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A cisão parcial e institutos semelhantes

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A CISÃO PARCIAL E INSTITUTOS SEMELHANTES* 
Simone Lahorgue Nunes** 
I. Introdução; 2. A cisão como instituto sem estrutura definiti-
va; 3, Cisão parcial e cisão total; 4. Institutos que apresentam 
semelhança com a cisão; 5. Análise de caso prático versando 
sobre o assunto; 6. Conclusão. 
1. Introdução 
A escolha do tema como objeto deste breve trabalho teve por justificativa uma 
série de fatores. O primeiro deles é o fato de ser o assunto pouco discutido na 
doutrina e, menos ainda, nos tribunais e, talvez até por isto, apresentar ele uma 
certa dificuldade de tratamento pelas controvérsias que gera. 
Cumulada à complexidade do assunto versado, pode-se referir ao pouco tempo 
de tratamento legal a ele dispensado. A lei societária introduziu em seu bojo a 
operação de cisão apenas em 1976 e, para fazê-lo, utilizou-se da experiência legal 
de outros países que já possuíam o tratamento legal específico deste instituto há 
mais tempo. 
Assim sendo, a lei societária brasileira apresenta características de leis societá­
rias de outros países, o que não deve levar à conclusão de que tais leis possam de­
terminar, aqui no Brasil, o tratamento jurídico de institutos também por n6s adota­
dos. Estes, ao contrário, terão a disciplina legal que as nonnas jurídicas nacionais 
dispensaram. 1 
Com isto, intenciona-se, neste trabalho, traçar as características do instituto da 
cisão parcial sob a égide da legislação pátria e mostrar, através de caso prático, a 
necessidade da disunção entre este e os institutos da cessão parcial do ativo e a 
alienação patrimonial visando participação societária. 
2. A cisáo como instituto sem estrutura definitiva 
O tratamento legal do instituto da cisão, como transferência patrimonial, princi­
palmente no Brasil, mas também em outras legislações, é recente. 
No Brasil, foi ele inserido no sistema jurídico pela lei societária que hoje está 
em vigor (Lei n!? 6.404, de 15 de dezembro de 1976), apesar de, anteriormente à 
ma previsão legal, já existir fenômeno assemelhado denominado por Waldemar 
rerreira de "redução do capital por cissiparidade". 2 
* O presente artigo, apresentado ao Curso de Direito Comercial, promovido pelo Centro de Atividades 
Didáticas do INDlPO, foi julgado excelente e está sendo publicado por decisão do Conselho Editorial da Re­
vista de Ciência Polftica. 
** Advogada. 
1 "Estabeleceu a lei brasileira, entretanto, regra específica relativa à cisão parcial, não explicitada no direito 
de outros países que regulam o instituto e que, por isso, recebe ou pode receber, naqueles países, tratamento 
diverso do nosso." (Martins, Fran, Comentários à Lei de Sociedades Anônimas. Rio de Janeiro, Forense, 
1979, p. 161, v. 3.) 
2 Ao referir-se ao instituto que denominou de "redução de capital por cissiparidade", exemplificou Wal­
demar Ferreira: "Sociedade anônima que possuía duas filiais em dois estados, num deles alcançou grande 
número de acionistas. Em dado momento, entenderam estes que a filial do seu Estado deveria separar-se da 
matriz, a fun de constituir-se sociedade autônoma, tamanho o vulto que ela adquirira na rona a que servia. 
Entabuladas as negociações nesse sentido, a que a maioria dos acionistas, em número e em capital, assentira, 
surgiu o problema da forma de efetivação do negócio jurídico. Propendeu-se pela da redução do capital so­
cietário, que bem se pode qualificar de 'redução por cissiparidade.' Correspondendo o valor das ações dos 
R. C. poI., Rio de Janeiro, 32(3) 103-13, maio/jul. 1989 
Assim sendo; pelo recente tratamento legal dado à cisão, por determinados paí­
ses - e até pela ausência deste tratamento por outros - é que tal instituto não con­
seguiu tomar forma definitiva ainda, faltando, assim, unicidade de seu tratamento 
entre os diversos diplomas legais que o regulam. Por este motivo, acentua Mauro 
Brandão Lopes que não se pode tratar da classificação (no sentido técnico) dos ti­
pos de cisão pois, além de não apresentar tal procedimento figura definida única 
nas diversas legislações que per.nita o seu reconhecimento incontroverso em face 
da diversidade dos traços adotados, sua prática não é unifonne. 3 
Devido a estes aspectos analisados, existem diferentes conceitos de cisão - al­
guns amplos, como no Brasil, onde a legislação abrange tanto a cisão total quanto 
a parcial e outros mais restritos, como na França, em que ela refere-se apenas ao 
que denominamos de cisão total - o que leva ao surgimento de uma variedade 
enorme de características que o determinem nos variados países que o adotam. 
3. Cisão parcial e cisão total 
Toma-se agora procedente uma breve análise dos dois tipos de cisão no direito 
brasileiro, ou seja: cisão total e cisão parcial. 
Como já referido anteriormente, a cisão está regulada no direito i>rasileiro na lei 
das sociedades anônimas (Lei 6.404n6), nos arts. 229 e 233, especificamente, e 
em outros artigos' que traçam diretrizes gerais tanto para a cisão quanto para os 
demais procedimentos de reorganização societária - fusão e incorporação. 
Da análise do caput do art. 229 - que estipula ser a cisão a "operação pela qual 
a companhia transfere parcelas de seu patrimônio para uma ou mais sociedades, 
constituídas para este fim ou já existentes, extingüindo-se a companhia cindida, se 
houver versão de todo o seu patrimônio ou dividindo-se o seu capital se parcial a 
versão" -, pode-se extrair, mediante combinações variadas dos caracteres possí­
veis delineados pela lei, dois tipos de cisão aceitos pela legislação brasileira: a 
cisão total e a cisão parcial. 
A cisão total importa na divisão do patrimônio da sociedade cindida mediante 
transferência de parcelas deste patrimônio para duas ou mais sociedades preexis­
tentes ou constituídas para este,S implicando, necessariamente, a dissolução da 
sociedade cindida. 
Tem-se, então, que os elementos caracterizadores desta modalidade de cisão 
são: a transferência, a título universal, de todo o patrimônio de uma sociedade, in-
acionistas domiciliados no Estado, em que se sittlava a filial, ao valor líquido do capital nesta empregado, 
deliberou-se desagregá-la do patrimônio social, diminuir o capital daquele valor, recolher as ações daqueles 
acionistas e, em seguida, dar-se-lhes em pagamento destas o ativo e o passivo da filial. Para esse efeito, 
aqueles acionistas organizaram nova e distinta sociedade anônima, à qual transferiram suas ações; e esta so­
ciedade, ao cabo da operação, restituiu à sociedade matriz as ações desta, de que era titular, recebendo, por 
escritura pl1blica, em pagamento dessas ações que foram anuladas, a universalidade do ativo e passivo da fi­
lial, sucedendo-lhe nela. A sociedade matriz, em conseqüência, reduziu o seu capital, diminuindo-o da 
quantia correspondente às suas próprias ações, recolhidas e canceladas para todos os efeitos legais." Ferreira, 
Waldemar, apud Bulgarelli, Waldfrio. Comentários à lei das Sociedades Anônimas. Saraiva, 1978, v. 4, p. 
174. 
3 Lopes, Mauro Brandão. A disciplina brasileira da cisão rw direito societário. São Paulo, 1978. p. 166. 
• Os demais artigos que se referem à cisão são: arts. 223, 224, 225, 226, 227, 230, 231 e 234 - todos da lei 
societária. 
SEsta I1ltima hipótese é denominada por Alfredo de Assis G. Neto "cisão propriamente dita": "( •.• ) podem 
ser extraídas várias espécies de cisão ( ... ) Uma há em que a sociedade divide todo o seu patrimônio e se ex­
tingue para daí resultarem duas ou mais sociedades novas ( ••• ) que seria a cisão propriamente dita." (Gonçal­
ves Neto, Alfredo de Assis. A fusão, a incorporação e a cisão na lei de sociedades por ações. Revista de Direi­
to Merca1lliJ, n. 23, p. 79.) 
104 R.C.P.3/89 
cJumdo-se neste conceito direitos e obrigações; a absorção deste patri,mônio, em 
parcelas, por sociedades preexistentes (mediante aumento de capital) ou constituí­
das para este flm; e a dissolução da sociedade cindida. 
Já a cisão parcial resulta na transferência de parcela(s) do patrimônio da socie­
dade cindida a uma ou maissociedades preexistentes ou constituídas para este flm. 
São, então, características da cisão parcial: a transferência, a título universal, 
de parcela do patrimônio da sociedade cindida; a absorção deste patrimônio por 
sociedade preexistente ou constituída para este flm e a redução do capital da s0-
ciedade cindida. 6 
Vale ainda ressaltar que o processo de cisão parcial apresenta outra caracterís­
tica, que é a do § 52 do art. 229. Segundo este dispositivo legal. "as ações inte­
gralizadas com parcelas de patrimônio da companhia cindida serão atribuídas a 
seus acionistas, em substituição às ações extintas, na proporção das que pos­
suíam". 
Assim sendo, o aspecto característico da operação de cisão parcial é a ampu­
taçãc patrimonial da sociedade cindida, já que, confonne o preceito legal, quem 
irá receber as ações ou quotas da(s) sociedade(s) recipiente(s) do patrimônio 
transferido são os sócios ou acionistas da cindida e não ela própria (que teve o seu 
capital reduzido com a efetuação da operação). 
Nas operações de cisão, seja ela parcial ou total, possuem os acionistas, caso 
sejam dissidentes da deliberação assemblear que aprová-las, direito de retirar-se 
da sociedade mediante o reembolso de suas ações (a lei societária tratou deste di­
reito em dois artigos distintos: 230 e 136), ou direito de serem ressarcidos da re­
dução patrimonial da sociedade cindida - caso tenham optado nela permanecer -
com ações da sociedade recipiente do patrimônio transferido (confonne já foi 
mencionado no parágrafo anterior). 
É importante salientar, como prudentemente faz Mauro Brandão Lopes, que 
nesta última hip6tese, no direito brasileiro, "a contraprestação aos sócios ou acio­
nistas da sociedade cindida deve, necessariamente, consistir de ações ou quotas de 
capital, isto é, a transferência de parcela patrimonial, mesmo constituindo inegável 
fragmentação do patrimônio, não é operação de cisão prevista em lei, quando a 
contraprestação, ainda que feita aos sócios ou acionistas da sociedade cindida em 
outros valores, e.g., debêntures, não importando que sejam conversíveis em 
ações." 7 
4. Institutos que apresentam semelhança com a cisão 
Na prática societária nota-se a semelhança, sobretudo estrutural, de outros pro­
cedimentos - especiflcamente, a cessão parcial do ativo e a alienação de parcela 
patrimonial visando a participação societária com a cisão parcial. Devido à seme­
lhança das caracteiísticas apresentadas por tais institutos, alguns doutrinadores 
passaram a identiflcá-Ios. 
Como exemplo típico dessa dificuldade conceitual, distingue-se a aflrmação de 
Bulgarelli ao identiflcar a cisão parcial com a cessão parcial do ativo, como p0-
de-se depreender de suas próprias palavras: "Se a cindida permanece, não se [tra­
ta] propriamente de cisão, mas de cessão parcial do ativo".· 
6 A respeito, consultar o Parecer da CVM n~ 59 de 1981. 
7 Lopes, Mauro Brandão. op. cito p. 138. 
• Bulgarelli, Waldfrio. op. cito p. 170. 
Cisão parcial 105 
Na realidade,. são diversas as divergências apresentadas na doutrina, referente­
mente ao ponto ora suscitado, sendo prudente uma análise dos três institutos men­
cionados - cisão parcial, cessão parcial do ativo e alienação de parcela patrimo­
nial visando participação societária -, objetivando-se delinear as características 
pr6prias de cada um e até ressalvar as outras características que oferecem em co­
mum. 
Tendo sido analisada em ponto específico a cisão parcial, cabe agora passar-se 
ao estudo dos outros dois institutos - a cessão ;:arcia! do ativo e a alienação de 
parcela patrimonial visando participação societária -, o que se fará em pontos dis­
tintos para melhor esclarecimento dos procedimentos. 
4.1 A cessão parcial do ativo 
Da leitura da doutrina, tanto estrangeira quanto nacional, a respeito da cessão 
parcial do ativo, vê-se que a dificuldade de entendimento sobre o assunto inicia-se 
na denominação do instituto. 
Neste sentido, WaldCrio Bulgarelli o denominou de "cessão parcial do ativo", 
já que se baseia no instituto da lei francesa, o apport partiel d' actif, e, Claude 
Champaud - doutrinador francês dá mais de um nome ao mesmo fenômeno, ora 
referindo-se ao apport partiel d' actif, ora referindo-se à fausse scission. 9 
Já Mauro Brandão Lopes '° prefere a expressão "transferência de valores ati­
vos", e a Comissão de Valores Mobiliários" nomeia "alienação de parte substan­
cial do ativo". 
A cessão parcial do ativo configura-se pela transferência de valores ativos 
(bens e/ou direitos) de uma sociedade para outra, mediante o pagamento do preço 
estipulado entre as partes, já que a operação realiza-se por força de um contrato 
manifestamente comutativo. 
É válido lembrar que o pagamento não precisa ter sido estipulado, necessaria­
mente, em dinheiro, podendo ser efetuado, por exemplo, em bens (caso em que 
pode se estabelecer uma permuta), ou, ainda, em direitos, que é o caso das debên­
tures. Caso seja o pagamento determinado em ações da sociedade recipiente dv 
ativo transferido, estabelecer-se-á o que se chama de "alienação de parcela patri­
monial visando participação societária", que será objeto de análise em ponto sepa· 
rado. 
Não disciplina a nossa legislação a alienação de parte substancial do ativo, 
sendo apenas estipulado no art. 142, inc. VIII, da lei societária a atribuição ao 
Conselho de Administração, salvo disposição contrária dos estatutos sociais, com 
petência para autorizar a alienação de bens do ativo permanente da sociedade. 
À primeira vista, poder-se-ia concluir que a alienação de bens integrantes do 
ativo de uma companhia é autorizada sem observância de maiores formalidades. 
Há que se atentar, porém, ao fato de que tal operação, em determinadas cir­
cunstâncias, pode caracterizar abuso de poder dos administradores e/ou acionista 
controlador. 
Note-se, ainda, que na operação ora tratada a sociedade transferente do ativo é 
que fica como proprietária dos bens, debêntures ou dinheiro, e não seus s6cios ou 
acionistas. 
9 Idid. ibid., p. 170. 
10 Lopes, Mauro Brandão. op. cito p. 140. 
11 Parecer da CVM n~ 59/81 
106 R.C.P.3/89 
Assim sendo, apesar da falta de tratamento legal específico no que se refere à 
operação de cessão parcial do ativo del1tro da nossa lei societária, concluiu-se que 
é ela regida pelas regras da compra e venda - observadas, é claro, as conseqüên­
cias que a negociação pode ocasionar e que são legalmente previstas (exemplifi­
cando-se com o caso de abuso de poder já anterionnente citado). 
Entretanto, na prática, a situação não se apresenta de tão simples solução quan­
to exposto. Isto porque há autores que acreditam ser a cessão parcial do ativo re­
gida pelas regras da cisão parcial, apesar de a primeira operação, como visto ante­
rionnente, não ocasionar amputação patrimonial e sim mera substituição. 
Diversamente entende Bulgarelli, ao afmnar que no "apport partiel d'actif" há 
amputação do patrimônio da sociedade transferente pela parcela transferida, fri­
sando, ainda, que a Lei n~ 6.404, ao regular as fonnas que considera como cisão, 
incluiu também a cessão parcial do ativo".12 
Na mesma linha de raciocínio, encontra-se Alfredo de Assis G. Neto, ao afir­
mar que a transferência exclusiva de ativo tem natureza híbrida - misto de cisão 
(pois é pela cisão que se justifica a não extinção da sociedade cindida e é nela que 
se vão buscar as normas relativas aos direitos dos credores) e de incorporação, 
que se encontra no gênero dos contratos plurilaterais formados pela vontade direta 
das sociedades envolvidas e pela vontade mediata dos respectivos sócios. 13 
Ressalta-se, ainda, que a pr6pria Comissão de Valores Mobiliários, ao analisar 
a questão, entendeu que o fato de se ter transferido obrigações, juntamente com a 
coisa alienada, não é suficiente para determinar uma transferência patrimonial a tí­
tulo universal - como ocorre na cisão -, já que o comprador, necessária e juridi­
camente, sucede o vendedor nos direitos e obrigações inerentes à propriedadeda 
coisa adquirida.1' 
4.2 A alienação de parcela patrimonial visando participação societária 
Uma das grandes e importantes inovações da lei n~ 6.404 consiste na disciplina 
dos relacionamentos inter-societários, estabelecidos com base na participação de 
uma sociedade em outra. 15 
A alienação do patrimônio que visa a participação societária,16 na prática, con­
figura uma substituição de parcela do patrimônio de uma sociedade por ações ou 
quotas da sociedade recipiente, operação esta legítima no nosso sistema legal e 
que não tem sua realização sujeita à disciplina legal da cisão. 
Como conseqüência da operação de alienação patrimonial visando participação 
societária tem-se uma relação de coligação ou controle entre as duas ou mais so­
ciedades nela envolvidas. 17 
12 Bulgarelli, Waldírio. op. cito v. 4, p .. 169, 171. 
13 Gonçalves Neto, Alfredo de Assis. op. cito p. 81. 
1. Parecer da CVM n~ 59/81. 
15 Vale ressaltar que, de acordo com o preceituado no § 3~ do art. 2~ da atuaI lei societária, "a companhia 
pode ter por objeto participar de outras sociedades, ainda que não prevista no estatuto, a participação é facul­
tada como meio de realizar o objeto social, ou para beneficiar-se de incentivos fiscais". Assim, conforme 
Carvalhosa: "Do artigo supra transcrito pode-se extrair duas regras diversas: a primeira no sentido da obri­
gatoriedade da menção estatutária da faculdade de participar de outras sociedades no caso de não haver rigo­
rosa conexidade e dependência entre a atividade da companhia e das demais de que irá participar. A segunda, 
que estabelece que só poderá ser considerado desvio de objeto quanto à participação sem previsão estatutária 
se produzir em companhias alheias ao objeto." Carvalhosa, Modesto. Comentários à Lei das Sociedades 
Anônônas.Saraiva, 1977,v. I,p. 15. 
16 Cumpre esclarecer que na doutrina encontra-se indiferentemente tanto o termo "alienação" quanto 
"transferência" de parcela patrimonial visando participação societária e, ainda, alguns autores omitem o 
termo "parcela". 
1 7 Parecer da CVM n~ 59/81. 
Cisão parcinl 107 
Pode então esta participação dar-se de duas formas: urna delas configurando o 
easo da holding - onde II participação opera-se com o intuito de controle - e a ou­
tra configurando a chamada sociedade de participação - onde a participação obje­
tiva apenas a fonnação de um patrimônio e a obtenção dos lucros distribuídos pe­
las ações.' 8 
Outro aspecto que deve ser ressaltado é o de que, no caso da operação ora tra­
tada, é a pr6pria sociedade que irá participar de outra - e não os seus s6cios - e 
que o meio de efetivar-se essa participação é pela aquisição de ações desta. 
Segundo salienta Mauro Brandão Lopes, no caso de alienação de valores ativos 
visando aquisição de participação societária, ainda que a sociedade alienante ve­
nha, mais tarde, a distribuir aos seus acionistas as ações ou quotas que recebeu da 
sociedade adquirente, a alienação não se descaracteriza para dar lugar à cisão, 
pois esta distribuição, longe de ser cisão, é simples repartição do patrimônio so­
cial.'9 
5. Análise de caso prático versando sobre o assunto 
5.1 A ação declarat6ria 
Objetivando-se dar ao tema tratado neste trabalho urna importância prática, pas­
sa-se agora ao relato e análise de um processo que aguarda decisão de primeira 
instância e versa sobre a caracterização de uma operação - a alienação do subsis­
tema Light - São Paulo - como cisão parcial, ou cessão parcial do ativo ou, ainda, 
transferência de parcela patrimonial visando participação societária (esta última 
hip6tese, embora não mencionada pelas partes no processo judicial, é indicada pe­
la CVM - em parecer dado relativamente ao processo - como opção apropriada ao 
neg6cio realizado). 
Passa-se, então, à exposição do caso. 
Em 1981, acionistas minoritários da Light - Serviços de Eletricidade S.A. in­
gressaram em juízo com ação declarat6ria contra a companhia pleiteando o paga­
mento do valor correspondente ao reembolso do exercício de seu direito de rect;S­
so, decorrente de uma operação realizada pela sociedade, da qual dissentiram. 
A Comissão de Valores Mobiliários foi consultada pelos acionistas minoritários 
para dar orientação sobre a questão, o que foi consubstanciado no Parecer n!? 59, 
de 1981. 
O cerne da questão suscitada junto ao Judiciário não é, obviamente, somente a 
correta definição da operação, mas sim as conseqüências que esta classificação 
trará. 
Segundo os impetrantes, o seu pedido tem fundamento no fato de ter sido a 
operação de alienação do subsistema Light - São Paulo à Eletropaulo - apesar do 
nomen juris que lhe foi dado de alienação do ativo - uma verdadeira cisão parcial 
da Light, o que lhes daria o direito de recesso, como dissidentes que foram da de­
liberação tomada (art. 230 da Lei n!? 6.404). 
Os requerentes alegam que ocorreu urna fragmentação patrimonial da Light, em 
decorrência da operação realizada que foi de transferência, a valores contábeis, à 
Eletropaulo, inclusive das obrigações e direitos correspondentes àquele subsiste­
ma. 
,. Tavares Borba, José EdvaIdo, Direito societário. Rio de Janeiro, Freitas Bastos, p. 122. 
19 Lopes, Mauro Brandão. op. cito p. 140. 
108 R.C.P.3/89 
Alegam, ainda, que a Light não recebeu, em pagamento dos bens transferidos -
pelo valor. contábil - à Eletropaulo, um preço que efetivamente correspondesse 
àquele subsistema, e que este representava parcela preponderante do sistema con­
siderado como um todo. 
Além do mais, sustentam os acionistas minoritários que a operação realizada 
pela companhia acarretou uma restrição de sua atividade econômica e, pois, uma 
alteração do objeto estatutariamente previsto. Assim sendo, caso lhes seja negado 
o exercício do direito de recesso com base na alegação de que o que ocorreu não 
passou de uma cisão parcial de fato, que este direito lhes seja outorgado com base 
no art. 136 V c/c o art. 137 da lei societária. 
Concluíram, portanto, os autores, que houve um negócio indireto - uma cisão 
parcial disfarçada de compra e venda - com a fmalidade de evitar a contingência 
do direito de retirada a que faziam jus, tanto em um quanto em outro caso, e ca­
racterizando, assim, fraude à lei. 
Por sua vez, contesta a Light, afmnando que o que· foi decidido pelo Governo 
Federal (Exposição de Motivos n2 100/80), e cumprido por ela, ré, foi um negócio 
de compra e venda, com suas características de bilateralidade, onerosidade, comu­
tatividade, no interesse de ambas as companhias (Light e Eletropaulo), tendo sido 
apurada a perfeita equivalência das respectivas prestações e contraprestações. 
Argumenta, basicamente, a ré, no sentido de que a cisão não ocorrera porque 
não existiam os elementos essenciais que a caracterizam, frisando, essencialmente 
o do art. 229, § 52, que exige a atribuição das ações integralizadas com parcelas 
de patrimônio da companhia cindida a seus acionistas, em SUbStitUIÇão às ações 
extintas, na proporção das que possuíam. 
Alegam, ainda: 
1. Que a enumeração do artigo 136, ensejadora do direito de recesso é taxativa e 
que a cessão parcial do ativo, que caracteriza urna compra e venda, não está elen­
cada no referido artigo, não dando, pois, ensejo ao direito de retirada aos acionis­
tas dela dissidentes; 
2. Que não houve qualquer fragmentação do patrimônio da Light, tendo sido con­
figurado um contrato de compra e venda com transferência de direitos e obri­
gações inerentes às concessões transferida; 
3. Que as def.ruções de cisão trazidas ao processo pelos requerentes são incomple­
tas e truncadas, e o são propositadamente, tendo em vista o enquadramento da 
operação realizada em algum conceito de cisão; 
4. Que na cisão ocorre a transferência de parcela de patrimônio (que é urna \;lÚ­
versalidade) e que na operação houve transferência de parcelas do ative somente, 
e não também do passivo; 
5. Que não houve redução do capital da Light, o que seria ~xigido no caso da 
cisão parcial, já que é de sua essência a redução do capitalda sociedade cindida. 
5.2 O parecer da CVM n2 059/81 20 
A Comissão de Valores Mobiliários, como anteriormente referido, foi consulta­
da pelos acionistas minoritários da Light, no sentido de fazer urna apreciação so­
bre a legalidade da operação de alienação do subsistema da Light - São Paulo. 
20 Cuidou-se de apontar aqui (tanto nos argumentos dos autores quanto da requerida) apenas as alegações 
que referiam-se à discussão de ser a operação caracterizada como cisão parcial ou como alienação de parte 
do ativo, não referindo-se às demais alegações que não teriam importância no contexto deste tnbalho. 
Cisão parcial 109 
A ementa do parecer, a seguir transcrita, demonstra o entendimento da CVM no 
sentido de não haver configurado a operação uma cisão disfarçada, como alegam 
os acionistas minoritários da Light. 
"A alienação de parte substancial do ativo, embora configure operação econo­
micamente semelhante à cisão, desta se distancia em seus elementos jurídicos ca­
racterizadores, não devendo, necessária e juridicamente, ser submetida à disciplina 
da cisão. Constitui, portanto, como a transferência de patrimônio para os efeitos 
de aquisição de participação societária, legítima opção para se proceder a uma or­
ganização societária. 
Dentre os elementos caracterizadores da cisão, não assume a transferência de 
patrimônio prevalência sobre os demais. Ao contrário, o acento 16gico da ope­
ração de cisão recai sobre a amputação patrimonial da sociedade cindida, resultan­
te da atribuição a seus s6cios de ações ou quotas da sociedade recipiente do pa­
trimônio transferido e a conseqüente redução do capital da cindida. 
Define-se objeto social como a atividade econômica em razão da qual se consti­
tui a sociedade e em tomo da qual a vida social se realiza e se desenvolve. Em 
conseqüência, pode caracterizar alteração do objeto social a restrição, de fato ou 
de direito, da atividade econômica estatutariamente definida. 
Parâmetros meramente quantitativos, como alteração de parte substancial de 
ativos, de per si, não constituem critério valorativo suficientemente idôneO para 
avaliar a alteração, de fato, do objeto social, por restrição de atividade econômica 
da companhia não formalmente caracterizada em termos de modificação de estatu­
to social. Para tanto, há que se identificar elementos de caráter qualitativo, que, 
acrescidos aos de caráter quantitativo, denotem de forma incontestável a afetação, 
parcial ou total, da atividade econômica principal da companhia. 
A perda da concessão por uma concessionária de serviço público constitui ele­
mento bastante para caracterizar restrição da atividade econômica da companhia e, 
conseqüentemente, alteração de seu objeto social. Contudo, para que este fato le­
gitime o exercício do direito de retirada de acionistas dissidentes, é preciso de­
monstrar a responsabilidade direta da companhia, ou seja, há de se provar que a 
perda da concessão não decorre de um ato unilateral e discricionário do poder 
concedente, mas de gestões diretas da companhia, no sentido de obter o cancela­
mento da concessão ou sua transferência para outra sociedade, mesmo quando de­
la não resultar prejuízo para a companhia e seus acionistas." 
Salienta a CVM, ao [mal do parecer, que a concretização do objetivo visado 
pela Light seria viável através de uma cisão da companhia, para os efeitos de 
transferir à CESP, ou a uma sociedade por ela controlada, o subsistema Light -
São Paulo. Entretanto, se tal ocorresse, poderia ensejar aos credores o pedido de 
anulação da operação com base no art. 232 da lei societária, visto que parcela 
substancial do passivo teria que ser transferida para a sociedade recipiente do pa­
trimônio em face ao endividamento da Light. Ainda, há que se referir ao possível 
esvaziamento desta companhia pelo exercício do direito de recesso, fato que pre­
judicaria os acionistas remanescentes e os credores da companhia. 
Diante destes fatos, concorda a CVM pela opção por operação diversa, com 
minimização de riscos desta espécie, mas mostra-se inconformado o 6rgão com 
a não-utilização, no caso, da operação de alienação de parcela patrimonial visando 
participação societária, sem que esta acarretasse para a Light o controle da socie­
dade recipiente do patrimônio transferido a título de subscrição de capital, me­
diante conferência de bens. Argumenta que, nesta hip6tese, permaneceria a Light 
a auferir os rendimentos da exploração econômica dos bens transferidos, e ne-
110 R.C.P.3/89 
nhum prejuízo seria, de imediato, apontado por seus acionistas, como também não 
se poderia alegar alteração de objeto social. . 
6. Conclusão 
A fIm de tentar-se uma conclusão para o tema desenvolvido, passa-se, agora, a 
uma breve retrospectiva da divergência apresentada no decorrer do trabalho, sua 
origem e, pretensiosamente, uma interpretação conclusiva. 
Da consulta de diversas obras, verifica-se que a questão ora suscitada passa a 
ser ponto controverso a partir do momento em que se utiliza do direito comparado. 
Isto porque a lei societária francesa de 1966 trata do apport partiel d' actif subme­
tendo-o às mesmas regras daquela lei destinadas à cisão. 
Confonne já referido na introdução deste trabalho, quando encontra-~ dificul­
dade na análise de determinados institutos, recorre-se ao direito comparado na 
tentativa de lá encontrar-se instituto idêntico ou assemelhado ao que, tratado na 
legislação pátria, suscitou dúvidas. Apesar da necessidade e validade de tal proce­
dimento, deve-se estar atento a sua complexidade e seriedade pois, do contrário, 
corre-se o risco de, por meio da indevida utilização do direito comparado, che­
gar-se a um resultado não verdadeiro e, o que pode ser pior, distante da intenção 
de nosso legislador. 
Segundo a doutrina estrangeira, o apport partiel ti' actif, embora regido na 
França pelas mesmas normas que regem a cisão, dela diferencia-se. AfIrma-se tal, 
visto que dentre as características elencadas da primeira operação encontra-se a de 
que a sociedade que faz o apport de uma parte de seu ativo receberá - da socieda­
de benefIciária deste - ações, e que poderá proceder de duas maneiras: ou conser­
va tais ações em carteira ou as distribui entre seus s6cios ou acionistas. 21 
Torna-se claro daí, então, que a retribuição do "apport partiel d'actif" é feita 
em ações e, ainda, que é feita diretamente à sociedade, em nada modifIcando-se a 
situação dos s6cios da sociedade que teve parte de seu ativo substituído por ações 
de outra sociedade. 
Assim sendo, frente às características dadas pela legislação francesa ao apport 
partiel d' actif, observa-se que possui ele as mesmas características que a trans­
ferência de parcela patrimonial visando participação societária, que é operação 
21 Nesse sentido, Retail: "Une société qui ne se dossout pas (qui, au contraire, continue son exploitation) 
fait apport d'une partie plus ou moins importante de son actif, à une société bénéficiaire. Celle-ci la retribue 
en lui remettant les actions créés par elle au moyen d'une augmentation de capital représentant I'accrisse­
ment de valeur enregistré por son patrimoine du fait de l'apport. Il s'agit done finaJement, vu sous l'angle de 
société apporteuse, du remplacement d'un certain actif dans son patrimoune par des actions de la société be­
neficiaire et, vu sous l'angJe de cette demiére, d'une augmentation de capital par voie d'apport en nature. On 
observara que la société apporteuse a d'ailleurs la possibilité, soit de conserver dans son portefeuille les ac­
tions provenant'de l'augmentation de capital, soit d'en effectuer la répartition entre ses actionnaires. (Retail, 
L. Fusions et scissions de socittés, 1968. p. 112.) 
É de estranhar-se a forma como Otaegui refere-se ao appon paniel d' actif da lei francesa, pois salienta ca­
racterística que tal legislação não pareceu ter dado ao instituto: "Otro supuesto de escisi6n froca en el desdo­
bJamiento de una persona jurídica sin disoluci6n de la misma, mediante da creaci6nde otra u otras personas 
jurídicas a las que transmite parte de su patrimonio. Asf por ejemplo la sociedad escindente Alpha crea la so­
ciedad escisionaria Beta a la que atribye parte de su patrimonio sin disolverse, y los socios de Alpha con­
tin11an siendo socios de la misma pero además serán socios de Beta. 
Este supuesto ha sido denominado por la doctrina francesa escisi6n parcial y considerado por la misma como 
una falsa escisi6n, afumando que en defmitiva'es un repano de activo entre los socios y no una escisi6n pa­
trimonial o que es un appon parcial que implica una escisi6n imperfecta'." (Otaegui, Julio C. Fusion y esci­
sWn de sociedndes comerciales, 1976, p. 240-1.). 
Da mesma forma, Bulgarelli (op. cito v. 4, p. 171): "Já no apport partiel d'actif, também chamado fusão par­
cial ou cisão parcial, em que há transferência parcial do patrimônio, não se extingne a transferente, embora 
amputada da parcela transferida" . 
Cisão parcial 111 
possível em nossa legislação societária mas que, diferentemente da lei francesa, 
não encontrou guarida nas regras destinadas à cisão. 
Conclui-se, então, que, na legislação brasileira, tem-se três procedimentos dis­
tintos para efetivar-se a transferência de patrimônio de uma sociedade para outra. 
Cada qual possui suas pr6prias características e, inegavelmente, os três possuem 
traços em comum que os aproximam, mas não devem chegar a identificá-los a 
ponto de usar-se as regras de um indiferentemente aos demais procedimentos. 
Resumidamente, pode-se afinnar que a cisão parcial é a operação de transferên­
cia de parcela patrimonial de uma sociedade, a tftulo universal, para outra(s) so­
ciedade(s) mediante a atribuição de ações desta(s) - beneficiária(s) - aos sócios 
da que se cindiu, ocorrendo, então, necessariamente, uma amputação do patrimô­
nio da cindida. Esta operação, por estar elencada no art. 136 e 230 da lei societá­
ria, quando realizada dá ensejo ao exercfcio do direito de retirada pelos acionis­
tas que dela dissentirem. 
Já a cessão parcial do ativo, visando ou não participação societária, é operação 
de transferência de parcela de patrimônio, a t(tulo singular (lembrando-se sempre 
que a coisa transferida leva consigo os direitos e as eventuais obrigações a ela ine­
rentes), de uma sociedade a outra, mediante o recebimento de uma contrapres­
tação, ocorrendo, então, uma substituição. 
Caso a cessão vise a participação em outra sociedade, tal contraprestação 
dar-se-á em ações da companhia beneficiária da parcela patrimonial transferida 
e será feita diretamente à sociedade transferente. 
Quando a contraprestação se der em outros bens e/ou direitos, que não ações da 
beneficiária, tem-se uma simples cessão parcial do ativo. 
Assim sendo, pode-se concluir que a alienação de parcela patrimonial visando a 
participação societária é uma espécie da qual a cessão parcial do ativo é gênero. 
Cabe ainda ressaltar que nem uma nem outra operação dá ensejo ao exercício 
do direito de retirada aos acionistas que delas dissentirem, visto que tais hip6teses 
não encontram-se elencadas na enumeração taxativa do art. 136 e nem em outro 
artigo esparso da legislação societária. 
Por todo o exposto, justif:ca-se, agora, o tratamento, neste trabalho, dos três 
procedimentos paralelamente. 
Referências bibliográficas 
Borba, José Edvaldo Tavares. Direito societário. Rio de Janeiro, Freitas Bastos', 1978. 
Bulgarelli, Waldírio. Comentários à Lei das Sociedades Anônimas. São Paulo, Saraiva, 1978. 
v.4. 
Carvalhosa, Modesto. Comentários à Lei das Sociedades Anônimas. São Paulo, Saraiva, 
1977. v. 1. 
Gonçalves Netto, Alfredo de Assis. A fusão, a incorporação e a cisão na Lei de Sociedades 
por Ações. Revista de Direito Mercantil, n. 23, 1976. 
Lopes, Mauro Brandão. A disciplina brasileira da cisão no direito societário. São Paulo, 
1978. 
112 R.C.P.3/89 
Martins, Fran. Comentários à lei das Sociedades Anônimas. Rio de Janeiro, Forense, 1979. v. 
3. 
Otaegui, Julio C. Fusión y escisión de sociedades comerciales. 1976. 
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Teixeira, Egberto Lacerda e Guerreiro, José Alexandre T. Das Sociedades Anônimas no di­
reito brasileiro. São Paulo, José Bushatsky, 1979. v. 2. 
Ventura, Raul. Cisão de sociedades. Lisboa, 1974. 
Cisão parcial 113

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