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4 APOSTILA DIREITO PENAL

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TEORIA DA LEI PENAL 
 
1. Lei Penal No Tempo 
 
1.1. Tempo do Crime (art. 4º, CP) 
 
Existe três teorias sobre o tempo do crime: 
 
• Teoria da atividade: considera praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que atingimento 
do resultado seja em outro momento; 
• Teoria do resultado: considera o crime praticado no momento da obtenção do seu resultado, não 
importando o tempo da ação ou da omissão do agente; 
• Teoria mista ou da ubiquidade: considera o crime como praticado tanto no tempo da ação ou omissão 
quanto no momento da obtenção do resultado. 
 
O Código Penal Brasileiro adota a teoria da atividade, assim demonstra a redação do artigo 4º: 
 
“Art. 4º Considera-se praticado o crime no momento da ação ou 
omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.” (grifo 
nosso) 
 
Exemplo: “A” com 17 anos, atira em “B” e este morre quando “A”, já tem 18 anos. “A”, era inimputável no 
momento da ação instantânea. 
 
A teoria da atividade influencia na aplicação de institutos importantes do direito penal, como se verifica: 
 
• Crime permanente: é aquele cuja conduta permanece no tempo (ex.: sequestro). Se o agente inicia a 
conduta sendo menor de idade (ex.: véspera do seu aniversário), mas atinge a maioridade no curso da prática 
delitiva, o agente é considerado imputável e responderá de acordo com o Código Penal e não pelo ECA. Da mesma 
forma, iniciada a conduta sob uma lei, se sobrevier outra no curso da ação ou omissão, ainda que mais grave, ela 
será aplicada no caso concreto. Essa questão é objeto de entendimento sumulado do STF: 
 
“Súmula 711 do STF - A lei penal mais grave aplica-se ao crime 
continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à 
cessação da continuidade ou da permanência.” 
 
• Crime continuado: outra situação em que a consideração do tempo do crime como o tempo de sua 
atividade gera consequências importantes é no crime continuado. 
 
 
 
 
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 O crime continuado é aquele em que existem diversas condutas criminosas praticadas nas mesmas 
condições de execução, tempo e lugar (ex.: sujeito que assaltou diversas lotéricas da mesma cidade ao longo de 
dois dias com emprego de arma de fogo). Se no caso do nosso exemplo ele praticar o primeiro crime com 17 anos 
de idade e outros 3 com 18 anos, responderá pelo primeiro crime de acordo com o ECA e os 3 restantes sob a 
aplicação do código penal. 
 
Uma dica que pode ajudar a lembrar das teorias: 
 
Lugar 
Ubiquidade 
Tempo 
Atividade - Teoria da Atividade 
 
1.2. Conflito de Leis no Tempo ou Direito Penal Intertemporal (art. 2º e 3º, CP) 
 
PRINCÍPIO DA 
IRRETROATIVIDADE 
DA LEI MAIS GRAVE “LEX 
GRAVIOR”. 
PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE DA LEI 
MAIS BRANDA “LEX MITIOR”. 
ULTRATIVIDADE DA LEI 
EXCEPCIONAL OU 
TEMPORÁRIA. 
A lei que aumentar uma pena 
a modo de prejudicar o réu 
“NUNCA” retroage. 
A lei que de qualquer modo beneficiar o 
agente “RETROAGE”, INCLUSIVE para 
fatos já decididos por sentença 
transitada em julgado. 
TEMPORÁRIA é a lei que tem 
o prazo determinado. 
 
EXCEPCIONAL é ligada a uma 
situação anormal, não tem 
prazo determinado até 
terminar a situação, ambas 
continuam se aplicando aos 
fatos praticados na sua 
vigência após revogados. 
Exemplo: a Lei nº 13.964/2019 
do pacote anticrime, aumentou 
a pena máxima do crime de 
concussão onde a pena era 2 a 8 
anos, passou para 2 a 12 anos, 
neste caso, não se aplica e não 
retroage. 
Exemplo: antes de 2009 havia dois 
crimes, sendo, o estupro e atentado 
violento ao pudor, que eram separados 
os crimes. 
Depois de 2009, o crime do estupro 
passou a incluir a conjunção carnal e 
outro ato libidinoso que fazia parte do 
crime de atentado violento ao pudor, 
neste caso, retroage. 
Exemplo: “A” viola uma lei que 
criminaliza conduta praticada 
durante a pandemia, Lei X. A 
pandemia acaba e a lei é 
revogada. Neste caso, “A” será 
julgado nos termos da lei X. 
 
 
 
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OBSERVAÇÃO 1 – abolitio criminis: é uma modalidade de Lex Mitior (art. 2º, caput, CP), uma lei que junta um 
crime no outro e permite benefícios, entre outros. 
 
 O Abolitio Criminis afasta a tipicidade da conduta e é uma das causas de extinção da punibilidade, nos 
termos do artigo 107, III do Código Penal: 
 
“Art. 107. Extingue-se a punibilidade: 
(...) 
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como 
criminoso;” 
 
Exemplo: o adultério, deixou de ser crime após 2005. 
 
 É a lei nova que deixa de considerar o fato como criminoso, cessando em virtude dela a pena e todos os 
efeitos penais da sentença condenatória (reincidência, cumprimento da pena, etc.), mas não afasta os efeitos 
extrapenais (ex.: obrigação de reparação do dano). 
 
Abolitio criminis temporária: é a situação em que a lei indica o tempo de vigência da abolitio criminis. É uma 
situação peculiar, mas já ocorreu em nosso Estatuto do Desarmamento. A referida lei determinou um prazo para 
que aqueles que estivessem na posse ou fossem proprietários de armas de fogo as entregassem ou 
providenciassem a regularização do seu registro. Durante um período ficou estabelecido: aquele que fosse 
encontrado com arma de fogo não incidiria nas hipóteses do artigo 12 ou 16 da Lei nº 10.826/03. A situação do 
exemplo gerou a edição da súmula 513 do STJ: 
 
“A abolitio criminis temporária prevista na Lei nº 10.826/2003 aplica-
se ao crime de posse de arma de fogo de uso permitido com 
numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, 
suprimido ou adulterado, praticado somente até 23/10/2005.” 
 
OBSERVAÇÃO 2 – Compete ao juízo da execução a aplicação da lex mitior após o trânsito em julgado (súmula 611, 
STF). 
 
OBSERVAÇÃO 3 – Crime Permanente e Continuado (súmula 711, STF). 
 
 Aplica-se a lei mais severa ao crime permanente e ao crime continuado, desde que, tenha entrado em 
vigor antes de cessada a continuidade ou a permanência. 
 
 CRIME PERMANENTE (Art. 159, CP) começa com uma Lei + Branda / termina com uma Lei + Severa. 
Exemplo: Sequestro. 
 
 
 
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 CRIME CONTINUADO (Art. 71, CP) – Exemplo: vários crimes iguais no mesmo local, todos os dias, vários 
do mesmo. 
 
2. Lei Penal no Espaço 
 
2.1. Tempo do crime e Lugar do crime 
 
Tempo do crime – Nos termos do artigo 4º CP, foi adotada a Teoria da Atividade, ou seja, considera-se praticado 
o crime no momento da ação ou omissão ainda que outro seja o momento do resultado. 
 
Lugar do crime – Nos termos do art. 6º do CP, foi adotada a Teoria da Ubiquidade, considera-se o crime tanto no 
lugar da ação ou omissão como no local do resultado. 
 
Para decorar: 
Lugar do crime; 
Ubiquidade; 
Tempo do crime; 
Atividade. 
 
2.2. Territorialidade – Art. 5º, CP 
 
 Nos termos do art. 5º, foi adotada a Teoria da Territorialidade Relativa ou Temperada. 
 
 Será aplicada a princípio, a lei Brasileira, mas sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direitos 
internacionais. 
 
Território Brasileiro: 
● Porção de terras entre as fronteiras; 
● Águas internas: mar, lagos, rios etc. 
● Mar territorial 12 milhas náuticas; 
● Espaço aéreo correspondente (Coluna Atmosférica). 
 
Território Brasileiro por equiparação: 
• Aeronaves e embarcações públicas ou em serviços públicos onde quer que estejam. 
• Aeronaves e embarcações privadas, se em alto mar ou espaço aéreo correspondente. 
 
 
 
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 mar territorial mar Africano 
 
 Aeronave ou embarcação Pública ou a Serviço Público, mesmo que em terras estrangeirascontinua sendo 
brasileiro. 
 
 
 mar territorial mar Africano 
 
 
 Aeronaves ou embarcações privadas, deixa de ser brasileiro, mar territorial e terra africana, lei africana. 
 
OBS.: quando os cruzeiros em Navios saem do Brasil e entram em alto mar estrangeiro, é liberado os cassinos, 
pois a lei proíbe cassinos no território brasileiro; quando volta ao território brasileiro o cassino fecha. 
 
2.3. Extraterritorialidade – Art.7º CP 
 
 É a aplicação da lei brasileira ao crime praticado fora do território brasileiro. 
 
Incondicionada – Art.7º, I, CP: 
 
a) crime contra a vida ou liberdade do Presidente da República, justificativo princípio Real de defesa ou 
proteção a importância do bem jurídico justifica. 
 
 
 
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b) Crime ao patrimônio de fé pública, de Ente federativo, empresa pública, autarquia ou sociedade de 
economia mista, princípio Real de defesa ou proteção a importância do bem jurídico justifica. 
 
c) Crime contra a administração pública a quem está a seu serviço, princípio Real de defesa ou proteção a 
importância do bem jurídico justifica. 
 
d) Crime de genocídio, réu brasileiro ou domiciliado no Brasil, aplica-se princípio de justiça universal. 
 
Condicionada - Art. 7º, §2º CP: 
 
a) Crime por tratado ou convenção, o Brasil é obrigado a punir, assim, aplica-se princípio de justiça universal. 
 
b) Crime praticado por Brasileiro, aplica-se princípio da personalidade ativa. 
 
c) Crime praticado em aeronave ou embarcação privada ou brasileira no estrangeiro, mas lá não foi punida. 
 
Super Condicionada – Art.7º, §2º e §3º: 
 
a) Não foi pedida ou negada a extradição e requisição do Ministro da Justiça, crime praticado por estrangeiro 
contra brasileiro em território estrangeiro, aplica o princípio da personalidade passiva. 
 
3. Prazos penais – Artigo 10 do CP 
 
• São incluídos na contagem o dia do início e o dia do fim do prazo; 
 
• Não são interrompidos por feriados, finais de semana, dias sem expediente forense; 
 
• Podem terminar em dias não úteis. 
 
 
 
 
 
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CONDUTA E RESULTADO 
 
1. Teoria do Crime 
 
Art.13, §2º, CP – Teoria Tripartida. 
 
A parte geral do Código Penal é dividida em três partes: 
• Teoria da lei: art. 1 ao 12 CP; 
• Teoria do crime: art.13 ao 31 CP. 
• Teoria da pena: art. 32 a 120 CP. 
 
Teoria Tripartida: 
● Fato Típico; 
● Ilícito; 
● Culpável. 
 
Fato Típico (tipicidade): é uma conduta positiva ou negativa, em regra, (pode não existir) provoca um resultado 
e que se adequa à descrição do tipo penal. 
Ex.: Cantar é uma conduta positiva que gera um resultado, mas não é típica por não se adequar à descrição de 
nenhum tipo penal. 
 
 O fato atípico é composto por uma conduta dolosa ou culposa. Essa conduta precisa ser livre e consciente, 
voltada à finalidade. Também se fala em resultado, que nada mais é do que o efeito que a conduta produziu no 
mundo externo. Vale ressaltar que o resultado pode não existir, como é o caso dos crimes de mera conduta. 
 
 Por fim, também há que se analisar o nexo causal, que é uma relação de causa e efeito entre a conduta 
do agente e o resultado que se produziu no mundo exterior. Aqui também cabe a observação nos crimes de mera 
conduta. 
 
Conduta (agir humano): 
• Tipicidade (previsto na lei); 
• Resultado (pode ou não existir); 
• Nexo causal (pode ou não existir). 
 
Ilícito: é a conduta contrária ao nosso ordenamento jurídico. 
 
Culpabilidade: é o juízo de reprovação sobre aquele que pratica conduta típica e ilícita. Por isso, há quem diga 
que a culpabilidade não é um elemento do crime, mas sim, uma condição necessária para que possa ser imposta 
uma pena. 
 
 
 
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Culpável - (reprovável, passível de pena); 
 
Conduta: é ação ou omissão, voluntária e consciente dirigida a uma finalidade – Teoria Finalista. 
 
Causas de Exclusão da conduta/ Tipicidade: 
• Coação física irresistível; 
• Hipnose e sonambulismo; 
• Atos reflexos. 
 
Coação física irresistível Coação moral irresistível 
O coator usa o corpo do coagido como um objeto 
inanimado. 
Ex.: “A” pressiona o dedo de “B” no gatilho 
disparando contra “C”. 
 Exclui conduta/tipicidade. 
 
O coator mediante violência ou grave. 
 Ex.: “A” após espancar “B”, obriga-o “A” atirar contra 
“C”. 
Exclui a culpabilidade por excluir a exigibilidade de 
conduta diversa. 
 
 
2. Espécies de Crimes quanto a Conduta 
 
Crimes 
Comissivos 
Crimes Omissivos 
Praticados por ação. 
Ex.: Art.121 matar 
alguém. 
Praticados por omissão. 
 
 Próprios Impróprios ou comissivo por Omissão 
 Previstos de forma omissivas. 
Ex.: Omissão de Socorro deixar 
de prestar Socorro, quando 
possível fazer. 
São crimes originalmente comissivos, mas que 
excepcionalmente são praticados por omissão, 
quando que se omite tem o poder de agir. 
Ex.: Homicídio por omissão art.121, CP + art. 
13, §2º, CP. 
 Não garantidor; Garantidor – Art.13, §2º, CPC: 
• Tem por lei o dever de cuidado, 
proteção ou vigilância (exemplo: pai, 
em relação aos filhos menores); 
• Quem de outra forma assumiu o dever 
(exemplo: babá, enfermeiro, médico) 
no exercício da função; 
• Quem com seu comportamento 
anterior criou o risco do resultado 
(exemplo: amigo que joga o amigo na 
piscina). 
 
 
 
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Exemplo de Crime por Omissão: 
 
 “A” omitiu-se e “B” morreu afogado (crime omissivo). 
 
● Se o “A” não era Garantidor, não teria o dever de agir, poderá ser punido pela omissão de socorro pelo 
resultado morte. (Art. 135, CP – Omissão de Socorro). 
 
● Se o “A” era o Garantidor (ex.: pai, guarda vidas), será punido pelo resultado, por omissão imprópria ou 
comissivo por omissão (Art. 121, CP + Art. 13, §2º, CP). 
 
3. Resultado 
 
Os crimes se dividem em três categorias: 
 
Materiais Formais Mera Conduta 
A lei prevê um resultado e exige 
que ele ocorra. 
 
Ex.: Estelionato, art. 171, CP – 
obter vantagem indevida em 
prejuízo alheio induzindo ou 
mantendo alguém em erro, o 
crime se consuma com a 
obtenção. 
A lei prevê um resultado, mas não 
exige que ocorra para o crime se 
consumar, o crime se consuma 
com a conduta. 
Ex.: Extorsão mediante sequestro 
– art. 159, CP, sequestrar alguém 
com o fim de obter vantagem 
indevida como condição ou preço 
do resgate se consuma com o 
sequestro. 
A lei Não Prevê qualquer 
resultado, a conduta já é 
suficiente para a consumação 
 
Ex.: Portar ilegalmente arma de 
fogo, art. 14 da Lei 10826/03 
Consuma com a mera conduta, 
com mero comportamento 
 
 
 
 
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NEXO CAUSAL E TIPICIDADE 
 
1. Nexo de causalidade 
 
 É a relação física, lógica entre a conduta e o resultado. 
 
 A teoria adotada no Brasil é a equivalência dos antecedentes: a causa é tudo o que contribui para gerar 
o resultado. 
 
 A mesma teoria define causa como toda condição sem a qual, não teria ocorrido o resultado nas mesmas 
circunstâncias. 
 
Tal entendimento é expresso na redação do artigo 13 do Código Penal: 
 
“Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, 
somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a 
ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.” 
 
 Contudo, é necessário haver um limite desse juízo de tudo o que deu causa, permitindo uma regressão 
ao infinito. Ex.: no homicídio, a fabricação da arma poderia ser considerada, já que sem a arma fabricada o crime 
não teria ocorrido. 
 
 O limite para análise da conduta é dolo ou culpa. 
 
 O artigo 13 também nos traz a chamada teoria da causalidade adequada, segundo a qual será causa 
apenas aquilo que por si só produziu o resultado. Essateoria vem como exceção no artigo 13 do CP, mais 
precisamente nas situações que envolvem três fatores: causa superveniente, relativamente independente e que 
por si só produziu o resultado. 
 
 Aqui se rompe o nexo para que o autor não responda pelo resultado, mas sim, apenas pela sua própria 
conduta. 
 
Existem as chamadas causas dependentes e independentes: 
• As causas dependentes são aquelas que estão em um desdobramento normal lógico da conduta. Nessa 
situação não há rompimento do nexo causal. Ex.: facada e hemorragia. 
 
• As causas independentes estão fora do desdobramento normal que se espera de uma conduta. É 
inesperado. Ex.: pessoa que toma um susto e morre por parada cardíaca. Além disso, a causa 
independente tem uma origem diversa da conduta. 
 
 
 
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As causas independentes podem ser: 
 
a) preexistentes - antes da conduta. Ex.: os irmãos “A” e “B” pretendem envenenar a mesma pessoa, 
desafeto comum, de nome “C”. “A” ministra o veneno pela manhã e “B” ministra o veneno à noite. “C” 
morre e após a perícia, constatou-se que o veneno que causou a morte foi o ministrado por “A”, pois a 
substância ministrada por “B” levaria 24 horas para fazer efeito. 
 
b) concomitante - ocorre ao mesmo tempo da conduta (mesmo cenário do exemplo acima), imagine que a 
casa em que estão A, B e C é invadida por assaltantes que atiram contra C. Neste caso, não há nenhuma 
relação entre o veneno e a morte causada pelo disparo. 
 
c) superveniente - ocorre após a conduta. Imagine que “C”, já envenenado, seja atingido por uma pedra 
atirada por um vizinho. 
 
 Nessas situações acima não há nexo causal entre o que provocou o resultado e a conduta dos agentes, 
diante disso, o agente responde apenas por aquilo que praticou. No caso de “A” e “B” será tentativa de homicídio. 
 
Causas relativamente independentes: 
 Assim como a causa absolutamente independente, as causas relativamente independentes também 
produzem o resultado por si só. Contudo, estão relacionadas à conduta praticada pelo agente. 
 
Podem ser: 
a) preexistente - existe antes da conduta. Ex.: A corta o braço de B, que faz uso de anticoagulantes e morre 
em decorrência do corte. A ingestão do remédio é anterior, mas há relação direta com a conduta 
praticada. Neste caso, o agente responde por lesão corporal. 
 
b) concomitante - ocorre ao mesmo tempo da conduta. Suponha que “A” anuncie um roubo contra uma 
agência bancária e “B”, funcionária do banco, sofre um ataque cardíaco decorrente da situação de medo. 
Sem dúvida existe um nexo causal entre a morte e a conduta, mas A não tinha o dolo e nem culpa de 
matar, mas sim de roubar. 
 
c) superveniente - após a conduta. Ex.: vítima que foi atingida por um disparo é levada em uma ambulância, 
que sofre um acidente no meio do caminho. A vítima morre em decorrência de ferimento provocado pelo 
acidente. 
 
 Nas causas relativamente independentes não se rompe o nexo causal, pois como vimos, decorrem da 
conduta praticada. Nas causas preexistentes e concomitantes, por não se romper o nexo causal, o agente 
responderá pelo resultado a menos que não tenha contribuído para este com dolo ou culpa. 
 
 
 
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 Já na superveniente, por previsão expressa do artigo 13, §1º do CP, o resultado não é considerado, 
respondendo o agente apenas pelos atos praticados. 
 
2. Tipicidade 
 
 Tipicidade é a perfeita adequação de um fato, a um modelo normativo. 
 
 A Tipicidade pode ser classificada como: objetiva e subjetiva. 
 
Objetiva – pode ser: Formal ou Material. 
 
Objetiva Formal – está relacionada na pura letra da lei, é a consagração da Legalidade. É a adequação do fato 
praticado ao que está descrito na norma penal. 
Objetiva Material – está relacionada com o conteúdo da norma proibitiva, com o que se quer proibir, e pode ser 
afastada por princípios constitucionais penais, como a insignificância e a adequação social. É a efetiva lesão ou 
exposição à lesão de um bem juridicamente tutelado. O fato praticado segue correspondendo à descrição da 
norma, mas não tem potencial de lesão ao bem jurídico. 
 
São exemplos importantes desse conceito a aplicação dos seguintes princípios: 
1) Princípio da Insignificância – pelo princípio da insignificância, riscos e razões mínimas não merecem 
relevância penal. São situações em que se considera que por ser ínfimo a lesão, não há potencialidade 
para ilicitude. O STF coloca quatro requisitos para a sua aplicação, a saber: 
 
(a) mínima ofensividade da conduta do agente; 
(b) nenhuma periculosidade social da ação; 
(c) reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e 
(d) inexpressividade da lesão jurídica provocada. 
Ex.: furto de um chinelo de um supermercado de grande rede. Não é possível dizer que a subtração de um chinelo 
tenha o potencial de vulnerar o patrimônio da vítima. 
 
2) Princípio da Adequação Social – a conduta socialmente adequada, não merece relevância penal. Isso quer 
dizer que uma conduta, mesmo típica, pode não ser ilícita quando reiteradamente é reconhecida como legítima 
e tolerada pela sociedade. 
 
 Aqui vale ressaltar o entendimento da súmula 502 do STJ, segundo a qual não se aplica o princípio da 
adequação social ao comércio de CDs e DVDs “piratas”: 
 
“Presentes a materialidade e a autoria, afigura-se típica, em relação 
ao crime previsto no artigo 184, parágrafo 2º, do Código Penal, a 
conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas.” 
 
 
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Subjetiva – pode ser: Dolosa ou Culposa. 
 
Dolo – é consciência do que faz e vontade de fazer. 
 
Classificação do Dolo: 
 
Dolo direto 
 
Faz a Previsão do resultado (PREVÊ). 
 
 Atua para alcançá-lo 
(QUER). 
Dolo eventual Faz a Previsão do resultado (PREVÊ). Aceita o Risco. 
 
Culpa – 2 requisitos: 
1) A Quebra do Dever Geral de cuidado: para que possamos viver em sociedade, determinados que deveres 
de cuidados são necessários, os deveres são em regra culturais, mas podem ser legais como no código de 
trânsito. 
 
2) Previsibilidade Objetiva: partindo da conduta tida como descuidada, o resultado deve ser um 
desdobramento esperado, previsível. 
 
Classificação da Culpa: a Culpa pode ser classificada como Culpa Consciente e Culpa Inconsciente. 
 
• Culpa consciente: o autor faz previsão do resultado, mas tem certeza de que irá evitar. 
 
• Culpa Inconsciente: o autor nem prevê, pois, não imagina que vai acontecer, mas deixa de se atentar aos 
cuidados. 
 
Culpa Consciente Faz a Previsão do resultado 
(PREVÊ). 
Certeza que irá evitar. 
Culpa Inconsciente Não Faz a Previsão do resultado 
(não PREVÊ). 
Quebrou o dever de cuidado. 
 
 
 
 
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ERRO DE TIPO 
 
Art. 20, caput, § 1º, § 3º; art. 73 e 74 do CP. 
 
 O erro de tipo pode ser essencial ou incriminador. 
 
Definição – é o erro que recai sobre elemento essencial do tipo, ou seja, o agente não tem consciência (falta de 
dolo) de um dos elementos do tipo. 
 
 O dolo do agente deve abranger todos os elementos do tipo. O erro sempre exclui o dolo. 
 
Consequência – Erro de tipo essencial pode se apresentar de duas formas: 
 
• Inevitável – não tinha como evitar, ele exclui Dolo e Culpa. Neste caso, o fato será atípico. 
 
• Evitável – era possível evitar, ele exclui o Dolo, mas permite a punição por Culpa, se houver previsão na 
lei. 
 
Exemplos: 
1) “A” pratica sexo consensual com “B” de 13 anos, (art. 217-A), pensando que “B” tem 15 anos. (erro de tipo 
essencial, art. 20, caput, CP) 
Fato atípico, por força do erro de tipo essencial. 
 
2) “A” pratica sexo mediante ameaça com “B” de 13 anos, (art. 217-A), pensando que “B” tem 15 anos. (erro 
de tipo essencial, art.20, caput, CP) 
O fato é crime de estupro, há dolo, mesmo havendo o erroda idade. 
 
3) “A” porta maconha pensando ser orégano (art.28, Lei 11.343/06). Erro essencial, art.20, caput, CP. 
Não tem relevância, não existe culpa na lei. 
O fato é atípico, não tem forma culposa. 
 
4) “A” leva embora o celular (art. 155 do CP) de “B”, pensando ser o seu próprio (erro de tipo essencial, art. 
20, caput, CP). 
O fato é atípico, não tem forma culposa. 
 
5) “A” em uma caçada, mata “B” (art. 121 do CP), pensando tratar-se de um urso, erro de tipo essencial, art. 
20, caput, CP). 
Fato inevitável, escusável – fato atípico. 
Fato evitável, inescusável – homicídio culposo, pois o crime, cabe a forma culposa. 
 
 
 
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1. Erro de proibição 
 
 No erro de proibição, diferente do erro de tipo, não há erro sobre a realidade dos fatos. O agente tem 
pleno conhecimento do que pratica e de suas circunstâncias, mas há equívoco sobre o que é permitido pela lei. O 
agente pratica a conduta supondo que não cometeu nenhum ilícito. 
 
Ex.: “A” é estrangeiro e vive em um país em que a idade para consentimento de atos sexuais é de 12 anos. 
Chegando ao Brasil, mantém relações sexuais com “B”, de 12 anos. “A” não conhece a lei brasileira e apesar de 
conhecer a idade de “B”, supõe que sua conduta é lícita. 
 
O erro de proibição poderá ser: 
• inevitável (ou inescusável) – diz-se que não há potencial consciência da ilicitude, ou seja, o agente não 
tinha como saber que sua conduta é ilícita pelas circunstâncias do caso concreto. Exclui a culpabilidade e 
o agente é isento de pena. 
 
• evitável (ou escusável) – nessa situação o agente tinha a potencial consciência da ilicitude, ou seja, havia 
condições de saber que a conduta praticada era ilícita. Neste caso, há condenação com redução de pena 
de um sexto a um terço. 
 
“Art. 21, CP - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre 
a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá 
diminuí-la de um sexto a um terço. 
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se 
omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, 
nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.” 
 
OBS.: Erro de tipo X Erro de proibição 
 
Erro de tipo – Art. 20, caput do CP Erro de proibição – Art. 21 do CP 
Não tem consciência de elemento do tipo. 
 
Sabe o que faz, mas não sabe que é um crime. 
Ex.: “A” faz sexo com “B” 13 anos, pensando ter 
15 anos. 
Erro de tipo essencial, fato atípico 
 
Ex.: “A” faz sexo com “B”, sabendo que “B” tem 
13 anos, pensando ser permitido 
Não sabe que é crime 
Ex.: “A” porta maconha pensando ser orégano 
Erro de tipo essencial, fato atípico. 
 
EX: “A” porta maconha sabendo ser maconha, 
pensando estar liberado 
Não sabe que é crime 
 
 
 
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No erro de proibição por equivocada compreensão do ordenamento jurídico o sujeito pensa que o 
proibido é permitido e vice e versa. 
 
Inevitável Escusável Evitável Inescusável 
Autor não sabe da proibição e nas suas condições de 
vida, não poderia conhecer a proibição 
O Autor não sabe, mas nas suas circunstâncias de 
vida, poderia saber da proibição. 
Afasta a culpabilidade é absolvido. Não absolve, só diminui a pena (art. 21 CP). 
 
Inexigibilidade de Conduta Diversa – são duas as causas legais de inexigibilidade de conduta diversa (art. 22, CP): 
 
• Coação moral irresistível – é aquela que se impõe com a vontade do sujeito determinando a um 
comportamento positivo ou negativo mediante invencível ameaça. 
 
Consequência: fica afastada a responsabilidade do coagido e responde pelo crime o coator. 
 
• Obediência hierárquica, tem dois requisitos: uma ordem não manifestamente ilegal de superior para 
inferior, deverá ter vínculo de direito público. 
 
Consequência: fica afastada a culpabilidade do inferior e responde pelo crime o superior. 
 
Importante destacar! O comando recebido deve ter aparência de legalidade. Se aquele que é subordinado 
cumpre ordem manifestamente ilegal supondo que a conduta seja lícita, ocorre erro de proibição - artigo 21 do 
CP. 
Se, por outro lado, o subordinado sabe que a ordem é ilegal e mesmo assim a cumpre, responde pelo crime que 
foi praticado. 
 
2. Erro de Tipo Permissivo ou Descriminante Putativa (art. 20, §1º do CP) 
 
Definição – é o erro que recai sobre uma excludente de ilicitude. Ou seja, o agente sabe que está praticando um 
fato típico, mas pensa estar amparado por uma excludente de ilicitude. 
 
Exemplo: legítima defesa ou estado de necessidade, que na verdade não está presente. 
 
Consequência – Teoria Limitada da culpabilidade, Erro de tipo permissivo. 
 
Inevitável: exclui o Dolo e a Culpa. 
 
Evitável: exclui o Dolo, mas permite a punição por Culpa, se houver previsão na lei. 
 
 
 
 
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Exemplos: 
1) “A” mata o cachorro de “B” (art.163 do CP), animal manso pensando tratar-se de animal bravo, prestes a 
atacá-lo (erro de tipo permissivo, estado de necessidade putativo). 
O crime de dano, não admite forma culposa. 
Fato atípico 
 
2) “A” mata “B” seu amigo, (art.121 do CP), pensando tratar-se de um ladrão prestes a agredi-lo. 
 Erro de tipo permissivo, legítima defesa putativa 
 
Se o erro era inevitável – fato atípico. 
Se o erro era evitável – Homicídio culposo. 
 
3. Erro de Tipo Acidental (art.20, § 3º, 73 e 74 do CP) 
 
ERRO SOBRE A PESSOA 
ART. 20 §3º DO CP 
ERRO NA EXECUÇÃO 
OU ABERRATIO ICTUS 
ART. 73 DO CP 
RESULTADO DIVERSO DO 
PRETENDIDO OU ABERRATIO 
CRIMINIS 
ART.74 DO CP 
P1 -----------------P2 
Confusão 
Ex.: “A” quer matar seu tio, 
mas o confunde com seu pai e 
mata seu pai, a consequência 
é que o agente responde com 
Dolo como se atingido a 
vítima pretendida. 
Homicídio doloso simples 
 
P1 ---------------------- P2 
 Acidente 
Ex.: “A” quer matar sua esposa 
por não se conformar com o 
término, mas o tiro atinge seu 
melhor amigo. 
 “A” consequência, responde 
com Dolo, como se tivesse 
atingido a vítima pretendida, 
homicídio qualificado pelo 
feminicídio. 
 Coisa --------------- Pessoa 
 Acidente 
Ex: “A” quer quebrar uma janela e 
atira uma pedra, mas a pedra 
acerta e mata “B”. 
 
A consequência, é que o agente 
responderá por culpa se houver 
previsão, pelo resultado 
efetivamente atingido Homicídio 
culposo. 
 
 
 
 
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ETAPAS DA REALIZAÇÃO DO DELITO 
 
1. Consumação e Tentativa 
 
A consumação e a tentativa fazem parte do iter criminis (caminho percorrido pelo crime). O iter criminis é formado 
pelas seguintes fases: 
• Cogitação (fase interna) – é a fase de elaboração mental do crime, quando nasce a vontade do ato. Não 
há ainda exteriorização da conduta. Não é punível. 
• Preparação – a preparação é o início da fase externa, quando o agente passa a ter condutas voltadas ao 
cometimento do crime. Como regra, a não ser que ato preparatório não constitua um crime em si, o 
direito penal não atual. Isso vale para aquele que instigou ou participou da conduta, caso não seja 
concretizado. É a redação do artigo 31 do CP: 
 
“Art. 31, CP - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo 
disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não 
chega, pelo menos, a ser tentado.” 
 
• Execução – ocorre quando o agente coloca em prática a conduta típica; 
• Consumação – (que será vista com mais detalhes adiante quando tratarmos da consumação e tentativa); 
• Exaurimento – ocorre quando o agente, após esgotar o iter criminis, com nova conduta, provoca uma 
nova agressão ao bem jurídico. 
 
Consumação: nos termos do art. 14, I do CP, considera-se consumado o crime quando realizados todos os 
elementos de sua definição legal. 
 
O momento da consumação ocorre: 
• Nos crimes materiais:com a ocorrência do resultado. 
• Nos crimes formais: com a prática da conduta prevista no tipo penal. 
 
Importante dizer que a consumação é o termo inicial para a contagem da prescrição (artigo 111, I do CP) e para 
determinar a competência para o julgamento (artigo 70 do CPP). 
 
Tentativa: nos termos do art. 14, II do CP, ocorre a tentativa se iniciada a execução e o autor não alcança a 
consumação, por circunstâncias estranhas à sua vontade. 
 
Pena na Tentativa: art. 14, parágrafo único – a tentativa será punida com a pena do crime consumado, diminuída 
de 1/3 a 2/3. 
 
Critério de Diminuição: quanto mais distante da consumação, maior a redução e vice e versa. 
 
 
 
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Classificação da Tentativa: 
• Tentativa Branca: é aquela da qual não resulta lesão. 
• Tentativa Cruenta: é aquela da qual resulta lesão, sangra, tem lesão. 
 
Perfeita, completa, acabada, crime falho x imperfeita, incompleta, inacabada 
• Tentativa Perfeita: se o autor esgota os meios de execução, se completa o plano criminoso. 
• Tentativa Imperfeita: se o autor não esgota os meios, não completa o plano. 
 
Tentativas Abandonadas ou Qualificadas; 
 
2. Desistência Voluntária e o Arrependimento Eficaz (art. 15 do CP) 
 
São diferentes da tentativa, porque enquanto na primeira o crime não se consuma por fato alheio à 
vontade do agente, na desistência voluntária e no arrependimento eficaz o crime não se consuma, 
respectivamente, pela vontade do agente em desistir ou na sua conduta para evitar o resultado. 
 
São incompatíveis com a culpa, ou seja, não se aplicam a crimes culposos. 
 
Desistência Voluntária: na desistência voluntária, após iniciar a execução o sujeito voluntariamente desiste de 
nele prosseguir, impedindo a consumação. 
 
Consequência da desistência voluntária: afasta a tentativa e o autor só responde pelos atos já praticados. 
 
Arrependimento Eficaz: após terminar o plano executório o autor, voluntariamente atua de forma eficiente a 
impedir a consumação. 
 
Consequência do arrependimento eficaz: é a mesma da desistência voluntária, ou seja, fica afastada a tentativa 
e o autor só responde pelos atos já praticados. 
 
Ocorre somente nos crimes materiais, ou seja, naqueles que se exige o resultado naturalístico. 
 
Importante! Tanto a desistência quanto o arrependimento não precisam ser espontâneos, mas precisam ser 
voluntários. Isso quer dizer que caso o agente desista ou atue para impedir o resultado por influência de terceiros, 
desde que seja voluntariamente, não se afasta a aplicação do artigo. 
 
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA ARREPENDIMENTO EFICAZ 
Basta interromper a execução para evitar a 
consumação. 
Necessária a ação salvadora, para impedir a 
consumação. 
 
 
 
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3. Crime Impossível - Art. 17 do CP 
 
No crime impossível, o autor pratica a conduta muito semelhante à incriminada, mas não há relevância 
penal pela falta de risco ao bem jurídico. 
 
A consequência do reconhecimento do crime impossível é a atipicidade do fato. 
 
Espécies de Crime Impossível: 
• Crime impossível por impropriedade absoluta do objeto – Se o objeto material, aquilo que sobre 
o que recai a conduta do autor, não reveste um bem jurídico tutelado. 
Exemplos: 1- Não se pode matar alguém que já esteja morto ou furtar um bolso vazio. 2- Abortar sem estar 
grávida, não possui bem jurídico. 
 
• Crime impossível pela ineficácia absoluta do meio – se o meio escolhido pelo autor, no caso 
concreto, não foi apto sequer a causar risco ao bem jurídico, pela experiência comum. 
Exemplos: 1- Tentar envenenar alguém com substância não letal. 2- Usar uma pistola de água para matar 
alguém. 
 
• Crime impossível por obra do agente provocador: há intervenção do sujeito no mecanismo 
causal do fato, tendo ele tomado providências anteriores para impedir o risco ao bem jurídico. 
Exemplo: o policial desconfia do autor de um assalto, e vai falar com o suspeito para arranjar dinheiro e combinam 
o assalto, e a polícia sabendo retira todo o dinheiro da lotérica e os funcionários, com isso conseguiram provar e 
não houve risco ao bem jurídico. 
 
Súmula 145 STF - consolidou que não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a 
consumação. 
 
O Flagrante provocado ou preparado é inválido, porque trata-se de um crime impossível por obra do 
agente provocador, e se o fato é atípico não se pode prender em flagrante. 
 
Importante! Súmula 567 do STJ. 
 
Súmula 567 do STJ: “Sistema de vigilância realizado por 
monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no interior 
de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a 
configuração do crime de furto”. 
 
 
 
 
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ILICITUDE OU ANTIJURIDICIDADE 
 
Ilicitude ou Antijuridicidade - Art. 23, 24 e 25 do CP. 
 
Conceito analítico de crime – o crime é dividido em três partes: 
• Fato típico, (previsto em lei); 
• Ilícito e (proibido); 
• Culpável (reprovável). 
 
 Todo fato típico presume-se ilícito (teoria indiciária) a menos que exista uma situação excludente da 
ilicitude. 
 
1. Excludentes de Ilicitude ou Descriminantes 
 
 Art. 23, CP – Não há crime quando o agente pratica o fato: 
 I) em estado de necessidade; 
 II) em legítima defesa; 
 III) em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. 
 Parágrafo único – o agente em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou 
culposo. 
 
Punível (por dolo ou culpa) ou impunível (inevitável). 
 
Art. 24, CP – Estado de necessidade e Art. 25, CP – Legítima Defesa. 
 
Legítima Defesa Estado de Necessidade 
Quem pratica o fato: 
Para repelir (afastar) agressão (conduta humana) 
injusta (ilícita) atual ou iminente (acontecendo ou 
prestes a acontecer) a direito próprio ou alheio 
(qualquer bem protegido) usando moderadamente 
os meios necessários (suficiente para cessar a 
agressão). 
Quem pratica o fato: 
Para defender de perigo (qualquer situação de risco) 
que não provocou; (involuntário) e atual (que está 
ocorrendo) direito próprio ou alheio cujo sacrifício 
não seria razoável exigir-se (bem maior ou no 
mínimo igual ao bem sacrificado). 
 
 Não há legítima defesa, ao ataque de animal e sim estado de necessidade, há, no entanto, legítima defesa 
se o animal tiver sido usado por um ser humano para atacar a vítima. 
 
 Não há legítima defesa contra quem age amparado por excludente de ilicitude, não há legítima defesa 
recíproca, mas pode haver legítima defesa, sucessiva, ou seja, legítima defesa contra o excesso de outra legítima 
defesa. 
 
 
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 Não pode alegar estado de necessidade, quem provocou dolosamente o perigo, ou quem tem que 
enfrentar o perigo. 
 
 Não há legítima defesa nem estado de necessidade, contra agressão ou perigo já cessado. No caso de 
estado de necessidade, não há previsão de perigo iminente, somente perigo atual, porque o perigo já é o mero 
risco de dano. 
 
 Para a legítima defesa, não se exige proporcionalidade entre os bens. Para o estado de necessidade se 
exige que o bem salvo seja maior ou igual ao sacrificado. 
 
Exercício Regular do Direito Estrito Cumprimento do Dever Legal 
O fato é normalmente autorizado pelo Estado. 
Ex.1: Violência esportiva. 
Ex.2: intervenção médica invasiva com 
consentimento do paciente. 
O fato integra os deveres de ofício do agente. 
Ex.: Policial que realiza uma prisão. 
 
OBS.: O policial que pratica homicídio no cumprimento da função, não pode alegar estrito cumprimento do dever 
legal, mas pode alegar legítima defesa própria ou de terceiros, se preenchidos seus requisitos. 
 
 Ofendículos são aparatos de defesa (ex.: cerca eletrificada), são considerados hipóteses de legítima 
defesa preordenadasdesde que corretamente colocados e sinalizados. 
 
 Ofendículos que sejam instalados de forma imprudente podem caracterizar ilícitos culposos. Ex.: cerca 
elétrica sem sinalização correta. 
 
 Outro ponto de discussão frequente em provas é a violência praticada no contexto de competições 
esportivas. Desde que a violência seja praticada no contexto e dentro das consequências esperadas no esporte, 
há exercício regular de direito. 
 
 
 
 
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CULPABILIDADE 
 
 É censurabilidade, um juízo de reprovação sobre aquele que pode e deve agir de acordo com o direito. 
 
Elementos da culpabilidade e Excludentes da culpabilidade: 
 
Elementos da culpabilidade Excludentes de culpabilidade 
Imputabilidade Inimputabilidade 
Potencial consciência da ilicitude Erro de proibição inevitável 
Exigibilidade de conduta diversa Inexigibilidade de conduta diversa 
 
Inimputabilidade – 3 causas consagradas da inimputabilidade: 
 
• Menor de 18 anos (aplicação do ECA); 
 
• Embriaguez acidental completa 
 
“Artigo 28, 1§ do CP - § 1 º - É isento de pena o agente que, por 
embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, 
era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de 
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com 
esse entendimento.” (grifo nosso) 
 
• Doença mental (art. 26, CP): é inimputável aquele que em razão de doença mental ou desenvolvimento 
mental incompleto retardado (causa biológica) não tem condição de compreender o caráter ilícito do fato ou 
portar-se de acordo com tal entendimento (consequência psicológica). 
 
Possível concluir que o art. 26 do CP, adota como regra para a imputabilidade um critério biopsicológico. 
 
Consequências: o inimputável do art. 26, CP que pratica fato típico e antijurídico, receberá medida de segurança, 
em uma sentença de absolvição imprópria. 
 
Semi-imputabilidade, tem a mesma causa biológica, mas, a consequência psicológica é a perda parcial 
capacidade de autodeterminação. 
 
Consequências da Semi-imputabilidade: o semi-imputável que pratica fato típico e antijurídico, receberá pena 
reduzida ou medida de Segurança. 
 
Aplica-se o chamado sistema vicariante, segundo o qual é aplicável a pena ou a medida de segurança, mas 
não se admite a sua cumulação. 
 
 
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Embriaguez: é uma intoxicação de caráter agudo, provocada pela ingestão de álcool ou substância de efeitos 
análogos capaz de provocar desde uma ligeira euforia até o estado comatoso. 
 
Intensidade da embriaguez – incompleta, completa ou comatosa: 
• Incompleta é a euforia com perda dos freios inibitórios, mas sem comprometimento da 
autodeterminação. 
• Completa é a perda da autodeterminação, perde a noção do que está fazendo, seguida de amnésia. 
• Comatosa é o sono profundo com descontrole das funções fisiológicas. 
 
Classificação da embriaguez e suas consequências: 
• Embriaguez preordenada – para tomar coragem, agrava a pena. 
• Embriaguez voluntária ou culposa – é a intencional, beber para ficar bêbado, culposo; bebeu por 
descuido se embriagou, não afasta a imputabilidade. 
 
OBS.: Para justificar que a embriaguez voluntária ou culposa não provoca a inimputabilidade, a doutrina 
argumenta que ao beber o sujeito era livre, ou seja, a ação criminosa era livre em sua origem. 
 
• Embriaguez acidental – é aquela que vem de caso fortuito (imprevisível) caiu dentro de um tonel de vinho 
ou força maior (inevitável) trote de faculdade, forçado a beber. 
 
Consequência: se for a embriaguez completa é absolvido sem medida de segurança, é inimputável. Se 
incompleta diminui a pena. 
 
• Embriaguez patológica – é uma doença mental, aplica-se o art. 26 CP, como qualquer doença mental. 
 
 
 
 
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CONCURSO DE PESSOAS 
 
Art. 29, 30 e 31 do CP. 
 
 O crime pode ser praticado por uma ou mais pessoas. Quando o crime é praticado por mais de um agente 
estamos diante do chamado concurso de pessoas ou coautoria. 
 
Requisitos do concurso de pessoas: 
• Pluralidade de condutas – é necessário que haja mais de uma conduta, sejam duas condutas principais 
(caso de coautoria), uma principal e uma acessória (autoria e participação). Para o concurso contam os coautores 
ou partícipes inimputáveis. 
 
• Relevância das condutas envolvidas – todas as condutas devem efetivamente contribuir para o resultado. 
 
• Liame subjetivo – é a vontade comum entre os agentes, o desígnio comum de praticar o crime. Vale 
ressaltar que não se exige que esse acordo seja prévio à conduta, basta que ele aconteça. 
 
1. Teoria do Concurso de Pessoas 
 
 A regra está no art. 29, caput, CP (Teoria Monista), todo aquele que concorrer para um crime incide nas 
penas a ele cominadas na medida de sua culpabilidade. Assim, não há distinção de infração penal para autoria e 
participação, todos respondem pela mesma conduta. 
 
Exceções pluralistas: 
 
 Parte Geral, art. 29, §2º, CP, chamada de cooperação dolosamente distinta, se um dos concorrentes quis 
participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste. Essa pena será aumentada de metade se o 
resultado era previsível. 
 
Exemplo: “A” e “B” decidem roubar uma residência. Durante o roubo “B” decide cometer estupro contra a 
moradora, no que “A” não concorda e não participa, sequer tendo presenciado o ato. Nesta situação, “A” 
responde apenas pelo roubo, enquanto “B” responde por roubo e estupro e concurso. 
 
 Parte Especial, art. 124/126 do CP, crime aborto, a gestante que consente o aborto responde por o crime 
do art. 124, CP, pena de 1 a 3 anos e o terceiro que pratica o aborto com seu consentimento responderá por 
outro, o crime do art. 126, CP, pena de 1 a 4 anos. 
 
 
 
 
 
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2. Espécies de Concurso 
 
Autoria ou coautoria (Autor) Participação (Partícipe) 
Teoria restritiva: autor é quem pratica o verbo. Teoria restritiva: partícipe é quem induz, instiga 
(participação) ou auxilia (cumplicidade). 
 
Participação de menor importância (art. 29, §1º do CP): se o juiz pode concluir que um dos concorrentes teve 
participação de menor importância, poderá reduzir a pena de 1/6 a 1/3. 
 
Participação por omissão ou conivência: a participação não é típica, salvo se quem se omite era garantidor. 
 
Circunstâncias Incomunicáveis (art. 30 do CP): 
 
Dados fáticos 
 
Elementares (formam o tipo) Circunstâncias (afetam a pena) 
Objetivas (fato); subjetivas (autores) sempre se 
comunicam, desde que sejam conhecidas. 
 
Objetivas (fato) se comunicam, desde que sejam 
conhecidas. 
Subjetivas (autor) – Não se comunicam. 
 
Autoria Colateral: se dá quando há pluralidade de agentes agindo no mesmo momento, contra a mesma vítima, 
sem que haja um liame subjetivo (unidade de desígnios) entre elas. 
 
Ex.: “A” e “B” possuem um desafeto em comum, “C”. Um dia, de forma autônoma, no mesmo momento, decidem 
atirar contra “C”, contudo, apenas o tiro disparado por “A” acerta o alvo. “A” responde por homicídio consumado 
e “B “tentativa de homicídio. 
 
 Na mesma situação, se não for possível saber de qual arma partiu o tiro que acertou, ambos respondem 
por tentativa de homicídio por aplicação do princípio do in dubio pro reo. 
 
 
 
 
 
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DOSIMETRIA DA PENA 
 
Dosimetria da pena – sistema trifásico 
 
Classificação das circunstâncias, podem ser classificadas como: 
 
• Judiciais 
 
• Legais: Qualificadoras; Agravantes/ atenuantes; Majorantes/ minorantes. 
 
Judiciais: são as previstas no art. 59 do CP, são chamadas judiciais porque seu conteúdo depende do prudente 
arbítrio do juiz. 
 
Qualificadoras: são circunstâncias para novos limites expressos, para a pena base. 
 
Agravante/ atenuantes: art.61 e 62 do CP e 65 e 66 do CP. 
 
 Dentre as agravantes merecem destaque a reincidência e a embriaguez preordenada. 
 
 Dentre as atenuantes a confissão espontânea a menoridade relativa de 18 a 21 anos e a maioridade senil. 
 
Majorantes e Minorantes: são circunstâncias que aumentam ou diminuem a pena com o uso de frações. 
 
1. Sistema trifásico de aplicação da pena – art. 68 do CP 
 
1.1. Primeira fase 
 
 Objetivo é encontrar a pena base com base nas circunstâncias do artigo 59 do CP. 
 
 A pena base se aproximará mais do máximo, conforme as circunstâncias desfavoráveis que existam. As 
circunstâncias têm o mesmo peso, não há hierarquia de pesos entre elas. 
 
OBS.: pacífica a orientação dos tribunais superiores, que o ponto de partida é a pena mínima. 
 
 A interferência das circunstâncias judiciais na pena, depende do prudente arbítrio do juiz. 
 
 Em busca do controle do arbítrio, os tribunais superiores sugerem 1/6 a cada circunstância desfavorável. 
 
 
 
 
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1.2. Segunda fase 
 
 Objetivo é encontrar a pena intermediária, partindo da pena base o juiz aplicará as agravantes e 
atenuantes. 
 
OBS.: a interferência das agravantes e atenuantes na pena depende do prudente arbítrio do juiz. 
 
 Em busca do controle do arbítrio, os tribunais superiores sugerem 1/6 a cada circunstância desfavorável. 
 
 A súmula 231 do STJ, pacificou que na segunda fase as penas não podem ultrapassar o limite da pena 
base, apesar do número de agravantes e atenuantes. Isso quer dizer que a pena não ficará abaixo do mínimo e 
nem acima do máximo. 
 
Outro ponto importante é a súmula 241 do STJ: 
 
“A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância 
agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial.” 
 
 Também é possível que o juiz atenue a pena por alguma circunstância que não esteja expressamente 
prevista no artigo 65 do CP, conforme previsão do artigo 66 do CP: 
 
“A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância 
relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista 
expressamente em lei”. 
 
 Por fim, também cabe destacar o entendimento da súmula 545 do STJ: 
 
“Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento 
do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no artigo 65, III, d, do 
Código Penal.” 
 
1.3. Terceira fase 
 
 O objetivo é encontrar a pena final ou definitiva, partindo da pena intermediária obtida na segunda fase, 
o juiz aplicará as majorantes e minorantes. 
 
OBSERVAÇÃO: 
1- Na terceira fase o aumento ou diminuição está indicado na própria fração que caracteriza a circunstância. 
2- Na terceira fase a pena pode extrapolar as penas mínimas e máximas. 
 
 
 
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REGIME INICIAL, PROGRESSÃO E LIVRAMENTO 
 
1. Regimes de cumprimentos da pena privativa de liberdade 
 
 
Espécies de pena 
 
Privativa de Liberdade 
 3 tipos de penas: 
reclusão, detenção e prisão 
simples 
 Restritiva de direitos Art. 44, CP 
 Multa 
 
Reclusão: pode começar em regime fechado. 
 
Detenção: não pode começar no regime fechado. 
 
Prisão simples: aplicada às contravenções penais e não pode começar em regime fechado. 
 
2. Regimes de Pena 
 
Fechado Semi-aberto Aberto 
Penitenciária Colônia Agrícola ou industrial Casa de albergado ou 
similar 
Trabalho comum diurno e 
isolamento noturno permissão de 
saída por doença do condenado ou 
do CADI. 
Trabalho comum diurno, saída 
temporária são por 5 vezes ao ano 
pelo período de 7 dias. 
Autorresponsabilidade do 
condenado, implica trabalho 
diurno e recolhimento nos 
períodos noturno. 
 
3. Regime Inicial: art. 33, §2º do CP 
 
Critério objetivo Critério subjetivo 
Pena maior que 8 anos e se for de reclusão será 
fechado. 
Detenção será semiaberto. 
O juiz pode aplicar regime mais severo do que o 
permitido pela pena, com fundamento no caso 
concreto. 
Súmula 718, STF. 
Súmula 718, STF. 
Súmula 440, STJ. 
Se o réu é primário e a pena é maior que 4 anos e 
menor do que 8 anos – poderá ser semiaberto para 
reclusão e detenção. 
Reincidente: reclusão fechado, detenção semiaberto. 
 
 
 
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Primário menor ou igual a 4 reclusão ou detenção 
poderá ser aberto 
Reincidente: reclusão e detenção poderá ser em 
semiaberto. 
(Súmula 269, STJ) Se o réu é reincidente e a pena de 
reclusão menor de 4 anos poderá começar a cumpri-la 
em semiaberto. 
 
 
Importante! Lembrar sempre da aplicação do princípio da individualização da pena. 
 
4. Progressão 
 
 A progressão de regime é um direito garantido a todos os condenados que estão cumprindo pena. É a 
mudança de regime de forma gradual, do mais gravoso para o menos gravoso, de acordo com as condições de 
cada condenado. 
 
 Não se admite a progressão per saltum, ou seja, não é possível a progressão diretamente do regime 
fechado ao aberto. A progressão deve ser gradual. Esse entendimento está consolidado na súmula 491 do STJ: 
 
“Súmula 491, STJ – É inadmissível a chamada progressão per saltum 
de regime prisional.” 
 
 Também é importante mencionar a súmula vinculante 56 sobre este tema. Caso não haja vaga no local 
de cumprimento adequado para o apenado, não se admite a sua permanência em regime mais gravoso apenas 
com esta justificativa. 
 
“Súmula Vinculante 56: 
A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a 
manutenção do condenado em regime prisional mais gravoso, 
devendo-se observar, nessa hipótese, os parâmetros fixados no RE 
641.320/RS.” 
 
Porcentagem Critério objetivo Critério subjetivo 
16 % Primário + sem violência Bom comportamento 
20% Reincidente + sem violência Nos crimes contra a 
administração condicionada à 
reparação dos danos 
25% Primário + com violência 
30% Reincidente + com violência 
 
 
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40% Primário + hediondo sem morte 
50% Primário + hediondo com morte 
60% Reincidente + hediondo sem morte 
Lacuna: reincidente, mas não em hediondo 
será de 40% 
 
70% Reincidente + hediondo com morte 
1/8 Gestante/ mãe ou responsável por criança ou 
pessoa com deficiência 
Primária + sem violência 
 
 
5. Livramento condicional 
 
 O livramento condicional antecipa a liberação do apenado, permitindo o cumprimento da pena em 
liberdade até a sua extinção. 
 
Critério objetivo Critério subjetivo 
Pena Maior que 2 anos Bom comportamento 
+ 1/3 não reincidente doloso + bons antecedentes e 
maus antecedentes. 
Não cometer falta grave por 12 meses anteriores ao 
livramento. 
Reparação de dano. 
+ 1/2 reincidente doloso 
+ 2/3 reincidente em hediondo ou hediondo 
com morte. 
Súmula 439/STJ - Exame criminológico para 
preencher os requisitos, poderá pedir se motivar a 
necessário caso concreto. 
 
 Enquanto a progressão de regime é gradual, passando necessariamente do regime mais gravoso para o 
menos gravoso, o livramento condicional antecipa a liberdade. 
 
Vale lembrar! É possível a regressão de regime, que é a transferência de um regime menos gravoso para o mais 
gravoso. A sua possibilidade está no artigo 118 da Lei de Execuções Penais. 
 
 O entendimento do STJ é de que é possível a regressão per saltum, não se exigindo que seja gradual 
(desde que existentes motivos no caso concreto). 
 
 
 
 
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REINCIDÊNCIA (art. 63 do CP) 
 
 Nos termos do art. 63 do CP, reincidente é aquele que pratica novo crime após o trânsito em julgado, de 
sentença condenatória por crime anterior. 
 
 Se o réu tiver várias condenações o juiz pode aumentar a pena na primeira base com fundamentos nos 
maus antecedentes e na segunda fase agravar pela reincidência, desde que se considerem fatos diversos. 
 
Reincidências: Crimes e contravenções. 
 
Condenadocom trânsito em 
julgado por 
Pratica novo crime 
Crime Crime, art. 63 do CP Reincidente 
Crime Contravenção, art. 7 da lei 
de contravenções 
Reincidente 
Contravenção Contravenção Reincidente 
Contravenção Crime Primário 
 
Observação: Crime político e o crime militar próprio não geram reincidência. 
 
 O período depurador da reincidência art. 64 do CP é de 5 anos depois da extinção da pena o réu volta a 
ser primário. 
 
 O período de prova do sursis e do livramento condicional será contado nesse lapso quinquenal. 
 
 
 
 
 
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CONCURSOS DE CRIMES 
 
São 3 as espécies de concurso de crimes: 
• Material; 
• Formal; 
• Crime continuado. 
 
 Independe das quantidades de vítimas pelo motivo do crime. 
 
1. Concurso Material (art. 69 do CP) 
 
 2 ou mais condutas, 2 ou mais crimes. 
 
 As penas serão somadas, cumuladas. 
 
Observação: 
1- O concurso material é residual, ou seja, só incidirá se for inviável o reconhecimento do crime continuado ou do 
concurso formal. 
2- O concurso material pode ser qualificado, como, homogêneo ou heterogêneo. 
Homogêneo: se os crimes forem idênticos. 
Heterogêneo: se os crimes são diferentes. 
 
2. Concurso Formal (art. 70 do CP) 
 
 Uma conduta, dois ou mais crimes. 
 
Exemplo: um motorista causa um acidente de ônibus por distração e despenca de um barranco e mata 15 
passageiros, ele será culpado por homicídio, culposo ou doloso, mas não por 15 homicídios. 
 
Próprio perfeito: autor não tem desígnios autônomos, ele não quer o resultado ou apenas quer um crime. 
 
Exemplo: o mesmo do ônibus, não queria nenhum. 
 
Impróprio imperfeito: desígnios autônomos, o autor quer mais de um crime com dolo direto. Ex.: pretende matar 
duas pessoas e aproveitando que estão as duas juntas em uma sala, incendeia o local. Nesta situação as penas 
são aplicadas cumulativamente. 
 
Como aplicar a pena: 
• No perfeito – Será aplicada a pena do crime mais grave, aumentada (exasperada), de 1/6 a metade. 
 Como o critério de exasperação é o número de crimes, maior o aumento. 
 
 
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• No Imperfeito – As penas serão cumuladas, somadas. 
 
3. Crime continuado (art.71 do CP) 
 
 É uma ficção jurídica por meio da qual uma série de atos criminosos será punida como se fosse um só com 
a pena exasperada. 
 
Existem alguns requisitos do crime continuado: 
• dois ou mais crimes da mesma espécie; 
• condições semelhantes de tempo e lugar; 
• mesmas condições de execução. 
 
A jurisprudência entende que um tempo razoável para o crime continuado é de 30 dias. 
 
Observação: exceção prevalece nos tribunais superiores que não se admite o crime continuado entre o roubo e 
o latrocínio. 
 
Semelhantes condições de lugar: até cidades vizinhas. 
 
Semelhante modo de execução: forma de execução. 
 
Unidade de plano criminoso: para dificultar o crime continuado criado pelo tribunal, um requisito subjetivo, o 
autor deve ter um único plano criminoso, ver um crime como continuação do outro, muito difícil de provar. 
 
 Não pode ser criminoso habitual. 
 
 Os requisitos são cumulativos. 
 
Consequências do crime continuado: 
 Será aplicada a pena do crime mais grave exasperada de 1/6 a 2/3. 
 Critério é o número de crimes. 
 
Crime continuado qualificado: 
 Com violência ou grave ameaça contra vítimas diferentes. 
 Será a pena do crime mais grave exasperada de 1/6 ao triplo. 
 Além do número de crimes, também as circunstâncias do crime. 
 
 
 
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CAUSAS EXTINTIVAS DA PUNIBILIDADE 
 
 A maior parte das causas extintivas de punibilidade está prevista no artigo 107 do Código Penal. Contudo, 
também podem ser encontradas em outros dispositivos. 
 
 A extinção da punibilidade é uma forma de limitação ao direito estatal de punir, colocando um lapso 
temporal ou condição. 
 
“Art. 107, CP - Extingue-se a punibilidade: 
I - pela morte do agente; 
II - pela anistia, graça ou indulto; 
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como 
criminoso; 
IV - pela prescrição, decadência ou perempção; 
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos 
crimes de ação privada; 
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; 
VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) 
VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) 
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.” 
 
Anistia – a causa extintiva se aplica ao fato e não à pessoa. Por meio dela determinados fatos se tornam impuníveis. 
 
 Trata-se de competência exclusiva da União e é privativa do Congresso Nacional, com sanção do Presidente 
da República, mediante promulgação de lei federal. 
 
 A anistia não pode ser aplicada a crimes hediondos, tortura, tráfico ilícito de drogas e terrorismo (art. 5º, 
inciso XLIII, da CF). 
 
 Exclui os efeitos penais, mas não extrapenais (ex.: dever de indenizar civilmente). 
 
Graça – concedida a pessoas específicas. É o perdão ou a clemência pelo Presidente da República. 
 
Podem pleitear a graça: o condenado, o Ministério Público, o Conselho Penitenciário ou a autoridade 
administrativa. 
 
 A graça pode ser concedida total ou parcialmente. 
 
Indulto – determinado por decreto do Presidente, pode abranger diversas pessoas mediante determinadas 
condições. 
 
 
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 O inciso III trata da abolitio criminis, situação em que uma lei deixa de considerar determinado fato como 
criminoso. 
 
 A lei penal mais benéfica sempre retroage em favor do acusado. 
 
Prescrição – perda do direito estatal de punir ou de executar uma pena em razão de decurso de lapso temporal. 
A prescrição da pretensão punitiva está prevista no artigo 109 do CP. 
 
 A prescrição da pretensão executória ocorre quando já existe uma sentença condenatória definitiva. 
 
Decadência – perda do direito de ingressar com a ação penal privada ou de oferecer a representação pela perda 
do prazo legal. 
 
“Artigo 103 do CP - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido 
decai do direito de queixa ou de representação se não o exerce dentro 
do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a saber quem 
é o autor do crime, ou, no caso do § 3.º do art. 100 deste Código, do 
dia em que se esgota o prazo para oferecimento da denúncia.” 
 
Perempção - Ocorre nas ações penais privadas, nas hipóteses do artigo 60 do Código Penal. 
 
Renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nas ações privadas - A renúncia ocorre antes do ajuizamento 
da ação e independe da aceitação do acusado. 
 
 Já o perdão é a desistência do prosseguimento da ação e abrange todos os acusados. 
 
Retratação do acusado – é admitida em alguns crimes (calúnia, difamação, falso testemunho). 
 
 Em regra, deve ser feita pelo acusado até a sentença. 
 
Perdão judicial – aplicado pelo juiz, que deixa de aplicar a pena quando observadas algumas circunstâncias 
excepcionais previstas em lei. 
 
 Alguns exemplos de crimes que permitem a sua aplicação – homicídio culposo, lesão corporal culposa e 
receptação culposa. 
 
 
 
 
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Exame de Ordem 
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HOMICÍDIO (art. 121 CP) 
 
 O conceito de morte adotado no Brasil é a morte encefálica, ou seja, a parada total e irreversível da 
atividade eletroencefálica. 
 
 Admite o dolo indireto e o eventual. 
 
 Consolidado o entendimento nos tribunais superiores que contaminar o outro com vírus HIV não 
configura dolo de matar e sim de lesar. 
 
 O homicídio doloso, será julgado pelo rito do júri. 
 
1. Homicídio Simples 
 
Conceito de homicídio: eliminação da vida humana extra uterina, provocada por outra pessoa. 
 
O homicídio admite coautoria e participação. 
 
Com a Lei nº 8.930/1994, que alteroua redação da Lei 8.072/1990, o homicídio simples será considerado 
hediondo quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que por um só indivíduo. A Lei nº 
12.720/2012 acrescentou o § 6º ao art. 121 do CP, determinando que, em tal situação, incidirá uma causa de 
aumento de pena. 
 
Consumação: 
Dá-se no momento da morte (crime material), razão pela qual é classificado como crime instantâneo de 
efeitos permanentes. 
 
Elemento subjetivo: 
• dolo direto: quando a pessoa quer o resultado; 
• dolo eventual: o agente assume o risco de produzir o resultado (prevê a morte e age). 
 
No caso de homicídio decorrente de racha de automóveis (art. 308 do Código de Trânsito Brasileiro), os 
Tribunais têm entendido que se trata de homicídio com dolo eventual. 
 
2. Homicídio Privilegiado 
 
Caso de diminuição de pena: 
 § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio 
de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um 
terço. 
 
 
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Damásio Educacional 
 
 
 
Causa de diminuição de pena (redução de um sexto a um terço, em todas as hipóteses). 
 
As hipóteses são de natureza subjetiva porque estão ligadas aos motivos do crime: 
 
• Motivo de relevante valor moral (nobre): diz respeito a sentimentos do agente que demonstra que 
houve uma motivação ligada a uma compaixão ou algum outro sentimento nobre. É o caso da eutanásia. 
Motivo de relevante valor social: diz respeito ao sentimento da coletividade. Exemplo: matar o traidor da 
Pátria; 
• Sob domínio de violenta emoção, logo em seguida à injusta provocação da vítima. 
 
Requisitos: 
Existência de uma injusta provocação (não é injusta agressão, senão seria legítima defesa). Exemplo: 
adultério, xingamento, traição. Não é necessário que a vítima tenha tido a intenção específica de provocar, 
bastando que o agente se sinta provocado. 
 
Que, em razão da provocação, o agente fique tomado por uma emoção extremamente forte. Emoção é um 
estado súbito e passageiro de instabilidade psíquica. 
 
Reação imediata (logo em seguida): não pode ficar evidenciada uma patente interrupção entre a 
provocação e a morte. Leva-se em conta o momento em que o sujeito ficou sabendo da provocação. 
 
3. Qualificadoras do Homicídio - §2º do art. 121, CP 
 
O homicídio qualificado é punido com reclusão de 12 a 30 anos, além de ser considerado hediondo (tanto 
na forma tentada quanto na consumada). 
 
Classificação: 
• Quanto aos motivos: incisos I, II, VI e VII; 
• Quanto ao meio empregado: inciso III e VIII; 
• Quanto ao modo de execução: inciso IV; 
• Por conexão: inciso V. 
 
Inciso I – mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe: 
 
Nesse caso, o homicídio é também chamado homicídio mercenário. 
 
Majoritariamente entende-se que a recompensa deve ter expressão econômica, ainda que não seja em 
dinheiro. 
 
 
 
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A paga é prévia em relação à execução, enquanto na promessa de recompensa, o pagamento é posterior. 
Mesmo se o mandante não cumprir, existirá a qualificadora. 
 
Motivo torpe: é o motivo moralmente reprovável, vil, repugnante. Exemplo: matar o pai para ficar com 
herança; matar a esposa porque ela não quis manter relação sexual. O ciúme não é considerado motivo torpe. A 
vingança será considerada, ou não, motivo torpe dependendo do que a tenha originado. 
 
Inciso II – motivo fútil: 
 
Matar por motivo de pequena importância, motivo insignificante. Exemplo: matar por causa de uma pisada 
no pé. 
A ausência de prova, referente aos motivos do crime, não permite o reconhecimento dessa qualificadora. 
Ciúme não caracteriza motivo fútil. 
Ciúmes: para os tribunais o ciúme não caracteriza, por si só, motivo fútil, sendo necessário verificar qual 
seu fundamento. 
 
Inciso III – emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou que possa 
representar perigo comum: 
 
a) Emprego de veneno: trata-se do venefício. 
É necessário que seja administrado de forma que a vítima não perceba. Se o veneno for introduzido com 
violência ou grave ameaça, será aplicada a qualificadora do meio cruel. 
 
Vale ressaltar! Algumas substâncias podem não ser perigosas para as pessoas em geral, mas letais para 
determinados indivíduos por condições de saúde. 
 
b) Emprego de fogo: se além de causar a morte da vítima o fogo ou explosivo danificarem bem alheio, 
o agente só responderá pelo homicídio qualificado (art. 163, parágrafo único, II, do CP). 
 
c) Emprego de explosivo; 
 
d) Emprego de asfixia: impedimento da função respiratória. 
 
e) Emprego de tortura ou qualquer meio insidioso ou cruel: 
Meio cruel: é o que causa sofrimento desnecessário à vítima. 
 
Tortura: Trata-se de meios que causam na vítima intenso sofrimento físico ou mental. 
 
Meio insidioso: é o meio ardiloso que consiste no uso de fraude, armadilha. 
 
 
 
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f) Emprego de qualquer meio do qual possa resultar perigo comum: é aquele que pode expor a perigo 
um número indeterminado de pessoas. Ex.: desabamento. 
 
Inciso IV – à traição, de emboscada ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível 
a defesa do ofendido: 
 
São de natureza objetiva. 
 
a) Traição: o agente se aproveita de uma relação de confiança existente entre autor e vítima. 
 
b) Emboscada ou tocaia: o autor aguarda escondido a passagem da vítima por um determinado local 
para matá-la. 
 
c) Dissimulação: o agente oculta a sua intenção para abordar a vítima de surpresa. 
 
d) Qualquer outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima 
 
Inciso V – para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime ou (por conexão): 
 
Ocorre quando a morte visa garantir: 
• ocultação de outro crime: o intuito do agente é evitar que alguém descubra que o crime foi 
praticado; 
• impunidade: evitar que alguém conheça o autor de um crime (exemplo: matar testemunha); 
• vantagem (exemplo: ladrões de banco – um mata o outro). 
 
Inciso VI – feminicídio: 
 
De acordo com o inciso IV do §2º do art. 121 do CP, dá-se o feminicídio quando o sujeito ativo praticar o 
fato contra mulher, por razões da condição do sexo feminino. 
 
Há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve (§2º-A): a) violência doméstica e familiar; 
 b) menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
 
Não é suficiente apenas que a vítima do crime seja do sexo feminino, é necessário que a motivação da 
conduta seja específica. 
 
Inciso VII – homicídio funcional: 
 
Incluída pela Lei n. 13.142/2015. 
 
 
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É uma qualificadora relacionada à motivação do crime, quando praticado contra autoridade ou agente 
descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de 
Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente 
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição. 
 
O art. 142 da CF se refere aos membros das Forças Armadas. 
 
O art. 144 da CF diz respeito aos integrantes das polícias (Federal, Rodoviária Federal, Ferroviária Federal, 
Civil e Militar), do Corpo de Bombeiros Militar e da Guarda Municipal. 
 
VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido: 
 
A arma de uso restrito é aquela de uso exclusivo das Forças Armadas, de instituições de segurança pública 
e de pessoas físicas e jurídicas habilitadas, autorizadas pelo Comando do Exército, de acordo com legislação 
específica. 
 
4. Homicídio culposo – art. 121, § 3.º, do CP 
 
A morte decorre de imprudência, negligência ou imperícia. 
 
Imprudência:consiste em uma ação, conduta perigosa. 
Negligência: é uma omissão; ocorre quando se deveria ter tomado certo cuidado. 
Imperícia: ocorre quando uma pessoa não possui aptidão técnica para a realização de certa conduta e ainda assim 
a realiza, dando causa à morte. 
 
Culpa concorrente: ocorre quando duas pessoas agem de forma culposa, provocando a morte de um terceiro. 
Ambos respondem pelo crime. 
 
O fato de a vítima também ter agido com culpa não exclui a responsabilidade do agente. Não existe 
compensação das culpas. 
 
O homicídio culposo do Código Penal só se aplica se o crime não for cometido na direção de veículo 
automotor, porque nesse caso estará configurado o crime definido no art. 302 do Código de Trânsito Brasileiro. 
 
5. Aumento de pena – art. 121, § 4.º, do CP 
 
No homicídio culposo 
A pena será aumentada de 1/3 (um terço): 
 
a) Se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima; 
 
 
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Não se aplica o aumento: 
• se a vítima está evidentemente morta; 
• se a vítima foi socorrida de imediato por terceiro; 
• quando o socorro não era possível por questões materiais, ameaça de agressão etc.; 
 
b) Se o agente foge para evitar o flagrante; 
c) Se o agente não procura diminuir as consequências de seu ato; 
d) Se o crime resulta da inobservância de regra técnica de arte, profissão ou ofício. 
 
No homicídio doloso 
 
A pena será aumentada de um terço se a vítima for menor de 14 anos ou maior de 60 anos (§ 4.º com 
redação dada pela Lei 10.741/2003 Estatuto do Idoso). A idade deve ser aferida no momento da ação ou omissão. 
 
A Lei 12.720/2012, acrescentou ao art.121 do CP o § 6º, prevendo que a pena será aumentada de 1/3 (um 
terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de 
segurança, ou por grupo de extermínio. 
 
No feminicídio 
 
De acordo com o § 7º do art. 121, a pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o 
crime for praticado: I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; II - contra pessoa menor de 
14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de doenças degenerativas que 
acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; III - na presença física ou virtual de 
descendente ou de ascendente da vítima; IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas 
nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha). 
 
6. Perdão judicial – art. 121, § 5.º, do CP 
 
Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá conceder o perdão judicial, deixando de aplicar a pena, 
quando as consequências de o crime atingirem o próprio agente de forma tão grave que a imposição da mesma se 
torne desnecessária. Só será concedido na sentença. 
 
As consequências são apuradas de acordo com a situação do agente, sendo, portanto, pessoais. 
 
7. Homicídio Culposo no Código de Trânsito Brasileiro 
 
Art. 302 do Código de Trânsito Brasileiro: “praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor. 
 
 
 
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Uma das penas previstas é a proibição ou suspensão da permissão para dirigir ou da carteira nacional de 
habilitação. O prazo dessa suspensão é de 2 meses a 5 anos, sendo determinado pelo juiz. 
 
Parágrafo único: causa de aumento de pena (um terço a metade): 
I – se o agente não tem permissão ou habilitação para dirigir; 
II – se o crime ocorre na faixa de pedestre ou na calçada; 
III – se o agente deixa de prestar socorro à vítima, quando possível; 
IV – se o agente, no exercício de sua profissão ou atividade, está na condução de veículo de transporte de 
passageiros”. 
 
Art. 299 do Código de Trânsito Brasileiro – vetado. O perdão judicial foi vetado porque já constava no 
Código Penal. Apesar de ter sido vetado, é aplicável aos acidentes de trânsito. 
 
 
 
 
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INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO A SUICÍDIO OU A AUTOMUTILAÇÃO – ART. 122, CP 
 
 Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o 
faça. 
 
Temos 3 verbos neste artigo: 
• Induzir; 
• Instigar; 
• Prestar (auxílio). 
 
Induzir – significa dar a ideia. 
Instigar – fomentar o propósito preexistente. 
Prestar auxílio – praticar ato útil ou necessário para o suicídio ou automutilação, mas que não chega a ser letal 
ou lesivo. Deve haver nexo causal (relação de causa e efeito) entre o auxílio prestado e o modo pelo qual a vítima 
se matou ou produziu o ferimento. Exemplo: no caso de emprestar uma corda e a vítima se matar com um tiro, 
não há nexo, assim, aquele que emprestou a corda não responderá por auxílio ao suicídio. 
 
 Na antiga redação o crime do art. 122 do CP dependia de resultado lesivo para a relevância penal. Hoje o 
crime é formal, e se consuma (ganha relevância penal) com o mero induzimento, instigação ou auxílio. 
 
 É crime doloso. Não admite forma culposa. É exigida seriedade na conduta, com a intenção de provocar 
na vítima a conduta suicida ou de automutilação. 
 
Qualificadoras: 
 §1º - se resulta lesão grave ou gravíssima. 
 §2º - se resulta morte. 
 
Majorantes: 
 §3º, I - se o crime for praticado por motivo egoístico (vantagem própria), torpe ou fútil. 
 §3º, II – se a vítima é menor (de 18 anos) ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de 
resistência. 
 §4º - se a conduta for realizada por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em 
tempo real. 
 §5º - a pena será aumentada, ainda, se o agente for líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual. 
 
Menor de 14 anos: 
 §6º - se a vítima for menor de 14 anos ou por enfermidade mental não tem discernimento para a prática 
do ato, e da conduta resulta lesão gravíssima, o autor deve responder pelo crime de lesão corporal gravíssima. 
 §7º- Se a vítima for menor de 14 anos ou por enfermidade ou doença mental não tem discernimento para 
a prática do ato, e resulta morte, o agente responderá pelo crime de homicídio. 
 
 
 
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Exame de Ordem 
Damásio Educacional 
 
 
INFANTICÍDIO – Art. 123, CP 
 
 Art. 123 - Matar, sob influência do Estado Puerperal, o próprio filho, durante o parto, ou logo após. 
 
 Estado puerperal é uma alteração biopsíquica rara, que mitiga a capacidade de autodeterminação da 
parturiente e fomenta a agressividade dirigida ao neonato. É controversa sua duração, e há quem sustente que 
pode perdurar por horas ou mesmo dias. 
 
 Aplica-se a teoria monista, de forma que o terceiro, mesmo que sem vínculo com a mãe e com a criança, 
mas que colabora com a morte, responderá também por infanticídio (art. 29 e 30 do CP). 
 
 É possível combinar o infanticídio com o erro sobre a pessoa (artigo 20, §3º do CP). Se a mãe confundiu 
filho com outra criança responderá por infanticídio, mesmo tendo matado filho de terceiro. 
 O mesmo para o erro na execução. 
 
 
 
 
 
 
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Exame de Ordem 
Damásio Educacional 
 
 
ABORTO – ART. 124, 125, 126, 127 E 128 
 
 É a interrupção da gestação com resultado morte do feto. 
 
O aborto protege a vida do feto. Quando começa a vida? 
 1ª posição: majoritária – nidação, apego do ovo fecundado à parede do útero. 
 2ª posição: concepção – encontro dos gametas. 
 
Regulamentação legal do Aborto: 
 Art.124 – autoaborto e o aborto consentido. 
 Art.125 – provocar aborto sem o consentimento da gestante. 
 Art.126 – provocar aborto com o consentimento da gestante. 
 Art.127 – majorantes. 
 Art.128 – aborto legal. 
 
Autoaborto: 
 A gestante provoca o aborto em si mesma. 
 
Aborto consentido: 
 A gestante consente que terceiro lhe provoque o aborto. 
 Consumação em todas as suas espécies, o aborto só se consuma com a morte

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