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DOLO CONCEITO: Ocorre quando uma pessoa de má-fé, de forma ardil; maliciosamente , engana a outra pessoa para obter vantagem em um negócio jurídico. No dolo, uma pessoa de má-fé, induz a outra pessoa em erro em um negócio jurídico. ➔ O DOLO PODE SER COMETIDO: • POR UMA DAS PARTES DO NEGÓCIO JURÍDICO • POR UM TERCEIRO • PELO REPRESENTANTE Não se deve confundir os vícios de consentimento ERRO E DOLO: • ERRO: A pessoa engana-se sozinha. • DOLO: A pessoa é induzida a erro por outra pessoa DOLO PRINCIPAL: (pode anular o negócio jurídico) – artigo 145 do Código Civil. O dolo principal vicia o negócio jurídico e faz com que ele possa ser anulado. É aquele que foi a causa determinante da declaração de vontade, ou seja, o dolo influenciou diretamente na realização do negócio jurídico = Se não fosse o dolo a pessoa não teria realizado o negócio jurídico. ARTIGO 145 DO CÓDIGO CIVIL: “São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa.” Exemplo de dolo principal: Lorena comprou de Raiana uma loja de uma franquia de perfumes. Raiana apresentou várias planilhas de faturamento para Lorena. Posteriormente. Lorena descobriu que as planilhas apresentadas por Raiana eram falsas e o faturamento era muito inferior ao apresentado nas planilhas. • DOLO = apresentação das planilhas falsas. • DOLO PRINCIPAL = o dolo influenciou diretamente na realização do negócio (causa determinante), pois se não fossem as planilhas falsas Lorena não teria comprado a loja • CONSEQUÊNCIA = se Lorena conseguir provar que houve o dolo da parte de Raiana, o negócio jurídico (compra da loja) poderá ser anulado. DOLO ACIDENTAL: (não anula o negócio jurídico) – artigo 146 do Código Civil. ARTIGO 146 DO CÓDIGO CIVIL = O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo. O dolo acidental não vicia o negócio jurídico, pois o dolo não foi a razão determinante da realização do negócio jurídico. No dolo acidental, mesmo que a pessoa soubesse do dolo, ela teria realizado o negócio jurídico só que em outras condições. Por isso que a consequência do dolo acidental não é a anulação do negócio jurídico, mas sim a satisfação das perdas e danos. A pessoa que sofreu o dolo acidental, não vai alegá- lo para anular o negócio jurídico, somente vai alegá-lo para requerer as perdas e danos. Exemplo de dolo acidental: Emanuelle queria muito comprar o imóvel, ao lado de sua casa, que pertencia a Ana Luiza Silva. Emanuelle economizou o dinheiro e comprou o imóvel por R$ 500.000,00. Ana Luiza Silva disse, e fez constar no contrato que o imóvel possuía 400 metros quadrados. Posteriormente, Emanuelle descobriu que o imóvel possuía apenas 320 metros quadrados. Emanuelle não pretende anular o negócio jurídico, pois ele teria realizado o negócio mesmo que soubesse que o imóvel possuía apenas 320 metros quadrados. • DOLO = Ana Luiza Silva fez constar no contrato que o imóvel possuía 400 metros quadrados, mas o imóvel só possuía 320 metros quadrados. • DOLO ACIDENTAL = O dolo não influenciou diretamente na realização do negócio, pois se Emanuelle soubesse da verdadeira metragem teria comprado o imóvel mesmo assim. • CONSEQUÊNCIA = Emanuelle não pretende anular o negócio jurídico, ela apenas pretende o abatimento do preço, já que pagou por 400 metros quadrados e recebeu 320 metros quadrados. DOLO COMISSIVO E DOLO OMISSIVO ➔ No que se refere à atuação do agente, o dolo pode ser: • DOLO POSITIVO OU COMISSIVO: é aquele em que a pessoa age positivamente; toma uma atitude; atua de má-fé com intenção de enganar a outra pessoa para obter vantagem em um negócio jurídico. Exemplo de dolo positivo ou comissivo: Lorena vendeu seu celular para Rayana e garantiu que o celular era verdadeiro. Posteriormente, Rayana descobriu que havia comprado uma réplica. ▪ DOLO POSITIVO OU COMISSIVO = Lorena atuou; agiu de má-fé ao garantir que o celular era verdadeiro. • DOLO NEGATIVO OU OMISSIVO: é aquele em que a pessoa de má-fé se omite; esconde; silencia; oculta algo a respeito de um fato ou de uma qualidade que a outra parte deveria saber, pois se a pessoa soubesse não teria realizado o negócio jurídico Exemplo de dolo negativo ou omissivo: Ana Luiza Matos vendeu um terreno para Raiana e, intencionalmente, omitiu o fato de que o imóvel havia sido embargado administrativamente pelo IBAMA. ▪ DOLO NEGATIVO OU OMISSIVO = Ana Luiza Matos deveria ter dito a Raiana que o imóvel estava embargado, pois se Raiana soubesse dos embargos não teria comprado o terreno. Ao omitir essa informação, Ana Luiza Matos agiu com dolo negativo ou omissivo. ARTIGO 147 DO CÓDIGO CIVIL: Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado. REQUISITOS DO DOLO NEGATIVO OU OMISSIVO 1. SILÊNCIO INTENCIONAL: O fato tem que ser conhecido daquele contratante que vai praticar o dolo omissivo, pois se a pessoa silenciar sobre o fato que ela própria desconhece, não haverá o dolo. 2. NEXO DE CAUSALIDADE ENTRE O SILÊNCIO INTENCIONAL E A DECLARAÇÃO DE VONTADE: A pessoa somente irá realizar o negócio jurídico porque a outra pessoa omitiu um fato (ou qualidade) que deveria ser de seu conhecimento. Exemplo: Ana Luiza Silva vendeu um imóvel embargado pelo IBAMA para Lorena. Ana Luiza Silva omitiu os embargos no momento da venda, pois se Lorena soubesse dos embargos, não teria adquirido o imóvel. DOLO DE TERCEIRO – ARTIGO 148 DO CÓDIGO CIVIL ➔ ARTIGO 148 DO CÓDIGO CIVIL = “Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou. TERCEIRO: é uma pessoa que não faz parte da relação jurídica; não é um dos contratantes. No dolo de terceiro, uma pessoa que não faz parte da relação jurídica (terceiro), age de má-fé com a intenção de enganar (ludibriar) uma pessoa na realização de um negócio jurídico que lhe é prejudicial, mas que pode aproveitar a outra parte. Exemplo de dolo de terceiro: Lorena estava vendendo uma casa que ficava em um bairro que alagava. Quem estava negociando o imóvel para Lorena era a corretora Rayana. A corretora Rayana, ao vender o imóvel para Emanuelle, garantiu que o imóvel não alagava. Ao enganar (ludibriar) Emanuelle, a corretora Rayana agiu com dolo de terceiro. • CONSEQUÊNCIAS: a) ANULAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO b) MANUNTENÇÃO DO NEGÓCIO, MAS O TERCEIRO RESPONDERÁ POR PERDAS E DANOS ❖ ARTIGO 148 DO CÓDIGO CIVIL: “Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou. REQUISITOS PARA ANULAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO ➔ Para que o negócio jurídico seja anulado por dolo de terceiro será necessário: 1. Que a parte tenha obtido benefício com o dolo; 2. Que a parte a quem aproveitou o dolo tivesse ou devesse ter conhecimento do dolo de terceiro. Exemplo de anulação do negócio jurídico por dolo de terceiro: Lorena estava vendendo uma casa que ficava em um bairro que era atingido pela enchente. A corretora Rayana, ao vender o imóvel para Emanuelle garantiu que não alagava. Lorena estava presente quando a corretora Rayana enganou (ludibriou) Emanuelle, no entanto silenciou permitindo que Emanuelle comprasse o imóvel sem saber que o imóvel alagava. • DOLO DE TERCEIRO = Rayana, corretora de imóveis, garantiu que o imóvel não sofriaenchente. • REQUISITOS PARA ANULAÇÃO: a) PROVEITO = Lorena tirou proveito do dolo de terceiro, pois vendeu o imóvel para Emanuelle. b) CONHECIMENTO = Lorena tinha conhecimento do dolo de terceiro, pois estava presente no momento da venda. Exemplo de manutenção do negócio jurídico por dolo de terceiro: Ana Luiza Matos deixou um quadro para vender na Galeria Modelo. O representante da galeria, sabendo que o quadro era uma réplica, intermediou a venda como se fosse um quadro verdadeiro. Ana Luiza Matos não sabia que o quadro foi vendido como verdadeiro, pois deixou claro que se tratava de uma réplica. • DOLO DE TERCEIRO = O representante da galeria garantiu que o quadro era verdadeiro, mas era uma réplica. • CONSEQUÊNCIAS: a) O negócio jurídico não deverá ser anulado pelo dolo de terceiro, pois Ana Luiza Matos estava de boa fé ao realizar o negócio, tendo em vista que não tinha conhecimento que seu quadro havia sido vendido como verdadeiro. b) Caso o negócio seja mantido, o terceiro que cometeu o dolo deverá responder por perdas e danos ao comprador do quadro. DOLO PELO REPRESENTANTE O representante age em nome do representado ao realizar um negócio jurídico ➔ Qual a responsabilidade do Representado, em um negócio jurídico, quando o seu representante agiu com dolo? A RESPOSTA CONSTA NO ARTIGO 149 DO CÓDIGO CIVIL = “ O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém. o dolo for do representante convencional, o representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos. 1. Se o dolo foi cometido pelo representante legal 2. Se o dolo foi cometido pelo representante convencional REPRESENTANTE LEGAL: Quando os poderes de representação são conferidos por lei. Exemplo: os pais representam os filhos ( artigo 1634, VII, DO CÓDIGO CIVIL); o inventariante representa o espólio (herança – ARTIGO 616, I, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL) DOLO DO REPRESENTANTE LEGAL O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve. Considerando que não foi o representado que escolheu o seu representante, ele somente terá responsabilidade na quantia de seu proveito, pois ele não pode enriquecer sem causa. Se o representado não obteve proveito, ele não terá qualquer responsabilidade. • Se o representado obteve proveito = ele será responsável até o valor do proveito que teve. • Se o representado não obteve proveito = ele não terá qualquer responsabilidade. Exemplo de dolo do representante legal: Raiana, mãe de Lorenzo (10 anos), agiu com dolo ao vender um imóvel que pertencia ao seu filho, por um preço acima do mercado, ou seja, supervalorizando o imóvel em 30% em razão do dolo. ➔ Se o dolo foi principal = o negócio jurídico foi anulado em virtude do dolo, o representado não obteve qualquer proveito e não terá responsabilidade. ➔ Se o dolo foi acidental = o negócio não será anulado e o representado será responsável pelo proveito que teve, ou seja, por 30% do valor referente a supervalorização. REPRESENTAÇÃO CONVENCIONAL = quando uma pessoa (natural ou jurídica) escolhe por vontade própria uma outra pessoa (natural ou jurídica) para exercer direitos e/ou deveres em seu nome. ➔ Qual a responsabilidade do representado em relação ao dolo cometido pelo seu representante convencional? • Considerando que o representado escolheu por vontade própria o seu representante, ele responde por culpa in elegendo e será solidariamente responsável pelos atos de seu representante, inclusive respondendo por perdas e danos. Exemplo de dolo do representante convencional: Ana Luiza Silva nomeou Lorena sua procuradora para vender o seu veículo que havia sido gravemente danificado por uma colisão. Lorena agiu com dolo omissivo ao omitir o fato de o carro ser batido ao vender para Emanuelle. Emanuelle conseguiu anular judicialmente o negócio jurídico em razão do dolo omissivo e ganhou uma indenização por danos morais. Considerando que Ana Luiza Silva nomeou Lorena sua procuradora convencional, Ana Luiza Silva será responsável solidário pelos atos praticados por Lorena, ou seja, será responsável pelos efeitos da anulação do contrato e pelo pagamento da indenização por danos morais. DOLO DE AMBAS AS PARTES O dolo de ambas as partes também pode ser denominado de: • DOLO BILATERAL • DOLO RECÍPROCO ➔ ARTIGO 150 DO CÓDIGO CIVIL = “Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo pra anular o negócio, ou reclamar indenização.” As partes de um negócio jurídico agiram com dolo, que pode ser tanto com dolo omissivo quanto comissivo. NÃO SERÁ POSSÍVEL ALEGAR DOLO PARA: a) ANULAR O NEGÓCIO JURÍDICO b) REQUERER INDENIZAÇÃO ➔ Nenhuma das partes vai poder alegar o dolo em benefício próprio, porque o direito somente protege a boa fé. Se ambas as partes agiram de má-fé, o Direito não vai proteger aquele que agiu de má-fé, pois ninguém pode se beneficiar da própria torpeza. Nesse caso, o Direito não vai proteger nenhuma das partes, afinal as duas partes agiram com dolo e agiram de má-fé. A má-fé de uma parte vai ser compensada com a má-fé da outra parte , e nenhuma das partes vai receber a proteção do Direito. Exemplo de dolo de ambas as partes: Lorena e Emanuelle resolveram permutar um imóvel. Lorena agiu com dolo comissivo ao informar a Emanuelle que o seu imóvel possuía 400 metros quadrados, mas somente possuía 350 metros quadrados. Da mesma forma, Emanuelle também agiu com dolo ao informar a Lorena que seu imóvel possuía 500 metros quadrados, no entanto, somente possuía 450 metros quadrados. Como ambos (Lorena e Emanuelle) agiram com dolo, nenhum deles poderá alegar dolo para: a) Anular o negócio jurídico b) Requerer indenização
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