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Introdução à Parasitologia Clínica

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Parasitologia Clínica 
Introdução à disciplina
Profa. Dra. Raysa Farias
Bibliografia
Acredita-se que se chama de parasito um indivíduo que viva a custa do outro. Pensamos o mesmo dos microorganismos e animais parasitos.
 
De fato, os parasitos dependem de outros seres vivos. Mas biologicamente, quase todos os seres vivos dependem de outros organismos para poderem existir. 
Mesmo quando inconscientes desse comportamento. 
O que é PARASITOLOGIA?
 
A PARASITOLOGIA é a ciência que estuda o parasitismo. O parasitismo ocorre quando um organismo (parasita) vive em associação com outro organismo (hospedeiro), do qual retira os meios para sua sobrevivência, causando prejuízos – ou seja, doenças – ao hospedeiro durante este processo. 
Ciclo biológico dos parasitos
Cada especie de parasito tem seus próprios hospedeiros. Alguns podem infectar uma ou poucas espécies.
Já outros podem infectar e viver em grandes variedades indistintamente. 
Muitos deles se localizam no aparelho digestivo, ou na pele do hospedeiro. Mas seu desenvolvimento só ocorre em locais específicos do hospedeiro intermediario, como nos pulmões, figado ou sistema nervoso. 
A passagem de um hospedeiro para outro é um fenômeno complexo, pois depende de alguns fatores importantes como:
o momento exato de mudança de hospedeiro
o transporte
e o seu sistema de reconhecimento; que é de natureza bioquímica, dependente de receptores de membrana celulares do hospedeiro, via penetração estrutural ou endocitose 
Já a PARASITOLOGIA CLÍNICA
 
 Trata-se desde a coleta e manipulação das amostras biológicas até os resultados laboratoriais e sua correlação com os achados clínicos e os fatores relacionados aos parasitos e aos hospedeiros no estabelecimento das doenças parasitárias. 
O estudo da parasitologia é muito importante na medicina, pois é possível que os profissionais da área da saúde desenvolvam métodos de prevenção, reabilitação e promoção da saúde.
Quais são as principais doenças?
 A amebíase é uma doença causada por protozoários que entram no organismo humano por meio de alimentos ingeridos que foram mal lavados e continham cistos. A malária é transmitida pelo mosquito Anopheles, tendo como principais sintomas febre alta, dor de cabeça e cansaço.
 A tricomoníase é uma doença causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis, a principal forma de transmissão é por contato sexual, mas também pode ser passada por roupas e toalhas. A leishmaniose é transmitida por mosquitos, e possui como principal sintoma, feridas em mucosas da pele.
 A toxoplasmose é transmitida por animais domésticos que são portadores do protozoário Toxoplasma gondii, é uma doença que pode ser assintomática ou causar dores de cabeça e febre.
Como prevenir e tratar as doenças parasitárias?
Existem várias formas de prevenir e tratar as doenças causadas por parasitas. A maioria delas podem ser evitadas por medidas simples de higiene e limpeza. Porém, é preciso lembrar que cada tipo de parasitose tem sua forma de prevenção.
Alguns parasitas conseguem entrar no organismo humano através da pele desprotegida 
Os hábitos de higiene são fundamentais para evitar qualquer tipo de doença, principalmente, as causadas por parasitas, lavar as mãos após ir ao banheiro e antes das refeições é umas das melhores formas de evitar que os ovos e cistos de parasitas sejam ingeridos.
As doenças parasitárias, também conhecidas por parasitoses, são muito comuns no mundo inteiro.
Principalmente em se tratando da população mais vulnerável e com baixo serviço sanitário disponível.
As parasitoses podem ser divididas em três áreas, de acordo com seus causadores. São elas:
Doenças
Protozoários
Malária
Toxoplasmose
Giardíase
Tricomoníase
Doença de Chagas
Helmintos
Teníase e Cisticercose
Esquistossomose
Filariose Linfática
Ectoparasitas
Escabiose
Pediculose (Piolho)
Febre Maculosa
Protozoários
Os protozoários incluem todos os organismos protistas, eucariotos, constituídos por uma única célula, apresentando diversas formas, processo de alimentação, locomoção e reprodução. Diferentes espécies de parasitos são diagnosticados no sangue periférico e em tecidos humanos. Entre esses parasitos estão incluídos protozoários, no qual se encontram nesses grupos tripanossomos (Trypanossoma cruzi), plasmódios (Plasmodium vivax, Plasmodium falciparum, Plasmodium malariae), babésia (Babesia bigemina), leishmania (Leishmania visceral e Leishmania cutânea) e toxoplasmose (Toxoplasmose gondii.) (TASCA, 2011). 
Os protozoários intestinais possuem ciclos evolutivos simples. Seus estágios usuais são trofozoítos, cistos, oocistos e esporos. Várias espécies de amebas intestinais vivem no ceco e no cólon do homem, como Entamoeba histolytica, Entamoeba díspar, Entamoeba coli, Entamoeba hartmanni, Endolimax nana e Iodamoeba bustchlii. A Entamoeba histolytica é o agente etiológico da amebíase sendo a única ameba patogênica para a espécie humana (DE CARLI, 2011).
Protozoários
As manifestações clinicas da malária, são inespecíficas, podendo confundir com outras doenças, sendo fundamental o diagnóstico laboratorial nas áreas endêmicas para confirmar. 
É realizado a pesquisa do parasito no sangue periférico pelo método da gota espessa ou pelo esfregaço sanguíneo. 
As diferentes espécies de parasito que causam a malária em humanos são: Plasmodium vivax, Plasmodium falciparum, Plasmodium malariae, Plasmodium ovale e Plasmodium knowlesi. 
Entretanto, apenas as três primeiras espécies de Plasmodium ocorrem no Brasil, com predominância de casos de P. vivax.
Malária
Técnicas utilizadas para identificação de parasitas hematológicos
A pesquisa de plasmódio pela microscopia pode ser feita tanto na gota espessa de sangue como em esfregaço delgado.
A melhor preparação para o diagnóstico de malária é obtida com amostra de sangue colhida diretamente por punção digital ou venosa sem anticoagulante. 
Após a coleta, a lâmina deve ser mantida em temperatura ambiente para secagem da gota de sangue
Para a obtenção de resultado satisfatório , o sangue deve estar distribuído o mais homogeneamente possível, para que os elementos sangüíneos e os parasitos se disponham de maneira uniforme em toda a amostra;
O preparo da gota espessa
Técnicas utilizadas para identificação de parasitas hematológicos
Por fixar as hemácias, permite melhor estudo da morfologia do parasito e das alterações características do eritrócito parasitado, viabilizando conferir o diagnóstico da gota espessa, em situações de dúvida. 
• Por ser fixado, a perda de parasitos é bem menor que na gota espessa. Essas amostras resistem mais ao atrito quando há a remoção do óleo de imersão, são mais duráveis e conservam por muito tempo a coloração original (enquanto que a gota espessa pode facilmente apresentar alteração tintorial). 
• Permite a determinação percentual da parasitemia, mediante a contagem de eritrócitos parasitados em 100 hemácias.
O preparo da gota delgada
1ª fase: Desemoglobinização pela solução hipotônica de azul de metileno 
• Aplicar a solução de azul de metileno fosfatado sobre a gota espessa de sangue, por dois segundos. 
• Enxaguar a lâmina com água tamponada (sem jato forte). 
2ª fase: Coloração pela solução de Giemsa 
 • Colocar a lâmina com o lado da gota voltada para a superfície da placa de coloração. 
• Preparar uma solução de Giemsa na proporção de uma gota de corante para 1ml de água tamponada. Homogeneizar. 
• Aplicar esta solução na placa côncava de coloração, sob a lâmina invertida. • Deixar corar por 10 minutos. 
• Enxaguar com água tamponada (sem jato forte). 
• Secar ao calor suave ou sob ventilação.
O preparo da gota delgada
Neste método não é recomendável imergir a lâmina na solução azul de metileno (pré-coloração) e na água tamponada (lavagem) em copos, em virtude da contaminação destas soluções repetidamente usadas por vários dias, favorecendo a proliferação de bactérias e fungos.
Método de Giemsa para coloração da gota espessa 
• Colocar a lâmina com o lado da gota voltada para a superfície da placa decoloração.
 • Preparar uma solução de Giemsa na proporção de uma gota de corante para 1ml de água tamponada. Homogeneizar. 
• Aplicar esta solução na placa côncava de coloração, sob a lâmina invertida.
 • Deixar corar por 20 a 30 minutos. 
• Enxaguar com água tamponada (sem jato forte). 
• Secar ao calor suave ou sob ventilação. 
Coloração do esfregaço pelo método de Giemsa 
• Fixar o esfregaço com álcool metílico por um minuto. 
• Deixar secar. 
• Colocar a lâmina invertida sobre a placa de coloração. 
• Despejar a diluição do corante de Giemsa na proporção de uma gota do corante para 1ml de água tamponada. 
• Deixar corar por 20 a 30 minutos. 
• Enxaguar com jato forte de água tamponada.
 • Secar ao calor suave ou sob ventilação.
P. vivax
A hemácia invadida pelo P. vivax, ao invés de adquirir viscosidade na membrana, apresenta uma série de granulações em todo o seu estroma – denominadas granulações de Schüffner, têm tamanho, forma e distribuição regulares. 
A princípio pequenas, tornam-se maiores e mais evidentes conforme o grau de exposição do sangue ao corante. Após a coloração, assumem um tom avermelhado.
P. falciparum
Coloração do esfregaço (distendido) pelo método de Wrigth
• Cobrir a lâmina com solução de Wrigth. 
• Deixar corar por 3 minutos. 
• Adicionar algumas gotas de água destilada ou tamponada. 
• Misturar (borrifar ar com o auxílio de uma pisseta vazia ou pêra de borracha). 
• Deixar corar por mais 7 minutos. 
• Enxaguar com jato forte de água destilada ou tamponada. 
• Secar em temperatura ambiente.
MÉTODOS DE QUANTIFICAÇÃO DA PARASITEMIA
Então x = (50 x 6.000) ÷ 200 = 1.500 parasitos/μl.
A doença de Chagas (ou Tripanossomíase americana) é a infecção causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi. Apresenta uma fase aguda (doença de Chagas aguda – DCA) que pode ser sintomática ou não, e uma fase crônica, que pode se manifestar nas formas indeterminada (assintomática), cardíaca, digestiva ou cardiodigestiva.
Doenças de Chagas
A doença de Chagas pode apresentar sintomas distintos nas duas fases que se apresenta, que são a aguda e a crônica.
Na fase aguda, os principais sintomas são:
febre prolongada (mais de 7 dias);
dor de cabeça;
fraqueza intensa;
inchaço no rosto e pernas. 
No caso de picada do barbeiro, pode aparecer uma lesão semelhante a um furúnculo no local
Após a fase aguda, caso a pessoa não receba tratamento oportuno, ela pode desenvolver a fase crônica da doença, inicialmente sem sintomas (forma indeterminada), podendo, com o passar dos anos, apresentar complicações como:
problemas cardíacos, como insuficiência cardíaca;
problemas digestivos, como megacólon e megaesôfago
MÉTODOS PARASITOLÓGICOS
O Trypanossoma cruzi tem como forma infectante amastigota no hospedeiro vertebrado e epimastigota no hospedeiro invertebrado (NEVES, 2011). O diagnóstico parasitológico pode ser realizado através da pesquisa de parasitos no sangue. Os tripanossomas podem ser visualizados em esfregaços de sangue, aspirados de linfonodos e no líquido cefalorraquidiano (LCR). 
 
Trypanossoma cruzi
Na hemocultura utilizam-se meios com base de Ágar sangue, ou o meio de Warren para a cultura dos parasitos. 
O Xenodiagnóstico é utilizado para saber se o tratamento da doença de Chagas está funcionando ou não. Nesse método são criados e alimentados em laboratórios alguns exemplares de triatomíneos e mantidos em jejum por 3 a 4 semanas e colocados para sugar o sangue do paciente suspeito. É muito sensível na fase aguda. 
 A doença de Chagas (ou Tripanossomíase americana) é uma doença negligenciada, transmitida não apenas pelo barbeiro, mas também pela transfusão de sangue, ingestão de alimentos contaminados, de forma congênita e pelo transplante de órgãos. 
Trypanossoma cruzi
marcado com corante de Giemsa
Trypanossoma cruzi
Na fase aguda, o nível de parasitemia é alto. 
Tripomastigotas móveis podem ser detectados por microscopia de preparações frescas de sangue anticoagulado ou camada de leucócitos (buffy coat) como parasitas extracelulares. 
O nível de parasitemia diminui dentro de 90 dias após a infecção, mesmo sem tratamento, e é indetectável por microscopia na fase crônica
O diagnóstico da infecção crônica é basicamente sorológico, uma vez que a parasitemia nessa fase é baixa e intermitente, o que torna os exames parasitológicos diretos pouco sensíveis. 
As metodologias usualmente utilizadas são os ensaios imunoenzimáticos, a imunofluorescência indireta e a hemoaglutinação.
Métodos Imunológicos
 
 Os testes imunológicos oferecem facilidade de execução e resultados em curtos prazos de tempo, diferentemente dos métodos parasitológicos sanguineos tradicionais. Estes testes baseiam-se principalmente na presença de IgG e IgM específicos, que começam a surgir na segunda ou terceira semana após a infecção e permanecem detectáveis durante toda a fase crônica. 
Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) : Após a coleta do sangue, o DNA total é extraído e amplificado utilizando-se iniciadores específicos previamente estabelecidos (SANCHEZ et al., 2005).
 
A utilização da técnica da PCR tem se mostrado promissora na avaliação do nível de parasitemia dos pacientes em fase crônica submetidos ao tratamento com medicamentos .
Reação de Fixação de Complemento (RFC): este ensaio baseia-se na interação entre antígenos de T. cruzi e anticorpos do soro de pacientes chagásicos, seguida pela fixação do terceiro componente do sistema complemento (C3), levando à formação da C3 convertase (C3Bb).
Hemaglutinação: consiste numa reação muito simples, mais rápida e sensível que o teste de fixação de complemento, na detecção de anticorpos anti- T. cruzi no soro de indivíduos infectados. 
Imunofluorescência Indireta: O antígeno é preparado com formas epimastigotas de T. cruzi, que são coletadas da cultura em meio LIT na fase exponencial de crescimento, lavados e fixados em solução de formol, paraformadeído e/ou liofilizado. 
Os anticorpos do soro de pacientes são colocados sobre uma lâmina contendo antígenos de T. cruzi. Os anticorpos anti- T. cruzi são revelados com o uso de anticorpos anti-imunoglobulina (Ig) humana conjugados a fluoresceína, e observados ao microscópio de fluorescência 
ELISA: esta técnica consiste em detectar anticorpos contra o parasita através da utilização de um segundo anticorpo (anti-imunoglobulina humana produzido em animais de laboratório) conjugados a enzimas, que em presença de subtratos específicos geram produtos coloridos, cuja quantificação é feita espectrofotometricamente (VOLLER, 1975)
Alterações hematológicas
Às vezes, o hemograma na fase aguda mostra uma ligeira leucocitose, com linfocitose, mas há tendência à leucopenia. A anemia pode se particularmente grave, em alguns casos. 
Na fase crônica, mostra aumento de linfócitos T e pouco B ou macrófagos. 
Leishmaniose é causada por espécies de Leishmania. As manifestações incluem síndromes viscerais, cutâneas e da mucosa. 
A leishmaniose cutânea produz lesões de pele nodulares e indolores que aumentam, sofrem ulceração no centro e persistem por meses a anos, mas acabam se curando. 
A leishmaniose mucocutânea afeta tecidos nasofaríngeos e pode provocar mutilação total do nariz e do palato. 
A leishmaniose visceral provoca febre irregular, hepatosplenomegalia, pancitopenia e hipergamaglobulinemia policlonal, com alta mortalidade em pacientes sem tratamento.
Leishmaniose
Diagnóstico da leishmaniose
Microscopia óptica de amostras de tecido submetidas a coloração de Wright-Giemsa ou Giemsa, impressão tecidual (Esfregaço por aposição, imprints) ou aspirados
Coloração de Wright-Giemsa do esfregaço de sangue periférico
As corantes de Wright-Giemsa são misturas de cores básicas (azul de metileno) que cora de azul e de corante ácido (eosina) que cora de vermelho.
Títulos de anticorpos para leishmaniose visceral, mas não para leishmaniose cutânea ou de mucosa
Cultura (meios especiais necessários)
Ensaios baseados na reação em cadeia da polimerase
Existem cerca de 30 espécies de Leishmaniaem todo o mundo. 21 delas são consideradas capazes de causar doenças no ser humano.
Nas Américas, há 12 tipos de Leishmania causadores de doença em humanos e 8 espécies que causam doenças apenas em animais.
CALMA QUE AINDA TEM MAIS ....
MAS EU TE EXPLICO MAIS SOBRE OS PARASITAS HEMATOLÓGICOS E INTESTINAIS 
NAS PRÓXIMAS AULAS 
PARA SEMANA QUE VEM
ESTUDEM EM CASA E VENHAM COM DÚVIDAS
Aspectos clínico-laboratoriais da Leishmaniose
Aspectos clínico-laboratoriais da Toxoplasmose
 Aspectos clínico-laboratoriais da Filariose
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