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EDUCAÇÃO PARA A DIVERSIDADE: GÊNERO E SEXUALIDADE Autoria: Flaviana Aparecida de Mello Michele de Oliveira Cruz Indaial - 2022 UNIASSELVI-PÓS 1ª Edição CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Impresso por: Reitor: Janes Fidelis Tomelin Diretor UNIASSELVI-PÓS: Tiago Lorenzo Stachon Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Tiago Lorenzo Stachon Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Norberto Siegel Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Jairo Martins Marcio Kisner Marcelo Bucci Revisão Gramatical: Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI M527e Mello, Flaviana Aparecida de Educação para a diversidade: gênero e sexualidade. / Flaviana Apa- recida de Mello; Michele de Oliveira Cruz. – Indaial: UNIASSELVI, 2022. 124 p.; il. ISBN Digital 978-65-5646-501-2 1. Educação. – Brasil. I. Cruz, Michele de Oliveira. II. Centro Univer- sitário Leonardo da Vinci. CDD 370 Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................5 CAPÍTULO 1 EDUCAÇÃO E DIREITOS HUMANOS, CAMINHOS PARA UM DIÁLOGO ENTRE GÊNERO E DIVERSIDADE SEXUAL ............... 7 CAPÍTULO 2 CORPOS, SEXUALIDADE, GÊNERO: A NECESSIDADE DE UM OLHAR EDUCATIVO SEM PRECONCEITOS ............................... 47 CAPÍTULO 3 EDUCAR PARA O RESPEITO À DIVERSIDADE E O PAPEL DOS DOCENTES .................................................................................... 87 APRESENTAÇÃO A disciplina Educação para a diversidade: gênero e sexualidade apresenta-se enquanto uma temática fundamental para que possamos conhecer os conceitos balizares da educação e dos direitos humanos como fonte primordial para uma educação de respeito a diversidade de gênero e sexual. Além disso, conhecer sobre os significados socioculturais bem como as práticas de poder imputadas nas relações de gênero na sociedade e ainda conhecer sobre a construção e os conceitos da educação de modo plural que contribua para o respeito a diversidade e que imprima uma mudança no papel exercido pelos docentes no contexto educacional. Com a evolução dos estudos e pesquisas, presentemente temos a concepção de que a educação tem um papel muito mais do que simplesmente transmitir conteúdo para seus discentes, mas sim precisa contemplar a totalidade do conhecimento que envolve fatores biopsicossocial de cada ser humano. Podemos admitir que é no espaço educacional que muitas expressões da questão social se despontam, e assim se faz necessário ter o conhecimento e compreensão dos assuntos de ordem objetiva e subjetiva para poder atender as demandas dos discentes em sua totalidade, para além dos aspectos conteudistas. Nesse sentido, é fundamental que cada profissional que for atuar ou já atua no âmbito da educação, quer seja como docente e/ou qualquer outro cargo a exemplo: diretores, pedagogos, coordenação, assistentes sociais, psicólogos entre outros; necessitam compreender que a educação precisa partir de uma totalidade e estar atenta a todas as complexidades que tangenciam a vida em sociedade. Desse modo, ratificamos, portanto, a relevância de se apreciar toda a discussão que este livro se propõe, frente a realidade social de vida dos estudantes, seus familiares bem como do território em que elas vivenciam, no entanto, de modo crítico, reflexivo e criativo. Para isso, organizamos esta disciplina em três capítulos. No primeiro capítulo intitulado de: Educação e direitos humanos caminhos para um diálogo entre gênero e diversidade sexual, iniciamos com estudos sobre Direito a educação a partir da Constituição Federal de 1988 e sua relação com os direitos humanos e social em que você terá a oportunidade de aprender sobre a educação enquanto direito humano e social a partir da Constituição Federal de 1988 e como se desdobra o tratamento da diversidade no campo educacional, bem como, aprenderá a conhecer os conceitos balizares da educação e dos direitos humanos como fonte primordial para uma educação de respeito a diversidade de gênero e sexual, ao fim do capítulo finalizaremos estudando, Educação, Gênero e diversidade sexual. No segundo capítulo, nominado de: Corpos, sexualidade, gênero: a necessidade de um olhar educativo sem preconceitos, iniciamos os estudos a respeito, dos significados socioculturais de gênero e as práticas de poder, em seguida, vamos estudar a respeito a atenção básica de saúde e a sua política nacional de atenção básica: princípios e diretrizes. Em seguida estudaremos a desigualdade entre os gêneros uma construção social e histórica e a importância do feminismo como uma possibilidade de compreensão e libertação da sexualidade e dos corpos. No terceiro e último capítulo, intitulado de: Educar para o respeito a diversidade e o papel dos docentes, abordamos sobre as relações de gênero e sexualidade no contexto escolar. E, em seguida vamos estudar sobre as relações de gênero, a postura e o trabalho dos docentes na convivência escolar. Nosso desígnio é que seu curso seja um procedimento de constituição cotidiana ativado, e com criticidade, no sentido de você se tornar sujeito da edificação do próprio conhecimento, de você instrumentalizar-se para a mudança da realidade social contribuindo com o seu fazer profissional e conhecimento a ser adquirido, para a sociedade e para a educação ser mais justa, plural, diversa, equitativa e inclusiva. Portanto, faça anotações e registre, produza esquemas paralelos, que te auxiliem a abarcar e conhecer mais a respeito da disciplina: Educação para a diversidade: Gênero e sexualidade. Desejamos bons estudos! CAPÍTULO 1 EDUCAÇÃO E DIREITOS HUMANOS, CAMINHOS PARA UM DIÁLOGO ENTRE GÊNERO E DIVERSIDADE SEXUAL A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Instruir-se para o cotidiano de trabalho no âmbito da educação compreendendo a educação como um direito social e humano a partir da Carta Magna de 1988. Aprender sobre o conceito de gênero e a respeito da sexualidade enquanto componente inerente a vida. Aprender sobre a importância de se trabalhar na perspectiva da educação com base nos direitos humanos a fi m de quebrar paradigmas em relação aos estudos de gênero e diversidade sexual. 8 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE 9 E. E DIREITOS H., C. PARA UM D. ENTRE GÊNERO E D. S. Capítulo 1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Este capítulo tem como objetivo conhecer os conceitos balizares da educação e dos direitos humanos como fonte primordial para uma educação de respeito a diversidade de gênero e sexual. Sendo assim, você aprenderá sobre a educação enquanto direito humano e social a partir da Constituição Federal de 1988 e como se desdobra o tratamento da diversidade no campo educacional e ainda irá aprender sobre a educação relacionada ao gênero e diversidade sexual como um direito humano. Você terá o ensejo de aprimorar-se para a intervenção profi ssional cotidiana no âmbito da educação tanto pública quanto privada, atualizando seus conhecimentos com assuntos pertinentes a evolução da sociedade. Promover a instrução para o cotidiano de trabalho no âmbito da educação, conhecendo os conceitos balizares da educação e dos direitos humanos como fonte primordial para uma educação de respeito a diversidade de gênero e sexual. Irá aprender sobre o conceito de gênero e a respeito da sexualidade enquanto componente inerente a vida, bem como sobre a importância de se trabalhar na perspectiva da educação com base nos direitos humanos a fi m de quebrar paradigmas em relação aos estudos de gênero e diversidade sexual. Junto a isso, buscamos contribuir para queno decorrer dos estudos, você possa analisar e, ainda, criar o seu próprio mapa conceitual sobre as informações que norteiam a prática na educação para a diversidade com foco no gênero e sexualidade, fazendo o exercício da relação teoria e prática. Portanto, sugere-se que você verifi que os assuntos aqui abordados e alinhe com a sua realidade profi ssional e/ou o que almeja desenvolver em sua prática quando estiver inserido em algum espaço sócio-ocupacional. Assim, compomos um conjunto de possibilidades de abordagem do tema proposto nesse capítulo, em que corrobora com os estudos a respeito da educação para a diversidade: Gênero e sexualidade. Fique atento e vamos juntos na busca pelo conhecimento e aprimoramento profi ssional. Bons estudos! 10 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE 2 DIREITO A EDUCAÇÃO A PARTIR DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 E SUA RELAÇÃO COM OS DIREITOS HUMANOS E SOCIAL Para Santos e Thürler (2011), nesse cenário de imposições organizadas pela modernidade, é improvável atuar nas identidades sexuais e de gênero sem defi nirmos elos às leis elementares de base constitucionais, fundamentos primordiais e inseparáveis pertencentes a um verdadeiro Estado Democrático de Direito. A educação tem um papel na contemporaneidade que deve ser de extrapolar os conteúdos curriculares e desenvolver ações de orientação formação de cidadania, para que assim, possam se comprometer com a formação crítica, plural e que se desenvolva o respeito a diversidade. Compreendemos que tais preceitos representam a defesa da soberania, a cidadania, à dignidade da pessoa humana, e as convicções e valores sociais do trabalho e da livre ação e no pluralismo político e religioso. Representam os princípios fundamentais da República, elencamos os de edifi car uma sociedade livre, justa e solidária que promova o desenvolvimento nacional, que se comprometa em erradicar a pobreza e a marginalização, diminuir as desigualdades sociais regionais e locais, requerer o bem da coletividade, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e demais contornos de discriminação, direitos bem como obrigações estão listados na Constitucional Federal desde 1988, com os princípios de garantia da Declaração Universal dos Direitos Humanos e outras convenções que determinam direitos universalizados, podendo, assim, evidenciar o que destaca o texto-base da Conferência Nacional de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais. Nesse mesmo sentido, ao situar tais debates no âmbito dos direitos humanos, a BRASIL-SECAD/MEC (2007) pensa que a legitimidade da pluralidade de gênero, de identidade de gênero e da livre expressão afetiva e sexual extrapola os importantes aspectos referentes ao direito à saúde reprodutiva. Considera-se que compõem os direitos humanos e os direitos extensivos à saúde reprodutiva, quanto os direitos sexuais, sem que eles necessitem ser classifi cados um subconjunto daqueles, pois os extrapolam. 11 E. E DIREITOS H., C. PARA UM D. ENTRE GÊNERO E D. S. Capítulo 1 Nesse sentido, pode-se entender que sistemas de teorias e políticas focadas, inicialmente, conforme destaca Louro (2004a e 2004b), para a multiplicidade e a sexualidade, dos gêneros e dos corpos possam ajudar para modifi car e tornar a educação num método mais prazeroso, mais efi caz e mais claro. A Constituição Federativa do Brasil, de 05 de outubro de 1988, conhecida como Constituição Cidadã, se contorna enquanto uma referência histórica, ético, político e jurídico nos importantes avanços defi nidos, em que, moldam-se as condições basilares para afunilar os debates e na ampliação das mobilizações sociais, promovendo a adesão de medidas institucionais direcionadas em assegurar a edifi cação e manutenção de uma cultura em defesa dos direitos humanos e do respeito às diversidades, proclamando a heterogeneidade e a pluralidade como valores nacionais. Na nossa Carta Magna, em seu artigo 5º (1988): “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. Nesse compasso, consideramos que a orientação sexual e a identidade de gênero necessitam ser interpretadas como condicionantes e determinantes da vida das pessoas provenientes outros fatores como o de vulnerabilidade (BRASIL, 2008). Nessa perspectiva, a garantia desses direitos essenciais não alcançam , na prática social, muitas partes da população, em que há ainda pessoas em condições diversifi cadas de vulnerabilidade aos processos de exclusão social em face de determinantes como: a condição fi nanceira, regional, de idade, gênero, etnia, cor e ainda pessoas em situação de rua, em situação de encarceramento, privadas da sua liberdade pessoa com defi ciência físico-mental, idosos, crianças e adolescentes, homossexuais, travestis, transexuais, lésbicas, bissexuais etc. Diante disso, Bento (2004) contribui com esse discurso ao mencionar que as maneiras de ser, atuar, refl etir e sentir conjeturam de modo perspicaz, intricado e intenso os contextos da experiência social. Seguindo nesse raciocínio, não existem corpos livres de investimento e expectativas sociais. Diante de tal afi rmativa se entende que, é necessário, continuamente, o acolhimento e a vigilância de institutos, remédios constitucionais, com o objetivo de diminuírem tais distorções ainda cristalizadas em nosso convívio social. Discutir essas temáticas sem uma discussão quanto ao papel e a função social da educação escolar e acadêmica na sociedade contemporânea vai fi cando mais difícil, como defi ne Torres (2007), uma das funções sociais do colégio é organizar o cidadão para o exercício pleno da cidadania vivendo como profi ssional e habitante da cidade. 12 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE Diante disso, o Texto-Base da Conferência Nacional LGBT exprime que um Estado Democrático de Direito não deve aceitar práticas sociais e institucionais que condenam, rotulam e marginalizam os indivíduos e grupos por questões que envolvem o sexo, orientação sexual e/ou identidade de gênero (CARVALHO, s.d.) A prática sexual entre adultos do mesmo sexo é um direito de teor íntimo, isso diz respeito também a apresentação social do sentimento de pertencimento a um determinado gênero, não importa o sexo biológico (BRASIL, 2008). Assim, na inexistência da garantia de direitos humanos como esses, podemos nos perguntar ainda quanto ao papel e a função social da educação escolar na sociedade contemporânea (CARVALHO, s.d.). Conforme a compreensão que neste ambiente se defi niu ou deveria se defi nir em um rico espaço democrático, no qual acorresse discussão referentes as questões concernentes ao ser humano: Homem ou Mulher, que serviria muito para a progressão do pensamento crítico, de formação da cidadania plena, de cidadãos politizados e atores ativos e engajados com as mudanças e melhoria social. Nesse sentido, considerando Santos e Thürler (2011), podemos assegurar que o ambiente educacional escolar e acadêmico seria um espaço privilegiado de ascensão dos direitos basilares essenciais aos humanos e da diversidade. Essas declarações são reafi rmadas pelas colocações nos cadernos da SECAD/ MEC (BRASIL, 2007, p.22) se lê “os princípios constitucionais de liberdade e solidariedade podem ser estendidos para a igualdade de gênero”. A vontade de ultrapassar as discriminações que dizem respeito às construções histórico-culturais das diferenças de sexo, que permeiam as relações escolares, e assim também é nas questões que atravessam algumas decisões a serem defi nidas no âmbito da legislação educacional se mantém velada e o não esclarecimento mais detido e derivações destes princípios sob a ótica das relações de gênero pode ocasionar também mais discriminação (CARVALHO, s.d.). O desempenho do exercícioda plena cidadania é sinônimo da tradução de povo no seu sentido democrático, a totalidade homens e mulheres de cidadãos, e partindo desse princípio os seus direitos vem progressivamente sendo reivindicados por todos os indivíduos independente de classes sociais, direitos que foram defi nidos e impressos e elencados na Carta Maior de 1988. Diante disso, Soares (1998) afi rma que tanto quando nos referimos aos direitos dos cidadãos, como quando nos aludimos aos direitos humanos, com a premissa de que associamos direitos humanos à ideia central de democracia 13 E. E DIREITOS H., C. PARA UM D. ENTRE GÊNERO E D. S. Capítulo 1 e os conceitos fundamentais envolvidas no assunto mais amplo da educação (CARVALHO, s.d.). É relevante evidenciar que nas sociedades democráticas no mundo contemporâneo e desenvolvido, o sentido, o estímulo, a prática, a defesa da promoção dos direitos humanos estão agrupadas à vida política no amplo deleite do exercício da cidadania, em que já se deparam agregados aos valores de um povo, de uma nação, de uma região. No entanto, é especialmente nos países que mais infringem os direitos humanos, nas sociedades em que a discriminação é mais acentuada, pelo preconceito e pelas mais diversas maneiras de racismo e intolerância, que a noção de direitos humanos parece ambígua e destorcida (CARVALHO, s.d.). Para Soares (1998), em nosso país a geração mais jovem, que passaram pelos anos de terror da ditadura militar normalmente terão escutado sobre movimento de defesa dos direitos humanos em favor das pessoas que estavam sendo perseguidos por suas posturas e convicções de militância política contrária ao regime constituído e imposto; assim como, os sujeitos que foram encarceradas, torturadas, assassinadas, refugiadas, banidas, violentadas. Após a parte mais cruel e repressora do regime militar, a concepção de que todos, não importando a posição social, são dignos das preocupações com as garantias e com a manutenção dos direitos fundamentais, não se efetivou como se esperava (CARVALHO, s.d.). Assim, a defesa e garantia dos Direitos Humanos (DH) passou a ser alcançada somente à defesa dos criminosos e apenados originários, em sua grande parte, a classes sociais populares. Diante disso, e deixou de possuir o interesse igualitário para segmentos da classe média que envolvia familiares e amigos daqueles presos políticos do período da ditadura. A partir daí, analisamos como já se defi ne uma parte da ambiguidade que permeia a ideia dos direitos humanos no Brasil, especialmente depois da defesa dos direitos das pessoas acuados pelo ditatura militar, se constituiria uma diferenciação intensa e cruel entre as classes sociais, entre intelectuais e iletrados, entre a classe média e a classe alta apartadas estavam as classes populares, abrangendo-se, notadamente, ampla parte da população negra. Cidadania e direitos à cidadania envolvem uma determinada ordem jurídico- política de um país, de um Estado, que diz respeito a uma Constituição que defi ne e afi ança quem é cidadão, quais serão seus direitos e deveres, ele terá em torno de diversas variáveis, por exemplo, a idade, o estado civil, a condição de sanidade 14 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE corporal e mental, a questão de estar ou não quitado com a justiça penal, dentre outras. Seguindo em conformidade com o Artigo 5°, II – “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. De acordo com Soares (1998), os direitos do cidadão e a adequada imagem de cidadania não são universais no sentido de que eles estão determinados e ligados a um particular e defi nida ordem política e normativa. Assim, esses, identifi camos cidadãos brasileiros, cidadãos norte-americanos e cidadãos argentinos, na compreensão que mudam os direitos e deveres dos cidadãos de um país para outro. A ideia da cidadania é predominantemente política, por não estar inteiramente vinculada a valores universais, mas a decisões políticas. SOARES (1998), mostra exemplos como: algum governante pode modifi car fortemente as prioridades quanto ao respeito dos deveres e aos direitos do cidadão; e mudar o código penal na questão de alterar sanções; pode alterar o código civil objetivando equiparar direitos entre os sexos, ele pode fazer com o código de família no sentido do respeito aos direitos e deveres dos cônjuges, na sociedade conjugal, e estender isso com os fi lhos, em relação um ao outro. Segundo Soares (1998), direitos de cidadania não são direitos universais, são direitos específi cos dos membros de um determinado país ou nação, de uma determinada ordem jurídico-política. Em muitas situações, os direitos do cidadão se ajustam com os direitos humanos, que são os mais amplos e envolvem quase a totalidade do ser indivíduo. Em sociedades democráticas é, normalmente, o que acontece e, de forma alguma, direitos ou deveres do cidadão podem ser utilizados para justifi car violação de direitos humanos fundamentais porque os Direitos Humanos são universais e naturais (CARVALHO, s.d.). Os direitos do cidadão não são direitos naturais, eles são formulados e defi nidos em normas, leis, em conformidade com preceitos constitucionais e devem, portanto, estar defi nidos num determinado ordenamento e distribuição jurídica no país ou nação. Os direitos humanos são universais no sentido do que aquilo que é compreendido como um direito humano no Brasil, também se espera que possua o mesmo teor de exigência, de respeitabilidade em termos de garantia em qualquer nação do mundo, porque esses direitos não se restringem a um membro de uma sociedade política especifi ca, a um representante de um Estado determinado, mas se reportam à pessoa humana na sua complexidade, universalidade, plenitude e integridade. 15 E. E DIREITOS H., C. PARA UM D. ENTRE GÊNERO E D. S. Capítulo 1 Desse modo, são denominados de direitos naturais, exatamente porque englobam e dizem respeito à dignidade da natureza humana. São naturais, ainda pelo fato de antecederem a qualquer lei, e por essa razão não devem estar determinados numa lei, para serem exigidos, reconhecidos, protegidos e promovidos (CARVALHO, s.d.). A Constituição Federal de 1988 implementou um Estado democrático e de direito a partir das concepções da igualdade e liberdade. Um Estado constitucional democrático e de direito, traduz em seu âmago valores focados na soberania, cidadania, a dignidade da pessoa humana, os princípios sociais do trabalho e da livre iniciativa (TAVEIRA, et al. 2015). O artigo 1º de Taveira et al. (2015) considera que é a maior grande referência desse signifi cado. No artigo 3° estão defi nidos os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: a edifi cação de uma sociedade livre, justa e solidária, a defesa e a garantia do desenvolvimento nacional, extinção da pobreza e a marginalização, diminuição das desigualdades nacionais e locais e, elevação no nível de vida e do bem de todos, sem preconceitos de qualquer natureza; origem, raça, sexo, cor, idade e outras formas de discriminação. Os autores mencionados anteriormente dizem que, como forma de garantia constitucional, determinou-se a educação como direito social de todos, como uma ferramenta essencial na concretização da cidadania, objetivando uma sociedade mais justa e humanizada. Entretanto, a educação como direito de todos poderá se tornar realidade através de um importante pacto entre Estado e sociedade. Na Constituição Federal de 1988, a educação teve uma atenção especial, não somente se defi niu o direito à educação, de modo claro, determinou-se o seu papel nas áreas do ensino público. O direito à educação, podemos aqui mencionar em quais títulos e sessões se destacam: • Título II, Dos Direitos e Garantias Fundamentais, Capítulo II – Dos Direitos Sociais, artigo 6º; • Título VIII, Capítulo III, denominada Da Educação, Da Cultura e do Desporto,Seção I - Da Educação, artigos 205 a 214; • Capítulo VII, em seu artigo 227. O direito à educação nos moldes da garantia basilar e social é uma previsão clara, instituída no art. 6º: São reconhecidos como direitos sociais, a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desassistidos, em 16 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE concordância com a Constituição Federal. Os artigos 205 a 208 apresentam essa temática protetiva, indicando as devidas defi nições desse direito basilar e social à educação (TAVEIRA et al., 2015). Os artigos 205 a 208 são compreendidos como o centro da proteção do direito à educação, é responsabiliza um ator especial para sua concretização; o Estado, tanto pela sua garantia, como também pela sua efetividade (TAVEIRA et al., 2015). Assim, o referido artigo 205 da Constituição Federal (1988) preceitua que: A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualifi cação para o trabalho. FIGURA 1 – EDUCAÇÃO ENQUANTO DIREITO E AO MESMO TEMPO DEVE SER UM DEVER DO ESTADO FONTE: A autora À medida que os artigos 209 a 211 são conhecidos como regras organizacionais, que oportunizam e defi nem atitudes e estruturas, seja para as instituições privadas e as governamentais. O art. 212 prevê que a participação das instâncias Federal, Estadual e Municipal, no que concerne à aplicação de receita no sistema de educação (TAVEIRA et al., 2015). 17 E. E DIREITOS H., C. PARA UM D. ENTRE GÊNERO E D. S. Capítulo 1 De acordo com os autores CULAU et al. (2015) a educação é a porta para qualquer transformação social que se almeje alcançar dentro de um método democrático. Enquanto a educação em Direitos Humanos, por sua vez, é o que permite mover e conscientizar os indivíduos para a seriedade do respeito ao próximo. Educar em Direitos Humanos não é uma singela ocupação, é um aprendizado que faz parte de uma ação educacional. Para aquecer o debate, consulte o artigo a seguir: Modelos assistenciais: reformulando o pensamento e incorporando a proteção e a promoção da saúde. Disponível em: <https://educere.bruc.com.br/arquivo/ pdf2015/18221_7983.pdf>. Acesso em: 13 mar 2022. Converse com sua equipe de trabalho e seus colegas de turma sobre a relevância da compreensão a respeito dos direitos humanos para a prática profi ssional dos diversos profi ssionais que atuam na área da educação. Conforme observado no artigo 212 da Carta Maior, de 1988, a União concentrará, todos os anos, nunca menos de dezoito, aos entes federados, Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita decorrente de impostos, resultado advindo de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino. Já no artigo 213, defi ne fi nalidades e faz escolhas priorizando a distribuição dos recursos no âmbito da educação. Assim, determina: os recursos públicos serão encaminhados às escolas públicas, e pode ser direcionado a escolas comunitárias, confessionais ou fi lantrópicas, em conformidade com a em lei (TAVEIRA et al., 2015). Temos também o artigo 214. Este normatiza que a formação do plano nacional de educação e os propósitos sociais da educação, o que conserva relação imediata com o direito fundamental à educação, que incluem: 18 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE • eliminação do analfabetismo, ampliação para atingir a universalização do atendimento escolar, avanços continuados na qualidade do ensino, promoção de formação para o trabalho e organização para o âmbito humanístico bem como a tecnológica do estado brasileiro (TAVEIRA et al., 2015). Todos estes princípios segundo os autores anteriormente citados, dizem respeito a fi ança e a concretização do direito basal à educação. Em relação, ao do direito à educação, foi publicada a Lei n. 8.069, de 13/7/1990 que ordena quanto ao Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências (TAVEIRA et al., 2015). No referido Artigo 3º, constitui-se que a criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais relativos à pessoa humana, sem desvantagem da proteção integral de que versa esta Lei, garantindo-lhes, pela lei ou por outros recursos, todas as viabilidades e facilidades, no sentido de lhes possibilitar o desenvolvimento físico, mental, moral espiritual e social, e através de condições de liberdade e de dignidade (TAVEIRA et al., 2015). Assim, Taveira et al. (2015) verifi cam que a educação foi estimada como condição fundamental e estruturante da Carta de 1988, nessa mesma linha também o Estatuto da Criança e do Adolescente. Ainda, de lado com o direito à educação, com o propósito de expandir o rol de direitos para todas às crianças e ao adolescente, o artigo 54 do Estatuto reprisou com algumas baixas alterações redacionais, os termos do artigo 208 da Carta Magna. Nesse sentido, os mesmos autores supracitados aludem que o direito à educação se consolidou como uma garantia expressa não apenas na atual Constituição, mas ainda em leis infraconstitucionais. Está declarado, de modo igual, a garantia do direito à educação na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, foi infl uenciada nos fundamentos da liberdade, da solidariedade, no desenvolvimento de capacidade e habilidades para o trabalho e sem perder de vista a formação para a cidadania. Em se tratando de direito de todos à educação, a lei estabelece o dever e as obrigações do Estado para a sua efetivação: o Estado na lei é compromissado em assegurar o ensino fundamental obrigatório e gratuito a todos, incluindo também os indivíduos que não tiveram acesso disponível na idade própria; é extensivo e progressivamente a obrigatoriedade e a gratuidade ao ensino médio, e promover atendimento educacional particularizado (TAVEIRA et al., 2015). 19 E. E DIREITOS H., C. PARA UM D. ENTRE GÊNERO E D. S. Capítulo 1 Caro estudante, para contribuir ainda mais com o seu conhecimento, deixamos como sugestão de leitura os seguintes livros: O referido livro promove uma refl exão a respeito dos conceitos e tendências presente no discurso contemporâneo do campo da educação baseada na perspectiva dos direitos humanos. FONTE: CASTILHO, R. Educação e Direitos Humanos. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. O referido livro aborda uma discussão a partir de pesquisadores dos seguintes países: Brasil, Cuba, México, Portugal e Venezuela, com a fi nalidade de entrelaçar diálogos e teorias que ambicionam o convívio democrático e humanizado, a partir dos direitos socialmente conquistados. FONTE: OLIVEIRA, M. et al. Educação e Direitos Humanos: campos de disputas e aproximações. Curitiba: Editora CRV, 2020. 20 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE Aos discentes com algum tipo de defi ciência e/ou transtornos, os referidos princípios, se apresentam nos artigos. 2º e 3º da LDB de 1996, na verdade retomam, ipsis litteris, os artigos 205 e 206 da Constituição de 1988 (SEVERINO, 2008). O direito à educação, vislumbrando o futuro, possui um percurso importante a ser feito, porque não é sufi ciente garantir esse direito, mas é primordial sobretudo, concretizá-lo, com permanência do estudante no espaço escolar, qualidade na educação e que essa constitua universal. Reforçando que através da educação que se conquista a cidadania (TAVEIRA et al., 2015). Para a realização de uma escola de qualidade é necessário pensá-la e situá- la no sentido de educação como direito social, com perspectiva de um cotidiano escolar que promova o respeito quanto as particularidades dos indivíduos, grupos etc., que edifi que um conjunto de dados que respeite a diversidade que promovam comunicação entre as diferençasraciais, culturais, étnicas, de gêneros e outros. Nessa perspectiva, é fundamental lutar contra ao etnocentrismo e buscar conservar valores fundamentais da sociedade (TAVEIRA et al., 2015). Na apreensão da escola como importante espaço sociocultural, de acordo com os autores Taveira et al. (2015), determinados conceitos-chave tratados por Bourdieu, como habitus e campo, são fundamentais na construção do entendimento de como os sujeitos, que fazem parte do espaço escolar, se movimentam e se interrelacionam e sofrem interposição do meio, mesmo que isso não esteja explicito para ele, vivenciando experiências que muitas vezes são provenientes de circunstâncias preconceituosas e discriminatórias. O habitus diz respeito a uma importante matriz promotora de comportamentos, visões de mundo e sistemas de categorização e de compreensão da realidade, essa se exprime e se incorpora aos indivíduos, ou mesmo que se apresente no grau da postura corporal (hexis) destes mesmos indivíduos (TAVEIRA et al., 2015). Assim, ainda conforme os mesmos autores citados, eles acrescentam ainda que o habitus é apreendido e gerado na sociedade e incorporado pelas pessoas, e atua como organizador de hábitos/costumes signifi cando às ações das pessoas no meio social. Já o conceito de campo é acrescido a o de habitus. Bourdieu (1999) compreende que o campo se traduz no espaço em que se relacionam os indivíduos e, grupos e estruturas sociais, em um espaço que se movimenta na dinâmica do cotidiano e dos acontecimentos, e, portanto, segue leis próprias, conduzido através das disputas ocorridas em seu interior, e que possui como mola impulsionadora a ambição em ser bem-sucedido no meio social e nas relações defi nidas entre os seus membros, constitua-se no coefi ciente dos agentes, constitua-se no coefi ciente das estruturas. 21 E. E DIREITOS H., C. PARA UM D. ENTRE GÊNERO E D. S. Capítulo 1 Em suma, o campo é o espaço privilegiado em que as coisas se desenvolvem em sociedade, isso vai resultar em diferente tipo de luta pelo poder, que é guiado por normas diferentes, em que a tensão é uma constante. Conscientes da fundamental seriedade da escola como campo cultural, é legitimo refl etir na formação de habitus que possibilitam o desenvolvimento recíproco, em um espaço que para sedimentar a constituição e sustentação de condutas para o pleno desenvolvimento cidadão (TAVEIRA et al., 2015). Para a efetivação disto é necessário tratar no ambiente escolar de aspectos que proporcionem uma educação crítica, que leve o aluno não apenas a reproduzir pensamentos, mas a questioná-los, e ao mesmo tempo, valorizar o indivíduo em sua complexidade cultural e à diferença. Tal prática educativa propicia o enfrentamento à discriminação e ao preconceito correntes na sociedade e, portanto, também na escola. Quando os preconceitos não são questionados a escola acaba se pondo a serviço da representação de padrões de comportamento que reforçam os procedimentos discriminadores (TAVEIRA et al., 2015). Os mesmos autores citados anteriormente, acrescentam que a Declaração Universal sobre a diversidade cultural, em seu artigo 1º, atesta: a cultura contrai confi gurações distintas por meio do tempo e do espaço. Essa diversidade se desponta na personalidade e na pluralidade de identidades que caracterizam os grupos e as sociedades que compõem a humanidade. A diversidade cultural é a origem e o caminho de trocas, inovações e criatividades várias. É indispensável aos seres humanos, assim como a diversidade biológica é indispensável a natureza, constituindo um patrimônio comum da humanidade e, portanto, devendo ser respeitada e preservada em prol das gerações atuais e futuras (UNESCO, 2002). Diversos estudos ressaltam o fato de que o ambiente escolar se constitui como território de construção de identidades, conformações de relações sociais ou distinções, de administração de ideologias ou estereótipos. Por esse motivo, a escola se mostra também como local estratégico de articulação, um espaço para projetos que visam a transformação ao redor de uma educação que preserve a diversidade. Conforme a autora Gomes (2003), tal espaço deve ser percebido como local extraordinário para a suplantação de práticas racistas e demais preconceitos. É fundamental a percepção do ambiente escolar como um local de união, de confl uência de culturas, que proporcione um outro olhar, outra conduta, a fi m de reconhecer diferentes culturas que formam o universo que chamamos de escola. 22 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE É preciso também reinventar a escola, para que ela seja afi nal, um ambiente de socialização. Ambiente no qual alunos e professores, ao invés de negarem ou ocultarem os próprios problemas, possam discuti-los e a fi m de que, mesmo com os obstáculos existentes, possam ser desenvolvidas ações que valorizem o ser humano (MOREIRA; CANDAU, 2005). Para atingir este propósito, um ambiente no qual o horizonte utópico possa ser empregado como fomento para uma nova educação, na qual todos sejam tratados de modo igualitário em suas diferenças, a escola precisa superar-se. Segundo Candau (2008), sem horizonte imaginado, aversão, entusiasmo e a aspiração de uma sociedade justa e solidária, inclusiva, em que se pronunciem políticas de igualdade e de identidade, para a coletividade não há educação. A elaboração de novas posturas em relação a educação implica necessariamente na constituição de uma visão sensível ao diferente. É preciso renunciar ao feitio, monocultura e arraigado, que por vezes a educação ostenta. Para isso, são fundamentais os questionamentos que se fazem ante à realidade, sua desconstrução e a problematização da mesma (TAVEIRA et al., 2015). É importante destacarmos nessa discussão, o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (2006), fi rmado pelo Ministério da Educação e pela Secretaria Especial de Direitos Humanos, possui o entendimento de que a educação em direitos humanos ocorre simultaneamente à educação para a reconhecimento das diferenças. Todavia, diante de inúmeras incongruências e deturpações assimiladas culturalmente no percurso histórico, faz-se necessário à admissão dos preceitos de base dos direitos humanos na educação escolar, compreendendo induzir ao conhecimento dos estudantes os direitos e deveres o cidadão no amplo exercício da cidadania pode usufruir no estado brasileiro (CARVALHO, s.d.). É concentrado e claro, conforme Carvalho (s.d.), que a distância e o que está escrito nas leis e estabelecido pelo ordenamento jurídico e a prática social concreta. Um exemplo disso destacamos alguns exemplos na atualidade que foram noticiados nos meios midiáticos; não se aprova mais a escravidão, entretanto existe informação da existência do trabalho análogo ao regime de escravização em carvoarias, fazendas, centros urbanos entre outros. Nessa mesma direção, temos a não aceitação da questão do trabalho infantil e violência de muitos tipos contra crianças e adolescentes, contudo somos noticiados e tomamos conhecimento de crianças e adolescentes vivendo na rua e sendo exploradas no trabalho. Exemplos dessa natureza trazem aversão do 23 E. E DIREITOS H., C. PARA UM D. ENTRE GÊNERO E D. S. Capítulo 1 acordo universal, em decorrência da exigência de determinados organismos internacionais no sentido de se impor requisitos e cláusulas sociais nos contratos comerciais, no sentido salvaguardar e resguardar a infância, contra a discriminação racial e contra o trabalho infantil. Dialogando com Soares (1998), defende-se que os direitos que são naturais e universais diferem de direitos que integram de uma agregação de direitos e deveres ligados às concepções de cidadão e cidadania. Os Direitos Humanos é que são universais; e universais são aqueles direitos comuns e inerentes a coletividade dos seres humanos sem distinção alguma de etnia (algum tempo atrás se falava raça, atualmenteo conceito de raça está ultrapassado), de nacionalidade, de cidadania política, de sexo, de classe social, e também de nível de escolaridade, de cor, de religião, de opção sexual, ou julgamento moral e de outras naturezas; são aqueles que decorrem do reconhecimento da dignidade intrínseca de todo ser humano (CARVALHO, s.d.). Esses direitos que necessitam ser reconhecidos, assumidos, protegidos, assegurados, sem ter em conta, qualquer tipo de distinção, como essas altivezes enfatiza-se a de julgamento moral. Além de consistir essenciais à natureza humana, apropriados e universais – na perspectiva de que são inerentes a todos (sendo defi nidos como naturais, eles são universais, pelo fato de se atribuir que a natureza humana seja única), os Direitos Humanos além disso são históricos (CARVALHO, s.d.). Portanto, eles são naturais e universais por estarem agregados à natureza humana, mas são históricos e diante disso mudaram no transcorrer da História, e assim mudaram num mesmo país e difere o seu reconhecimento em diferentes países, num mesmo tempo. Para Soares (1998), no sentido históricos, isso revela que os Direitos Humanos têm evolucionado ao longo do tempo e tendem ainda transformações porvindoura. Assim, os Direitos Humanos, no que concerne a respeito da orientação sexual, por exemplo, constituiriam intoleráveis há aproximadamente uns vinte anos. Mas atualmente eles já integram a cultura e isso diz respeito notadamente o núcleo daqueles direitos compreendidos basilares, isto é, ninguém poderá ser discriminado, exposto a vexame, abandonado da comunidade política e social em razão de sua orientação sexual (CARVALHO, s.d.). Carvalho (s.d.) ainda acrescenta aos nossos estudos que os Direitos Humanos além disso são indivisíveis e interdependentes, pois, na proporção que são incorporados ao rol dos direitos fundamentais da pessoa humana, esses direitos não podem mais esfacelados, por exemplo, possui o direito até esse 24 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE patamar aqui, daqui em diante é só para os homens, ou só para as mulheres, ou só brancos e ricos, ou apenas os intelectuais etc. A igualdade não se traduz em igualdade, homogeneidade. O direito à igualdade implica, e não é uma incoerência, o direito à diferença, sendo que essa não é sinônimo de desigualdade, bem como igualdade não é sinônimo de homogeneidade e de uniformidade (CARVALHO, s.d.). A diferença é uma associação horizontal, nós somos muito diferentes, essas diferenças vêm desde que nascemos homens ou mulheres; já é uma diferença notadamente fundamental, e não quer dizer que é uma desigualdade; será se essa diferença for interpretada no sentido de que os homens são superiores às mulheres, ou vice-versa (CARVALHO, s.d.). A igualdade se traduz em isonomia, que é a igualdade perante a lei, da justiça, frente as oportunidades na sociedade, se democraticamente acessível a todos, e no aspecto socioeconômico (SOARES, 1998). E a igualdade compreendida como o direito à diferença: todos somos de forma igual possuidores do direito à diversidade cultural, do direito de ter respeitada as origens e os saberes culturais e tradicionais, de livre escolha ou por contingência de nascimento (CARVALHO, s.d.). Conforme os autores Santos e Thürler (2011), é essencial a procura de atos que busquem compreender ao alongado da vida, como se origina a construção das identidades de gênero e sexual, possibilitando-lhe o pleno gozo pleno do Estado Democrático de Direito, ou seja, a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais relacionados ao trabalho e da livre iniciativa, o pluralismo político, e a garantia da oferta do bem estar social a coletividade, sem preconceitos de qualquer natureza, como; raça, sexo, cor, idade, segundo o que se prevê na Constituição Federal de 1988. O direito à educação não somente foi instituído na Carta Maior de 1988, mas além disso foi alçado à categoria de direito social e fundamental, e meios para seu amparo. Mediante a isso, para que essas fi anças sejam concretizadas é de suma importância o seu conhecimento profundo, e a sua justifi cação, pois é por essa via que a nação terá uma educação em todos os seus níveis do básico ao superior imperiosa de qualidade, que promova a prática da inclusão social e das relações étnico-raciais (TAVEIRA et al., 2015). Desse modo, a educação cooperará com uma grande participação política, social e econômica e especialmente para a o reconhecimento do direito à diversidade e a defesa contra todas as formas de discriminação e desigualdade social (TAVEIRA et al., 2015). 25 E. E DIREITOS H., C. PARA UM D. ENTRE GÊNERO E D. S. Capítulo 1 Diante disso, a educação vai conjeturar na sociedade com poder mobilizador e concretizador, arrogando-se uma dimensão, que também pode constituir uma pedagogia para a inclusão social, de modo digno, em prol dos direitos e garantias do cidadão. Por fi m, consideramos que a escola possui essa importante função para a sociedade que concretiza na educação, igualdade e liberdade para todos, como garantia de cidadania, originários do Estado democrático e de direito (TAVEIRA et al., 2015). 1 – Analise a sentença a seguir e julgue como CERTO ou ERRADO: O direito à educação não somente foi instituído na Constituição Federal brasileira no ano de 1988, e podemos afi rmar que esse direito foi alçado à categoria de direito social e fundamental, e meios para seu amparo. ( ) CERTO ( ) ERRADO 2 – Analise a sentença a seguir e julgue como CERTO ou ERRADO: A escola deve se mostrar como um lócus estratégico de articulação, ou seja, um espaço para projetos que se destinam a preservar a educação de forma tradicional, conservadora, atendo-se tão somente ao repasse de conteúdos disciplinares. ( ) CERTO ( ) ERRADO 26 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE 2.1 EDUCAÇÃO, GÊNERO E DIVERSIDADE SEXUAL A educação entendida como direito humano é assimilada como um direito social que compõe a segunda geração de direitos, defi nidos e afi rmados após o século XIX. Referências não faltam à relevância do direito à educação, no entanto poucas as refl exões que têm buscado se a aprofundar o conteúdo deste direito numa compreensão vasta, sem limitá-lo à escolarização, abordagem que formou a tendência quase exclusiva dos trabalhos que vêm sendo realizados (CANDAU, 2012). Candau (2012) menciona sobre a introdução do Relatório referente ao Direito à Educação, promovido pela Plataforma Brasileira de Direitos Humanos, Econômicos, Sociais e Culturais, em 2004 em que considera a Educação como Direito Humano que julga o ser humano na sua vocação ontológica de querer ser mais, se distinguindo dos outros seres vivos, procurando ultrapassar sua situação de existência no mundo. Segundo Candau (2012), a educação é um elemento essencial para a viabilização da realização dessa vocação humana. Não somente a educação escolar, mas a educação de forma ampla, a educação elaborada num sistema geral, que envolve a educação escolar, mas que não se basta nela, pelo fato do processo educativo se iniciar desde o nascimento e fi ndar apenas com a morte do indivíduo. Isto pode se dar espaço familiar, no meio social que o indivíduo vive, no trabalho, com seus amigos etc. O desenvolvimento educativo permeia a vida dos indivíduos. Os sistemas escolares integram este procedimento educativo pelos quais as aprendizagens basilares são desenvolvidas. Conhecimentos fundamentais são passados, preceitos, modos de procedimentos e aptidões são lecionados e aprendidos. Nas sociedades contemporâneas, o conhecimento escolar é praticamente um requisito para sobrevivência e bem-estar. As implicações do direito à educação, possuindo por referência como a família, os diversos espaços educativos informais, como as organizações da sociedade civil e os movimentos sociais, precisam ser aprofundados e de maneira satisfatória desenvolvidosna sociedade (CANDAU, 2012). É aceitável dizer que o desenvolvimento do direito à educação no nosso país, claramente um andamento acelerado nos últimos anos, pode ser compreendido por dois destaques: a ampliação da escolarização e a declaração da concepção de uma educação escolar comum a todos, baseada nos pressupostos da igualdade. 27 E. E DIREITOS H., C. PARA UM D. ENTRE GÊNERO E D. S. Capítulo 1 No que se refere ao primeiro destaque, o direito à educação escolar, em princípio foi a ênfase posta no aumento dos anos de permanência obrigatória escolar, no sentido da universalização do ensino fundamental. Com este objetivo praticamente realizado de modo geral, passa-se também a viabilizar políticas de ampliação do acesso à educação em todos os seus níveis, do ensino básico ao ensino universitário (CANDAU, 2012). Essa expansão do sistema de ensino, segundo Candau (2012), evidencia e a presença dos diferentes grupos sociais e culturais que passaram a frequentar o espaço escolar e, desse modo, evidenciaram a heterogeneidade dos resultados, os elevados apontadores de subterfúgio e difi culdade no processo de ensino e aprendizagem, a distorção idade-série, especialmente de verifi cados sujeitos e grupos, trazendo para os debates as inquietações quanto a questão da qualidade da educação. No entanto, esta expressão, da mesma forma em que mostra um aparente consenso, também apresenta diferentes interpretações e oculta diferentes marcos conceituais e políticos de se conceber a educação, articulando-a com o modelo de sociedade e cidadania que se pretende construir. Temos nesse sentido uma expressão polissêmica, de um conceito socialmente construído e que necessita de continuada reformulação, que empreenda fortes polêmicas e debates entre os educadores e na sociedade em sua totalidade (CANDAU, 2012). Esta polissemia da frase qualidade da educação pode ser vista nos discursos que se sucedem sempre que sentem a necessidade de adicionar um novo adjetivo à palavra qualidade: cita-se; qualidade em série como, a qualidade humana, a qualidade social, qualidade cidadã, qualidade corporativa etc. O que está em questão é o confl ito entre os diversos modos de viabilizar as relações entre educação, escola e sociedade. A educação escolar não deve ser limitada a um produto que se comercializa na perspectiva do mercado; e muito menos ter como menção praticamente que total a obtenção de verifi cados conteúdos, por mais socialmente reconhecidos que se constituam (CANDAU, 2012). Deveria sim ter como meta principal a elaboração de uma cidadania participativa, a concepção de sujeitos de direito, a promoção e o desenvolvimento da vocação humana de toda a sociedade implicada nesse projeto. Este espraiamento na expansão do sistema escolar em relação as questões da qualidade deram abertura também ampliar o discurso sobre o tipo de educação que as escolas devem promover (CANDAU, 2012). 28 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE Formatado na perspectiva da igualdade, o direito à educação é sustentado procurando-se ofertar uma escola igual para todos. Diante disso, sistemas de extensa escala de avaliação escolar são instalados, municípios e estados defi nem currículos para todas as suas escolas, é elaborado material didático padronizado, cadernos de exercícios para todos os estudantes, entre outros aspectos, na atualidade, um currículo trivial em nível nacional está sendo elaborado. Diante disso, a igualdade é muitas vezes é apreendida como homogeneização e uniformização do sistema (CANDAU, 2012). Nesse sentido, notadamente a partir dos anos de 1990, esta prerrogativa vem perdendo forças, tem sido desestabilizada por diversas políticas, programas e ações pautadas no sentido do reconhecimento da diversidade, normalmente agenciadas em resposta a pressão dos movimentos sociais (CANDAU, 2012). Conforme Candau (2012), políticas de ato afi rmativo e inclusivo; os currículos escolares sendo elaborados com conteúdo sobre história dos povos tradicionais e originários das cultura afro-brasileira, africana e indígena entre outros, educação quilombola, educação no campo, educação intercultural indígena, formulação de materiais pedagógicos pra esse dialogo contra a homofobia, o sexismo, do racismo no espaço escolar, entre outros, esses são alguns exemplos do desenvolvimento desta perspectiva. Ações dessa envergadura surgem suscitando diversos estudos e debates com os professores e na sociedade. Assim as políticas de igualdade e de reconhecimento da diversidade no solo da educação escolar se mostram, estar em contraposição e, em outros momentos, se erguem através de movimentos justapostos, sem a necessária articulação (CANDAU, 2012). Todavia, é necessário que se encontra ativamente agindo o movimento da sociedade civil, que nos últimos anos vem construindo e implementando novos direitos, na defesa e no respeito às diferenças e pela diminuição das desigualdades. Quando estudamos e trabalhamos na concepção do viés educacional, enfatizando seus indicadores, as desigualdades se mostram evidentemente, no tratamento desigual direcionados às verifi cadas faixas etárias, relacionados a questão, de etnia/raça, e do mesmo modo relacionado a sexualidade e gênero e em alguns grupos vulneráveis e com pouca ou nenhuma força política, o rural, o urbano. É fundamental despontar que o aluno, pertence a uma raça/etnia, possui sua sexualidade, um lugar social em que ele está inserido naquele espaço, algo que vai além de sua condição de classe social (HADDAD; GRACIANO, 2006). 29 E. E DIREITOS H., C. PARA UM D. ENTRE GÊNERO E D. S. Capítulo 1 Esse exercício torna cada vez mais urgente a promoção de desenvolvimento processos de educação no que se refere aos direitos humanos que contribuem com a construção de uma cultura dos direitos humanos no contexto social de modo geral, particularmente, nos processos educativos (CANDAU, 2012). Você sabe que também existe o conceito da sigla LGBTQIAP+? Ela signifi ca lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, queers, intersexuais, assexuais, pansexuais e o sinal (+) aborda o espectro das identidades de gênero e sexualidade que as letras por mais que buscam dar visibilidade, não alcançam na totalidade. 2.2 DIALOGANDO SOBRE GÊNERO A temática da questão de gênero e de sexualidade se tornou assunto em muitas áreas no âmbito campo das humanidades. Uma das ilustres obras da antropologia a respeito do assunto é o livro: Sexo e temperamento, da antropóloga cultural Margaret Mead, publicado em 1935. Se aquelas notórias costumes impulsivos que de acordo com a tradição denominamos como essencialmente femininas; passividade, sensibilidade e disposição de ninar crianças; podem naturalmente ser erigidas como modelo masculino numa tribo, e na outra ser diferente em que as mulheres, como para grande parte dos homens, não nos resta mais princípios seguir tais aspectos de conduta como unidos ao sexo. Se compreende a importância das particularidades culturais na divisão do papel social nas sociedades, modifi cando por completo de uma sociedade para a outra. Mead (1979) também indagou quanto ao argumento em relação a ideia de que existe funções consideradas naturais em que os sexos; femininos e masculinos devem agir conforme seus aspectos simplesmente biológicos. Gênero, como conceito gramatical, é empregado na defi nição de homem e mulher, isto é, gênero masculino e feminino. De acordo com Ferreira (1986, p. 844), gênero é uma “categoria que designa, através de desinências, uma divisão dos nomes pautada em normas tais como sexo e associações psicológicas”. 30 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE Contudo, num aspecto social dentro dos princípios das ciências humanas e sociais, a defi nição de gênero tem se constituído sendo utilizada para distinguir socialmente os indivíduos. Esse conceito não é somete analítico, mas inclui tambémhistórica, no sentido de um contexto dominado e marcado predominantemente pelo masculino, no qual a mulher sempre esteve no lugar de retaguarda, compreendida como um gênero fragilizado, e o homem gênero de força e poder. Se gênero pode ser empregado para analisar as relações sociais defi nidas entre homens e mulheres, devemos entender que essas relações de gênero atravessam várias facetas, desde as construções e a atribuição de papéis masculinos e femininos, a construção de identidades, da sexualidade, da pluralidade de masculinidades e feminilidades, da hierarquia de gênero e, em decorrência dessas divisões muitas vezes, até a violência de gênero. As diferenças entre homens e mulheres se propagam na sociedade com base em concepções sobre o que é feminilidade e masculinidade. São disputas simbólicas, que defi nem respeito a dinâmica de reprodução social, nas organizações diversas como; na família, nas organizações religiosas, escolares, nos ambientes de trabalho e na vida política (MELLO, 2020, p. 11). Nessa perspectiva, compreender gênero é necessário ir além do termo feminino e masculino, mas sem se afastar da identidade do que é ser masculino ou feminino. Atualmente, a identifi cação engloba impasses e entraves sociais, políticos e morais, em que pessoas que não se reconhecem no sexo em que nasceram, sofram com os padrões sociais em relação à identidade. Algo anterior ao nascimento de uma criança, na ocasião do exame em decorrência do ultrassom, a família, inicia o processo para adaptar seu lugar na sociedade, e a partir de suas genitálias é que tudo se decidirá. Se for menina, sua normalmente cor será rosa - decoração, roupas e pertences serão basicamente dessa cor. Se for menino, o padrão será a cor azul. Com o crescimento e o desenvolvimento das crianças, essa diferenciação se mantém nas vestimentas. Entretanto, essa dicotomia se apresenta através dos brinquedos e das brincadeiras adquiridos/permitidos para um e para outro - no caso, para outra – que isso será delimitado e percebido de maneira mais enfática. O que é ser mulher? O que é ser homem? Um dos maiores subsídios do desenvolvimento teórico nessa temática foi a diferenciação entre gênero e sexualidade, anteriormente confundidos em grande parte das vezes. A historiadora Joan Scott (1995) foi uma das pioneiras quanto a 31 E. E DIREITOS H., C. PARA UM D. ENTRE GÊNERO E D. S. Capítulo 1 fazer essa diferenciação entre gênero e o antigo projeto binário e biologista que fazia a separação entre sexos feminino e masculino. A autora defi ne que a diferenciação mais complexa de gênero ocorre na sociedade e ainda se articula com determinantes sociais como; classe social, papel na família, poder político, e demais fatores. A autora destaca a relevância da categoria gênero para o estudo histórico dos aspectos sociais. A identidade de gênero foi objeto de estudo de diversas estudiosas e pesquisadoras, especialmente as feministas, e pesquisadores também. Uma de importante destaque que contribuiu para a discussão na contemporaneidade foi Butler (2003). A partir de sua teoria queer, a autora desconstruiu ainda mais as ideias binárias relacionadas a gênero, envolvendo a atuação dos seres humanos, por exemplo, a maneira como se vestem, o comportamento etc. e, especialmente, se abarca, como elementos predominantes na constituição da identidade de gênero que há ampla diversidade. Abraçando o pensamento desenvolvido pela teoria queer, as diferentes classifi cações de gênero podem ser determinadas em: • Cisgênero: indivíduos que possuem o gênero que ajusta com o gênero cognominado ao indivíduo no nascimento. • Transgênero: esses indivíduos que possuem um gênero que não corresponde ao alcunhado no nascimento. • Intersexual: indivíduos que têm desde o nascimento ambas; genitálias feminina e masculina ou ambivalência cromossômica, impedindo a signifi cação antecedente por um gênero ou outro. • Gender-fl uid (gênero fl uido): indivíduos que não se reconhecem com tão somente um gênero, transitando entre eles. Assim, Butler (2003) chama atenção para a importância de distinguirmos entre gênero e sexualidade. A identidade de gênero tem a ver com ser homem cisgênero, mulher cisgênero, homem transgênero, mulher transgênero e pessoas com gênero fl uido. A separação defi nida pela sociedade do ser masculino e feminino, promoveu também a concepção de objetos, cores diferentes, para meninos e meninas, o mesmo com alguns comportamentos esperados para um e não para outro sexo para cada tipo de gênero, são concepções produzidas e reproduzidas pelo homem, atribuídas pela sociedade e todos as acompanham como um preceito, reforçado de geração em geração. 32 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE É a naturalização do gênero, como se para ser homem ou mulher bastasse nascer com uma ou outra genitália. Entretanto, será que é de tal modo tão singelo? A cisão entre o ser feminino e/ou masculino não é compreendida somente a partir determinismo biológico. Isso signifi ca que, tanto o homem e a mulher são resultados de uma dada realidade sociocultural. Foi evocando essas provocações problematizar que se oportunizou-se entender essas relações de poder defi nidas entre homens e mulheres que passou a existir o conceito de gênero. O termo adentrou a academia, na década de 1980, em um debate continuo com o movimento feminista e pesquisadoras de outras áreas: história, sociologia, antropologia, ciência política, entre outras. Portanto foi através dos estudos sobre mulheres que foi se estruturando o processo de desnaturalização do papel de submissão/inferioridade, que a mulher estava prometida socialmente, passou a se desestruturar. Foi nesse sentido que o conceito de gênero nasceu: refl etir e desconstruir a percepção de que as desigualdades e as convenções sociais fossem relacionadas unicamente ao determinismo biológico. Porque é a sociedade que, regulada na genitália, defi ne arquétipos e funções diferentes para homens e mulheres. Como asseverou Louro (2007), para que se compreenda o espaço e as relações de homens e mulheres numa sociedade, deve-se verifi car não especifi camente homens e mulheres, mas sim tudo que socialmente se construiu sobre eles. Verifi camos, nesse sentido, que as diferentes culturas, em diferentes momentos históricos de suas formações sociais, defi niram, e ainda estabelecem, procedimentos, funções e imputações para mulheres e homens. É fundamental observar que, se todas as sociedades determinassem comportamentos e referencias sociais a partir do sexo biológico de cada indivíduo, não teríamos as variadas maneiras de vivenciar a identidade de gênero, como é possível atualmente, apesar dos muitos preconceitos e homofobias existentes. O sexo é um elemento biológico, associado que corresponde ao nosso corpo físico nosso órgão genital, seios, sistema reprodutor etc., o gênero é uma construção sociocultural. Diante disso, cabe destacar que categoria gênero não é uma regra automaticamente imposta, sequer a localizamos escrita em um código de leis. Ela se formula no cotidiano, a partir de jogo continuado de poder e resistência. 33 E. E DIREITOS H., C. PARA UM D. ENTRE GÊNERO E D. S. Capítulo 1 Essas associações estão em todas as áreas: educação, saúde, trabalho, política, religião, lazer na cultura de forma geral. É fundamental mencionar que o próprio conceito de gênero está no âmbito de um contexto sociocultural, resumidamente, ele é também uma construção e as pessoas estão condicionadas a essas construções e transformações. Existe, nesse sentido a diferença entre ser uma mulher em nosso país ou no Oriente. Essa altercação ainda pode ser relacionada ao tempo, isto é, existe uma diferença entre ser mulher no mundo contemporâneo e ter sido mulher no início do século XX. Primeiramente, gênero estava relacionado às discussões de/e para mulheres, visando a condição da mulhere no entendimento de como a categoria mulher era construída. A repercussão disso foi uma homogeneização das mulheres, na percepção de uma categoria excepcional, sem considerar outras diferenças importantes como classe, etnia/raça, geração e orientação sexual. 2.2.1 Diversidade sexual Em nossa sociedade atual, ocidental, educamos meninas e meninos de modo diferente, concedendo a cada um comportamento e desempenhos na sociedade que se entende como adequados a partir da genitália “descoberta” anteriormente ao nascimento de cada indivíduo. Assim, diferenças biológicas são empregadas na construção de diferenças sociais, muitas vezes, tidas como naturais. Por que há modelo padrões de desempenhos acatados corretos para meninas e meninos? Podemos observar que esses modelos padrões foram conferidos a partir do sexo biológico, podem infl uenciar comportamentos, profi ssões, cores de roupas, brincadeiras, e o mais que se refi ra a que se refi ra ao sexo biológico. Pensando nesse sentido, compreendemos que esse tipo de educação atrapalhou e tolheu homens e mulheres que enquanto crianças de brincar com que se sentiam atraídos e não lhes era permitido porque era considerado brincadeira de menino ou menina. Muitas pessoas se frustraram em não poder ter o poder de escolher a profi ssão que se identifi cava mais porque podia ser considerada profi ssão de homem ou profi ssão de mulher. 34 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE Dessa maneira, é importante destacar que essa construção cultural e educacional da defi nição de papeis a serem desempenhados a partir do sexo biológico, não tem relação alguma com o que pode ou não ser feito por homens e mulheres, diante disso entendemos que existem homens que são cozinheiros, e são ótimos nessa função e em contrapartida mulheres que exercem trabalhos na construção civil de excelente qualidade. Como também verifi camos que homens bailarinos que são nobilitados no mundo com um dos melhores bailarinos. Outro ponto importante é considerar que quando se fala em sexo, não estamos fazendo alusão de incitar e ensinar as crianças a fazerem sexo, pelo contrário, o objetivo é explicá-las no sentido biológico da funcionalidade dos seus corpos e suas diferenças. De maneira similar ao falar em sexualidade, necessitamos compreender que a sexualidade não signifi ca o ato sexual entre pessoas extrapola tudo isso; sexualidade é toda sensação de prazer que as pessoas sentem em ocasiões que bancam determinada atividade que lhes promovam, sensações agradáveis, leveza e prazer em estar fazendo. Isso se aplica por exemplo: uma pessoa que tem prazer em ler livros, e sentem bem fazendo leituras, esse é um claro exemplo que nesse ato implica o desenvolvimento sua sexualidade. Finalmente, quando nos reportamos sobre gênero, é compreender que foram papeis atribuídos socialmente e culturalmente por meio dos sexos, porém, devemos romper com esse modo infl exível de entender que homens e mulheres podem desde de sua infância brincar com qualquer brincadeira saudável, podem indicar a profi ssão que se sentem motivados e lhes desperta interesse, e também escolherem usar a cor de roupa que desejarem, visto que isso jamais irá interferir em sua sexualidade e também não no seu órgão biológico. 35 E. E DIREITOS H., C. PARA UM D. ENTRE GÊNERO E D. S. Capítulo 1 Se você quiser conhecer mais sobre os assuntos abordados, vamos deixar a indicação de alguns livros que se articulam com o assunto tratado neste item: Esse livro se volta para um assunto cada vez mais fundamental no coloquial escolar: a sexualidade. Tema que já foi tabu ou fonte de polêmicas, em nossos dias tem reconhecida a sua centralidade nas relações sociais e na maneira como compreendemos a nós mesmos. Em um contexto de transformações profundas e ainda em curso, abordar a sexualidade é um desafi o tanto para pesquisadores quanto para profi ssionais da educação. De contorno sólido, contemporâneo e elucidado, esta obra introduz o leitor às discussões contemporâneas sobre sexualidade de maneira clara e didática. FONTE: TORRES, M. A. A diversidade sexual na educação e os direitos de cidadania LGBT na escola. 2.ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2013. 36 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE Um livro didático e de referência que propõem uma refl exão acerca das questões de gênero e suas intersecções com temas relacionados à educação, sexualidade, currículo, feminismo no Semiárido Baiano. FONTE: RIOS, P.P. S; MENDES, A. M. Educação, Gênero e diversidade sexual: fabricação das diferenças no espaço escola. Curitiba: Editora CRV, 2018. A orientação sexual é a afi nidade afetuosa que direciona as relações amorosas e sexuais. Sendo assim, apresentamos alguns tipos de orientação sexual: • Homossexual: pessoas que sentem atração por pessoas do mesmo sexo. Conhecidos como gays, quando se referem a homens, e lésbicas, no caso das mulheres. • Bissexual: indivíduos que possui atração afetiva e sexual por indivíduos de ambos os sexos defi nidos. • Heterossexual: seres humanos que sentem atração afetiva e sexual por indivíduos do sexo oposto. • Pansexual: pessoas que sentem atração por outras pessoas independentemente do sexo ou gênero delas. • Assexual: pessoas que não desenvolvem fascínio sexual (o que não impede, essencialmente, que desenvolvam relações amorosas). Com a expansão da democratização nas sociedades de Estado, os movimentos sociais que lutam pelos direitos LGBTQIAP+ conseguiram conquistar um espaço signifi cativo na política mundial, determinando, por exemplo, a homofobia como crime, mesmo que no momento ainda é difícil proceder denúncias e de obter provas desses tipos de crimes. 3 – Analise a sentença e julgue como certa ou errada: O conceito de cisgênero se refere a indivíduos que possui o gênero que combina com o gênero designado ao sujeito a partir de seu nascimento. ( ) CERTO ( ) ERRADO 37 E. E DIREITOS H., C. PARA UM D. ENTRE GÊNERO E D. S. Capítulo 1 4 – Analise a sentença e julgue como certa ou errada: A bissexualidade se refere a indivíduos que sentem atração por pessoas tão somente pertencente ao gênero masculino; ( ) CERTO ( ) ERRADO Mediante a isso, ponderamos que existem ainda diversas questões incluindo a sexualidade, gênero e diversidade provocam polêmicas e/ou implicam tabus da sociedade, requerendo atenção e cuidados no desenvolvimento de abordagens e análises, no sentido de a interpretar a pluralidade de sujeitos sociais e suas lutas por dignidade e direito à vida. FONTE: A autora FIGURA 2 – BREVE EXPLANAÇÃO SOBRE OS CONCEITOS GERAIS DE SEXO, GÊNERO E SEXUALIDADE É importante destacar que no Brasil, os discursos sobre a diversidade sexual e de gênero teve um impulso na década de 1990, na ocasião da publicação dos estudos realizados pela historiada Guacira Lopes Louro a respeito da exclusão das minorias de gênero na história da educação. Segundo Dinis (2008, p. 479). 38 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE A singularidade do trabalho de Louro está nos recursos metodológicos de suas análises, baseadas não mais no discurso marxista ou nas pedagogias da conscientização, mas nas teorias pós-estruturalistas, e a grande divulgação que teve a publicação de seu livro Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista. 5 – Analise a sentença e julgue como certa ou errada: Gênero: São papéis atribuídos aos sexos masculinos e feminino, determinados por um processo de educação e cultura moralista ( ) CERTO ( ) ERRADO 6 – Analise a sentença e julgue como certa ou errada: Sexualidade: é uma necessidade básica, porém deve ser separado de outros aspectos da vida. Sexualidade é sinônimo de relação sexual e se limita à ocorrência ou não de orgasmo por essa razão jamais deve ser estudado nas escolas. ( ) CERTO ( ) ERRADO É a partir daí a Educação tem refl etidoo tema numa concepção culturalista distante das questões biológicas referentes ao assunto (COSTA; BASSO, s.d). O tema diversidade sexual e de gênero segundo Costa e Basso (s.d.) fi cou fora dos debates na Educação por certo tempo e isto, conforme os pesquisadores: Larrosa (1994) e Walkerdine (1998) apud Diniz (2008), se deu pois a educação foi atingida por uma compreensão do sujeito com base em suposições originarias como da psicologia da aprendizagem e da psicologia do desenvolvimento, cheia de menções normativas e naturalizadas, legalizadas pela biologia, e especifi camente por uma estabelecida leitura darwinista da evolução, tornando o olhar concernente a diversidade consistir em ser ordenada e sistematizada em uma escala ordenada de incremento. 39 E. E DIREITOS H., C. PARA UM D. ENTRE GÊNERO E D. S. Capítulo 1 Para Larrosa (1994, p. 40): O sujeito individual narrado pelas diferentes psicologias da educação ou da clínica, esse sujeito que se desenvolve de forma natural sua autoconsciência nas práticas pedagógicas, ou que recupera sua verdadeira consciência de si com a ajuda das práticas terapêuticas, não pode ser tomado como um dado não problemático. Mais ainda, não é algo que se possa analisar independentemente desses discursos e dessas práticas, posto que é aí, na articulação complexa de discursos e práticas (pedagógico e/ou terapêuticos, entre outros), que ele se constitui no que é. Contudo, conforme Vianna e Silva (2008), os conceitos de sexualidade devem ser ampliados, pois a construção das concepções de sexualidades aproxima-se de determinações inseridas nas relações sociais de gênero. Desta forma, esse temático passou tornou-se responsabilidade da área da saúde e da educação. Assim, na esfera escolar tornou-se responsabilidade, principalmente dos professores de Ciências (Ensino Fundamental – Séries Finais) e Biologia (Ensino Médio) (COSTA; BASSO, s.d.). No entanto, sabe-se que os assuntos referentes ao gênero precisam perpassar não apenas as discussões referente a sexualidade, prevenção e corpo, mas especialmente por discussões que digam respeito as questões sociais, políticos e históricos que envolvem a construção dos signifi cados internos e externos ao ambiente escolar para que, as interações sociais sejam expostas do preconceito que as circundam (COSTA; BASSO, s.d.). Sexo é um dado biológico, isto é, tudo aquilo relacionado ao nosso corpo físico (a genitália, os seios, o formato do corpo). A respeito de abordagens sobre diversidade sexual e de gênero, sugerimos consultar o site “Grupo de Pesquisa Sexualidade e Escola”, em que você irá encontrar teses, dissertações, livros em pdf, indicações diversas de material relacionado ao tema. Disponível em: <http://sexualidadeescola.furg.br/index.php>. Acesso em: 13 set. 2021. 40 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE Táticas de aversão não signifi cam necessariamente elevar o número de estudos e de referências à irradicação da homossexualidade na educação à mesma proporção de estudos e referências designadas às mulheres, mas oportuniza que a categoria gênero possa também defender na prática essa discussão, já que no aspecto teórico o comporta necessariamente (DINIS, 2008). É nesse sentido que os estudos culturais proporcionam uma importante contribuição, já que o debate não está na discordância singelos de conceitos como homem-mulher, masculino x feminino, heterossexual x homossexual, entretanto na fábrica de identidades elaborada pela educação ancorada em referências essencialistas e excludentes (DINIS, 2008). Ainda em conformidade com Dinis (2008), ponderar categorias como heterossexualidade e homossexualidade enquanto historicamente lançados, defi ne-se em uma tática de resistência às investidas de duras fronteiras no interior das práticas sexuais, oportunizando a construção de uma variação temática extensa. Ao assinalar a construção histórico e cultural das identidades sexuais e de gênero, o professor pode ajudar o educando a encontrar as limitações e as chances impostas a cada pessoa quando se expõe aos estereótipos que são designados a uma identidade sexual e de gênero. Isso segue especialmente na direção contraria à determinada abordagem da questão homossexual feita pela mídia na produção de uma suposta “naturalização” do sujeito homossexual. No intuito de se desvencilhar do discurso moralista, que a entendia a homossexualidade como falta de caráter, desencaminhamento no fator educativo familiar ou objeto de patologias hormonais, afi rmava-se muito que a ideia de que o sujeito nasce homossexual ou heterossexual, isentando-o do comportamento homossexual, porque não era uma questão de escolha, mas de determinação (DINIS, 2008). Existem alguns sites acadêmicos que reúne publicações de artigos acadêmicos de várias revistas eletrônicas acadêmicas, dentre eles deixamos como indicação o site da Scielo, sendo assim, segue a seguir o site para que possam acessar, e navegar. https://scielo.org/ 41 E. E DIREITOS H., C. PARA UM D. ENTRE GÊNERO E D. S. Capítulo 1 Essa afi rmativa, ainda segundo Dinis (2008), tem incentivado mesmo algumas pesquisas biológicas que apostam na procura dos genes que determinam a orientação sexual. Esse debate tem constituído ainda propagado pelos meios de comunicação e pelas personagens homossexuais que atuam nas novelas, no cinema, na publicidade e nos programas voltados ao público jovem. No entanto, uma das precipitações desta naturalização das orientações sexuais diz respeito a relação com a diferença não avance no âmbito das políticas de tolerância, um respeito aos direitos do outro contando que esse outro se mantenha quieto no seu interminável espaço de si mesmo, deixando seguro os territórios demarcados de formas padronizadas de viver os comportamentos sexuais (DINIS, 2008). Você sabe qual a importância do movimento LGBTQIAP+ para a desconstrução de paradigmas e tabus em relação ao modo das pessoas serem, viverem se relacionarem, bem como promoção do respeito a diferença e diversidade? Para saber um pouco mais, leia a matéria que deixamos o link a seguir: FONTE: <https://www.politize.com.br/lgbt-historia-movimento/>. Acesso em: 15 set. 2021. Podemos afi rmar que o diverso não é exclusivamente um outro eu (homem, mulher, homossexual, heterossexual...) e com o qual devo estabelecer um exercício de vizinhança pautada na fi losofi a do politicamente correto. O outro é uma complexidade de tudo aquilo (humano, não-humano, visível, não visível) que me tira da pretensa harmonia que posso ter de uma identidade fi xa (um modo tradicional e padronizado de pensar, sentir, agir), estimulando-me com uma constante convocação para diversas formas de ser estar no mundo (DINIS, 2008). Um grande desafi o no exercício dinâmico da alteridade nos leva a um tratamento contrário mesmo às políticas de tolerância. Assim, debater a temática da diversidade sexual e de gênero não seria apenas uma condição isolada a grupos minoritários especiais e, por disso, algo a ser desprezado por um currículo que pretende atender a maioria heterossexual que frequenta o espaço escolar (DINIS, 2008). 42 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE Dinis (2008) complementa que esse é precisamente um desafi o primordial que necessita ser encarado pelos próprios educadores, isto é, antes de educar a respeito da sexualidade, quem sabe os próprios educadores devam ser educados. Se os educadores desejarem ser diligentes em seu trabalho com todos os jovens, eles necessitam iniciar a adquirir um espectro de seu fazer profi ssional mais universalizante da sexualidade em uma totalidade e da homossexualidade em particular (DINIS, 2008). Portanto, ao invés de analisar a questão da homossexualidade como objeto de interesse unicamente para os indivíduos que são homossexuais, é preciso analisar as maneiras como as alocuções predominantes da heterossexualidade
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