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Europa Oriental

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17/04/24, 17:14 História Medieval Oriental
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HISTÓRIA MEDIEVAL ORIENTAL
CAPÍTULO 4 - A EUROPA ORIENTAL:
RUPTURA OU CONTINUIDADE?
André Szczawlinska Muceniecks
INICIAR
Introdução
Neste capítulo, vamos estudar sobre a Europa Oriental durante o medievo. Como
surgiram a Rússia, Polônia, Hungria e outros países do leste da Europa? Como se deu
sua cristianização? Por que alguns países dessa região são católicos ortodoxos e
outros romanos? E porque alguns países usam o alfabeto cirílico ao invés do latino?
Autores, como Jacques Le Goff (2005) e Perry Anderson (1982), já discutiram o que
diferenciaria a Europa Ocidental da Oriental. Um primeiro critério, evidente, é o
geográfico: os países da Europa do Leste ficam, evidentemente, a leste. Esse critério,
no entanto, possui suas restrições ao ser aplicado mais a norte ou mais ao sul.
Uma forma simples de se abordar o tema é compreender que, em adição à
localização geográfica, os países da Europa Oriental tiveram maior influência do
Império Romano do Oriente do que do Império do Ocidente.
Muitas nações do leste mantêm com vitalidade o legado religioso e cultural de
Bizâncio.  Como toda explicação simples, há muitos elementos não contemplados
aqui, mas a ideia servirá como um guia para compreender os desenvolvimentos
específicos de parte da região.
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Vamos estudar, dessa forma, o processo de formação de algumas das nações do
leste da Europa que tiveram sua história fortemente ligada ao Império Bizantino,
mas também às áreas mais a Ocidente, da Polônia e Hungria, e a leste, das estepes,
com o Reino Khazar. Acompanhe a leitura e bons estudos!
4.1 O Reino dos Khazares
Você provavelmente nunca ouviu falar do reino dos Khazares e tampouco imagina
qual foi sua relevância para o estudo da Idade Média na Europa Oriental. Isso se deve
porque os Khazares desapareceram por completo enquanto nação, ainda que se
discuta sobre sua herança e legado nos povos da região por eles habitada. Você verá
a seguir um pouco mais sobre esse curioso e fascinante poder das estepes, que
adotou o judaísmo como religião oficial e estabilizou a área por séculos.
4.1.1 A formação do khaganato khazar
Os khazares são o ramo ocidental do khaganato turco, formando uma confederação
multiétnica liderada pelo clã dos Ashina. Após o esfacelamento do império huno,
outras tribos de origem turca-mongólica preencheram o vazio de poder nas estepes
euroasiáticas; o clã dos Ashina, controlando os khaganatos turcos oriental (no norte
da China e Índia) e ocidental (na Ásia Central) estava entre elas (GOLDEN, 1980). 
VOCÊ SABIA?
Khaganato é o termo aproximado nas línguas turco-mongóis para “Império”. É usado para se referir à
forma de governo de vários povos turco-mongóis das estepes no período medieval, muitas vezes,
diversa dos Impérios Romanos de Ocidente e Oriente, e baseada em um sistema misto, seminômade
e sedentário. Seu governante era chamado de khagan, ou khan.
Na área da atual Ucrânia, os ávaros substituíram de imediato os hunos como poder
hegemônico no século VI, dominando tribos locais como os eslavos, mas sua
primazia na região seria colocada em cheque pela chegada de mais tribos turcas do
leste, que os desalojaram rumo às estepes da Panônia, na Hungria, por volta de 550.
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Após disputas entre clãs e tribos da área, o khaganato Khazar, provavelmente
também ligado ou governado por membros do clã Ashina, emergiu como força
estabilizadora na área ao norte do Cáucaso por volta de 650, impondo tributo a
outros nômades da região e às tribos eslavas a ocidente até a região dos rios Dniepr
e Danúbio. Suas fronteiras ao sul, seriam o Império Bizantino, no Mar Negro, e o
Califado Islâmico, na cadeia do Cáucaso. Ao seu norte, formaram-se um khaganato
turco dos búlgaros, que se converteria ao islamismo e do qual alguns contingentes
migrariam para os balcãs, sendo eslavizados.
A capital dos khazares se estabeleceria em Itil, na foz do rio Volga. Posteriormente
(ca. 830), com ajuda dos bizantinos, um grande forte chamado Sarkel, seria
construído na margem direita do rio Don. Dessa forma, os khazares controlariam a
passagem de rotas comerciais entre norte e sul e também entre leste e oeste,
estabelecendo fortemente em ambos os grandes rios que desaguavam no Mar Negro
(o Don) e no Mar Cáspio (o Volga).
No período que se seguiria, o domínio Khazar, na área, seria conhecido pela
historiografia posterior como Pax Khazarica.
Figura 1 - Mapa - Europa Oriental, as estepes do Ponto e os khaganatos turcos no século XI. Fonte:
VERNADSKY, 1964.
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4.1.2 A Pax Khazarica  - “a paz dos khazares”
O termo Pax Khazarica é usado desde o século XIX pelos acadêmicos e não se sabe
quem o usou primeiramente. Refere-se ao período aproximado entre os séculos VIII-
X, quando o khaganato Khazar foi o poder dominante na área compreendida entre a
cadeia do Cáucaso e as estepes do Ponto.
Os khazares impuseram tributo sobre as populações ao redor, como os eslavos,
povos turcos e fino-úgricos, e controlavam as rotas comerciais que atravessavam a
Eurásia. Esse controle, na verdade, facilitava o comércio eurasiano por proteger as
caravanas de ataques de povos nômades e mesmo por impedir a maior organização
de nômades que pudessem acabar com o equilíbrio de poder na região. Companhias
de comércio tinham a travessia da Eurásia garantida pelos khazares e os
escandinavos a percorrer a Rússia, apesar de descontentes com as taxações,
também tinham acesso garantido a produtos do mundo islâmico, que trocavam por
escravos, mel, cera, peles e outros produtos do mundo setentrional (DUNLOP, 1954). 
4.1.3 Os khazares e o Judaísmo
Uma série de fontes atesta o surpreendente fato de que os khazares, ou ao menos
parte de sua elite, foram praticantes do judaísmo por um ou dois séculos. Note bem
que o estado Khazar não era composto por israelitas, mas por povos de origem
turca, das estepes.
As principais fontes, que relatam sobre a conversão khazar para o judaísmo, são
cartas trocadas entre o secretário do califado de Córdoba, Hasdai ibn Shaprut, e o
khagan José, dos khazares, que governou nas duas últimas décadas do khaganato,
de 950s e 960s. Hasdai, que era um rabino judeu, também conhecido como Abu
Yusuf, teria enviado cartas para o khagan José, após ouvir notícias de mercadores
sobre um estado judeu nas estepes da Eurásia, entre, possivelmente, os anos de 954
a 961 (KOESTLER, 1976). Fontes de um século antes já atestavam a conversão dos
khazares. Possivelmente o contato com a religião se deu por meio de judeus vindos
do Império Bizantino a partir dos tempos do imperador Heráclio, no século VI.
Pressionados pelos poderes circundantes a se converterem ao cristianismo ortodoxo
ou ao islamismo e, dessa forma, entrarem em definitivo em sua esfera de influência,
a elite khazar acabou por adotar uma religião de um povo sem império e sem
território, se mantendo independente por completo (PRITSAK, 1978).
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CASO
Os Khazares e os judeus Ashkhenazi
Em 1976, Arthur Koestler publicou The Thirteenth Tribe: The Khazar Empire and is Heritage. Nesse livro,
ele tornou popular uma ideia que esporadicamente ressurgia no meio acadêmico desde o século XIX;
os judeus da Europa, conhecidos como ashkhenazi, não descenderiam de fato dos judeus do Oriente
Médio, mas sim,dos khazares (KOESTLER, 1976). A tese chegou a encontrar defensores racistas e
antisemitas, tendo sido também defendida por acadêmicos sem propensões racistas. Apesar de a
ideia ter sido desbancada por recentes estudos de genética (BEHAR et al., 2013), com frequência
reaparece em meio a grupos e fóruns de discussão, principalmente, com a proliferação de testes
comerciais genéticos de etnicidade, como os vendidos pelas companhias 23andMe, Family Tree DNA,
My Heritage e similares. Recentemente, a companhia 23andMe chegou a divulgar nas suas descrições
de resultado de pessoas com etnicidade ashkhenazi sobre a hipótese Khazar, mas devido a
repercussões políticas, como as disputas no Oriente Médio, retirou a ideia de seu site. 
A Pax Khazarica e o reino judaico nas estepes durariam pouco, no entanto. Você verá
a seguir os principais processos que levaram ao fim do khaganato khazar. 
4.1.4 O final dos khazares
Durante o século X, dois processos principais levaram ao enfraquecimento e final
destruição do khaganato khazar. O primeiro foi a interferência e política bizantinas,
que manipularam os alanos a atacar o khaganato, diminuindo seu controle sobre o
Cáucaso e a Península da Criméia, áreas de influência também Bizantina.
O segundo processo, foi o fortalecimento dos Rus, que tinham antagonismo com os
khazares por séculos, sendo seus tributários por muito tempo. Na década de 960,
principalmente entre os anos de 965 a 969, o príncipe Sviatoslav I, de Kiev,
conquistou Itil, destruindo o khaganato e se tornando totalmente independente.
Uma das principais consequências do final do khaganato se faria sentir nos próximos
três séculos. O fim da Pax Khazarica acarretou também a abertura das estepes para a
vinda de outros povos nômades das estepes, até então mantidos sob controle. Nos
séculos que se seguiram, alguns desses povos voltariam a atacar a Rus, como os
Petchenegues (“Patzinaki”), usados com frequência pelos bizantinos para seus
próprios fins políticos e, posteriormente, os próprios mongóis sob Genghis Khan
(séc. XIII). Mas, afinal, como se deu a formação da Rus? 
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4.2 A formação da Rus medieval e a
Controvérsia Normanista
A questão do surgimento da Rússia medieval é um tema que exemplifica bem a
relevância que o estudo de períodos mais recuados, como a Idade Média, possui no
presente na construção de ideologias e na legitimação de estados.
Dá-se o nome de “Controvérsia Normanista” ao debate sobre o papel que os
escandinavos tiveram na fundação do estado medieval da Rus de Kiev. O tema
suscitou debate da parte de intelectuais e governantes russos, que consideravam a
proposição uma afronta à capacidade eslava de se auto-organizar. Vejamos com
mais profundidade a questão e como afetou as historiografias russa e soviética,
partindo do estudo da principal fonte primária a lidar com a questão, a Póviest
vriémenikh liet.
4.2.1 As fontes primárias: o relato da Póviest vriémennikh liet
A Póviest vriémennikh liet, Crônica dos Tempos Antigos, também conhecida como
Crônica Primária Russa, é uma das principais fontes primárias a tratar do surgimento
da Rússia, mas foi escrita séculos após sua fundação.
A Póviest vriemenikh leté a principal fonte primária a tratar das origens da Rússia de Kiev. Escrita no século
XIII, pretende traçar uma narrativa que embarca desde os tempos do Noé, passando pelo surgimento e
divisão dos eslavos, até o período da Rússia medieval. Disponível online, a tradução inglesa clássica está
disponível em Russian Primary Chronicle: Laurentian Text (CROSS; SHERBOWITZ-WETZOR, 1953):
<http://www.mgh-bibliothek.de/dokumente/a/a011458.pdf (http://www.mgh-
bibliothek.de/dokumente/a/a011458.pdf)>. 
No momento, você deve observar um trecho da crônica que afirma que os eslavos,
em seu princípio, foram dominados pelos varegues - os vikings do leste.
VOCÊ QUER LER?
http://www.mgh-bibliothek.de/dokumente/a/a011458.pdf
http://www.mgh-bibliothek.de/dokumente/a/a011458.pdf
http://www.mgh-bibliothek.de/dokumente/a/a011458.pdf
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Os eslavos os expulsaram, mas, não podendo se organizar, chamaram os varegues
de volta para ordená-los. Os irmãos Riurik, Sineus e Truvor responderam ao
chamado: da linhagem de Riurik surgiu a primeira dinastia russa, os Riurikida. O
próprio nome da Rússia viria de “Rus”, por sua vez derivado do termo para esses
suecos, os “Ros”.
Fontes escandinavas, bizantinas, árabes e latinas demonstram que, de fato, a
presença de varegues no início da Rússia foi uma constante.
De administrando imperio (PORPHYROGENITUS, 1985 [1967]) foi um tratado sobre o governo do Império,
escrito pelo Imperador Constantino Porfirogênito, na segunda metade do século X. A fonte contém
também uma interessante narrativa sobre o caminho percorrido pelo rio Dnieper e suas cataratas pelos
varegues, até chegarem ao Mar Negro, incluindo nomes no antigo nórdico e na língua eslava. Disponível
em: <http://homepage.univie.ac.at/ilja.steffelbauer/DAI.pdf
(http://homepage.univie.ac.at/ilja.steffelbauer/DAI.pdf)>.
Os escandinavos efetuaram atividade considerável na Rus. A chamada “Rota dos
varegues até os Gregos” percorria do Mar Báltico até o Mar Negro pelo rio Dnieper e,
juntamente com outra rota a leste, através do Volga, dava acesso ao comércio com o
Império Bizantino (via Mar Negro) e o mundo Islâmico (via as áreas controladas
pelos Khazares na rota do rio Volga) (BLÖNDAL, 2007).
VOCÊ QUER LER?
http://homepage.univie.ac.at/ilja.steffelbauer/DAI.pdf
http://homepage.univie.ac.at/ilja.steffelbauer/DAI.pdf
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Vamos, a seguir, abordar sobre a controvérsia que essa ideia gerou na academia
russa.
4.2.2 A controvérsia normanista
A narrativa geral da Crônica Primária foi bem aceita pela historiografia ocidental,
mas não no meio russo. A controvérsia eclodiu em 1749, quando o historiador Müller
(1705-1783) deu uma palestra na Academia Imperial de Ciências de São Petersburgo,
baseando-se no trabalho De Varagis, do historiador Bäyer (1694-1738), que propunha
a origem sueca para o estado russo.
VOCÊ SABIA?
Figura 2 - A rota dos varegues para os gregos, e as rotas comerciais entre o Mar Báltico e os mundos
Islâmico e Bizantino atravessando a Rus. Fonte: BARFORD, 2001.
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A guarda varegue ou varângia, foi o nome dado a um grupo de guerreiros de elite dos imperadores
bizantinos, usados como seus guarda-costas entre os séculos X a XIV. Como o próprio nome deixa
claro, era formada por varegues, principalmente escandinavos e russos. Alguns futuros reis
escandinavos ganharam fama por participar na guarda varegue, como Haraldr Sigurðarson
“Harðráði” (“governante duro”).
Nos séculos seguintes, as posições pró e contra a influência e as origens
escandinavas na formação do estado russo, acirraram-se e se revezaram enquanto
predominantes na academia russa. O debate ficou conhecido como Controvérsia
Normanista. No período soviético, o antinormanismo ganhou primazia e
historiadores, como Ribakov e Yakovlev, reempregavam um já antigo argumento de
que a ideia normanista atacava a possibilidade de os povos eslavos se autogerirem
(YAKOVLEV, 1947).
Após o final da União Soviética, em 1991, o debate ainda perduraria, com revezes
surpreendentes, como a formação de uma comissão pelo presidente Dmitri
Medvedev que consideraria a defesa da posição normanista como “crime contra o
Estado”. Após a década de 2010, no entanto, o normanismo ganhou força e, até hoje,
ainda éa posição mais aceita pelos historiadores e medievalistas russos, em
consonância com os estudos no Ocidente, de forma geral.
Nosso próximo tópico é a formação da Rus kievita, desde a chegada dos povos
eslavos a região até o seu fim.
4.3 A Rus de Kiev: panorama político
A Rus de Kiev é considerada o primeiro organizado dos eslavos orientais. Antes de
tudo, você deve compreender quem foram os povos eslavos, sua origem e
subdivisões, para depois observar mais de perto a própria Rus.
4.3.1 Os povos eslavos
Durante o século VI, um novo grupo étnico expandiu-se muito rapidamente por
amplas regiões do leste da Europa. Tratam-se dos eslavos, ramo da família
linguística indo-europeia, que até o século VI possuíam pouca expressão na Europa
Oriental (BARFORD, 2001).
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Muitas são as possíveis urheimat - “terras de origem” - apontadas para os povos
eslavos, da Europa Central até a Ucrânia.
Há várias hipóteses para explicar sua rápida expansão. As invasões dos hunos
desestabilizaram as estepes nos séculos IV e V, quando os eslavos deviam coexistir
com germânicos e bálticos.
Os eslavos fizeram parte da confederação dos hunos e se expandiram ao oeste. Com
a derrota dos hunos, os eslavos haviam adotado parte da tecnologia bélica e
adaptações ao meio ambiente das culturas nômades, em um ambiente que sofrera
com o colapso da ordem política que durara por dois ou três séculos (BARFORD,
2001).
Há três ramos eslavos. O ocidental, que hoje compreende poloneses, tchecos,
eslovacos e sorábios (minoria étnica da Alemanha), mas cujas tribos habitavam até a
área da Alemanha e o Báltico no período medieval.  O meridional, que compreende
sérvios, croatas, búlgaros e os grupos da antiga Iugoslávia. Você deve se atentar que
os búlgaros eram povos turcos que foram “eslavizados” pelos imigrantes a invadir os
Bálcãs, já esses búlgaros balcânicos, apesar da mesma origem, não devem ser
confundidos com os búlgaros do Volga. Finalmente, o grupo de maior expansão
territorial são os eslavos orientais, entre os quais estão os russos, bielorussos e
ucranianos.
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Por séculos a cultura eslava se manteve homogênea arqueologicamente, e suas
variantes linguísticas mantinham um alto grau de inteligibilidade (WELLS, 2011).
Ao falarmos da Rússia - ou Rus - de Kiev, precisamos entender a formação do estado
dos eslavos orientais, que estava dividido em grupos tribais que se expandiram entre
os séculos VI e VIII para as regiões da atual Rússia europeia.
 Figura 3 - Mapa, as
tribos eslavas orientais no século IX e os povos adjacentes entre os Mares Báltico e Negro. Fonte:
GIMBUTAS, 1975.
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4.3.2 A dinastia dos Riurikida
A primeira dinastia a governar a Rus de Kiev seria chamada de Riurikida, segundo
seu fundador, Riurik, no século IX. Apesar da Controvérsia Normanista, é difícil se
questionar seu caráter original escandinavo. O nome dos seus primeiros
governantes vem do antigo nórdico e o primeiro governante de nome eslavo,
Sviatoslav, reinaria apenas a partir de 962.
Por aproximadamente duas gerações, o núcleo original escandinavo se “eslavizaria”,
com a substituição de membros originais por boiardos - a aristocracia - locais. As
casas reais escandinavas e russas também travariam um grande número de
casamentos.
Riurik permanece uma figura semilendária e muito já se escreveu tentando associá-
lo com grandes vikings do mesmo século, como o Rörik dinamarquês. Os varegues
controlavam a região do norte da Rus em seu momento, próximas às áreas de Baltos
e Fineses, e, por volta de 860, atacariam a Bizâncio.
Figura 4 - Feira de reconstrucionismo histórico em Vyborg com participantes simulando batalhas e
costumes dos boiardos à antiga aristocracia guerreira da Rus de Kiev. Fonte: Evdoha_spb, Shutterstock,
2018.
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Sob seu sucessor, Oleg, os varegues tomariam a vila de Kiev em 882, fortificando-a.
Oleg declarou-se seu “grão príncipe”, no que pode ser considerado um momento
fundador do reino e da capital, de início da unificação do norte com o sul. Também
atacaria e conseguiria tratados comerciais favoráveis com Bizâncio, em 907, mas
morreria em 913.
Igor, seu sucessor, lutou com bizantinos e muçulmanos e tentou unificar as tribos
eslavas orientais. Foi morto pelos Drevliani e vingado por sua esposa, Olga (Helga).
Santa Olga (?-969) foi rainha regente da Rus de Kiev de 945 a 960. Esposa de Igor, vingou-se da tribo dos
drevliani pela morte do marido e tutoriou seu filho, Sviatoslav, até que ele pudesse assumir o trono.
Também chamada de “a Sábia”, estabeleceu relações com o Sacro Império Romano Germânico e foi uma
cristã devota, ainda que seu reino permanecesse pagão.
Figura 5 - Forte em Staraia Ladoga ou Aldeigjuborg, antigo entreposto dos varegues ao norte da Rus.
Fonte: Natalya Rozhkova, Shutterstock, 2018.
VOCÊ O CONHECE?
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Sviatoslav, filho de Igor e Olga, foi capaz de destruir o khaganato dos Khazares e
libertar Kiev e os eslavos do tributo. Manteve lutas com Bizâncio, mas foi morto por
tribos de Petchenegues que, com o final dos khazares, passaram a vaguear pelas
estepes ucranianas.
Seus filhos, Yaropolk, Oleg e Wladimir, lutariam pela sucessão. A partir de Wladimir, a
Rus de Kiev entraria num novo momento, com a conversão ao cristianismo de
Bizâncio.
4.3.3 A conversão da Rússia
Wladimir tivera que lutar pelo poder contra seus irmãos e fugiu para a Escandinávia
de onde voltou com mais varegues e venceu a luta. Governante enérgico, lutou
contra polacos, lituanos, petchenegues e eslavos orientais, que buscava unificar. Era
pagão devoto a Perun, deus do trovão. Sua conversão influenciaria em definitivo na
consolidação de seu reino.
Há duas narrativas principais sobre o ocorrido. A Crônica Primária conta que, em 986,
o rei recebera emissários dos búlgaros islâmicos, dos khazares judeus, de cristãos
romanos e de um filósofo cristão bizantino. Todos tentaram converter ao monarca.
Wladimir enviaria seus próprios emissários aos povos em questão - com exceção dos
khazares -, que se impressionaram profundamente com Constantinopla e a catedral
de Santa Sofia. Segundo eles, não sabiam se estavam na terra ou nos céus, tamanha
era a beleza do rito (CROSS, S. H.; SHERBOWITZ-WETZOR, 1953).
A outra narrativa, de origem bizantina, conta que o imperador bizantino Basílio,
lidando simultaneamente em 986 com a Revolta de Focas e aos ataques dos
búlgaros dos Balcãs, precisava desesperadamente de aliados e soldados. A solução
encontrada foram os Rus.
O imperador propôs que sua própria irmã, Ana, fosse dada em casamento a
Wladimir, em troca da aliança. Foi exigido que este, entretanto, se batizasse, o que
ocorreu em 988. A conversão da Rússia ao catolicismo ortodoxo a diferenciou
fortemente de outras nações da Europa, mesmo de outros eslavos como a Polônia
(WELLS, 2011).
Ao invés do latim e do saber romano, foi-lhe transmitido o legado grego-bizantino.
Um novo alfabeto, o cirílico, criado pelos missionários Cirilo e Metódio, foi adotado,
e a liturgia da igreja usaria uma variante da língua local, o eslavônico, que
colaboraria para a manutenção da semelhança linguística entre os idiomas eslavos
orientais e meridionais.
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A continuidade da Rus de Kiev estaria ligada, portanto, a Bizâncio.
4.3.4 A Rus de Kiev nos séculos posteriores 
Nos séculos seguintes, a Rus se manteria aliado bizantino e depositário de seu saber.
Você precisa ter em mente dois momentos fundamentais no subsequente
desenvolvimento da Rússia.
Entre os séculos XI e XIII, a cultura kievita atingiu seu ápice, com a importação de
modelos gregos que se somavam à “eslavização” e o desenvolvimento de uma
liturgia própria. As transições entre governantes eram sempre problemáticas e
marcadas por disputas. O período, porém, foi breve. No século XIII, Bizâncio, que já
sofria por pelo menos dois séculos com as invasões dos turcos, foi desestabilizada
de forma com a quarta cruzada.
Ao mesmo tempo, mais ao norte, a Rus de Kiev foi invadida pelas hordas mongólicas
de Genghis Khan, que transformaram sua parte sul em uma região sob constante
ataque e parcialmente abandonada. O núcleo de poder dos Rus foi transferido para
o norte, para a vila de Moscou. A invasão mongol foi um evento traumático e decisivo
na história russa.
O outro momento de significado foi o século XV. A queda final de Constantinopla,
como sede da cristandade oriental, marcou o momento de criação da ideologia
russa da “terceira Roma” pelo patriarcado russo. E o que isso significa?  A primeira e
a segunda Roma haviam caído; a terceira, Moscou, permaneceria até o final dos
tempos como depositária do verdadeiro cristianismo sobre a Terra (WELLS, 2011).
Vejamos agora os processos de unificação e conversão a oeste, nas regiões da
Polônia e Hungria.
4.4 As conversões dos reinos do leste da
Europa: Polônia e Hungria
Polônia e Hungria são casos peculiares na Europa de Leste. Suas populações de
povos eslavos, na Polônia e urálicos das estepes, na Hungria, foram objeto de
tentativas de conversão tanto do Cristianismo Romano quanto Bizantino, mas
entraram na esfera Ocidental.
Vamos conhecer os processos de conversão, cristianização e centralização da
Polônia e Hungria.
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4.4.1 A conversão e unificação da Polônia
Os poloneses descendem das tribos eslavas ocidentais, que mantinham pouco
contato com o mundo bizantino. Por outro lado, mantinham contato mais frequente
com o Sacro Império Romano Germânico, Boêmia e os reinos escandinavos.
O filme Stara baśń. Kiedy słońce było bogiem – The Old Fairy Tale: When the sun was God, título em inglês -
(KRASZEWSKI; HOFFMAN; HEN, 2003) é dirigido por Jerzy Hoffman, que já possui histórico admirável na
direção de épicos históricos, traz mais um filme sobre a história da Polônia. Baseado na novela Stara baśń,
de Józef Ignacy Kraszewski, de 1876, o enredo se passa no século IX, na Polônia anterior ao Cristianismo,
quando os locais enfrentam a ameaça de reis vikings.
Uma discussão, semelhante à Controvérsia Normanista, eclodiu no meio polonês
referente à origem do estado polaco e a dos Piast, primeira dinastia a
simultaneamente unificar as tribos dos “Polani” e convertê-las ao Cristianismo
Ocidental. A Gesta principium Polonorum (século XII), de Galo Anônimo, afirmava que
os Piast eram nativos, ideia mais aceita do que a hipótese de origem escandinava.
O período anterior a conversão polonesa, possui questões em debate. Entre os
séculos IX e X, o território dos eslavos ocidentais assistiu a uma multiplicação de
fortalezas, seguido por um rápido declínio. Vários processos aconteciam nesse
mesmo período por toda a área, incluindo uma possível migração de cristãos vindos
da Boêmia e Morávia, substituição da cremação pelo enterramento e tendências de
centralização dos chefes do sul (BUKO, 2005).
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É possível, portanto, que no momento que os Piast unificaram a Polônia, já se
encontrava em processo de centralização a partir da região da Wielkopolska - a
“grande Polônia”. De qualquer forma, o rei que recebeu o crédito por isso foi Mieszko
I (ca.930?-992).
Mieszko tivera duas esposas cristãs: Dobrawa (ca.940-977), filha de Boleslaw I (“o
cruel”), da Boêmia, e Oda de Haldensleben (ca. 955-1023), uma nobre alemã. O
casamento com Dobrawa, em 965, firmou uma aliança entre Mieszko e Boleslaw; o
pré-requisito era que Mieszko fosse batizado como cristão, o que aconteceu em 966.
Parte considerável da nobreza Polani acompanhou a Mieszko, sendo assim, também
batizada. Após isso, o rei patrocinou a vinda de um grande número de clérigos
boêmios, a fim de evangelizar a população. Tanto o papado quanto o Sacro Império
reconheceram a Mieszko como legítimo rei de todas as tribos polacas, ainda que o
império cobiçasse parte da região e tentasse tributá-la.  Perceba que a discussão
Figura 6 - Mapa, a área da Polônia, Boêmia e Europa Central no século X e o processo de unificação da
Polônia. Fonte: BARFORD, 2001.
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envolvida se centraliza nas razões da conversão de Mieskzo, que podem ter se dado
apenas por conveniência política, como alguns historiadores defendem, com o
objetivo de cimentar sua aliança. Mas há a proposição de que, a despeito da
conveniência, Dobrawa teve influência espiritual na vida do marido. Ela deu à luz a
três ou quatro filhos, mas morreu em 977, o que enfraqueceu a aliança de Mieszko
com a Boleslaw.
No ano seguinte, Mieszko se casou com Oda, que lhe deu mais três filhos. Mieszko
morreu em 992 e Oda retornou à Germânia. Os filhos de Mieszko de seu primeiro
casamento lançaram-se em disputas sobre a sucessão, sendo Boleslaw, “o grande”,
vitorioso.
O estado polonês consolidou-se, baseado na estrutura de Mieszko, que queimara as
antigas fortalezas de madeira, substituindo-as por fortalezas maiores e melhor
estruturadas. O grosso da população era formado por camponeses livres, que
sustentavam o estado com o pagamento de taxas e tributos. Por fim, havia algumas
cidades e vilas situadas entre as rotas comerciais, que produziam bens específicos.
O processo de conversão da Polônia foi desconectado da população. Em 1030, sob o
governo de Mieszko II, “Lambert”, eclodiu uma grande rebelião pagã, além de uma
guerra com Yaroslav I, da Rus. Sob os reis subsequentes, o processo de cristianização
se consolidou com a vinda de mais eclesiásticos ao país, principalmente da Boêmia,
estendendo o processo de batismo ao restante da população e fundando mais sedes
eclesiásticas.
Um processo muito semelhante aconteceu na Hungria, com a qual, inclusive, a
Polônia se aliou a partir de 1030. 
4.4.2 A conversão e unificação da Hungria
O primeiro detalhe que você deve ter em mente é que os húngaros não chamavam a
si mesmo de “húngaros”, que é um termo usado pelos eslavos para se referir aos
seus vizinhos. O termo para se referirem a si mesmos era magyar. Os bizantinos se
referiam aos húngaros como “turk” por associá-los aos povos das estepes, ainda que
estes não tivessem origem entre os povos turco-mongóis (RÓNA-TAS, 1999).
Os magiares são populações da família etno-linguística Urálica, distinta dos indo-
europeus como eslavos e germânicos, dos semíticos como judeus e árabes, e dos
turco-mongóis, como khazares e petchenegues. Na Europa, outras populações
aparentadas aos magiares são os finlandeses, estonianos e lapões, do ramo balto-
fínico da família Urálica.
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Durante o século IX, o domínio dos Ávaros na planície da Panônia foi encerrado pela
migração Magiar. Há incerteza sobre as etapas envolvidas, mas é possível que as
tribos magiares migraram dos montes Urais e passaram por várias regiões dasestepes antes de se fixarem nas terras da atual Hungria (ENGEL, 2001).
Existem relatos de confrontos e ataques magiares a regiões da Europa Oriental e
Central. Por tais razões, as tribos magiares receberam missões que as tentaram
converter (LE GOFF, 2005). As missões de Bizâncio não obtiveram resultados. De
Roma, a primeira missão datou de 972, quando o clérigo Zaqueu foi enviado pelo
papa, provavelmente a pedido do líder magiar Géza (?-997).
Géza se batizara e providenciara que vários da nobreza fizessem o mesmo, mas
mantinha costumes pagãos. Nos dois anos seguintes, ocorreu a vinda do bispo
Prunkwart, com resultados efêmeros. A situação só sofreu maiores mudanças com a
luta pela sucessão na liderança de algumas das tribos dos magiares que aconteceu
nos anos 1000 e 1001.
Vajk (governante de 997-1038), filho de Géza, venceu a luta dentre seus parentes no
intuito de controlar todas as tribos quando seu pai faleceu. Aceitou o batismo de
Roma e empregou a estrutura da Igreja para auxiliar no processo de unificação,
Figura 7 - Mapa, as possíveis migrações dos magiares, de uma suposta terra de origem nos Urais para a
Europa. Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.
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ainda que não tenhamos condições de julgar e avaliar suas motivações espirituais
(ENGEL, 2001).
Recebeu o nome cristão de Estevão e tomou medidas para auxiliar a cristianização
de seu país, trazendo missionários, principalmente eslavos da Boêmia. Estevão
organizou bem o país de forma política e fundou 10 dioceses entre as tribos dos
magiares, mas teve desafios e dificuldades para consolidar a nova fé.
Após sua morte (1038), seu sobrinho Pedro, um italiano, assumiu o trono. Ele não foi
bem aceito e foi expulso do país em 1041. Após seu retorno, em 1044, enfrentou uma
grande rebelião pagã liderada por Vata, em 1046, da qual surgiria o primeiro mártir
húngaro, o bispo Gerard. O rei Pedro morreria e os reis subsequentes teriam mais
sucesso na Cristianização da Hungria e adotariam a lei canônica. Os últimos
remanescentes pagãos foram erradicados sob o reinado do rei Béla I (1060-1063).
Tanto Estevão I quanto o bispo Gerard viriam a ser canonizados como santos
(ENGEL, 2001).
E assim concluímos o estudo dos processos de conversão e unificação não apenas
da Hungria e Polônia, mas também da Rus de Kiev. 
Síntese
Encerramos o estudo da Europa Oriental do leste e o khaganato khazar, passando
pela Rus de Kiev aos reinos da Polônia e Hungria. 
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
conhecer o khaganato khazar e sua adoção do Judaísmo;
analisar o papel dos khazares e da Pax Khazarica para o equilíbrio do poder nas
estepes do Ponto nos séculos VII a X;
acompanhar narrativas distintas sobre as origens do Estado russo; 
compreender que o passado é usado pelo presente com intuitos ideológicos;
enumerar os principais passos que os povos eslavos orientais passaram na
formação de um estado centralizado;
observar a relação entre os Rus, os Khazares e Bizâncio;
entender que os processos de cristianização e centralização do reino andaram
de forma conjunta na Europa Medieval Oriental; 
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compreender as diferenças entre os processos de cristianização e
centralização nos estados da Polônia e Hungria em relação à Rus de Kiev. 
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