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Deficiências no Capital Empreendedor

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Estudos Estratégicos
Capital empreendedor
de 2014, foram levantadas diversas deficiências que podem ser sanadas por meio de ação 
legislativa, ainda que, em alguns casos, por meio de indicações a outro Poder. 
As principais deficiências são:
1. Ausência de uma definição estipulada em lei para o conceito de investidor-
-anjo e de aceleradoras de empresas.
2. Ausência de um critério estipulado em lei que diferencie fundos de investi-
mento em participações cuja finalidade precípua seja voltada a administração 
patrimonial ou planejamento tributário, daqueles que efetivamente são dire-
cionados a alocação de capital empreendedor em negócios que apresentem 
alto potencial de desenvolvimento.
3. Insuficiente proteção legal aos investidores que direcionem seus recursos a 
participações temporárias em empresas de capital fechado. Um dos mais im-
portantes dilemas enfrentados por investidores e gestores refere-se à possibili-
dade de, na esfera judicial, virem a ser responsabilizados em montantes que 
ultrapassem significativamente o capital que investiram.
4. Necessidade de saída do regime tributário incentivado do Simples para que 
as micro ou pequenas empresas possam receber investimentos das diversas 
modalidades de fundos de investimento em participações. 
5. Impossibilidade de as sociedades anônimas publicarem demonstrações finan-
ceiras e outras informações societárias na internet. Persiste, assim, a obrigato-
riedade de que essas publicações sejam efetuadas em diários oficiais e jornais 
de grande circulação. 
6. Inexistência de previsão que possibilite que os fundos constitucionais de fi-
nanciamento do Norte, Nordeste e Centro-Oeste realizem investimentos em 
participações em empresas que atuem nas regiões beneficiadas. 
7. Ausência de incentivos tributários diferenciados para investidores-anjo e ace-
leradoras de empresas para alocação de capital empreendedor em empresas 
incipientes ou de pequeno porte. 
8. Desalinhamento dos incentivos tributários ao capital empreendedor em rela-
ção a outras modalidades de investimento, inclusive de renda fixa.
9. Ausência de regulamentação da Lei nº 11.478, de 2007, que instituiu o Fun-
do de Investimento em Participação na Produção Econômica Intensiva em 
Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (FIP-PD&I). 
10. Obrigatoriedade legal de criação de sociedades de propósito específico para 
abrigar os projetos de produção econômica intensivos em pesquisa, desen-
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volvimento e inovação que possam receber os investimentos de FIP-PD&I, 
que pode dificultar sobremaneira a criação dessa modalidade de fundo, pois, 
em muitas situações, poderia ser inviável segregar os projetos intensivos em 
pesquisa, desenvolvimento e inovação das demais atividades ou projetos das 
empresas investidas.
11. Ausência de previsão que possibilite que uma fração dos recursos oriundos 
das atividades de exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e gás 
natural cuja destinação seja obrigatória para pesquisa e desenvolvimento pos-
sa ser direcionada para investimentos em participações em empresas do setor. 
12. Ausência de norma legal expressa no âmbito do Programa Nacional de De-
sestatização – PND para que a Financiadora de Estudos e Projetos – Finep 
invista diretamente em participações de empresas.
13. Necessidade de aprimoramentos das regulamentações do Conselho Monetá-
rio Nacional – CMN e do Conselho Nacional de Seguros Privados – CNSP 
que propiciem a expansão dos investimentos de sociedades seguradoras e de 
resseguradores em fundos de investimento em participações.
14. Dificuldades expressivas para realizar a saída de investimentos por meio do 
mercado de capitais. A realização de oferta pública inicial de ações em bol-
sa de valores (ou Initial Public Offerings – IPOs) representa, sobretudo nas 
economias mais desenvolvidas, um importante mecanismo de saída dos in-
vestimentos realizados por meio de private equity e venture capital. No Brasil, 
entretanto, há uma grande dificuldade para a abertura de capital das socie-
dades anônimas de capital fechado mediante IPOs de valor mais reduzido.
15. Dificuldades, enfrentadas sobretudo pelos pequenos investidores-anjo, para 
conhecerem as ações judiciais ajuizadas em relação às empresas candidatas a 
receberem seus investimentos.
16. Dificuldades expressivas enfrentadas pelo exequente para obter acesso, de 
forma centralizada, à informação dispersa nos diversos serviços notariais ou 
de registro quanto à existência ou inexistência de bens passíveis de serem in-
dicados à penhora ou arresto, de maneira a possibilitar a averbação do direito 
de preferência do credor no referido registro ou serviço notarial, e de bens 
que, tendo sido de titularidade do executado, possam ter sido transacionados 
no contexto de fraude à execução ou de fraude contra credores. 
17. Necessidade de serem submetidas previamente ao Conselho Administrativo 
de Defesa Econômica – CADE muitas das transações que envolvam moda-
lidades de fundos de investimento em participações, ainda que se trate de

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