Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
175Membranas fetais e placenta O âmnio é delimitado pela membrana amniótica (que se origina dos amnioblastos), a qual está revestida externamente por uma ca- mada não vascularizada de mesoderma extraembrionário. Acom- panhando o crescimento fetal, a cavidade amniótica expande-se progressivamente até que seu conteúdo líquido atinja um máximo de 1 litro entre a 33a e a 34a semanas de gestação. No terceiro trimestre de gestação o líquido amniótico se renova a cada 3 horas e ao final da gestação a velocidade de troca pode atingir 500ml por hora. Embora grande parte do líquido seja tro- cado através da própria parede do âmnio, a deglutição do líquido pelo feto constitui um mecanismo importante na fase final da ges- tação, quando o feto engole cerca de 20 ml por hora, que é absorvi- do pela parede intestinal e entra na corrente sanguínea. A origem do líquido amniótico ainda não é totalmente conheci- da. Existe consenso de que nas vinte primeiras semanas de gesta- ção o líquido é muito semelhante aos demais fluidos fetais. Nesse período a epiderme do feto ainda não está queratinizada, havendo evidências de que fluidos e eletrólitos são capazes de se difundir livremente através da epiderme fetal. Após a 20a semana, quan- do na epiderme do feto tem início o processo de queratinização, ocorrem mudanças na produção do líquido, havendo então parti- cipação crescente da urina fetal, da filtragem dos vasos sanguíneos maternos no cório e da filtragem feita pelos vasos sanguíneos do cordão umbilical e da placa coriônica. O líquido amniótico é constituído por água (99%), material não dissolvido, como células epiteliais, sais orgânicos e inorgânicos. A metade dos constituintes orgânicos é de proteínas, e a outra metade de carboidratos, gorduras e hormônios. O líquido amniótico tem aspecto transparente, e próximo ao nascimento passa a apresentar aspecto mais turvo devido à diminuição da velocidade de filtração pela placenta e à presença do mecônio no líquido amniótico. No líquido amniótico são detectadas mais de 200 proteínas, seja de origem fetal ou materna. Com a tecnologia e análises disponíveis nos últimos anos, muito pode ser aprendido sobre a condição do feto examinando a compo- sição do líquido amniótico. “O volume normal do lí- quido amniótico de um feto a termo varia de 500 a 1000 ml. Uma quantida- de excessiva desse líqui- do (2000 ml) é chamado de hidrâmnio, condição frequentemente associa- da à gestação múltipla ou em alguns casos de malformação.” 176 Embriologia Humana 10.1.2 Vesícula vitelínica A vesícula vitelínica se forma na 2a semana como uma estrutu- ra sacular disposta abaixo do disco embrionário (Figura 10.2). Ao contrário do que ocorre em outros grupos animais, como nas aves e nos répteis, grupos já estudados na disciplina de Embriologia, a vesícula vitelínica em embriões humanos é bastante pequena e não apresenta vitelo em seu interior. Por outro lado, o fato de ela não ser a fonte nutritiva do embrião humano não é motivo para não estudá-la, pois veremos que ela desempenha outras funções, como: • Participação na formação do intestino primitivo: durante a 4a semana de desenvolvimento, em decorrência dos dobramentos do embrião, a parte superior da vesícula vitelínica é incorpora- da à região ventral do corpo do embrião, formando assim uma estrutura tubular ventral chamada de intestino primitivo; • Participação na formação do cordão umbilical: na 4a semana, com os dobramentos do embrião, a vesícula vitelínica passa a ser uma das estruturas que integrará o cordão. • Formação de sangue: inicia na 3a semana, na parede externa da vesícula vitelínica, e prossegue até a 6a semana, quando o fígado passa a ser o responsável pela produção de células sanguíneas. Figura 10.2 - Dobramento do corpo do embrião com destaque para a formação da vesícula vitelínica. Em (A) o disco embrionário com as vesículas amniótica e vitelínica antes dos dobramentos; em (B) início do dobramento céfalo-caudal com a incorporação do teto da vesícula vitelínica ao corpo do embrião; em (C) a presença da porção da vesícula vitelínica que não foi incorporada ao embrião (Fonte: Adaptado de Sadler, 2010). Membrana bucofaríngea Membrana cloacal Coração Endoderma Vesícula amniótica Pedículo Placa neural Área cardiogênica Região anterior do intestino primitivo Área cardiogênica Vesícula vitelínica Vesícula vitelínica Vesícula vitelínica Região posterior do intestino primitivo A B C
Compartilhar