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Texto: Ana Rita Rios Ilustrações: Alexandre Jales Realização Apoio O Governo do Estado do Ceará desenvolve, com os seus 184 municípios, o Programa de Aprendizagem na Idade Certa - MAIS PAIC, com o compromisso de garantir e elevar a qualidade e os resultados da educação de suas crianças e seus jovens. Publicada pela Secretaria da Educação do Estado, através do MAIS PAIC, a Coleção Paic, Prosa e Poesia, rica em identidade cultural, reúne narrativas de autores do Ceará que tiveram seus textos selecionados por meio de seleção pública. Esse acervo constitui um estímulo a mais para se ler e contar histórias em sala de aula, garantindo, assim, um letramento competente. Texto: Ana Rita Rios Ilustrações: Alexandre Jales Fortaleza ● Ceará ● 2016 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) R586j Rios, Ana Rita. Jeremias, o profeta da chuva / Ana Rita Rios ; ilustrações de Alexandre Jales. Fortaleza: SEDUC, 2015. 32p.; il. (Coleção Paic Prosa Poesia) ISBN: 978-85-8171-132-4 1. Literatura infantojuvenil. I. Título. CDU 028.5 Copyright © 2016 Ana Rita Rios Copyright © 2016 Alexandre Jales SEDUC - Secretaria da Educação do Estado do Ceará Av. Gen. Afonso Albuquerque Lima, s/n - Cambeba - Fortaleza - Ceará | CEP: 60.822-325 (Todos os Direitos Reservados) Governador Camilo Sobreira de Santana Vice-Governadora Maria Izolda Cela de Arruda Coelho Secretário da Educação Antônio Idilvan de Lima Alencar Secretária-Adjunta da Educação Márcia Oliveira Cavalcante Campos Secretária-Executiva da Educação Antônia Dalila Saldanha de Freitas Coordenação Editorial, Preparação de Originais e Revisão Raymundo Netto Projeto e Coordenação Gráfi ca Daniel Dias Revisão Final Marta Maria Braide Lima Conselho Editorial Antônio Élder Monteiro de Sales Sammya Santos Araújo Maria Fabiana Skeff de Paula Miranda Catalogação e Normalização Gabriela Alves Gomes Coordenador de Cooperação com os Municípios Lucas Fernandes Hoogerbrugge Orientador da Célula de Programas e Projetos Estaduais (CEGEE) Idelson de Almeida Paiva Júnior Articuladora Emilia Lucy Nogueira Marinho Coordenadora Regional MAIS PAIC/PNAIC Maria Socorro Bezerra Leal A Deus, que está sempre por perto. Aos Profetas da Chuva do nosso Ceará que trazem alegria e esperança ao homem do campo. Ao papai Gerardo, com quem eu brinquei de fi lha e mãe, vivenciamos o amor de fato, e após alguns anos ele virou uma estrelinha no céu. Ao Tio Audifax Rios, que me incentivou a colorir o mundo com poesia, brincar com a doçura das palavras, a voar sem medo. De quem eu guardo na memória o riso mais sereno, o olhar mais acolhedor, minha melhor referência de ser acolhedor. A todas as crianças grandes e pequenas, especialmente as de Santana do Acaraú, minha cidade natal. 4 Você sabia que no sertão do Ceará faz sol quase todos os dias? 5 O tempo é quente, parece até que o sol mora aqui ao lado, aquecendo nossa casa com o calor de um bom vizinho. Porém, a natureza manda a chuva para refrescar e trazer fartura. Mas quando ela não vem, fi ca tudo muito seco, triste e preocupante. 6 7 8 Nesse lugar de céu claro, mora Jeremias, conhecido na vizinhança como “Profeta da Chuva”. E sabe por quê? Porque dizem que ele consegue prever se a chuva vem ou não. 9 Para Jeremias, sertanejo cheio de coragem, alegre e otimista, a natureza é amiga do homem. Ele diz que ela sempre manda sinais, mostrando o tempo certo de plantar as sementes. E, por isso, os plantadores todo ano esperam a previsão do profeta Jeremias, pois sabem que a chuva faz crescer tudo, e, do contrário, enquanto ela não chega, as plantas fi cam com muita sede, secam e morrem. 10 11 12 Um curioso se aproximou do profeta e lhe perguntou: — Será que vai chover, Jeremias? Jeremias, sem graça, olhou para o céu. Ainda não sabia se o inverno seria bom. Na verdade, estava com medo de não chover nenhuma gotinha. Assim, antes de responder, foi logo pedir ajuda à natureza. 13 Quando o dia acordou, ao primeiro raio de Sol, Jeremias foi procurar o sabiá. O pássaro fazia divertidas cambalhotas no céu e arriscava voos rasantes. Quando pôs-se a cantar, seu canto era alegre e vibrante, anunciando a chuva que cairia no sertão. 14 15 16 A tarde chegou e o profeta caminhava esperançoso e sem pressa. De repente, avistou um pássaro entre os galhos de uma árvore. Era o joão-de-barro construindo sua casa com a entrada aberta para o poente, lado contrário do que vem a chuva. O joão-de-barro é muito zeloso na proteção de seus fi lhotes. Sabia que assim evitava que a chuva entrasse em sua casa. “Hummm, então ele espera chuva...”, pensou Jeremias. 17 Também naquele dia, lembrou-se que o vento era sábio e sempre dava palpite sobre a chuva. Parou no caminho, fechou os olhos e percebeu que o vento soprava do lado onde nasce o sol, assobiando leve e sorrindo, trazendo um aroma gostoso de terra molhada. 18 19 Caminhando mais um pouco, já era boquinha da noite, surpreendeu o desabrochar de botões de fl ores brancas de um imenso mandacaru. 20 À noite, já em casa, Jeremias sentou-se numa cadeira do terraço a olhar o céu. Percebeu que as estrelas, de tão contentes, faziam uma algazarra de alto astral: brilhavam, piscavam e até caíam riscando a escuridão. Mas a estrela- d’alva, a primeira a surgir nos céus, se destacava com um brilho diferente. 21 A Lua, que tudo via lá do alto do céu, estava meio chorosa em volta de uma lagoazinha colorida. Permaneceu assim durante a noite inteira. Diante de tanta mágica da natureza, o profeta, feliz e agradecido, balançava a cabeça: “O inverno está confi rmado!” 22 23 Chuva na terra, feijão na panela. Chuva no mato, maxixe no prato. Chuva no sertão, tacho no fogão. Chuva no telhado, comer milho assado. No dia seguinte, bem cedinho, uma chuva fi ninha molhava o roçado. Na cidade, as crianças, na maior euforia, cantavam versos engraçados, enquanto colocavam barquinho, de papel jornal, no riacho: 24 25 26 O Profeta, encostado na porta de casa, olhou atento para o céu e agradeceu pela chuva. 27 Os plantadores começaram a espalhar as sementes. Jeremias, que também plantava, semeou seu roçado. Em cada covinha feita na terra, ele colocava uma semente nova. Com a chuva, logo, logo, surgiriam os primeiros brotinhos. 28 29 Meses depois, Jeremias cruzava a feira, saudava os amigos, vendendo a colheita daquele ano bom. Eles gritavam por detrás dos tabuleiros: “Viva o Profeta da Chuva!” 30 Até que um deles, mais apressadinho, perguntou: — E no ano que vem, será que vai chover, Jeremias? 31 Ana Rita Rios Nasci em Santana do Acaraú, cidade banhada pelo rio das garças. Ainda pequena, já me encantava com as palavras. Hoje, moro em Fortaleza, “Terra do Sol”, e sou graduada em Letras pela Universidade Federal do Ceará. Sempre gostei do universo infantil, das fadas e da magia da natureza. Esse é meu segundo livro pela coleção Paic Prosa e Poesia. O primeiro foi uma aventura sob sol e chuva: O casório da Raposa. Agora, vamos percorrer o sertão com Jeremias, o profeta da chuva, tentando desvendar os mistérios da natureza. Participar de mais uma coleção é como atravessar um portal mágico onde tudo se torna possível. O meu imaginário se encheu de cor e de alegria. Alexandre Jales Olá, turma! Desde criança, já gostava de brincar de desenhar e tinha o lápis e o papel como instrumentos de materialização de um mundo imaginário, em que eu passava horas viajando e não via o tempo passar. Hoje, trabalho na área do design e ilustro com o coração. Esse livro fala de um sertão castigado pela seca, mas que dele surgem verdadeiros profetas com o dom de prever a chegada de dias de esperança e alegria. 08 - Capa - Jeremias, o Profeta da Chuva 08 - Miolo - Jeremias, o Profeta da Chuva 08 - Capa - Jeremias, o Profeta da Chuva
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