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VALORES E ANTIVALORES DJACIR MENEZES "O que é subversão?" - indagou, faz poucos anos, num ensaio editado pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC), o Prof. Adolfo J. de Paula Couto. Excelente pergunta para abrir um debate de idéias, mas não abriu coisa nenhuma. "Elitismo!" - decidiu um sociólogo escrupuloso. A energia dirigente das elites modelou os grandes movimentos ideológicos contemporâneos. Não fosse a elite jacobina, e a revolução francesa não passaria de uma ressaca de sangue e desordens. Eliminadas as idéias, o que resta é a luta zoológica. Não alcança ria jamais o nível de revolução, onde se definem os lineamentos indecisos de outra ordem de coisas. Sobre o assunto, nas épocas de crise, as frases se repetem cansativamente. E a t~sistência passiva ou ativa dos interesses consagrados (vejam bem: con-sa grados) reza a mesma palinódia. Leia no dito artigo: "os valores da tradição contrapõem-se os antivalores da subversão; as normas da tradição às antinormas da subversão; à atual organização social, a organização rebelde, subversiva ou revolucionária, etc." No fundo desse paralelismo, está uma dialética disfarçada, que parece em sintonia com o pensar do autor apenas na superfície. Assim quando dizemos que os valores da tradição se contrapõem aos antivalores da subversão, caberia cogitar, filosoficamente, se os antivalores, se a negação do valor não exprime muitas vezes outro valor. Hegelianamente falando, a negatividade só se des prende da positividade no formalismo mecanicista, ponto essencial na Ciência da lógica, de Hegel - e do qual fugimos de examinar agora pois há um monte de livros exegéticos rumorejando em tomo. Destarte, também as "contra-normas da subversão", são normas opostas àquelas normas. No mérito do folheto, a questão, nos· dizeres do autor, se reduz inexoravel mente ao dilema "capitalismo ou consumismo". Quando um pensador argu menta, sufocado por uma terceira solução de cunho socialista ou socializante, alevanta-se a bifurcação dilemática: enfraquecer o anel de ferro do círculo finan ceiro que se fecha em tomo do Terceiro Mundo, endividado até a raiz dos cabe los, é tomar atitude contrária às instituições livres do mundo democrático? Duvidamos. O autor argúi que a acusação de "fascista" intimida outros grupos adversários atemorizados com a propaganda comunista - e se encolhem; mas o mesmo acontece quando os marxistas intimidam os líderes do pensamento liberal ou inclinados ao socialismo, indigitando-os à censura policial como subversivos encapotados, cúmplices na desmoralização do capitalismo, que deve salvar o mundo ameaçado. Uma das argumentações que habitualmente se oferecem aos jovens para exa cerbar-lhes o idealismo sobre as injustiças sociais é a que atribui todas as formas de iniqüidades ao capitalismo e todas as panacéias redentoras ao socialismo - duas atitudes fora da realidade. Acenar com as ilusões redentoristas sintoniza com o que há de melhor no sentimentalismo religioso. Mas pretender exculpar R. C. pol.. Rio de Janeiro. 31(2):50-1, abr.ljun. 1988 e inocentar o capitalismo da corrupção política e da indignidade economlca, nas atuais circunstâncias do mundo, é impossível aos que estudam a história política e social dos regimes existentes. O fascículo "o que é subversão" traz muitas e variadas citações que merecem reflexão e debate. O ponto que mais atraiu nossa atenção é o de como evitar a marxistização das universidades, que tem seu ponto mais alto no livro univer salmente conhecido de Jules Monnerot. A nosso ver, a desmarxistização da universidade está na análise do fenômeno, abertamente, mostrando aos univer sitários, principalmente aos estudantes de dências políticas e econômicas, o papel de joguete ou marionetes que lhes reserva a liderança marxista, na clan destinidade, agindo habilmente, à socapa das instituições democráticas - para contraminá-Ias. Este período quase final do opúsculo contém uma verdade certeira: "Só o fato de Roosevelt ter acreditado que o regime stalinista tinha não se sabe que parentesco com os valores pelos quais as democracias haviam comba tido, indenizou largamente o Krernlin, em um só dia, pelos milhares de rublos gastos para espalhar essa ilusão." - Concluamos nós agora: A ilusão marcha cevando-se nas injustiças que os sistemas cavam no seio das massas. Valores e antivalores 51
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