descritos Brasil: resistência a quase todas as drogas adotadas como de primeira linha para tratamento de malária não complicada latentes (hipnozoítos) e interromper a transmissão vetorial, mediante circulantes a erradicação dos gametócitos • • Drogas esquizonticidas, hipnozoiticidas, gametocitocidas ou esporonticidas (atuam em diferentes fases do ciclo) • Esquizonticidas: ação tecidual ou sanguínea • Combinação de drogas de meia-vida curta e eliminação lenta: evitam cepas resistentes • Ministério da Saúde fornece: cloroquina, primaquina, mefloquina, quinino, doxiciclina e artesunato PROFILAXIA • Escolha do tratamento: considerar espécie do parasito, resistência ao medicamento, gravidade do quadro clínico, idade do paciente, presença de gestação ou lactação, ocorrência de tratamento prévio recente • Cuidados ao construir moradias perto de matas e coleções hídricas ® telagem da casa e uso de mosquiteiros • Uso de inseticidas residuais em áreas endêmicas e em epidemias • Antimaláricos podem ter uso terapêutico ou profilático • Tratamento quimioterápico: erradicaria a doença • Cuidados com a transfusão de sangue e hemoderivados • Quimioprofilaxia em situações especiais INFECÇÕES POR P. vivax E P. ovale • Tratamento com uma dose total de 25mg de cloroquina (base)/kg de peso, por 3 dias + 0,5mg de primaquina (base)/kg, diariamente, por 7 dias INFECÇÕES POR P. malariae • Tratar com 25mg de cloroquina (base)/kg de peso, ao longo de 3 dias • Não é necessário usar primaquina, pois essa espécie não produz hipnozoítos INFECÇÕES NÃO COMPLICADAS POR P. falciparum • Tratar com 30mg de sal de quinina/kg/dia durante 3 dias + antibiótico doxiciclina ou clindamicina • Doxiciclina contraindicada para gestantes e crianças menores de 8 anos PROGRAMA NACIONAL DE PREVENÇÃO E CONTROLE DA MALÁRIA • Visa reduzir a letalidade e a gravidade dos casos, reduzir a incidência da doença e eliminar a transmissão em áreas urbanas • Busca manter a ausência da doença em locais onde a transmissão já foi interrompida • Estratégias: diagnóstico precoce, tratamento oportuno e adequado dos casos, medidas específicas de controle do mosquito transmissor • No sexto dia, administrar uma dose de 0,5 a 0,75mg de base/kg de primaquina, para eliminação de gametócitos • Alternativa sem antibióticos para gestantes e crianças: 7 dias de sal de quinino INFECÇÕES NÃO COMPLICADAS POR P. falciparum COM SUSPEITA DE RESISTÊNCIA • Resistência à quinina ® usar mefloquina em dose única de 15-20mg/kg • Primaquina (gametocitocida) MALÁRIA GRAVE E COMPLICADA POR P. falciparum • Derivados da artemisina para uso parenteral (artesunato endovenoso, artemeter via intramuscular), completados com antibióticos orais no final • Quinina intravenosa, completados com sal de quinino oral • Quinina associada à clindamicina intravenosa (escolha para gestantes no primeiro trimestre) TRATANDO A MALÁRIA GRAVE • Edema cerebral com pressão intracraniana: corticoides contraindicados • Não negligenciar hipoglicemia e hiperidratação • Diálise necessária e imediata em insuficiência renal • Coagulação disseminada intravascular não indica heparina • Observar doses de antimaláricos em gestantes e prever risco-benefício • Nem sempre transfundir sangue nas áreas endêmicas • Distinguir edema pulmonar em pressão normal ou hipervolêmicos image9.png image10.png image11.png image12.png image1.png image2.png image3.png image4.png image5.png image6.png image7.png image8.png image13.png image14.png image15.png image16.png image17.png image26.png image18.png image19.png image20.png image21.png image22.png image23.png image24.png image25.png
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