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07/10/2014 1 CONFERÊNCIAS INTERGOVERNAMENTAIS COMO EIXO NORTEADOR DOS PROGRAMAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Profa. Luciana Vieira de Paiva INTRODUÇÃO Nós vimos que a Educação Ambiental surgiu a partir da constatação dos problemas ambientais e da aquisição de um conhecimento básico sobre o meio ambiente... De acordo com a histórica trajetória da Educação Ambiental, vimos que os conceitos foram se formando aos poucos, e que alguns eventos foram mais importantes nesse processo de formalização do conceito, dos aspectos e das diretrizes da Educação Ambiental... Vamos a eles!!! PRINCIPAIS CONFERÊNCIAS INTERGOVERNAMENTAIS Conferência Intergovernamental se formaliza como sendo qualquer evento que tenha a união de dois ou mais governos ou governadores para discutir um assunto em comum. Nesse caso, os sérios problemas ambientais que afetavam o mundo foram o assunto das conferências a seguir... PRINCIPAIS CONFERÊNCIAS INTERGOVERNAMENTAIS 1968 • Conferência sobre Educação (Grã-Bretanha) • Importante pois recomendou fundar a sociedade para Educação Ambiental. 1968 • Clube de Roma (Grã-Bretanha) • Reunião de 30 especialistas para discutir sobre a crise ambiental. As discussões produziram documentos importantes, que serviram como base para leis. 1972 • Conferência de Estolcomo (Suíça) • Participação de 113 países. Foi um marco histórico e político decisivo para o surgimento de políticas de gerenciamento ambiental. PRINCIPAIS CONFERÊNCIAS INTERGOVERNAMENTAIS 1975 • Encontro Internacional em EA (Iuguslávia) • Participação de 65 países. Produziu da Carta de Belgrado, que formula os princípios e orientações para um programa internacional de EA. 1977 • 1ª Conferência Intergovernamental sobre EA. (Tbilisi, Geórgia) • Foi decisiva para os rumos da EA em todo o mundo, pois ratifica os objetivos e diretrizes para EA. 1992 • Conferência Internacional Eco 92 (Rio de Janeiro, Brasil) • Participação de 170 países. Estabeleceu uma proposta de ação para os próximos anos, denominada Agenda 21. PRINCIPAIS CONFERÊNCIAS INTERGOVERNAMENTAIS 1997 • Protocolo de Quioto (Japão) • Trata de um tratado entre 55 países de reduzir a emissão de gases que agravam o efeito estufa. Foi ratificado somente em 2004. 2002 • Rio + 10 (Joanesburgo, África) • Verificar quais os acordos tratados na Eco 92 foram cumpridos, além de discutir problemas ambientais mundiais recentes ou questões que não chegaram a uma acordo em 92. 2012 • Rio + 20 (Rio de Janeiro, Brasil) • Foi realizada com a mesma finalidade da Rio+10. No campo da EA, apontaram o desafio de fortalecer as relações entre a sociedade, o estado e as empresas e, ainda, o intercâmbio internacional de materiais pedagógicos e a disseminação de políticas públicas permanentes de EA. 07/10/2014 2 Declaração de Estocolmo DECLARAÇÃO DE ESTOCOLMO Essa Conferência chamou a atenção das nações para o fato de que a ação humana estava causando séria degradação da natureza e criando severos riscos para o bem estar e para a própria sobrevivência da humanidade. Visão Antropocêntrica: para a qual a natureza existe para servir ao homem, e não haveriam limites éticos ao uso de recursos naturais e à intervenção e transformação dos ambientes naturais para servir aos interesses humanos. Esta noção faz parte do pensamento moderno que surgiu com a revolução industrial no século XVIII. A Conferência foi marcada pelo confronto entre as perspectivas dos países desenvolvidos e dos países em desenvolvimento. Os países desenvolvidos estavam preocupados com os efeitos da devastação ambiental sobre a Terra, propondo um programa internacional voltado para a Conservação dos recursos naturais e genéticos do planeta, pregando que medidas preventivas teriam que ser encontradas imediatamente, para que se evitasse um grande desastre. Os países em desenvolvimento questionavam a legitimidade das recomendações dos países ricos, já que estes já haviam atingido o poderio industrial com o uso predatório de recursos naturais e que queriam impor a eles complexas exigências de controle ambiental, que poderiam encarecer e retardar a industrialização dos países em desenvolvimento. DECLARAÇÃO DE ESTOCOLMO O governo brasileiro, na Conferência de 1972, liderou o bloco de países em desenvolvimento que tinham posição de resistência ao reconhecimento da importância da problemática ambiental (sob o argumento de que a principal poluição era a miséria) e que se negavam a reconhecer o problema da explosão demográfica. A visão na época era a de que os problemas ambientais eram originados da pobreza, que era a principal fonte de poluição e que dispor de mais alimentos, habitação, assistência médica, emprego e condições sanitárias tinha mais prioridade do que reduzir a poluição da atmosfera. DECLARAÇÃO DE ESTOCOLMO A posição do Brasil - na época sob o governo militar - era a de "Desenvolver primeiro e pagar os custos da poluição mais tarde", como declarou o Ministro Costa Cavalcanti, na ocasião. A posição defendida era de que todos tinham direito ao crescimento econômico. O Brasil liderou 77 países com acusações aos países industrializados e defesa do crescimento a qualquer custo. DECLARAÇÃO DE ESTOCOLMO Em protesto estendeu uma faixa com os dizeres: “Bem vindos à poluição, estamos abertos a ela. O Brasil é um país que não tem restrições, temos várias cidades que receberiam de braços abertos a sua poluição, porque nós queremos empregos, dólares para o nosso desenvolvimento”. Como alternativa à polarização entre as idéias de "crescimento zero" e de "crescimento a qualquer custo" propôs-se, a abordagem Ecodesenvolvimentista. A abordagem ecodesenvolvimentista entende o problema ambiental como um subproduto de um padrão de desenvolvimento, mas que o processo de desenvolvimento somente se tornará possível pelo equacionamento do trinômio eficiência econômica, equidade social e equilíbrio ecológico (Carvalho, 1987). A Conferência produziu a Declaração sobre o Meio Ambiente Humano, uma declaração de princípios de comportamento e responsabilidade que deveriam governar as decisões concernentes a questões ambientais. DECLARAÇÃO DE ESTOCOLMO 07/10/2014 3 A Conferência, apesar de atribulada, gerou um documento histórico, com 24 artigos (infelizmente, com poucos compromissos efetivos) assinado pelos países participantes e teve como um de seus principais desdobramentos a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), a primeira agência ambiental global. Outro resultado formal foi um Plano de Ação que convocava todos os países, os organismos das Nações Unidas, bem como todas as organizações internacionais a cooperarem na busca de soluções para uma série de problemas ambientais. Na Conferência fica claro que o Homem é o centro da relação Homem- meio ambiente. A proposta dos 24 artigos trata a pobreza como causadora da degradação; não apoia o crescimento zero e sim crescimento com equilíbrio e afirma que deve ocorrer a preocupação com o crescimento populacional. DECLARAÇÃO DE ESTOCOLMO PRINCÍPIOS DA DECLARAÇÃO DE ESTOCOLMO 1. Os direitos humanos devem ser defendidos; apartheid e o colonialismo devem ser condenados. 2. Os recursos naturais devem ser preservados. 3. A capacidade da Terra de produzir recursos renováveis deve ser mantida. 4. A fauna e a flora silvestres devem ser preservadas. 5. Os recursos não-renováveis devem ser compartilhados, não esgotados. 6. A poluição não deve exceder a capacidade do meio ambiente de neutralizá-la. 7. A poluição danosa aos oceanos deve ser evitada. 8. O desenvolvimento é necessário à melhoria do meio ambiente. PRINCÍPIOS DA DECLARAÇÃO DE ESTOCOLMO 9. Os países em desenvolvimentorequerem ajuda. 10. Os países em desenvolvimento necessitam de preços justos para suas exportações, para que realizem a gestão do meio ambiente. 11. As políticas ambientais não devem comprometer o desenvolvimento. 12. Os países em desenvolvimento necessitam de recursos para desenvolver medidas de proteção ambiental. 13. É necessário estabelecer um planejamento integrado para o desenvolvimento. 14. Um planejamento racional deve resolver conflitos entre meio ambiente e desenvolvimento. 15. Assentamentos humanos devem ser planejados de forma a eliminar problemas ambientais. 16. Os governos devem planejar suas próprias políticas populacionais de maneira adequada. 17. As instituições nacionais devem planejar o desenvolvimento dos recursos naturais dos Estados. 18. A ciência e a tecnologia devem ser usadas para melhorar o meio ambiente. 19. A educação ambiental é essencial. 20. Deve-se promover pesquisas ambientais, principalmente em países em desenvolvimento. 21. Os Estados podem explorar seus recursos como quiserem, desde que não causem danos a outros. PRINCÍPIOS DA DECLARAÇÃO DE ESTOCOLMO 22. Os Estados que sofrerem danos dessa forma devem ser indenizados. 23. Cada país deve estabelecer suas próprias normas. 24. Deve haver cooperação em questões internacionais. 25. Organizações internacionais devem ajudar a melhorar o meio ambiente. 26. Armas de destruição em massa devem ser eliminadas. PRINCÍPIOS DA DECLARAÇÃO DE ESTOCOLMO Conferência Internacional Eco 92 07/10/2014 4 RIO 92 Em 1988 a Assembléia Geral das Nações Unidas aprovou uma Resolução determinando à realização, até 1992, de uma Conferência sobre o meio ambiente e desenvolvimento que pudesse avaliar como os países haviam promovido a Proteção ambiental desde a Conferência de Estocolmo de 1972. Na sessão que aprovou essa resolução, o Brasil ofereceu-se para sediar o encontro em 1992. RIO 92 Dentre os objetivos principais dessa conferência, destacaram-se os seguintes: Examinar a situação ambiental mundial desde 1972 e suas relações com o estilo de desenvolvimento vigente; Estabelecer mecanismos de transferência de tecnologias não- poluentes aos países subdesenvolvidos; Examinar estratégias nacionais e internacionais para incorporação de critérios ambientais ao processo de desenvolvimento; Estabelecer um sistema de cooperação internacional para prever ameaças ambientais e prestar socorro em casos emergenciais; Reavaliar o sistema de organismos da ONU, eventualmente criando novas instituições para implementar as decisões da conferência. RIO 92 Essa Conferência foi organizada pelo Comitê Preparatório da Conferência (PREPCOM), que foi formado em 1990 e tornou-se responsável pela preparação dos aspectos técnicos do encontro. Durante as quatro reuniões do PREPCOM antecedentes à Conferência, foram preparados e discutidos os termos dos documentos que foram assinados em junho de 1992 no Rio de Janeiro. A Conferência da ONU propiciou um debate e mobilização da comunidade internacional em torno da necessidade de uma urgente mudança de comportamento visando a preservação da vida na Terra. RIO 92 A Conferência ficou conhecida como "Cúpula da Terra" (Earth Summit), e realizou-se no Rio de Janeiro entre 3 e 14 de junho de 1992, contando com a presença de 172 países (apenas seis membros das Nações Unidas não estiveram presentes), representados por aproximadamente 10.000 participantes, incluindo 116 chefes de Estado. Como produto dessa Conferência foram assinados 05 documentos. São eles: Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento; Agenda 21 Princípios para a Administração Sustentável das Florestas Convenção da Biodiversidade Convenção sobre Mudança do Clima RIO + 10 RIO + 10 Em setembro de 2002, as Nações Unidas realizaram a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (também conhecida como Rio+10), em Joanesburgo, na África do Sul. Foi um encontro de alto nível reunindo líderes mundiais, cidadãos engajados, agências das Nações Unidas, instituições financeiras multilaterais e outros grandes atores, para avaliar a mudança global desde a histórica Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (também conhecida como a Cúpula da Terra, ou Rio-92). 07/10/2014 5 RIO + 10 O que ficou decidido sobre ENERGIA: Ampliar acesso a formas modernas de energia, mas sem prazos nem metas específicas; Derrotada proposta do Brasil e da União Européia para fixar meta global de 10%-15% de fontes renováveis de energia; Anunciadas parcerias com países pobres no valor de US$ 769 milhões Problema: Um terço da população, ou 2 bilhões de pessoas, não têm acesso a energia moderna, como eletricidade e combustíveis fósseis RIO + 10 O que ficou decidido sobre Mudanças Climáticos: Canadá, Rússia e China anunciaram que deverão ratificar o Protocolo de Kyoto (tratado para conter o efeito estufa) Problema: Temperatura média da atmosfera global deve subir até 5,8ºC até o ano 2100, se nada for feito para conter emissão de CO2 RIO + 10 O que ficou decidido sobre Água: Reduzir pela metade, até 2015, o número de pessoas sem acesso a água potável e esgotos Anunciados projetos e parcerias que somam US$ 1,5 bilhão para alcançar esses objetivos Desse total, US$ 970 milhões virão dos EUA, em três anos Problema: Em 2025, se nada for feito, 4 bilhões de pessoas (metade da população mundial) estarão sem acesso a saneamento básico RIO + 10 O que ficou decidido sobre Biodiversidade: Reduzir perda de espécies até 2004, mas sem meta específica Reconhecimento de que países pobres precisarão de ajuda financeira cumprir o objetivo Reconhecimento do princípio da repartição de benefícios obtidos com espécies de países pobres Problema: Até 50% das espécies poderiam desaparecer ou ficar em risco de extinção, até o final do século Um quarto das espécies de mamíferos já ameaçadas RIO + 10 O que ficou decidido sobre Pesca: Restaurar estoques pesqueiros a níveis sustentáveis até 2015, onde for possível; Estabelecer áreas de proteção marinha até 2012. Problema: Regiões tradicionais de pesca, como a do bacalhau no Atlântico Norte, já entraram em colapso, com perda de 40 mil empregos no Canadá RIO + 10 O que ficou decidido sobre Agricultura: Apoio à eliminação de subsídios agrícolas que afetam exportações de países pobres, mas sem metas nem prazos Problema: Países ricos subsidiam seus agricultores com mais de US$ 300 bilhões por ano 07/10/2014 6 RIO + 10 Decisão sobre Ajuda ao desenvolvimento: Reafirmado compromisso da Eco-92 de destinar 0,7% do PIB de países ricos para ajuda ao desenvolvimento Fundo Ambiental Global (GEF) recebe injeção de US$ 2,9 bilhões Problema: Meta não só não foi cumprida como caiu para 0,22% desde 1992
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