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ARQUIVO mSTÓRICO * Possíveis Direitos de D. Pedro 11 ao Ducado de Bragança II.IDO e Ex.IDO Sr. A 4 de dezembro próximo passado tive em Paris notícia da che gada a Londres do Adido servindo de Secretário desta Legação Alvaro Teixeira de Macedo que me enviou o despacho de Vossa Excelência, contendo as instruções por que me devo guiar no desempenho da comissão de que sou incumbido, as diversas cópias, e esclarecimentos que as acompanhavam, e a cifra da correspon dência secreta. Fiquei na inteligência que devia vir a Londres para daqui seguir a Lisboa com o Excelentíssimo José de Araújo Ribeiro, o qual ali me acreditará como Encarregado de Negócios e regressará à Legação de que é chefe: tratei de me apressar em partir o mais breve possível, e a 24 de dezembro cheguei a esta Capital: a estação apresenta algumas dificuldades à nossa viagem por não ser agora regular a partida dos barcos de vapor, entretanto fazemos toda a diligência por partir o mais breve pos sível, e temos esperanças de poder daqui sair no dia 10 do cor rente. Já aqui em Londres tive a honra de receber os despachos de Vossa Excelência de n.08 2 e 3 e as cópias que os acompa nharam. A religiosa observância dos tratados e a lealdade que ditou ao Governo Imperial o pagamento das quantias que se obrigara a Portugal, lhe dão direito a exigir da parte contrária uma igual • Em seguimento da colaboração que presta a esta Revista o Arquivo Nacional, publica-se neste número a correspondência trocada entre a Lega ção Brasileira em Lisboa e o Ministério dos Negócios Estrangeiros sobre a herança de D. Pedro I. Parecer do Procurador da Coroa, Fazenda e Sobera nia Nacional a respeito do assunto, incluindo a controvérsia em tomo de possíveis direitos de D. Pedro 11 ao Ducado de Bragança. (Os originais per tencem ao Arquivo Histórico do Itamarati). R. Cio pol., Rio de Janeiro, 6(4): 97-105, out./dez. 1972 boa-fé, e a que o Governo Português atenda às justas reclama ções do Brasileiro. Aquele governo decerto não esperava que sem dificuldade alguma o Governo Brasileiro se decidisse a pagar aquelas quantias com tanta prontidão; e se com elas afetava con tar com tanta segurança, não era senão por política para que se o Governo Imperial pretendesse subtrair-se àquele pagamento, e pedisse novos ajustes a fim de diminuir a dureza desta dívida, pudesse ele alegar que ela era tão clara que nunca se deixara de contar com essa quantia; e as proposições feitas por diversas vezes ao nosso Ministro aqui pelo agente financeiro Português para entrar em ajuste a respeito dessa dívida provam mui bem que o Governo Fidelíssimo esperava que da parte do Imperial houvesse alguma reclamação com o fim de melhorar as condições daquela dívida. Este porém com o franco e leal reconhecimento dela e diligências que faz por pagá-la fez calar todos os clamores que um procedimento contrário faria nascer. É porém de justiça que ao mesmo passo que nos propomos a pagar o que devemos, não nos esqueçamos de reclamar o que com justiça nos for devido. Com a morte do Duque de Bragança deve caber a Sua Majestade Imperial e às Augustas Princesas Suas Irmãs a legítima competente, e não creio que o Governo Fidelíssimo ponha dúvida alguma em entregar o que Lhes tocar, há porém um objeto sobre o qual estou convencido que ele não acederá imediatamente às nossas reclamações, e é sobre o Ducado de Bragança. Esta propriedade estava ligada aos bens da Coroa, mas Dom Pedro a separou para si, e a Legislatura do País acedeu a isso, tanto assim que um ato Legislativo fora proposto para que o seu usufruto fosse concedido à Imperatriz Viúva até que a Rainha tenha um filho varão, que será o senhor daquele Ducado. Aqui se vê a iniqüidade com que o Governo Português quer pri var a Sua Majestade Imperial de uma propriedade que por direito Lhe pertence. Se o Ducado fosse bem da Coroa devia pertencer à Rainha, se o não é, deve pertencer àquele que designam as leis gerais do País a respeito de tais sucessões, e este é o filho pri mogênito que sem dúvida alguma é Sua Majestade Imperial. A convenção de 29 de agosto de 1825 pondo termo às reclamações de Governo a Governo decerto não é extensiva às deste gênero, porque não só é direito nascido depois daquela Convenção, pois só teve origem com a morte do Duque de Bragança, mas além disso é reclamação particular do Imperador, e não do Governo. Convém pois que Vossa Excelência me dê as convenientes instru ções sobre a maneira por que devo tratar este negócio. Logo que eu chegar a Lisboa procurarei obter todos os esclarecimentos a ele respectivos para os comunicar a Vossa Excelência. 98 R.C.P. 4/72 HNADtlR DO IMPEftlO Marquês de Itanhaem, Tutor do Imperador D. Pedro 11 (Litografia de Luís Aleixo Boulanger) r-·· Sérgio Teixeira de Macedo, Encarregado dos Negócios do Brasil em Portugal, à época em Londres (Litografia de S. A. Sisson) As disposições hostis da partP. do Governo Português a res peito do Brasileiro são já conhecidas de Vossa Excelência; mas não se deve exagerá-la.!>, e creio que de ora em diante deverão diminuir cada vez mais. O Governo, em razão das censuras feitas nas Câmaras, despediu do Paço todos os súditos Brasileiros que ali tinham empregos, deixando apenas o Viador da Ex-Imperatriz, dissolvendo assim a chamada Camarilha Brasileira que procurava influir na direção dos negócios tendendo sempre a acender o facho da discórdia entre as duas nações. Este ato porém do Governo da Rainha veio a propósito para justificar as expulsões para fora do Brasil de diversos Portugueses ordenadas pelo Governo Imperial. Há porém uma diferença entre o procedimento dos dois governos, e é que o Imperial expele homens que nunca serviram o Brasil, durante que o Português tira toda a esperança de recompensa a homens, que tendo abandonado a sua pátria, se haviam de todo devotado à causa de Portugal, e estiveram no Porto expostos a todos os perigos. Vossa Excelência me ordena que aqui examine na Legação Imperial os papéis relativos às transações feitas pela Caixa de Londres, mas o nosso Ministro mo diz que nada aqui existe a esse respeito tendo sido enviados para essa Corte todos esses papéis, e livros sem que aqui ficasse cópia. Um dos objetos que Vossa Excelência me recomenda é o pedir providências do Governo Português contra a continuação do tráfico da escravatura visivelmente favorecido pelas autori dades daquela Nação. Não creio que aquele Governo se negará a dar essas providências, mas desconfio muito da sinceridade com que serão executadas. O tráfico da escravatura é o único comér cio que alimenta as Colônias Portuguesas da Costa da Africa, e o Governo não tem outro meio de sustentá-las, e tirar delas partido; é pois do seu interesse proteger esse vergonhoso tráfico. Incumbindo-me o Regimento das Legações a compra dos li vros, selos e tudo mais que é necessário para a Secretaria da Legação dirigi-me ao Ministro nesta Corte para que me fornecesse as quantias necessárias; mas este respondeu-me que para isso não tinha ordens, nem também para as despesas regulares da Secre taria; rogo pois a Vossa Excelência queira remediar este incon veniente dando as ordens necessárias para que me sejam abona das essas quantias fixando-se como às mais Legações uma soma anual para as despesas da Secretaria da Legação em Portugal. Queira Vossa Excelência perdoar se ouso fazer-lhe essas observações, muitas das quais, ou quase todas não terão talvez Arquivo histórico 99 escapado à perspicácia de Vossa Excelência, mas eu julgo de meu dever expender com franqueza as minhas idéias a respeito dos negócios de que sou incumbido. Terminarei este meu ofício pedindo a Vossa Excelência que haja de apresentar à Regência em Nome do Imperador e mesmo a Sua Majestade as minhas sinceras felicitações pela entrada do ano novo e os meus desejos de que a Família Imperial cresça em talentos e prosperidade para bem do Brasil; assegurando-Lhes que nestessentimentos me acompanha o Adido servindo de Secre tário desta Legação. Deus guarde a Vossa Excelência Londres 7 de janeiro de 1835. ilustríssimo e Excelentissimo Senhor Aureliano de Sousa e Oli veira Coutinho Sérgio Teixeira de Macedo Participa-se a recepção de vários despachos e a vinda para Londres, fala-se acerca da viagem para Lisboa, sobre a lealdade do Governo Imperial a respeito do Português, sobre a legítima de Sua Majestade Imperial e Suas Augustas Irmãs, sobre a recla mação do Ducado de Bragança, a dissolução da Camarilha Brasi leira em Lisboa, a falta em Londres dos papéis da Caixa, sobre o tráfico da escravatura, falta de ordens para despesas da Secre taria, felicitações pela entrada do novo ano. Recebido em 13 de março de 1835. Despacho: Inteirado quanto às despesas da Legação passe ordem ao Tesouro para lhes fazer pagar fixando-se uma quantia razoá vel. N.O 5 Tenho presentes os ofícios que Vossa Mercê dirigiu com os n.OO 2, 3, 6 e 7, em datas de 7 de janeiro, 27 de fevereiro, 5 de abril, e 6 de abril do corrente ano, os quais levei à Presença da Regência em Nome do Imperador que ficou inteirada do seu interessante conteúdo. 100 R.C.P. 4172 Mandei ouvir ao Procurador da Coroa sobre o que Vossa Mercê expende relativamente ao Ducado de Bragança, e logo que ele me der o seu parecer, não deixarei de lhe dar as convenientes Instruções sobre um objeto que é tanto do interesse de Sua Ma jestade o Imperador. O procedimento que Vossa Mercê teve por ocasião do enterro de Sua Alteza O Duque de Luechtenberg, foi mui acertado, e por isso não podia deixar de merecer a aprovação da Regência. O portador deste Despacho é Mariano Carlos de Sousa Cor rea, que foi nomeado Cônsul-Geral deste Império nesse Reino. Logo que ele aí se lhe apresentar, Vossa Mercê solicitará o com petente Exequatur da sua Patente, para entrar desde logo no exercício de suas funções. A Regência julgando conveniente a residência de um Cônsul em Angola para vigiar sobre o contrabando de escravos, Houve por bem nomear para aquele lugar a Eugênio Aprígio da Veiga, 2.° Tenente da Armada Imperial. Junto achará Vossa Mercê a competente Carta Patente, para solicitar também o Exequatur, devendo advertir a Vossa Mercê, que já em outro tempo residiu naquela cidade um Cônsul Brasileiro, que foi Rui Germake Pos solo. Igualmente a Regência dignou-se nomear Cônsul-Geral do Brasil nos Domínios Portugueses da Asia ao Coronel Reformado Pedro José da Costa Pacheco; convindo que Vossa Mercê, logo que lhe chegue às mãos a Carta Patente, procure obter o Exequa tur na forma do estilo. Deus Guarde a Vossa Mercê Palácio do Rio de Janeiro em 12 de junho de 1835. Manuel Alves Branco N.O 5 - 2 PS. Junta achará a resposta que dá a Regência em nome do Im perador à carta que Sua Majestade Fidelíssima dirigiu a Sua Majestade O Imperador participando-lhe o seu feliz consórcio com Sua Alteza O Duque de Leuchtenberg, para que Vossa Mercê faça dela entrega, a fim de que a todo o tempo conste que se cum priu esta etiqueta, não obstante ter já falecido o dito Duque. Senhor Sérgio Teixeira de Macedo Registrado a folhas 3. - Livro 9 de março de 1861. Costa Arquivo histórico 101 Para o Tutor de Sua Majestade Imperial, e de Suas Altezas Imperiais Il.mo e Ex.mo Sr. = O Governo Imperial muito desejoso de promo ver quanto em si cabe os interesses peculiares de Sua Majestade o Imperador, e de Suas Augustas Irmãs, Ordenou ao Procurador da Coroa Soberania e Fazenda Nacional, que em vista do Extrato de um Ofício do Encarregado dos Negócios do Brasil em Portugal, datado em Londres a 7 de janeiro de 1835, e cópia de um Alvará de Procuração passado pela Senhora Duquesa de Bragança a Samuel, Phillips & C.a desta Cidade para administrarem os Bens do seu Casal, existentes neste Império, informasse com o seu parecer sobre os meios de promover os direitos dos Mesmos Augustos Senhores: e este Magistrado respondeu na forma se guinte: "Para promover regularmente os direitos de Sua Majes tade Imperial, e Suas Augustas Irmãs, relativos à Herança Pater na, pelo que pertence àqueles bens, cuja sucessão, regulada pelas Leis Gerais do Império, e do Reino de Portugal, tem de ser orde nada pelos (pelos) despachos, e decisões dos Juízes, dos Tribu nais, e por meios, ordinários, é preciso. 1.° Que o Tutor de Sua Majestade Imperial, e a Sereníssima Princesa Senhora Dona Januária, maior de doze anos, façam expedir, se ainda o não tiverem feito, os Alvarás de Procuração, em que constituam seus bastantes Procuradores tanto para o Reino de Portugal, na Ci dade de Lisboa, onde se está procedendo ao inventário dos Bens do Casal de Seu Augusto Pai, ali existentes, a fim de assistirem aos termos dele, e requererem, competente, e oportunamente, o que convier ao Seu direito, e legítimos ~nteresses. como nesta Corte e para que também aqui os mesmos interesses, e direito se promovam, e defendam. 2.° Que o Tutor de Sua Majestade Impe rial e de Suas Augustas Irmãs salvo melhor parecer não obstante a Procuração da Senhora Duquesa de Bragança, e o acharem-se presentes os seus constituídos Procuradores, requeira ao Juíz dos órfãos desse Município, que mandando-o meter na posse e admi nistração de todos os bens, que aqui se acharem pertencentes ao Casal do Senhor Duque de Bragança falecido, o haja, e considere deles inventariante para dar partilhas aos interessados residentes neste Impérito, e no sobredito Reino de Portugal. Porquanto, nem os bens, em que os órfãos têm interesse devem, e podem estar na administração, e poder de pessoa, que não seja da escolha, e aprovação do Juíz dos órfãos do respectivo Distrito conforme o disposto na Ordenação Livro 1.° Título 88 § 24, e Livro 4.° Título 102 § 8; nem o inventário, e partilhas, em que se incluam bens, e compreendam pessoas existentes, e Residentes no Brasil, 102 R.C.P. 4/72 poderão ser feitas e julgadas, jurídica, e validamente, pelas Auto ridades de uma Nação estranha; e nem o Alvará de Procuração da Senhora Duquesa de Bragança tem vigor neste Império, segun do as Leis dele, na parte, em que complica, e ofende os direitos de terceiros, Cidadãos Brasileiros, protegidos pelo Direito, e pelas Autoridades do mesmo Império; isto é, na parte em que autoriza os seus Procuradores = para administrar os bens pertencentes ao Casal, existentes no Império do Brasil, arrendar, cobrar suas ren das, e dívidas amigável, ou judicialmente, podendo transigir, ou deixar de o fazer nos Juízos de conciliações =, por ser oposta às disposições, e à do Artigo C da Disposição Provisória acerca da Administração da Justiça Civil. 3.° Que sejam citados os interes sados, que se acham em Portugal para o inventário, e partilhas, a que se há de proceder nesta Cidade, da mesma sorte, que Su~. Majestade Imperial, e Suas Augustas Irmãs, hão de ser citados para o inventário, e partilhas, a que se procede naquele Reíno; não prevalecendo, como me parece, a doutrina da continência, e indivisibilidade do processo do inventário neste caso, em que interessados, e bens, residem, e existem em uma, e outra Nação. Pelo que pertence ao Ducado de Bragança de nenhuma ma neira me conformo com a opinião do Encarregado de Negócios do Brasil; não só porque abstraindo de qualquer outra consideração, é impossível, quanto a (o) mim, que o Imperador do Brasil, o Chefe Supremo, e Primeiro Representante de uma Nação Livre, e Independente, Se condecore com uma Dignidade Subalterna, que O reduza à classe de súdito de qualquer outro Soberano; mas também porque, encarado mesmo o objeto pelo lado único do direito, e interesse particular, e pessoal do Senhor Dom Pedro 2.°, só como filho primogênito do finado Senhor Duque de Bra gança, nenhum direito pode ter Ele à sucessão daquele Ducado, o qual, além de pertencer aos Príncipes Primogênitos dos Reis de Portugal, sucessores da Coroa desse Reino / o que não é o Se nhor Dom Pedro 2.° / por uma Lei de 27de outubro de 1645, que em vez de revogada, está antes bem reconhecida em vigor pelo fato, que menciona o Encarregado de Negócios, de ser feita uma proposta de Ato Legislativo, para que o seu usufruto fosse con cedido à ex-Imperatriz Viúva, até que a Rainha tivesse um filho varão para ser senhor do mesmo Ducado, é composto de terras, jurisdições, rendas, datas, e direitos, que dimanados da Coroa, como verdadeiros bens dela, jamais podem ser administrados, e possuídos por Estrangeiros, como é, para Portugal, o Senhor Dom Pedro 2.° Imperador do Brasil. E porquanto, qualquer dos objetos é digno de grande atenção, mui apropositado será que, ou a Regência, ou o Tutor de Sua Arquivo histórico 103 Majestade Imperial, consulte sobre eles pessoas, que por mai~ doutas, possam aconselhar com mais acerto. -" Na presença pois das razões jurídicas, que ficam expendidas, e das inclusas Cópias dos dous ditos Documentos, que lhe deram origem, terá Vossa Excelência de tomar o arbítrio que mais con vier, certo de que o Governo Imperial dará ao seu Encarregado de Negócios em Portugal, as Ordens e instruções que forem a bem dos interesses e direitos de Sua Majestade Imperial, e de Suas Augustas Irmãs. Deus guarde a Vossa Excelência Paço em 25 de junho de 1835 = Manuel Alves Branco = Senhor Marquês de Itanhaém. li.mo e Ex.mo Sr. Recebi o Aviso de Vossa Excelência de 25 de junho do corrente ano acompanhando a cópia da Procuração da Senhora Duquesa de Bragança, e a resposta dada pelo Procurador da Coroa Fazen da e Soberania Nacional, dada sobre o ofício do Encarregado de Negócios de Sua Majestade Imperial em Portugal: cumpre-me em nome de Sua Majestade Imperial e Altezas agradecer a Vossa Excelência este ato, que tanto contribui para os interesses dos mesmos Augustos Senhores, e posso assegurar a Vossa Excelência que passo a dar todos os passos congruentes a este negócio, espe rando sempre da parte do Governo Imperial toda a coad juv (o) ação. Deus Guarde a Vossa Excelência Paço da Boa Vista 6 de julho de 1835. liustríssimo e Excelentíssimo Senhor Manuel Alves Branco Ministro e Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros Marquês de ltanhaém NY 6 Em aditamento ao meu último Despacho sob n.o 5, tenho de dizer-lhe: que, ciente o Tutor de Sua Majestade O Imperador e de Suas Augustas Irmãs, assim do que Vossa Mercê me escre vera sobre o que respeita à herança Paterna dos mesmos Augus tos Senhores, e direitos que possam assistir ao Imperador sobre o Ducado de Bragança nesse Reino; como do parecer do Pro curador da Coroa Soberania Fazenda Nacional sobre os dois objetos; Ordena o Governo Imperial: quanto à herança: que logo 104 R.C.P. 4/72 que o referido Tutor, por parte de Sua Majestade o Imperador; e a Sereníssima Princesa Senhora Dona J anuária (por ser maior de doze anos), aí estabeleçam seus bastantes Procuradores, Vossa Mercê prestará a estes tudo quanto possa em benefício de seme lhante arrecadação: e quanto ao Ducado: que de nenhum modo deve Vossa Mercê intervir em tal negócio; por isso que o Governo Imperial, de acordo com a opinião do sobredito Magistrado, não julga' possível, ainda mesmo abstraindo de qualquer outra consi deração, que o Imperador do Brasil, o Chefe Supremo, e Pri meiro Representante de uma Nação Livre e Independente, se con decore com uma Dignidade Subalterna, que o reduza à classe de Súdito de qualquer outro Soberano; mas também porque encarado o ponto pelo lado único do direito, e interesse particular, e pessoal do Senhor Dom Pedro 2.0 , só como Filho primogênito do finado Senhor Duque de Bragança, nenhum direito pode ter Ele à sucessão daquele Ducado, por pertencer este aos Príncipes Primogênitos dos Reis de Portugal, Sucessores da Coroa desse Reino/o que não é o Senhor Dom Pedro 2.0 /por uma Lei de 27 de outubro de 1645. Inclusa achará Vossa Mercê a Carta Patente do Cônsul-Geral do Brasil nos Domínios Portugueses da Asia, o Coronel Pacheco, de que lhe falei no meu citado Ofício, a fim de que Vossa Mercê lhe procure o competente Exequatur desse Governo. N.O 6- 2 Deus Guarde a Vossa Mercê Palácio do Rio de Janeiro em 7 de julho de 1835. Arquivo histórico Manuel Alves Branco Senhor Sergio Teixeira de Macedo Registrado a folhas 4 - Livro 9 de março de 1841. Costa 105
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