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Lei nº 9.455/97 - LEI DE TORTURA Tortura-Prova Art. 1º. Constitui crime de tortura: I – constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: Obs.: é impossível a substituição de pena restritiva de direito, de acordo com o Código Penal. O momento consumativo do crime é quando se causa sofrimento físico ou mental. a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; Obs.: a alínea “a” é o dolo do crime. Crime próprio ou comum? É um crime comum, embora seja muito associado a abusos cometidos em instituições públicas. Ele pode ser praticado por qualquer pessoa. Cabe tentativa? É possível a tentativa, quando não conseguir causar sofrimento físico ou mental. Tortura-Prova e a Lei n. 13.869/2019 Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou redução de sua capacidade de resistência, a: Ex.: fornecer uma droga que faça com que a pessoa perca completamente as suas habilidades ou autodeterminação. III – produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro: Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo da pena cominada à violência. Obs.: a tortura, à diferença da Lei de Abuso de Autoridade, provoca sofrimento físico ou mental. Via de regra, a tortura absorve o crime de abuso de autoridade. Tortura para a Prática de Crime b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; Pena – reclusão, de dois a oito anos. Ex.: João constrange Maria, mediante grave ameaça, a disparar um tiro contra o seu desafeto. João diz a Maria que, se ela não matar o seu desafeto, ele irá matar o filho deles, a quem tem como refém. Se Maria matar o seu desafeto, João responde pelo crime de tortura e homicídio. Maria não responde pelo homicídio, porque agiu mediante coação moral irresistível, que exclui a culpabilidade. • Concurso material. • Coação irresistível: exclui a culpabilidade. • Consumação: o resultado não é necessário, porque o momento consumativo é quando se causa sofrimento físico ou mental, independentemente de a vítima de fato praticar a ação ou omissão criminosa. Tortura Discriminatória c) em razão de discriminação racial ou religiosa; Pena – reclusão, de dois a oito anos. A decisão do STF em relação à homofobia e transfobia é em relação à Lei n. 7.716, nos crimes de racismo. Essa decisão nada tem a ver com a Lei n. 9.455/1997. Tortura Castigo ou Punitiva II – submeter alguém, sob sua GUARDA, PODER OU AUTORIDADE, com emprego de violência ou grave ameaça, a INTENSO sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. Pena – reclusão, de dois a oito anos Obs.: há o vínculo entre o sujeito ativo e o sujeito passivo: guarda – autoridade – poder. Esse vínculo não envolve apenas relações públicas, também envolve relações privadas É um crime próprio, pois se exige do sujeito ativo uma qualidade específica: ter em relação à vítima o vínculo de guarda – autoridade – poder. Além disso, não é qualquer sofrimento físico ou mental, o sofrimento é INTENSO. Também exige dolo específico: finalidade de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. Em outras palavras, é para que a pessoa não faça mais determinada conduta. A finalidade não é de ensinar, educar Não se deve confundir com maus-tratos Obs.: a conduta de maus-tratos é caracterizada pelo excesso. Não se quer castigar ou submeter alguém a um capricho próprio. A princípio é algo legítimo, mas se excede nos meios usados. Há apenas um crime apenado com detenção. A regra é que o crime de tortura seja apenado com reclusão, de 2 a 8 anos, sem multa. • Crime de ação livre: é possível causar o intenso sofrimento físico ou mental por qualquer forma. Nos maus-tratos, há algumas formas dispostas. • é crime próprio. • Natureza da guarda, poder ou autoridade: não precisa ser pública. Pode ser privada também. • Esposa não pode ser sujeito passivo, porque não está sujeita à guarda, poder ou autoridade do marido. Ela pode ser vítima de uma tortura por parte do marido. (MODALIDADE EQUIPARADA) Tem a mesma pena, mas é um tipo penal distinto. A equiparação acontece porque a pena é a mesma. § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. • O sofrimento físico ou mental não precisa ser intenso. • Não há violência ou grave ameaça. • Não tem dolo específico. • Ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal: pode ser um ato que não seja necessariamente uma grave ameaça ou uma violência. • Ação Penal: sempre é pública incondicionada, inclusive na tortura omissiva. Não se fala em representação, muito menos em ação penal privada, a não ser a subsidiária da pública, por conta do CPP. Conexão entre Tortura e Homicídio Doloso: Ex.: João começou a torturar Carlos. Depois de um tempo, João decidiu matar Carlos. Logo, também há dolo no homicídio. São desígnios distintos: torturar e matar. Há conexão entre as condutas, mas são autônomas. Isso atrai a competência do Tribunal do Júri, que vai julgar os dois crimes. • Absorção de crimes menos graves: via de regra, a tortura absorve crimes menos graves. Ex.: lesão corporal leve, crime de abuso de autoridade quando a tortura é praticada por agente público. • Reclusão de 2 a 8 anos: comum para todos. • Exame de corpo de delito não é imprescindível, ou seja, é dispensável: – A tortura pode provocar sofrimento mental, que não deixa vestígios no corpo da vítima. – Existem formas de realizar tortura em que o sujeito tem sofrimento físico sem que apareçam vestígios. – Logicamente, quando há vestígio, o exame será feito. • Cabível a desistência voluntária, mas não o arrependimento eficaz Tortura Imprópria (Omissão Perante a Tortura) § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá- -las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos. No dever de evitar, qualquer pessoa pode ser enquadrada e não apenas as autoridades públicas, pois inclui relações privadas O dever de apurar diz respeito ao agente público, aquele que tem a atribuição legal O previsto neste § 2º é o único crime da Lei n. 9.455 que tem pena de detenção de 1 a 4 anos Numa situação na qual o indivíduo dá cobertura para o torturador, ele não responderá pela TORTURA IMPRÓPRIA, responderá em CONCURSO DE PESSOAS PELA TORTURA PRATICADA Resultado Agravador (Preterdolo) § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos. Majorantes Atenção para não confundir MAJORANTES com QUALIFICADORAS. A qualificadora é quando o sujeito traz uma nova cominação de pena em abstrato, quando ele traz uma pena mais elevada, um novo preceito secundário. A majorante é o aumento de 1/6, 2/3, de 1/6 a 1/3, de metade, de 1/3. Essa majorante incide na 3ª fase da dosimetria Quando é a figura qualificada há uma nova quantidade de pena que será definida dentro da pena-base, que é a 1ª fase da dosimetria. A majorante é um aumento de pena aplicada na 3ª fase da dosimetria, assim como as causas de diminuição de pena, chamada de privilégios. Bis in idem?! CP Art. 61 – São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: (...) II – ter o agente cometido o crime: (...) f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica; Considerou que não é bis in idem porque nesse caso os motivos são distintos. Efeitos da Condenação § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. Esses efeitos são automáticos: não há necessidade, não precisa haver motivação específica ou expressa na sentença penal condenatória. Mesmo que o juiz não fundamente, esses efeitosserão aplicados Cumprimento da Pena § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado. Extraterritorialidade (...) Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira (Justiça Cosmopolita por conta de compromissos internacionais assumidos pelo Brasil). • Princípio da Personalidade Passiva (a vítima é brasileira). • Extraterritorialidade Condicionada ou Incondicionada? Com relação à primeira hipótese (a vítima ser brasileira) não há divergência, todos consideram incondicionada e, com relação à segunda hipótese, há divergência porque parte da doutrina considera que há uma condição pra se entrar num local sujeito à jurisdição brasileira. • Justiça Federal ou Estadual?! Sendo aplicada a lei brasileira a um fato praticado fora do Brasil, isso será julgado pela Justiça Federal ou pela Justiça Estadual? O fato de se aplicar a extraterritorialidade, a lei penal brasileira a um fato ocorrido no exterior, NÃO ATRAI, necessariamente, da competência da Justiça Federal
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