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Cooperativismo financeiro no Brasil e no mundo

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Cooperativismo 
financeiro no Brasil e 
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Márcio Port
Piracicaba | Pecege
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© 2019 PECEGE
Todos os direitos reservados. Permitida a reprodução desde que 
citada a fonte.
A responsabilidade pelos direitos autorais de texto e imagens 
desta obra são dos autores.
Organizadores
Carlos Shinoda 
Daniela Flôres
Joze Aparecida Mariano Correa
Maria Cecília Perantoni Fuchs Ferraz
Mariana Luzia Bettinardi 
Ricardo Harbs
Projeto Gráfico e Editoração
José Eurico Possebon Cyrino
Marcos Valerio Saito
Rodrigo Iwata Fujiwara
Revisão
Fernanda Latanze Mendes Rodrigues
Layane Rodrigues Vieira
P839c 
 Port, Márcio.
 
 Cooperativismo Financeiro no Brasil e no Mundo / Márcio 
Port - - Piracicaba: Pecege, 2019.
Série Didática
ISBN 978-85-92582-06-7
1. Economia Financeira
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Prezado(a) aluno(a),
Esse material foi desenvolvido no intuito de auxiliá-los com os 
estudos nos cursos de MBA da Esalq/USP, servindo como um 
referencial teórico básico e complementar às aulas oferecidas nos 
cursos.
Desejamos que esse material, de alguma forma, contribua para 
acrescentar novos conhecimentos, impulsionar o aprendizado e 
aprimorar as competências que já possui.
Bons estudos!!
Equipe Pecege
Prefácio
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Bacharel em Administração de Empresas, pós-graduado em Gestão de Serviços 
e em Gestão de Cooperativas. ingressou na Sicredi Pioneira RS, a mais antiga 
Cooperativa de Crédito da América Latina, em 1992. Em 2008, deu origem ao 
Portal do Cooperativismo Financeiro e co-autor dos livros “O Cooperativismo 
de Crédito, ontem, hoje e a amanhã” e “Cooperativismo Financeiro, percurso 
histórico, perspectivas e desafios”. Passou por diversas funções na cooperativa, 
caixa, gerente de unidade, encarregado de crédito, gerente regional administrativo 
financeiro, superintendente regional e eleito em 2011 para o cargo de presidente 
do Conselho de Administração da cooperativa Pioneira, onde permaneceu até 
dezembro de 2017. Atualmente, é vice-presidente da Central Sicredi Sul/Sudeste.
Márcio Port
sobre o autor
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Sumário
1. Introdução 9
2. Os 7 princípios do cooperativismo 12
3. História do Cooperativismo 15
4. A Expressão Mundial e Nacional 17
5. Legislação e Tipos de Cooperativas 21
6. Fidelização e Relacionamento 25
7. Modelo de Governança 28
8. Balanço Social 32
9. Referências 34
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1. Introdução
O cooperativismo é uma doutrina e um estilo de vida, organizado por meio 
da união das pessoas em torno de objetivos comuns. As cooperativas 
seguem princípios e valores únicos, percebidos pelas mais de 1,2 bilhão de pessoas 
associadas a elas. Recentemente, em 2012, a ONU (Organização das Nações 
Unidas) reconheceu que “cooperativas constroem um mundo melhor”, estando 
comprovado que, entre outros aspectos, o cooperativismo gera: desenvolvimento local, 
equidade, empreendedorismo, manutenção de empregos, riqueza, inclusão social, desenvolvimento 
de lideranças, integração e organização social. O cooperativismo demonstra na prática que 
as pessoas podem viver conjuntamente, baseados na ajuda mútua, sem renunciar a 
sua individualidade, a propriedade privada e às características pessoais e naturais de 
cada um.
A partir da fundação da primeira cooperativa, a dos Pioneiros de Rochdale, em 
1844 na Inglaterra, várias outras cooperativas foram fundadas em várias partes do 
mundo, demonstrando o poder mobilizador e inspirador do cooperativismo em 
torno de causas econômicas e sociais que afligem as pessoas. 
Explicando de uma forma de fácil entendimento, o cooperativismo prega que 
possamos fazer nós mesmos aquilo que alguma empresa ou terceiro faria por nós 
com o objetivo de obter alguma vantagem às nossas custas. Como afirma o autor 
Pontes de Miranda: “as pessoas mais se unem em cooperativas, não para lucrar, mas 
sim para que outros não lucrem sobre elas”. A criação de uma cooperativa presume 
que uma pessoa alcança, em união com outras pessoas, ganhos maiores do que se 
estivesse sozinha, fato este que deixa claro que uma cooperativa deve ser rentável e 
eficiente, do contrário o ganho de escala não existirá.
“Sem viabilidade econômica a 
organização cooperativa não existe.
Sem responsabilidade social uma 
cooperativa não tem razão de ser”
Organização das Cooperativas do Brasil
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Cooperativismo Financeiro no Brasil e no Mundo
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Nos dias atuais, todas as pessoas (físicas ou jurídicas) demandam produtos e 
serviços oferecidos por uma instituição financeira ou fintech. Ao escolher uma 
instituição financeira, a população brasileira conta com mais de 100 bancos, incluídos 
os grandes bancos de varejo (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Itaú, 
Bradesco, Santander) e uma centena de instituições financeiras especializadas em 
algum nicho de mercado (crédito consignado, financiamento de veículos ou outras 
operações). Essas instituições bancárias têm como característica ser de propriedade 
de um pequeno número de pessoas (os DONOS dos bancos) que buscam obter o 
máximo retorno possível (LUCRO) sobre o capital que possuem investido. Este 
lucro é obtido através das movimentações financeiras realizadas pelos CLIENTES, 
pessoas que não possuem nenhum poder de decisão sobre a forma de atuação do 
banco com o qual operam, apenas usufruindo dos produtos e serviços que utiliza e 
pagando o preço estabelecido. 
Já ao conceituar uma cooperativa de crédito, podemos afirmar que se trata 
de uma instituição financeira com atuação local e regional, de propriedade dos 
membros, constituída em forma de cooperativa, sem o objetivo de lucro, que tem 
como objetivo atender as necessidades dos associados. Significa dizer que, em uma 
cooperativa, os donos são os próprios usuários dos produtos e serviços.
Tabela 1. Diferenças entre uma cooperativa e um banco
BANCOS
INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS 
COOPERATIVAS
São sociedades de capital São sociedades de pessoas
O poder é exercido na proporção do 
número de ações
O voto tem peso igual para todos (uma 
pessoa, um voto)
As deliberações são concentradas As decisões são partilhadas entre muitos
Os administradores são terceiros 
(homens do mercado)
Os administradores-líderes são do meio 
(associados)
O usuário das operações é mero cliente O usuário é o próprio dono (cooperado)
O usuário não exerce qualquer influência 
na definição dos produtos e na sua 
precificação
Toda a política operacional é decidida 
pelos próprios usuários/donos 
(associados)
Podem tratar distintamente cada usuário
Não podem distinguir: o que vale para 
um, vale para todos (art.37 da Lei nº 
5.764/71)
Preferem o público de maior renda e as 
maiores corporações
Não discriminam, servindo a todos os 
públicos
(Continua)
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O pleno entendimento de como atua uma cooperativa é possível através 
do estudo dos 7 princípios do cooperativismo, que demonstram na prática os 
diferenciais e pilares deste modelo econômico e social.
BANCOS
INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS 
COOPERATIVAS
Priorizam os grandes centros (embora 
não tenham limitação geográfica)
Não restringem, tendo forte atuação nas 
comunidades mais remotas
Têm propósitos mercantilistas
A atividade mercantil não é cogitada 
(art.79, parágrafoúnico, da Lei nº 
5.764/71)
A remuneração das operações e dos 
serviços não tem parâmetro/limite
O preço das operações e dos serviços 
tem como referência os custos e 
como parâmetro as necessidades de 
reinvestimento
Atendem em massa, priorizando, 
ademais, o autosserviço
O relacionamento é personalizado/ 
individual, com o apoio da informática
Não têm vínculo com a comunidade e o 
público-alvo
Estão comprometidas com as 
comunidades e os usuários
Avançam pela competição Desenvolvem-se pela cooperação
Visam ao lucro por excelência
O lucro está fora do seu objeto, seja pela 
sua natureza, seja por determinação legal 
(art.32 da Lei nº 5.764/71)
O resultado é de poucos donos (nada é 
dividido com os clientes)
O excedente (sobras) é distribuído entre 
todos (usuários), na proporção das 
operações individuais, reduzindo ainda 
mais o preço final pago pelos cooperados 
e aumentando a remuneração de seus 
investimentos
No plano societário, são regulados pela 
Lei das Sociedades Anônimas
São reguladas pela Lei Cooperativista 
e por legislação própria (especialmente 
pela Lei Complementar 130/2009)
Tabela 1. Diferenças entre uma cooperativa e um banco (Conclusão)
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2. Os 7 princípios do cooperativismo
Os princípios universais do cooperativismo, definidos em 1995, pela Aliança 
Cooperativa Internacional (ACI) são:
1. Adesão livre e voluntária: as cooperativas são abertas à todas as 
pessoas aptas a utilizar seus serviços e a assumir as responsabilidades 
como membros, sem discriminação de sexo, gênero, social, racial, 
política ou religiosa, observados os requisitos constantes no 
estatuto social.
2. Gestão democrática: são os próprios membros que administram e 
controlam as cooperativas, participando ativamente na formulação 
das políticas e na tomada de decisão. Os sócios, eleitos como 
representantes dos demais membros, são responsáveis perante estes.
3. Participação econômica: os membros contribuem equitativamente 
na formação do capital das suas cooperativas e parte desse capital 
é de propriedade comum da cooperativa, indivisível. Ao final de 
cada exercício, os sócios participam da distribuição dos resultados 
excedentes (sobras) ou de eventual rateio das perdas, normalmente 
observando o nível de reciprocidade / negócios que cada um teve 
com a cooperativa. 
4. Autonomia e independência: cada cooperativa é autônoma e 
independente, gerida pelos próprios sócios e, por esse motivo, 
não deve firmar convênios ou acordos que tragam prejuízo 
para a cooperativa ou para seus próprios membros. Ao mesmo 
tempo, o sucesso ou insucesso da cooperativa afetam unicamente 
seus associados. Deve também atuar de forma a não depender 
financeiramente ou administrativamente de outras organizações, 
sejam elas econômicas, políticas ou sociais. 
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5. Educação, formação e informação: sendo a cooperativa 
administrada pelos próprios membros é necessário garantir que 
estes tenham plenas condições de fazê-lo, sendo a educação um 
dos princípios de fundamental importância para isto. A ausência 
da educação, formação ou informação impacta negativamente nos 
demais princípios cooperativos: ao não ter o preparo adequado, a 
cooperativa passa a depender de outras pessoas para fazer a sua 
gestão (impactando no 4º princípio); ao não ter o preparo adequado, 
a cooperativa possivelmente enfrentará dificuldades financeiras e 
gerará perdas (impactando no 3º princípio); ao não ter o preparo 
adequado, a gestão democrática ficará prejudicada (impactando no 2º 
princípio), e assim por diante. 
6. Intercooperação: pessoas se unem em torno de cooperativas para 
obter ganhos de escala e organização que sozinhas não teriam. 
Da mesma forma, a união de cooperativas em torno de objetivos 
comuns, organizadas através de centrais e confederações, propicia 
ganhos de escala ainda maiores. Já cooperativas de diferentes 
ramos ou atividade podem se fortalecer através da realização de 
negócios entre si, intercooperando, fortalecendo e desenvolvendo 
a própria região. 
7. Interesse pela comunidade: um dos grandes diferenciais de uma 
cooperativa é o fato de ser uma empresa da própria região, que 
convive com as dificuldades e aflições dos sócios e da comunidade, 
interagindo e interferindo positivamente na solução das situações 
encontradas. As cooperativas normalmente são fortes agentes de 
desenvolvimento econômico e social das comunidades em que atuam, 
colocando em funcionamento o círculo virtuoso do cooperativismo.
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O círculo virtuoso acima demonstra que os recursos depositados em uma 
cooperativa, ao serem reinvestidos na própria região, incrementam a renda e o 
emprego locais, contribuindo para a permanência dos jovens em suas cidades e 
ampliando o consumo. Impactam também o aumento do faturamento das empresas, 
gerando mais impostos, potencializando os investimentos públicos em projetos 
educacionais, econômicos e sociais e em infraestrutura. Esta atuação repercute na 
melhoria da qualidade de vida não só dos associados, mas de toda a população da 
área de abrangência da cooperativa.
Figura 1. Círculo virtuoso do cooperativismo
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Com tantos diferenciais apresentados por uma cooperativa, por qual motivo o 
número de pessoas sócias de uma cooperativa não é ainda maior? O que faz com 
mais pessoas não se unam em torno de uma cooperativa, buscando a ajuda mútua, 
para obter benefícios a si próprios e ao conjunto de associados? A resposta para esta 
pergunta talvez seja: o desconhecimento. 
Ainda carecemos de encontrar uma forma adequada de comunicar o que é o 
cooperativismo e de que forma as cooperativas atuam. É o desconhecimento que 
faz com que uma pessoa física (ou empresa) procure uma instituição financeira 
bancária tradicional (banco público ou privado) para fazer suas operações quando 
poderia realizar todas as suas movimentações com sua própria instituição financeira, 
constituída de forma cooperativa. Como afirma Roberto Rodrigues, somos muito 
bons de falar do cooperativismo entre nós mesmos, mas temos dificuldades ao falar 
para outras pessoas. O desconhecimento é, portanto, um dos grandes desafios do 
cooperativismo. Cabe a cada um de nós ser um embaixador do cooperativismo 
entre nossos familiares, amigos e conhecidos.
3. História do Cooperativismo
A primeira cooperativa constituída no mundo foi em Rochdale, na Inglaterra, 
no ano de 1844. Foi lá que um grupo de 28 tecelões constituiu uma cooperativa 
de consumo com o objetivo de oferecer produtos com melhor qualidade e preço 
para seus sócios. Esta cooperativa já encerrou suas atividades, mas, por meio de 
sua história, continua prestando um grande serviço a milhares de pessoas que se 
inspiram em seus ideais. 
Alguns anos depois, em 1850, na cidade de Delitzsch, na Alemanha, inicia a 
história do cooperativismo de crédito, com a criação da primeira cooperativa urbana, 
e, em 1862, em Anhausen, também na Alemanha, a primeira cooperativa de crédito 
rural, liderada por Friedrich Wilhelm Raiffeisen. Apesar da iniciativa de Raiffeisen 
não ter sido a pioneira dentre as cooperativas de crédito, foi ele que inspirou muitas 
outras pessoas, de diferentes países, como: Áustria, Suíça, Holanda, França, Canadá 
e Brasil, entre outros.
 
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O modelo Raiffeisen chegou ao Brasil pelas mãos do padre jesuíta suíço Theodor 
Amstad, que em 1885, após ter sido ordenando padre na Inglaterra e ter estudado na 
Alemanha, foi destinado a atuar no sul do Brasil, na região colonizadapor pessoas de 
origem germânica, distante cerca de 90 km de Porto Alegre. Com o passar do tempo o 
sacerdote percebeu que o que as pessoas precisavam ia além da fé e da religião, havendo 
carências em áreas como saúde, segurança, educação e finanças. Amstad atuou em 
várias frentes, tendo liderado a fundação de escolas, asilos, hospitais, associações e 
cooperativas de crédito, inspiradas no modelo Raiffeisen. 
Foi em Nova Petrópolis, na serra gaúcha, que, em 1902, Amstad liderou a 
fundação da Sicredi Pioneira RS, a primeira de uma série de 38 cooperativas de crédito, 
que inicialmente tinham como objetivo financiar a compra de terras por parte dos 
imigrantes que chegavam ao Brasil e que aqui haviam sido abandonados à própria 
sorte, sem amparo do governo que os havia trazido para cá e que, sem dinheiro, 
precisavam reiniciar suas vidas, carecendo de recursos para comprar um lote de terra 
que lhes serviria de moradia e fonte de sustento. 
Na primeira metade do século XX as cooperativas viveram um momento de 
grande crescimento e expansão, com várias iniciativas surgindo em diferentes partes 
do país, algumas seguindo o modelo Raiffeisen (rural) e outras, o modelo urbano. 
Na década de 1960 iniciou um período difícil para o cooperativismo e para o país. O 
regime militar, além de severas limitações normativas impostas pelo Banco Central do 
Brasil, praticamente exterminou as cooperativas.
Algumas das limitações existentes na época eram:
 Â Cooperativas não podiam ter filiais ou pontos de atendimento;
 Â Não podiam ter talão de cheques; 
 Â Não podiam receber depósitos a prazo, ou seja, não podiam captar 
recursos pagando juros para os mesmos;
 Â Não podiam emprestar no crédito rural a mais de 13%aa;
 Â Não podiam emprestar no crédito geral a mais de 24%aa;
 Â 60% da carteira de crédito deveria ser rural.
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Some-se à essas restrições o fato de que a inflação anual rondava os 60%, o 
que fez com que as cooperativas fossem consumindo suas reservas pouco a pouco 
até muitas chegarem ao ponto de encerrarem suas atividades. Como exemplo, no 
Rio Grande do Sul, o berço do cooperativismo de crédito, das 66 cooperativas de 
crédito que existiam na década de 60, apenas 13 restaram. 
O ressurgimento do cooperativismo na década de 80 se deu a partir da liderança 
de Mário Kruel Guimarães, um funcionário aposentado do Banco do Brasil, que 
reuniu 9 das cooperativas remanescentes e criou uma central de cooperativas, a 
Cocecrer, atual Central Sicredi Sul/Sudeste. Mário Kruel pregava a união das 
cooperativas em torno de estruturas verticais e horizontais, criando um modelo 
sistêmico, que permitiria que as cooperativas fossem mais fortes e eficientes. Um 
dos anseios do cooperativista Mário Kruel Guimarães, que infelizmente até hoje 
não se concretizou, era um projeto que visava ao cooperativismo de crédito, com 
uma única confederação e um único banco em amplitude nacional, com centrais 
estaduais e cooperativas regionais e filiadas. 
O momento de desalento que vivia o cooperativismo de crédito só mudou a 
partir da Constituição Federal promulgada em 1989, que trouxe consigo o estímulo 
ao cooperativismo, marco importante para provocar: a) a revogação das resoluções 
que impunham limitações às cooperativas e; b) a publicação, por parte do Conselho 
Monetário Nacional, de novas resoluções, desta vez estimulando o crescimento 
das mesmas. O que se viu neste período foi um espetacular crescimento, sempre 
próximo de 20% ao ano, nos últimos 20 anos.
4. A Expressão Mundial e Nacional
O cooperativismo financeiro assume papel de fundamental importância em 
vários países, notadamente nos mais desenvolvidos, onde facilmente encontram-
se percentuais expressivos de participação de mercado. São exemplos desta força: 
a França, com cerca de 60% de market share, a Holanda, com 40%, a Itália, 
com 35%, a Áustria, com 30%, Alemanha, com 25%. Países como o Canadá, 
Espanha e Estados Unidos também possuem uma boa participação, com 10% 
do mercado. Nos EUA, por exemplo, que apresenta população de cerca de 310 
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milhões de habitantes, praticamente 110 milhões são sócios de cooperativas 
de crédito, muito distante do Brasil, onde dos quase 210 milhões de habitantes 
apenas 10 milhões são cooperados. Neste aspecto, o cooperativista Roberto 
Rodrigues afirma que “o cooperativismo é uma doutrina primorosa para os 
países com problemas sociais, mas acaba funcionando melhor nos países ricos”, 
o que demonstra uma grande contradição.
É importante ressaltar que, principalmente na Europa, as instituições financeiras 
cooperativas estão constituídas por meio de bancos cooperativos e não de 
cooperativas, o que faz com que a forma de atuação apresente algumas diferenças 
em relação a outros países. Como diferenças marcantes entre os bancos cooperativos 
e o cooperativismo financeiro brasileiro podem ser destacadas:
 Â Benefícios tributários, muitos deles não existentes nos países em 
que a legislação prevê a existência de bancos cooperativos; 
NÚMERO DE ASSOCIADOS AO COOPERATIVISMO DE CRÉDITO
PERÍODO DEZ/16 JUN/2017 DEZ/17 JUN/18
SICOOB 3.553.138 3.735.558 3.940.977 4.163.767
SICREDI 3.478.478 3.581.730 3.703.901 3.836.562
UNICRED 179.157 187.320 189.334 196.889
CRESOL 469.445 452.680 468.492 486.227
CREDISIS 18.821 19.159 24.712 27.228
AILOS 546.519 581.062 616.206 658.552
CECRERS 17.129 24.980 24.649 24.191
CECOOPES 4.397 4.422 4.502 6.496
UNIPRIME 42.072 42.617 44.156 42.804
NÃO FILIADAS A 
CENTRAL
365.769 449.914 580.097 568.338
TOTAL 8.674.925 9.079.442 9.597.026 10.011.054
Tabela 2. Número de associados de cooperativas de crédito no Brasil 
Fonte: OCB 2015/FGCoop 2016
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 Â Estímulo ao capital social nas cooperativas financeiras, aspecto 
inexistente nos bancos cooperativos, onde boa parte do patrimônio 
líquido é formada por reservas;
 Â Possibilidade de os bancos cooperativos operarem também com 
clientes que não sejam associados, o que permitiu grande expansão 
em negócios, mas que, ao mesmo tempo, dificultou a propagação da 
filosofia cooperativista;
 Â Existência, em alguns casos, de bancos cooperativos com ações 
negociadas em bolsas de valores; 
 Â Possibilidade de os bancos cooperativos atuarem em vários 
países, não tendo uma área de ação restrita, como no caso das 
cooperativas financeiras. 
O que se constata é que o modelo adotado em cada país é uma consequência 
de questões culturais, econômicas e legais, e que cabe a cada instituição financeira 
cooperativa atender às necessidades de seus associados, o que por si só já torna 
necessário que cada modelo se adapte às realidades locais, ou seja, não existe um 
modelo único que sirva para todos os países, ou mesmo que atenda as diferentes 
realidades regionais de um país como o Brasil. 
Atualmente, no Brasil, atuam em torno de 900 instituições financeiras cooperativas, 
com uma rede de atendimento de mais de 6.000 pontos e administrando algo em torno 
de 6% dos depósitos do país (SNCC, 2019). Quando somados todos os pontos de 
atendimento das instituições financeiras cooperativas do país, considerando-se como 
se fossem um conglomerado, estas possuem a maior rede de atendimento do país.
Tabela 3. Instituições financeiras com maior rede de atendimento
Fonte: BC/setembro-2018
UNIDADES DE ATENDIMANETO
ORDEM INSTITUIÇÃO JUN/18 SET/18 VAR
1 Cooperativas de crédito 5.931 6.075 144
2 Banco do Brasil S. A. 4.759 4.765 6
3 Banco Bradesco S. A. 4.695 4.647 -48
4 Caixa Econômica Federal 3.386 3.379 -7
5 Itaú Unibanco S. A. 3.344 3.342 -2
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De toda a rede de atendimento das cooperativas,81% encontra-se nas regiões 
Sul e Sudeste, regiões que também concentram cerca de 80% dos associados do 
país, o que demonstra que o modelo de negócios das cooperativas ainda está 
muito ligado ao contato presencial, à existência de uma rede de atendimento com 
boa capilaridade.
Em termos de organização, a maioria das cooperativas são filiadas a algum 
sistema cooperativo, seja ele de 2 níveis (singulares e central) ou de 3 níveis 
(singulares, centrais e confederação), sendo os principais: Sicoob, Sicredi, Unicred, 
Ailos e Cresol.
Figura 2. Pontos de atendimento no país
Fonte: BC/setembro-2018
 
 
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Classificação da informação: Uso Interno 
 
 
 
 
 
 
NORTE
249 NORDESTE
360
SUDESTE
2.153
CENTRO 
OESTE
546
SUL
2.767
UNIDADES DE ATENDIMENTO 
POR REGIÃO
5.806 
5.868 
5.931 
6.075 
DEZ/17 MAR/18 JUN/18 SET/18
UNIDADES DE ATENDIMENTO
COOPERATIVO
 
 
1 
Classificação da informação: Uso Interno 
 
 
 
 
 
 
NORTE
249 NORDESTE
360
SUDESTE
2.153
CENTRO 
OESTE
546
SUL
2.767
UNIDADES DE ATENDIMENTO 
POR REGIÃO
5.806 
5.868 
5.931 
6.075 
DEZ/17 MAR/18 JUN/18 SET/18
UNIDADES DE ATENDIMENTO
COOPERATIVO
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5. Legislação e Tipos de Cooperativas
Ao longo da história do cooperativismo financeiro brasileiro, muitas foram as 
mudanças normativas que ocorreram. Apesar do grande retrocesso ocorrido nas 
décadas de 60 e 70, hoje a legislação aplicada às instituições financeiras cooperativas 
em nosso país é considerada uma das melhores do mundo. Uma das principais 
evoluções diz respeito à possibilidade de qualquer pessoa física ou jurídica poder 
se associar a uma cooperativa, neste caso em uma cooperativa de livre admissão de 
associados, cuja possibilidade foi reconhecida em 2003. Outro grande avanço foi a 
conquista de uma Lei Complementar própria (LC 130/09), que reconheceu muitos 
dos avanços que o cooperativismo financeiro havia conquistado na década anterior, 
mas que até aquele momento constavam apenas em Resoluções do Conselho 
Monetário Nacional. 
Tabela 4. Instituições financeiras com maior rede de atendimento
Fonte: BC/setembro-2018
NÚMERO DE COOPERATIVAS SINGULARES
PERÍODO SET/16 SET/17 SET/18
SICOOB 493 476 456
CRESOL 156 116 97
SICREDI 121 116 115
UNICRED 35 34 34
AILOS 14 13 13
CECRERS 10 8 6
CREDISIS 11 11 11
UNIPRIME 9 8 8
CECOOPS 4 4 7
NÃO FILIADAS A CENTRAL 196 197 191
TOTAL 1049 983 938
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Ainda antes da Livre Admissão, no ano 2000 (Resolução nº 2.771), foi 
permitida a constituição de cooperativas de crédito rural e de crédito mútuo, 
neste caso formada por empregados ou servidores de entidades públicas ou 
privadas ou pessoas dedicadas a determinada profissão regulamentada ou 
atividade definida quanto à especialização e, em 2002 (Resolução nº 3.058), foi 
introduzida a possibilidade da formação de cooperativas de pequenos empresários, 
microempresários ou microempreendedores. 
Atualmente, as cooperativas classificadas como de Livre Admissão, que em 
quantidade respondem por 39% do total de cooperativas do país, respondem por 
cerca de 75% dos números do SNCC (Sistema Nacional de Crédito Cooperativo), 
demonstrando o quão importante foi o avanço normativo que em 2003 (Resolução 
3.106) permitiu que as cooperativas atuassem de forma aberta, associando pessoas 
físicas e jurídicas de diferentes origens.
Tabela 5. Quantidade de cooperativas por tipo de associação
Fonte: BC/setembro-2018
QUANTIDADE DE COOPERATIVAS SINGULARES DE CRÉDITO EM 
FUNCIONAMENTO
SEGMENTAÇÃO POR 
TIPO DE ASSOCIAÇÃO
JUN/18 % SET/18 %
VAR 
2º TRIM
Atividade Profissional 80 8,39 78 8,32 -2
Critérios de Associação 
Mistos - Empresários
25 2,62 25 2,67 0
Critérios de Associação 
Mistos - Outros
39 4,09 34 3,62 -5
Empregados ou Servidores 
Empresários
325 34,07 315 33,58 -10
Empresários 24 2,52 22 2,35 -2
Livre Admissão 353 37,00 368 39,23 15
Natureza Associativa ou 
Cadeia de Negócios
5 0,52 4 0,43 -1
Produtor Rural 103 10,80 92 9,81 -11
Total 954 100,00 938 100,00 -16
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Tal normativo permitiu que as cooperativas ampliassem sua atuação mesmo para 
pequenos municípios, que normalmente não apresentariam viabilidade financeira para 
uma cooperativa que fosse focada em apenas um público específico, mas que sendo de 
livre admissão passaram a atender a comunidade inteira, chegando, em set/18, a um 
total de 576 municípios que contavam com uma cooperativa como única instituição 
financeira presente. 
Foi também o avanço da Livre Admissão que estimulou que os principais 
sistemas cooperativos avançassem na oferta de produtos e serviços, chegando 
ao ponto de ter em seu portfólio todas as ofertas encontradas nas demais 
instituições financeiras, tais como: consórcios, cartões de crédito e débito, 
adquirência, câmbio, seguros de todas as modalidades, diversas possibilidades de 
aplicações financeiras, empréstimos e financiamentos para todas as necessidades, 
inclusive crédito imobiliário, dentre outros. O portfólio atual de uma cooperativa 
Figura 3. Mapa de municípios que são atendidos apenas por cooperativas
Fonte: IBGE e BC/setembro-2018
 
 
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Classificação da informação: Uso Interno 
7. Mapa de municípios que são atendidos apenas por cooperativas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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permite que uma pessoa física possa tranquilamente concentrar 100% de 
sua movimentação financeira em uma cooperativa, eliminando totalmente a 
dependência do sistema financeiro tradicional. 
Recentemente, em 2015, outra evolução normativa permitiu que qualquer 
cooperativa, mesmo que tenha tido sua origem como cooperativa segmentada ou 
rural, pudesse passar a atuar de portas abertas para a associação de qualquer pessoa. 
Esta importante mudança, instituída pela Resolução CMN 4.434/15, simplificou os 
tipos de cooperativas existentes, revogando o modelo em que existiam cooperativas 
de livre admissão, rurais ou segmentadas. Passaram a existir 3 tipos de cooperativas, 
classificadas agora conforme a complexidade dos produtos oferecidos e não mais 
de acordo com o público associado:
 Â Cooperativas de Capital e Empréstimo: que não podem captar 
depósitos à vista ou a prazo; 
 Â Cooperativas Clássicas: caracterizadas por não poder operar com 
commodities, moeda estrangeira (operações de câmbio), ações (ou 
fundo de ações) e derivativos; 
 Â Cooperativas Plenas: que podem realizar todos os tipos de operações 
com seus sócios. 
A atual classificação, considerando o risco das operações realizadas, é que define 
o modelo de governança que cada cooperativa deve adotar:
 Â Cooperativas de Capital e Empréstimo: observam o disposto na Lei 
5.764/71, elegendo conselho de administração e diretoria (formada 
por presidente e vice-presidente). Neste caso, assim como foi 
quando da origem de todas as cooperativas, a diretoria executiva 
será composta pelo presidente e vice-presidente, associados estes 
eleitos em assembleia, que acumulam as funções estratégicas e 
executivas da cooperativa; 
 Â Cooperativas Clássicas: quando administram mais de R$ 50 milhões 
em ativos devem adotar estrutura de governança integrada por 
Conselho de Administração (eleito em assembleia) e Diretoria 
Executiva (contratada pelo Conselho). Nas situações em que 
administram menos de R$ 50 milhões não é obrigatória a segregação 
de funções, podendo a diretoria executiva ser composta pelo 
presidente e vice-presidente; 
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 Â Cooperativas Plenas: devem adotar estrutura de governança 
integrada por Conselho de Administração e Diretoria Executivacontratada, devendo observar a segregação total de funções. 
A lógica é: quanto mais complexas as operações realizadas pela cooperativa 
maiores devem ser os conhecimentos e habilidades dos seus administradores.
6. Fidelização e Relacionamento
Segundo Roberto Rodrigues, “o cooperativismo como doutrina, com seus valores, 
princípios, uma ética básica, todo um conjunto dogmático de regras, na verdade, 
só floresce em cooperativas dentro de três condições básicas. Primeiro, é preciso 
que haja uma necessidade, porque é um movimento de base. Então, a base deve 
sentir a necessidade e essa surge sempre de pressões externas que atrapalham alguma 
comunidade. Segundo, ela precisa ter viabilidade econômica. A cooperativa não tem 
a menor condição de ser uma “sociedade de poetas mortos”, não é uma encenação 
romântica, é uma empresa atuante. Então, tem de ter viabilidade econômica. E 
terceiro, precisa haver liderança, porque sem liderança, nada funciona bem.” 
Participar de uma cooperativa presume que as pessoas tenham, em grupo, 
ganhos maiores do que se estivessem sozinhas. Estes ganhos podem ser de ordem 
econômica, social, educacional, política, de relacionamento, qualidade dos produtos 
etc. Considerando-se estas afirmações, por qual motivo um sócio de cooperativa 
deixa de realizar suas operações financeiras com a sua cooperativa e o faz com 
um banco? A analogia que poderia ser feita é: o que leva um proprietário de um 
restaurante a almoçar no restaurante do vizinho e não no seu? 
Presumindo que uma cooperativa não esteja atendendo seus associados a 
contento, o modelo de gestão democrática, onde são os próprios sócios que aprovam 
as políticas e forma de atuação da cooperativa, deveria resolver a questão, com os 
próprios sócios se reunindo para avaliar e resolver as dificuldades que surgem em seu 
próprio negócio, voltando a garantir os ganhos de escala (e qualidade nos produtos e 
serviços) para todos. A gestão democrática traz para uma cooperativa um importante 
diferencial que não existe em um banco tradicional, os associados podem influenciar 
na gestão da cooperativa, enquanto que em um banco um cliente será sempre um 
cliente. Cabe aqui uma afirmação de Leonardo Boesche, superintendente do Sescoop/
PR: “as cooperativas não têm sócios, são os sócios que tem uma cooperativa”.
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Com relação à fidelização e relacionamento, volta a ter grande importância o 
5º princípio cooperativo, o da “educação, formação e informação”. É por meio da 
educação cooperativista que os associados conhecem seus direitos e deveres. Neste 
aspecto é louvável o trabalho de organização do quadro social realizado por muitas 
cooperativas, doutrinando seus associados e esclarecendo o que é e como funciona 
uma cooperativa, uma empresa de propriedade coletiva que deve buscar o bem 
comum de todos. 
Ainda quanto ao tema fidelização, as cooperativas demonstram grande força 
no interior, em pequenos municípios, notadamente naqueles com menos de 30 mil 
habitantes. A imagem abaixo demonstra que, em nov/2018, 51% dos associados de 
cooperativas residiam em municípios com menos de 50 mil habitantes, enquanto 
que em nível nacional 32% da população reside nestes municípios. Significa que as 
cooperativas têm uma adesão muito grande em municípios menores. Demonstra 
também o grande desafio, ou oportunidade, que existe nos municípios com 
população superior a 250 mil habitantes, onde residem 42% dos brasileiros, mas 
que, ao analisar os associados de cooperativas, só encontramos 22% dos sócios 
nestes grandes municípios.
Figura 4. Onde residem os associados
Fonte: Banco Central do Brasil - Censo dos Cooperadores
Elaboração: Portal do Cooperativismo Financeiro
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Uma questão que deve ser checada nas cooperativas, provavelmente com grande 
aderência na maioria delas, é que a Regra de Pareto, ou Lei 80/20, criada pelo economista 
Vilfredo Pareto, que prega que 80% de alguma coisa tem como fato gerador 20% de 
um público, é realidade também nas cooperativas. No caso das cooperativas significa 
dizer que 80% do faturamento ou dos negócios de uma cooperativa são oriundos de 
20% dos associados. Poderia ser também que 80% dos cheques devolvidos em uma 
cooperativa são oriundos de 20% dos emissores de cheques sem fundos, o que significa 
que resolvendo a situação destes 20% (e não a postergando) reduz-se as devoluções 
em 80%. É muito provável que 80% dos números de determinada cooperativa 
(associados, depósitos, crédito, sobras) sejam oriundos de 20% de seus pontos de 
atendimento. A lógica de Pareto é que esta regra pode ser encontrada em qualquer 
lugar, com qualquer assunto, fato que já foi amplamente testado e comprovado. Esta 
lógica vale também para o número de associados no país, onde 80% dos associados 
são oriundos de 20% dos municípios. 
Fato interessante de ser analisado é que, enquanto os bancos cresceram menos 
de 15% nos últimos 15 anos, as cooperativas cresceram acima de 20% no mesmo 
período. Diante desta estatística fica o questionamento sobre: o que faz com que as 
cooperativas cresçam mais? Respostas rápidas poderiam indicar: a) o fato de serem 
menores do que os bancos, portanto crescer percentualmente é mais fácil; b) a maior 
proximidade e a identidade local. Estas respostas podem, sim, estar presentes como 
parte da explicação, mas, além delas, temos outros aspectos bastante relevantes que 
deveriam ser considerados e que, ao coexistirem, apresentam grande força:
 Â Grande rede de atendimento;
 Â Ampliação do foco de atuação, com a livre admissão; 
 Â Possuem os mesmos produtos e serviços que os bancos;
 Â Tem, normalmente, uma marca conhecida, conquistada através da 
união das cooperativas em torno de sistemas cooperativos;
 Â Praticam preços justos, ou adequados ao mercado;
 Â Buscam oferecer um atendimento diferenciado;
 Â Reinvestem os recursos na região (captação e empréstimos), 
diferente dos bancos que podem captar recursos em uma região do 
país e emprestar em outra totalmente diferente;
 Â Distribuem as sobras entre os associados, na proporção dos 
negócios que cada um fez com a cooperativa;
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 Â A administração da cooperativa é feita pelos próprios associados, 
eleitos em assembleia;
 Â Houve um importante avanço regulatório recente (últimos 15 anos);
 Â Grandes investimentos em tecnologia, buscando não ficar para trás 
em um mercado que tem avançado rapidamente.
7. Modelo de Governança
No aspecto governança, deve ser levada em conta a grande diversidade que 
existe no cooperativismo financeiro brasileiro. Das mais de 900 cooperativas 
existentes, cerca de 50% administram ativos inferiores a R$ 50 milhões e não 
tem nenhum ponto de atendimento além da sede. Várias destas cooperativas são 
formadas por menos de 2.000 pessoas. Na outra ponta, temos cooperativas que 
já ultrapassaram o montante de R$ 5 bilhões em ativos e várias com mais de 100 
mil associados. Qual o modelo de governança adequado para cada uma delas? 
Como deveria ser uma assembleia em uma cooperativa pequena e em uma grande? 
Qual o tamanho adequado para uma cooperativa de forma a manter os associados 
próximos o suficiente da gestão? O certo é que: o que hoje pode fazer sentido para 
uma cooperativa, pode não ter importância para outra neste mesmo momento. 
Apesar disto, de todo o avanço normativo conquistado pelas cooperativas, 
talvez um dos maiores desafios seja conquistar e avançar na maturidade em termos 
de governança, colocando ao menos em discussão com os associados, as chamadas 
(boas) práticas de governança corporativa tão disseminadas na última década. 
Entende-se por Governança Corporativa a forma como as sociedades são geridas, 
envolvendoo relacionamento entre associados, conselho de administração, diretoria 
executiva, auditoria independente, conselho fiscal e demais interessados (stakeholders). 
Caracterizadas como sociedades de pessoas, e não de capital, as cooperativas 
têm na união de indivíduos, pela adesão voluntária e livre, na gestão democrática, 
na participação econômica dos membros e na autonomia e independência, 
princípios basilares de sua gestão. As cooperativas são administradas por seus 
associados, que são os “donos do negócio”, tendo cada associado direito a um voto, 
independentemente do valor de seu capital social.
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A estrutura de governança de uma cooperativa pode ser demonstrada pelo 
organograma abaixo:
A assembleia geral dos associados é o órgão máximo da cooperativa e dentro dos 
limites legais e estatutários, tem poderes para decidir os negócios relativos ao objeto 
da cooperativa e zelar pelo seu desenvolvimento e defesa, sendo que suas deliberações 
vinculam a todos, ainda que ausentes ou discordantes. Esta característica, de ser a instância 
máxima de governança, exige que todos os esforços sejam realizados para que haja efetiva 
participação e representatividade dos associados nas assembleias, ou seja, garantir que os 
associados estejam presentes e que tenham condições de manifestar sua opinião.
Figura 5. Organograma de uma cooperativa
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É na assembleia geral que ocorre a eleição do Conselho de Administração 
(Consad), o guardião do objeto social e do sistema de governança, o elo entre a 
propriedade e a gestão. É ele que decide os rumos do negócio, conforme o melhor 
interesse da organização. É também o responsável por apoiar e supervisionar 
continuamente a gestão da organização com relação aos negócios, aos riscos e às 
pessoas. O Consad não deve interferir em assuntos operacionais, mas deve ter a 
liberdade de solicitar as informações necessárias ao cumprimento de suas funções, 
inclusive a especialistas externos, quando necessário. 
Sendo a cooperativa administrada por associados, que são eleitos pelo 
conjunto de associados, é recomendável a adoção de práticas que garantam que 
os eleitores de fato se sintam representados por quem tenha sido eleito e que 
seja garantida a alternância dos conselheiros eleitos, sejam eles conselheiros de 
administração, fiscal ou presidente e vice-presidente, de forma que seja evitada 
a permanência no poder de um pequeno grupo de pessoas, por décadas, o que 
por vezes provoca o afastamento dos associados. Neste sentido, por exigência 
do Conselho Monetário Nacional (Resolução 4.538/16), as cooperativas devem 
aprovar em assembleia sua Política de Sucessão, registrando como será feita a 
identificação, preparação e indicação de pessoas que tenham condições de assumir 
cargos relevantes na cooperativa. A dificuldade está na implementação desta 
política, que até o momento ainda está no papel, o que continua provocando o 
surgimento de chapas contrárias à gestão atual, buscando conter a perpetuidade 
no poder ou a busca por trazer a cooperativa para mais próximo dos interesses 
dos associados.
 Alguns aspectos podem ajudar no processo de governança de uma cooperativa:
 Â A adoção de ferramentas de avaliação de desempenho dos atuais 
conselheiros, garantindo que a cada eleição sejam reeleitos os 
melhores conselheiros e que sejam substituídos aqueles cuja 
contribuição é menos relevante. Este tema é de fundamental 
importância pois, em muitas situações, existe a dificuldade de 
embasar os motivos pelos quais um conselheiro será indicado 
para reeleição e outro não, resultando em indicações baseadas 
em vínculos de amizade ou companheirismo. Em uma avaliação 
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de desempenho todos os conselheiros, de forma eletrônica e 
secreta, votam e são votados, sempre sendo comparados entre si, 
respondendo a uma pergunta básica: qual o conselheiro que mais 
contribui nas reuniões do conselho?; 
 Â A adoção do voto eletrônico e secreto nas assembleias, garantindo 
que os associados se sintam à vontade para manifestar sua opinião 
sobre a gestão da cooperativa. Quantos são os associados que 
se manifestam de forma contrária ou que se abstém em uma 
assembleia? É difícil de acreditar que em um público de 100, 200 
ou mais pessoas presentes em uma assembleia todos pensem de 
forma igual e, portanto, votem da mesma forma; 
 Â A definição de critérios balizadores que ajudem a identificar o 
momento em que cada associado deveria dar espaço para outro 
associado, tanto para ocupar cargos de conselheiros como para 
presidente e vice. Critérios que poderiam ser considerados são: a) a 
avaliação de desempenho; b) um limite à quantidade de mandatos/
reeleições (3 ou 4, por exemplo); c) um limite de idade para 
concorrer (65 ou 70 anos, por exemplo).
Já com relação à Diretoria Executiva, esta é responsável pela execução das 
diretrizes fixadas pelo Conselho de Administração (Consad) e deve prestar 
contas de sua atuação ao Consad, ao Conselho Fiscal (Confis) e às instâncias 
de auditoria. 
O Conselho Fiscal deve ser órgão independente da administração da 
cooperativa, subordinado exclusivamente à Assembleia Geral e com o objetivo de 
fiscalização como representante dos interesses dos associados. A mais importante 
competência do Conselho Fiscal é a de fiscalizar os atos dos administradores 
(Consad e Diretoria Executiva), e verificar o cumprimento de seus deveres legais 
e estatutários, entendendo como atos dos administradores qualquer ato de gestão 
praticado, seja pelo administrador ou, por delegação de autoridade, por qualquer 
colaborador da cooperativa.
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8. Balanço Social
Diferente das empresas tradicionais, uma cooperativa não pode ser avaliada 
simplesmente através de uma análise de balanço. Em uma empresa cooperativa, 
assim como em um iceberg, existem vários aspectos que devem ser considerados e 
que não estão visíveis a olho nu. Em uma cooperativa, normalmente, os sócios e a 
comunidade percebem apenas uma pequena parte do impacto da cooperativa. Como 
seria determinada cidade ou região caso a cooperativa não existisse? Alguma outra 
instituição financeira assumiria o papel que a cooperativa desempenha? Haveriam 
instituições financeiras em pequenos municípios caso não existissem cooperativas?
Além destes aspectos que possivelmente são mais fáceis de serem avaliados, é 
importante buscar avaliar o impacto social que a cooperativa gera, podendo, para 
tanto, serem avaliados pontos como:
 Â Qual o nível de empreendedorismo que haveria na região caso não 
existisse uma cooperativa atuando? 
 Â Quais os investimentos que a cooperativa faz em forma de mão de 
obra ou de recursos financeiros em benefício da educação ou de 
entidades de representação?
 Â Qual a economia gerada para os associados por conta dos preços 
mais competitivos do que outras instituições financeiras ou pelas 
sobras distribuídas?
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Recapitulando!As instituições financeiras 
cooperativas têm crescido 
significativamente em 
importância no Brasil nas últimas duas décadas, tendo atingido um 
número de 10 milhões de associados em 2018. O crescimento rápido 
trouxe consigo oportunidades de melhoria na oferta dos produtos 
e serviços e no modelo de governança. Muitas das cooperativas 
oferecem a seus membros os mesmos produtos e serviços que são 
encontrados nos bancos tradicionais, tendo como diferenciais a 
prática de preços mais justos, a distribuição das sobras, o estímulo 
ao desenvolvimento local e regional e a gestão realizada por 
pessoasda própria região. Conhecer adequadamente a forma de 
funcionamento de uma cooperativa, além dos princípios e valores 
do cooperativismo, é fundamental para que os associados exerçam 
de forma adequada seus direitos e deveres.
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Cooperativismo Financeiro no Brasil e no Mundo
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9. Referências
Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito [FGCOOP] <http://www.fgcoop.coop.br>
Meinen, Ê; Port, M. 2014. Cooperativismo Financeiro: percurso histórico, perspectivas e 
desafios. Confebras: Brasília, DF, Brasil.
Portal do Cooperativismo Financeiro <https://www.cooperativismofinanceiro.coop.br>
Sistema Nacional de Crédito Cooperativo [SNCC]. Disponível em: http://www.fgcoop.coop.
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