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Micro-organismos no monitoramento ambiental

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Climatologia e MeteorologiaClimatologia e MeteorologiaMicro-organismos no monitoramento ambiental
Curso: Engenharia Ambiental e Sanitária
São Luís
2024
INTRODUÇÃO
A ação antrópica, por meio da agricultura, transporte, urbanização e de atividades industriais, gera uma infinidade de resíduos tóxicos, liberados continuamente no ambiente. A melhoria da qualidade de vida e, em consequência, de consumo, levou à elevação da poluição do ar, à contaminação da água e do solo. O interesse crescente pela manutenção dos ecossistemas naturais do nosso planeta, visando à redução dos níveis de poluição, tem levado à busca e ao desenvolvimento de métodos de monitoramento ambiental. Apesar dos avanços alcançados na área de detecção e análise de poluentes presentes no ambiente em concentrações muito baixas, ainda há compostos que não são detectados em componentes ambientais e tecidos biológicos. Estes podem ser móveis e persistentes no ar, na água, no solo e nos sedimentos, em pequenas concentrações. Suas implicações ecológicas e para a saúde humana ainda não são completamente conhecidas. Os poluentes emergentes (EP) são definidos como novos compostos químicos, ainda não submetidos à regulação, cujos impactos no ambiente e na saúde humana são pouco compreendidos. São substâncias como pesticidas, cosméticos, produtos de cuidado pessoal e de casa, fármacos, entre outros, usados mundialmente e, de certa forma, indispensáveis para a sociedade moderna (GRAVILESCU et al., 2015). A ação do homem levou, ainda, à contaminação das fontes de água com poluentes biológicos, como bactérias, micoplasmas, protozoários e vírus, denominados patógenos emergentes ou reemergentes, disseminando doenças veiculadas pela água que são as causas principais de mortalidade no mundo (THERON; CLOETE, 2002). Embora o controle do ambiente seja essencial no monitoramento, os efeitos dos poluentes químicos somente podem ser corretamente dimensionados quando são aplicadas técnicas que envolvem, de alguma forma, organismos vivos ou células. Estes organismos podem ser naturais do ambiente em estudo, ou então geneticamente
DESENVOLVIMENTO
Em ambos os casos, são denominados espécies-teste e fornecem dados importantes sobre toxicidade e genotoxicidade em ambientes contaminados. A detecção precoce desses compostos, especialmente na água, e o conhecimento sobre os seus efeitos biológicos, são de extremo interesse para a redução dos níveis de poluição. Os métodos analíticos de monitoramento ambiental baseiam-se na determinação da concentração dos poluentes químicos, porém não os relacionam com os reais efeitos sobre os seres vivos. Ainda, em alguns casos, o limite de detecção dos métodos utilizados não contempla substâncias cujos efeitos tóxicos são efetivos em doses muito baixas. Assim, no intuito de refletir a situação real do ambiente, em termos de impactos em sistemas biológicos, métodos adicionais devem ser empregados. Para tal, organismos vivos ou células podem atuar como ferramentas analíticas, fornecendo respostas após exposição a amostras ambientais (MARINSEKLOGAR; VODOVNIK, 2007). Testes de monitoramento ambiental iniciaram com o uso de organismos eucariotos multicelulares, como peixes e mamíferos. Questões éticas e a grande demanda de tempo levaram ao desenvolvimento de métodos alternativos. Bactérias, algas unicelulares, protozoários e leveduras passaram a ser empregados em análises ambientais, de forma rápida e com custos reduzidos, em comparação com as técnicas utilizadas previamente. O biomonitoramento pode ser realizado por meio de bioensaios, biomarcadores e análise da comunidade microbiana no ambiente. Isto pode elevar a confiabilidade na predição de riscos pela exposição aos poluentes químicos comuns, bem como aos emergentes. O uso de sensores pode contribuir com análises em paralelo, visando não apenas o monitoramento, mas uma varredura do referido ambiente, em tempo real.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Bioindicadores podem ser definidos como fatores bióticos que permitem acessar informações sobre as condições ambientais, sejam atuais, passadas ou futuras, de um determinado ecossistema. Este conceito está intimamente ligado à qualidade ambiental e ao monitoramento. Sabendo que os seres vivos são adaptados aos ambientes onde habitam, desequilíbrios ecológicos irão resultar em alterações morfológicas, bioquímicas e, em consequência, no ciclo vital destes organismos. Assim, estes indicadores podem fornecer respostas rápidas sobre impactos ambientais, possibilitando que sejam analisadas as causas e efeitos dos poluentes em questão, com base em suas respostas biológicas. Um panorama sobre a situação de determinado ambiente pode, então, ser traçado, e as conclusões podem ser extrapoladas para as demais espécies que habitam o mesmo ecossistema. E, finalmente, por meio de bioindicadores, é também possível avaliar se as ações destinadas à diminuição do impacto ambiental são eficientes, naquele determinado local e naquele momento específico (ZAMONER, 2007). Bioindicadores podem tanto alertar para um desequilíbrio ecológico, como exibir uma resposta mensurável às mudanças ambientais, neste caso apresentando um comportamento severamente alterado quando em situações de estresse ambiental. Micro-organismos e processos microbiológicos têm sido empregados como indicadores de qualidade ambiental, especialmente por sua abundância nos ecossistemas naturais e também à sua relativa sensibilidade aos impactos ambientais.
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