AULA 6 AULA TEÓRICA 6 GESTÃO DOS ESTOQUES

LOGÍSTICA EMPRESARI A L AULA 6 Prof. Sérgio Luiz Pira ni 2 CONVERSA INICIAL A gestão de estoques em um a empresa est á relacionada a uma q uestão política de relacionament os entre diversos setor es, pois , para o setor financeiro , estoque é capital empatado, logo , é necessário ter o mínimo possível de le. P ara o setor de produção , o estoque sempre tem de estar disponível para que a programação de produção não sej a afetada ; já o setor comercial re quer abundância de estoques par a poder vender à vontade e atender pront amente seus clientes. Temos o estoque como \u201c vilão \u201d para finanças e como \u201c herói \u201d para a área comercial, mas , afinal , qual é o nível ideal de es toque que uma empresa deve ter? Não há uma regra padrão a ser obedecida, pois cada empres a tem sua política de nível de ser viço, que também é outro dilem a , e acabamos volta ndo ao assunto anterior, pois , se a empresa deseja ter um nível de serviço alto, próximo de 100%, então os níveis de estoques deverão ser alt os, o que implica custos altos para a manutenção dos es toques. Entretanto, o setor comercial agradece, pois poderá atender plenamente seus clientes conforme a política de nível de serviço da empresa. O que o gestor de estoques , juntamente com outros setores , deve fazer é chegar a um consenso, logicamente embasado em dados e ciência para se chegar ao denomi nad or comum na procura do melhor dimensionamento dos níveis de estoques, de modo que satisf aça os objetivos pretendidos pel a empresa sem renuncia r a se trabalhar em um limiar dos menores c ustos possíveis para a manutenção de estoques . Nesse contexto , entra as parcerias com os fornecedores e não mais o sistema de cotação, como j á discutido anteriormente . E ssa relação gera confiança a ambos os lados e a empresa conseguirá equilibr ar a manutenção de estoque em relação à oferta e à demanda. Isso é uma breve introdução sobre a complexidade que é de se fazer a gestão de estoques de uma empresa . N ão basta ter dados, também é necessário o relacionamento interno com os diversos setores , que devem est ar informados de toda a situação dos estoque s , e externo , que são os fornecedores , que também devem estar inf ormados claramente das polític as de abastecimento da organização . 3 TEMA 1 \u2013 GESTÃO DE ES TOQUES O objetivo geral da função da gestão de estoque é a de dispon ibilizar materiais ou produtos em um a quantidade que não falte para suprir os clientes e que ao mesmo tempo não pos sibilite excessos que po ssam impactar em cust os desnecessários à organização, ou seja, é a procur a do equilíbrio entre a oferta e a procura. O inventário é um component e vital para uma empresa, pois independentemente do r amo de atuação , em algum momento a empresa ter á um estoque para suprir as necessidades de produção ou de prestação de serviços, como atender a um pedido de venda, por exemplo . O inventário são todos os materiais com o produtos acabados, em transformação , ferramentas consumíveis, produtos indiretos par a fabricação etc. Podemos inferir então que est oques podem ser matérias - primas e produtos acabados que estão est ocados no armazém . E sses produtos devem estar registrados indic ando a quantidade, suas especif icações, valores e aplicação. Embora as empresas tendam a trabalhar a cada dia que passa com estoques menores, por se r considerado um item ocioso quando n ão voltado para ap licação imediata , a gestão indica que a manutençã o de estoque é essencial para que a empresa tenha um bom nível de serviço. 1.1 Funções dos estoques É interessante salienta r que um produto em estoque pode ser responsável por várias taref as , como o estoque de ciclo , em que se tem uma quantidade determinada em estoque par a esse fim; o estoque de s egurança, em que se tem outra quantidade extra do m esmo material para se pr ecaver de incertezas . Esse é o \u201cestoque pulmão\u201d, ou seja, outras quantidades extras de prod utos acabados para atender a falhas de pr odução; ainda, aproveitando a oferta de m ercado, pode - se comprar um pouco mais do mesmo produto em oferta para se ganhar mais economicamente, o que vem a ser o estoque especulativo . Além dessas funções , v imos que os estoques estão relacionados a matérias - primas, produtos s emiacabados ou acabados, ou seja, qualquer item estocado para o qual sejam necessárias as operações de uma empresa e que cumpr a as diversas f unções , a saber: 4 \u2022 e vitar paradas de produção em decorr ên cia de flutuações de demanda e oferta proporciona independência no setor de produção , trazendo economia de escala . Como geralmente grandes em presas lidam com uma quantidade grande consumidor es e com diferentes perfis de consum o e imprevisibil idade nas proc uras, os est oques entram nesse cenário com o objetivo de absorver essas f lutuações ; \u2022 o inventári o é considerado um mal nece ssário, pois requer grandes espaços, empate de capital , e despesas de manutenção , como pessoal, água, luz, equipament os. O que mais preocupa é o capital invest ido que fica ocioso até que haj a o giro de estoque, mas o ní vel de serviço desejado pela empresa para atender a seus clientes está dent ro dessa política e deve - se trabalhar no que foi acordado entr e os gestores; \u2022 lotes de compras po dem ofer ecer economia, mas deve m ser bem estudado s para essa tomada de decisão (ver emos isso adiante), pois são vantajoso s em determ inadas situações; \u2022 tem a função da estabelecer o fl uxo de produção regular sem variações , mantendo o fluxo de produção cont ínuo e trazendo economia, po is há melhor aproveitamento das hor as - máquinas e horas de mão de obra trabalhadas; \u2022 em lojas ou distribuidoras , tem um efeito motivacional de consum o para os clientes, visto que a abundância de estoques e xposta a granel tende a inc rementar as vendas, pois dá a sensação de oferta. 1.2 Tipos de estoqu es Os estoques , por sua emprega bilidade e função , são classificados de diversas formas . \u2022 Estoque de ciclo : es se tipo de estoque tem a função de sustentar a demanda média entre ciclos de re ssuprimento s . E stá ligado diret amente ao setor produtivo da or ganização, além de outras rest rições como espaços disponíveis para ar mazenagem, lotes de produção, tempo de reposição de estoques pelo fornecedor, cust os de manutenção de estoques etc. \u2022 Estoque de segurança : é um montante a mais de estoque , que tem a função de amortecer faltas de fornecimento, ou seja, para a empresa se 5 precaver de incertezas , conforme pode ser visto na F igura 1 a seguir . Nela, o bservemos que a estrela está no ponto de pedido, ou seja, quando é solicitado o material, se es t e ult rapassar a linha de tempo de recebimento programada , o estoque de segur ança tem um tempo pré - determinado que poder á atender à s necessidades da empresa. Figura 1 \u2013 Exemplo p ara visualiz ação de um est oque de seg urança Fonte: Pirani, 2021. \u2022 Estoque em trânsito ou de c anal : é o material que está em t ranslado ou nos canais de distribuição e ainda não chegou ao seu dest ino, ou empresas que trabalham com consórcio modular ( grupos de fornece dores que tam bém montam certas partes de um produto e o devolve m para a empresa principal). Por exemplo , um consórcio modular para a produção de um caminhão tem vários fornecedores e cada um deles também é responsável por entregar m ontado o que fornece ; as sim , um fornecedor de pneus vai entregá - los m ontados na roda ao devolv ê- los à empresa principal , e da mesma maneira ag em os demais fornecedores. \u2022 Estoque pulmão : existem vários fatores que classificam essa modalidade , mas no geral é um estoque sobre ssalente que está na posição de esper a de processamento e pode ser matéria - pr ima, produtos semiacabados ou produtos acabados para atender a demandas elevadas em certos períodos quando a produção não dá conta da dem anda. \u2022 Estoque especulativo ou estratégico : está re lacionado à oportunid ade de negócio , ou seja, por uma raz ão promocional a empresa pode adquiri r certa quantidade para aproveitar a ocasião, mas pode ser também a 6 compra de lotes econômicos em perí odo de inflação, ou grandes variações de câmbio, assim a empresa garante pouca ou ne nhuma variação nos preços de seus produt os por um certo período. \u2022 Estoque inativo : são relativos a produtos acabados q ue não tiveram boa aceitação no mercado e ficar am encalhados na empresa, tor nando -se obsoletos ; assim, a empresa de ve elaborar um plano de ação para transformar esse estoque em dinheiro. \u2022 Estoque consignado : nessa classificação , a consigna ção ou o contrato estimatório é realizado ent re duas partes, o fornecedor e o cliente. Nesse caso, a estimativa de vendas de um produto pode ficar abaixo do contratado, e o que não foi negociado é dev olvido ao fornecedor sem ônus ao cliente. Por e xemp lo , s e a estimativa de vendas de refrige ra ntes em um evento era de 10.000 unidades, o fornecedor, ao fazer uma estimativa de que as vendas seriam de 15.000 unidades , fornec eu essas 5.000 unidades a mais de f orma consignada, ou seja, s oment e haveria o pagamento das unidades vendid as e o restante volta ria ao estoque do fornecedor. Os estoques ainda podem ser classif icados em relação à sua função no set or de produção . \u2022 Estoque de produção : está relacionado ao fluxo de m aterial no sistema produtivo , logo , são produtos diretos que são aqueles que vão com o produto . E stão nesse contexto as peças para montagem, subconjunto de componentes de fontes exter nas (consócio modular) etc. \u2022 Estoque de trabalho em processo : são materiais que pertencem à produção de uma famí lia de produtos (aqueles produtos que são parecidos e usam peças em comum) e são utilizados em estágios diferentes na produção . \u2022 Est oques de produtos acabados : são aqueles que saíram da linha de produção e estão estocados par a atendimento dos clientes finais , atacadistas e distribuid ores . \u2022 Estoque operacional : são itens necessário s à produção, m as que não farão parte do produ to acabado , como óle o de refrigeração de tor nos, discos de cortes etc. S ão necessários e de ve -se ter uma quantidade em relação ao volume de produção m édio. 7 1.3 Principais razões para se manter estoque s Independentemente do port e da empresa , sem pre haverá razões que justifiquem a necessidade de se manter estoques , uma vez que existe a razão fornecimento e demanda , ambos atr elados ao tempo. O primeiro deseja maior tempo para produzir com folga e , se possível , sob demanda , bem como planejar as entregas em lotes econômico s com tranq uilidade ; o segundo quer rapidez nas entregas, qualidades nos produt os e entregas em pequenos lotes . P odemos observar que há um paradoxo entre as duas partes e iss o já dá indícios das razões para se manter estoque. Vamos ver algumas razões . \u2022 Objetivo finan ceiro : o estoque é razão de equilíbrio de giro de c aixa na empresa, logo , giro de estoque significa din heiro em caixa e , para garantir a disponibilidade de produtos par a vendas , o estoque de produtos acabados cumpre essa função . \u2022 Planejamento para variações de incertezas entre ofer ta e demanda : entr a nesse cenário o estoque de segurança. Procura - se , na gestão de estoques , ter um estoque intermediár io para manter o equilíbrio entre entrada e saída de mercadorias . \u2022 Economia em escala : trabalhando com lotes econômicos de compras e de frete , diminui - se os custos com aquisição e transporte . E ncaixa - se nesse perfil o estoque de ciclo . \u2022 Garantia contra escassez de m ateriais no mercado por fatores contingenciais : ações nesse quesito necessita m de informações em tempo real. Greves, mobilizações de operários, esc assez de frete, podem ser indicativos para essa tom ada de decisão . \u2022 Flutuações de preços de aquisição : em períodos inflacionários , se a empresa dispuser de capital para aquisição de estoques extras pode garantir custos de produção ou de vendas m ais vantajosos para a organização. Em casos de ofertas , essas também podem ser aproveitadas pela empr esa se ela achar vantajosa a aquisição de mais estoques. Vimos várias razões que jus tificam manter estoques na organiz ação, porém , em cada situação deve m ser analisados minuciosam ente os custos que envolvem essas operações , que são os cus tos de manutenção de estoques. 8 1.4 Custos de manutenção de estoque Existem três fatores básicos a ser em considerados no controle da gestão de estoques e materiais e que es tão fortemente intrincados com a gest ão dos níveis de estoques , que são os custos de obtenção, os custos de m anutenção de estoque e o custo por falta de est oque. \u2022 Custo de obtenção : está r elacionado aos custos incor ridos nas com pras de produtos, em que devem ser computados todos os custos oper acionais envolvidos no processo de aquisição, c omo os custos com materiais de escritório e pessoal, ener gia, negociação, por exemplo . L ogo , quanto mais volumosas forem as aquisições , m enores serão os custos envolvidos no processo, definido como cus to inversamente proporcional. \u2022 Custos com manutenção de estoque : são os custos incorridos n o armazenamento e manusei o de materiais, equipamentos destinados para tais fins (manutençã o, pessoal e energia), cust os de obsolescência e deterioração de mater iais por mal armazenamento e m ovimentações inadequadas , causando avarias nos mat eriais, por exemplo. \u2022 Custos por falta de estoques : cancelamento de pedi dos pelos clientes, perdas dos clientes, cust o do tempo de ociosidade de pessoal e m áquinas são fatores de difícil r eversão em um futuro, pois as incert ezas e a desconfiança já foram est abelecidas para os clientes , além de cria r um clima de incerteza e desmotivação em f uncionários . Vimos que a gestão de estoques deve considerar inúm eros fatores para que a empresa consiga manter o equilíbrio entr e a oferta e a demanda . A gestão de estoques deve , de fato , estar voltada ao giro de estoques para a empresa, pois isso é sinal de dinheiro em caixa. TEMA 2 \u2013 ANÁLISE DO GIRO DE ESTOQUE S Como afirmado anteriorm ente , o giro de estoque está relacionado ao fluxo de caixa da empresa, pois qua nto maior for o giro de est oques, maiores serão os lucros obtidos pela organização. Pozo (2009) afirma que o \u201cgiro de estoque ou rotatividade é a avaliação do capital investido em estoques compar ado com o custo das vendas anuais ( R), ou a quantidade média de materiais em estoque dividido pelo custo anual das ven das\u201d . 9 Logo , R = custos de vendas anuais : estoque ou Quantidade vendid a : est oque médio . O giro de estoque ou rotatividade indica o tempo médio de permanênc ia de um item em estoque . O indicador desse giro é extraído da fórmula anterior, em que são considerados os c ustos dos itens de análise , seu volume total de vendas (giro) e o estoque médio no perí odo de estudo. Esses indicadores obedecem a uma periodici dade, uma é anual e estabelecida pela Receita Feder al do Brasil . É o famoso \u201c balanço \u201d e é conhecido como inventário rotativo, mas pode variar de 6 em 6 meses. Ainda, há a contagem do inventário de f orma permanente. 2.1 Como calc ular o giro de est oque Determinar o giro de estoque em uma empr esa é essencial para se ter o indicativo que demonstre se a gestão de estoques e vendas estão em sincronia, pois quanto mais se vende, ma i s a gest ão de estoque tem que ser responsiv a na disponibilidade dos itens v endidos para que atendam a os client es plenamente. Vamos ver um exemplo de indicativo de gir o de estoque . Inicialmente, deve - se definir um horizonte de tempo para se ter um indicativo que est ej a em consonância com a polí tica adotada pela empresa e qu e pode variar de produto a produto ou conforme a empresa achar necessário. Assim , deve - se inventar ia r (contar) o total de produtos vendidos no período em estudo e o estoque m édio (em produtos ou preços) . U tilizando a fórmula anterior , tem -se que a rotatividade (R) é igual a : \u2022 R = custos de vendas anuais : es toque ou Quantidade vendid a : estoque médio Vamos analisar a rotativida de do seguinte caso: se uma distribuid ora de secos e molhados teve em m édia nos estoques 40.000 lata s de óleo de 900 ml no período de seis m eses (180 dias) e as vendas nesse período foram de 7.600 ao mês, qual é o giro de estoque para essa situação? \u2022 R = (7.600 x 6 meses) : 40.000 = 45.600 : 40. 000 = 1,14 O resultado fornece o indicativ o de que o estoque girou 1, 14 no período de seis meses , ou seja, que hou ve a renovação desse produto, 1 ,1 4 vezes em 10 seis meses . Isso não é um bom indicativo , v isto que houve vendas superiore s a um giro e isso não é um bom indicativo, po is o giro fo i lento . U m bom resultado da gestão d e estoques e vendas seria um indicativo superior a 20 vezes, ou seja , que em um período em estudo o estoque fosse renovado 20 vezes. Entretanto, para as condições nac ionais , o giro médio das empresas está na ordem de 10 vezes , ou seja, um giro de 1,14 em seis m eses é muito baixo e a empresa deve m ontar um plano de ação para girar mais esse produto ou descartar suas vendas . 2.2 Est oque médio: com o determinar Vamos dar continuidade trabalhando no m esmo período já adotado , que foi de seis meses . O estoque médio se dá no controle de estoque entre estoque inicial ( Ei ) e estoque final ( Ef ) , s omando esses dois valores e dividindo -o por dois , em relação à movimentação de r ecebimentos e consumo de mater iais. V amos visualizar isso na Tabela 1 a seguir para entender melhor . Estoque médio (Em) = Ei + Ef/ n. Os dados a seguir representa m a movimentação de estoques em uma empresa . C om esses dados , vamos determinar o giro de estoque e o tempo qu e esse estoque é capaz de at ender à s necessi dades da empres a, ou seja, quanto tempo o estoque é capaz de suprir as necessidades d e produção ou vendas. Tabela 1 \u2013 Demonstrat ivo hipotét ico de gir o de estoque e es toque méd io Demonstrativo do giro d e estoque e estoque médio (Em) Períodos Ei Recebimentos (Re) Consumo (Co) Ef Em Em total 1 135 245 275 105 135+105 /2 = 120 2 105 350 259 196 105+ 196/2 = 150,5 3 196 19 5 263 128 196+128/2 = 162 4 128 32 8 288 168 128+168/2 = 148 5 168 28 5 305 148 168+148/2 = 158 6 148 37 3 222 299 148+299/2 = 223,5 Total 1.612 962 Fonte: Pirani, 2021. \u2022 Estoque final Ef = Ei + Re \u2013 Co \u2022 Em = Ei + Ef/n \u2022 Rotatividade do estoque = Quant idade vendida (consumida) : estoque médio = R = Co/Em

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