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PAPEL E ABRANGÊNCIA DO MPT
A Constituição Federal de 1988, em seu art. 127, caput, declina expressamente o conceito de Ministério Público, como se verifica a seguir:
“Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regimento democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.”
O CPC/2015 compatibilizou seus dispositivos com a redação prevista na CF/1988 e estabeleceu, em seu artigo 176, que o Ministério Público atuará na defesa:
Da ordem jurídica
Do regime democrático
Dos interesses e direitos sociais e individuais indisponíveis
Destacamos, ainda, que o Ministério Público é órgão independente, não estando vinculado a nenhum dos demais poderes (Executivo, Legislativo ou Judiciário). Tem autonomia funcional, administrativa e financeira (CF, art. 127, §2º).
O Ministério Público do Trabalho (MPT), objeto do presente estudo, é ramo do Ministério Público da União, incumbido de tutelar os direitos difusos, coletivos, individuais homogêneos e individuais indisponíveis, quando pautados na relação de trabalho. Em regra, as atribuições do Ministério Público do Trabalho estão ligadas às matérias de competência da Justiça do Trabalho.
Saiba mais
O MPT tem como foco principal a tutela coletiva, ou seja, age para defender diversos trabalhadores a um só tempo. Além disso, a atuação desse ramo ministerial busca despersonalizar o empregado, já que não age em nome do empregado X ou Y, mas para garantir o direito de diversos trabalhadores.
Excepcionalmente, o MPT poderá tutelar interesses individuais, quando buscar a defesa dos direitos e interesses dos menores, incapazes e índios, decorrentes das relações de trabalho.
O Ministério Público do Trabalho possui as seguintes metas institucionais:
swap_horiz Arraste para os lados.
Combater as fraudes na relação de trabalho.
Preservar o meio ambiente do trabalho adequado.
Erradicar o trabalho infantil.
Combater as práticas discriminatórias.
Erradicar o trabalho escravo e degradante.
Eliminar as irregularidades trabalhistas na administração pública.
Garantir a liberdade sindical e buscar a pacificação dos conflitos coletivos de trabalho.
Sua atuação pode ser extrajudicial e judicial.
No campo extrajudicial, utiliza-se basicamente do:
Inquérito Civil (IC)
Termo de Ajustamento de Conduta (TAC)
Além de outros mecanismos eficazes a assegurar a observância dos direitos sociais, como é o caso das audiências públicas e das recomendações.
Por meio do Inquérito Civil, o MPT investiga determinados fatos, com o objetivo de colher elementos de convicção para verificar se existem lesões ou ameaças de lesões aos direitos dos trabalhadores. Verificando a existência de lesões ou ameaças de lesões, o MPT poderá afirmar Termo de Ajustamento de Conduta, que é um mecanismo extrajudicial em que o infrator da lei se compromete a se ajustar aos comandos legais, formando-se um título executivo extrajudicial (CLT, art. 876).
Exemplo
O MPT instaura um IC diante da denúncia que o empregador excede a jornada de trabalho dos motoristas empregados. Nessa hipótese, a Gerência Regional do Trabalho e Emprego expede Auto de Infração relativo ao excesso de jornada para que o empregador realize o pagamento da multa.
Observando a continuidade do ato ilícito pela empresa, o MPT propõe a assinatura do TAC pela empresa. Caso a empresa não tenha interesse em firmar o TAC, o Ministério Público do Trabalho pode se utilizar do âmbito judicial. Nesse caso, vale-se, em regra, da ação civil pública, ação civil coletiva, ação rescisória, dissídio coletivo de greve etc.
O IC e o TAC são facultativos, de modo que o Ministério Público, tomando ciência de lesão ou ameaça de lesão a direitos trabalhistas, poderá, imediatamente, ajuizar ação civil pública.
Em alguns casos, o MPT atua na reclamação trabalhista como fiscal da ordem jurídica. Aliás, a terminologia “fiscal da ordem jurídica” foi uma das inovações trazidas pelo CPC/2015, uma vez que o CPC/1973 denominava essa atuação do Ministério Público como fiscal da lei. Essa alteração é condizente com o art. 127, caput, da CF/1988, indicando que o órgão ministerial deve zelar não apenas pelo cumprimento da lei, mas também pelas demais fontes do ordenamento jurídico, tais como os princípios.
Saiba mais
O Ministério Público quando atua como fiscal da ordem jurídica deve proferir parecer no prazo de 8 dias (Lei nº 5.584/1970, art. 5º), salvo no mandado de segurança, no qual o prazo é de 10 dias, conforme descreve o art. 12 da Lei nº 12.016/2009.
O art. 83, da LC nº 75/1993, prevê as seguintes atribuições do Ministério Público do Trabalho:
I
Promover as ações que lhe sejam atribuídas pela Constituição Federal e pelas leis trabalhistas;
II
Manifestar-se em qualquer fase do processo trabalhista, acolhendo solicitação do juiz ou por sua iniciativa, quando entender existente interesse público que justifique a intervenção;
III
Promover a ação civil pública no âmbito da Justiça do Trabalho, para defesa de interesses coletivos, quando desrespeitados os direitos sociais constitucionalmente garantidos;
IV
Propor as ações cabíveis para declaração de nulidade de cláusula de contrato, acordo coletivo ou convenção coletiva que viole as liberdades individuais ou coletivas ou os direitos individuais indisponíveis dos trabalhadores;
V
Propor as ações necessárias à defesa dos direitos e interesses dos menores, incapazes e índios, decorrentes das relações de trabalho;
VI
Recorrer das decisões da Justiça do Trabalho, quando entender necessário, tanto nos processos em que for parte, como naqueles em que oficiar como fiscal da lei, bem como pedir revisão dos Enunciados da Súmula de Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho;
VII
Funcionar nas sessões dos Tribunais Trabalhistas, manifestando-se verbalmente sobre a matéria em debate, sempre que entender necessário, sendo-lhe assegurado o direito de vista dos processos em julgamento, podendo solicitar as requisições e diligências que julgar convenientes;
VIII
Instaurar instância em caso de greve, quando a defesa da ordem jurídica ou o interesse público assim o exigir;
IX
Promover ou participar da instrução e conciliação em dissídios decorrentes da paralisação de serviços de qualquer natureza, oficiando obrigatoriamente nos processos, manifestando sua concordância ou discordância, em eventuais acordos firmados antes da homologação, resguardado o direito de recorrer em caso de violação à lei e à Constituição Federal;
X
Promover mandado de injunção quando a competência for da Justiça do Trabalho;
XI
Atuar como árbitro, se assim for solicitado pelas partes, nos dissídios de competência da Justiça do Trabalho;
XII
Requerer as diligências que julgar convenientes para o correto andamento dos processos e para a melhor solução das lides trabalhistas;
XIII
Intervir obrigatoriamente em todos os feitos nos segundo e terceiro graus de jurisdição da Justiça do Trabalho quando a parte for pessoa jurídica de Direito Público, Estado estrangeiro ou organismo internacional (grifo nosso).
Relevante papel do MPT no combate aos danos extrapatrimoniais coletivos
Segundo Schreiber (2013, p. 412), a atuação do Ministério Público do Trabalho, ente legitimado para a tutela de direitos coletivos, tem gerado grandes resultados nas ações coletivas no campo trabalhista. Interessante destacar que a atuação de forma coletiva mitiga a dificuldade de acesso individual à Justiça, permite plena compreensão da dimensão social da demanda e garante uma decisão unitária para todas as vítimas, sem riscos de tratamentos conflitantes a casos idênticos, como é costumeiro na justiça individual.
Apesar de seu conceito ser altamente controvertido, de acordo com Tartuce (2012, p. 466), o dano moral coletivo atinge, ao mesmo tempo, vários direitos da personalidade, de pessoas determinadas ou determináveis, ou seja, o patrimônio imaterial de uma coletividade.
A aceitação do dano moral coletivo dependeu do alargamento da tese de reparação de danos morais para permitir figurar nopolo passivo um ente jurídico. Essa subclassificação, segundo Mello (2015, p. 30-31), é fundamental para abarcar fenômenos que transcendem a individualidade.
Nesse contexto, se a reparação por danos extrapatrimoniais se fundamenta na centralidade e na singularidade do ser humano, o que dizer para justificar a condenação por danos coletivos sem perder a coerência do argumento? Leonardo Roscoe Bessa (2018) destaca que “o objetivo de se prever, ao lado da possibilidade de indenização pelos danos materiais, a condenação por dano moral coletivo, só encontra justificativa pela relevância social e interesse público inexoravelmente associados à proteção e tutela dos direitos metaindividuais”.
Para Enoque Ribeiro dos Santos (2016, p. 86),
A finalidade da reparação pelo dano moral coletivo é dupla: prevenir futura conduta ilícita por parte dos infratores, que irão sentir no bolso os efeitos de sua incúria, e, dessa forma, obstar práticas reincidentes, bem como servir de exemplo para os demais empresários, no sentido de que o comportamento do infrator é a tal ponto condenável que veio merecer uma sanção complementar e pedagógica.
Com razão. Diferentemente da lógica da reparação do dano individual, a reparação dos danos coletivos e difusos enseja tratamento próprio específico no que tange à responsabilização do agente causador, seja quanto à forma, seja quanto à função que a orienta. No campo da tutela dos direitos coletivos, o mecanismo de reparação de danos dá-se por meio da condenação do ofensor ao pagamento de uma parcela pecuniária, com finalidade específica.
Saiba mais
Na fixação do valor indenizatório do dano moral coletivo, os magistrados estão considerando, em linhas gerais, os mesmos parâmetros utilizados para a fixação do dano moral individual, levando-se em conta os preceitos do art. 944 do Código Civil, utilizado de forma subsidiária.
Segundo Xisto de Medeiros Neto (2014, p. 196), “a imposição dessa parcela ao ofensor corresponde à forma de responsabilização concebida pelo sistema jurídico, equivalente ao que se convencionou chamar de reparação por dano moral coletivo, e que tem o objetivo de atender, com primazia, à função sancionatória e pedagógica reconhecida à tutela desta categoria de danos”. Não se trata, propriamente, de uma reparação típica, de finalidade compensatória, nos moldes do que se observa em relação aos danos extrapatrimoniais individuais.
A relevância da previsão legal dessa reparação é facilmente percebida quando se defrontam hipóteses de violação grave a direitos coletivos e se constata que a simples cessação da conduta danosa ilícita ou o cumprimento, a partir de dado momento, da obrigação legal até então negligenciada, deixaria impune o ofensor, em relação ao tempo em que se deu a violação, sem qualquer meio hábil que pudesse responsabilizá-lo pela lesão havida, na maior parte das vezes irreversível. Ademais, em tais hipóteses de danos à coletividade, a ausência ou mesmo a não admissão de uma forma própria de reparação representaria fator de incentivo à prática de novas condutas antijurídicas, em que o violador auferiria vantagem indevida, principalmente de ordem econômica.
No âmbito do Direito do Trabalho é comum o dano moral coletivo em casos de:
Dispensas discriminatórias
Exploração de trabalho infantil
Submissão de trabalho à condição análoga à de escravo
Danos ao meio ambiente do trabalho etc.
Em linhas gerais, configurar-se-á dano moral coletivo (MELO, 2015, p. 32):
A exposição de grupos de trabalhadores a situações vexatórias, humilhantes ou constrangedoras.
O descumprimento, por parte dos empregadores, dos direitos sociais trabalhistas difusos, individuais homogêneos ou coletivos.
O incumprimento acerca do direito à realização periódica de exames médicos.
A violação do direito ao piso salarial ou normativo da categoria.
O desrespeito ao direito à saúde, higiene e segurança do trabalho.
Assim como a proteção a discriminações que envolvam gênero, idade, saúde e ideologia na admissão do emprego ou na vigência do contrato de trabalho.
A lesão a bens e interesses da coletividade deve ensejar uma reparação adequada e eficaz a esta peculiar modalidade de dano extrapatrimonial, que se efetiva sob a forma de uma condenação em dinheiro imposta ao ofensor em valor que reflita, necessária e prevalentemente, o caráter sancionatório e pedagógico da medida.
Tendo em vista as características próprias do dano moral coletivo, a condenação pecuniária reparatória pode apresentar também natureza sancionatória em relação ao ofensor, e não apenas reparatória ou preventiva. Com isso, realça-se, também, a intenção de dissuadir o violador de praticar novamente tais ofensas, inclusive em face de terceiros, aspecto que aviva a finalidade preventiva de tal forma de responsabilização.
Portanto, o que se almeja nessa órbita de danos extrapatrimoniais, tendo como sujeito passivo a coletividade, é impor ao ofensor condenação pecuniária que signifique sanção pela prática da conduta ilícita. De forma secundária, concebe-se alguma finalidade compensatória em sede de reparação do dano moral coletivo, considerando ser a coletividade o sujeito passivo da violação, e a parcela da condenação imposta judicialmente ter como objetivo a “reconstituição dos bens lesados”, conforme previsto no artigo 13 da Lei nº 7.347/1985 (Lei de Ação Civil Pública).
Legitimação do Ministério Público para ajuizamento de ações civis públicas
É praticamente pacífico na doutrina e na jurisprudência que o MP tem legitimidade para propor Ação Civil Pública na defesa dos interesses difusos e coletivos (art. 129, III da CF). Divergência ainda reina, contudo, na hipótese de legitimação para defesa de interesses e direitos individuais homogêneos.
Inicialmente, a doutrina e jurisprudência dominantes não admitiam a legitimidade do Ministério Público para propor demanda visando à proteção de interesses e direitos individuais homogêneos, até porque a Lei da Ação Civil Pública não a prevê. O próprio MP dizia que não poderia ser atrelado a defesas individuais, porque se o direito é individual, ainda que o dano tenha origem comum, deslocaria o MP de suas relevantes funções, que são a defesa da sociedade como um todo.
Atualmente, porém, a jurisprudência já está equilibrada, admitindo-se tal legitimidade em diversas hipóteses.
Clique nas barras para ver as informações.
PARA PEDRO DINAMARCO (2001, P. 213)
A legitimidade do Ministério Público para a defesa de interesses e direitos individuais homogêneos residiria na sua qualidade de indisponibilidade. Assim, “a solução correta é a de que os interesses individuais homogêneos só podem ser defendidos pelo Ministério Público, por meio da ação civil pública, quando eles forem, simultaneamente, indisponíveis.” Sua posição se sustenta, basicamente, no fato de a Constituição Federal não ter feito qualquer menção em seu texto sobre a possibilidade de o MP defender interesses individuais disponíveis, não sendo, portanto, permitido à instituição mencionada a defesa de forma indiscriminada de direitos individuais homogêneos.
PARA HUMBERTO DALLA BERNARDINA DE PINHO (2001)
Os direitos individuais homogêneos são individuais na origem, entretanto, em razão de sua relevância social, são tratados pela lei como coletivos, e assim tutelados. A legitimidade do MP para o ajuizamento de Ação Civil Pública em defesa de interesses difusos e coletivos tem previsão constitucional expressa (art. 129, III CF). Explica que a falta da inclusão, no mesmo dispositivo constitucional dos direitos individuais homogêneos, tem razão no fato de que nem todas as situações individuais alcançam dimensão de justificar a atuação do MP, ao contrário do que ocorre com os interesses difusos e coletivos, que, pela natureza, têm afetação automática à coletividade, e não apenas ao indivíduo.
Em verdade, em se tratando de ação coletiva, qualquer que seja a sua modalidade, tem o MP legitimidade, pois, se cabe a ele decidir quando deve intervir como fiscal da lei, deve caber a ele também, de forma independente e autônoma, decidir quandoexiste dano social e que o deva motivar a ingressar com uma ação coletiva, já que o Parquet no aspecto processual é a própria sociedade em juízo.
TERMOS DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA TRABALHISTA (TAC)
O art. 5º, §6º, da Lei nº 7.347/1985 estabelece que “os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial”.
Assim, verificando a existência de lesões ou ameaças de lesões, o MPT poderá firmar Termo de Ajustamento de Conduta, mecanismo extrajudicial em que o infrator da lei se compromete a se ajustar aos comandos legais, formando-se um título executivo extrajudicial (CLT, art. 876).
Atenção
O TAC não pode ser utilizado para concessões que impliquem renúncia aos direitos ou interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos se o Ministério Público não for o titular de direitos. Deve, assim, ficar restrito à interpretação do direito para o caso concreto, à especificação das obrigações adequadas e necessárias, em especial o modo, tempo e lugar de cumprimento, bem como à mitigação, à compensação e à indenização dos danos que não possam ser recuperados (CNMP – Resolução nº 179/2017, art. 1º, §1º).
A celebração de TAC com o Ministério Público não afasta, necessariamente, a eventual responsabilidade administrativa ou penal pelo mesmo fato, nem importa, automaticamente, no reconhecimento de responsabilidade para outros fins que não os estabelecidos expressamente no compromisso (CNMP – Res. nº 179/2017, art. 1º, §3º).
O TAC poderá ser firmado em qualquer fase da investigação, nos autos de inquérito civil ou procedimento correlato, ou no curso da ação judicial, devendo conter obrigações certas, líquidas e exigíveis, salvo peculiaridades do caso concreto, a ser assinado pelo órgão do Ministério Público e pelo compromissário (CNMP – Res. nº 179/2017, art. 3º).
Clique nas informações a seguir.
Quando o compromissário for pessoa física...
Quando o compromissário for pessoa jurídica...
Tratando-se de empresa pertencente a um grupo econômico, deverá assinar o representante legal da pessoa jurídica controladora à qual esteja vinculada, sendo admissível a representação por procurador com poderes especiais outorgados pelo representante (CNMP – Res. nº 179/2017, art. 3º, §3º).
O compromisso de ajustamento de conduta deverá prever multa diária ou outras espécies de cominação para o caso de descumprimento das obrigações nos prazos assumidos, admitindo-se, em casos excepcionais e devidamente fundamentados, a previsão de que esta cominação seja fixada judicialmente, se necessária à execução do compromisso (CNMP – Res. nº 179/2017, art. 4º).
A necessidade de revisão de TACs em casos de terceirização
Tem sido bastante comum a hipótese de empresas que tenham firmado termos de ajustamento de conduta comprometendo-se a não terceirizar serviços sentirem a necessidade de revisão dos respectivos acordos, a partir das decisões vinculantes do Supremo Tribunal Federal que autorizam a terceirização em atividades-fim, inclusive.
Atenção
Em verdade, a partir das Leis n° 13.429 e 13.467, ambas de 2017, restou expressamente regulamentada a terceirização em geral, para qualquer tipo de perfil contratual, de acordo com os artigos 4º-A e 5º-A da Lei n° 6.019/1974, os quais permitem a adoção do modelo terceirizado para execução de todas as atividades desenvolvidas, inclusive a principal, permitida, ademais, a subcontratação dos serviços, ou seja, a “quarteirização”.
Em relação ao período pretérito, ações constitucionais relevantes foram servis à fixação de tese favorável ao instituto da terceirização. Confira-se, com destaques, o julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 324 pelo Supremo Tribunal Federal:
Direito do Trabalho. Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental. Terceirização de atividade-fim e de atividade-meio. Constitucionalidade.
ADPF 324, Relator: ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 30/08/2018, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-194 DIVULG 05-09-2019 PUBLIC 06-09-2019.
1
A Constituição não impõe a adoção de um modelo de produção específico, não impede o desenvolvimento de estratégias empresariais flexíveis, tampouco veda a terceirização. Todavia, a jurisprudência trabalhista sobre o tema tem sido oscilante e não estabelece critérios e condições claras e objetivas, que permitam sua adoção com segurança. O Direito do Trabalho e o sistema sindical precisam se adequar às transformações no mercado de trabalho e na sociedade.
2
A terceirização das atividades-meio ou das atividades-fim de uma empresa tem amparo nos princípios constitucionais da livre iniciativa e da livre concorrência, que asseguram aos agentes econômicos a liberdade de formular estratégias negociais indutoras de maior eficiência econômica e competitividade.
3
A terceirização não enseja, por si só, precarização do trabalho, violação da dignidade do trabalhador ou desrespeito a direitos previdenciários. É o exercício abusivo da sua contratação que pode produzir tais violações.
4
Para evitar tal exercício abusivo, os princípios que amparam a constitucionalidade da terceirização devem ser compatibilizados com as normas constitucionais de tutela do trabalhador, cabendo à contratante: i) verificar a idoneidade e a capacidade econômica da terceirizada; e ii) responder subsidiariamente pelo descumprimento das normas trabalhistas, bem como por obrigações previdenciárias (art. 31 da Lei 8.212/1993).
5
A responsabilização subsidiária da tomadora dos serviços pressupõe a sua participação no processo judicial, bem como a sua inclusão no título executivo judicial.
6
Mesmo com a superveniência da Lei 13.467/2017, persiste o objeto da ação, entre outras razões porque, a despeito dela, não foi revogada ou alterada a Súmula 331 do TST, que consolidava o conjunto de decisões da Justiça do Trabalho sobre a matéria, a indicar que o tema continua a demandar a manifestação do Supremo Tribunal Federal a respeito dos aspectos constitucionais da terceirização. Além disso, a aprovação da lei ocorreu após o pedido de inclusão do feito em pauta.
7
Firmo a seguinte tese: “1. É lícita a terceirização de toda e qualquer atividade, meio ou fim, não se configurando relação de emprego entre a contratante e o empregado da contratada.
2. Na terceirização, compete à contratante: i) verificar a idoneidade e a capacidade econômica da terceirizada; e ii) responder subsidiariamente pelo descumprimento das normas trabalhistas, bem como por obrigações previdenciárias, na forma do art. 31 da Lei 8.212/1993”.
8
ADPF julgada procedente para assentar a licitude da terceirização de atividade-fim ou meio. Restou explicitado pela maioria que a decisão não afeta automaticamente decisões transitadas em julgado.
Vejam-se, também, outros dois importantes julgados do STF:
Clique nas barras para ver as informações.
RE 760931
RECURSO EXTRAORDINÁRIO REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA COM REPERCUSSÃO GERAL. DIREITO CONSTITUCIONAL. DIREITO DO TRABALHO. TERCEIRIZAÇÃO NO ÂMBITO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
(...). 1. A dicotomia entre “atividade-fim” e “atividade-meio” é imprecisa, artificial e ignora a dinâmica da economia moderna, caracterizada pela especialização e divisão de tarefas com vistas à maior eficiência possível, de modo que frequentemente o produto ou serviço final comercializado por uma entidade comercial é fabricado ou prestado por agente distinto, sendo também comum a mutação constante do objeto social das empresas para atender a necessidades da sociedade, como revelam as mais valiosas empresas do mundo. (...)
(RE 760931, Relator(a): ROSA WEBER, Relator(a) p/ Acórdão: LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 26/04/2017, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL – MÉRITO DJe-206 DIVULG 11-09-2017 PUBLIC 12-09-2017)
RE 958252
RECURSO EXTRAORDINÁRIO REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA COM REPERCUSSÃO GERAL. DIREITO CONSTITUCIONAL. DIREITO DO TRABALHO. CONSTITUCIONALIDADE DA “TERCEIRIZAÇÃO”. ADMISSIBILIDADE. OFENSA DIRETA. VALORES SOCIAIS DO TRABALHO E DA LIVRE INICIATIVA(ART. 1º, IV, CRFB).
(...) 22. Em conclusão, a prática da terceirização já era válida no direito brasileiro mesmo no período anterior à edição das Leis nº. 13.429/2017 e 13.467/2017, independentemente dos setores em que adotada ou da natureza das atividades contratadas com terceira pessoa, reputando-se inconstitucional a Súmula nº. 331 do TST, por violação aos princípios da livre iniciativa (artigos 1º, IV, e 170 da CRFB) e da liberdade contratual (art. 5º, II, da CRFB).
(RE 958252, Relator(a): LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 30/08/2018, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL – MÉRITO DJe-199 DIVULG 12-09-2019 PUBLIC 13-09-2019)
Nesse contexto, destaque-se a redação do artigo 505, I do CPC:
Art. 505. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas relativas à mesma lide, salvo:
I - se, tratando-se de relação jurídica de trato continuado, sobreveio modificação no estado de fato ou de direito, caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença;
II - nos demais casos prescritos em lei.
Portanto, como houve alteração da legislação e da jurisprudência posteriormente à celebração de TACs, será possível considerar superadas as obrigações nele estabelecidas.
Em suma, diante dos termos dos inúmeros TACs firmados com a proibição de se terceirizar, e considerando as decisões do Supremo Tribunal Federal sobre o tema da terceirização, sobretudo na ADPF 324, mostra-se plenamente possível a revisão dos pactos, máxime desde a entrada em vigor das Leis 13.429 e 13.467/2017.
A questão não é de todo pacífica, já que sequer há consenso sobre a natureza jurídica do TAC e se ele estaria ou não albergado pela regra da imutabilidade dos atos jurídicos perfeitos.
O TST, entretanto, julgando um Recurso de Revista em Ação Revisional de Cláusula de Termo de Ajustamento de Conduta, posicionou-se quanto à possibilidade de revisão das cláusulas do TAC quando a alteração do estado de fato ou de direito assim o justifica, com fundamento no art. 505, I do CPC c/c o art. 769 da CLT. Confira-se julgado do TST:
RECURSO DE REVISTA. NÃO REGIDO PELA LEI 13.015/14. AÇÃO REVISIONAL DE CLÁUSULA DE TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA. PRETENSÃO DE ADEQUAÇÃO À COMPREENSÃO JURISPRUDENCIAL PREVALECENTE. REVISTA DE BOLSAS E PERTENCES DE TRABALHADORES. CLÁUSULA QUE AMPLIA OS PARÂMETROS DEFINIDOS PELA JURISPRUDÊNCIA. PRETENSÃO EMPRESARIAL PROCEDENTE. OFENSA AO ART. 471, I, DO CPC/73 (ART. 505, I, DO CPC/2015). CONFIGURAÇÃO.
Clique nas informações a seguir.
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Diante desse relevante e atual precedente do TST, que entendeu pela possibilidade de revisão dos termos de um TAC para ajustá-lo a uma nova diretriz jurisprudencial daquela Corte, não parece razoável não se admitir a possibilidade de revisão das cláusulas de um TAC quando a edição de uma nova Lei assim o justificar.
A possibilidade, aliás, parece ainda mais evidente no caso da revisão das cláusulas de proibição da terceirização da atividade-fim se levarmos em conta que, à época da assinatura desses TACs, sequer havia norma legal que regulasse a matéria. Logo, com a entrada em vigor da Lei nº 13.429/17, parece justificável o ajuizamento de eventuais ações revisionais dos TACs para acomodação dos compromissos à realidade legal e jurisprudencial da atualidade.
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