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http://bd.camara.gov.br
MESADA
CÂMARA DOS DEPUTADOS
. 50aLegislatura-la Sessão Legislativa
1995
Presidente: LUÍS EDUARDO (PFL-BA)
Primeiro Vice-Presidente: RONALDO PERIM (PMDB-MG)
Segundo Vice-Presidente: BETO MANSUR (PPB-SP)
Primeiro Secretário: WILSON CAMPOS (PSDB-PE)
Segundo Secretário: LEOPOLDO BESSONE (PTB-MG)
Terceiro Secretário: BENEDITO DOMINGOS (PPB-DF)
Quarto Secretário: JOÃO HENRIQUE (PMDB-PI)
SUPLENTES DE SECRETÁRIO
Primeiro Suplente: ROBSON TUMA (PSL-SP)
Segundo Suplente: VANESSA FELIPPE (PSDB-RJ)
Terceiro Suplente: LUIZ PIAUHYLINO (PSDB-PE)
Quarto Suplente: WILSON BRAGA (PDT-PB)
"DIRETORIA-GERAL
Diretor-Geral: Adelmar SilveiraSabino
SECRETARIA-GERAL DA MESA
Secretário-Geral: Mozart Vianna de Paiva "
'"
I:
CÂMARA DOS DEPUTADOS
COMISSÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR,
MEIO AMBIENTE E MINORIAS
Presidente: Deputado Federal SARNEY FILHO
CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS
SOBRE O MEIO AMBIENTE E
DESENVOLVIMENTO
:i
De acordo com a Resolução n2 44/228 da
Assembléia Geral da ONU,de·22-12-89, esta-
belece uma abordagem equilibrada e integrada
das questões relativas a meio ambiente e desen-
volvimento: a Agenda 2I.
Tradução: Ministério das. Relações Exte-
riores, Divisão ,do Meio AInbiente, com a cola-
boração do Programa das Nações Unidas para o
Meio Ambiente - PNUMA.
Centro de Documentação e Infonnação
Coordenação de Publicações
BRASÍI1A - 1995
~-~--'--- , ~..i
'~r ",..
-CAMARA OOS DEPUTADOS
DIRETORIA LEGISLATIVA
Diretor: Anderson Braga Horta
~-o ~ ( O G ~ \ 3)
GotJ(p /l/u
/"\ ",-/vu ov ~e>
COORDENAÇÃO DE PUBUCAÇÕES
Diretora: Nelda Mendonça Raulino
CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO
Diretora: Suelena Pinto Bandeira
I' [( ~
! COLABORARAM NESTA OBRA:
~
i Preparação _do~ ele~entos :xte~~s e pré-textuais: ~erezinha Goreti Rodrigues dos
__~--=.SarllGS''1~.ncrrmre.Tatâ108i'lÇao: Orion Gonçalves da Silva
C ~(~
OI iO-;-ECA
De: <)ÃO sÉRIE
Ação Parlamentar
n.Q56
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento
(1992: Rio deJaneiro).
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvi-
mento: de acordo com a Resolução.JP! 44/228 da Assembléia Geral da ONU, de
22-12-89, estabelece uma abordagem equilibrada e integrada das questões rela-
tivas a meio ambiente e desenvolvimento: a Agenda 21 - Brasília: Câmara dos
Deputados, Coordenação de Publicações, 1995.
472p. - (Série ação parlamentar; n. 56).
Título da capa: Agenda 21.
1. Meio ambiente. 2. Proteção ambiental. 3. Desenvolvimento sustentá-
vel. I. Série. IL TItulo.
CDU 504(100) (061.3)
SUMÁRIO
CAPÍTUWl:
- Preâmbulo ; ~~.;~:.: .
SEÇÃO I...., Dimensões .Sociais e Econômicas.
CAPÍTUW2:
...., Cooperação internaci'onal para acelerar o desenvolvimento sustentável
dos países em desenvolvimento e políticas internas correlatas 13
APRESENTAÇÃO .
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvi-
mento: : .
Pág.
7
9
CAPÍTUW3:
- Combate à pobreza 27
CAPÍTUW4:
- Mudança dos padrões de consumo 33
CAPÍTUW5:
- Dinâmicademográfica e·sustentabilidade..,.w ;... 39
CAPÍTUW6:
- Proteção e promoção das condições da saúde humana 51
CAPÍTUW7:
- Promoção do desenvolvimento sustentável dos assentamentos humanos... 71
CAPÍTUW8:
- Integração entre meio ambiente.e desenvolvimento na tom~a de deci-
sões 95
Pág.
SEÇÃO lI: Conservação e Gestão dos Recursos para o Desenvolvimento
CAPÍTULO 9:
- Proteção da atmosfera..L......................................................................... 111
CAPÍTULO 10:
- Abordagem integrada do planejamento e do gerenciamento dos recur-
sos terrestres 123
CAPÍTULO 11:
- Combate ao desflorestamento 131
CAPÍTULO 12:
- Manejo de ecossistemas frágeis: a luta contra a desertificação e a seca. 149
CAPÍTULO 13:
- Gerenciamento de ecossistemas frágeis: desenvolvimento sustentável
das montanhas .......................................................................................•;............. 167
CAPÍTULO 14:
- Promoção do desenvolvimento rural e agrícola sustentável.................. 175
CAPÍTULO 15:
- Conservação da diversidade biológica 205
CAPÍTULO 16:
- Manejo ambientalmente saudável da biotecnologia 213
CAPÍTULO 17:
f- Proteção dos oceanos, de todos os tipos de mares, inclusive mares fe-
chados e semifechados, e das zonas costeiras, e proteção, uso racional e de-
senvolvimento de seus recursos vivos 231
CAPÍTULO 18:
-;- Proteção da qualidade e do abastecimento dos recursos hídricos: apli-
cação de critérios integrados no desenvolvimento, manejo e uso dos recursos
hídricos 267
CAPÍTULO 19:
- Manejo ecologicamente saudável das substâncias quimicas tóxicas,
incluída a prevenção do tráfico internacional ilegal·dos produtos tóxicos e pe-
rigosos........................ 305
Pág.
CAPÍTULO 20:
- Manejo ambientalmente saudável dos resíduos perigosos, incluindo a
prevenção do tráfico internacional ilícito de resíduos perigosos ,.. 325
CAPÍTULO 21:
- Manejo ambientalmente saudável dos resíduos sólidos e questões rela-
cionadas com os esgotos 341
CAPÍTULO 22:
- Manejo seguro e ambientalmente saudável dos resíduos radioativos..... 357
SEÇÃO III - Fortalecimento do papel dos grupos principais
CAPÍTULO 23:
- Preâmbulo................................................................................................ 361
CAPÍTULO 24:
- Ação mundial pela mulher, com vistas a um desenvolvimento.susten-
tável e eqüitativo 363
CAPÍTULO 25:
- A infância e a juventude no desenvolvimento sustentável 369
CAPÍTULO 26:
- Reconhecimento e fortalecimento do papel das populações indígenas e
suas comunidades 373
CAPÍTULO 27:
- Fortalecimento do papel das organizações não govemamentais: par-
ceiros paraum desenvolvimento sustentávei ;....... 377
CAPÍTULO 28:
- Iniciativa das autoridades locais em apoio à Agenda 21......................... 381
CAPÍTULO 29:
- Fortalecimento do papel dos trabalhadores e de seus sindicatos 383
CAPÍTULO 30:
Fortalecimento do papel do comércio e da indústria.................................. 387
CAPÍTULO 31:
- A comunidade científica e tecnológica 393
(
Pág.
CAPÍTULO 32:
__ Fortalecimento do papel dos agricultores................................................ 399
SEÇÃO IV - Meios de implementação
CAPÍTULO 33:
- Recursos e mecanismos de [manciamento 403
CAPÍTULO 34:
- Transferência de tecnologia ambientalmente saudável, cooperação e
fortalecimento institucioll.al.................................................................................. 409
CAPÍTULO 35:
- A Ciência para o desenvolvimento sÚstentáveL.................................... 417
CAPÍTULO 36:
- Promoção do ensino, da conscientização e do treinamento 429
CAPÍTULO 37:
- Mecanismos nacionais e cooperação internacional para fortalecimento
institucional nos países em desenvolvimento 441
CAPÍTULO 38:
- Arranjos institucionais internacionais 449
CAPÍTULO 39:
- Instrumentos e mecanismos juridicos internacionais 461
CAPÍTULO 40:
- Informação para a tomada de decisões.................................................... 465
Apresentação
A Conferência das Nações·Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
de 1992 foi saudada como sendo o mais importante e promissor encontro planetário
deste final de século. A Cúpula da Terra chamou a atenção do mundo para a dimen-
são global.dos perigos que ameaçam a vida no Planeta e,·por conseguinte, paraane'-
cessidade de uma aliança entre todos os povos em prol de uma sociedade sustentá-
vel.
Está claro, todavia, que a ECO-92 foi não o último, mas tão somente mais um
passo de uma longa e ainda incerta caminhada, ainda que um passo de especial en-
vergadura. Os acordos assinados durante a Conferência alargaram e fortaleceram o
substrato fIlosófico, jurídico e político que deve fundamentar e nortear os atos futu-
ros. Porém, se pretendemos nós, os povos de todo o mundo, fazer das promessas
realidade, é preciso passar do discurso à ação.
Não foi outro o propósito, isto é, o de assegurar a realização dos compromis-
sos assumidos durante a ECO-92, que levou os participantes da Conferênciaa pre-
parar uma agenda de trabalho para opróximo século: a Agenda 21. Através da
Agenda 21 a comumdade das nações procuroíi identificar os problemas prioritários,
os recursos e meios para enfrentá-los e as metas para as próximas décaaas. Como
todo programa de trabalho, ela visa disciplinar e·concentrar os esforços nas áreas
chaves, evitando a dispersão, o desperdício e as ações contraproducentes.
É preocupante perceber que após a ebulição provocada pela EC9-92 em torno
da temática ambiental vimos experimentando um perigoso processo de acomodação,
a ponto do Presidente Fernando Henrique Cardoso, em recente viagem ao exterior,
sentir-se motivado a propor à comunidade internacional a reedição da Conferência.
Na verdade, reafirmar os compromissos assumidos no encontro do Rio de Ja-
neiro significa, simplesmente, pôr em prática a Agenda 21.
É importante, notar que a implementação da Ageilda 21 não depende exclusi-
vamente dos governos. As mudanças que serão necessárias em termos de valores, de
modelos produtivos e padrões de consumo configuram uma verdadeira revolução
cultural. E preciso conquistar os corações e as mentes das pessoas para a causa am-
biental, causa esta que, na verdade, não se restringe a questões exclusivamente eco-
lógicas, mas engloba também desafios como a erradicação da pobreza, a fmnação
global e irrestrita dos direitos humanos a consolidação da paz entre os povos. Esta é,
portanto, uma obra de toda a sociedade.
Agenda21 7
o constituinte brasileiro de 1988 foi especialmente feliz ao afIrmar que o
meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito de todos, impondo-se ao
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes
e futuras gerações. Se o meio ambiente sadio é um direito ele é também um dever,
que compete a toda a sociedade. A cidadania, mais .do que a garantia de direitos, é a
responsabilidade pelos destinos da comunidade e, neste caso, da comunidade plane-
tária, de hoje e de amanhã.
O acesso à informação é pré-condição da participação ativa, do exercício con-
seqüente da cidadania. Neste particular, é de se estranhar que, passados três anos da
ECO-92, não se tenha tomado nenhuma iniciativa mais ampla para divulgar a Agen-
da 21, quando até as crianças já dispõem de uma versão apropriada, patrocinada
pelo sistema das Nações Unidas e publicada entre nós pela Editora Melhoramentos.
A Agenda21é ao mesmo tempo o mapa e o roteiro para a constroçãode uma
sociedade sustentável. Favorecer a sua divulgação é contribuir para a sua efetiva
realização. Esta a razão, portanto, que motivou a Comissão de Defesa do Consumi-
dor, Meio Ambiente e Minorias, provocada pelo combativo Deputado Fernando Ga-
beira, a promover esta edição.
{é~1A/\..Deputad rn y/FilfíoPresidente de Comiss~o e elesa do Consumklor,
Meio Ambient e Minorias
8 Agenda 21
Ao ,..,
CONFERENCIA DAS NAÇOES
UNIDAS SOBRE MEIO AMBIENTE
E DESENVOLVIMENTO·
Capítulo 1
PREÂMBULO
1.1. A humanidade se encontra em um momento de definição histórica. <De-
frontamo-nos com a perpetuação das disparidades existentes entre as nações e no in-
terior delas, o agravamento da pobreza,·da fome, das doenças edo analfabetismo, e
com a deterioração contínua dos ecossistemas de que depende nosso bem-estar. Não
obstante, caso se integrem as preocupações relativas a meio ambiente e desenvolvi~
mento eaelasse dedique mais atenção, será possível satisfazer às necessidades bá-
sicas, elevar o nível da vida de todos, obter ecossistemas melhor protegidos e geren-
ciados e construir um futuro mais próspero e seguro. São metas que nação alguma
pode atingir sozinha; juntos, porém, podemos - em uma associação mundial em prol
do desenvolvimento sustentável.
1.2. Essa associação mundial deve partir das premissas da Resolução n2
44/228 da Assembléia Geral de 22 de dezembro de 1989, adotada quando as nações
do mundo convocaram a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, e da aceitação da necessidade de se adotar uma abordagem equi-
librada e integrada das questões relativas a meio ambiente e desenvolvimento.
1.3. A Agenda 21 está voltada para os problemas prementes de hoje e tem o
objetivo, ainda. de preparar o mundo para os desafios do próximo século. Reflete
um consenso mundial e um compromisso político no nível mais alto no que diz res-
peito a desenvolvimento e cooperação ambiental. O êxito de sua execução é respon-
sabilidade, antes de mais nadá, dos Governos. Para concretizá-la. são cruciais as es-
tratégias, os planos, as políticas e os processos nacionais. A cooperação internacio-
nal deverá apoiar e complementar tais esforços nacionais. Nesse contexto, o sistema
das Nações Unidas tem um papel fundamental a desempenhar. Outras organizações
internacionais, regionais e sub-regionais também são convidadas a contribuir para
tal esforço. A mais ampla participação pública e o envolvimento ativo das organiza-
ções não-governamentais e de outros grupos também devem ser estimulados.
1.4. O cumprimento dos objetivos da Agenda 21 acerca de desenvolvimento e
meio ambiente exigirá um fluxo substancial de recursos fmanceiros novos e adicio-
nais para os países em desenvolvimento, destinados a cobrir os custos incrementais
necessários às ações que esses países deverão empreender para fazer frente aos pro-
blemas ambientais mundiais e acelerar o desenvolvimento sustentável. Além disso,
Agenda 21 Capítulo.i 11
o fortalecimento da capacidade das instituições internacionais para a implementação
da Agenda 21 também exige recursos financeiros. Cada uma das áreas do programa
inclui uma estimativa indicadora da ordem de grandeza dos custos. Essa estimativa
deverá ser examinada e aperfeiçoada pelas agências e organizações implementado-
ras.
1.5. Na implementação das áreas pertinentes de programas identificadas na
Agenda 21, especial atenção deverá ser dedicada às circunstâncias específicas com
que se defrontam as economias em transição. É necessário reconhecer, ainda, que
tais países enfrentam dificuldades sem precedentes na transformação de suas econo-
mias, em alguns casos em meio a considerável tensão social e política.
1.6. As áreas de programas que constituem a Agenda 21 são descritas em ter-
mos de bases para a ação, objetivos, atividades e meios de implementação. A Agen-
da 21 é umprograma dinâmico. Ela será levada acabo pelos diversos fatores segun-
do as diferentes.situações, capacidades e prioridades dos países e regiões e com ple-
na observância de todos os princípios contidos na Declaração do Rio sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento. Com o correr do tempo e a alteração de necessidades
e circunstâncias, é possível que a Agenda 21 venha a evoluir. Esse processo assinala
o início de uma nova associação mundial em proldo desenvolvimento sustentável.
12 Agenda21 Capítulo 1
SEÇÃO I..,. DIMENSÕES SO~IAIS E ECONÔMICAS
Capítulo 2
COOPERAÇÃO INTERNACIONALPARA ACELERAR O
DESENVOLVIMENTO SUSlENTÁVEL DOS PAÍSES EM
DESENVOLVIMENTO E POÚTICAS
INTERNAS CORRELATAS
INTRODUÇÃO
2.1.Para fazer frente aos desafios dos meio ambiente e do desenvolvimento, os
Estados decidiram estabelecer uma nova parceria mundial. Essa parceria comprome-
te todos os Estados a estabelecer um diálogo pennanente e construtivo, inspirado na
necessidade de atingir uma economia em nível mundial mais eficiente e eqüitativa,
sem perder de vista a interdependência crescente da comunidade.das nações e o fato
de que o desenvolvimento sustentável deve tomar-se um item prioritário na agenda
da comunidade internacional. Reconhece-se que, para que essa nova parceria tenha
êxito, é importante superar os confrontos e promover um clima de cooperação e so-
lidariedade genuínos. É igualmente importante fortalecer as políticas nacionais e in-
ternacionais, bem como a cooperação multinacional, para acomOdar~se às novas cir-
cunstâncias.
2.2.Tanto as políticas econômicas dos países individuais como as relações
econômicas internacionais têm grande relevância para o desenvolvimento sustentá-
vel. A reativação e a acelemçãodo desenvolvimento exigem um ambiente econômi-
co e internacional ao mesmo tempo dinâmico e propício, juntamente com políticas
ftrmes no plano nacional.. A ausência de qualquer dessas exigências determinará o
fracasso do desenvolvimento sustentável. A existência de um ambiente. econômico
externo propício é fundamental. O processo de desenvolvimento não adquirirá im-
pulso caso a economia mundial careça de dinamismo e estabilidade e esteja cercada
de incertezas. Tampouco haverá impulso com os países em desenvolvimento sobre-
carregados pelo endividamento externo, com [manciamento insuftciente para o de-
senvolvimento, com obstáculos a restringir o acesso aos mercados e com a perma-
nência dos preços dos produtos básicos e dos prazos comerciais dos países em de-
senvolvimento em depressão. A década de 1980 registrou números essencialmente
Agenda 21 Capítulo 1 13
negativos para todos esses tópicos, fato que é preciso inverter. As políticas e medi-
das necessárias para criar um ambiente internacional marcadamente propício aos es-
forços de desenvolvimento nacionál são, conseqüentemente, vitais. A cooperação
internacional nessa área deve ser concebida para complementar e apoiar - e não
para diminuir ou subordinar - políticas econômicas internas saudáveis, tanto nos
países desenvolvidos como nos países em desenvolvimento, para que possa haver
um avanço mundial no sentido do desenvolvimento sustentável.
2.3.Cábe à economia internacional oferecer um clima internacional propício à
realização das metas relativas a meio ambiente e desenvolvimento, das seguintes
maneiras:
(a)Promoção do desenvolvimento sustentável por meio da liberalização do co-
mércio;
(b)Estabelecimento de um apoio recíproco entre comércio e meio ambiente;
(c)Ofertade recursos fmanceiros suficientes aos países em desenvolvimento e
iniciativas concretas diante do problema da dívida internacional;
(d)Estímulo a políticas macroeconômicas favoráveis ao meio ambiente e ao
desenvolvimento.
2.4.0s Governos reconhecem a existência de novos esforços mundiais para re-
lacionar os elementos do sistema econômico internacional à necessidade que tem a.
humanidade de desfrutar de um meio ambiente natural seguro e estável. Em decor-
rência. é intenção dos Governos empreender a construção de consenso na interseção
das áreas ambiental e de comércio e desenvolvimento, tanto nos foros internacionais
existentes como nas políticas internas de cada país.
Áreas de programas
.A. Pronwção do desenvolvimento sustentável por meio do comércio
Base para a ação
2.5.Um sistema de comércio multilateral aberto, eqüitativo, seguro, não-dis-
criminatório e previsível, compatível com os objetivos do desenvolvimento susten-
tável e que resulte na distribuição ótima da produção mundial, sobre a base da van-
tagem comparativa. trará benefícios a todos os parceiros comerciais. Além·disso,a
ampliação do acesso aos mercados das exportações dos países em desenvolvimento,
associada a políticas macroeconômicas e ambientais saudáveis, teráum impacto po-
sitivo sobre o meio ambiente e conseqüentemente seráuma importante contribuição
para o desenvolvimentosustentável.
2.6.A experiência demonstrou que o desenvolvimento sustentável exige com-
prometimento com políticas econômicas saudáveis e um gerenciamento igualmente
saudável; uma administração pública eficaz e previsível; integração das preocupaçõ-
es ambientais ao processo de tomada de decisões; e avanço para um Governo demo~
crático, à luz das situações específicas dos países, com a plena participação de todos
osgrupos envolvidos. Esses atributos são essenciais para a realização das orientaçõ-.
es e objetivos políticos relacionados abaixo.
2.7.0 setor dos produtos básicos domina as economias de muitos países em
desenvolvimento em. termos de produção, emprego e ganhos.coma exportação..
14 Agenda 21 Capítulo 2
Uma característica importante da economia mundial·dos·produtos básicos durante a
década de 1980 foi o predomínio de preços reais muito baixos e em declínio para a
maioria dos produtos básicos nos mercados internacionais, com a decorrente contra-
çãosubstancial dos ganhos com a exportação de produtos básicos em muitos países
produtores. Épossível que a capacidade desses países de mobilizar, por meio do co-
mércio internacional, os recuros necessários para [manciar os investimentos exigi-
dos pelo desenvolvimento sustentável, se veja prejudicada por esse fator e por impe-
dimentos tarifários e não-tarifários -'- inclusive escalas tarifárias - que limitem seu
acesso aos mercados de exportação. É indispensável eliminar as atuais distorções do
comércio internacional. A concretização desse objetivo.exige, em especial, uma re-
dução substancial e progressiva do apoio e dos subsídios ao setor agrícola - siste-
mas internos, acesso ao mercado e subsídios para a exportação --, bem como à in-
dústria e a outros setores, para evitar que os produtores mais eficientes sofram per~
das consideráveis, especialmente nos países em·desenvolvimento. Em decorrência,
na agricultura, na indústria e em outros setores há espaço para iniciativas voltadas
para a liberalização do comércio e políticas que tomem a produção mais sensíveLàs
necessidades do meio ambiente e do desenvolvimento. Em decorrência, a liberaliza-
ção do comércio deve ser perseguida em escala mundial em todos os setores da eco-
nomia, contribuindo assim para o desenvolvimento sustentável.
2.8.0 ambiente do comércio internacional viu-se afetado por diversosJatores
que criaram novos desafios e oportunidades e tomaram a cooperação econÔmica
multilateral ainda mais importante. Nos últimos anos o comércio mundial continuou
crescendo mais depressa que a produção mundial. Não obstante, a expansão do co-
mércio mundial ocorreu de forma muito desigual; apenas um número limitado de
países em desenvolvimento teve condições de atingir um crescimento apreciável em
suas exportações. Pressões protecionistas e ações políticas unilaterais continuam
ameaçando o funcionamento de um sistema comercial multilateral aberto, o que afe-
ta, em especial, os interesses dos países em desenvolvimento na área da exportação.
Nestes últimos anos intensificaram-se os processos de integração econômica; é pre-
visível que eles venham a conferir dinamismo ao comércio mundial e intensificar· as
possibilidades de progresso· e comércio dos países em desenvolvimento. Nos últi-
mos anos muitos outros países em desenvolvimento adotaram reformas políticas co-
rajosasque envolviam uma ambiciosa liberalização unilateral de seu comércio, ao
passo que os países da Europa central e do leste realizam reformas de amplo alcance
e profundos processos de reestruturação, que hão de abrir caminho para suaintegra-
ção à economia mundial e ao sistema comercial internacional. Atenção. crescente
vem sendo dedicada ao fortalecimento do papel das empresas e àpromoção de mer-
cados competitivos por meio da adoção de políticas competitivas. O SGP mostrou-
se um instrumento útil na política de comércio exterior -embora seus objetivos
ainda não tenham sido atingidos; ao mesmo tempo, as estratégias deJacilitação do
comércio relacionadas ao intercâmbio eletrônico de dados (lED) contribuíram efi-
cazmente para melhorar a eficiência comercial dos .setores público e privado. As in-
terações entre ás políticas ambientais.e as questões comerciais são inúmeras e ainda
Agenda 21 Capítulo 2 15
não forrou totalmente avaliadas. Caso se consiga concluir rapidmnentea Rodada
Uruguai de negociações· comerciais. e multilaterais com resultados equilibrados,
abrangentes e positivos, será possívelliberalizar e expandir ainda mais o comércio
mundial, reforçar o comércio e as possibilidades de desenvolvimento dos países.em
desenvolvimento e oferecer maior segurança e previsibilidade ao sistema comercial
internacional. .
Objetivos
2.9.Nosanos vrndouros e levando em consideração os resultados da Rodada
Uruguai de negociações comerciais multilaterais, os Governos devem continuar. a
empenhar-se para alcançar os seguintes objetivos:
(a)Promover um sistemacomercial aberto, não-discriminatório e eqüitativo'
que possibilite a todos os países, em especial aos países em desenvolvimento, aper-
feiçoar suas estruturas econômicas e aperfeiçoar o nível de vida de suas populações
por meio do desenvolvimento econômico sustentado.
(b)Aperfeiçoar o acesso aos mercados das exportações dos países em desen-
volvimento;
(c)Aperfeiçoar o funcionamento dos mercados de produtos básicos e adotar
políticas saudáveis, compatíveis e coerentes, nos planos nacional e internacional,
com vistas a otimizar a contribuição do setor dos produtos básicos ao desenvolvi-
mento sustentável, levando em conta considerações ambientais;
(d)Promover e apoiar políticas internas e internacionais· que façam o cresci-
mento econômico e a proteção ambiental apoiarem-se mutumnente.
Atividades
(a)Cooperação e coordenação.internacional e regional Promoção de um sistema de
comércio internacional que leve em consideração as necessidades dos países em
desenvolvimento
2.1O.Por conseguinte, a comunidade internacional deve:
(a)Interromper e fazer retroceder o ·protecionismo, a fim de ocasionar uma
maior liberalização e eXp!Sãodo comércio mundial, em benefício de todos os paí-
ses, em especial dos paísesçm desenvolvimento;
(b)Providenciarum sistema de comércio internacional eqüitativo, seguro, não-
discriminatório e previsível;
(c)Facilitar, de forma oportuna, a integração de todos os países à economia
mundial e ao sistema de comércio internacional;
(d) Velar para que as políticas ambientais e as políticas comerciais sejmn de
apoio mútuo, com vistas a concretizar o desenvolvimento sustentável;
(e)Fortalecer o sistema de políticas comerciais internacionais procurando atin-
gir, tão depressa quanto possível, resultados equilibrados, abrangentes e positivos na
Rodada Uruguai de negociações comerciais multilaterais.
2.l1.A comunidade internacional deve dedicar-se a encontrar formas e meios
para estabelecer um melhor funcionmnento e uma maior transparência dos mercados
de produtos básicos; uma rnaiordiversificação do setor dos produtos básicos nas
economias em desenvolvimento -dentro de um quadro macroeconômico que leve
16 Agenda 21 Capitulo 2
em consideração a estrutura econômica de um país, seus recursos naturais e suas
oportunidades comerciais --, e um melhor manejo dos recursos naturais, que leve
em conta as necessidades do desenvolvimento sustentável.
2.12.Em decorrência,.todos os países devem cumprir os compromissos já.as-
sumidos no sentido de interromper e fazer retroceder o protecionismo e expandir o
acesso aos mercados, especialmente nos setores que interessam aos países em de-
senvolvimento. Nos países desenvolvidos, esse acesso mais fácil aos mercados de-
correrá de um ajuste estrutural adequado. Os países em desenvolvimento devem
prosseguir com as reformas de suas políticas comerciais e o ajuste estrutural em-
preendido.Portanto, é urgente obter um aperfeiçoamento das condições de acesso
dos produtos básicos aos mercados, em especial por meio da remoção progressiva
dos obstáculos que restringem a importação de produtos básicos primários e manu-
faturados, bem como da redução substanciale.progressiva dos tipos de apoio que in-
duzem a produção não-competitiva, tal como os subsídios para a produção e a ex-
portação.
(b)Atividades relacionadas a manejo
Desenvolvimento de políticas internas que maximizem os beneficios da libe-
ralização do comércio para o desenvolvimento sustentável
2.13.Para beneficiarem~se da liberalização dos sistemas comerciais, os países
em desenvolvimento devem implementar as seguintes políticas,. conforme adequa-
do:
(a)Criação de um ambiente interno favorável a um equilíbrio ótimo entre a
produção para o mercado interno e a produção para o mercado de exportação, e eli-
minar tendências contrárias à exportação, bem como desestimular a substituição ine-
ficiente das importações;
(b)Promoção da estrutura política eda infra-estructura necessárias ao aperfei-
çoamento da eficiência do comércio de exportação e importação e ao funcionamento
dos mercados internos.
2.14.As seguintes políticas devem ser adotadas pelos países em desenvolvi-
mento com respeito a produtos básicos compatíveis com eficiência de mercado:y
(a)Expansão da elaboração e da distribuição e aperfeiçoamento das práticas de
mercado e da competitividade do setor dos produtos básicos;
(b) Diversificação, comvistas a reduzira dependência das exportações de pro-
dutos básicos;
(c)Aplicaçãodo uso eficiente e sustentável dos fatores da produção na deter-
minaçãodos preços dos produtos básicos, inclusive com a aplicação dos custos am-
bientais,sociais ede recursos.
(c)Dados e informações
Fomento à coleta de dados e à pesquisa
2.15.0 GA'IT,aUNCTAD e outras instituições competentes devem continuar
coletando dados e informações pertinentes sobre comércio. Pede-se ao Secretário-
Geral das Nações Unidas que fortaleça o sistema de.informações sobre medidas de
controle do comércio gerenciado pela UNCTAD.
Agenda 21 Capítulo 2 17
Aperfeiçoamento da' cooperação internacionalpara o comércio dos produtos
básicos e a diversificaçãodosetor
2.16.Com respeito ao comércio de produtos básicos, os Governos devem, di-
retamente ou por meio das organizações internacionais pertinentes, quando apro-
priado:
(a)Buscar um funcionamento ótimo dos mercados de produtos básicos, inter
alia por meio de uma maior transparência do mercado que envolva intercâmbio de
pontos de visla e informações sobre planos de investimento, persp~tivas e merca-
dos para os diferentes produtos básicos. Devem-se buscar negociações substantivas
entre os produtores e os consumidores com vistas à concretização de acordos inter-
nacionais viáveis e mais eficientes que levem em conta as tendências --...,. ou arranjos
- do mercado;'ao mesmo tempo, devem ser criados grupos de estudo. Nesse aspec-
to, atenção especial deve ser dedicada aos acordos relativos.a cacau, café, açúcar e
madeiras tropicais. Destaca-se a importância dos acordos e arranjos internacionais
sobre produtos de base. Questões relativas a saúde e segurança do trabalho, transfe-
rência de tecnologia e serviços relacionados à produção, comercialização e promo-
ção dos produtos de·base, bem como considerações'ambientais, devem ser tomadas
em conta;
(b)Continuar a aplicar mecanismos de compensação dos déficits dos rendi-
mentos com a exportação de produtos de base dos países em desenvolvimento, com
vistas a estimular os esforços em prol da diversificação;
(c)Sempre que solicitado, prestar assistência aos países em desenvolvimento
na elaboração e implementação de políticas para os produtos de base e na coleta e
utilização de informações a respeito dos mercados de produtos de base;
(d)Apoiar as atividades dos países em desenvolvimento para promover o esta-
belecimento da estrutura política eda infra-estrutura necessárias para aperfeiçoar a
eficiência do comércio de exportação e importação;
(e)Apoiar, nos planos nacional, regional e internacional, as iniciativas dospaí-
ses em desenvolvimento voltadas para a diversificação.
Meios de implementação
(a)Financiamento e estimativa de custos
2.17.0 Secretariado da Conferência estimou o custo total anual médio (1993-
2(00) da implementação das atividades desta área de .programas em cerca de $8,~
bilhões de dólares, a serem providos pela comunidade internacional em termos con-
cessionais ou de doações. Estas são.estimativas apenas indicativas e aproximadas,
não revisadas· pelos Governos. Os custos reais e os termos fmanceiros, inclusive os
não concessionais, dependerão, inter alia, das estratégias e programas específicos
que os Governos decidam adotar para a implementação.
(b) Fortalecimento institucional
2.18.As atividades de cooperação técnicamenci(madas acima têm por objeti-
vo fortalecer as capacitações nacionais para a elaboração e aplicação de uma política
para os produtos básicos; o uso e o manejo,dos recursos, nacionais e a utilização de
informação sobre os mercados de produtos básicos.
18 Agenda21 Capftulo2
.. REstabelecimentode um apoiorecíproco entre comércio e meio ambiente
Base para a açâo
2.19.As políticas sobre meio ambiente e as políticas sobre comércio devem re-
forçar-se reciprocamente. Um sistema comercial aberto e multilateral possibilita
maior eficiência na alocação e uso dos recursos, contribuindo assim para o aumento
da produção e dos lucros e para a diminuição das pressões sobre· o meio ambiente.
Dessa forma, proporciona recursos adicionais necessários para o crescimento econô-
mico eo desenvolvimento e para uma melhor proteção ambiental. Um meio am-
bientesaudável, por outro lado, proporciona os recursos ecológicos e de outros tipos
necessários à manutenção do crescimento e ao apoio à expansão constante do co-
mércio. Um sistema comercial aberto, multilateral, que se apóie na adoção de políti-
cas ambientais saudáveis, teria um impacto positivo sobre o meio ambiente, contri-
buindo para o desenvolvimento sustentável.
2.20.A cooperação internacional na área do meio ambiente está crescendo; em
diversos casos, verificou-se que as disposições sobre comércio dos acordos multila-
terais sobre o meio aIl1biente desempenharam um papel nos esforços parafazer fren-
te aos problemas ambientaismundiais...Conseqüentemente, sempre que considerado
necessário, aplicaram-se medidas comerciais em determinadas instâncias específicas
para aumentar a eficácia da regulamentação ambiental destinada à proteção do meio
ambiente. Essa regulamentação deve estar voltada para as causas básicas da degra-
dar:ão aIl1biental, de modo a evitar a imposição de restrições injustificadas ao co-
mércio. O desafio·consiste em assegurar que as políticas comerciais e as políticas
sobre o meio ambiente sejam compatíveis, reforçando, ao mesmo tempo, o processo
de desenvolvimento sustentáveL Não obstante, será precisolevar em conta o fato de
que os parâmetros ambientais válidos para os países desenvolvidos podem significar
custos sociais e econÔmicos inaceitáveis para os países emdesenvolvimento.
Objetivos
2.21.0s. Governos devem esforçar-se para atingir os seguintes objetivos, por
meiodeforos multilaterais pertinentes, como o GATI,aUNCTAD e outras organi-
zações internacionais:
(a)Fazer com que as políticas de comércio internacional eas políticas sobre
meio ambiente passem a reforçar-se reciprocamente, favorecendo o desenvolvimen-.
to sustentável;
(b)Esclarecer o papel do GATI,daUNCTAD e de outras organizações inter~
nacionais no que diz respeito às questões relacionadas a comércio.e meio ambiente,
inclusive, quando·pertinente, procedimentos de conciliação e ajuste de disputas;
(c)Estimular a produtividade e a· competitividadeinternacionais e estimular
um papel construtivo por parte da indústria ao lidar com questões relativas a meio
ambiente e desenvolvimento.
Atividades
Elaboração de uma agenda sobre o meio ambientelcomércio e desenvolvi-
mento
2.22.0s Governos devem estimular o GATI, aUNCTAD e outras instituições
Agenda 21 Capítulo 2 19
20 Agenda 21 Capitulo 2
mento entre os dispositivos do GATI e algumas das medidas multilaterais adotadas
na esfera do meio ambiente;
(k)Velar pela participação pública na formulação, negociação e implementa-
ção de políticascom.erciais enquanto meio de originar maior transparência, à luz das
condições específicas de cada país;
(l)Garantir que as políticas ambientais proporcionem um· quadro jurldico-ins-
tituCÍonal·adequâdo ao atendimento ·das· novas· necessidades de proteção do meio
ambiente que possam decorrer de alterações no sistema de produção e daespeciali-
zação comercial.
Cl Oferta·de recursosfinanteiros suficientes aos países em desenvolvimento
Base para a ação
2.23.0 investimento é fundamental para que os países em desenvolvimento
tenham condições de atingir o crescimento econÔmico necessário a uma melhora do
bem-estar de suas populações eao atendimento de suas necessidades básicas de ma-
neira sustentável, sem deteriorar Ou prejudicara base de recursos que escora o de-
senvolvimento. O desenvolvimento sustentável exige um reforço dos investimentos
e isso exige recursos financeiros internos e externos. O investimento privado exter-
no eo retomo de capital de giro, que dependem de um clima saudável de investi-
mentos, são uma fonte importante de recursos financeiros. Muitos países em desen-
volvimentoexperimentaram, durante até uma década, uma situação de transferência
líquida negativa de recursos fmanceiros, durante a qual suas receitas fmanceiras
eram excedidas pelos pagamentos que eram obrigados a fazer, particularmente com
o serviço da dívida. Como resultado, recursos mobilizados internamente tiveram
que ser transferidos para o exterior, em lugar de serem investidos localmente na pro-
moção do desenvolvimento econÔmico sustentável.
2.24. Para muitos países em desenvolvimento, a retomada do desenvolvimen-
to só poderá ter lugar a partir de uma solução durável para os problemas do endivi-
damento externo, levando-se em conta que, para muitos países em desenvolvimento,
os encargos da dívida externa são um problema considerável. Nesses países o encar-
go dos pagamentos dos juros da dívida impôs graves restrições a sua capacidade de
acelerar o crescimento e erradicar a pobreza e ocasionou uma retração das importa-
ções, dos investimentos e do consumo. O endividamento externo emergiu como fa-
tor preponderante na estagnação econÔmica dos países em desenvolvimento. A im-
plementação permanente e vigorosa da.estratégia internacional da dívida, em cons-
tante evolução, temo objetivo de restaurar a viabilidade fmanceira externa dos paí-
ses devedores; a retomada de seu crescimento e desenvolvimento contribuiria para a
obtenção de crescimento e desenvolvimento sustentáveis. Nesse contexto, é indis-
pensável contar-se com recursos·financeiros adicionais em favor dos países em de-
senvolvimento e utilizarem-se esses recursos de forma eficiente.
Objetivo
2.25. As exigências específicas para a implementação dos programas setoriais
e intersetoriais incluídos rui Agenda 21 são examinadas nas áreas de programas cor-
respondentese no Capítulo 33, intitulado "Recursos eMecanismos de Financiamento".
Agenda 21 Capítulo 2 21
Atividades
(a) Cumprimento das metas internacionais do financiamento oficial para o desen-
volvimento
2.26. Como discutido no Capítulo 33, devem ser oferecidos recursos novos e
adicionais em apoio aos programas da Agenda 2I.
(b) Análise da questão da dívida
2.27. No que diz respeito à dívida externa. assumida junto a bancos comer-
ciais, reconhecem-se os progressos que vêm·sendo feitos graças à nova estratégia da
dívida e estimula-se uma implementação mais rápida dessa estratégia. Alguns países
já se beneficiaram da combinação de políticas saudáveis de ajuste à redução da dívi-
da contraída junto aos bancos comerciais, ou medidas equivalentes. A comunidade
internacional estimula:
(a)Outros países com dívidas· onerosas junto. a bancos a negociar. com.seus
credores medidas análogasde'redução de sua dívida junto aos bancos comerciais;
(b)Aspartes envolvidas nessa negociação a não deixarem de atribuir a devida
importância à redução da dívida a médio prazo e àsnovas exigências de recursos do
país devedor;
(c)As instituições multilaterais ativamente envolvidas nanova estratégiainter-
nacional da dívida a manter seu apoio aos conjuntos de medidas de redução da dívi-
da relacionados a dívidas contraídas junto a bancos comerciais, comvistas a garantir
que a magnitude de taisfmanciamentos esteja de·acordo com o desdobramento da
estratégia da dívida;
(d)Os bancos credores a participar da redução da dívida e dos juros da dívida;
(e)Políticas reforçadas destinadas a atrair o investimento direto, a evitar níveis
insustentáveis de endividamento e a promover a volta do capital de giro.
2.28. Com relação à dívida contraída junto aos credores oficiaisbilaterais, são
bem-vindas as medidas recentemente adotadas pelo Clube de Paris, relativamente a
condições mais generosas dedesafogo.para com os países mais pobres e mais endi-
vidados. São bem-vindos, igualmente, os esforços atualmenteenvidados para imple-
mentar essas medidas, advindas das "condições de Trinidad", de modo compatível
com a possibilidade de pagamento desses países e de forma a dar apoio adicional a
seus esforços de reforma econômica; É especialmente bem-vinda, ad~mais, a redu-
ção substancial da dívida bilateral, empreendida por algunS países credores; outros paí-
ses que tenham condições de fazer o mesmo são estimulados a adotar ação similar.
2.29. São dignas.de elogios as ações dos países de. baixa renda com encargos
substanciais da dívida que continuam, com grande dificuldade, a pagar os juros de
suas dívidas e a salvaguardar sua credibilidade enquanto .devedores. Atenção espe-
cial deve ser dedicada a suas necessidades de recursos..Outros países em desenvol~
vimento afligidos pela dívida e que envidam grandes esforços para não deixar de pa-
gar os juros de suas dívidas e honrar suas obrigações fmanceiras externas também
merecem a devida atenção.
2.30.Em relação à dívida multilateral, insiste-se qlle deve. set;' dedicada séria
atenção à continuidade do trabalho em prol de soluções voltadas para o crescimento
22 Agenda 21 Capítulo 2
no que diz respeito aos problemas dos países em desenvolvimento com graves difi-
culdadespara.opagamento dos juros da dívida. inclusivé aqueles cuja. dívida foi
contraída basicamente junto a credores oficiais ou instituições financeiras multilate-
rais. Particularmente no caso de países de baixa renda em processo de reforma eco-
nÔmica. são bem-vindos o apoio das instituições financeiras multilaterais sob a for-
ma de novos desembolsos, bem como o uso de seus fundos em condições favorá-
veis;. Devem-se continuar utilizando.grupos de apoio na provisão de recursos para
saldar os atrasos no pagamento de países. que venham encetando vigorosos progra~
mas de reforma econômica apoiados pelo FMI e pelo Banco Mundial. As medidas
adotadas pelas instituições financeiras multilaterais, como orefmanciamento dos ju-
ros sobre os empréstimos cedidos em condições comerciais com reembolsos à AID
- a chamada "quinta dimensão" -, são muito bem-vindos.
Meios de implementação
(a) Financiamento e estimativa de custos*
D.EsWnulo a polfticas econômicas favoráveis ao desenvolvimento sustentá-
vel
Base para a ação
2.31.Devido ao clima internacional deSfavorável que afeta os países em de-
senvolvimento, a mobilização de recursos internos ea alocação e utilização eficazes
dos recursos mobilizados internamente tomam-se especialmente importantes no fo-
mento ao desenvolvimento sustentável.Em diversos países são necessárias políticas
voltadas para a correção da má orientação dos gastos públicos, dos marcados défi-
cits orçamentários e outros desequilíbrios macroeconÔmicos, das políticas restritivas
e distorções nas .áreas· das taxas de .câmbio, investimentos e fmanciamento, bem
como dos obstáculos à atividade empresarial. Nos países desenvolvidos as reformas
e ajustes constantes das políticas, inclusive com taxas adequadas de poupança. po-
dem contribuir para gerar recursos que apóiem a transição para o desenvolvimento
sustentável, tanto nesses países como nos países em desenvolvimento.
2.32.Umbom>gerenciamento, que favoreça a associação entre uma adminis-
. tração pública eficaz, eficiente, honesta. eqüitativa e confiável e os direitos e oportu-
nidades· individuais, é elemento fundamental para um desenvolvimento sustentável,
com base ampla e um desempenho econÔmico· saudável eIIl todos os planos do de-
senvolvimento. Todos os países devem redobrar seus esforços para errádicar o ge-
renciamento inadequado dosneg6cios públicos. e privados, inclusive a corrupção,
levando em conta os fatores responsáveis por esse fenÔmeno e os agentes nele en-
volvidos.
2.33.Muitospaísesem desenvolvimento endividados estão passando por pro-
gramas de ajuste estrutural relacionados ao reescalonamento da dívida ou a novos
empréstimos. Embora tais •. programas sejam necessários para melhorar o equilíbrio
entre os orçamentos fiscais e as contas da balança de pagamentos, em alguns casos
eles produziram efeitos sociais e ambientais adversos,como cortes nas verbas desti-
* Ver Capítulo 33 ("Recursos e mecanismos financeiros").
Agenda 21 Capítulo 2 23
nadas aos setores da saúde, doensinoeda proteção ambiental. É importante velar
para que os programas de ajuste estrutural não tenham impactos.negativos· sobre o
meio ambiente eo desenvolvini.ento social,·para que tais programas sejam mais
compatíveis com os objetivos do desenvolvimento sustentável.
Objetivo
2.34.Énecessário estabelecer, à luz das condições específicas de cada país, re-
formas das políticas econômicas que promovam o planejamento e autilização.efi-
cientes dos recursos para o desenvolvimentõ. sustentável por meio de políticas eco-
nômicas e sociais saudáveis; que fomentem a atividade empresarial e·a incorporação
dos custos sociais e ambientais à determinação do preço dos recursos; e queelimi-
nem as fontes de distorção na esfera do comércio e.dos investimentos.
Atividades
(a) Atividades relacionadas a gerenciamento
Promoção de políticas econômicas saudáveis
2.35.0s países industrializados e outros países em posição de fazê-lo devem
intensificar seus esforços para:
(a)Estimular um ambiente econômico internacional estável e previsível, espe-
cialmente no que diz respeito a estabilidade monetária, taxas reais de interesse e flu-
tuação das taxas de câmbio fundamentais;
(b)Estimular a poupança e reduzir osdéficits fiscais;
(c)Assegurarque nos processos de coordenação de políticas sejam levados em
conta os interesses e preocupações dos países em desenvolvimento, inclusive a ne-
cessidade de promover medidas positivas para apoiar os esforços dos países de menor
desenvolvimento relativo para pôr fim a sua marginalização na economia mundial;
(d)Dar início a políticas nacionais macroeconômicas e estruturais adequadas à
promoção de um crescimento não inflacionário., reduzir seuspri.Qcipais desequilí-
brios externos e aumentara capacidade de ajuste de suas economias.
2.36.0s países em desenvolvimento devem. considerar a possibilidade. de in-
tensificar seus esforços para implementar políticas econômicas saudáveis, com o ob-
jetivo de:
(a)Manter a disciplina monetária e fiscal necessária à promoção da estabilida-
de dos preços e do equilíbrio externo;
(b)Garantir taxas de câmbio realistas;
(c)Aumentar a poupança e o investimento internos e ao mesmotempomelho-
rar a rentabilidade dos investimentos.
2.37.Mais especificamente, todos os países devem desenvolver políticas que
aumentem a eficiência na alocação de recursos e aproveitem plenamente as oportu-
nidades oferecidas pelas mudanças no ambiente econômico mundial. Em.especial,
sempre que adequado e levando em conta as estratégias e objetivos nacionais, os
países devem:
(a)Eliminar as barreiras ao progresso decorrentes de ineficiências burocráti-
cas, os freios administrativos, os controles desnecessários e o descuido das con-
dições de mercado;
24 Agenda 21 Capitulo 2
(b)Promover a transparência na administração e na tomada de decisões;
(c)Estimular o setor privado e fomentar a atividade empresarial eliminando os
obstáculos institucionais à criação de empresas e à entrada no mercado. O objetivo
essencial seria simplificar ou eliminar as restrições, regulamentações e fonnalidades
que tomam mais complicado, oneroso e lento criar empresas e colocá-las em funcio-
namento em vários países em desenvolvimento;
(d)Promover e apoiar os investimentos e a infra-estrutura necessários ao cies~
cimento econômico e·à diversificação sustentáveis sobre uma base ambientalmente
saudável e sustentável;
.(e)Abrlr espaço para a atuação de instrumentos econômicos adequados, inclu~
sive mecanismos de mercado, em conformidade com os objetivos do desenvolvi-
mento sustentável e da satisfação das necessidades básicas;
(t)Promover o funcionamento de sistemas fiscais e setores fmanceirosefica-
zes;
(g)Criar oportunidades para que as empresas de pequeno porte, tanto agrícolas
como de outlPs tipos, bem como os populações indígenaseas comunidades locais,
possam contribuir plenamente para a conquista do desenvolvimento sustentável;
(h)Eliminaras atitudes contrárias às exportações. e favoráveis à substituição
ineficiente de importações e estabelecer políticas que permitam um pleno aproveita-
mento dos fluxos de investimento externo, no· quadro dos objetivos nacionais so-
ciais, econômicos e do desenvolvimento;
(i)Promover a criação de um ambiente econômico interno favorável a um
equilíbrio ótimo entre a produção para o mercado interno e a produção para a expor-
tação.
(b) Cooperação e coordenação internacionais e regionais
2.38.0s Governos dos países desenvolvidos e os Governos de outros países
em condições de fazê-lo, diretamente ou por meio das organizações internacionais e
regionais adequadas e das instituições fmanceiras internacionais, devem aumentar
seus esforços para oferecer aos países em desenvolvimento uma maior assistência
técnica no seguinte:
(a)Fortalecimento institucional e técnica no que diz respeito a elaboração e
implementação de políticas econômicas, quando solicitado;
(b)Elaboração e operação de sistemas fiscais, sistemas contábeis e setores fi-
nanceiros eficientes;
(c)Promoção da atividade empresarial.
2.39.As instituições fmanceiras e de desenvolvimento internacionais devem
analisar mais detidamente seus programas e políticas, à luz do objetivo do desenvol-
vimento sustentável.
2.40.Há muito aceitou-se uma cooperação econômica mais intensa entre os
países em desenvolvimento, considerando-se ser esse um fator importante nos esfor-
ços voltados para a promoção do crescimento econômico e das capacidades tecnoló-
gicas, bem como para a aceleração do desenvolvimento no mundo em desenvolvi-
mento. Em decorrência, a comunidade internacional deve reforçar e continuar
Agenda 21 Capítulo 2 25
apoiando os esforços dos países em desenvolvimento para promover, entre si, a coo-
peração econÔmica.
Meios de. implementação
(a) Financiamento e estimativa de custos
2.41.0 Secretariado da Conferência estimou o custo total anual médio (1993-
2000) da implementação das atividades desta área de programas em cerca de $$0
milhões de dólares, a seremprovidos pela comunidade internacional em termos con-
cessionais ou de doações. Estas são estimativas apenas indicativas e aproximadas,
não revisadas pelos Governos. Os custos reais e os termos financeiros, inclusive os
não concessionais, dependerão, inter alia, das estratégias e programas específicos
que os Governos decidam adotar para a implementação.
(b) Fortalecimento institucional
2.42.As alterações de políticas nos países em .desenvolvimento .mencionadas
acima envolvem consideráveis esforços nacionais de fortalecimento institucional e
técnica nas áreas da administração pública, do. sistema bancário central, da adminis-
tração fiscal, das instituições de poupança e dos mercados fmanceiros.
2.43.0s esforços especiais .que venham a ser envidados em prol daimplemen-
tação das quatro áreas de programasidentificadas neste capítulo justificam-se, tendo
em vista a especial gravidade dos problemas ambientais. e do desenvolvimento nos
países de menor desenvolvimento relativo.
26 Agenda 21 Capítulo 2
Capítulo 3
COMBATE À POBREZA
ÁREA DE PROGRAMAS
Capacitação dos pobres para a obtenção de meios de subsistência sustentá-
veis
Base para a ação
3.1. Apobreza.é um problema complexo e multidímensional,com origem ao
mesmo tempo na área nacional e na área intemacionaLNão é possível encontrar
uma solução uniforme,comaplica:ção UniversaLpara o combate à pobreza. Antes, é
fundamental ,para a solução desse.problemaque se desenvolvam programas especí-
ficos para cada .país; com atividad~ internacionais de apoio às nacionais e com um
processo paralelo de criação dewhambienteinternacional de apoio. Aerradicação
da pobreza. e dafome, maior/eqüidade na dístribuição da renda e desenvolvimento
de recursos humanos: esses desafios continuam sendo consideráveis em toda parte;
O combate à pobreza é uma responsabilidade conjunta de todos os países.
3.2. Uma política de meio ambiente vóltada sobretudo para a conservação e a
proteção dos recursos; deve considerar devidamente aqueles que dependem dosre-
cursos para. sua sobrevivência, ademais·de gerenciar os recursos de forma sustentá-
vel. Não sendo .assim,· tal política poderia ter um impacto adverso tanto sobre o
combate à pobreza.como sobre as possibilidades de êxito a longo prazo da conserva-
ção dos recursos edomeio ambiente, Do mesmo modo, qualquer política de desen-
volvimento voltada principalmente para o aumento da produção de bens, caso deixe
de levar em conta a sustentabilidade dos recursos sobre os quais se baseia a produ-
ção, mais cedo .ou mais.tarde haverá de defrontar-se comum declínio da produtivi-
dade'-- e isso tambémpoderiater um impacto adverso sobre a pobreza. Uma estra-
tégia voltada especificamente para0 combate à pobreza, portanto, é requisito básico
para a existência de desenvolvimento sustentável. Afim de que uma estratégia pos-
sa fazer frente Simultaneamente aos problemas da pobreza, do desenvolvimento e do
meio ambiente, é necessário que se comece por considerar os recursos, a produção e
as pessoas, bem como, simultaneamente, questões demográficas; o aperfeiçoamento
dos.cuidadoscomasaúde ea educação, os direitos da mulher, o papel dos jovens, ..~
dos indígenas edas comunidadésloçais,e, ao mesmo tempo, um processo democrá-
tieo de participação; associado a um aperfeiçoamento de sua gestão.
Agenda21 Capítulo. 3 27
3.3. Faz parte dessa ação, juntamente com o apoio internacional, a promoção
de um crescimento econômico nos países em desenvolvimento - um crescimento
ao mesmo tempo sustentado e sustentável, associado a uma ação direta voltada para
a erradicação da pobreza por meio do fortalecimento dos programas de emprego e
geradores de renda.
Objetivos
3.4. O objetivo a longo prazo - de capacitar todas as pessoas a atingir meios
sustentáveis de subsistência - deve ser um fator de integração que permita às polí-
ticas abordar simultaneamente questões de desenvolvimento, de manejo sustentável
dos recursos e de erradicação da pobreza. Os objetivos dessa área de programas são:
(a)Oferecer urgentemente a todas as pessoas a oportunidade de ganhar a vida
de forma sustentável;
(b)Implementar políticas e estratégias que promovam níveis adequados de fi-
nanciamento e se centrem em políticas integradas de desenvolvimento humano, in-
clusive geração de rendimentos, maior controle local dos recursos, reforço das insti-
tuições locais e do fortalecimento institucional e técnico, bemcomo maior envolvi-
mento das organizações não-governamentais e das autoridades locais enquanto ins-
tâncias de implementação;
(c)Desenvolver, para todas as áreasatingidas.pelapobreza, estratégias e pro-
gramas integrados de manejo saudável esustentável do meio ambiente, mobilização
de recursos, erradicação e mitigação da pobreza, emprego e geração de rendimentos;
(d)Criar, nos planos de desenvolvimento e nos orçamentos nacionais, umnú-
cleo de investimento no capital humano que inclua políticas e programas especiais
dirigidos para as zonas rurais, os pobres das áreas urbanas, mulheres e crianças.
Atividades
3.5. As·atividades que irão contribuir para a promoção integrada de meios de
subsistência sustentáveis e para a proteção do meio ambiente incluem diversas inter-
venções setoriais que envolvem uma série de atores ...,- de locais a globais '- e que
são essenciais em todos os planos, especialmente no nível da comunidade e no nível
local. Nos.planos nacional e internacional serão necessárias ações habilitadorasque
levem plenamente em conta as situações regionais e sub-regionais, pois elas irão
apoiar uma abordagenS· em nível local, adaptada às especificidades. de cada país.
Vistos de modo abrangente, os programas devem:
(a)Centrar-se na atribuição de poder aos grupos locais e comunitários por
meio do princípio da delegação de autoridade, prestação de contas e alocação de re-
cursos ao plano mais adequado, garantindo assim que o programavenha a estar
adaptado às especificidades geográficas e ecológicas;
(b)Conter medidas imediatas que capacitem esses grupos a mitigar a pobreza
e a desenvolver sustentabilidade;
(c)Conter uma estratégia de longo prazo voltada,para o estabelecimento das
melhores condições possíveis para um desenvolvimento sustentávelloca1,regionale
nacional que elimine a pobreza e reduza as desigualdades entre os diversos grupos
populacionais. Essa estratégia deve assistir aos grupos que estejam em posição mais
28 Agenda 21 Capítulo 3
desvantajosa - particulannente, no interior desses grupos, mulheres,·crianças e jo-
vens -' e aos refugiados. Tais grupos·devem·incluir os pequenos proprietários po-
bres, os pastores, os artesãos, as comunidades de pescadores, os sem-terra, as comu-
nidades autóctones, os migrantes e o setor informal urbano.
3,6. O essencial é adotar medidas destinadas especificamente a abranger di-
versos setores, especialmente nas áreas do ensino básico, do atendimento primário
da saúde, do atendimento às mães e do.progresso da mulher.
(a) Delegação de poder às comunidades
3.7. O desenvolvimento sustentável deve ser atingido. em todos os níveis da
sociedade. As organizações populares, os grupos· de mulhereseas organizações
não-governamentais são fontes importantes de inovação e ação no plano local etêm
marcado interesse, bem como· capacidade comprovada, de promover a subsistência
sustentável. Os Governos, em cooperação com as organizações internacionais e não-
governamentais adequadas, devem apoiar uma abordagem da sustentabilidade con-
duzida pela comunidade, que inclua, inter alia:
(a)Dar autoridade às mulheres por meio de sua participação plena na tomada
de decisões;
(b)Respeitar a integridade cultural e os direitos dos indígenas e de suas comu-
nidades;
(c)Promover ou estabelecer mecanismos populares que possibilitem a troca de
experiência e conhecimento entre as comunidades;
(d)Dar às comunidades ampla medida de.participação no .manejo sustentável e
na proteção dos recursos naturais locais, para· com isso fortalecer sua·capacidade
produtiva;
(e)Estabelecer uma rede de centros de ensino baseados na comunidade com o
objetivo de promover o fortalecimento institucional e técnico e o desenvolvimento
sustentável.
(b) Atividades relacionadas a Governos
3.8. Os Governos, com o auxílio e a cooperação/das organizaçõesinternacio-
nais, não~governamentaise comunitárias locais adequadas, devem estabelecer medi-
das que, direta ou indiretamente:
(a)Geremoportunidades de emprego remunerado e· de trabalho produtivo
compatíveis com os elementos específicos de cada país, em escala suficiente para
absorver os possíveis aumentos da força de trabalho e cobrir a demanda acumulada;
(b)Com apoio internacional, quando necessário, desenvolvam uma infra-estru-
tura adequada, sistemas de comercialização, de tecnologia, de crédito e similares,
juntamente com os recursos humanos necessários para apoiar as ações enumeradas
acima, e oferecer maior número de opções às pessoas com recursos escassos. Deve
ser atribuída alta prioridade ao ensino básico e ao treinamento profissional;
(c)Provenham aumentos substanciais à produtividade dos recursos economi-
camente rentáveis, e adotem·· medidas que favoreçam o beneficiamento adequado
das populações locais no uso dos recursos;
(d)Confiram condições às organizações comunitárias e à população em geral
Agenda 21 Capítulo 3 29
de atingir meios sustentáveis de subsistência;
(e)Criemum sistema eficaz de atendimento primário dàsaúde e de atendimen-
to das mães, acessível para todos;
(f)Considerem a possibilidade de fortalecer ou criar estruturas jurídicas para o
manejo da terra e o acesso aos recursos terrestres e à propriedade da terra,.,- parti-
cularmente no que diz respeito à mulher - e para a proteção dos rendeiros;· ..
(g)Reabilitem, na medida do possível, os recursos degradados, introduzindo
medidas políticas que promovam o uso sustentável dos recursos necessários à satis-
fação das necessidades humanas·básicas;
@1)Estabeleçam novos mecanismos baseados na: comunidade e fortaleçam me-
canismos já existentes a fim de possibilitar o acesso permanente das comunidades
aos recursos necessários para que os pobres superem sua pobreza;
(i)Implementem mecanismos de participação popular - particularmente·· de
pessoas pobres, especialmente de mulheres- nos grupos comunitários locais, com o
objetivo de promover o desenvolvimento sustentável;
(j)Implementem, em caráter de urgência, de acordo comas condições e os sis-
temas jurídicos específicos de cada país, medidas que garantam a mulheres e ho-
menso mesmo direito.de decidir livre e responsavelmente o número de filhos que
querem ter e o espaçamento entre eles, e tenham acesso à informação, à educação e
aos meios pertinentes que lhes possibilitem exercer esse direito em conformidade
com sua liberdade, dignidade e valores pessoais; levando em contafatores éticos e
culturais. Os Governos devem tomar medidas concretas a fim de implementar pro-
gramas para o estabelecimento e fortalecimento dos serviços preventivos ecurativos
na área da saúde, que incluam um atendimento seguro e eficaz da saúde reprodutiva
centrado na mulher, gerenciado por mulheres,· e serviços acessíveis, baratos, condizen-
tes comas necessidades, para o planejamento responsável do tamanho· da família, em
conformidade com a liberdade, a dignidade e os valores pessoais, levando em conta fa-
tores éticos e culturais. Os programas devem centrar-se no fornecimento de serviços ge-
rais de saúde, inclusive acompanhamento pré-natal, educação e informação sobre saúde
e paternidade responsável, e dar oportunidade a todas as mulheres de amamentar ade-
quadamente seus filhos, ao menos durante os primeiros quatro meses após o parto. Os
programas devem apoiar plenamente os papéisprodútivo e reprodutivo da mulher, bem
como seu bem-estar, com especial atenção para a necessidade de proporcionarmelhores
serviços de saúde a todas as crianças, em.condições de igualdade, e para a necessidade
de reduzir o risco de mortalidade e as enfermidades de mães e filhos;
(k)Adotem políticas integradas voltadas:paraa sustentabilidade no manejo dos
centros urbanos;
(l)Empreendam atividades voltadas para a promoção da segurança alimentar
e, quando adequado, da auto-suficiência alimentar no contexto da agricultura. sus~
tentável;
(m)Apóiem as pesquisas .sobre os métodos tradicionais de produção que se te-
nham demonstrado ambientalmente sustentáveis e a integração desses métodos;
(n)Procurem .ativamentereconhecereintegrarna economia as atividades do
30 Agenda 21 Capítulo 3
setor infonnal, com a remoção de regulamentações e obstáculos que discriminem as
atividades desse setor;
(o)Considerem a possibilidade de abrir linhas de crédito e outras facilidades
para o setor informal, bem como de facilitar o acesso à terra para os pobres sem-ter-
ra, para que estes possam. adquirir meios de produção e obtenham acesso seguro aos
recursos naturais. Em muitas instâncias é preciso especial atenção com respeito à
mulher. Esses programas devem ter sua exeqüibilidade rigorosamente avaliada, a
fIm de que os benefIciários de empréstimos não sofram crises motivadas pelas dívi- .
das;
CP)Proporcionar aos pobres acesso aos serviços de abastecimento de água po-
tável e saneamento;
(q)Proporcionar aos pobres acesso à educação primária.
(c) Dados, informação e avaliação
3.9; Os Governos develllaperfeiçoar a coleta de informações sobre os grupos-
meta e as áreas-meta a fIm de facilitar a elaboração dos programas e atividades a
eles dirigidos '--'-'.compatíveiscomas necessidades e aspirações dos grupo-meta. A
avaliação desses programas deve levar em conta a situação da mulher, visto que as
mulheres são um grupo especialmente desfavorecido.
(d) Cooperação e coordenação internacionais e regionais
3.10.0 Sistema das Nações Unidas, por meio de seus órgãos e organizações
pertinentes e em cooperação com os EstadosMembroseas organizações internacio-
nais enão-govemamentais pertinentes,deve·atribuir prioridademáximaàmitigação
da pobreza e deve:
•(a)Assistir ·osGovernos,· quando· solicitado, ná fonnulação e ·implementação
de programas nacionais de ação voltados para a mitigaçãoda pobreza e o desenvol-
vimento sustentável. A esse respeito, deve~se ver com especial atenção as atividades
práticas relacionadas a esses objetivos, como as de erradicação da pobreza e os· pro-
jetos e programas suplell1entados, quando pertinente, por ajuda alimentar; também é
preciso apoiar especialmente o emprego e a geração de rendimentos;
(b)Promover cooperação técnica entre os países em desenvolvimento nas ati-
vidades destinadas a erradicar a pobreza;
(c)Fortalecer as estruturas existentes no sistema das Nações Unidas para a
coordenação das medidas relacionadas à erradicação da pobreza, inclusive com o es-
tabelecimento de um centro de coordenação para o intercâmbio de informações e a
fonnulação e implementação de projetos experimentais reprodutíveis de luta contra
a pobreza;
(d)No acompanhamento da implementação da Agenda 21, atribuir alta priori-
dade à avaliação dos progressos realizados na erradicação da pobreza;
(e)Examinar a estrutura econômica internacional, inclusive os fluxos de recur-
sos e os programas de ajuste estrutural, para certifIcar-se de que as preocupações so-
ciais e ambientais são levadas em consideração e, a esse respeito, fazer uma avalia-
ção da política das organizações, órgãos e agências internacionais, inclusive das ins-
tituições fmanceiras, para garantir a continuidade da oferta de serviços básicos aos
Agenda 21 Capítulo 3 31
pobres e necessitados;
(f)Promover a cooperação internacional para atacar as causas essenciais/da
pobreza. O processo de desenvolvimento/não adquirirá impulso enquanto os países
em desenvolvimento se mantiverem oprimidos pela dívida externa, o financiamento
para o desenvolvimento for insuficiente, houver barreiras restringindo·o acesso aos
mercados, e os preços dos produtos básicos e as condições do comércio nos países
em desenvolvimento permanecerem em depressão.
Meios de implementação
(a) Financiamento e estimativa de custos
3.11.0 Secretariado da Conferência estimou o custo total anual médio.(1993-
2000) da implementação das atividades deste programa em cerca.de $30 bilhões de
dólares, inclusive cerca de $15 bilhões de dólares a serem providospela comunida-
de internacional em termos concessionais ou de doações. Estas são estimativas ape~
nas indicativas e aproximadas, não revisadas pelos Governos. Estas estimativas
coincidem em parte com as estimativas de outros trechos da Agenda 21. Os custos
reais e os termos fmanceiros, inclusive os não concessionais, dependerão, inter alia,
das estratégias e programas específicos que os Govemos decidam adotar para a im-
plementação. .
(b) Fortalecimento Institucional
3.12.Um fortalecimento institucional e técnico de caráternacional para a im-
plementação das atividades acima relacionadas é fundamental e deve receber trata-
mento de alta prioridade. É particularmente importante centrar o fortalecimento ins-.
titucional e técnico no plano das comunidades locais, a ftm de criar as bases para
uma abordagem da sustentabilidade empreendida pela comunidade, e estabelecer e
fortalecer mecanismos .que pennitam a troca de experiência e .conhecimentos entre
os grupos comunitários, tanto a nível nacional como internacional. Essas' atividades
implicam exigências consideráveis, relacionadas às várias áreas pertinentes da
Agenda 21; em decorrência, é preciso .contar com o apoio fmanceiro e tecnológico
internacional.
32 Agenda 21 Capítulo 3
Capítulo 4
MUDANÇA DOS PADRÕES DE CONSUMO
4.l.Este capítulo contém as seguintes áreas de programas:
(a)Exame dos padrões insustentáveis de produção e consumo;
(b)Desenvolvimento de políticas e estratégias nacionais de estímulo a mudan-
ças nos padrões insustentáveis de consumo.
4.2.Por ser muito abrangente, a questão da mudança dos padrões de consumo
é focalizada em diversos pontos da Agenda 21, em especial nos que tratam de ener-
gia, transportes e resíduos, bem como nos capítulos dedicados aos instrumentos eco-
nômicos e à transferência de tecnologia. A leitura do presente capítulo deve ser as-
sociada, ainda, ao capítulo 5 (Dinâmica e sustentabilidade demográfica) da Agenda.
ÁREAs DE PROGRAMAS
A. Exame dos padrões insustentáveis de produção e consumo
Base para a ação
4.3.A pobreza e a degradação do meio ambiente estão estreitamente relaciona-
das. Enquanto a pobreza tem como resultado determinados tipos de pressãoambien-
tal, as principais causas da deterioração ininterrupta do meio ambiente mundial são
os padrões insustentáveis de consumo e produção, especialmente nos países indus-
trializados. Motivo de séria preocupação, tais padrões de consumo e produção pro-
vocam o agravamento da pobreza e dos desequilíbrios~
4.4.Como parte das medidas a serem adotadas no plano internacional para a
proteção e a melhorado meio ambiente é necessário levar plenamente em conta os
atuais desequilíbrios nos padrões mundiais de consumo e produção.
4.5.Especial atençãodeve ser dedicada à demanda de recursos naturai~gerada
pelo consumo insustentável,·bem como.ao uso.eficiente.desses recursos, coerente-
mente com o objetivo de reduzir ao mínimo o esgotamento desses recursos e de re-
duzir a poluição. Embora em determinadas partes do ll1undo os padrões de consumo
sejam muito altos, as necessidades básicas do consumidor deuro amplo segmento
da humanidade não estão sendo atendidas~ Isso se.traduz em demanda excessiva e
estilos de vida insustentáveis nos segmentos mais ricos, que exercem imensas pres-
sões sobre o meio ambiente. Enquanto isso os segmentos mais pobres não.têm con-
dições de ser atendidos em suas necessidades de alimentação, saúde, moradia e edu-
Agenda 21 Capítulo 4 33
--oi.
cação. A mudança dos padrões de consumo exigirá uma estratégia multifacetada
centrada na demanda, no atendimento das necessidades básicas dos pobres e na re-
dução do desperdício e do uso de recursos finitos no processo de produção.
4.6.Malgrado o reconhecimento crescente da importância dos problemas rela-
tivos ao consumo, ainda não houve uma compreensão plena de suas implicações.
Alguns economistas vêm questionando os conceitos tradicionais do crescimento
econômico e sublinhando a importância de que se persigam objetivos econômicos
que levem plenamente em conta o valor dos recursos naturais. Para que haja condi-
ções de fonnular políticas internacionais e nacionais coerentes é preciso aumentar lo
conhecimento acerca do papel do consumo relativamente ao crescimento econômico
e à dinâmica demográfica.
Objetivos
4.7.É preciso adotar medidas que atendam aos seguintes objetivos amplos:
(a)Promover padrões de consumo e produção que reduzam as pressões am-
bientais e atendam às necessidades básicas da humanidade;
(b)Desenvolver uma melhor compreensão do papel do consumo e da forma de
se implementar padrões de consumo mais sustentáveis.
Atividades
(a) Atividades relacionadas a gerenciamento
Adoção de uma abordagem internacional para obter padrões de conswn'o
sustentáveis
4.8.Em princípio, os países devem orientar-se pelos seguintes objetivos bási-
cos em seus esforços para tratar da questão do consumo e dos estilos de vida no
contexto de meio ambiente e desenvolvimento:
(a)Todos os países devem empenhar-se na promoção de padrões sustentáveis
de consumo;
(b)Os países desenvolvidos devem assumir a liderança na obtenção de padrõ-
es sustentáveis de consumo;
(c)Em seu processo de desenvolvimento, os países em desenvolvimento devem
procurar atingir padrões sustentáveis de consumo, garantindo o atendimento das neces-
sidades básicas dos pobres e, ao·mesmo tempo, evitando padrões insustentáveis, espe-
cialmente os dos países industrializados, geralmente considerados especialmente noci-
vos ao meio ambiente, ineficazes e dispendiosos. Isso exige um reforço do apoio tecno-
lógico e de outras formas de assistência por parte dos países industrializados.
4.9.No acompanhamento da implementação da Agenda 21, a apreciaçãodo
progresso feito na obtenção de padrões sustentáveis de consumo deve receber alta
prioridade.
(b)Dados e informações
Execução de pesquisas sobre o conswno
4.l0.A fim de apoiar essa estratégia ampla os Governos e/ou institutos privaL
dos de pesquisa responsáveis pala fonnulação de políticas,·com o auxílio das orga-
nizações regionais e internacionais que tratam de economia e meio ambiente, devem
fazer um esforço conjunto para:
34 Agenda 21 Capítulo 4
(a)Expandir ou promover bancos de dados sobre a produção e o consumo e
desenvolver metodologias para analisá-los;
(b)Avaliar as conexões entre produção e consumo, meio ambiente, adaptação
e inovação tecnológicas, crescimento econômico e desenvolvimento, e fatores de-
mográficos;
(c)Examinar o impacto das alterações em curso sobre a estrutura dasecono-
mias industriais modernas que venham abandonando o.crescimento econômico com
elevado emprego de matérias-primas;
(d)Considerar de que modo as economias podem crescer e prosperar e, ao
mesmo tempo, reduzir o uso de energia e matéria-prima ea produção de materiais
nocivos;
(e)Identificar, em nível global, padrões equilibrados de consumo que a Terra
tenha condições de suportara longoprazo;
Desenvolvimento de novos conceitos de crescimento econômico sustentável e
prosperidade
4.11.Convém ainda considerar os atuais· conceitos de crescimento econÔ-
mico e a necessidade de que se criem novos conceitos de riqueza e prosperidade,
capazes de permitir melhorianos níveis de vida por meio de modificações nos
estilos de vida que. sejam menos dependentes dos recursos fmitos da Terra e
mais harmônicos com sua capacidade produtiva. Isso deve refletir-se na elabora-
ção de novossistemas de contabilidade nacional e em outros indicadores do de-
senvolvimento sustentável.
(c) Cooperação e coordenação internacionais
4.12.Conquanto existam processos internacionais de análise dos fatores eco-
nÔmicos, demográficos ede desenvolvimento, é necessário dedicar mais atenção às
questões relacionadas aos padrões de consumo e produção, ao meio ambiente e aos
estilos de vida sustentáveis.
4.13.No acompanhamento da implementação da Agenda 21 deve ser atribuída
alta prioridade ao exame do papel e do impacto dos padrões insustentáveis de pro-
dução e consumo, bem como de suas relações com o desenvolvimento sustentável.
Meios de implementação
(a) Financiamento e estimativa de custos
4.14.0 Secretariado da Conferência estimou que a hnplementação deste pro-
grama provavelmente não irá exigir novos recursos fmanceiros significativos.
B. Desenvolvimento de políticas e estratégias nacionais para estimular mu-
danças nos padrões insustentáveis de consumo
Base para a ação
4.15A fIm de que se atinjam os objetivos de qualidade ambiental e desenvol-
vimento sustentável será necessário efIciência na produção e mudanças nos padrões
de consumo para dar prioridade ao uso ótimo dos recursos e à redução do desperdí-
cio ao mínimo. Em muitos casos, isso irá exigiruma reorientação dos atuais padrões
de produção e consumo, desenvolvidos pelas sociedades industriais e por sua vez
imitados em boa parte do mundo.
Agenda 21 Capítulo4 35
4.16.É possível progredir reforçando as tendências e orientações positivas
que vêm emergindo como parte integrante de um processo voltado para a concreti-
zação de mudanças significativas nos padrões de consumo de indústrias, Governos,
famílias e indivíduos.
4.17.Nos anos vindouros os Governos, trabalhando em colaboração com as
instituições adequadas, devem procurar atender aos seguintes objetivos amplos:
(a)Promover a eficiência dos processos de produção e reduzir o consumo per-
dulário no processo de crescimento econômico, levando em conta as necessidades
de desenvolvimento dos países em desenvolvimento;
(b)Desenvolver uma estrutura política interna que estimule a adoção de padrõ-
es de produção e consumo mais sustentáveis;
(c)Reforçar, de um lado, valores que estimulem padrões de produção e consu-
mo sustentáveis; de outro, políticas que estimulem a transferência de tecnologias
ambientalmente saudáveis para os países em desenvolvimento.
Atividades
(a) Estfmulo a uma maior eficiência no uso da energia e dos recursos
4.18.A redução do volume de energia e dos materiais utilizados por unidade
na produção de bens e serviços pode contribuir simultaneamente para a mitigação
da pressão ambiental e o aumento da produtividade e competitividade econÔmica e
industrial. Em decorrência, os Governos, em cooperação com a indústria, devem in-
tensificar os esforços para utilizar a energia e os recursos de modo economicamente
eficaz e ambientalmente saudável, como se segue: '
(a)Com o estímulo à difusão das tecnologias ambientalmente saudáveis já
existentes;
(b)Com a promoção da pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias ambien-
talmente saudáveis;
(c)Com o auxílio aos países em desenvolvimento na utilização eficiente des-
sas tecnologias e no desenvolvimento de tecnologias apropriadas a suas circunstân;-
cias específicas;
(d)Com o estímulo ao uso ambientalmente saudável das fontes de energia no-
vas e renováveis;
(e)Com o estímulo ao uso ambientalmente saudável e renovável dos recursos
naturais/renováveis.
(b) Redução ao mínimo da geração de resíduos
4.19.Ao mesmo tempo, a sociedade precisa desenvolver formas eficazes de li~
dar com o problema da eliminação de um volume cada vez maior de resíduos. Os
Governos, juntamente com a indústria, as famílias e o público em geral, devem en-
vidar um esforço conjunto para reduzir a geração de resíduos e de produtos descar~
tados, das seguintes maneiras:
(a)Por meio do estímulo à reciclagem no nível dos processos industriais e do
produto consumido;
(b)Por meio da redução do desperdício na embalagem dos produtos;
36 Agenda 21 Capítulo 4
(c)Por meio do.estímulo à introdução de novos produtos ambientalmente sau-
dáveis.
(c) Auxz1io a indivíduos e famílias na tomada de decisões ambientalmente saudáveis
de compra
4.20.0 recente surgimento, em muitos países, de um público consumidor mais
consciente do ponto de vista ecológico, associado a um maior interesse, por parte de
algumas indústrias, em fornecer bens de consumo. mais saudáveis ambientalmente,
constitui acontecimento significativo que deve ser estimulado. Os Governos e as or-
ganizações internacionais, juntamente com o setor privado, devem desenvolver cri-
térios. e metodologias. de. avaliação dos impactos sobre o meio ambiente e das exi-
gências de recursos durante a totalidade dos processos e ao longo de todo o ciclo de
vida dos produtos. Os resultados de tal avaliação devem ser transformados em indi-
cadores claros para informação dos consumidores e das pessoas em posição de to-
rnardecisões.
4.21.0s Governos, em cooperação com a indústria e outros grupospertinen-
tes, devem estimular a expansão da rotulagem com indicações ecológicas e outros
programas de informação sobre produtos relacionados ao meio ambiente, a fim de
auxiliar os consumidores a fazer opções ÜIformadas.
4.22.Além disso, os Governos tamhémdevem estimular o surgimento de um
público consumidor informado e auxiliar indivíduos e famílias a fazer opções am-
bientalmente informadas das seguintes maneiras:
(a)Com a oferta de informações sobre as conseqüências das opções e compor-
tamentos de consumo, de modo a estimular a demanda e o uso de produtos ambien-
talmente saudáveis;
(b)Com a conscientização dos consumidores acerca do impacto dos produtos
sobre a saúde e o meio ambiente por meio de uma legislação que proteja o consumi-
dor e de uma rotulagem com indicações ecológicas;
(c)Com o estímulo a determinados prograúlas expressamente voltados para os
interesses do consumidor, como a reciclagem e sistemas de depósito/restituição.
(d) Exercício da liderança por meio das aquisições pelos Governos
4.23.0s próprios Governos também desempenham um papel no consumo, es-
pecialmente nos países onde o setor público ocupa uma posição preponderante na
economia, podendo exercer considerável influência tanto sobre as decisões empre-
sariais como sobre as

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