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Condicoespedogeoquimicasplanicie_Souza_2023

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO 
PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM 
DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE - PRODEMA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AS CONDIÇÕES PEDOGEOQUÍMICAS DA PLANÍCIE 
FLÚVIO-MARINHA DO RIO APODI-MOSSORÓ (RN) E A 
OCUPAÇÃO HUMANA PARA ATIVIDADES ECONÔMICAS 
A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR 
SUSTENTÁVEL 
 
A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR 
SUSTENTÁVEL A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTER PARA A COTONICULTURA 
FAMILIAR SUSTENTÁVELAAA 
 
CARLOS DANIEL SILVA E SOUZA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2023 
Natal – RN 
Brasil 
 
 
Carlos Daniel Silva e Souza 
 
 
 
 
AS CONDIÇÕES PEDOGEOQUÍMICAS DA PLANÍCIE FLÚVIO-
MARINHA DO RIO APODI-MOSSORÓ (RN) E A OCUPAÇÃO 
HUMANA PARA ATIVIDADES ECONÔMICAS 
A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR 
SUSTENTÁVEL 
 
A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR 
SUSTENTÁVEL A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTER PARA A COTONICULTURA 
FAMILIAR SUSTENTÁVELAAA 
Dissertação apresentada ao Programa Regional de 
Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio 
Ambiente, da Universidade Federal do Rio Grande do 
Norte (PRODEMA/UFRN), como parte dos 
requisitos necessários à obtenção do título de Mestre. 
 
 
 
 
 
 
Orientadora: Profª. Drª. Raquel Franco de Souza 
 
Co-Orientador: Prof. Dr. Diógenes Félix da Silva Costa 
 
 
 
 
 
 
2023 
Natal – RN 
Brasil 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN 
 Sistema de Bibliotecas - SISBI 
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Leopoldo Nelson - -Centro de Biociências - CB 
 
 
Elaborado por KATIA REJANE DA SILVA - CRB-15/351 
 
Souza, Carlos Daniel Silva e. 
As condições pedogeoquímicas da planície Flúvio-Marinha do 
Rio Apodi-Mossoró (RN) e a ocupação humana para atividades 
econômicas / Carlos Daniel Silva e Souza. - 2023. 
70 f.: il. 
 
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande 
do Norte, Centro de Biociências, Programa Regional de Pós- 
graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente - PRODEMA. 
Natal,RN, 2023. 
Orientadora: Profa. Dra. Raquel Franco de Souza. 
Coorientador: Prof. Dr. Diógenes Félix da Silva Costa. 
1. Zonas úmidas - Dissertação. 2. Ambientes hipersalinos - 
Dissertação. 3. Estuário negativo - Dissertação. 4. Potencial 
econômico - Dissertação. 5. Uso e cobertura da terra - 
Dissertação. I. Souza, Raquel Franco de. II. Costa, Diógenes 
Félix da Silva. III. Título. 
RN/UF/BSCB CDU 633.876 
 
 
 
CARLOS DANIEL SILVA E SOUZA 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dissertação submetida ao Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e 
Meio Ambiente, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PRODEMA/UFRN), 
como requisito para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente. 
 
 
 
 
 
Aprovado em: 
BANCA EXAMINADORA: 
 
 
_________________________________ 
Profª. Drª. Raquel Franco de Souza 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PRODEMA/UFRN) 
 
_________________________________ 
Prof. Dr. Sebastião Milton Pinheiro da Silva 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PRODEMA/UFRN) 
 
_________________________________ 
Prof. Dr. Franklin Roberto da Costa 
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Externo ao PRODEMA/UFRN) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Agradeço à CAPES pela concessão da bolsa, que possibilitou a elaboração dessa pesquisa 
durante todo o meu percurso no mestrado. 
 
Aos meus queridos professores e orientadores, Drª Raquel Franco de Souza e Dr. Diógenes 
Félix da Silva Costa, por toda dedicação e empenho para com a ciência, por todos os 
ensinamentos e paciência durante esse período de grande aprendizado. 
 
À minha esposa e amiga Alessandra, por todo apoio e companheirismo durante essa desafiadora 
jornada. 
 
Aos meus colegas de turma do PRODEMA, por todos conhecimentos e experiências 
compartilhadas. 
 
A todos os professores da rede PRODEMA que contribuíram para minha formação de mestre. 
 
A Deus, o pai das luzes, pela sua infinita bondade e por ter me sustentado até aqui. 
 
Dedico esse trabalho aos meu pais, que durante toda a vida foram minha base e impulsionadores 
para alcançar meus objetivos, sem eles nada seria possível. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
As condições pedogeoquímicas da planície flúvio-marinha do rio Apodi-Mossoró (RN) e a ocupação humana 
para atividades econômicas 
 
As planícies flúvio-marinhas apresentam relação com os fatores continentais e oceânicos, dando origem aos 
estuários, ambientes onde ocorrem contato, mistura e diluição da água do mar com a água proveniente do rio. Na 
área setentrional do Rio Grande do Norte (RN), em razão das condições geomorfológicas e climáticas, estas 
planícies são caracterizadas como ambientes hipersalinos, uma vez que a evapotranspiração potencial supera as 
taxas de precipitações pluviométricas, caracterizando o estuário como negativo e proporcionando o surgimento de 
diversos ambientes adaptados aos níveis de salinidade; contudo, estas planícies enfrentam constante ocupação 
mesmo em circunstâncias desfavoráveis para algumas atividades. Objetivou-se nessa pesquisa avaliar as condições 
pedogeoquímicas para o desenvolvimento de atividades humanas na planície flúvio-marinha do rio Apodi-
Mossoró (RN), localizada no semiárido brasileiro. Para isso, foram coletadas amostras de solo com profundidades 
diferenciadas em ambientes do alto curso estuarino, setor menos ocupado. As análises laboratoriais indicaram 
grandes concentrações de Na+, Ca2+ e Mg2+; os resultados caracterizaram o solo com classificação sódica, caráter 
sálico e condição moderadamente alcalina, circunstancias causadas pela influência do clima seco e evaporação 
progressiva da água do mar na área de supramaré. Já a granulometria dos sedimentos, indicou predominância de 
partículas mais finas como silte e argila na composição textural. Para identificar e monitorar as potencialidades 
para atividades econômicas, foi utilizada a estrutura DPSIR (Demanda-Pressão-Estado-Impacto-Resposta), que é 
capaz de proporcionar uma análise das relações sistêmicas entre ações antrópicas e ambientais. Com isso, foram 
realizados levantamentos bibliográficos e Listagem de Controle (Check-List) para identificar os principais 
indicadores que caracterizam a problemática. Os resultados revelaram que a planície em estudo tem aptidões para 
suprir as demandas por alimento, energia e espaço imobiliário, por meio da carcinicultura, indústria salineira, 
pesca, pecuária, agricultura, atividade petrolífera Onshore e crescimento populacional; porém, essas pressões 
proporcionam impactos, sendo os mais significativos à perda da biodiversidade e alterações na composição natural 
do solo. Para mitigar esses danos e assegurar a sustentabilidade, as principais respostas foram a fiscalização a partir 
das normas ambientais e a implementação do saneamento ambiental. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Zonas úmidas; Ambientes hipersalinos; Estuário negativo; Potencial econômico; Uso e 
cobertura da terra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
Pedogeochemical conditions of the fluvio-marine plain of the Apodi-Mossoró River (RN) and human occupation 
for economic activities 
 
The fluvio-marine plains are related to continental and oceanic factors, giving rise to estuaries, environments where 
contact, mixing and dilution of sea water and river water occur. In the northern area of Rio Grande do Norte (RN), 
due to the geomorphological and climatic conditions, these plains are characterized as hypersaline environments, 
since the potential evapotranspiration exceeds the rainfall rates, characterizing the estuary as negative and 
providingthe appearance of different environments adapted to salinity levels; however, they face constant 
occupation even in unfavorable circumstances for some activities. The objective of this research was to evaluate 
the pedogeneochemical conditions for the development of human activities in the fluvio-marine plain of the Apodi-
Mossoró river (RN), located in the Brazilian semi-arid region. For this, soil samples were collected at different 
depths in environments of the upper estuarine course, the least occupied sector. Laboratory analyzes indicated high 
concentrations of Na+, Ca2+ and Mg2+; the results characterized the soil with sodic classification, salic character 
and moderately alkaline condition, circumstances caused by the influence of dry weather and progressive 
evaporation of seawater in the supratidal area. The granulometry of the sediments, however, indicated a 
predominance of finer particles such as silt and clay in the textural composition. To identify and monitor the 
potential for economic activities, the DPSIR structure (Demand-Pressure-State-Impact-Response) was used, which 
is capable of providing an analysis of the systemic relationships between anthropic and environmental actions. 
With this, bibliographic surveys and Control Listing (Check-List) were carried out to identify the main indicators 
that characterize the problem. The results revealed that the plain under study has the ability to meet the demands 
for food, energy and real estate space, through by shrimp farming, salt industry, fishing, livestock, agriculture, 
onshore oil activity and population growth; however, these pressures have impacts, being the more significant the 
loss of biodiversity and changes in the natural composition of the soil. To mitigate this damage and ensure 
sustainability, the main responses were inspection based on environmental standards and the implementation of 
environmental sanitation. 
 
KEYWORDS: Wetlands; Hypersaline environments; Negative estuary; Economic potential; Land use and land 
cover. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
Figura 1: Distribuição global dos solos acometidos por sais ................................................ 15 
Figura 2: Mapa de localização da planície flúvio-marinha do rio Apodi-Mossoró ................ 18 
Figura 3: Gráfico de precipitações e temperatura de Mossoró / RN ..................................... 19 
Figura 4: Gráfico ombrotérmico de para o município de Mossoró ....................................... 22 
Figura 5: Resultados mensais e totais de precipitações, temperaturas e evapotranspiração 
potencial (1981 a 2010) ....................................................................................................... 23 
Figura 6: Tipos de vegetação encontradas na planície flúvio-marinha do rio Apodi-
Mossoró ............................................................................................................................... 25 
Figura 7: Mapa dos pontos amostrais e dos solos da planície de inundação flúvio-marinha do 
Rio Apodi-Mossoró ............................................................................................................. 27 
Figura 8: Coleta de solo com a utilização do trado .............................................................. 28 
Figura 9: Análise granulométrica de sedimentos ................................................................. 29 
Figura 10: Organização da estrutura DPSIR ........................................................................ 32 
 
CAPÍTULO 1 - Caracterização geoquímica das áreas hipersalinas sob influência do alto 
curso estuarino Apodi-Mossoró 
 
Figura 1: Mapa de localização da planície flúvio-marinha do rio Apodi-Mossoró ................ 36 
Figura 2: Áreas de modelados de acumulação do baixo curso do rio Apodi-Mossoró .......... 37 
Figura 3: Mapa da espacialização dos pontos amostrais na zona do alto curso estuarino da 
planície de inundação ........................................................................................................... 38 
Figura 4: Análise comparativa entre os cátions Na+, Ca2+ e Mg2+ ....................................... 40 
Figura 5: Resultados granulométricos dos sedimentos ......................................................... 42 
 
CAPÍTULO 2 - Utilização da estrutura DPSIR para monitorar e identificar as atividades 
humanas atuantes na planície flúvio-marinha do rio Apodi-Mossoró, semiárido brasileiro 
 
Figura 1: Mapa de localização da planície flúvio-marinha do rio Apodi-Mossoró ................ 49 
Figura 2: Organização DPSIR ............................................................................................. 51 
Figura 3: Diagrama aluvial DPSIR. Códigos e legendas de Estado, Impacto e Resposta 
encontram-se no rodapé ....................................................................................................... 53 
Figura 4: Mapa de uso e cobertura da terra da planície flúvio-marinha do rio Apodi-
Mossoró ............................................................................................................................... 54 
 
 
Figura 5: Pressões resultantes das demandas existentes na planície de inundação flúvio-
marinha do rio Apodi-Mossoró ............................................................................................ 55 
Figura 6: Condições do meio ambiente (Estado) ocasionadas pelas pressões atuantes na 
planície de inundação flúvio-marinha do rio Apodi-Mossoró ............................................... 57 
Figura 7: Principais impactos realizados pelas Atividade de petróleo Onshore na planície de 
flúvio-marinha do rio Apodi-Mossoró .................................................................................. 59 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
 
Tabela 1: Indicativos dos resultados do índice de aridez ...................................................... 20 
Tabela 2: Tipos climáticos de acordo com os meses secos ................................................... 21 
 
CAPÍTULO 1 - Caracterização geoquímica das áreas hipersalinas sob influência do alto 
curso estuarino Apodi-Mossoró 
 
Tabela 1: Caracterização dos pontos amostrais na planície de inundação flúvio-marinha do rio 
Apodi-Mossoró .................................................................................................................... 36 
Tabela 2: Valores dos parâmetros da análise de solos do alto curso estuarino na bacia 
hidrográfica do rio Apodi-Mossoró ...................................................................................... 39 
Tabela 3: Estatística descritiva dos resultados de análises de solos do alto curso estuarino na 
bacia hidrográfica do Rio Apodi-Mossoró ............................................................................ 40 
Tabela 4: Relação de ambientes salinos com diferentes níveis de salinidade em valores médios
 ............................................................................................................................................ 42 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 1: Classificação textural do solo ............................................................................. 30 
Quadro 2: Classificação do solo de acordo com o PH.......................................................... 31 
 
CAPÍTULO 2 - Utilização da estrutura DPSIR para monitorar e identificar as atividades 
humanas atuantes na planície flúvio-marinha do rio Apodi-Mossoró, semiárido brasileiro 
 
Quadro 1: Códigos e legendas dos indicadores aplicados na metodologia DPSIR e apresentado 
no diagrama aluvial .............................................................................................................. 51SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO GERAL E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .........................................................................13 
CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO ................................................................................18 
METODOLOGIA GERAL ..............................................................................................................................26 
LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO ......................................................................................................26 
AMOSTRAGEM, PREPARAÇÃO DE AMOSTRAS E ANÁLISE DE SOLOS ...........................................26 
ESTRUTURA DPSIR (DEMANDA – PRESSÃO – ESTADO – IMPACTO - RESPOSTA), ELABORAÇÃO 
CARTOGRÁFICA E TRATAMENTO DOS DADOS .................................................................................31 
CAPÍTULO 1: Caracterização geoquímica das áreas hipersalinas sob influência do alto curso estuarino Apodi-
Mossoró ..........................................................................................................................................................34 
1. Introdução ...............................................................................................................................................35 
2. Metodologia ............................................................................................................................................35 
2.1 Área de estudo ...................................................................................................................................35 
2.2 Procedimentos Metodológicos ............................................................................................................36 
2.3 Métodos laboratoriais .........................................................................................................................38 
3. Resultados e discussão .............................................................................................................................39 
4. Considerações finais ................................................................................................................................43 
5. Agradecimentos .......................................................................................................................................43 
6 . Referências .............................................................................................................................................43 
CAPÍTULO 2: Utilização da estrutura DPSIR para monitorar e identificar as atividades humanas atuantes na 
planície flúvio-marinha do rio Apodi-Mossoró, semiárido brasileiro .................................................................46 
Introdução ...................................................................................................................................................47 
Metodologia ................................................................................................................................................48 
Caracterização da área de estudo ..............................................................................................................48 
Procedimentos metodológicos ..................................................................................................................49 
Elaboração cartográfica ............................................................................................................................50 
Estrutura DPSIR (Demanda-Pressão-Estado-Impacto-Resposta) ...............................................................50 
RAWGraphs ............................................................................................................................................51 
Resultados e Discussão ................................................................................................................................52 
Demanda (D) ...........................................................................................................................................54 
Pressões (P) .............................................................................................................................................55 
Estado (S) ................................................................................................................................................56 
Impacto (I) ...............................................................................................................................................58 
Resposta (R) ............................................................................................................................................59 
Conclusão....................................................................................................................................................60 
Agradecimentos ...........................................................................................................................................60 
Referências ..................................................................................................................................................61 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................................64 
REFERÊNCIAS GERAIS ...............................................................................................................................66 
13 
 
 
INTRODUÇÃO GERAL E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 
A literatura revela que as planícies flúvio-marinhas se constituem como ambientes de 
complexas interações. Por sua vez, essa relação proporciona o surgimento de vários 
ecossistemas adaptados à associação do rio com o mar, demonstrando relacionamento com os 
estuários, que são capazes de determinar os níveis de salinidade dos ambientes adjacentes. 
A definição mais comum de estuário indica uma região costeira em que ocorre contato, 
mistura e diluição da água do mar com a água proveniente do rio; os estuários geralmente são 
divididos em inferior, médio e superior. Quando a taxa de evaporação supera a soma da 
precipitação e descarga fluvial, os estuários são considerados negativos, nesse caso, a salinidade 
da superfície supera os valores da água do mar (36‰). Já o termo “zona estuarina”, foi incluído 
para indicar todos os ambientes costeiros que estão sob influência da descarga fluvial e das 
marés (TUNDISI; TUNDISI, 2008; MIRANDA; CASTRO; KJERFVE, 2002). 
As planícies flúvio-marinhas são ambientes característicos das zonas estuarinas, de 
maneira que, nos períodos de maiores precipitações, são afetadas pelas cheias fluviais e nas 
marés astronômicas são atingidas pela influência marinha de baixa força energética (GUEDES; 
SANTOS; CESTARO 2016). Esse processo, em conjunto com a topografia plana, permite que 
a água avance até a área de supramaré e proporciona processos físicos, químicos e biológicos 
(SUGUIO, 2003). 
A geomorfologia planificada também viabiliza a deposição de sedimentos 
diversificados em função das influências dos ambientes circunjacentes. Por isso, do ponto de 
vista pedogenético, as planícies flúvio-marinhas são constituídas por depósitos argiloarenosos 
e argilosos (PFALTZGRAFF, TORRES, 2010). 
Esses depósitos são formados no momento em que as águas ultrapassam os diques 
marginais (barreiras naturais) e, consequentemente, dão origem a zonas de decantação dos 
materiais em suspensão, de maneira que os sedimentos síltico-argilosos, considerados mais 
leves, são depositados de 1 a 2 cm por cada período de enchente (SUGUIO, 2003). Já o 
transporte dos sedimentos de maiores proporções é viabilizado pelas redes de drenagens dos 
tabuleiros circunvizinhos (GUEDES; SANTOS; CESTARO, 2016). 
Nas regiões áridas e semiáridas, em decorrência da elevada taxa de evaporação, o 
processo de sedimentação pode provocar a cristalização de gipsita, halita,hidróxido de ferro e 
sais alcalinos precipitados na camada superior do solo (GRIGORE; TOMA, 2017; SUGUIO, 
2003), uma vez que a evapotranspiração intensa permite a deposição e concentração dos sais 
preexistentes na água (FANG; LIU; KEARNEY, 2005), ou seja, o processo de acumulação de 
14 
 
sais está atrelado principalmente às condições geomorfológicas e hidrogeológicas (PANKOVA 
et al, 2018). 
Essa dinâmica influencia diretamente na composição dos solos, de modo que a 
geoquímica em ambientes sob influência das marés segue o padrão de sequência baseado na 
solubilidade e precipitação diferenciada dos elementos presentes na água do mar, 
principalmente dominada pelos íons Na+ e Cl- e por quantidades menores de SO4
-², Mg+², Ca+², 
K+¹, CO3
-² e HCO3
-¹ (SILVA; SCHREIBER; SANTOS, 2000). 
Além disso, uma mesma unidade salina pode apresentar variações no padrão de 
acumulação de nutrientes em setores com características distintas (COSTA; SOUZA; SOUZA, 
2018; COSTA et al. 2015), que podem variar de 50 a 300 g.L-1; a halita (NaCl), por exemplo, 
por ser um composto menos solúvel, tem os cristais precipitados a medida em que a saturação 
é de ~ 300 a 350 g.L-1 (OREN, 2009). 
Por consequência dessa interação, os solos salinos evoluem em etapas sequenciais: 
salinização, solonização e solodização. Os solos com caráter salino são caracterizados por 
condutividade elétrica (CE) do extrato de saturação entre 4 a 7 dS.m-1 (em 25° C) (EMBRAPA, 
2013). As condições sálicas ocorrem ao passo que a CE iguala ou supera 7 dS.m- 1, já os solos 
salino-sódicos originam-se em razão dos valores de Porcentagem de Sódio Trocável maiores 
ou iguais a 15% e CE é maior ou igual a 4 dS.m- 1. Por conseguinte, os solos que possuem 
caráter solódico apresentam valores de saturação por sódio entre 6% e 15% (IBGE, 2007; 
EMBRAPA, 2017). 
A ação dos sais também atinge os solos através da precipitação superficial por ascensão 
capilar da água subterrânea rica em sais (JESUS; BORGES, 2020). Esse processo é 
intensificado em função do baixo desenvolvimento pedológico, como a baixa profundidade e a 
predominância de minerais primários (ATTIA, 2013; FREIRE, et al. 2021). 
 Os solonchaks, por sua vez, compreendem uma denominação genérica que abrange os 
solos salinos e alcalinos que possuem acúmulo de sais solúveis no horizonte superior de 0-20 
cm. A sua morfologia é dividida em: úmidos, com perfil de solo constantemente saturado com 
água; fofos, que possuem na superfície horizonte salino fofo; solonchaks de crosta e colunares 
(GRIGORE; TOMA, 2017). 
Os solos acometidos por sais (Figura 1) atingem aproximadamente cerca de 7% da 
superfície terrestre (FLOWERS, 1997), sendo que 60% desses solos são considerados salinos, 
26% sódicos e 14% salinos-sódicos (WHICKE, et al. 2011). No total, são 954,8 milhões de 
hectares de solos afetados por sais distribuídos pelos continentes (PESSARAKLI; SZABOLCS, 
2011). As áreas mais afetadas pela salinidade localizam-se em países com pouco 
desenvolvimento, como Bangladesh, Índia e Paquistão (PANTA, 2014). 
15 
 
Figura 1: Distribuição global dos solos acometidos por sais 
 
Fonte: Pessaraki e Szabolcs (2011) 
 
Os solos salinos apresentam limitações de desenvolvimento para grande parte de 
culturas, em decorrência da elevada concentração de sais solúveis (PEREIRA, 1982; LI et al. 
2015); as limitações também afetam a capacidade de filtrar e amortecer possíveis poluições, de 
forma que compromete o suporte para atividades antrópicas (VARGAS, 2018). Devido a essa 
complexidade, ao longo dos anos, os ambientes afetados por sais vêm sendo tema de pesquisa 
em vários países, principalmente na Austrália, Bulgária, França, Grécia, Índia, Itália, Israel, 
México, Porto Rico, Eslovênia e Espanha (OREN, 2009). 
Apesar das condições específicas e críticas, as planícies flúvio-marinhas com 
características hipersalinas, apresentam diferentes tipos de ecossistemas adaptados à salinidade 
elevada e fornecem suporte para diversos tipos de atividades antrópicas. Dentre os tipos de 
coberturas naturais da terra, existem os manguezais, os salgados e os apicuns, estes últimos 
caracterizados como ambientes hipersalinos com vegetações escassas ou inexistentes 
(BRASIL, 2012). 
A vegetação desses ambientes é subordinada às condições combinadas entre os fluxos 
das marés e as condições do solo. Sendo assim, apresentam um padrão de vegetação irregular, 
constituído majoritariamente por suculentas herbáceas (ALBUQUERQUE, 2014b). Assim, os 
manguezais ocorrem nas áreas próximas aos estuários e, são ambientes fitogeográficos que 
possuem valor ecossistêmico e econômico para as populações locais (GUEDES; SANTOS; 
CESTARO, 2016; COSTA; ROCHA; CESTARO, 2014; COSTA; SOUZA; SOUZA, 2021; 
BRASIL, 2012). 
16 
 
Os salgados e apicuns são ambientes hipersalinos semelhantes, podendo ser 
denominados de forma mais abrangente por "salt flats", "tidal flats" ou "supratidal flats", e 
ocorrem nos interiores dos manguezais ou nas suas adjacências; além disso, o aspecto 
característico desses ambientes é a coloração neutra acinzentada do solo, causada pela falta de 
minerais de ferro (Fe), em virtude da ação bacteriana (ALBUQUERQUE, 2014a). Embora seja 
fundamental para conservação dos recursos naturais, os apicuns são áreas fortemente 
ameaçadas pelas ações antrópicas (ALBUQUERQUE, 2014b). Ainda assim, seu uso é 
permitido por atividades de carcinicultura e salicultura (BRASIL, 2012). 
Além disso, os problemas com a salinização não se limitam apenas a agricultura; de 
acordo com Vargas (2018), o acúmulo de sais pode causar danos à infraestrutura (estradas, 
construções urbanas e outros) por meio da corrosão em construções de asfalto, concreto e 
tijolos. 
Nos países em desenvolvimento, existem amplas possibilidades de basear o crescimento 
econômico no potencial de uso do solo. Portanto, é fundamental conhecer suas aptidões para 
atividades antrópicas, como exploração agropecuária e florestal, preservação de áreas, 
construção e expansão urbana, implantação de indústrias e rodovias, considerando a relação 
harmônica com o meio ambiente, ou seja, o levantamento pedológico fornece respaldo para o 
uso adequado, sem comprometer o equilíbrio do meio natural (IBGE, 2007). 
Alguns exemplos mostram que os ambientes compostos por solos salinos passam por 
ocupações e usos diferenciados em diversos países. No Brasil, são diversos os ambientes que 
sofrem influência do mar, principalmente na região Nordeste, que possui 9,40% (91.110 km2) 
de sua área afetada por sais e sódio (PEREIRA, 1982). 
Nas planícies costeiras do leste Asiático, por exemplo, há regiões hipersalinas com 
diferentes tipos de desenvolvimentos. Na extensão da costa chinesa, mais precisamente entre 
as províncias de Jiangsu e Liaoning, existem problemas de ocupação nas terras com solo silte 
de alta salinidade; destarte, em sua maior área não há uso da terra (LI et al. 2015). Em 
contrapartida, apesar do elevado teor de salinidade dos solos, a região no delta do Rio Amarelo, 
que é o segundo maior rio da China, enfrenta amplo desenvolvimento e, por essa razão, é 
considerado o delta mais ocupado por atividades antropogênicas no país, principalmente pelo 
desenvolvimento agrícola, pastagens e construções urbanas (FANG; LIU; KEARNEY, 2005). 
A região Árabe, localizada entre as latitudes 24ºN e 30ºN, onde estão a maioria dos 
desertos, é exemplo de adaptação às condições críticas de salinidade. Os países áridos do Golfo 
Arábico do Kuwait, Arábia Saudita Arábia, Bahrein, Catar e Emirados Árabes Unidos (EAU), 
possuem condições de hipersalinidade, com evapotranspiração líquida superior aos fluxos de 
água doce, de forma que a salinidade do estuário é superior a 40 ppm. Apesar do cenário 
17 
 
adverso, o Golfo Pérsico apresenta rápido desenvolvimento industrial e crescimento 
populacional (SMITH; PURNAMA; AL-BARWANI, 2007). 
A planície flúvio-marinha do rioApodi-Mossoró, localizada na área setentrional do 
estado do Rio Grande do Norte, também apresenta condições de hipersalinidade e influencia 
diretamente na formação do solo local, através da concentração de evaporitos oriundos da 
precipitação de sedimentos de origem química e, suas condições específicas promovem 
contribuições para o desenvolvimento da região (COSTA et al. 2014a), possuindo teor 
econômico desde o período colonial onde eram ocupadas pelas salinas solares; na época, o sal 
já era utilizado para o consumo humano e animal (COSTA et al. 2013). 
 A produção do sal nessa região é possível por um conjunto de fatores que envolvem a 
baixa topografia, possibilitando que a água do mar adentre até 35 km do litoral, as condições 
climáticas de baixa precipitação pluviométrica, a temperatura que oscila entre 24° a 35°C 
durante o ano e as elevadas evaporações (ROCHA, 2005; COSTA et al. 2021). Medeiros et al. 
(2014) destacam que, além das salinas solares, na região hipersalina há potencialidades para o 
desenvolvimento das atividades petrolíferas e carcinicultura. 
Mendes, Fontes e Oliveira (2008), acrescentam que na área da planície flúvio-marinha 
do Rio Apodi-Mossoró ocorrem os solos das classes Gleissolo Sálico (GZ) e Vertissolo 
Hidromórfico (VH). Estes fatores evidenciam a relevância de averiguar os tipos de atividades 
compatíveis com solos salinos em região semiárida, com base na sua potencialidade para 
atividades econômicas fundamentais para a subsistência e desenvolvimento local. 
Portanto, a presente pesquisa pretende investigar quais atividades podem ser 
desenvolvidas em solos salinos costeiros no semiárido, a partir da hipótese de que existem 
limitações para o desenvolvimento de determinadas atividades econômicas nos solos da 
planície flúvio-marinha do rio Apodi-Mossoró (RN), em função das suas características 
pedogeoquímicas. 
O objetivo geral é avaliar as condições pedogeoquímicas para o desenvolvimento de 
atividades econômicas na planície flúvio-marinha do rio Apodi-Mossoró (RN). Para atender a 
esse objetivo, foi necessário subdividi-lo nos seguintes objetivos específicos: realizar uma 
revisão bibliográfica sobre análises de solo e as características intrínsecas da área de estudo; 
coletar e analisar as características destes solos; realizar uma revisão bibliográfica sobre 
ocupações de atividades humanas em solos hipersalinos e, por fim identificar e realizar um 
diagnóstico das ocupações econômicas que se desenvolvem no local. 
 
 
18 
 
CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO 
O recorte espacial da pesquisa corresponde à planície de inundação flúvio-marinha do 
rio Apodi-Mossoró, com extensão territorial de aproximadamente 368 km² (COSTA; SOUZA; 
SOUZA, 2021) e que se estende pelos municípios de Mossoró, Areia Branca e Grossos, 
localizados na área setentrional do Estado do Rio Grande do Norte (Figura 2). 
 
Figura 2: Mapa de localização da planície flúvio-marinha do rio Apodi-Mossoró 
 
Fonte: Acervo dos autores (2022) 
 
Clima 
Os fatores climáticos, de modo geral, apresentam-se como componentes fundamentais 
para a caracterização de um lugar, tendo em vista que são elementos capazes de provocar 
modificações nas paisagens em escalas espaciais e temporais (PILLAR, 1995; MENDONÇA, 
2007). Este é o caso do clima seco que atua na maior parte do NEB (Região Nordeste do Brasil), 
apontado por Ab’Sáber (2003) como o principal aspecto para a hegemonia da semiaridez da 
região. O mesoclima, por sua vez, revela-se como uma variante local resultante da relação entre 
vegetação, solo, hidrografia e ações antrópicas (PILLAR, 1995). 
A identificação dos aspectos geoclimáticos, juntamente com caracterização 
mesoclimática atuantes na planície em estudo, é fundamental para compreender a dinâmica 
19 
 
geoquímica do solo e, assim, definir a potencialidade local no que se refere ao desenvolvimento 
de atividades humanas de subsistência. Portanto, a caracterização climática local foi baseada na 
comparação de índices de aridez e, a partir disso, identificaram-se os aspectos geoclimáticos 
que atuam na planície flúvio-marinha do rio Apodi-Mossoró. 
Quanto aos sistemas atmosféricos que potencializam ou inibem as chuvas nessa área, 
destacam-se a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e as alternâncias nos ventos alísios 
pela considerável influência nos índices pluviométricos sobre o setor norte do NEB (ALVES, 
et al. 2017; LACERDA, et al. 2020; MELO, 2000). Os movimentos subsidentes das células de 
circulação Walker e Hadley, por sua vez, causam a diminuição da umidade relativa em função 
do aquecimento, impedindo a ascendência da convecção para altitudes de saturação 
(REBOITA, et al. 2016). 
 Além disso, a latitude é um parâmetro fundamental para análise do clima de 
determinado local, pois representa a quantidade de energia solar que atinge a superfície 
(MENDONÇA, 2007); a área de estudo localiza-se nas coordenadas 05°11'16,8” de latitude sul 
e 37°20'38,4” de longitude oeste. A latitude de 05° é considerada baixa e próxima a linha do 
Equador, de forma que “a posição em baixa latitude expõe a região à intensa radiação solar, que 
exaure as reservas de água superficiais, ameaçando o equilíbrio da biosfera” (CONTI, 2005, 
p.13), principalmente, durante os equinócios de outono e de primavera. A precipitação média 
local é 835mm ao ano com temperaturas que giram em torno de 28 °C (Figura 3). 
 
Figura 3: Gráfico de precipitações e temperatura de Mossoró / RN 
 
Fonte: Elaboração dos autores com dados oriundos do Portal Inmet (2022) 
 
20 
 
 As etapas metodológicas para compreender as condições climáticas da área, consistiram 
primeiramente no levantamento bibliográfico de materiais sobre condições climáticas atuantes 
no Nordeste do Brasil. A etapa seguinte compreendeu-se na obtenção de dados secundários para 
aplicação de índices e, consequentemente, obtenção dos resultados, as informações foram 
adquiridas no Instituto Nacional de Meteorologia – Inmet (https://portal.inmet.gov.br/), por 
meio das Normais Climatológicas do Brasil, no período de 1981 a 2010. Os dados de 
temperatura média compensada, precipitação acumulada e evapotranspiração potencial são 
oriundos da estação climatológica regional instalada em Mossoró-RN. 
 Para identificar a classe climática local e a susceptibilidade à desertificação, foram 
aplicados dois índices diferentes de aridez; o de Thornthwaite (1948), que avalia as 
condicionantes anuais (Equação 1), e o índice xerotérmico de Bagnouls e Gaussen (1953), que 
trabalha com as médias mensais (Equação 2). 
 O Índice de Aridez (IA) de Thornthwaite (1948) foi estabelecido pela ONU, em 1992, 
através do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). O mesmo se 
expressa pelo quociente da divisão entre precipitação média anual dividida pela 
evapotranspiração potencial (CONTI, 2008) (Tabela 1). 
 
𝐼𝐴 =
𝑃
𝐸𝑇𝑃
 Equação (1): 
 
Onde: 
● P é a Precipitação anual 
● ETP é a Evapotranspiração Potencial anual 
 
Tabela 1: Indicativos dos resultados do índice de aridez 
Valor do IA Classes climáticas Susceptibilidade à 
desertificação 
< 0,05 Hiperárido 
0,05 < 0,20 Árido Muito Alta 
0,21 < 0,50 Semiárido Alta 
0,51 < 0,65 Subúmido Moderada 
> 0,65 Ausência de aridez Não susceptível 
Fonte: Adaptado de Thornthwaite (1948) 
 
 Logo após, foi aplicado o Índice de Aridez também conhecido como índice do mês seco 
(IMS) estabelecido por Bagnouls e Gaussen (1953), no qual o mês é considerado seco quando 
a precipitação é menor ou igual ao dobro da temperatura; com isso o tipo climático varia de 
acordo com a quantidade de meses secos durante o ano (Tabela 2). 
 
21 
 
IMS = P ≤ 2xT Equação (2) 
 
Onde: 
● P é a precipitação mensal 
● T é a temperatura média mensal 
 
Tabela 2: Tipos climáticos de acordo com os meses secos 
Quantidade de meses secos Tipo climático 
12 Deserto 
9 – 11 Subdesértico7 – 8 Seco acentuado 
5 – 6 Seco médio 
3 – 4 Seco tênue 
1 – 2 Clima transicional 
0 Úmido 
Fonte: Adaptado de Bagnouls e Gaussen (1953) 
 
 A identificação e descrição dos aspectos geoclimáticos se deu a partir de duas etapas: a 
análise documental das referências escolhidas que tem relação direta com o objeto de estudo, e 
a visita a campo a fim de analisar a paisagem local em comparação com o levantamento 
bibliográfico. 
 
Índice de Aridez 
Para se avaliar a susceptibilidade à desertificação são verificadas as condições 
climáticas do ambiente, sobretudo, a influência pluviométrica, uma vez que estas são 
responsáveis pela formação incipiente ou amplificação do processo (SILVA, 2019). 
Reforçado por essa ideia, na aplicação do IA, utilizou-se a média histórica de 1980 até 
2010 para a precipitação anual e Evapotranspiração Potencial anual. Com a precipitação média 
de 835,4 mm e a evapotranspiração potencial de 2.394 mm o resultado da equação é de 0,35. 
Dessa forma, o clima foi considerado semiárido com alta susceptibilidade climática à 
desertificação conforme a Tabela 1. 
Ademais, alerta-se que o clima semiárido compreende um complexo sistema que é 
viabilizado pela relação entre vários elementos, e sua estabilidade também é ameaçada pelas 
ações antrópicas, sobretudo o desmatamento intenso, que aumenta a degradação em ambientes 
já fragilizados pela seca (LEMOS; SOUZA; DINIZ, 2020). Portanto, para evitar e mitigar o 
processo de desertificação nesses ambientes, é necessário reduzir a degradação das terras por 
meio do manejo adequado do solo, a fim de evitar a escassez dos recursos naturais (SAMPAIO, 
et al. 2020). 
22 
 
Índice do mês seco (IMS) 
 De acordo com o IMS, os meses de janeiro a maio foram considerados chuvosos, pois a 
precipitação superou o dobro da temperatura (Figura 2). Por sua vez, os meses de junho a 
dezembro apresentaram característica de seca em função da baixa precipitação no segundo 
semestre do ano; estes meses são considerados biologicamente secos, ou seja, desfavoráveis à 
vegetação. Dessa maneira, o clima apresenta-se com estação chuvosa bem definida, no qual o 
período chuvoso representa 42% do total de meses e o período de seca atinge a maior parte do 
ano, com 58% do total mensal. 
 Ainda com os resultados obtidos, foi gerado o Gráfico Ombrotérmico (Figura 4), capaz 
de representar a variação climática a partir das temperaturas e precipitações médias. Com isso, 
infere-se que a quadra chuvosa da região acontece majoritariamente nos cinco primeiros meses 
do ano, somando 719 mm; os sete meses restantes somam apenas 116 mm com destaque para 
os meses de Agosto a Novembro quando praticamente não há precipitações. 
 
Figura 4: Gráfico Ombrotérmico de para o município de Mossoró 
 
Fonte: Elaboração dos autores com dados oriundos do Portal Inmet (2022) 
 
 Esses valores corroboram com os índices das estações chuvosas da região semiárida 
nordestina, que apresentam um curto período de 5 meses de chuva, situação essa que resulta na 
alta vulnerabilidade hídrica regional (SOUZA; NOGUEIRA; NOGUEIRA, 2017). O pico da 
quadra chuvosa ocorre no mês de março atingindo 221 mm, considerado bastante chuvoso; 
23 
 
desse ponto em diante a tendência é uma redução exponencial até o mês de dezembro, mês em 
que as chuvas voltam a cair na região. 
 
Evapotranspiração, temperatura e radiação solar 
 A evapotranspiração configura-se como o conjunto de dois fenômenos; a evaporação 
que significa a transformação da água da superfície em vapor e a transpiração que representa a 
evaporação ocasionada pela ação fisiológica da vegetação. Já a evapotranspiração potencial 
(ETP) é o resultado máximo da evapotranspiração se o solo dispusesse da quantidade de água 
suficiente, ou seja, se a água não fosse um fator limitante (RODRIGUES, 2017; CAMARGO; 
CAMARGO, 2000). 
 De acordo com os resultados descritos na Figura 5, nos meses com baixa precipitação e 
temperaturas mais elevadas, a ETP apresenta elevações; a tendência é que a partir do mês de 
junho, quando as chuvas começam a ficar escassas, a ETP aumente continuamente até 
dezembro. Essa situação compactua com a ideia de Camargo e Camargo (2000), que denotam 
a ETP como um processo oposto à precipitação e atrelado à energia solar, que representa o 
retorno forçado da água para a atmosfera. 
 
Figura 5: Resultados mensais e totais de precipitações, temperaturas e evapotranspiração 
potencial (1981 a 2010) 
 
Chuva e ETP em mm-1; Temperatura em °C. 
Fonte: Elaboração dos autores com dados oriundos do Portal Inmet (2022) 
 
J F M A M J J A S O N D
Chuva 96 99 221 202 101 53 37 7 2 2 2 14
Temp. 29 28 28 27 27 27 27 28 28 29 29 29
ETP 234 199 206 179 176 162 173 186 202 224 218 235
0
50
100
150
200
250
Chuva Temp. ETP
24 
 
Os dados ainda demonstram, nos resultados totais, que a ETP (2.394 mm) é superior a 
Precipitação (835 mm); segundo Conti (2008), os ambientes com grave déficit hídrico, o qual 
representa o dinamismo associado a longos períodos de seca, estão susceptíveis a desertificação. 
A temperatura média total é de 27,9 °C, com máximas de 29°C durante os meses de outubro a 
janeiro. 
Em suma, os índices de aridez aplicados são fundamentais para compreensão da 
dinâmica existente entre as influências climáticas e os aspectos geoclimáticos, uma vez que 
identificou-se o nível de aridez local e os aspectos que acabam contribuindo para a seca. No 
primeiro semestre do ano há abundância de precipitações, enquanto que, em contrapartida, na 
segunda metade do ano os índices pluviométricos reduzem de forma considerável. Esse fator, 
atrelado às temperaturas elevadas, influencia diretamente na semiaridez do ambiente. Por esse 
motivo, podem apresentar variações climáticas e, consequentemente, a formação de um 
mesoclima com características específicas. 
 
Vegetação, solo e hidrografia 
 A cobertura vegetal local possui estrutura florística endêmica, de formações arbustivas 
e herbáceas, perfeitamente adaptada ao clima semiárido, caracterizada como vegetação caatinga 
“savânica” (Figura 6B), com a predominância de plantas espinhosas deciduais caducifólias 
(IBGE, 2012). 
 Nos locais próximos aos estuários, onde o nível de salinidade é crítico, existe a 
predominância da vegetação halófita dos manguezais (Figura 6C), distribuída em quatro 
espécies Avicennia schaueriana, Laguncularia racemosa, Rhizophora mangle e Avicennia 
germinans; registra-se a presença dos campos salinos de salgados (Figura 6A) e apicuns (Figura 
6D) em áreas ensolaradas que apresentam solo arenoso e vegetação escassa (GUEDES; 
SANTOS; CESTARO, 2016; COSTA; ROCHA; CESTARO, 2014; COSTA; SOUZA; 
SOUZA, 2021; BRASIL, 2012). 
Segundo Pillar (1995, p. 5), a “vegetação densa influencia o perfil da inversão térmica 
porque a superfície ativa de irradiação passa a ser o topo do dossel”, tornando assim, a 
temperatura do solo mais amena; esta situação difere do que ocorre na área da planície em 
estudo, onde o estrato arbóreo espaçado, perda de folhas das plantas caducifólias no período de 
seca e a presença dos campos salinos, tornam o solo como o principal local da irradiação solar, 
favorecendo as altas temperaturas na superfície. 
 
 
 
25 
 
Figura 6: Tipos de vegetação encontradas na planície flúvio-marinha do Rio Apodi-Mossoró 
 
A: Campo de salgado; B: Vegetação Caatinga; C: Bosque de mangue; D: Campo de apicum 
Fonte: Acervo dos autores (2022) 
 
 Os solos encontrados na planície são pouco desenvolvidos e apresentam drenagem com 
baixa densidade (GUEDES; SANTOS; CESTARO, 2016), ou seja, possuem baixa capacidade 
de retenção, favorecendo o escoamento das águas pluviais e não apresentando boas condições 
para o armazenamento hídrico. Além disso, são submetidos à influência eólica por meio da 
movimentação das partículas mais finas, uma vez que a área está próxima ao litoral e no 
segundo semestre do ano quase nãohá vegetação em sua cobertura (MENDES; FONTES; 
OLIVEIRA, 2008). 
As precipitações escassas e irregulares associadas às altas taxas de evaporação também 
influem sobre o sistema hídrico do rio Apodi-Mossoró, que é caracterizado como intermitente 
e sazonal, com escoamento apenas na estação chuvosa (SOUZA; SILVA; DIAS, 2012), 
apresentando pouca influência na condição climática local em período de estiagem. Porém, na 
estação seca, o canal de baixo curso é ocupado pela água do mar durante as marés de sizígias, 
que, por sua vez, se espalha pelas áreas mais baixas da planície em função do aplainamento e 
cota topográfica da planície de no máximo 2 metros em relação ao nível do estuário (COSTA 
et al. 2014b). 
 
 
 
26 
 
METODOLOGIA GERAL 
 
Nesta seção são descritas as etapas de levantamento bibliográfico, procedimentos para 
realização das análises de solos e procedimentos para identificar e diagnosticar as atividades 
humanas que ocupam os solos da planície. 
 
LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO 
 
Inicialmente, foi realizado um levantamento bibliográfico referente às questões que 
envolvem a área de pesquisa, usando como base os materiais disponibilizados pela EMBRAPA 
(2013; 2017), o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos e o Manual e Métodos de Análise 
de Solo; também foi utilizado material bibliográfico referente à dinâmica ambiental das 
planícies flúvio-marinha e regiões estuarinas (COSTA, 2010; COSTA et al., 2014a; COSTA et 
al., 2013; GUEDES; SANTOS; CESTARO, 2016; MIRANDA; CASTRO; KJERFVE, 2002, 
dentre outras referências). A partir dessa fase obteve-se de forma clara a definição e 
conceituação das unidades e processos adotados. 
 
AMOSTRAGEM, PREPARAÇÃO DE AMOSTRAS E ANÁLISE DE SOLOS 
 
Para entender as potencialidades do solo, antes se fez necessário conhecê-lo de forma 
intrínseca, através dos parâmetros e de suas características físico-químicas. Os levantamentos 
pedológicos contribuem para o acervo de conhecimentos especializados na área de Ciência do 
Solo, bem como fornecem dados de aproveitamento imediato, sobretudo no que se relaciona à 
previsão de comportamento de uso dos solos em relação às práticas de manejo e conservação. 
Tais informações são essenciais para a avaliação do potencial ou das limitações de uma área, 
constituindo uma base de dados para estudos de viabilidade técnica e econômica de projetos e 
planejamento de uso, manejo e conservação de solos (IBGE, 2007). 
A etapa seguinte consistiu na coleta de amostras de solo (Figura 7), com profundidade 
superficial. Em seguida, as amostras, foram armazenadas em sacos plásticos limpos e 
devidamente vedados e etiquetados com as informações obtidas in loco. 
Realizou-se a amostragem na área da planície, extraindo aproximadamente 2 kg de 
material; para obtenção das amostras utilizou-se um trado com diâmetro perfurante de 15 cm 
(Figura 8). Nos locais onde o solo apresentava saturação, as coletas foram auxiliadas com uma 
pá de jardinagem. Após a coleta, foi verificada a temperatura do solo in situ com um 
geotermômetro digital, registrando a data e horário em que foram coletadas. 
 
27 
 
Figura 7: Mapa dos pontos amostrais e dos solos da planície de inundação flúvio-marinha do 
Rio Apodi-Mossoró 
 
Fonte: Acervo dos autores 
 
Logo após as coletas, as amostras de solo foram quarteadas e divididas em quantidades 
menores, em torno de 1 kg para serem enviadas para o laboratório de análise, com a finalidade 
de identificar os parâmetros macronutrientes (Ca2+, Mg2+, Na+, K+ e P), conteúdo da matéria 
orgânica, granulometria de sedimentos, capacidade de troca de cátions (CTC) condutividade 
elétrica (CE) e potencial hidrogeniônico (pH). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
Figura 8: Coletas de solo com a utilização do trado 
 
Fonte: Acervo do autor 
 
Os parâmetros para compreender a geoquímica do solo foram baseados no Manual de 
Métodos de Análise de Solo (EMBRAPA, 2017), e analisados pelo laboratório como se 
descreve a seguir: 
 
● Macronutrientes 
Os resultados de Ca e Mg foram realizados pelo método de titulação por meio da 
solução, o fósforo (P) foi identificado utilizando o fotocolorímetro observando a densidade 
ótica do extrato da solução. O potássio (K+) e sódio (Na2+), por sua vez, foram verificados no 
fotômetro de chama, pela leitura na escada do aparelho. 
● Conteúdo de matéria orgânica 
Para o conteúdo de matéria orgânica do solo, foram analisados os parâmetros de 
Carbono e Nitrogênio total. Esses parâmetros irão indicar o nível de interferência provenientes 
dos rios e do mar. A análise da MO consistiu na pesagem, peneiramento, trituração e 
aquecimento da Terra fina seca ao ar (TFSA); o teor foi determinado por meio titulação com 
sulfato ferroso amoniacal 0,05M (viragem do azul para o verde). 
● Granulometria de sedimentos 
A análise granulométrica (Figura 9) é o resultado da quantificação da distribuição por 
tamanho das partículas do solo; as partículas, por sua vez, são grãos de minerais, fragmentos de 
rochas ou matéria orgânica. Após secar as frações, as etapas operacionais consistem na 
separação das partículas do solo através da combinação de energia mecânica e química. 
 
29 
 
Figura 9: Análise granulométrica de sedimentos 
 
A: Preparação da solução inicial para analisar a granulometria dos sedimentos. B: Agitação da 
solução no agitador de Wagner TE-160/24. C: Separação da areia grossa com a utilização de 
peneira de malha 0,2 mm (nº 70) D: Coleta das partículas em suspensão com pipeta de 50 mL 
acoplada com pipetador automático de borracha. 
Fonte: Acervo dos autores 
 
Para isso, utilizou-se o método da pipeta, que consiste na preparação de soluções 
contendo o solo amostrado (TFSA), hexametafosfato de sódio e água destilada (Figura 9A). As 
soluções foram devidamente agitadas a 50 rpm (Figura 9B), peneiradas para separação da areia 
(Figura 9C) e depositadas em uma proveta de 100 mL (para identificar silte e argila). Em 
seguida, foram novamente agitadas para sedimentação das frações seguindo a Lei de Stokes; 
após a sedimentação foram coletados 50 mL do material em suspensão (5 cm da proveta) com 
pipeta volumétrica (Figura 9D); após a coleta, os elementos em suspensão foram depositados 
em Becker e armazenados na estufa até evaporar completamente para, enfim, pesar as frações. 
Essa análise indica o parâmetro textural do solo, que podem ter as seguintes classes (Quadro 
1): 
 
 
 
 
 
30 
 
Quadro 1: Classificação textural do solo 
CLASSE TEXTURAL 
Muito argilosa 
Argila 
Argila Siltosa 
Argila Arenosa 
Franco argilosa 
Franco Argilo Siltosa 
Franco Argilo Arenosa 
Franca 
Franco siltosa 
Silte 
Franco Arenosa 
Areia Franca 
Areia 
FONTE: EMBRAPA (2017) 
 
O tipo de textura indica as características granulométricas de cada solo; a depender do 
parâmetro, revelará a capacidade de drenagem do mesmo. 
● Capacidade de troca de cátions (CTC) 
A capacidade de troca catiônica representa a capacidade do solo em reter os cátions, 
como o Cálcio (Ca2+), Magnésio (Mg2+) e Alumínio (Al3+) por adsorção. Esses cátions são 
mantidos através de frações granulométricas carregadas negativamente e partículas de matéria 
orgânica no solo por meio de forças eletrostáticas (partículas negativas do solo atraem os cátions 
positivos). Dessa forma, a CTC de um solo representa a quantidade total de cátions trocáveis 
que o solo pode adsorver, ou seja, indica a capacidade do solo em fornecer nutrientes. 
Os cátions trocáveis (Al3+, Ca2+ e Mg2+) são determinados utilizando-se uma solução 
extratora. Esses cátions adsorvidos são então analisados por métodos volumétricos, de emissão 
ou absorção atômica. 
● Condutividade Elétrica (CE) 
A condutividade elétrica é a estimativa da salinidade de um solo; a mesma é verificada 
pela medição de cátions e ânions no extrato aquoso dos sais solúveis existentes em um solo. 
● pH 
O pH de um solo configura-sena concentração de íons H+ que pode influenciar na 
disponibilidade de nutrientes. A medição do potencial hidrogeniônico é realizada por meio de 
eletrodo combinado imerso em suspensão de solo:líquido (água, KCl ou CaCl2), na proporção 
1:2,5. 
Esse parâmetro refere-se ao estado de acidez ou alcalinidade dos solos que poderão ser 
classificadas em (Quadro 2): 
31 
 
Quadro 2: Classificação do solo de acordo com o pH 
Classes 
 
pH (solo/água 1:2,5) 
Extremamente ácido < 4,3 
Fortemente ácido 4,3 - 5,3 
Moderadamente ácido 5,4 - 6,5 
Praticamente neutro 6,6 - 7,3 
Moderadamente alcalino 7,4 - 8,3 
Fortemente alcalino > 8,3 
FONTE: EMBRAPA (2017) 
 
 
ESTRUTURA DPSIR (DEMANDA – PRESSÃO – ESTADO – IMPACTO - RESPOSTA), 
ELABORAÇÃO CARTOGRÁFICA E TRATAMENTO DOS DADOS 
 
Para realizar o último objetivo da pesquisa, ou seja, identificar e realizar um diagnóstico 
das ocupações econômicas que se desenvolvem nos solos da planície, utilizou-se o método 
DPSIR (Demanda-Pressão-Estado-Impacto-Resposta) (EEA, 1999) em função da sua 
abordagem, que pode ser utilizada para diversos ecossistemas, terrestres e aquáticos, ou seja, 
adapta-se às mais diferentes condições do ambiente, e assim, torna-se fundamental para 
identificar e tratar problemas complexos (GARI; NEWTON; ICELY, 2015). 
Basicamente, o modelo envolve cinco categorias: Demandas humanas, Pressões, Estado 
do meio ambiente, Impactos nos ecossistemas e Respostas (Figura 10). De acordo com sua 
terminologia, as demandas (D) ou forças motrizes geram pressão (P) sobre o ambiente, e 
consequentemente, produzem modificações no Estado (S) natural. Essa alteração, por sua vez, 
gera impactos (I) degradantes das funções ambientais e da sociedade, requerendo assim uma 
resposta (R), que geralmente são os esforços institucionais voltados à mitigação dessas 
alterações, realimentando as etapas antecedentes (EEA, 2003). 
Apesar da sua ampla versatilidade, a estrutura tem sido alvo de críticas, advertindo que 
o mundo real apresenta mais complexidades do que é apresentado no modelo, sendo necessárias 
informações claras e bem definidas; além disso, as avaliações e respostas podem apresentar 
diferenças entre cada aplicação (GARI; NEWTON; ICELY, 2015). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
Figura 10: Organização da estrutura DPSIR 
 
 
Fonte: Traduzido de EEA (1999) 
 
No entanto, de acordo com a EEA (1999), a estrutura DPSIR reflete uma análise das 
relações sistêmicas entre ações antrópicas e ambientais. Sua origem sucedeu no final da década 
de 90 e desde então é voltado principalmente à análise de problemas ambientais em várias 
escalas, pretendendo contribuir com o desenvolvimento sustentável (CARR et al., 2009). 
Dessa maneira, as variáveis e indicadores utilizados no modelo DPSIR foram elencados 
por meio da metodologia Listagem de Controle (Check-List) realizada em campo, na qual foram 
catalogadas as principais demandas, pressões, condições do estado do ambiente, seus 
respectivos impactos, e as respostas para mitigar a degradação ambiental. As informações foram 
comparadas com a literatura específica da temática (GESTEIRA; PAIVA, 2003; FIGUEIRÊDO 
et al., 2006; MAXIM; SPANGENBERG; O'CONNOR, 2009; LANDIM NETO et al., 2013; 
JERONIMO; OLIVEIRA, 2014; GARI; NEWTON; ICELY, 2015; FREITAS; SIQUEIRA 
FILHO, 2018; SILVA; CAMACHO, 2018). 
A elaboração do mapa de uso e cobertura da terra, consistiu na utilização da imagem de 
satélite obtida no catálogo INPE, oriunda do CBERS 04A., órbita/ponto 196/119, sensor WPM 
(câmera multiespectral e pancromática de ampla varredura) com cobertura máxima de 
nuvem em 10%, registrada no dia 16/07/2022. Para processamento da imagem, utilizou-se o 
software livre Qgis versão 3.4, sendo realizada a composição das bandas multiespectrais e fusão 
com a PAN para aprimorar a resolução espacial de 8m para 2m. A etapa seguinte, consistiu na 
classificação supervisionada dos elementos que ocupam a área de estudo, utilizando o 
33 
 
complemento “dzetska: Classification tool”; após a classificação, realizou-se a transformação 
do raster em shapefile. 
Para compilação dos dados foi utilizada a plataforma RAWGraphs v. 2.0 - 
https://app.rawgraphs.io/ (MAURI et al., 2017), um aplicativo de código livre que tem a 
finalidade de apresentar abordagens gráficas de um conjunto de dados. Nessa pesquisa, a 
ferramenta conseguiu organizar de forma visual as variáveis e indicadores resultantes da 
metodologia DPSIR; para isso, utilizou-se o diagrama aluvial pela sua capacidade de realizar 
representações gráfica da relação entre categorias e fluxos proporcionais aos seus valores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://app.rawgraphs.io/
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CAPÍTULO 1: Caracterização geoquímica das áreas hipersalinas sob influência do alto curso 
estuarino Apodi-Mossoró 
 
Geochemical characterization in the hypersaline areas under the influence of the 
upper Apodi-Mossoró estuarine course 
 
Carlos Daniel Silva e Souza; Raquel Franco de Souza; Diógenes Félix da Silva Costa 
 
ESTE ARTIGO FOI SUBMETIDO AO PERIÓDICO REVISTA DE GEOCIÊNCIAS DO 
NORDESTE E, PORTANTO ESTÁ FORMATADO DE ACORDO COM AS 
RECOMENDAÇÕES DESTA REVISTA (acessar https://periodicos.ufrn.br/revistadoregne) 
 
 
 
Resumo: As planícies flúvio-marinhas são ambientes de estrita relação com os fatores continentais e oceânicos, uma vez que 
estão localizadas em zonas costeiras e formam solos de alta salinidade. Na área setentrional do Rio Grande do Norte (RN), em 
razão das condições geomorfológicas e climáticas, estas planícies são caracterizadas como ambientes hipersalinos. A planície 
de inundação flúvio-marinha do rio Apodi-Mossoró localiza-se na zona estuarina, possuindo áreas aplainadas e solos 
impermeáveis que favorecem o represamento das águas fluviais e marinhas. Nessa pesquisa, foram investigadas as condições 
geoquímicas do solo no alto curso estuarino localizado no semiárido brasileiro; para isso, foram coletadas amostras de solo 
com profundidades diferenciadas em ambientes hipersalinos distintos. As análises laboratoriais indicaram um solo com grandes 
concentrações de Na+, Ca2+ e Mg2+, apresentando classificação sódica, caráter sálico e condição moderadamente alcalina; essas 
características são reflexos da influência do clima semiárido e evaporação progressiva da água do mar na área de supramaré, 
favorecendo a precipitação de sais no alto curso estuarino. A granulometria dos sedimentos, por sua vez, indicou predominância 
de partículas mais finas como silte e argila na composição textural do solo. 
Palavras-chave: Áreas úmidas; Salinidade; Ambiente Estuarino. 
 
 
Abstract: The fluvial-marine plains are environments closely related to continental and oceanic factors, since they are located 
in coastal zones and form high salinity soils. In the northern area of Rio Grande do Norte (RN), due to the geomorphological 
and climatic conditions, these plains are characterized as hypersaline environments. The fluvial-marine floodplain of the Apodi-
Mossoró River is located in the estuarine zone, with flattened areas and impermeable soils that favor the damming of river and 
marine waters. In this research, the geochemical conditions of the soil were investigated in the upper estuarine course located 
in the Brazilian semiarid region; for this, soil samples were collected with different depths in different hypersaline 
environments. The laboratory analyzes indicated a soil with high concentrations of Na+, Ca2+ and Mg2+, presenting sodic 
classification, salic character and moderately alkaline condition; these characteristics reflect the influence of the semiarid 
climate and progressive evaporation of sea water in the supratidal area, favoring the precipitation of salts in the upper estuarine 
course. The granulometry of the sediments, in turn, indicated the predominance of finer particles suchas silt and clay in the 
textural composition of the soil. 
Keywords: Wet areas; Salinity; estuarine environment. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://periodicos.ufrn.br/revistadoregne
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1. Introdução 
A condição hipersalina, de modo geral, é o resultado da relação entre aspectos geomorfológicos e climáticos 
(FANG; LIU; KEARNEY, 2005; PANKOVA et al, 2018) que atuam, sobretudo, nas zonas tropicais do globo 
onde, as taxas de evapotranspiração potencial superam as precipitações pluviométricas (COSTA, 2014a; RIDD; 
STIEGLITZ, 2002; FREIRE, et al. 2021; PEDROTTI, et al. 2015) e, consequentemente, influenciam nas 
condições físico-químicas dos solos. 
Assim, a hipersalinização ocorre quando a salinidade supera 50 g/L-1 (KJERFVE et al., 1996) e ocasiona a 
precipitação dos primeiros sais na superfície (COSTA et al. 2015; OREN, 2009). Essa característica específica, 
pode afetar diversos tipos de ambientes, como: planícies de inundação flúvio-marinhas (COSTA, 2014a; 
ALBUQUERQUE 2014a; ALBUQUERQUE 2014b), lagoas (GORDON, 1999; KJERFVE et al. 1996) 
pântanos/marismas (SHEN, et al. 2018; BORNMAN; ADAMS, 2009; GANJU, et al. 2017), desertos (HERRERO; 
WINDORF; CASTANEDA, 2015), planícies marinhas com formações evaporíticas (BROWN, 2021; MEES; 
SINGER, 2006 LAST, 1989) e, em alguns casos, se formam através do represamento de corpos d’água de 
influência marinha (PINHEIRO; MORAIS, 2010). 
Nas planícies flúvio-marinhas hipersalinas, a deposição de sedimentos sofre influência direta dos estuários 
negativos (MIRANDA; CASTRO; KJERFVE, 2002), local de contato, mistura e diluição da água do mar com a 
água proveniente do rio (TUNDISI; TUNDISI, 2008), esse processo em conjunto com a topografia plana e 
drenagem deficiente (JESUS; BORGES, 2020), permite que a água das marés astronômicas com baixa força 
energética avance até área de supramaré e proporcione processos físicos, químicos e biológicos (GUEDES; 
SANTOS; CESTARO, 2016; SUGUIO, 2003). 
Logo, a geoquímica em sistemas sob influência marinha, segue o padrão de sequência baseado na solubilidade 
e precipitação diferenciada dos elementos presentes na água do mar, dominada pelos íons Na+ e Cl- e quantidades 
menores de SO4
-², Mg+², Ca+², K+¹, CO3
-² e HCO3
-¹ (SILVA; SCHREIBER; SANTOS, 2000). Nas regiões áridas 
e semiáridas podem suceder a cristalização de minerais de gipsita, halita, hidróxido de ferro e sais alcalinos 
precipitados na camada superior do solo (FANG; LIU; KEARNEY, 2005; GRIGORE; TOMA, 2017), condição 
essa que interfere diretamente no desenvolvimento de vegetação (JESUS; BORGES, 2020; UCHOA; HADLICH; 
CELINO, 2008). 
Tendo em vista a crescente ocupação nos ambientes hipersalinos, é fundamental obter informações para melhor 
entender a dinâmica desses ecossistemas (HERRERO; WINDORF; CASTANEDA, 2015), especialmente por 
meio de uma abordagem pedológica. A caracterização e classificação dos solos presentes nesses sistemas é 
substancial para respaldar a questão da conservação e sustentabilidade em áreas ameaçadas (ALBUQUERQUE, 
2014a). Devido a essa problemática, os ambientes afetados por sais vêm sendo tema de pesquisa em vários países, 
principalmente na Austrália, Bulgária, França, Grécia, Índia, Itália, Israel, México, Porto Rico, Eslovênia e 
Espanha (OREN, 2009). 
No Brasil, as planícies flúvio-marinhas hipersalinas situam-se principalmente no estado do Rio Grande do 
Norte, entre as zonas estuarinas do rio Apodi-Mossoró, Piranhas-Açu e Galinhos-Guamaré, que possuem potencial 
econômico desde o período colonial, quando já se utilizava o sal cristalizado para o consumo humano e animal 
(COSTA et al. 2013), atualmente as salinas solares presentes na região produzem cerca de 95% de todo sal 
consumido no país (ROCHA, 2005). 
Na planície de inundação do rio Apodi-Mossoró, a área é ocupada principalmente pela atividade salineira e 
carcinicultura (COSTA et al. 2013), porém, apesar do desenvolvimento significativo total da planície, o alto curso 
estuarino caracteriza-se como a zona menos antropizada. A partir da hipótese que os modelados geomorfológicos 
de acumulação do alto curso estuarino apresentam solos com características distintas, a presente pesquisa pretende 
verificar e caracterizar a condição geoquímica dos solos existentes nesses ambientes. 
 
2. Metodologia 
2.1 Área de estudo 
A área de estudo a ser pesquisada se configura na zona costeira do litoral setentrional do Estado do Rio Grande 
do Norte, entre os municípios de Mossoró, Areia Branca e Grossos (Figura 1). O recorte espacial da pesquisa 
corresponde ao no alto curso estuarino da planície de inundação do rio Apodi-Mossoró. 
No segundo semestre do ano, o fluxo de água doce do rio diminui consideravelmente, favorecendo a 
permanência da água salgada na região estuarina, o que favorece a hipersalinização do estuário (COSTA; ROCHA; 
CESTARO, 2014). A hipersalinização influencia diretamente na pedogênese local, através da concentração de 
evaporitos oriundos da precipitação de sedimentos; além disso, suas condições específicas contribuem para o 
desenvolvimento da região (COSTA et al. 2014a). 
 
36 
 
 
Figura 1 – Mapa de localização da planície de inundação do rio Apodi-Mossoró 
Fonte: Acervo dos autores (2022) 
 
Com essas condições, a cobertura vegetal local possui estrutura florística endêmica, de formações arbustivas e 
herbáceas, perfeitamente adaptada ao clima semiárido, caracterizada como vegetação caatinga “savânica”, com a 
predominância de plantas espinhosas deciduais caducifólias (IBGE, 2012). 
Nos locais próximos aos estuários, onde o nível de salinidade é crítico, existe a predominância da vegetação 
halófita dos manguezais distribuídas em quatro espécies, Avicennia schaueriana, Laguncularia racemosa, 
Rhizophora mangle e Avicennia germinans; os campos salinos de salgados e apicuns correspondem a áreas 
ensolaradas que apresentam solo arenoso e vegetação escassa (GUEDES; SANTOS; CESTARO, 2016; COSTA; 
ROCHA; CESTARO, 2014; COSTA; SOUZA; SOUZA, 2021; BRASIL, 2012). 
 
2.2 Procedimentos Metodológicos 
A coleta de solo envolveu três conjuntos amostrais com pontos espacializados em áreas úmidas hipersalinas 
distintas e ambientadas na zona do alto curso estuarino da grande planície de inundação flúvio-marinha do rio 
Apodi-Mossoró (Tabela 1): a planície fluvial (Apf); a planície flúvio-lagunar (Apflg); e a planície flúvio-marinha 
(Apfm); a terminologia está de acordo com os modelados geomorfológicos de acumulação (Figura 2) propostos 
por Silva e Costa (2022) para a área de estudo. Os pontos e suas respectivas profundidades foram organizados da 
seguinte forma (Figura 3): na Apf os pontos P-234 (05-15cm), P-235 (20-30cm) P-236 (10-20cm), P-237 (10-
20cm) e P-238 (20-30cm); na Apflg, P-239 (05-15cm), P-240 (05-15cm) e P-241 (05-15cm); e na Apfm, P-317 
(0-15cm), P-318 (0-15cm), P-319 (0-15cm) e P-320 (0-15cm). 
 
Tabela 1 – Caracterização dos pontos amostrais na planície de inundação flúvio-marinha do rio Apodi-Mossoró 
Amostra 
Coordenadas 
UTM 
Elevação 
Modelados de 
acumulação 
Vegetação Caracterização do ambiente 
P-234 
694925E 
9427686N 
3m Planície fluvial Herbácea halófita 
Campo Salino; margem do rio do 
Carmo (efluente do rio Apodi-
Mossoró) com presença de 
Algaroba (Prosopis Juliflora) e 
Carnaúba (Copernicia Prunifera); 
terraço circundado por Caatinga. 
37 
 
P-235 
P-236 
695211E 
9428213N 
4m Planície fluvial Herbácea halófita 
Campo Salino próximo à margem 
do rio do Carmo com 
predominância de Algaroba 
(Prosopis Juliflora). 
P-237 
P-238 
696052E 
9429896N 
0m Planície fluvial Ausência 
Terraço desértico com poucas 
halófitas em terrenos mais 
elevados na zona de inundação. 
P-239 
696849E 
9434776N 
4m 
Planície flúvio-
lagunar 
Ausência 
Trecho com muita dinâmica eólica 
com silte e argila no período de 
seca; Ausência de vegetação 
herbácea e halófitas. Solo sujeito à 
deflação. 
P-240 
695832E 
9435931N1m 
Planície flúvio-
lagunar 
Ausência 
Conexão do rio Apodi-Mossoró 
com rio do Carmo, frente a salina; 
área inundada sem herbáceas. 
P-241 
695444E 
9435197N 
0m 
Planície flúvio-
lagunar 
Ausência 
Zona de planície hipersalina 
inundada frequentemente pela 
maré. 
P-317 
690575E 
9431481N 
3m 
Planície flúvio-
marinha 
Herbácea halófita 
Campo salino com pouca 
vegetação herbácea e incidência 
de vegetação arbustiva nas 
proximidades; local próximo a 
tanques de carnicicultura. 
P-318 
690412E 
9431434N 
3m 
Planície flúvio-
marinha 
Mangue 
Gamboa com pequeno bosque de 
mangue (Avicennia germinans); 
local próximo a tanques de 
carnicicultura. 
P-319 
694600E 
9440462N 
2m 
Planície flúvio-
marinha 
Mangue 
Ambiente localizado entre o 
estuário e salinas solares, coberto 
predominantemente pelo mangue. 
P-320 
690363E 
9461098N 
0m 
Planície flúvio-
marinha 
Ausência 
Campo salino apresentando 
saturação no solo e ausência de 
vegetação, nos arredores foram 
verificadas vegetação herbácea e 
arbustiva. 
Fonte: Acervo dos autores (2022) 
 
 
Figura 2 – Áreas de modelados de acumulação do baixo curso do rio Apodi-Mossoró 
Fonte: Silva e Costa (2021) 
 
38 
 
 
As coletas consistiram na extração de aproximadamente 2 kg de solo, com um trado helicoidal. Nos locais onde 
o solo apresentava saturação, utilizou-se uma pá de jardinagem. Após as coletas, as amostras de solo foram 
quarteadas em quantidades menores, em torno de 1 kg, para serem enviadas para o laboratório de análise (LASAP-
UFERSA) para identificar os parâmetros macronutrientes (Ca2+, Mg2+, Na+, K+ e P), acidez potencial, determinar 
granulometria de sedimentos, conteúdo da matéria orgânica (MO), capacidade de troca de cátions (CTC), soma e 
saturação por bases, saturação por alumínio trocável, condutividade elétrica (CE), porcentagem de sódio trocável 
(PST) e o potencial hidrogeniônico (pH). 
 
 
 
Figura 3 – Mapa da espacialização dos pontos amostrais na zona do alto curso estuarino da planície de 
inundação flúvio-marinha do Rio Apodi-Mossoró. As fotos à direita do mapa encontram-se na Planície Flúvio-
Marinha (Apfm). A: Ambiente com vegetação herbácea halófita (verde claro no centro da foto); B: Manguezal 
(à direita); C: campo salino/apicum (sem ou com pouca vegetação); D: Estuário (seta indica o avanço da 
maré). 
Fonte: Acervo dos autores (2022) 
 
 
2.3 Métodos laboratoriais 
 
No laboratório, as amostras foram identificadas e armazenadas na estufa a 60°C para secagem; em seguida o 
solo foi destorroado, peneirado e dividido em porções menores para análises químicas e físicas. Os procedimentos 
laboratoriais foram baseados no Manual de Métodos de Análise de Solo da Embrapa (2017). 
As análises físicas identificaram a granulometria dos sedimentos por meio da quantificação de areia, silte e 
argila, para isso, utilizou-se o método da pipeta, que consiste na preparação de soluções contendo o solo amostrado 
(TFSA- Terra fina seca ao ar), hexametafosfato de sódio e água destilada. As soluções foram devidamente agitadas 
(50 rpm), peneiradas para separação da areia e depositadas em uma proveta de 100 mL para identificar silte e 
argila. Em seguida, foram novamente agitadas e sedimentadas seguindo a Lei de Stokes, após a mistura foram 
coletados 50 mL do material em suspensão (5 cm da proveta) com pipeta volumétrica, que foram depositados em 
Beckers e armazenados na estufa até evaporar completamente para posterior pesagem das frações. 
Nas análises químicas, foram verificados os resultados de pH, macronutrientes, CTC, CE e MO. A leitura do 
pH foi realizada diretamente pelo aparelho, por meio da TFSA homogeneizada em água destilada. A análise dos 
macronutrientes realizou-se a partir da separação de 10 cm3 de TFSA em erlenmeyer de 125 ml com adição de 100 
39 
 
ml da solução exigida, agitados por 5 min em 180 rpm e decantados posteriormente por 24 horas. Os resultados 
de Ca2+ e Mg2+ foram obtidos pelo método de titulação por meio da solução EDTA 0,0125M (sal dissódico). O P 
foi identificado utilizando o fotocolorímetro observando a densidade ótica do extrato da solução. O potássio (K+) 
e sódio (Na+), por sua vez, foram dosados no fotômetro de chama, pela leitura na escala do aparelho. 
A análise da MO consistiu na pesagem, peneiramento, trituração e aquecimento da TFSA, o teor foi 
determinado por meio titulação com sulfato ferroso amoniacal 0,05M (viragem do azul para o verde). Os valores 
da CTC foram determinados pela soma dos cátions Ca2+, Mg2+, K+ e Al3+. Para a CE realizou-se estimativa da 
salinidade do solo, por meio da medição de cátions e ânions no extrato aquoso dos sais solúveis. 
 
3. Resultados e discussão 
Na exposição dos resultados por pontos individuais e parâmetros descritos na Tabela 2, as amostras não 
expressaram resultados para o Al3+, m e H+Al, exceto o P-237, que apresentou 1,32 no parâmetro H+Al. Quanto 
aos valores do pH, foram caracterizados majoritariamente como moderadamente alcalino (>7,4 a 8,3) 
(EMBRAPA, 2017), à exceção do P-240 (7,30), localizado na Apflg e o P-237 (6,90) da Apfm, apontados como 
neutro. 
A CE e o PST, por sua vez, são parâmetros fundamentais para identificar a classificação do solo e o seu nível 
de salinidade; assim, ao observar a relação desses parâmetros percebe-se que as amostras da Apf e Apfm seguem 
uma tendência de superioridade do PST em comparação à CE; porém, a Apflg demonstrou predomínio da CE nos 
pontos P-239 (PST: 17; CE 49,9) com baixo teor de Na+ e P-241 (PST: 80; CE: 104). 
Entretanto, a Apflg apresentou os maiores índices de CE, influenciada pela elevada quantidade de Na+; apesar 
de estar sob influência do canal principal do rio e do efluente, a água doce eventual não impacta na redução da 
salinidade, pois a inundação pode diluir e transportar os sais existentes em outras regiões (BORNMAN; ADAMS, 
2010; RIDD; STIEGLITZ, 2002). Costa et al. (2014b), ao caracterizarem a geoquímica ao longo do estuário do 
rio Apodi-Mossoró, observaram valores mais elevados da CE (Média: 111,16 dS/m) nas proximidades do curso 
principal, sendo o alto curso estuarino a zona com maior concentração, muito em função da influência marinha 
(ALBUQUERQUE et al. 2014a). 
Por outro lado, a amostra mais próxima ao canal principal do rio na Apfm obteve a maior concentração de MO 
(P-319: 42,19 g/kg) possivelmente pela quantidade de biomassa dos mangues, já a menor concentração foi 
identificada na Apf, o P-234 (4,10 g/kg), campo salino com 3m de elevação. 
 
Tabela 2 – Valores dos parâmetros da análise de solos do alto curso estuarino na bacia hidrográfica do rio Apodi-
Mossoró 
Amostra 
pH CE MO P K+ Na+ Ca2+ Mg2+ Al3+ 
H+
Al 
SB t CTC V m PST 
Água dS/m g/kg cmolc/dm3 % 
Planície fluvial (Apf); n = 5 
P-234 
(05-15 cm) 
7,50 18,20 4,10 0,32 1,38 73,48 15,60 9,90 0,0 0,0 100,39 100,39 100,40 100 0 73 
P-235 
(20-30 cm) 
7,70 12,00 6,14 0,25 1,23 70,39 16,50 7,40 0,0 0,0 95,54 95,54 95,54 100 0 74 
P-236 
(10-20 cm) 
7,80 11,60 4,51 0,32 1,20 46,50 12,50 8,60 0,0 0,0 68,83 68,83 68,83 100 0 68 
P-237 
(10-20 cm) 
8,00 11,40 5,33 0,18 2,17 59,33 14,20 16,20 0,0 0,0 91,92 91,92 91,92 100 0 65 
P-238 
(20-30 cm) 
8,10 12,50 7,78 0,21 2,24 54,47 17,70 14,10 0,0 0,0 88,53 88,53 88,53 100 0 62 
Planície flúvio-lagunar (Apfl); n = 3 
P-239 
(05-15 cm) 
7,60 49,9 4,51 0,23 3,74 13,33 7,20 53,4 0,0 0,0 77,69 77,69 77,69 100 0 17 
P-240 
(05-15 cm) 
7,30 45,7 
14,4
6 
0,30 8,74 234,90 10,20 42,2 0,0 0,0 296,27 296,27 296,3 100 0 79 
P-241 
(05-15 cm) 
7,40 104 
15,2
6 
0,20 7,21 239,44 8,40 44,8 0,0 0,0 299,95 299,95 300,0 100 0 80 
Planície flúvio-marinha (Apfm); n = 4 
P-317 
(0-15cm) 
6,90 14,06 7,30 0,42 0,85 28,56 11,10 11,64 0,0 
1,3
2 
52,16 52,16 53,48 98 0 53 
P-318 
(0-15cm) 
8,10 3,76 
17,0
4 
0,58 1,56 10,08 4,70 6,94 0,0 0,0 23,29 23,29 23,29 100 0 43 
P-319 
(0-15cm) 
7,80 24,00 
42,1
9 
0,10 3,92 80,48 8,10 14,73 0,0 0,0 107,27 107,27 107,27 100 0

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