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BRYOPHITAS

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Centro de Ciências da Natureza 
Licenciatura em Biologia/ Noturno 
Disciplina: Biologia das Criptógamas 
 
 
 
 
 
 BRYOPHITAS 
 (Características Gerais) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Novembro de 2018. 
 Introdução 
As briófitas (do grego bryon: 'musgo'; e phyton: 'planta'), vulgarmente 
designadas por “musgos”, são plantas terrestres, com diversas formas, texturas 
e até cores. Têm o seu ciclo de vida muito dependente da umidade e não 
apresentam um verdadeiro sistema vascular para a condução de água e 
açúcares. 
Devido a ausência de vasos condutores de nutrientes (xilema e floema) , 
a água absorvida do ambiente e é transportada nessas plantas de célula para 
célula, ao longo do corpo do vegetal. Esse tipo de transporte é relativamente 
lento e limita o desenvolvimento de plantas de grande porte. Assim, as briófitas 
são sempre pequenas, com cerca de 5 (cinco) cm de altura, mas algumas 
espécies podem chegar a 40(quarenta) cm. 
Estas plantas colonizam os mais diversos substratos e habitats, como 
ramos e troncos de árvores, muros, pavimentos, solo, rochas, ou leitos de rios. 
São Seres autótrofos fotossintetizantes, ou seja, produzem seu próprio 
alimento, pois não conseguem se alimentar de outra maneira. 
 
2. Importância Ecológica e Econômica. 
Desempenham papéis ecológicos essenciais em muitos ecossistemas, 
tais como retenção de água, contribuição para a formação de solos como 
espécies pioneiras na colonização de habitats, reciclagem de nutrientes, 
produção de biomassa e fixação de carbono. 
-Regulam a umidade, absorvendo o excesso de água durante a chuva e 
liberando a água lentamente quando o ar está mais seco. 
-Musgos fornecem casa e proteção para inúmeros e pequenos animais, 
especialmente invertebrados, como insetos, aracnídeos, rotíferos, nematoides, 
moluscos e anelídeos. 
-Servem como material de construção do ninho para vários pássaros como o 
beija-flor (Sephanoides galeritus) e pequenos mamíferos. 
-Musgos e hepáticas são uma parte importante da biomassa fotossintética 
ativa, através da fixação de carbono atmosférico e liberando oxigênio. 
-O material vegetal criada pelo crescimento contínuo destas camadas de 
musgos e hepáticas em rochas e casca de árvore, são um passo na sequência 
que vai permitir que as plantas vasculares se estabeleçam nesses lugares e 
crescer. 
2.1 Musgo Esfagno 
As espécies de sphagnum ou musgos de turfeiras, como são 
conhecidos, devido a sua alta capacidade de absorção, tem sido muito 
utilizados em campos drenados para a produção agrícola, em plantações de 
horticulturas e na conservação do solo, mostrando-se economicamente viáveis 
para a agricultura. 
Segundo pesquisas, essas plantas conseguem absorver acima de 20 
vezes o seu peso, e por essa razão eram utilizadas na Europa em guerras, 
como curativos para ferimentos, sendo muito mais eficientes que o algodão. 
Além disso, em alguns países, o sphagnum foi amplamente usado como 
combustível industrial, bem como para o aquecimento doméstico. Atualmente, 
são empregados pelos jardineiros para aumentar a capacidade retentora de 
água no solo e no transporte de plantas vivas. Como condicionadores do solo 
esses musgos se superam, sendo ótimos agentes contra infiltrações e erosão. 
 
2.2 Musgos e sua importância econômica para os seres humanos 
 
No papel econômico continuamos com os musgos-de-turfeira, que têm 
grande importância econômica. Eles formam a turfa, utilizada no melhoramento 
da textura e da capacidade de retenção de água nos solos. Podendo, ainda, 
depois de seca ser utilizada como combustível. 
Outros tipos de musgos podem ser exportados para países 
desenvolvidos, onde são processados em fraldas, toalhas higiênicas, 
embalagens, etc. As briófitas têm várias utilidades em horticultura, melhoria do 
solo e cultivo de cogumelos, orquídeas, bonsais e outras plantas ornamentais. 
Misturado com barro e terra básica obteve um excelente substrato para 
jardinagem. Eles são cada vez mais utilizados para a criação de "paredes 
vivas". 
Musgos têm várias aplicações na medicina, principalmente como 
antibióticos e como substâncias anti-tumorais. 
As briófitas têm múltiplas aplicações em engenharia genética, e também 
são usados como pesticidas e na detecção de metais pesados. 
 
3. Organização corporal das Briófitas 
O corpo do musgo é formado basicamente de três partes ou estruturas: 
• Rizóides - filamentos que fixam a planta no ambiente em que ela vive e 
absorvem a água e os sais minerais disponíveis nesse ambiente; 
• Caulóide - pequena haste de onde partem os filóides; 
• Filóides- estruturas clorofiladas e capazes de fazer fotossíntese. 
Essas estruturas são chamadas de rizóides, caulóides e filóides porque não 
têm a mesma organização de raízes, caules e folhas dos demais grupos de 
plantas (a partir das pteridófitas). Faltam-lhes, por exemplo, vasos condutores 
especializados no transporte de nutrientes, como a água. Na organização das 
raízes, caules e folhas verdadeiras verificam-se a presença de vasos 
condutores de nutrientes. 
4. Com base nas características do gametófito e do esporófito, é possível 
distinguir três grandes grupos: 
• Antóceros: Plantas talosas em forma de roseta e com consistência 
gelatinosa. 
No Brasil, os integrantes desse Filo não possuem uma nomenclatura 
popular, sendo chamados de antóceros, termo que representa “uma flor com 
chifres”, do grego anthos=flor e ceros=chifre. Esse nome certamente se deve 
ao fato da pequenina planta, de 1 a 2 cm de diâmetro, apresentar um 
gametófito prostrado, em formato de roseta, que contém numerosos esporófitos 
crescendo sobre ele. O esporófito é diferenciado de todos os outros grupos, 
pois é constituído apenas por um pé e uma cápsula longa, verde, de 
crescimento indeterminado, dentro da qual encontramos esporos em diversas 
fases de desenvolvimento. A cápsula é persistente, de vida longa e produz 
esporos por toda a vida. Secam após a liberação dos esporos. No interior da 
cápsula encontramos a columela. A cápsula apresenta estômatos, porém não 
são funcionais. Os demais estômatos são muito semelhantes aos de 
angiospermas. Habitam em barrancos úmidos, regiões montanhosas, 
gramados e solos úmidos. 
Os gametófitos dos antóceros (do grego Anthos = flor) assemelham-se a 
rosetas. Os gametófitos possuem cavidades cheias de mucilagem que abrigam 
algas simbiontes do gênero Nostoc. Algumas espécies possuem gametófitos 
unissexuados ou bissexuados. O arquegônio e o anterídio estão imersos no 
gametóforo, e sua superfície. 
 
4.1 Ciclo de vida dos Antóceros 
O ciclo de vida dos antóceros inicia-se com a germinação de um esporo 
haploide. Na maior parte das espécies há uma única célula no interior do 
esporo, a qual forma uma fina extensão filamentosa, designada por tubo 
germinal, no lado proximal do esporo, processo que inicia a germinação. 
Após emergir do esporo, a extremidade do tubo germinal divide-se para 
formar um octante de células, altura em que o primeiro rizoide cresce como 
uma extensão da célula germinal original. A extremidade continua a dividir-se 
em novas células, o que produz um protonema taloide. Em contraste, nas 
espécies da família Dendrocerotaceae o processo de germinação pode 
começar pela divisão celular dentro do esporo, formando uma estrutura 
multicelular, e até fotossintética, antes do esporo germinar.[5] Em ambos os 
casos, o protonema é um estágio transitório na vida do antócero. 
O gametófito adulto desenvolve-se a partir do protonema, constituindo, 
apesar de haploide, o estágio persistente e independente do ciclo de vida da 
planta. Nesta fase a planta geralmente desenvolve-se para formar um fino talo 
em forma de roseta ou de fita, com 1-5 cm de diâmetro e várias camadas de 
células de espessura. A planta é de coloração verde ou verde-amarelada em 
resultado da presença de clorofila nas suascélulas, podendo contudo ser 
verde-azulado quando se formam colónias de cianobactérias no interior dos 
tecidos. 
Quando o gametófito atinge o tamanho adulto, ocorre a formação dos 
órgãos sexuais. A maioria das plantas são monoicas, com os órgãos de ambos 
sexos no mesmo indivíduo, mas algumas (mesmo dentro da mesma espécie) 
são dioicas, com gametófitos masculinos e gametófitos femininos 
separados.Os órgãos femininos são designados por arquegónios e os órgãos 
masculinos por anterídios. Ambos os tipos de órgãos se desenvolvem logo 
abaixo da superfície da planta e apenas quando da maturação são expostos 
pela desintegração das células do tecido que os recobre. 
Os anterozoides (esperma) são biflagelados e são obrigados a nadar do 
anterídio até atingir o óvulo no arquegónio. Em alternativa podem ser 
arrastados ou projectados pelos salpicos das gotas de chuva. Quando o 
esperma atinge o óvulo, ocorre a fusão e forma-se um zigoto, a célula que dá 
origem ao esporófito e dá sequência à alternância de gerações.Ao contrário do 
que ocorre com os musgos e as hepáticas, a primeira divisão celular no zigoto 
é longitudinal, com as subsequentes divisões a produzir três regiões básicas no 
esporófito: (1) no extremo inferior (na região mais próxima do interior do 
gametófito) forma-se o pé, um grupo globular de células que recebe os 
nutrientes do tecido do gametófito e que alimentarão o esporófito durante toda 
a sua existência; (2) no outro extremo do esporófito forma-se o esporângio 
(cápsula); e (3) na região central do esporófito (entre o pé e a cápsula) forma-
se um meristema que produz continuamente células para a cápsula, mantendo-
se ativo durante toda a do esporófito. 
Tanto as células centrais como da superfície da cápsula são estéreis, 
mas entre ambas as camadas existem células que se dividem e diferenciam 
para formar pseudo-elatérios e esporos. Os esporos, impelidos pelos pseudo-
elatérios, são libertados para o ar quando a cápsula se abre longitudinalmente 
a partir do ápice. 
• Hepáticas: Talosas: plantas talosas cujos talos são geralmente bifurcados; 
Folhosas: plantas em que a página superior é diferente da inferior. Os filídios 
(estruturas semelhantes a folhas) não têm nervura e são geralmente divididos. 
Também podem apresentar uma fiada ventral de filídios. 
Nesse grupo estão inclusas cerca de 5.200 espécies de hepáticas, 
briófitas que apresentam esporófitos morfologicamente mais simples que o dos 
outros grupos. O gametófito das hepáticas pode apresentar formato folhoso, 
como os musgos, ou hábito prostrado, crescendo rastejante sobre barrancos, 
rochas ou troncos de árvores. 
 Um interessante exemplo de hepática talosa, comum nas regiões 
úmidas, é Marchantia chenopoda. Essa planta apresenta um talo com formato 
de fita bifurcada, preso ao substrato por rizóides e contendo pequenos poros 
para trocas gasosas em toda a sua superfície e estruturas em forma de cálice 
chamadas conceptáculos, dentro das quais encontramos pequenas gemas. 
Essas gemas são dispersas por gotas de chuva e, quando caem em substrato 
adequado, dão origem a novos gametófitos. 
 
• Musgos: Plantas com crescimento radial (aproximadamente circular). Os 
filídios (estruturas semelhantes a folhas) geralmente têm nervura e raramente 
são divididos. 
Dentro desse grupo estão inclusas as briófitas popularmente conhecidas 
como musgos. Os seus gametófitos podem apresentar desde 0,5 milímetros 
até 50 centímetros ou mais. Tais gametófitos adultos são folhosos e eretos, 
com o talo dividido em filídios, caulídios e rizóides (vistos anteriormente). 
Os caulídios conseguem se manter eretos devido à presença de tecidos 
mecânicos e à presença de um sistema vascular simplificado. Os filídios podem 
se enrolar quando a umidade do ambiente é baixa, mecanismo que auxilia na 
redução da evaporação. Os rizóides atuam na fixação da planta ao substrato e 
na absorção de água e sais minerais. Esta absorção, no entanto, pode também 
ocorrer por toda a superfície da planta. 
 
5. Reprodução Assexuada e Sexuada 
A reprodução assexuada nas briófitas varia de acordo com a espécie, 
algumas são capazes de gerar novos indivíduos a partir de partes do corpo, ou 
seja, por fragmentação; outras produzem propágulos, estruturas especializadas 
que se formam dentro dos conceptáculos, que são pequenas taças. 
Os propágulos se separam dos conceptáculos e são levados pela água para 
outros lugares originando um novo ser. 
Na reprodução sexuada, a estrutura reprodutora masculina é 
chamada anterídio(tem forma de bolsa com células que originam os 
gametas anterozoides e a feminina é arquegônio (tem forma de um vaso 
comprido, com um canal preenchido de líquido, e no fundo está o 
gameta oosfera. 
 
6. Ciclo de Vida de um Musgo 
 
Nas condições em que haja água, os anterídios se abrem e liberam os 
anterozoides, que são levados até as extremidades dos musgos femininos e 
nadam até o interior dos arquegônios, onde se encontram com as oosferas. 
Acontece a fecundação e forma-se um zigoto diploide, que passa por 
diversas mitoses para multiplicar suas células e originar o embrião. Continua o 
desenvolvimento do embrião (diploide), é formado o esporófito na extremidade 
das plantas. 
O esporófito possui uma haste chamada seta e na ponta uma cápsula, 
o esporângio. Dentro do esporângio se localizam os esporócitos (diploides), 
isto é, as células-mãe que se dividem por meiose originando células 
haploides, os esporos. Assim que os esporos estiverem maduros serão 
liberados no ambiente e levados pelo ar até encontrarem condições de 
germinar. Após isso originarão uma estrutura filamentosa e ramificada, a partir 
da qual serão formados os novos gametófitos e recomeça o ciclo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências 
 
• LOPES, S.; ROSSO, S. Biologia-volume único. São Paulo, 1.ed. Editora Saraiva,2005. 
https://www.todamateria.com.br/mitose/
• RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICHHORN, S. E. Biologia vegetal. Rio de Janeiro, 
Guanabara Koogan, 1996.____Biology of plants, New York, W. H. Freeman, 1999. 
• As Briófitas.Disponível em: < http://profaerica-ciencias.blogspot.com/2016/05/asplantas-
conhecidas-popularmente-como.html>. Acesso em: 13 de novembro de 2018. 
• Reprodução Assexuada e Sexuada das Briófitas.Disponível em:< 
https://www.todamateria.com.br/briofitas/>. Acesso em: 13 de novembro de 2018. 
• Reino das plantas: briófitas. Disponível em: < 
https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos4/briofitas.php#fimPag>. Acesso em 13 
de novembro de 2018. 
• Casas, C., Brugués, M., & Cros, R. M. (2001). Flora dels briòfits dels Pïsos Catalans. 
I. Molses. Institut d’Estudis Catalans.Barcelona. Disponível em: < 
http://biodiversidade.eu/uploads/documentacion/arquivo/207/581b0c84da-
serralves_kit.pdf>. Acesso em 13 de novembro de 2018. 
• Planeta com ciência, briófitas. Disponível em: 
<http://planetacomciencia.blogspot.com/2015/06/briofitas.html>. Acesso em 13 de 
novembro de 2018. 
• SPHAGNUM – UM PEQUENO MUSGO DE GRANDE IMPORTÂNCIA. Disponível em:< 
https://tudosobreplantas.wordpress.com/2006/05/24/sphagnum-um-pequeno-musgo-de-
grande-importancia/>. Acesso em 18 de novembro de 2018. 
• O ciclo de vida dos Antóceros. Disponível em: 
<https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Anthocerotophyta>. Acesso em 19 de novembro de 2018. 
 
 
 
 
 
http://profaerica-ciencias.blogspot.com/2016/05/asplantas-conhecidas-popularmente-como.html
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https://www.todamateria.com.br/briofitas/
https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos4/briofitas.php#fimPag
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http://biodiversidade.eu/uploads/documentacion/arquivo/207/581b0c84da-serralves_kit.pdf
https://tudosobreplantas.wordpress.com/2006/05/24/sphagnum-um-pequeno-musgo-de-grande-importancia/
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