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Estrutura da comunidade de Phlebotominae (Diptera, Psychodidae) em mata ciliar do município de Urbano Santos, Maranhão, Brasil

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Iheringia, Série Zoologia, Porto Alegre, 101(1-2):109-114, 30 de junho de 2011
Estrutura da comunidade de Phlebotominae (Diptera, Psychodidae)...
Estrutura da comunidade de Phlebotominae (Diptera, Psychodidae) em
mata ciliar do município de Urbano Santos, Maranhão, Brasil
Fredgardson C. Martins1, Jorge L. P. Moraes2, Nivaldo Figueiredo3 & José M. M. Rebêlo2,3
1. Centro de Ciências Agrárias e Ambientais, Universidade Federal do Maranhão, BR 222, km 04, 65500-000 Chapadinha, MA, Brasil.
(fred@ufma.br)
2. Laboratório de Entomologia e Vetores, Universidade Federal do Maranhão, Praça Madre Deus n
o
 02, 65025-560 São Luís, MA, Brasil.
3. Departamento de Biologia, Universidade Federal do Maranhão, Avenida dos Portugueses s/n, Campus do Bacanga, São Luís, MA, Brasil.
(macariorebelo@uol.com.br)
ABSTRACT. Structure of the Phlebotominae (Diptera, Psychodidae) community in a gallery forest in Urbano Santos
district, state of Maranhão, Brazil. The diversity, relative abundance and distribution of Phlebotominae was examined in three
sectors (edges and center) of a fragment of gallery forest in the municipality of Urbano Santos, Maranhão, Brazil. Specimens were
captured in June and November, 2003, and in January and March, 2004, between 06:00 PM and 06:00 AM. At each collection night, 18
light traps were installed, six in each forest sector, totaling 864 hours of work. Seventeen species were found. The center of the fragment
had the greatest diversity of species (14), followed by edge B (13) and edge A (12). The species Lutzomyia infraspinosa (Mangabeira,
1941), L. flaviscutellata (Mangabeira, 1942) and L. evandroi (Costa Lima & Antunes, 1936) were the only ones that appeared as
dominants in all forest sectors. Fourteen species were found in both seasons; L. fluviatilis (Floch & Abonnenc, 1944) was found only in
the rainy season (January and March); and L. migonei (França, 1920) and L. pinottii (Damasceno & Arouck, 1956) in the dry season (June
and November). The differences regarding the abundance of individuals between the seasons were not statistically significant. The
frequent presence of L. flaviscutellata may explain a case of diffuse cutaneous leishmaniasis in a patient of that municipality.
KEYWORDS. Vector ecology, Lutzomyia, Cerrado vegetation.
RESUMO. A diversidade, abundância relativa e a distribuição de Phlebotominae foram estudadas em três setores (bordas e centro) de um
fragmento de mata ciliar no município de Urbano Santos, Maranhão, Brasil. Os espécimes foram capturados em junho e novembro/2003
e em janeiro e março/2004 das 18 às 6 horas. Em cada noite de coleta foram instaladas 18 armadilhas, seis em cada setor da mata,
totalizando um esforço de 864 horas. Foram encontradas 17 espécies. O centro do fragmento obteve a maior riqueza de espécies (14),
seguido da borda B (13) e da borda A (12). As espécies Lutzomyia infraspinosa (Mangabeira, 1941), L. flaviscutellata (Mangabeira, 1942)
e L. evandroi (Costa Lima & Antunes, 1936) foram as únicas que apareceram como dominantes nos três setores da mata. Quatorze
espécies ocorreram em ambas estações, sendo que L. fluviatilis (Floch & Abonnenc, 1944) foi encontrada apenas na estação chuvosa
(janeiro e março) e L. migonei (França, 1920) e L. pinottii (Damasceno & Arouck, 1956) apenas na estação seca (junho e novembro). As
diferenças registradas na abundância de indivíduos entre as estações não foram estatisticamente significativas. A presença frequente de L.
flaviscutellata pode explicar um caso de leishmaniose cutânea difusa em uma paciente deste município.
PALAVRAS-CHAVE. Ecologia de vetor, Lutzomyia, vegetação de Cerrado.
O Nordeste do Maranhão destaca-se por situar-se
numa zona de transição no tocante à composição da
vegetação e no tipo de clima. Assim, observam-se zonas
de ocorrência de floresta estacional perenifólia aberta
associada ora com babaçu, ora com cerrado/caatinga, ou
com ambos, subordinadas a um clima semi-úmido e/ou
semi-árido (IBGE, 1984). Dentro dessas zonas podem ser
encontrados outros tipos de formação, como a mata ciliar.
Essa transição vegetacional e climática afeta a distribuição
dos flebotomíneos (REBÊLO et al., 1996), sendo possível
encontrar nessa região espécies Amazônicas (REBÊLO et
al., 2000a, b) e outras frequentes nas áreas nordestinas
(REBÊLO et al., 1999).
Em função das características mencionadas, há
superposição das duas formas de leishmanioses, a
cutânea que, de modo geral, é mais evidente nas áreas
amazônicas e a visceral (calazar), muito comum no lado
nordestino (COSTA et al., 2005).
O intenso fluxo migratório e o incessante processo
de modificação da cobertura vegetal que ocorre em
praticamente todo o Estado vêm contribuindo para o
estabelecimento dessa nova realidade da epidemiologia
das leishmanioses (MARTINS et al., 2004).
A região deste estudo não difere da realidade do
Estado, apresentando um intenso processo de supressão
e/ou substituição das formações florestais naturais, o
que tem provocado visíveis alterações na paisagem,
sendo poucos e geralmente pequenos os remanescentes
naturais destas formações (FIGUEIREDO & ANDRADE, 2007).
A redução das formações florestais naturais pela
introdução de culturas agrícolas, reflorestamento, pecuária
e expansão urbana tem afetado a diversidade, a densidade e
as estratégias de sobrevivência de inúmeros grupos de
plantas e animais, inclusive de flebotomíneos, pois esse
processo vem selecionando espécies com capacidade de
colonizar as áreas modificadas e até mesmo o ambiente
peridomiciliar (MAYRINK et al., 1979; AZEVEDO et al., 1990).
No presente trabalho estudou-se a distribuição de
flebotomíneos em três diferentes setores de um fragmento
de Mata Ciliar de um dos principais rios de Urbano Santos,
Maranhão, Brasil, um município submetido ao estresse
pelo desmatamento, reflorestamento e outras atividades
antrópicas.
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MARTINS et al.
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado na propriedade da fazenda
Santo Amaro, município de Urbano Santos, Maranhão,
Brasil (43º24’59’’, 43º25’45’’W; 3º13’34’’, 3º14’16’’S). O
local situa-se na zona fisiográfica do Baixo Parnaíba,
distando aproximadamente 5 km da sede do município,
cuja altitude é de 41 m.
A área total da fazenda é de 123,122 ha, dos quais
26,922 ha são plantados com eucalipto de diferentes
variedades e sub-bosque composto por espécies do
Cerrado e das matas adjacentes. A maior parte da área é
ocupada por duas formações florestais distintas: um
fragmento de mata ciliar do rio Mocambo (um dos
principais rios do município) e um fragmento de Mata
Mesófila Semidecídua, imediatamente após a mata ciliar.
O estudo teve como foco o fragmento de mata ciliar
que se estende pela margem direita do rio Mocambo
(sentido montante-jusante). O limite norte se dá com uma
estreita área aberta em moderado nível de regeneração,
imediatamente seguido por uma plantação de eucalipto
com aproximadamente 20 anos de idade. No limite oeste
está a Mata Mesófila Semidecídua, constituindo-se quase
como um prolongamento da mata ciliar. Em alguns trechos
é praticamente impossível a distinção entre essas
formações. No limite sul encontra-se o riacho Santo
Amaro, um afluente do rio Mocambo.
As áreas mais próximas do rio permanecem alagadas
durante boa parte da estação chuvosa (dezembro a maio),
enquanto algumas áreas intermediárias só alagam após as
fortes chuvas (mesmo no período chuvoso), permanecendo
assim por alguns dias, dependendo do volume precipitado.
As áreas mais elevadas (mais próximas da Mata Mesófila)
não sofrem alagamento sazonal.
Para definição dos pontos de amostragem, o
fragmento de mata ciliar foi dividido em três setores (borda
A, centro e borda B). Para delimitação desses setores foram
instalados três transectos paralelos à margem do rio. A
distância entre os transectos foi estabelecida ao acaso. Em
cada um dos três transectos foram alocados, a cada 15 m,
um ponto. A borda A (setor norte do fragmento)
correspondeuaos primeiros trinta pontos de cada um dos
transectos, sendo os dois primeiros utilizados para
amostragem dos flebotomíneos. O centro (setor central do
fragmento) corresponde aos trinta pontos centrais de cada
transecto, sendo os dois pontos centrais utilizados para
amostragem dos flebotomíneos. A borda B (setor sul do
fragmento) corresponde aos trinta últimos pontos de cada
um dos transectos, sendo os dois últimos utilizados para
amostragem dos flebotomíneos.
Desse modo, em cada setor do fragmento foi
instalado um conjunto de 6 armadilhas luminosas modelo
CDC movidas à pilha posicionadas a uma altura de 1,5 m,
sempre nos mesmos locais. A distância entre as armadilhas
de um mesmo transecto foi de 15 m e entre o conjunto de
armadilhas foi de aproximadamente 780 m. As capturas
foram realizadas em junho e novembro de 2003 (estiagem)
e em janeiro e março de 2004 (estação chuvosa), sempre
em noites com baixa claridade para não interferir na
eficiência das armadilhas. As 18 armadilhas funcionaram
por 12 h consecutivas em cada coleta. O esforço de campo
totalizou 864 h.
Todos os espécimes capturados foram sacrificados
em câmara refrigerada e identificados no Laboratório de
Entomologia e Vetores da Universidade Federal do
Maranhão por técnicos da UFMA/FUNASA auxiliados
pela chave de identificação proposta por YOUNG &
DUNCAN (1994).
Análise dos dados. Utilizou-se o teste Qui-
quadrado (α=0,05) para analisar as diferenças na
proporção entre machos e fêmeas capturados. A análise
de variância fatorial (2 x 3) foi utilizada para avaliar as
diferenças nos números de espécimes capturados entre
os setores da mata e as duas estações. As armadilhas
que não obtiveram sucesso na captura dos flebotomíneos
foram excluídas das análises estatísticas.
Para a análise de diversidade utilizou-se o índice
de Shannon-Wienner (H’) (PIELOU, 1975) em função do
grande número de espécies representadas por poucos
indivíduos (KREBS, 1989). A equitabilidade foi calculada
pelo índice de Pielou (J’) e a similaridade da composição
de espécies entre os setores do fragmento foram
calculadas pelos índices de Jaccard (CCj, qualitativo) e
Morisita-Horn (CH, quantitativo) (KREBS, 1989).
Para a análise da abundância relativa (%) e seus
limites de confiança foi utilizado o método de KATO et al.
(1952). As espécies foram consideradas dominantes
quando seu limite de confiança inferior fosse maior que o
limite superior para espécies ausentes.
RESULTADOS
Foram encontradas 17 espécies de Lutzomyia
França, 1924: L. damascenoi (Mangabeira, 1941), L.
evandroi (Costa Lima & Antunes, 1936), L. flaviscutellata
(Mangabeira, 1942), L. fluviatilis (Floch & Abonnenc,
1944), L. infraspinosa (Mangabeira, 1941), L. lenti
(Mangabeira, 1938), L. longipalpis (Lutz & Neiva, 1912),
L. longipennis (Barreto, 1946), L. migonei (França, 1920),
L. monstruosa (Floch & Abonnenc, 1944), L. pinottii
(Damasceno & Arouk, 1956), L. richardwardi Ready &
Fraiha, 1981, L. sordellii (Shannon & Del Pont, 1927), L.
termitophila Martins, Falcão & Silva, 1971, L.
trinidadensis (Newstead, 1922), L. whitmani (Antunes
& Coutinho, 1939) e L. wellcomei (Fraiha, Shaw & Lainson,
1971).
A diversidade de flebotomíneos para o fragmento
foi de H’=2,015 nats/indivíduos e a equabilidade foi de
0,711 (Tab. I).
Foram capturados 306 espécimes (47,39% machos
e 52,61% fêmeas) (Tab. II). Não houve diferença estatística
significativa entre essas proporções (χ2-Yates = 0,837;
p=0,3912). As espécies mais abundantes foram L.
infraspinosa (41,18%), L. flaviscutellata (17,32%), L.
evandroi (9,15%), L. monstruosa (5,56%), L. termitophila
(4,58%), L. sordellii (4,25%), L. trinidadensis (3,92%),
L.whitmani (3,27%), L. lenti (2,61%), L. wellcomei
(2,29%), L. longipalpis (1,63%) e L. aff. longipennis
(1,63%) e seus limites de confiança (p = 0,05) (intervalos
de confiança, ver Fig. 1). As demais 5 espécies
representaram juntas 2,61%.
A riqueza de espécies foi maior no centro (14),
seguido das bordas B (13) e A (12). A abundância de
indivíduos entre os setores não apresentou diferenças
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significativas (F = 0,8537; gl. 2, 57; p = 0,5656) (Tab. I). A
diversidade também foi maior no centro (H’=2,14),
seguido da borda A (H’=1,91) e da borda B (H’=1,76)
(Tab. I). A equitabilidade também foi maior no centro do
fragmento (J’=0,8111) e menor na borda B (J’=0,6865)
(Tab. I).
Utilizando dados quantitativos, a similaridade foi
maior entre a borda A e o centro (CH=0,93), entre as bordas
(CH=0,8931) e menor entre o centro e a borda B
(CH=0,8642). Entretanto, quando utilizados dados
binários, a maior similaridade foi entre a borda B e o centro
(CCj=0,80, 12 espécies em comum), entre bordas
(CCj=0,667, 10 espécies em comum) e entre a borda A e o
centro (CCj=0,625, 10 espécies em comum),
respectivamente. Em relação às espécies exclusivas de
cada setor, a borda A apresentou 2 espécies exclusivas, o
centro 2 espécies e a borda B apenas uma espécie.
A abundância dos flebotomíneos não foi diferente
entre os setores (F = 0,5812; gl. 2, 69; p = 0,5671), nem
mesmo quando consideradas as diferentes estações
independentemente (estiagem: F = 0,4136; gl. 2, 33; p =
0,67 e estação chuvosa: F = 0,7086; gl. 2, 33; p = 0,5039).
As espécies dominantes, com exceção de L.
infraspinosa, variaram de acordo com o setor do fragmento.
Na borda A foram: L. infraspinosa (47,1%), L. evandroi
(15,3%), L. flaviscutellata (10,6%) e L. sordellii (5,9%)
(Fig. 2). No centro: L. infraspinosa (37,4%), L. sordellii
(9,1%), L. trinidadensis (9,1%), L. flaviscutellata (8,1%),
Figura 1. Abundância relativa (%) e seus limites de confiança dos
flebotomíneos da mata ciliar do rio Mocambo, município de Urbano
Santos, Maranhão, Brasil (2003-2004).
Figura 2. Abundância relativa (%) e seus limites de confiança dos
flebotomíneos na borda A do fragmento de mata ciliar do rio Mocambo,
município de Urbano Santos, Maranhão, Brasil (2003-2004).
Tabela I. Estrutura da comunidade de flebotomíneos entre os setores (bordas e centro) e para o fragmento de mata ciliar do rio Mocambo,
Município de Urbanos Santos, Maranhão, Brasil (2003-2004).
Espécies Borda A Centro Borda B Total
Lutzomyia infraspinosa 40 37 49 126
L. flaviscutellata 9 8 36 53
L. evandroi 13 9 6 28
L. monstruosa 4 7 6 17
L. termitophila - 8 6 1 4
L. sordellii 5 3 5 13
L. trinidadensis 2 9 1 12
L. whitmani 4 3 3 10
L. lenti 1 4 3 8
L. wellcomei 2 2 3 7
L. longipalpis 1 2 2 5
L. aff. longipenis 5 5
L. damascenoi 1 1 2
L. fluviatalis 2 2
L. richardwardi 2 2
L. migonei 1 1
L. pinottii 1 1
Números de espécimes 85 99 122 306
Números de espécies 12 14 13 17
Índice de Diversidade de Shannon (H’) 1,9140 2,1405 1,7600 2,0147
Equitabilidade (J’) 0,7209 0,8111 0,6865 0,7111
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MARTINS et al.
L. termitophila (8,1%), L. monstruosa (7,1%) e L. aff.
longipennis (5%) (Fig. 3). Na borda B: L. infraspinosa
(40,2%), L. flaviscutellata (29,5%), L. evandroi (4,9%),
L. monstruosa (4,9%), L. termitophila (4,9%) e L. sordellii
(4,1%) (Fig. 4).
Quatorze espécies estiveram presentes nas duas
estações, L. fluviatilis só foi encontrada na estação
chuvosa e L. migonei e L. pinottii na estiagem, sendo
que estas espécies têm ocorrência ocasional. As
diferenças na abundância de indivíduos entre as
estações não foram significativas, apesar de
apresentarem uma tendência de ser maior no período
de estiagem (56,2% na estiagem e 43,8% no período
chuvoso) (F=1,5435; gl.1, 58; p=0,2168). Entre as espécies
dominantes, somente L. flaviscutellata e L. evandroi
foram estatisticamente mais abundantes na estiagem
(F=5,097; gl. 1,70; p=0,0255 e F=8,6517; gl. 1,70;
p=0,0047, respectivamente) (Tab. II).
Foram capturados 80 machos e 92 fêmeas no
período da estiagem e 65 machos e 69 fêmeas na estação
chuvosa (Tab. II). Essas diferenças nas proporções entre
machos e fêmeas não foram significativas em nenhuma
dasestações (estiagem: χ2-Yates = 0,703; p=0,4016;
estação chuvosa: χ2-Yates = 0,067; p=0,7955).
Na estiagem, as espécies dominantes foram: L.
infraspinosa (30,81%), L. flaviscutellata (27,32%), L.
evandroi (14,53%), L. trinidadensis (4,65%), L. lenti
(4,07%), L. monstruosa (2,91%) e L. whitmani (2,91%).
Na estação chuvosa as dominantes foram: L. infraspinosa
(54,48%), L. monstruosa (8,95%), L. sordellii (7,46%), L.
termitophila (7,46%), L. flaviscutellata (4,48%) e L.
whitmani (3,73%) (Tab. II).
Tabela II. Flebotomíneos capturados por estação do ano, no fragmento de mata ciliar do do rio Mocambo, município de Urbanos Santos,
Maranhão, Brasil (χ2, Qui-quadrado de Yates; M, machos; F, fêmeas; T, total).
Estações Estiagem Chuvosa Total
χ2=0,703; p=0,4016 χ2=0,067; p=0,7955 χ2=0,837; p=0,3912
Espécies M F T M F T M F no %
Lutzomyia infraspinosa 26 27 53 39 34 73 65 61 126 41,18
L. flaviscutellata 27 20 47 4 2 6 31 22 53 17,32
L. evandroi 3 22 25 1 2 3 4 24 28 9,15
L. monstruosa 5 5 6 6 12 6 11 17 5,56
L. termitophila 4 4 1 9 10 1 13 14 4,58
L. sordellii 1 2 3 4 6 10 5 8 13 4,25
L. trinidadensis 7 1 8 2 2 4 9 3 12 3,92
L. whitmani 1 4 5 3 2 5 4 6 10 3,27
L. lenti 7 7 1 1 8 8 2,61
L. wellcomei 3 3 1 3 4 1 6 7 2,29
L. longipalpis 3 1 4 1 1 4 1 5 1,63
L. aff. longipenis 2 2 4 1 1 2 3 5 1,63
L. damascenoi 1 1 1 1 2 2 0,65
L. fluviatalis 2 2 2 2 0,65
L. richardwardi 1 1 1 1 2 2 0,65
L. migonei 1 1 1 1 0,33
L. pinottii 1 1 1 1 0,33
Total 80 92 172 65 69 134 145 161 306 100
Figura 3. Abundância relativa (%) e seus limites de confiança dos
flebotomíneos no centro do fragmento de mata ciliar do rio Mocambo,
município de Urbano Santos, Maranhão, Brasil (2003-2004).
Figura 4. Abundância relativa (%) e seus limites de confiança dos
flebotomíneos na borda B do fragmento de mata ciliar do rio Mocambo,
município de Urbano Santos, Maranhão, Brasil (2003-2004).
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Estrutura da comunidade de Phlebotominae (Diptera, Psychodidae)...
DISCUSSÃO
A comunidade de flebotomíneos encontra-se
amplamente distribuída na mata ciliar do município de
Urbano Santos. As diferenças entre os setores
aparentemente não afetaram de maneira marcada a
estrutura da comunidade, embora tenha-se percebido
mudança na ordem de dominância para algumas espécies
(mas não de L. infraspinosa, a espécie mais frequente da
área).
A diversidade neste estudo foi maior do que aquela
obtida no cerrado do município de Santa Quitéria (à 200
km), na periferia da sede municipal de Codó (à 300 km) e
em Caxias (à 400 km), todos situados na mesma zona
climática da área deste estudo (REBÊLO et al., 1999; MARTIN
& REBÊLO, 2006).
Entre as espécies encontradas neste estudo, L.
damascenoi e L. pinottii, constituíram o primeiro registro
para o Maranhão. Em acréscimo citamos ainda L.
flaviscutellata, L. fluviatilis, L. infraspinosa, L. migonei,
L. monstruosa e L. richardwardi, que juntamente com
aquelas encontradas por REBÊLO et al. (1999), perfazem
vinte e quatro espécies conhecidas para a região Nordeste
do Maranhão.
Apesar da grande riqueza de espécies, a densidade
de indivíduos de muitas delas foi muito baixa. Resultados
semelhantes foram obtidos por REBÊLO et al. (2000b) em
ambiente florestal da Amazônia maranhense. Essa baixa
frequência de indivíduos pode ser resultado da interação
de diversos fatores, como a ausência de fontes
alimentares sanguíneas, de criadouros e abrigos nas
proximidades dos pontos de coleta ou do raio de atração
das armadilhas, conforme discutido por MARTIN & REBÊLO
(2006). Ainda assim essas espécies aparentemente raras
e, como tal, sem importância na epidemiologia das
leishmanioses, podem adaptar-se ao novo meio devido
às alterações nas comunidades e desempenhar funções
importantes como vetores de Leishmania.
A dominância de L. infraspinosa nesse estudo é
curiosa, pois até o momento só havia registro dessa
espécie no lado oeste do Estado e, ainda assim, em baixa
densidade (REBÊLO et al., 2000a, b). Tal dominância pode
indicar a pouca sensibilidade desse flebotomíneo às
alterações existentes nos diferentes setores e, nesse
sentido, pode vir a se tornar uma das espécies com grande
potencial de adaptação a ambientes antropizados. O
mesmo raciocínio pode ser seguido para L.
flaviscutellata, que ainda não havia sido encontrada em
nenhum dos estudos realizados no interior do Maranhão,
sendo raros os exemplares capturados na ilha de São
Luís. De qualquer forma, a sua predominância pode
explicar o caso de leishmaniose cutânea difusa
diagnosticado em uma paciente moradora na sede
municipal de Urbano Santos (COSTA et al., 1992).
Destaca-se ainda a presença de L. lenti e L.
evandroi que têm aparecido em todos os levantamentos
realizados nos municípios do nordeste do Estado (REBÊLO
et al., 1999; LEONARDO & REBÊLO, 2004; MARTIN & REBÊLO,
2006) e de L. whitmani sempre presente nas áreas
silvestres e peridomiciliares rurais (REBÊLO et al. 1999,
2000a, b), o que explica a impressionante marca de 5.361
casos de leishmaniose tegumentar notificados na última
década, somente na região nordeste do Estado (COSTA et
al., 2005).
Considerando que os flebotomíneos são insetos
de ocorrência primariamente silvestre, a mata ciliar de
Urbano Santos representaria um hábitat primitivo para
as espécies encontradas neste estudo. Por esse motivo
estimula-se o desenvolvimento de projetos no sentido
de manter a integridade desse ecossistema com o intuito
de prevenir invasões de povoados rurais e até mesmo de
setores periurbanos de Urbano Santos por espécies de
flebotomíneos com capacidade de proliferar nesses
ambientes. No Maranhão já é bem conhecida a
proliferação do L. longipalpis em focos peridomiciliares
e periurbanos de calazar (ARAÚJO et al., 2000; CARVALHO
et al., 2000), mas se essa tendência se intensificar com L.
whitmani e outras espécies, o surgimento de focos
urbanos da leishmaniose cutânea será iminente, conforme
já se observa no município de Dom Pedro (LEONARDO &
REBÊLO, 2004).
Os estudos realizados no Maranhão mostraram que
os flebotomíneos podem ser encontrados em atividade
hematofágica em qualquer época do ano (REBÊLO, 2001;
REBÊLO et al., 2001a, b). Isso ocorre porque muitas espécies
se sucedem ao longo do ano, sendo poucas as que são
encontradas em todos os meses. Entretanto, a tendência
de maior abundância de indivíduos no período da
estiagem só corrobora os achados de REBÊLO et al. (2001b)
e opõe-se à maioria dos estudos realizados em outras
localidades do Maranhão, onde a estação chuvosa é a de
maior abundância.
Com este trabalho, ampliou-se o conhecimento
sobre a estrutura de comunidade da fauna flebotomínica
do Maranhão, teve-se a oportunidade de apresentar
dados sobre espécies até então desconhecidas no nordeste
do Estado e evidenciou-se o predomínio de L. infraspinosa
e L. flaviscutellata. Neste contexto, recomenda-se estudos
mais apurados no sentido de conhecer melhor as populações
dessas espécies e detectar a sua importância (ou não) como
vetores de Leishmania na área silvestre do município de
Urbano Santos.
Agradecimentos. À Comercial e Agrícola Paineiras Ltda.
por permitir a realização deste trabalho em sua propriedade. À
CAPES pela concessão de bolsa de mestrado ao primeiro autor.
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