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Conferências Ambientais da ONU

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AS CONFERÊNCIAS AMBIENTAIS DA ONU
Entender o processo de constituição das instâncias de governança ambiental internacional passa pela
compreensão das conferências das Nações Unidas sobre a temática. Da primeira conferência em 1972 até os
dias atuais, a ONU promoveu quatro conferências mundiais, que foram decisivas para que assuntos, como
meio ambiente equilibrado, desenvolvimento sustentável, mudanças climáticas, entre outros, assumissem
centralidade na agenda global. 
São elas:
1.  Conferência das Nações Unidades sobre o Meio Ambiente Humano (1972).
2.  Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1992).
3.  Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável – Rio+10 (2002).
Em 1968, a Assembleia-Geral das Nações Unidas, por meio da Resolução nº 2.398 (XXIII), decidiu pela
realização de uma conferência mundial para discutir as questões ambientais. Dessa forma, ocorreu, de 5 a 16
de junho de 1972, na cidade de Estocolmo, Suécia, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente
Humano, que é considerada um marco do direito ambiental internacional. 
No curso dos trabalhos da Conferência, os países participantes dividiram-se em duas correntes de
interpretação sobre os problemas ambientais (MELO, 2017):   de um lado, os preservacionistas, liderados
pelos países desenvolvidos, que defenderam a mitigação nas intervenções antrópicas sobre o meio
ambiente;   de outro, os desenvolvimentistas, composta pelos países em desenvolvimento, entre os quais o
Brasil, que defendiam a aceitação da poluição e que a preocupação deveria ser com o crescimento
econômico. 
Ao término dos trabalhos foi editada a Declaração de Estocolmo sobre Meio Ambiente Humano, com 26
princípios. O Princípio 1 da Declaração reconhece o meio ambiente com qualidade como direito fundamental:
No quadro de governança internacional, em dezembro de 1972, foi criado o Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente (PNUMA), com sede em Nairóbi, Quênia, responsável por promover a proteção ao meio
ambiente e o uso e�ciente de recursos naturais no contexto do desenvolvimento sustentável. O PNUMA é
uma agência do Sistema das Nações Unidas e a principal autoridade global em meio ambiente (MELO, 2017).
O homem tem o direito fundamental à liberdade, à igualdade e ao desfrute de condições
de vida adequadas, em um meio ambiente de qualidade tal que lhe permita levar uma vida
digna, gozar de bem-estar e é portador solene de obrigação de proteger e melhorar o
meio ambiente, para as gerações presentes e futuras.
— (ONU, 1972, p. 2)
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A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92), realizada em 1992, na
cidade do Rio de Janeiro, também conhecida como a Cúpula da Terra, representou o momento máximo da
preocupação ambiental global. Foram produzidos      cinco      documentos internacionais: (i) Declaração do Rio
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento; (ii) Agenda 21; (iii) Convenção-Quadro sobre Mudanças do Clima; (iv)
Convenção sobre Diversidade Biológica ou da Biodiversidade; (v) Declaração de Princípios sobre Florestas.
Desses, somente a Convenção-Quadro sobre Mudança do Clima e a Convenção sobre Diversidade Biológica
possuem força jurídica vinculante, obrigatória, denominados no direito internacional de hard law. Os demais
são declarações, destituídas de caráter vinculante, chamadas de soft law. 
A Declaração do Rio é um documento que contém 27 princípios, norteadores do direito ambiental na esfera
internacional e fonte para o desenvolvimento principiológico na legislação ambiental dos países. A Declaração
do Rio traz preceitos fundamentais para o desenvolvimento de uma agenda internacional de proteção ao
meio ambiente, que conjugue compromissos e obrigações para os Estados.
No que se refere à Agenda 21, trata-se de um documento programático, com 40 capítulos, em que se
estabelecem diretrizes para a implementação do desenvolvimento sustentável, do espaço global ao local.
Já a Convenção sobre Diversidade Biológica é o mais importante instrumento internacional de proteção da
biodiversidade. Os objetivos da Convenção sobre Diversidade Biológica são: (i) a conservação da diversidade
biológica; (ii) a utilização sustentável de seus componentes; (iii) a repartição justa e equitativa dos benefícios
derivados da utilização dos recursos genéticos, mediante, inclusive, o acesso adequado aos recursos genéticos
e a transferência adequada de tecnologias pertinentes, levando em conta todos os direitos sobre tais recursos
e tecnologias      e mediante �nanciamento adequado (MELO, 2017).
Por �m, a Declaração de Princípios sobre Florestas é um documento sem força jurídica vinculativa. Em seu
conteúdo, ela exprime que os países, em especial os desenvolvidos, devem empreender esforços para
recuperar a Terra por meio de re�orestamento, arborização e conservação �orestal.
Em 2002, a ONU promoveu, em Johanesburgo, África do Sul, a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento
Sustentável, também conhecida como Rio+10. Em seus debates, emergiu a necessidade de adoção de
medidas concretas para executar os objetivos da Agenda 21 até então não su�cientemente implementados,
além do enfoque na importância da concretização de políticas públicas para um crescimento com
sustentabilidade. Dois foram os documentos o�ciais da Cúpula Mundial: Declaração Política e Plano de
Implementação.
A Declaração Política, denominada “O Compromisso de Johanesburgo sobre Desenvolvimento Sustentável”,
rea�rma os princípios das duas conferências anteriores e faz uma análise da pobreza e da má distribuição de
renda no mundo. O Plano de Implementação é o documento das metas, assentadas em três objetivos: (i) a
erradicação da pobreza; (ii) a alteração nos padrões insustentáveis de produção e consumo; (iii) a proteção
dos recursos naturais para o desenvolvimento econômico e social. A partir deles, o Plano de Implementação
relaciona as medidas de desenvolvimento sustentável para cada região do planeta.
Em junho de 2012, a cidade do Rio de Janeiro foi palco da Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). A Rio+20 teve dois temas principais: (i) a economia verde no contexto
do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza; (ii) a estrutura institucional para o
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desenvolvimento sustentável (MELO, 2017). A Rio+20 não teve a mesma representatividade das conferências
anteriores. Os países desenvolvidos, diante da crise econômica global de 2008, optaram por não se
comprometer      com medidas vinculantes ou mesmo metas especí�cas para as diversas temáticas com
pertinência ambiental. O documento �nal da Conferência é denominado “O Futuro que Queremos”, contendo
283 tópicos que, em linhas gerais, relaciona a renovação dos compromissos políticos das      conferências
anteriores (Estocolmo/1972, Rio/1992 e Johanesburgo/2002) e consigna proposições genéricas sobre a
economia verde e o quadro institucional para o desenvolvimento sustentável (MELO, 2017).
Por �m, em 28 de julho de 2022, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou uma resolução declarando
que todas as pessoas têm direito a um meio ambiente limpo e saudável (ONU, 2022). Apesar de não ser
vinculante, a resolução é um importante indicativo para a proteção ambiental em todo o planeta.A INTERFACE INTERNACIONAL E O DIREITO BRASILEIRO
As decisões proclamadas nas conferências das Nações Unidas e nos acordos internacionais têm in�uência
direta na estrutura jurídica e nos órgãos de governança ambiental nacional. Há uma simbiose entre direito
internacional e nacional na proteção ambiental. Isso se dá tanto pela incorporação dos tratados ambientais na
ordem jurídica brasileira quanto pela inspiração na elaboração de diplomas legais na legislação brasileira.
Inicialmente, a aprovação de um tratado pelo Brasil passa por estágios, como a negociação; a assinatura pelo
representante do Estado, no caso do Brasil, o Presidente da República; a aprovação pelas duas casas do
Congresso Nacional – Câmara dos Deputados e Senado Federal; a rati�cação, ato pelo qual o país assume a
obrigação de cumpri-lo no plano internacional. Com essas etapas, o tratado é válido em nível internacional.
Contudo, para concluir a incorporação do tratado, o Presidente da República edita um decreto com a sua
promulgação na ordem jurídica brasileira. Com isso, o Brasil assume uma série de obrigações para a
implementação correspondente, de acordo com as disposições especí�cas de cada convenção. Para
exempli�car, no caso da Convenção-Quadro sobre Mudança do Clima, o Brasil assumiu o compromisso de
reduzir as suas emissões de gases de efeito estufa, o que implica uma série de medidas e instrumentos para
observar as prescrições da Convenção-Quadro, o que afeta todos os setores do país, como o poder público, a
esfera empresarial e a sociedade civil. O Acordo de Paris, decorrência da Convenção-Quadro, também foi
incorporado à ordem jurídica brasileira. A propósito, o Supremo Tribunal Federal reconheceu recentemente o
Acordo de Paris como um tratado de direitos humanos, ou seja, possui um status especial, de supralegalidade,
estando acima da legislação brasileira, mas abaixo da Constituição (BRASIL, 2022). Isso signi�ca que a
legislação ordinária terá que observar as normas do Acordo de Paris para a redução dos gases de efeito
estufa.
Figura 1 Status dos Tratados de Direitos Humanos
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Fonte: elaborado pelo autor.
Outro exemplo de aplicabilidade dessa sistemática é Convenção sobre Diversidade Biológica, que, além de
incorporada internamente, proporcionou a edição do Decreto nº 4.339/2002, com os princípios e as diretrizes
para a implementação da Política Nacional da Biodiversidade. Esses são somente alguns exemplos da
dinâmica de relação entre as esferas nacional e internacional. Portanto, os compromissos no âmbito
internacional têm implicações diretas no direito brasileiro. Ser signatário de um tratado em matéria ambiental
é assumir obrigações perante a comunidade internacional e conferir a sua observância na ordem jurídica
doméstica.
A partir da normatização internacional, temos re�exos na ordem jurídica brasileira, inclusive em nível
constitucional. Até mesmo instrumentos sem força jurídica vinculante, como as declarações, têm in�uência. A
Declaração de Estocolmo, de 1972, inseriu o meio ambiente no rol dos direitos humanos, enquanto o
Relatório Nosso Futuro Comum, de 1987, consignou que o meio ambiente deve ser protegido para as
presentes e futuras gerações. O art. 225 da Constituição de 1988, que é o coração da proteção ambiental em
nível constitucional, dispôs que o meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito fundamental e que
deve ser protegido para as presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988). Essa passagem demonstra a
in�uência das discussões da ONU. Em nível infraconstitucional, o exemplo mais signi�cativo é a Declaração do
Rio de Janeiro, de 1992, que trouxe princípios internacionais de proteção ao meio ambiente, que são
atualmente previstos na legislação brasileira, como os princípios da precaução, poluidor-pagador, participação
comunitária, informação e análogos. No mesmo sentido, a Agenda 21, elaborada em 1992, que apesar de não
ser obrigatória, serviu de parâmetro para muitas iniciativas nos órgãos da Administração Pública brasileira e
no setor empresarial.
Com relação à legislação propriamente dita, o Brasil editou leis a partir das discussões originárias nos
documentos e acordos das organizações supranacionais. Como exemplos, a Lei nº 12.187/2009, que instituiu a
Política Nacional de Mudanças do Clima, e a Lei nº 13.123/2015, que disciplina conteúdo atinente à
biodiversidade e ao patrimônio genético.
No que se refere à estrutura administrativa brasileira, ela é igualmente in�uenciada pelas conferências das
Nações Unidas. Após a realização da Conferência de Estocolmo, o Brasil criou, em 1973, no âmbito do
Ministério do Interior, a Secretaria Especial de Meio Ambiente da Presidência da República, como primeiro
órgão nacional de proteção ao meio ambiente, tendo como secretário o Sr. Paulo Nogueira Neto. Em 1992,
após a Cúpula da Terra (Rio-     92), a Secretaria de Meio Ambiente se transformou no Ministério do Meio
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Ambiente e Amazônia Legal, integrando a estrutura diretamente vinculada à Presidência da República (MELO,
2017). Por todos esses elementos, evidencia-se a in�uência do domínio internacional em face da legislação
brasileira.
VÍDEO RESUMO
Nesse vídeo, conheceremos o sistema de proteção internacional ao meio ambiente, a partir do sistema global
das Nações Unidas (ONU). Para tanto, faremos uma abordagem do processo de a�rmação da proteção
ambiental, a partir das conferências da ONU. Por �m, demostraremos a relação entre o direito internacional e
o direito brasileiro. Vamos juntos? Estou te aguardando para essa aula!
 Saiba mais
Nessa aula, estudamos o sistema internacional de proteção ao meio ambiente. Como forma de
aprofundar, uma sugestão é conhecer o site da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) ,
que mantém um banco de dados com as principais convenções internacionais em matéria de meio
ambiente. Trata-se de uma oportunidade de conhecer os documentos e instrumentos globais das
principais temáticas ambientais.
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
INTRODUÇÃO
Querido aluno, é uma alegria tê-lo conosco em uma aula sobre um tema fundamental para a sua formação
pro�ssional: a sustentabilidade.
Atualmente, não há nenhuma discussão estatal ou empresarial que prescinda da sustentabilidade enquanto
um valor central para as nossas sociedades, em todas as escalas, do global ao local. Por meio da
sustentabilidade, temos o compromisso de compatibilização das atividades econômicas com a proteção ao
Aula 2
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Por meio da sustentabilidade, temos o compromisso de compatibilização das atividades econômicas com
a proteção ao meio ambiente.
33 minutos
https://cetesb.sp.gov.br/centroregional/

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