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UFPB – Curso de Direito DIREITO PENAL I Professor: Herry Charriery da Costa Santos Aula II – 20/02/2024 Assunto: Lei Penal 1. INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS DA LEI PENAL • A Lei Penal é a fonte imediata do Direito Penal, uma vez que, por expressa determinação constitucional, tem a si reservado, exclusivamente, o papel de criar infrações penais e cominar-lhes as penas respectivas. (art. 1º, CP; art. 5º, XXXIX, CF/88) • Estrutura da Lei Penal: ➢Preceito primário: Conduta – “matar alguém” ➢Preceito secundário: Pena – “reclusão, de 6 a 20 anos” 2. CLASSIFICAÇÃO DA LEI PENAL ❑ Leis penais incriminadoras – Criam tipos penais e cominam penas; “Deve-se observar que as leis penais não são proibitivas, mas descritivas. Assim, tem-se uma definição de proibição indireta, descrevendo o fato como pressuposto da sanção” (ZAFFARONI, 2018, p. 61) ❑ Leis penais não incriminadoras – Não criam crimes nem penas; ❑ Leis penais completas (perfeitas) – (art. 157, caput, CP) ❑ Leis penais incompletas (imperfeitas) – (Lei 11.343/2006) ATENÇÃO! Leis Penais não incriminadoras ➢ PERMISSIVAS – São as leis penais que autorizam a prática de condutas típicas, ou seja, são causas de exclusão da ilicitude. a) Parte Geral – art. 23, CP b) Parte Especial – art. 128, CP (ADPF 54); art. 142. c) Legislação Especial – art. 1º. §2º, Lei 13.869/2019. ➢ EXCULPANTES: São leis que estabelecem a não culpabilidade do agente. a) Parte Geral - art. 26, 27, 107, CP b) Parte Especial – art. 312, §3º; 342, §2º, CP ➢ APLICATIVAS: São as leis penais que delimitam o campo de validade (alcance) as leis incriminadoras. a) Parte Geral – art. 2º, 5º e 6º, CP 3. CARACTERÍSTICAS DA LEI PENAL ❑ Exclusividade legislativa: Só a lei pode criar delitos e penas. ❑ Imperatividade: O seu descumprimento acarreta a imposição de pena ou de medida de segurança. ❑ Generalidade e coercibilidade: Dirige-se indistintamente a todas as pessoas sob jurisdição brasileira. ❑ Impessoalidade: Projeta os seus efeitos abstratamente a fatos futuros para qualquer pessoa que venham a praticá-los. ❑ Anterioridade: As leis penais incriminadoras apenas podem ser aplicadas se estiverem em vigor quando da prática da infração penal, salvo no caso da retroatividade da lei benéfica. 4. LEI PENAL EM BRANCO ➢ Para Franz von Liszt, as leis penais em branco são “corpos errantes em busca de alma”. Ou seja, são leis penais que existem fisicamente no ordenamento jurídico, mas não podem ser aplicadas em razão de sua incompletude. a) Lei penal em branco em sentido lato (homogênea): O complemento tem a mesma natureza jurídica e provêm do mesmo órgão que elaborou a lei penal incriminadora. Exemplo: art. 169, parágrafo único, I, CP. Art. 1.264, CC. OBS: As leis penais em branco em sentido lato podem ser homovitelina ou heterovitelina. 4. LEI PENAL EM BRANCO (continuação) b) Lei penal em branco em sentido estrito (heterogênea): O complemento tem natureza jurídica diversa e provêm de órgão distinto que elaborou a lei penal incriminadora. Exemplo: Lei 11.343/2006 Portaria da SVS/MS 34/1998. c) Lei penal em branco inversa: O preceito primário é completo, mas o precito secundário necessita de complementação. O complemente deve ser obrigatoriamente proveniente de uma lei, sob pena de violação ao princípio da reserva legal. Exemplo: Lei 2.889/1957 (Lei de genocídio) ATENÇÃO! Sobre a Lei de Genocídio Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal: (Lei nº 7.960, de 1989) a) matar membros do grupo; b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo; c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial; d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo; e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo; Será punido: Com as penas do art. 121, § 2º, do Código Penal, no caso da letra a; Com as penas do art. 129, § 2º, no caso da letra b; Com as penas do art. 270, no caso da letra c; Com as penas do art. 125, no caso da letra d; Com as penas do art. 148, §1º, IV, no caso da letra e; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7960.htm#art1iii.m http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art121%C2%A72 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art129%C2%A72 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art270 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art125 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art148 5. INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL ❑ A interpretação é a atividade de explicar, esclarecer, dar significado, reproduzir por outras palavras um pensamento exteriorizado... A Intepretação jurídica deve buscar a vontade da lei, ou seja o sentido normativo contido na lei. ❑ A ciência que disciplina este estudo é a Hermenêutica Jurídica. ATIVIDADE I A classificação da interpretação da Lei Penal pode variar na literatura jurídica e na jurisprudência. Procure exemplificar, de forma sintética, os modos de interpretação quando ao sujeito (autêntica, judicial e doutrinária), ao método (gramatical e teleológico) e ao resultado (declaratória, extensiva e restritiva) Data da entrega: 27/02/2024 6. ANALOGIA ❑ A analogia no direito penal tem a função integrativa diante de lacunas. Segundo a literatura jurídica a analogia pode ser conhecida como “integração analógica”, e é a aplicação, ao caso previsto em lei, de lei reguladora de caso semelhante. ❑ STF: No direito penal, só pode ser utilizada em relação às leis não incriminadoras, em respeito ao princípio da reserva legal. ❑ STJ: Por razões de justiça, o fundamento da analogia repousa na exigência de igual tratamento aos casos semelhantes. ANALOGIA (Continuação) ❑ Espécies de analogia: a) Analogia in malam partem: “Não se pode pretender a aplicação da analogia para abarcar hipóteses não mencionadas no dispositivo legal” (STF, Inq. 1.145. Min. Maurício Corrêa, 2006) “Não pode o julgador aplicar uma norma, por assemelhação, em substituição a outra validamente existente, simplesmente por entender que o legislador deveria ter regulado a situação de forma diversa da que adotou”. (STJ. Resp. Min. Napoleão Nunes Maia. 2012) ANALOGIA (Continuação) b) Analogia in bonam partem: é aquela pela qual se aplica ao caso omisso uma lei favorável ao réu, reguladora de caso semelhante. É possível no direito brasileiro, exceto no que diz respeito às leis excepcionais, por seu caráter extraordinário. Reflexão crítica e jurídica, sobre matéria jornalística: [...] uma adolescente de 13 anos de idade, vítima de estupro de vulnerável (art. 217-A, CP), crime do qual resultou sua gravidez, poderá realizar o aborte legal? Conteúdo para a próxima aula Data: 27/02/2024 • Lei Penal no Tempo; • Conflito Aparente de leis penais; • Tempo do Crime; • Lei Penal no Espaço; • Lei Penal em relação às pessoas. REVISÃO GERAL Slide 1: UFPB – Curso de Direito DIREITO PENAL I Slide 2: 1. INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS DA LEI PENAL Slide 3: 2. CLASSIFICAÇÃO DA LEI PENAL Slide 4: ATENÇÃO! Leis Penais não incriminadoras Slide 5: 3. CARACTERÍSTICAS DA LEI PENAL Slide 6: 4. LEI PENAL EM BRANCO Slide 7: 4. LEI PENAL EM BRANCO (continuação) Slide 8 Slide 9: 5. INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL Slide 10: 6. ANALOGIA Slide 11: ANALOGIA (Continuação) Slide 12: ANALOGIA (Continuação) Slide 13: Conteúdo para a próxima aula Data: 27/02/2024
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