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MICROBIOLOGIA Elaborado por: Giulia Magno Rocha MICROBIOLOGIA Elaborado por: Giulia Magno Rocha Aula 1 - Microbiologia Giulia Magno Rocha SARS-CoV-2 Síndrome gripal que pode ser causada por várias causas respiratórias. Agente etiológico do COVID é o SARS-CoV-2. Pandemia SARS-CoV-2 / COVID-19 A OMS declarou: ● Em 30 de janeiro de 2020, que o surto da doença causada pelo Novo Coronavírus (SARS-CoV-2) constitui uma Emergência de Saúde Pública de importância internacional. ● Em 11 de março de 2020, a COVID-19 foi caracterizada pela OMS como uma pandemia. ● Primeiros casos X Wuhan / China. SARS-CoV-2 que vírus é esse? Taxonomia viral: ● Família: Coronaviridae. ● Subfamília: Orthocoronavirinae. Nem todos tem subfamília, apenas as famílias gigantes. ● Gênero: Betacoronavirus. Dentro desse gênero têm as 3 principais espécies zoonóticas (espécie que não circulava em humanos, e que tem origem de animais, formou-se uma cepa que se adaptou a humanos). ● Espécies de interesse médico com potencial zoonóticos: - SARS-CoV-2 (Betacoronavirus) - o pandêmico atualmente; - SARS-CoV-1 (Betacoronavirus); - MERS-CoV (Betacoronavirus) *Espécie zoonótica: é uma espécie que não circulava em humanos, porém apareceu e a mesma tem origem de um animal. Houveram mutações que favoreceram o surgimento de uma cepa que se adaptou aos humanos. ● Outras espécies de Coronavírus comuns que infectam humanos de forma branda, não zoonóticos: - Alphacoronavirus: HCoV-229E e HCoV-NL63 . Causam resfriados, sintomas respiratórios brancos. Estão na humanidade há muito tempo. - Betacoronavirus: HCoV-OC43, HCoV-HKU1. Giulia Magno Rocha Vírus zoonóticos x Pandemia Os vírus zoonóticos vieram através de um salto interespécie, quando se tem um vírus de animal e que através de um vetor e de outro animal passou a infectar o humano; o vírus sofreu mutações e se adaptou, passando a transmitir humano-humano. Quando o vírus conclui o salto interespécie é quando o humano infectado passa a infectar outros humanos. Histórico - Coronavírus com potencial epidêmico / pandêmico ● SARS-CoV (2002/2003 - China - Epidemia) - SARS: “Severe Acute Respiratory Syndrome”. Giulia Magno Rocha - 8000 casos e cerca de 800 mortes nos países afetados (10% de letalidade). - Origem provável: Morcegos. - Gatos-de-algália (foi o hospedeiro intermediário mais provável) infectados por morcegos, comercializados em mercados da China. ● MERS-CoV (2012/2013 - Países do Oriente Médio - Epidemia) - MERS: “Middle East Respiratory Syndrome”. - A Organização Mundial da Saúde (OMS) foi notificada de 2.397 casos confirmados em laboratório, 863 mortes. - Letalidade com mais de 30%. - 27 países relataram casos da infecção com MERS-CoV. - Origem provável: Morcegos. - Camelos (animal intermediário). ● SARS-CoV-2 (2019 - China/ 2020 – Pandemia) - Doença: COVID-19. - Origem provável: Morcegos. - Pangolim (animal intermediário provável, não foi confirmado). Estrutura do SARS-CoV-2 É um vírus envelopado, na imagem em azul é a bicamada lipídica; o envelope de um vírus é composto por lipídios e proteínas, os lipídios são da própria célula do hospedeiro (nesse caso do humano) e as proteínas podem ser específicas do vírus. A proteína que na imagem está em amarelo é a proteína spike (S), essa é a chave de entrada do vírus na célula, a mesma encontra a célula-alvo e entra através da proteína spike. A proteína spike é a mais externa, sendo o alvo das principais vacinas, os anticorpos vão se ligar na proteína spike e o vírus é coberto com esses anticorpos, o mesmo perde a chave para entrar na célula. No envelope do vírus também tem a proteína M, E e mais internamente no vírus tem a proteína N (capsídeo), que está cobrindo o material genético, que é RNA de fita simples. Giulia Magno Rocha Inativação do SARS-CoV-2 O envelope viral é rico em lipídios, e se passar detergente ou álcool, a gordura é extraída, danificando então o envelope do vírus, perdendo a chave para na célula e é inativada. ● Em superfícies inanimadas (desinfecção): - Álcool 70%. - Hipoclorito de sódio 0,1% a 0,5%. - Peróxido de hidrogênio (água oxigenada a 0,5%). ● Em tecidos, corpo humano e de animais (antissepsia): - Lavagem com água e sabão. - Álcool 70%. Replicação do SARS-CoV-2 O vírus pode se ligar através da proteína spike no ACE2, e existem trabalhos que mostram co-receptores, que se ligam no receptor e depois no co-receptor. A TMPRSS2 também está presente na célula do trato respiratório, então se liga e a célula endocita o vírus para dentro de uma vesícula, assim o vírus entra na célula por endocitose. O vírus se “aproveita” do processo de endocitose e entra nesse mecanismo; chegando dentro da célula o vírus quer liberar o RNA viral, porque é esse RNA que tem toda a informação genômica para sintetizar as partículas virais, perdendo então o endossoma e tem a fusão membranar. O RNA viral contém toda a informação genômica para sintetizar as proteínas S, M, E, N do capsídeo, as enzimas que o vírus precisa. Toda replicação para o SARS-CoV-2 acontece no citoplasma, liberando o RNA e o RNA viral é de polaridade positiva (5’ → 3’) e tem uma enzima que faz a transcrição desse material genético, gerando uma fita molde de polaridade oposta (3’ Giulia Magno Rocha → 5’), essa fita oposta vai ser o molde para toda vez que haver a transcrição gerar várias fitas positivas, que vão compor os vírus que estão sendo produzidos dentro da célula. Os RNAm são sintetizados e eles vão para os ribossomas e fazem a tradução, que é um mecanismo para gerar as proteínas, o vírus se aproveita desse mecanismo, fazendo a síntese de suas próprias proteínas. As proteínas virais sintetizadas são organizadas no retículo endoplasmático da célula para gerar as partículas virais, o material genético é circundado pela proteína N e as proteínas M, E e a proteína spike são direcionadas para a membrana plasmática do retículo endoplasmático e o vírus brota da membrana plasmática de organelas internas da célula, e é transportado pelo complexo de Golgi dentro de uma vesícula. A vesícula é direcionada para o ambiente extracelular, e esse processo é chamado de exocitose. Ou seja, o vírus entra por endocitose e sai por exocitose, que é o processo de liberação do vírus da célula; esses são processos naturais, mas o vírus se aproveita para se replicar, já que o mesmo só se replica dentro de células, não tendo capacidade de produzir suas próprias proteínas. Coronavírus / COVID-19 Como ocorre a transmissão? ● Pela via aérea (pelo ar): - Ao falar, tossir ou espirrar; ● Através do contato pessoal, como toque ou aperto de mão, seguido do contato com a boca, nariz ou olhos. ● Contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido do contato com a boca, nariz ou olhos. Giulia Magno Rocha Em objetos o risco de transmissão é baixo, porém não é impossível de ocorrer. ● Carga viral X Transmissão. Os pacientes sintomáticos têm uma carga viral alta, tendo maior chance de transmissão. ● Via respiratória e por fômites ● SARS-CoV-2 foi detectado em amostras não respiratórias: - Fezes, sangue, secreções oculares e sêmen. Não foram confirmados como via de transmissão, porém foi detectado e mostra potencial disseminação do vírus. Observação: a relação entre a identificação do vírus nessas amostras e a real transmissão é improvável. ● A probabilidade de transmissão pela via parenteral parece ser muito baixa e improvável. - A via parenteral não é uma via de transmissão para SARS-CoV-2, MERS-CoV nem outros Coronavírus até o momento. Períodos de incubação e transmissibilidade do SARS-CoV-2 ● Período médio de incubação: - Sugestão: 5 dias, variando de 2 até 12,5 dias. - Intervalo exato é incerto ● Período de transmissibilidade: É mais variável, porque algumas pessoas podem transmitir mesmo no período de incubação. - Apesar da transmissibilidade dos pacientes infectados por SARS-CoV ser em média de 5 a 7 dias após o início dos sintomas. - O novo Coronavírus (COVID-19) sugere que a transmissão possa ocorrer, mesmo sem o aparecimento de sinaise sintomas. - Atenção: até o momento, não há informação suficiente sobre quantos dias antes do início dos sinais e sintomas uma pessoa infectada pode transmitir o vírus. Infecção pelo SARS-CoV-2 Sintomáticos x Assintomáticos + Oligoassintomáticos (sintoma brando, que não associa a COVID, no caso). Principais grupos de risco ● Idosos acima de 60 anos; ● Diabéticos; ● Hipertensos; ● Cardiopatas; ● Asmáticos; ● Obesos; É um risco por causa do processo inflamatório, porque quem é obeso é inflamado, e na COVID uma das complicações é a resposta inflamatória exacerbada, levando a um quadro grave, com comprometimento pulmonar, vasculite, trombose, que é decorrente não só da ação do vírus, mas da resposta inflamatória que é desencadeada para combater a infecção e que acaba levando à lesão tecidual. ● Imunossuprimidos; ● Gestantes; ● Neonatos. Giulia Magno Rocha Sintomas da COVID-19 ● Febre; ● Tosse; ● Odinofagia (deglutição com dor); ● Diarreia; ● Cefaleia; ● Mialgia (dor muscular); ● Fraqueza; ● Anosmia (perda do olfato); ● Ageusia (perda do paladar); ● Dispneia, falta de ar, etc. Sintomatologia diversificada ● Infecção localizada x Infecção sistêmica: Infecção localizada, que pode ser semelhante a um resfriado, espirro, cefaleia ou infecção sistêmica, que leva a quadro de febre, infecção pulmonar, pneumonia intersticial, etc. ● Sintomas relacionados à infecção respiratória; ● Quadros intestinais; ● Lesões em pele e mucosas. Como pele e língua COVID. ● Vasculite e Trombose ↓ GRAVIDADE Associação com gravidade ● Comprometimento pulmonar: - Dificuldade de respirar intensa - Hipóxia ● Pneumonia atípica: *Pneumonia causada por vírus. - Opacidade difusa em vidro fosco. - Consolidação irregular dos pulmões e bordas borradas, na tomografia computadorizada (TC). - Bilateral ou unilateral. ● Resposta inflamatória intensa. ● Vasculite. ● Trombose. ● Sobrecarga cardíaca. O paciente pode até mesmo infartar. Diagnóstico Laboratorial da infecção pelo SARS-CoV-2 ● Métodos moleculares (qualitativos ou quantitativos): - RT-PCR SARS-CoV-2. Giulia Magno Rocha *No início da infecção e nos primeiros dias de sintomas é que se observa as maiores cargas virais, recomendando fazer o PCR do 3º ao 5º dia de sintoma, porque tem maior chance de ter um resultado fiel. O PCR detecta RNA. ● Testes sorológicos (qualitativos ou quantitativos): - ELISA - Quimioluminescência - Imunofluorescência ● Testes rápidos ou testes imunocromatográficos: - Detecção de antígenos nas secreções respiratórias. O teste rápido detecta o antígeno do vírus, que são as proteínas que estão no envelope. É um teste bom, porém tem muito falso positivo e negativo. - Detecção de anticorpos IgM e IgG. Diagnóstico molecular O PCR é mais fiel, mas se for coletado no tempo certo, no início dos sintomas. Anticorpos IgM e IgG Anti-SARSCoV-2 no soro ou plasma ● IgM: - Marcador de fase aguda. - Infecção recente. - Negativo em semanas. ● IgG: - Marcador de exposição. - Memória Imunológica. - Duradouro, pode durar meses; depende do vírus. O corpo desenvolve imunidade quando tem a infecção por um vírus, desencadeia resposta imune celular com produção de células de defesa e humoral (produção de anticorpos específicos contra o vírus). Quando tem contato com o patógeno, o primeiro anticorpo a ser produzido é o IgM, depois é que o corpo começa a produzir o IgG. Detecta esses anticorpos no soro do paciente, tirando o sangue do mesmo. Giulia Magno Rocha Diagnóstico laboratorial da infecção pelo SARS-CoV-2 Se a pessoa está sintomática, até 5 dias, o PCR tem um valor prioritário, porque a pessoa ainda não tem anticorpos. No momento que o paciente está evoluindo para a cura, o RNA irá desaparecer, e nesse momento começa a detectar os anticorpos, como o IgM como marcador inicial e o IgG fica por tempo prolongado. *Porém, algumas pessoas já tiveram COVID e o IgG da mesma deu negativo. Giulia Magno Rocha Variantes do SARS-CoV-2 Tratamento / Ação Antiviral? Não se tem nenhum antiviral específico para inibir, bloquear a replicação viral. Tem-se drogas off label, que são drogas que estão ainda em teste. ● Remdesivir: - É um análogo da adenosina que é incorporado na cadeia do RNA viral e inibe sua replicação. ● Cloroquina/ Hidroxicloroquina: - Bloqueia a infecção aumentando o pH do endossomo necessário para a fusão do vírus com a célula, o que inibe sua entrada. ● Ivermectina: - Annita. - Lopinavir e Ritonavir (inibidores de protease). - Oseltamivir (Tamiflu/ inibe neuraminidase). - Interferon. - Anti-soros de pessoas recuperadas da COVID-19. - Anticorpos monoclonais. Giulia Magno Rocha Prevenção ● Frequente lavagem e higienização das mãos. ● Utilizar lenço descartável para higiene nasal. ● Cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir. ● Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca. ● Higienizar as mãos após tossir ou espirrar. ● Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas. ● Manter os ambientes bem ventilados. ● Evitar contato próximo a pessoas, distância de pelo menos 1,5 m. ● Usar máscaras. ● Vacinação. Tipos de Vacinas Covid-19 Aprovadas pela ANVISA ● Vacina de Oxford (ASTRAZENECA/ Oxford/ FIOCRUZ) - Vetor Viral não replicante (ChAdOx-1) ● Coronavac (CHINA/ BUTANTAN) - Vírus inativado ● Vacina da Pfizer - RNAm em nanopartícula lipídica ● Janssen-Cilag - Vetor viral não replicante (Ad26. COV2.S) Pesquisa de anticorpos neutralizantes Anti-SARS-CoV-2 Esse teste vai medir quanto tem no corpo de anticorpo, que é a antiproteína spike. No teste sorológico que é feito no laboratório, usando sangue, para pesquisa de anticorpos neutralizantes, isso mede a imunidade humoral (relacionada a produção de anticorpos); porém, o indivíduo também tem uma imunidade celular, que é via TCD8, TCD4, via ativação dessas células de defesa, e isso não é medido no laboratório. Giulia Magno Rocha Aula 2 - Microbiologia Giulia Magno Rocha Citomorfologia bacteriana & Bactérias que infectam o trato respiratório Célula bacteriana ● A célula bacteriana é uma célula procariótica; a célula procariótica não tem núcleo, tem região nucleoide, porém sem o envoltório da membrana nuclear, também não tem RER, REL e mitocôndrias. ● Tem material genético a mais, que é o plasmídeo. ● A parede celular é a estrutura mais importante da bactéria, onde tem diversos fatores de virulência. ● As bactérias também têm membrana citoplasmática e muitas também têm cápsula, que é uma estrutura externa onde pode ter fímbrias, que servem para a adesão da bactéria na célula do hospedeiro. ● Tem bactérias que têm flagelos que são utilizados para a motilidade bacteriana, tornando as bactérias móveis para nadar nos líquidos e secreções corporais. ● Tem bactérias móveis e imóveis. ● As células bacterianas são visíveis na microscopia ótica e os vírus na microscopia eletrônica. Tamanho: 0,2 a 2µm de diâmetro a 2 a 8µm de comprimento. Giulia Magno Rocha A • • mobilidade Célula bacteriana x Vírus Formas bacterianas ● Cocos: são relativamente esféricos. ● Os bacilos (bastonetes): são ligeiramente alongados, com extremidades hemisféricas, podendo dispor ou não de flagelos. ● Espiral: possuem uma ou mais curvaturas, nunca são retas. Quando tem várias curvaturas são chamadas de espiroquetas, e se tem uma curvatura parece com uma vírgula, sendo chamada de espiral. “As bactérias espirais têm uma ou mais curvaturas; elas nunca são retas. As bactérias que se assemelham a bastões curvos são chamadas de vibriões. Outras, chamadas de espirilos, possuem forma helicoidal, como um saca-rolha, e corpo bastante rígido. Já outro grupo de espirais tem forma helicoidal e flexível; são chamados de espiroquetas. Ao contrário dos espirilos, que utilizam um apêndice externo para se mover, semelhante a uma hélice é chamado de flagelo, as espiroquetas movem-se através de filamentos axiais, os quais lembram um flagelo, mas estão contidos dentro de uma bainha externa flexível. Existem também procariotos em forma de estrela e retangulares.” (TORTORA; FUNKE, 2016)Arranjos de cocos A partir do momento que se dividem, a bactéria se multiplica por divisão binária, forma um septo no centro da bactéria e a mesma gera duas células-filhas. Essa bactéria pode se dividir a partir de um plano, dois planos, três planos ou acima de três planos. Por exemplo: quando uma bactéria se divide em um único plano ela pode ficar com duas células agrupadas, formando diplococos ou se divide em duas células, mas ela vai formando uma cadeia que é chamada de estreptococos, e quando é Giulia Magno Rocha oi 7 ÷ ô E no { IÊ . ÷! espiroquetas ou bastonetes dividida em dois planos forma o tétrade, se a bactéria sofre divisão em três planos forma a sarcina, mas se o plano de divisão for acima de três planos e esses são de maneira irregular são chamadas de estafilococos. As que mais importam na saúde pública são: diplococos, estreptococos e estafilococos. ● Diplococos: cocos agrupados aos pares. - Neisseria meningitides (meningococo) → é um diplococo gram-negativo, agente causador da meningite humana. ● Tétrades: agrupamentos de quatro cocos. - Pedicocos → não tem importância clínica. ● Sarcina: agrupamentos de oito cocos formando cubos. - Sarcina. ● Estreptococos: cocos agrupados em cadeia. - Spreptococcus pyogenes → gram positivo e agente causador de diversas doenças como faringite, otite, etc. ● Estafilococos: cocos em grupos irregulares, semelhante a cachos de uva. - Staphylococcus aureus. *Quando se escreve como estafilococos quer dizer acerca da forma bacteriana, não está se referindo ao gênero bacteriano. Giulia Magno Rocha • É ' way;iÉri ↳ arrombo sublinhado na prova . " ↳ Genera ↳ escrever sempre foi " ( seminário " { não " espio " ofertas causam Alguns exemplos de cocos Staphylococcus tem formato de cacho de uva; Streptococcus tem formato em cadeia. As duas são bactérias gram-positivas. Arranjo dos bastonetes ● Estreptobacilos: bastonetes agrupados em cadeias. - Bacillus (gênero). ● Cocobacilos: bastonetes ovais parecidos com os cocos. - Haemophilus influenzae → gram-negativo, agente causador de meningite, pneumonia e otite. ● Diplobacilo: bastonetes agrupados aos pares. - E.coli. Os bacilos (bastonetes) de maneira geral são mais isolados. Giulia Magno Rocha “O nome “bacilo” tem dois significados em microbiologia. Como acabamos de utilizar, a palavra bacilo se refere a uma forma bacteriana. Quando escrito em latim, em letra maiúscula e em itálico, refere-se a um gênero específico.” (TORTORA; FUNKE, 2016) Alguns exemplos de bacilos ● S. dysenteriae causa disenteria bacilar, geralmente transmissão fecal-oral. Giulia Magno Rocha então bacteriano . família . ● P. mirabilis vive normalmente trato gastrointestinal, quando invade o trato urinário pode causar infecções urinárias. ● K. pneumoniae é um bacilo gram-negativo que vive no trato gastrointestinal, mas quando invade outros sítios pode atingir a circulação sanguínea e causar pneumonia. ● Y. pestis é uma bactéria gram-negativa que pode causar a peste bubônica. Alguns exemplos de espirais O vibrio sp. tem formato de vírgula. Giulia Magno Rocha Estrutura externa à parede celular ● Glicocálice: - Envoltório viscoso não obrigatório. - Situado externamente à parede celular. - Rico em polissacarídeos e glicoproteínas. - Quando está firmemente aderida à parede celular, o glicocálice é chamado de cápsula. Tem bactérias que são capsuladas e bactérias não capsuladas. Geralmente as capsuladas são mais virulentas, porque a própria presença da cápsula se configura como um fator de virulência. ● Função da cápsula: - Proteção contra desidratação. - Adesão às superfícies. Pode ter adesinas, glicoproteínas e lipoproteínas. A bactéria pode utilizar as adesinas para se ligar à célula-alvo. - Impede a fagocitose pelo hospedeiro. Tem células do sistema imune, principalmente o inato que são especializadas em fagocitar. A cápsula bacteriana muitas vezes impede que o fagócito faça a fagocitose, impedindo que o mesmo a “coma”. "Em certas espécies, as cápsulas são importantes para a contribuição da virulência bacteriana (medida do grau em que um patógeno causa doença). As cápsulas frequentemente protegem as bactérias patogênicas contra a fagocitose pelas células do hospedeiro.” (TORTORA; FUNKE, 2016) - Importante no biofilme. Biofilme é um estado de vida bacteriana onde ela vive em comunidade sempre presa a uma denominada substância ou superfície. A superfície pode ser orgânica (por exemplo a superfície de um dente, o tártaro dentário) ou inorgânica (por exemplo na superfície de uma rocha, vidro). É uma população bacteriana que vive em determinado local que possui receptores para as demais bactérias e a mesma está sempre ligada a uma superfície. Flagelos “Algumas células procarióticas possuem flagelos, que são longos apêndices filamentosos que realizam a propulsão da bactéria.” (TORTORA; FUNKE, 2016) As bactérias que são imóveis não possuem flagelos; porém não significa que uma bactéria imóvel seja menos patogênica que uma bactéria que possui flagelo. Porém a presença de flagelos pode se configurar como fator de virulência, porque facilita a invasão da bactéria já que a mesma se movimenta. ● Atríquio (imóvel) - sem flagelo. ● Monotríquio - 1 flagelo polar. ● Lofotríquio - 2 ou + flagelos polares. Giulia Magno Rocha ● Anfitríquio - 1 flagelo em cada extremo. ● Peritríquio - flagelos ao longo de toda a célula. A maioria das bactérias possuem flagelos do tipo peritríquio. A parede celular Camada de envoltório celular localizada entre a membrana citoplasmática e a cápsula, quando a bactéria possui cápsula. A parede celular é a estrutura mais importante da célula bacteriana, é nela que possui muitos fatores de virulência e a depender do tipo de bactéria irá conter endotoxinas, lipídios, que funcionam como fatores de virulência. “A parede celular da célula bacteriana é uma estrutura complexa e semirrígida responsável pela forma da célula. Quase todos os procariotos possuem uma parede celular que circunda a frágil membrana plasmática (citoplasmática) e a protege, bem como ao interior da célula, de alterações adversas no meio externo. A principal função da parede celular é prevenir a ruptura das células bacterianas quando a pressão da água dentro da célula é maior que fora dela. Ela também ajuda a manter a forma de uma bactéria e serve como ponto de ancoragem para os flagelos. À medida que o volume de uma célula bacteriana aumenta, sua membrana plasmática e parede celular se estendem, conforme necessário. Clinicamente, a parede celular é importante, pois contribui para a capacidade de algumas espécies causarem doenças e também por ser o local de ação de alguns antibióticos.” (TORTORA; FUNKE, 2016) Função: ● Prevenção da lise celular (pressão osmótica). Giulia Magno Rocha • o :*:-. - possuem o ← " som _ . ← é ←gajo . - se Mobile User Como a parede é rígida por causa de seu conteúdo de peptidoglicano, a mesma mantém a forma e impede que a bactéria quando tem entrada de fluido sofra lise. ● Mantém a forma característica de cada célula bacteriana. ● Servem de ponto de ancoragem para os flagelos. ● Rigidez: peptidoglicano. Somente as bactérias possuem essa estrutura. A quantidade dessa estrutura difere entre as bactérias gram-positivas (tem muitas camadas de peptidoglicano) e gram-negativas (fina camada de peptidoglicano), e isso influencia na coloração de gram. Composição química da parede celular ● Peptidoglicano (cadeias de dissacarídeos + peptídeos). É composto de dissacarídeos, que são os NAG (N-acetilglicosamina) e NAM (N-acetilmurâmico), esses dois formam uma espécie de cano e esse está ligado por pequenas pontes de peptídeos, formando uma “rede” entremeada, uma rede forte na parede celular bacteriana que impede de entrar algumas estruturas e que mantém a forma da parede. Essa rede de peptidoglicano é fina nas bactérias gram-negativas e mais densa nas bactérias gram-positivas. ● Polímeros de açúcares: NAG e NAM, ligados por peptídeos. “A parede celular bacteriana é compostade uma rede macromolecular, denominada peptideoglicano (também conhecida como mureína), que está presente isoladamente ou em combinação com outras substâncias. O peptideoglicano consiste em um dissacarídeo repetitivo ligado por polipeptídeos para formar uma rede que circunda e protege toda a célula. A porção dissacarídica é composta por monossacarídeos, denominados N-acetilglicosamina (NAG), e ácido N-acetilmurâmico (NAM) (de murus, significando parede), que estão relacionados à glicose.” (TORTORA; FUNKE, 2016) ● Rígida e resistente, mas bem permeável. ● Existe apenas em bactérias. Gram positivas e negativas ● Gram-positiva: estrutura espessa, rígida, formada por várias camadas de peptideoglicano (90%). Inserido no peptideoglicano tem os ácidos teicoicos e lipoteicoicos, que estão envolvidos como fator de virulência, induzem produção de citocinas, induzem processo inflamatório em um hospedeiro infectado por bactérias gram-positivas. As gram-positivas possuem pouco conteúdo de lipídios e glicolipídios. Giulia Magno Rocha - - µ %ff-m.de açudes ligados por vedei , o - bacteriano capsuladas - fac fui- não copsulads . ( 26 : - ° ) Mobile User Mobile User Mobile User ● Gram-negativa: formada por uma camada de peptideoglicano (10%) e uma membrana externa. Tem vários fosfolipídios, glicolipídios, e tem uma membrana externa além da citoplasmática. Possuem LPS (lipopolissacarídeo), que é uma substância que tem porção polissacarídica (açúcar) e porção lipídica que é chamada de lipídio A ou endotoxina. O LPS é exclusivo das gram-negativas; o LPS é importante para a bactéria como fator de virulência, porque induz processo inflamatório. “A membrana externa da célula gram-negativa consiste em lipopolissacarídeos (LPS), lipoproteínas e fosfolipídeos. A membrana externa tem várias funções especializadas. Sua forte carga negativa é um fator importante na evasão da fagocitose e nas ações do complemento (causa lise de células e promove a fagocitose), dois componentes das defesas do hospedeiro. A membrana externa também fornece uma barreira contra a ação de detergentes, metais pesados, sais biliares, determinados corantes, antibióticos (p. ex., penicilina) e enzimas digestórias como a lisozima.” (TORTORA; FUNKE, 2016) “O lipopolissacarídeo (LPS) da membrana externa é uma molécula grande e complexa que contém lipídeos e carboidratos e que consiste em três componentes: (1) lipídeo A, (2) um cerne polissacarídeo e (3) um polissacarídeo O. O lipídeo A é a porção lipídica do LPS e está embebido na parede superior da membrana externa. Quando bactérias gram-negativas morrem, elas liberam lipídeo A, que funciona como endotoxina. O lipídeo A é responsável pelos sintomas associados a infecções por bactérias gram-negativas, como febre, dilatação de vasos sanguíneos, choque e formação de coágulos sanguíneos. O cerne polissacarídico é ligado ao lipídeo A e contém açúcares incomuns. Seu papel é estrutural - fornecer estabilidade. O polissacarídeo O se estende para fora do cerne polissacarídico e é composto por moléculas de açúcar. O polissacarídeo O funciona como antígeno, sendo útil para diferenciar espécies de bactérias gram-negativas.” (TORTORA; FUNKE, 2016) Toxinas As bactérias gram-negativas são capazes de produzir endotoxinas; o termo endo quer dizer que faz parte da célula. Porém as gram-negativas tem tanto endotoxinas quanto exotoxinas. A bactéria gram-positiva possui apenas exotoxinas. Giulia Magno Rocha Gram - Negativo á÷¥ NAM }só . ociréoo NAO * LPS ↳ Lipídio ↳ cerne ↳ polio parede mais completa vários com% NAN e NAG -. LPS ↳ então - nos . Gram-Positiva gó que tem LPS São as bactérias - NA G - NAM }só para usá - + ae . tecoico e hipoteca.co . Coloração de Gram A coloração de gram foi padronizada por um médico dinamarquês Christian Gram em 1843, para mostrar a diferença na parede celular, visualizando a nível de microscopia para diferenciar as bactérias gram-positivas e gram-negativas. ● Primeiro utiliza o corante primário, que é o cristal violeta, as paredes celulares das bactérias gram-positivas e negativas absorvem esse corante, porque é um corante básico. ● O segundo corante é o lugol, é uma substância que tem iodo, ele se liga com o violeta que já está inserido dentro da bactéria, formando um cristal violeta-iodo. Esse cristal favorece que a macromolécula do corante fique mais firmemente aderida dentro da parede celular das bactérias, está dentro do citoplasma, ficando ainda violeta tanto as bactérias gram-positivas quanto negativas. ● Terceira etapa utiliza o álcool, vai dissolver, solubilizar a membrana externa da parede das bactérias gram-negativas, formando pequenos poros na camada de peptidoglicano. As bactérias gram-negativas ficarão transparentes, o que não acontece nas gram-positivas, porque o álcool não consegue penetrar. ● O último corante utilizado é a fucsina (coloração rosa), para contra corar quem descorou. Sendo chamada de contra corante ou corante secundário, corando assim as bactérias gram-negativas. O que acontece é que as gram-positivas estarão em roxo e as gram-negativas em rosa. Giulia Magno Rocha Giulia Magno Rocha Forma latente das bactérias Esporos (endósporos): células especializadas que podem sobreviver em condições desfavoráveis. ● Exclusivos de bactérias, principalmente gram-positivas. ● Em condições favoráveis ocorre germinação (volta à forma original). Outra forma importante das bactérias é a esporulada, quando as bactérias estão em ambiente pouco favoráveis, com poucos nutrientes, ambiente muito quente e seco. Algumas bactérias começam a formar endósporos, que é uma estrutura rígida para proteger dos efeitos adversos, as bactérias que são capazes de fazer isso são as bactérias gram-positivas, e elas podem ficar por muito tempo nesse tipo de estrutura; quando a mesma encontrar novamente seu hospedeiro, nutrientes, água ela volta a sua forma normal, que é a forma vegetativa e passa a expressar seus fatores de virulência e consegue causar a doença. Uma forma esporulada, por exemplo, bacteriana é muito resistente aos tipos de controle de microrganismo, somente, por exemplo, o processo de esterilização é capaz de destruir uma forma esporulada. Por exemplo: Clostridium tetani. “Quando os nutrientes essenciais se esgotam, determinadas bactérias gram-positivas, como aquelas dos gêneros Clostridium e Bacillus, formam células “dormentes” especializadas, chamadas de endósporos.” (TORTORA; FUNKE, 2016) Giulia Magno Rocha 48 :O µ esparrelados - Mobile User Mobile User Mobile User Epidemiologia das pneumonias ● Causa de morte de crianças com até 5 anos de idade. ● Mais de 2.000 morrem diariamente por pneumonia no mundo; ● As mais vulneráveis vivem em comunidades rurais e pobres; ● No Brasil, entre janeiro e agosto de 2018, 417.924 pacientes foram hospitalizados por causa da pneumonia, totalizando gastos totais de mais de R$ 378 milhões com serviços hospitalares. Etiologia das pneumonias Pneumonias bacterianas Giulia Magno Rocha Streptococcus Família: Streptococcaceae, dentro dela tem vários gêneros. Gênero Streptococcus ● Cocos gram-positivos. Estão na coloração “roxa”. ● Pares ou cadeias. ● Anaeróbio facultativo. Consegue crescer ou não na presença do oxigênio. ● Catalase negativo. Não tem a enzima catalase e isso é importante para o diagnóstico microbiológico, porque tem bactérias que são catalase positiva e outras negativas. Os Streptococcus são catalase negativos, por exemplo, a bactéria que faz normalmente o diagnóstico diferencial é o Staphylococcus e esse é catalase positivo. ● Alguns apresentam cápsula. Quando possuem quer dizer que a cápsula é um fator de virulência para essa bactéria, favorecendo a disseminação nos hospedeiros. ● Alguns possuem fímbrias. Para adesão da bactéria na célula do hospedeiro. Giulia Magno Rocha Consegue crescer na presença ou não de oxigênio, são catalases negativas, não possuem a enzima catalase, isso é importante para o diagnóstico microbiológico. Algumas possuem cápsulasvariando assim a sua virulência, favorecendo a sua disseminação no hospedeiro, algumas possuem fímbrias para adesão da bactéria no hospedeiro. ● Flora normal: - Trato respiratório superior. - Trato genital inferior. - Trato digestivo. Essas bactérias a depender da espécie podem causar infecções no trato respiratório e genitourinário. ● Infecções do trato respiratório. ● Infecções do trato genitourinário. Como classificar os Streptococcus? A nível microbiológico as bactérias crescem em meio sólido e um desses é o ágar-sangue. Os Streptococcus possuem grau de hemólise no meio ágar-sangue destruindo a hemólise totalmente, ou não vão destruir ou destruir parcialmente; se destruir parcialmente são chamados de alfa-hemolíticos, completamente são chamados de beta-hemolíticos e se não destruir são chamados de gama-hemolíticos. ➢ Classificação inicial, 1903. ● Baseada na capacidade do Streptococcus de lisar eritrócitos quando cultivado em meio sólido - diferenciação em ágar-sangue. ● Alfa-hemolíticos: destruição parcial das hemácias. - Zona de coloração verde ao redor das colônias. - Degradação da hemoglobina - biliverdina. “O patógeno mais importante desse grupo é o Streptococcus pneumoniae, a causa da pneumonia pneumocócica.” (TORTORA; FUNKE, 2016) ● Beta-hemolíticos: estreptolisinas destroem os eritrócitos (hemácias). - Zona de transparência ao redor das colônias. Giulia Magno Rocha - Maioria dos patogênicos. ● Gama-hemolíticos: não hemolíticos. Diferenciação em ágar-sangue Giulia Magno Rocha Na beta-hemólise as hemácias estão totalmente destruídas. Na gama-hemólise todas as hemácias estão íntegras. Classificação de Lancefield, 1933 ● Diferenciação dos Streptococcus de acordo com os antígenos encontrados em suas paredes celulares. ● “Substância específica do grupo”. ● Classificou os Streptococcus de acordo com os carboidratos C que estão presentes na parede celular das bactérias. ➢ Carboidratos C: polissacarídeos de composição variada. Tem composição variada a depender do Streptococcus, então se ele muda a composição e se tiver contato com o soro de um camundongo ou em um outro paciente o mesmo vai induzir a produção de anticorpos diferentes. Esses anticorpos são utilizados para identificar os grupos de carboidratos C. ➢ 21 grupos (A-W). Classificação conjunta Streptococcus pneumoniae: Pneumococos ● Gram-positiva. ● Anaeróbio facultativo. ● Causa de 60-70% das pneumonias bacterianas. ● α-hemolíticos. ● Mais de 90 sorotipos (1, 3, 4, 5, 6A, 6B, 7F, 9V, 14, 18C, 19A, 19F, 23F). As vacinas são compostas pelos principais sorotipos circulantes. ● Além das pneumonias podem causar: otite, sinusite e meningites. Giulia Magno Rocha Pacientes com doença pulmonar crônica (DPOC) possuem maior risco para a pneumonia pneumocócica. Transmissão ● As bactérias podem se disseminar de uma pessoa para outra em uma população fechada através de gotículas. ● A doença ocorre quando os mecanismos de defesa naturais são sobrepujados. Quando o sistema imune não está fortalecido. O Streptococcus pneumoniae e pneumonias bacterianas em geral acometem crianças muito jovens ou indivíduos muito velhos. ● Pode estar associada a uma infecção respiratória antecedente de etiologia viral (influenza) ou DPOC, alcoolismo, insuficiência cardíaca congestiva, diabetes mellitus, doença renal crônica. Fatores de virulência do S. pneumoniae “Os pares de células são circundados por uma cápsula densa, que torna o patógeno resistente à fagocitose. Essas cápsulas também são a base da diferenciação sorológica dos pneumococos em pelo menos 90 sorotipos. A maioria das infecções humanas é causada por apenas 23 variantes e estas são a base das vacinas atuais. Antes que a antibioticoterapia se tornasse disponível, antissoros dirigidos contra esses antígenos capsulares foram usados para o tratamento da doença.” (TORTORA; FUNKE, 2016) Giulia Magno Rocha “Virulência determinada pela capacidade de colonizar a orofaringe (adesinas proteicas de superfície), disseminar-se por tecidos normalmente estéreis (pneumolisina, protease IgA), estimular resposta inflamatória local (ácido teicoico, fragmentos do peptidoglicano, pneumolisina) e evadir da morte por fagócitos (cápsula polissacarídica).” (MURRAY; ROSENTHAL; PFALLER, 2017) Dentro das adesinas tem a LyTA que é uma autolisina, sendo uma enzima propriamente dita, tem uma porção de anidrase e quando está colonizando ligada na superfície da célula epitelial degrada a parede do pneumococo para liberar um outro fator importante de virulência, que é a pneumolisina. A pneumolisina é uma proteína que sai de dentro da bactéria, e essa se liga ao colesterol da membrana celular das células epiteliais e forma poros na membrana da célula, sendo tóxica para qualquer tipo de célula eucariótica e também diminui o movimento ciliar das células, porque as destrói, isso tudo favorece a disseminação do patógeno, o crescimento da bactéria no local. A partir do momento que uma bactéria mata uma célula formando poros, isso sinaliza ao organismo sinal de perigo, essas células epiteliais começam a produzir citocinas, que são moléculas químicas sinalizadoras do sistema imune, e isso “chama” os neutrófilos que são a primeira linha de defesa do organismo na resposta imune inata. Os neutrófilos começam a chegar para tentar conter a bactéria, porque a mesma está destruindo as células epiteliais, se nada chegar para tentar contê-la a mesma começa a se multiplicar. Também pode produzir algumas enzimas importantes como a hialuronidase, clivando o ácido hialurônico da membrana celular das células epiteliais, deixando a membrana das células mais “frouxa”; o ácido hialurônico é como se fosse um “cimento” entre as células, então isso também favorece a disseminação da bactéria. Tem outra enzima que é a neuraminidase que cliva o ácido siálico, que também está presente na membrana celular das células epiteliais diminuindo a viscosidade do muco, porque atua na estrutura da mucina; se diminui a viscosidade do muco o poder de varredura e de limpeza do muco fica comprometido, ficando a bactéria mais “grudada” em um local. Ainda tem uma enzima chamada de IgA protease que quer dizer que as pessoas vão produzir anticorpos e dentre eles um importante anticorpo presente em secreções, que é o IgA que vai neutralizar bactérias, mas se produzir uma enzima que é a IgA protease para clivar a IgA, a IgA não irá agir, porque foi destruída; a bactéria tem mecanismos de “atrapalhar” o sistema imunológico, porque se produz anticorpos para destruir a bactéria e a bactéria produz uma enzima para destruir a Giulia Magno Rocha imunoglobulina, e tudo isso favorece para a bactéria continuar no local induzindo o recrutamento de neutrófilos, aumentando o processo inflamatório e aumento do exsudato. Quando a bactéria morre e cliva (a lisina cliva) a parede celular libera a pneumolisina, a bactéria sofre a autólise, morrendo, mas libera os constituintes da sua parede e isso induz muito o recrutamento de neutrófilos e macrófagos. A presença de neutrófilos, macrófagos e produção de citocinas leva à formação da inflamação a nível do pulmão. Através da orofaringe, faringe crescendo a população de bactérias, essa bactéria pode atingir outros sítios e causar pneumonia ou atingir a circulação sanguínea causando uma bacteremia, meningite ou atingindo por exemplo, a tuba de eustáquio, causando otite; então graças aos fatores de virulência presentes na parede pode se evadir do sistema imune e atingir outros sítios, causando determinadas doenças. Por exemplo, a proteína A do pneumococo inibe o sistema complemento; o sistema complemento é uma cadeia de proteínas do sistema imune inato, onde essas proteínas depositam na superfície da bactéria ou de outro patógeno e formam o MAC (complexo de ataque à membrana) formando poros para a bactéria morrer. Então, se a bactéria tem esse fator de virulência que inibe o complemento não irá conseguir destruir a bactéria, a bactéria sempre terá mecanismos para continuar agindo para se multiplicar. Giulia Magno Rocha↳ degrada a parede do ↳ auto lisina pneumococos Para liberar pneu na lisina O ↳ Lisa célula do hospedei \ Início da colonização pelo S. pneumoniae Através de aerossóis, fômites o indivíduo pode iniciar o processo de colonização a nível de orofaringe. A bactéria primeiro se multiplica na orofaringe e induz o processo inflamatório, ela pode atingir outros sítios, causando pneumonia, meningite e otite. Giulia Magno Rocha Patogênese do S. pneumoniae *A nível de pulmão a pneumonia bacteriana é alveolar, infectando os alvéolos. Giulia Magno Rocha Fatores bacterianos X Hospedeiro A instalação da pneumonia vai depender de características do hospedeiro ou características bacterianas. Sintomas ● Febre persistente entre 38 a 41°C. A maioria dos pacientes apresenta tosse produtiva, e dor torácica (pleurisia). ● Crianças e idosos podem apresentar uma broncopneumonia generalizada. ● Os pacientes normalmente se recuperam rapidamente após o início da antibioticoterapia. Diagnóstico ● Amostras biológicas: pus, exsudatos teciduais, escarro, urina e sangue. Observação de cocos gram–positivos dispostos em pares ou cadeias. ● Cápsula espessa – principal fator de virulência. ● Diagnóstico rápido por testes de aglutinação. Giulia Magno Rocha ● Anticorpos monoclonais contra carboidratos C. Anticorpos monoclonais o corpo produz; se aglutinar e formar uma espécie de “areia” o resultado deu positivo. ● PCR. Tratamento O ideal é isolar a cepa para saber se a mesma é resistente ou não para determinada penicilina, porém a droga inicial de escolha seria a penicilina G. Vacina É composta por antígenos capsulares. Giulia Magno Rocha Giulia Magno Rocha Aula 3 - Microbiologia Giulia Magno Rocha Pneumonia Qual o agente etiológico? ↓ Pneumonia ↓ Bactérias atípicas ou vírus? Bactérias atípicas x Pneumonia Bactérias típicas são classificadas pelo método de coloração de Gram, já a atípica não tem a parede celular classificada por Gram. A bactéria atípica pode se multiplicar dentro da célula, cultivar essas no laboratório é mais dificultoso. Principais espécies: - Mycoplasma pneumoniae. Mais comum. É intracelular facultativo, podendo se multiplicar dentro ou fora da célula. - Chlamydia pneumoniae. Intracelular obrigatória. - Legionella pneumophila. - Chlamydia psittaci e outras. *Estão em ordem de prioridade. Principais vírus x Pneumonia Principais espécies: - Influenzavírus A. - Influenzavírus B. - Coronavírus → 1º lugar (Pandemia). - Vírus Sincicial Respiratório (VSR). Dificilmente causa pneumonia em adulto, mas é uma das principais causas de pneumonia viral em recém-nascidos. - Metapneumovírus, Parainfluenzavírus. - Adenovírus, Citomegalovírus. Pneumonia x Patógenos x Evolução Quadro típico Quadro atípico ● Etiologia: ● Etiologia: - Bactérias típicas. Se cora por Gram. - Bactérias atípicas ou vírus. A bactéria atípica pode se multiplicar dentro da célula, Giulia Magno Rocha Logo, serão gran negativas ou gran positivas muitas vezes se comporta semelhante a um vírus. - Extracelulares. Se multiplicam fora da célula. - Intracelulares obrigatórios ou facultativos. Quando o patógeno é intracelular, a resposta imune é principalmente linfocítica, tendo infiltrado inflamatório com mais linfócitos. ● Evolução clínica em geral: ● Evolução clínica em geral: - Tosse produtiva, expectoração amarelo ou amarelo esverdeado. Aqui a resposta imune é mais neutrofílica. - Tosse seca. Tem linfócito, fluido mais transparente. - Febre moderada a alta. - Febre baixa ou moderada. - Quadro mais insidioso. Rapidamente o paciente piora. - Quadro mais brando. - Infiltrado inflamatório predominante neutrofílico. - Infiltrado inflamatório predominante linfocítico. Principais sintomas da pneumonia por patógenos atípicos ● Início com evolução lenta, arrastada, dias, semanas, etc. ● Febre baixa. ● Tosse seca que tende a se intensificar. ● Coriza. Mais esbranquiçada/transparente. ● Dificuldade para respirar, dor no peito. ● Cansaço. ● Dor de garganta; mialgia (dor muscular) e artralgias (dor articular). Mycoplasma pneumoniae ● Família: Mycoplasmataceae. ● Gênero: Mycoplasma. ● Características gerais e morfologia: - Menores organismos capazes de autoduplicação. Mycoplasma não é vírus, porque dentro da célula ele se autoduplica e fora da célula ele se multiplica. O Mycoplasma tem adesão/afinidade pelas células do trato respiratório, porque na superfície tem a proteína adesina P1 que faz a ligação com a membrana plasmática da célula do trato respiratório pelo ácido siálico (receptor de ligação da adesina P1). - Intracelular facultativo. - Bactérias atípicas. ➢ Não possuem parede celular. ➢ Possuem membrana celular com esterol e adesinas P1 (superantígenos). ➢ Única bactéria que possui colesterol na membrana que envolve o conteúdo genético, o conteúdo celular. ➢ Pleomórficos: arredondada e filamentosa. Muda de forma. Giulia Magno Rocha Obs “A ausência da parede celular torna os micoplasmas resistentes a penicilinas, cefalosporinas, vancomicina e outros antibióticos que interferem na síntese da parede celular.” (MURRAY; ROSENTHAL; PFALLER, 2017) ➢ Aeróbios estritos (M. pneumoniae). O que favorece a chegada nos pulmões, porque tem um ambiente rico em O2 e o Mycoplasma pneumoniae gosta de O2. A maioria das pessoas vão ter quadros brandos ou até mesmo assintomáticos, porém algumas podem ter um quadro que comprometa o trato respiratório inferior, podendo inclusive ter pneumonia atípica. ● Síndromes clínicas: - IVAS (infecções das vias aéreas superiores). - Traqueobronquite. - Pneumonia atípica primária. - Complicações raras: ➢ Pericardite, miocardite, aterosclerose. ➢ Hepatite, eritema multifocal, encefalite, meningoencefalite, etc. Localizadas nas vias aéreas superiores, podendo causar faringite, dor de garganta e traqueobronquite. Porém também pode causar infecções no trato inferior, como a pneumonia atípica primária e até mesmo complicações do quadro como pericardite e meningoencefalite. ● Vias de transmissão: - Interpessoal por secreção respiratória. ● Epidemiologia: Giulia Magno Rocha - Distribuição mundial, são ubíquas (comum no meio, tendo em todos os países). - Maior incidência no final da primavera e inverno. - Alta incidência em crianças e jovens (6 a 20 anos). ➢ Idade pré-escolar. As pessoas podem se reinfectar, porque a imunidade não é duradoura. Evolução clínica ● Período de incubação: 2 a 4 semanas. ● Sintomas mais comuns: - Faringite, dor de garganta, mal-estar, mialgia, adinamia, febre baixa. - Tosse seca: ➢ Sintomas mais frequentes e incomodativos. ➢ Seca no início, podendo adquirir aspecto coqueluchoide. ● Evolução comum: - Regressão em 2 a 3 semanas. - Persistência da tosse por semanas ou meses. ● Gravidade: dispneia e pneumonia atípica. Tem maior gravidade no trato inferior respiratório. Patogênese e Virulência Patogênese é quando começa a doença de fato e como ela se desenvolve. Primeiramente a bactéria vai colonizar as vias aéreas superiores, aumentar em número para vencer a barreira do sistema imune inato para chegar ao pulmão. ● Colonização do TRS x Invasão para TRI. ● M. pneumoniae x Intracelular facultativo. ● Tropismo por células do trato respiratório: - Adesão à superfície celular x Clearance mucociliar. A ligação da bactéria com a superfície celular e também no ambiente intracelular reduz o clearance mucociliar, comprometendo os cílios. A adesina P1 paralisa os cílios, destruindo parte dos cílios e comprometendo o movimento de limpeza das vias aéreas, que é movimento mucociliar. ● Adesinas P1: - Ligação ao ácido siálico. - Esfoliação e destruição das células ciliadas do trato respiratório (TR). - Resposta inflamatória (superantígeno). Vai estimular uma resposta inflamatória e essa é benéfica para combater uma infecção, porém quando é exagerada faz lesão no tecido pulmonar, lesão das células, gerando a lesão tecidual. Em pacientes com infecção pulmonar por Mycoplasma tem uma lesão direta do pulmão pela própria bactéria se multiplicandodentro das células e uma lesão indireta decorrente da resposta inflamatória, da resposta imune celular. - Adesinas P1 são um dos principais fatores de virulência do Mycoplasma, porque a mesma tem afinidade com o ácido siálico, faz a espoliação das células ciliadas e compromete o movimento mucociliar, levando a uma ciliostase e isso favorece a passagem da bactéria do trato superior para os pulmões. ● Excreção de peróxido de hidrogênio e amônio. O que permite a sobrevivência; o amônio vai alcalinizar um conteúdo intracelular. Giulia Magno Rocha Quando uma célula é fagocitada e está dentro do macrófago esse vai fazer a formação do fagolisossomo e produz um conteúdo acidificado para matar a bactéria; o Mycoplasma produz amônia para alcalinizar e não deixar acidificar e a mesma continua viva, inclusive dentro dos macrófagos. Produz várias enzimas como proteases, fosfolipases que são enzimas que vão degradar proteínas, lipídios que estão na membrana plasmática das células, lesando essas células, também faz a ciliostase. ● Produção de proteases, fosfolipases. ● Ciliostase. ● Resposta imune celular x Citocinas IL-2, FNT, IL-6. A resposta imune celular para debelar a infecção, a resposta inflamatória também faz lesão tecidual; na resposta imune celular as principais citocinas que são estimuladas e produzidas são IL-2, IL-6, FNT (fator de necrose tumoral) e IFN-γ são citocinas importantes no processo de resposta imune contra Mycoplasma. ↓ Lesão pulmonar direita e indireta. “M. pneumoniae é um patógeno extracelular que adere ao epitélio respiratório por uma estrutura especializada de adesão que se forma em uma extremidade da célula. A estrutura consiste em um complexo de proteínas de adesão, sendo adesina P1 a mais importante. As estruturas de adesão interagem especificamente com receptores glicoproteicos sializados que existem na base dos cílios das células epiteliais (e na superfície de eritrócitos). Depois ocorre a ciliostase seguida por destruição, primeiramente dos cílios e, em seguida, das células epiteliais ciliadas. A perda dessas células interfere na limpeza normal das vias aéreas superiores e permite contaminação microbiana e irritação mecânica do trato respiratório inferior. O processo é responsável pela tosse persistente presente em pacientes com a doença sintomática. M. pneumoniae atua como um superantígeno, estimulando células inflamatórias a migrar para o local de infecção e liberar citocinas, inicialmente fator de necrose tumoral-α (TNF-α) e interleucina-1 (IL-1), e, mais tarde, IL-6. Esse processo contribui tanto para a eliminação das bactérias como para as características da doença. Várias espécies de Mycoplasma são capazes de mudar rapidamente a expressão das lipoproteínas de superfície, o que se acredita ser importante para evadir a resposta imune do hospedeiro e estabelecer infecções crônicas persistentes.” (MURRAY; ROSENTHAL; PFALLER, 2017) Diagnóstico: M. pneumoniae ● PCR: aspirado brônquico ou escarro. “Testes de amplificação baseados em PCR com excelente sensibilidade; especificidade não bem definida; expectativa de ser o teste diagnóstico de escolha quando os ensaios forem mais amplamente disponíveis.” (MURRAY, 7 ed.) “Os testes têm excelente sensibilidade, mas a especificidade não está bem definida; ou seja, os testes podem exibir reação cruzada com espécies avirulentas que colonizam seres humanos. Além disso, ensaios comerciais de PCR não estão disponíveis no momento, de modo que o teste está basicamente restrito à pesquisa e aos laboratórios de referência.” (MURRAY; ROSENTHAL; PFALLER, 2017) ● Sorologia: - IgM negativo ou positivo x tempo da coleta (elevação 7 dias após os sintomas). - IgG > 40U/ml ou pareado, elevação de títulos de Ac 4x da fase aguda para a convalescência. Como se reinfecta por essa bactéria pode ter títulos de IgG e não estar doente, tendo que ser titulado estando acima de 40 unidades ou fazer comparação do IgG da fase aguda para a fase de recuperação (convalescência). Deve-se encontrar aumento do título de IgG em cerca de 4x para mapear como doença. ● Não se cora pelo Gram. ● Cultura bacteriana com antibiograma (fastidiosa): Giulia Magno Rocha - Hemocultura. - Lavado bronco-alveolar (23% positividade), aspirado endotraqueal, escarro. Teste lento e insensível; não disponível na maioria dos laboratórios. ● Não utilizado na rotina: - Difícil cultivo - exigente, incubação de 4 dias a semanas. - Baixa sensibilidade e alta especificidade. Não é tão fácil o diagnóstico, porque essa bactéria é de crescimento lento, de difícil cultivo, podendo então ter falso negativo por ter baixa sensibilidade e alta especificidade. Essa bactéria cresce no meio convencional, mas cresce lentamente, sendo fastidiosa nutricionalmente. Chlamydophila pneumoniae ● Taxonomia: - Família: Chlamydiaceae. - Gênero: Chlamydia. - Espécie: Clamydia-Chlamydophila pneumoniae. Nos livros mais antigos está Chlamydia pneumoniae e nos mais novos está Chlamydophila pneumoniae. ● Características morfotintoriais e estruturais: - Envoltório “semelhante a parede celular de gram-negativo” não possui camada de peptidoglicano. Semelhante porque tem lipopolissacarídeo (LPS), mas não tem nenhum peptidoglicano na parede, não tem rigidez de parede, tem parede mais delgada e com LPS. - Parasitas intracelulares obrigatórios, crescimento lento. Faz as Chlamydias serem mais próximas dos vírus do que o Mycoplasma. A Chlamydia só se multiplica dentro de célula. O que a diferencia de um vírus é que ela produz suas proteínas, têm ribossomos, tendo então seu metabolismo próprio e o vírus não (utiliza o ribossomo da célula para produzir sua própria proteína). - Ciclo de vida bifásico, com duas formas: ➢ Corpo elementar: forma extracelular, infecciosa, que é fagocitada. ➢ Corpo reticular: forma intracelular, metabolicamente ativa. Produzem e secretam enzimas e toxinas. Ciclo infeccioso da Clamídia O corpo elementar é a Chlamydia na forma extracelular, sendo essa a forma infectante que vai se ligar a uma célula humana; quando se liga a célula faz endocitose e após ser endocitada a mesma muda de forma, saindo da forma elementar (que é extracelular) para uma forma reticular (está em vermelho, e essa forma é intracelular). A forma intracelular é não infectante (forma metabolicamente ativa, se multiplica), essa inibe a apoptose da célula e continua se proliferando, quando chega no limite a mesma começa a se transformar, tendo conversão da forma reticular (em vermelho) em forma elementar (azul) para matar a célula; a Chlamydia sai da célula por lise celular, rompe a célula para ser liberada na forma elementar e infectar novas células. Giulia Magno Rocha Epidemiologia ● 5 a 15% das pneumonias atípicas são por C. pneumoniae. ● Bactéria ubíqua. ● Transmissão: interpessoal, contato com secreções respiratórias. ● A infecção primária ocorre mais frequentemente em crianças dos 5 aos 15 anos de idade, com maior incidência entre 5 e 9 anos. Porém qualquer adulto e até mesmo idosos podem ter, porque a imunidade é transitória e a reinfecção acontece ao longo da vida. ● As reinfecções são frequentes: - Imunidade transitória. - Estima-se que 50% dos adultos tenham anticorpos. - Raramente ocorre gravidade. Patogênese ● Pneumonia atípica e infecção no TRS (trato respiratório superior). ● Sorotipo único: TWAR. ● Imunidade transitória. ● Parasita intracelular obrigatório x células epiteliais x macrófagos. Parasita intracelular obrigatório, infecta células epiteliais e macrófagos. Pode infectar células ciliadas, células do trato superior, os pulmões, macrófagos alveolares, os macrófagos de uma forma geral. ● Ativa a excreção de TNF-alfa, IL-8, IFN-gama e do factor–B (NFk-B) → Inflamação. Existe a ativação da resposta imune celular, principalmente linfocítica para tentar combater as células infectadas; se multiplica dentro das células e isso é um mecanismo de escapar da resposta imune do hospedeiro. Tem que ativar uma resposta celular linfocítica para detectar a célula infectada e a matar. ● Lesão tecidual.Giulia Magno Rocha Existe também a resposta inflamatória, mas quando a resposta imune celular e inflamatória acontecem, também tem lesão tecidual decorrente dessa resposta inflamatória e da resposta celular, tendo a lesão do tecido provocada diretamente pela Chlamydia que faz citólise da célula-alvo e também da resposta inflamatória e celular. ● Regulação da apoptose celular (em estudo). A Chlamydia interfere na apoptose da célula; quando a célula está normal, infectada por um vírus ou bactéria intracelular ou até mesmo sofreu mutação cancerígena o mecanismo que a célula tem para evitar a propagação do dano é a apoptose (a morte celular programada). Uma célula se programa para morrer quando há algo de errado com a mesma, a Chlamydia interfere na apoptose, evitando que a apoptose ocorra até que a replicação dela seja concluída, tendo ativação de enzimas anti-apoptóticas, induzindo a célula a um estado anti-apoptótico. Ciclo de Divisão da Chlamydia Tem o corpúsculo elementar (bolinha verde pequena), a célula endocitou a Chlamydia, dentro da vesícula tem o corpo elementar se transformando no corpo reticular (bolinha verde maior). A reticular começa a se multiplicar dentro do endossoma e inibe a apoptose e quando a mesma está em grande quantidade começa a mudar de forma, para a forma elementar (infectante), matando a célula por lise celular e libera Chlamydia para infectar novas células e propagar o ciclo de replicação e disseminação. Principais fatores de virulência ● Divisão bacteriana intracelular. ● Duas formas: - Corpo elementar: extracelular. - Corpo reticular: intracelular. Expressão de diferentes tipos de proteínas em sua superfície. ● Capacidade de impedir a digestão intracelular em macrófagos. Sobrevive dentro de uma célula fagocítica. Giulia Magno Rocha ● Capacidade de controle da apoptose celular. Controla a apoptose e mata o macrófago. ● Capacidade de indução da resposta inflamatória. Diagnóstico ● Sorologia - pesquisa de anticorpos: - Elisa ou IFI. - Titulação: ➢ Soro na fase aguda e na convalescência (título 4x maior). ➢ IgM ≥ 16. ➢ IgG ≥ 18. ● PCR: - Detecção do DNA da bactéria na secreção respiratória. Porém tem pessoas com PCR positivo que não têm a doença. - Não distingue entre bactérias viáveis ou não. ● Cultura: - Pouco usada, cultura de células Hep-2. - Bactérias altamente fastidiosas. Tratamento da Pneumonia por bactérias atípicas ● Resistentes: - Penicilinas. - Cefalosporinas. - Bacitracina. - Vancomicina. ↓ Observação: resistentes a penicilinas e antibióticos que interferem na síntese da parede celular. ● Susceptíveis a macrolídeos: - Eritromicinas. - Azitromicinas, etc. ↓ Observação: atuam inibindo a síntese proteica bacteriana. Influenza vírus ● Família: Orthomyxoviridae. Tem o apelido de vírus da gripe. É a virose respiratória mais frequente em pneumonia viral, além do Coronavírus atualmente. Principais Gêneros e Espécies ● Influenzavirus A: Giulia Magno Rocha - Influenza A virus (A/duck/NZL/160/1976(H1N3)). - Influenza A virus (A/Boston/34/2008(H1N1)). - Influenza A virus (A/Boston/35/2009(H1N1)). ● Influenzavirus B: - Influenza B virus (B/Brazil/658/2004). - Influenza B virus (B/Brazil/69/97). - Influenza B virus (B/Brazil/952/2001). *O Influenzavirus A e B estão presentes na vacina da gripe. ● Influenzavirus C: Causa infecção branda, assintomática na grande maioria das pessoas. - Influenza C vírus (C/England/83). Estrutura São vírus RNA segmentados, são 8 pedaços (segmentos) de RNA para o A e B, para o C são 7. A resposta está dividida, cada pedaço sintetiza uma proteína do vírus, enzima, precisando dos 8 pedaços de RNA por eles serem complementares. Este genoma é problemático, porque está associado às mutações pandêmicas por Influenzavirus A. É um vírus envelopado, em laranja na imagem tem a bicamada lipídica e nessa que o envelope tem a proteína HA (hemaglutinina) e tem também a NA (neuraminidase). Tem a proteína M2 que forma um canal transmembrana que passa pelo envelope, a proteína M1 é a proteína da matriz, tem também um complexo de enzimas (PB1, PB2, PA) que fazem transcrição do material genético e a proteína NP que é a nucleoproteína que reveste o RNA viral. Tem proteínas com função enzimática, transportadora que são as NS1 e NS2. Propriedades antigênicas ● Tipo A: zoonose. Giulia Magno Rocha Mais preocupante, porque é uma zoonose. O tipo B só circula em humanos, mas o tipo A circula em humanos e em vários animais. Eventualmente na natureza pode haver uma mutação, salto interespécie, cepa pandêmica e gerar uma nova pandemia. “Os vírus do tipo A infectam seres humanos, suínos, equinos e aves, e são considerados a maior causa de infecções pandêmicas e epidêmicas por influenza.” (ROBBINS) ● Hemaglutinina: - H ou HA = 16 subtipos. ● Neuraminidase: - N ou NA = 9 subtipos. ● Proteínas M1, M2 e NP - Tipo-específicas. ● Tipos de mutações: - Drift (desvio antigênico – mutação pontual → surtos). “As epidemias por influenza ocorrem mediante mutações nos antígenos hemaglutinina e neuraminidase, que permitem que os vírus escapem da maioria dos anticorpos do hospedeiro (drift antigênico).” (ROBBINS) - Shift (variações antigênicas - rearranjo → pandemias). “As pandemias, que apresentam maior duração e extensão em relação às epidemias, podem ocorrer quando a hemaglutinina e a neuraminidase são substituídas através da recombinação de segmentos do RNA com vírus de animais, tornando todos os animais suscetíveis ao novo vírus da influenza (shift antigênico).” (ROBBINS) Drift ou Mutação Pontual Um drift é uma mutação pontual, então se tem uma sequência nucleotídica que corresponde a um aminoácido e na hora que faz a cópia do RNA viral a enzima do mesmo erra. Essas mutações acontecem porque o vírus tem uma taxa de erro alta, quando está copiando o RNA dele dentro da célula o mesmo erra, se essa mutação trouxer alguma vantagem evolutiva a mesma pode ser propagada, gerando surtos de gripe. Giulia Magno Rocha Recombinação - Shift O shift é uma mutação mais agressiva e brusca, só acontece na Influenzavirus A, porque a B é só de humano e a célula humana não permite a infecção por cepas de aves e porcos. As aves e os porcos, principalmente os porcos apresentam células permissivas, isso quer dizer que uma célula do porco, por exemplo, pode receber um vírus de ave e humano e então o shift ocorre que é uma mistura de uma das sequências, tendo dois vírus diferentes que entraram em uma célula de porco e cada vírus desse tem 8 pedaços de RNA diferentes, tendo 28 possibilidades de montar um vírus errado, tendo 256 chances de criar novos vírus. Uma das chances pode gerar vírus que infecta humanos e um vírus que faça um salto interespécie que gere a pandemia. Para ocorrer um shift tem que ter uma infecção da célula com 2 vírus que são diferentes para fazer a recombinação. Adesão e penetração O vírus na membrana plasmática da célula se liga para poder fazer a adesão. O vírus se liga pela hemaglutinina, que se liga ao ácido siálico que está presente na membrana plasmática da célula, e a célula faz endocitose. Giulia Magno Rocha O vírus entra no endossoma e agora tem a ação da M2 para fazer o desnudamento, perdendo o envelope e irá sair da vesícula, libera o material genético (RNA) e esse RNA vai para o núcleo da célula para fazer a transcrição e gerar RNA mensageiro e fazer a duplicação do material genético. O RNA mensageiro vai para o citoplasma, para os ribossomos que são as organelas das células que vão fazer a tradução, a síntese proteica e produzir a proteína do vírus e quem produz é o ribossomo da célula, gerando as proteínas do vírus que vão se aculumando, posteriomente será distribuído. Por exemplo, a neuraminidase e a hemaglutinina vão ser glicosiladas e transportadas para o complexo de Golgi para a membrana plasmática da célula. A proteína do capsídeo volta para o núcleo. O vírus vai sair por brotamento; ele adquire o envelope brotando da membrana plasmática da célula, saindo com o envelope completo. Quando ele brota para se desligarda célula o mesmo precisa da proteína NA e para entrar precisa da HA. O Tamiflu inibe a NA (neuraminidase), bloqueando o ciclo e o vírus fica preso na membrana plasmática da célula, não conseguindo brotar; sendo muito específico por ser um antiviral. Liberação Giulia Magno Rocha O Influenzavirus tem pleomorfismo, muda de forma e não tem uma forma definida. Epidemiologia ● Vírus influenza = Vírus da gripe. ● Responsável por surtos, epidemias e pandemias. ● Distribuição mundial. ● Todas as faixas etárias. ● Vigilância anual: - Humanos e animais. ● Ocorrência anual de epidemias – Início abrupto e rápida disseminação. ● Pandemias: 10-30 anos. ● Vigilância epidemiológica: OMS. ● Pandemias: - 1918: gripe Espanhola (H1N1) - 50 milhões de mortes Brasil: 35.000 mortes. - 1957: gripe Asiática (H2N2) - 1 milhão de mortes. - 1968: gripe de Hong Kong (H3N2) - 750 mil mortes. - 2009-2012: gripe A “suína” (H1N1) - 19 mil mortes. - Próxima gripe (20??): 7,4 – 360 milhões de mortes. Sintomatologia ● Tipos A e B: - Gripe: tosse, coriza, dor de garganta, febre. - Evolução: 3 a 10 dias. ● Tipo C: - Infecção subclínica. - Raramente: infecção clínica moderada no TRS. ● Ocorrência: sazonal. ● Complicações (Tipos A e B): - Pneumonia atípica. - Síndrome da angústia respiratória aguda grave. - Miosite. - Síndromes neurológicas. Transmissão ● Inter-humana: - Via respiratória. - Secreções. - Fômites. ● Inter-espécies: - Fecal-oral. - Secreções / objetos contaminados. Giulia Magno Rocha “São transmitidos pessoa a pessoa por meio de aerossóis provenientes do sistema respiratório ou pelo contato com fômites e superfícies contaminadas. Os vírus penetram no sistema respiratório superior (SRS) através da nasofaringe, sofrendo replicação nas células do epitélio ciliado, que são destruídas com consequente necrose celular e descamação. No mecanismo de infecção, a camada de mucina, os movimentos ciliares e os inibidores de protease podem prevenir tanto o processo de entrada do vírus na célula como o processo de desnudamento. A infecção de macrófagos alveolares e células dendríticas pode desempenhar papel na resposta imunológica à infecção viral.” (SANTOS; ROMANO; WIGG, 2015) Patogenia e imunidade ● Altamente contagioso. ● Período de incubação: 2-3 dias até 7 dias. ● Infecção nas vias aéreas superiores. O vírus se multiplica no trato superior e normalmente consegue combatê-lo com a resposta imune, e quando não consegue o vírus vai para o trato inferior causando pneumonia. ● Infecção nas vias aéreas inferiores. ● Infecções secundárias. Uma infecção viral por Influenza tem muita associação com infecção secundária bacteriana. É observado mais em idosos, porque tem uma resposta imune não tão boa. A bactéria se aproveita da virose e se desloca para os pulmões. ● Resposta imune: celular e humoral. ● Excreção viral. ● Recuperação: 3 - 5 dias até 1 mês. Diagnóstico ● Diagnóstico Clínico. ● Amostras Clínicas: - Secreção da nasofaringe, orofaringe. ● Diagnóstico Laboratorial: - Detecção molecular. Principal método de diagnóstico. - Cultura Viral. - Pesquisa de anticorpos. Tratamento – Influenza A e B ● Sintomático. ● Repouso e hidratação oral. ● Ventilação mecânica. ● Infecções secundárias. ● Antivirais: - Infecção por Influenza A – inibem M2. ➢ Amantadina. ➢ Rimantadina. Amantadina e Rimantadina não são recomendadas nas atuais epidemias. Giulia Magno Rocha - Infecção por Influenza A e B – inibem NA ➢ Oseltamivir/ Tamiflu (inibe a neuraminidase). ➢ Zanamavir. Prevenção e controle ● Imunização. ● Vacinas com vírus inativados (tipos A e B): - Trivalente e Tetravalente. ● Antissepsia das mãos. ● Desinfecção de objetos e materiais. ● Vigilância epidemiológica. ● Sacrificar os animais infectados. Giulia Magno Rocha Aula 4 - Microbiologia Giulia Magno Rocha Mycobacterium tuberculosis Epidemiologia da tuberculose ● Estima-se que no mundo cerca de dez milhões de pessoas desenvolveram TB e 1,2 milhão morreram devido à doença. ● Em 2020, o Brasil registrou 66.819 casos novos de TB, com um coeficiente de incidência de 31,6 casos por 100 mil habitantes. ● Em 2019, no Brasil foram notificados cerca de 4,5 mil óbitos pela doença, com um coeficiente de mortalidade de 2,2 óbitos por 100 mil habitantes. Boletim epidemiológico, 2021/MS. Mortalidade por tuberculose no Brasil Existe uma vacina para a tuberculose, mas em indivíduos adultos ela não protege. Mycobaterium spp. ● Família Mycobacteriaceae: - Gênero com mais de 50 espécies. A maior parte das espécies não causam doenças em seres humanos e animais. - Bacilos curtos (0,5 - 0,7 µm de comprimento/ 0,3 µm de largura). Giulia Magno Rocha * acomete 113 da população * Existe um programa de controle nacional contra tuberculose Mobile User - Aeróbicos estritos. Precisam viver na presença de oxigênio, por isso a preferência deles pelos pulmões. - Imóveis. - Não produzem toxinas. - Não tem cápsula. - Não tem aporte de enzimas. Micobactérias ● Representantes: - Micobactérias de crescimento lento: ➢ Mycobacterium tuberculosis. ➢ Mycobacterium leprae. - De crescimento rápido: ➢ Mycobacterium fortuitum. ➢ Mycobacterium abscessus. Principais grupos patogênicos ● Mycobacterium leprae (registros desde 1350 a.C.). - “Doença mais antiga do mundo” (Hanseníase). ● Complexo Mycobacterium tuberculosis - Robert Koch, 1882. Dentro desse complexo não existe somente o M. tuberculosis como agente causador da tuberculose, existindo outras micobactérias que podem causar a tuberculose humana. ● Complexo MAIS (Mycobacterium avium, M. intracellulare, M. scrofulaceum). São patógenos que estão relacionados a infectar pessoas imunodeprimidas, levando até mesmo a formação de abcessos. - HIV e imunocomprometidos. Mycobacterium tuberculosis “É um patógeno intracelular de macrófagos, que estabelece sua infecção preferencialmente no sistema pulmonar; tem a ação regulada pelo sistema imune do hospedeiro e, na maioria das vezes, é condicionado a um estado de dormência.” (TRABULSI; ALBERTHUM, 2015) ● Bacilo de Koch. Agente causador da tuberculose. Giulia Magno Rocha Envolve todas as baleias que podem causar a tuberculose → não causam MA causa outros Tuberculose , doenças ou iiEE-o.iovs Mobile User Mobile User ● Crescimento lento: - Tempo de geração de 24h. O tempo para se multiplicar e formar duas outras células-filhas. O Mycobacterium tuberculosis apresenta tempo de crescimento lento, é muito exigente nutricionalmente, porque precisa de um meio muito suplementado com vários aminoácidos e nutrientes para que a bactéria possa crescer. - Cultura de confirmação em torno de 6-8 semanas. - Meio com elementos complexos. ● Aeróbio obrigatório. - Lobo superior do pulmão. ➔ Parasita intracelular de macrófagos. Para iniciar o processo de patogênese, precisa infectar macrófagos e também ser viável dentro destes e levar a destruição dos mesmos. Principais espécies causadoras de tuberculose Complexo Mycobacterium tuberculosis: ● M.tuberculosis. ● M.bovis. É típica de causar tuberculose em animais principalmente bovinos, caprinos, suínos e ovinos, causam tuberculose com formação de granulomas e a transmissão dos animais para o ser humano se dá principalmente pela ingestão de alimentos contaminados ou ter contato direto com esses animais no tratar dos mesmos. A pessoa que desenvolve TB pelo M. bovis irá desenvolver uma tuberculose zoonótica. ● M.africanum (1/3 casos TB oeste da África). ● M. canetti. ● M. microti. (BIER, 1978; CORNER, 1994; BROSCH et al., 2002; ZINK; NERLICH, 2004). Características importantes ● Mycobacterium tuberculosis - possuem parede celular com muitas camadas de peptidoglicano e não apresentam membrana externa. ● Os corantes do método de Gram não são capazes de ultrapassar a barreira lipídica do Mycobacterium. Alguns autores relatam que as micobactérias seriam fracamente gram-positivas, porque tem maior conteúdo de peptidoglicano, porém quando vão para a coloração de gram as mesmas não coram, então não são nem gram-negativas e nem gram-positivas.Giulia Magno Rocha mediadaeéud " pernil de NV " TU íÜ" ↳ resistente a ação detergente Mobile User Não são nem gram-positivas nem negativas porque possuem alto conteúdo de lipídios nas paredes como glicolipídios, fosfolipídios e essa camada de gordura impede a entrada de corantes de Gram. ● Bactérias gram-negativas apresentam cerca de 5-20% de lipídios em suas paredes. ● Micobactérias apresentam até 60% de lipídios em suas paredes, principalmente na forma de ácidos micólicos. Tem uma coloração específica para as micobactérias, que é a coloração de Ziehl-Neelsen, onde se faz a contagem desses bacilos (baciloscopia). O resultado desses bacilos na coloração de Ziehl-Neelsen se corarem com o corante primário que é o carbolfucsina, vai chamar esses de (bacilos álcool ácidos resistentes). “As micobactérias têm uma complexa parede celular rica em lipídios. Essa parede celular é responsável por muitas das propriedades características da bactéria (p. ex., acidorresistência; crescimento lento; resistência a detergentes, a antibióticos antibacterianos comuns e à resposta imune do hospedeiro; antigenicidade). A estrutura básica da parede celular é típica das bactérias Gram-positivas: uma membrana plasmática interna recoberta por uma camada espessa de peptidoglicano e ausência de membrana externa. No entanto, a estrutura da parede celular nas micobactérias é muito mais complexa do que em outras bactérias Gram-positivas. Ancorados à parede celular estão proteínas, manosídios de fosfatidilinositol e lipoarabinomanana (LAM). O LAM é funcionalmente relacionado aos lipopolissacarídeos antigênicos O, presentes em outras bactérias. Também encontram-se presentes lipídios, glicolipídios e peptidoglicolipidios. Os componentes lipídicos compreendem 60% do peso da parede celular. Proteínas de transporte e porinas estão intercaladas por todas as camadas da parede celular e constituem 15% do peso da parede. As proteínas são antígenos biologicamente importantes que estimulam a resposta imune celular do paciente à infecção. Preparações extraídas e parcialmente purificadas desses derivados proteicos (derivados de proteína purificada ou PPD) são utilizadas como reagentes de testes de pele para medir a exposição a M. tuberculosis. Preparações semelhantes de outras micobactérias são usadas como reagentes de testes de pele espécie-específicos.” (MURRAY; ROSENTHAL; PFALLER, 2017) Estrutura da parede celular ● Glicolipídios, ácido micólico, arabinogalactano. ● Lipoarabinomananos (LAM). ● Peptidoglicano → N-glicolilmurâmico. Parede celular do M.tuberculosis. Giulia Magno Rocha os boetéis permaneçam dentro dos macrófagos . Possui em sua estrutura uma ProteínaG- que ao ser pago cit -1- , impede que OMO Seja envolvido pelo lisossomo intracelular . Mobile User Na coloração de Ziehl-Neelsen para que o corante primário (carbolfucsina) penetre, precisa aquecer o corante e só assim consegue penetrar na densa camada de gordura para então corar as micobactérias. Uma vez que o corante primário penetra nessa camada quando for usar o diferenciador, que nesse caso tem ácido e é o ácido clorídrico 3% ainda sim não irá conseguir descorar, por isso são chamados de BAAR. Alguns fatores de virulência Os lipídios, fosfolipídios funcionam como fatores de virulência da bactéria e favorecem que a bactéria permaneça viável dentro dos macrófagos e que se multiplique dentro dos macrófagos, têm uma enzima também que a bactéria possui e favorece que a mesma permaneça, então os fatores de virulência da bactéria são principalmente para favorecer a permanência da mesma dentro do macrófago e poder causar necrose dentro do mesmo. O fato de estar dentro do macrófago vai induzir uma resposta do hospedeiro ao início da formação do granuloma. ● Ácidos micólicos. Protegem a bactéria de enzimas hidrolíticas do fagossomo. ● Lipoarabinomananos (LAM) → (glicolipídeo complexo) + proteínas. Os ácidos micólicos e o LAM favorecem a permanência da bactéria dentro dos macrófagos. Estrutura dos glicoconjugados de micobactérias. Giulia Magno Rocha Inibição da formação do fagolisossomo O Mycobacterium tuberculosis vai permanecer dentro dos macrófagos, impedindo a formação do fagolisossomo. O macrófago é uma célula fagocítica, vai ter a endocitose, que é a entrada do corpo estranho que no caso é a bactéria onde o macrófago vai fagocitar e ele quer destruir. Na destruição o fagossomo com a vesícula que formou e que possui estágios de amadurecimento, e vai chegar o momento que ela vai fusionar com o lisossomo, que é uma vesícula que tem enzimas digestivas e destruir os bacilos, mas a bactéria impede a fusão do fagossomo com o lisossomo e se não ocorrer a fusão a bactéria continua viável dentro do macrófago e pode continuar se multiplicando, porém uma hora terão muitos bacilos dentro do macrófago e esse vai estourar, morrer, sofrer necrose e isso é ruim, porque o ideal é que ele sofra uma apoptose (morte celular programada) para que os resquícios do macrófago sejam digeridos por células apresentadoras de antígenos, como as células dendríticas. Para que então as células dendríticas com pedacinhos de macrófagos junto do bacilo para linfócitos TCD8 ou TCD4, isso tudo é o início da ativação da resposta imune celular, que a resposta necessária que o hospedeiro precisa para impedir a progressão da doença. Granuloma é uma coisa boa, porque são respostas do hospedeiro e tem o objetivo de conter a bactéria, é como se fosse um agregado organizado de células de resposta imune celular com o objetivo de contenção da bactéria a nível do pulmão. Se não tivessem esses granulomas iniciais as bactérias iriam se disseminar pelo organismo. Essa resposta celular, que é a resposta necessária para a defesa do hospedeiro tem que ser eficaz. O que acontece dentro do granuloma vai levar a progressão ou não da doença. Giulia Magno Rocha Existe também uma enzima importante que a bactéria produz, que é a proteína quinase G (PknG) e essa impede também a fusão do fagolisossomo. O normal seria a fusão do lisossomo com o fagossomo para que ocorresse a destruição da bactéria, mas uma cepa patogênica do M. tuberculosis produzindo a PknG vai levar que não ocorra a fusão do fagolissomo. Se a bactéria conseguir impedir a fusão do fagossomo com o lisossomo a bactéria continua viável dentro do macrófago, uma vez viável dentro do macrófago tem a possibilidade de continuar a multiplicação e aumentando a sua população e matando o macrófago. Uma vez que mata o macrófago pode infectar outros sítios, como está no pulmão vai atingir outras regiões do parênquima pulmonar. Se estourar o granuloma, os bacilos vão infectar as outras regiões do parênquima e se a resposta não for eficaz vai formar granulomas, tendo fibrose no parênquima pulmonar, a pessoa terá cansaço, a capacidade de expansão do pulmão será comprometida e isso leva a progressão da doença. Se houver uma cepa da micobactéria que seja deficiente da PknG ou se os fatores de virulência da mesma sejam atenuados, isso favorece ao hospedeiro, porque ele consegue destruir a bactéria formando o fagolisossomo e não haverá progressão da doença. Giulia Magno Rocha ii. ° Característica do Granuloma : ↳ necrose ao centro . Apoptose vs. necrose de macrófagos A formação do granuloma é resultado da resposta do hospedeiro com o objetivo de contenção da bactéria, no centro do hospedeiro vão ter os macrófagos e tudo depende deles. O que quer dizer se o macrófago sofrer necrose ou apoptose? Se for uma cepa atenuada, esse macrófago irá conseguir destruir a bactéria, formando o fagolisossomo e assim destruindo a mesma, vai sofrer apoptose, então os pedaços desse macrófago serão fagocitados pela célula dendrítica, que é uma importante célula apresentadora de antígeno. As células vão pegar os pedacinhos de macrófagos que contém o M. tuberculosis e vão ativar duas importantes células: o linfócito TCD8 (linfócitos citotóxicos que vão diretamente na célula para matá-las, por exemplo matar um macrófago infectado) ou pode ativar os linfócitos TCD4 e
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