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Formação de Mielina e Fibras Nervosas

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HISTOLOGIA 
 
95 
 
a formação de mielina, e as fibras nervosas são ditas 
amielínicas. Axônios mais calibrosos são circundados 
por uma dobra da célula envoltória em espiral, a 
bainha de mielina, e as fibras são mielínicas.117 
O envolvimento por mielina não é contínuo ao 
longo do axônio. Ocorre em pequenos segmentos de 1 
a 2mm. Entre estes, há uma área nua do axônio, o 
nódulo de Ranvier, de cerca de 1µm, onde há uma alta 
densidade de canais de Na
+
. O nódulo de Ranvier é 
coberto pelos pés terminais dos astrócitos, sem uma 
lâmina basal associada. A porção do axônio com 
bainha de mielina entre dois nódulos é o internódulo.
 
118,119 
 
O nódulo de Ranvier foi reconhecido pelo médico 
francês Louis-Antoine Ranvier (1835-1922) em 1876, 
denominando-o, na ocasião, “estrangulamento anular do 
tubo”.
120
 
 
Como a mielina funciona como um isolante, as 
alterações da polaridade da membrana acontecem 
somente nos nódulos de Ranvier. Portanto, o impulso 
“salta” de um nódulo de Ranvier para outro (condução 
saltatória), sendo extremamente rápida e gastando menos 
energia. A condução é mais rápida nos axônios com 
maior diâmetro e com mais mielina.
121
 
 
A esclerose múltipla é uma doença autoimune, na 
qual há uma suscetibilidade genética e é desencadeada 
por uma infecção viral.
122
 O principal alvo é a proteína 
mielínica básica, e há ainda a destruição dos 
oligodendrócitos. A desmielinização em regiões do SNC 
tem consequências neurológicas, como distúrbios 
visuais, perda da sensibilidade cutânea e da coordenação 
muscular.
123 
 
As fibras nervosas agrupam-se em feixes, 
resultando nos tratos no SNC.
124
 
 
3.4 – Células microgliais 
 
São as menores células da glia. Estão presentes na 
substância cinzenta e na substância branca do SNC. 
 
117
 JUNQUEIRA & CARNEIRO. 12.ed. Op. cit., p. 166. 
118
 LOWE & ANDERSON. Op. cit., pp. 90-92. 
119
 OVALLE & NAHIRNEY. Op. cit., p. 127. 
120
 Ibid. 
121
 JUNQUEIRA & CARNEIRO. 9.ed. Op. cit., pp. 140, 151. 
122 BARRADAS et al. Op. cit., p. 275. 
123
 ROSS & PAWLINA. Op. cit., p. 374. 
124
 JUNQUEIRA & CARNEIRO. 12.ed. Op. cit., pp. 166-167. 
São macrófagos especializados: atuam como células 
dendríticas apresentadoras de antígenos, secretam 
citocinas e removem restos celulares. De modo 
semelhante aos macrófagos, os seus precursores 
(progenitores de granulócito/monócito) originam-se 
na medula óssea.
125,126
 
O corpo celular é alongado, e há prolongamentos 
ramificados e com espículas. O núcleo tem forma de 
bastão ou vírgula e cromatina condensada. Entre as 
organelas, há uma predominância de lisossomos.
127,128
 
 
Com HE, é possível visualizar somente o núcleo, 
sendo necessária a impregnação argêntica, como o 
método do carbonato de prata fraco de del Rio Hortega, 
ou a imunocitoquímica para a marcação da célula 
microglial inteira.
129,130
 
 
Como são as únicas células gliais de origem 
mesenquimal, as células da micróglia possuem o 
filamento intermediário vimentina, o que pode ser útil 
para a identificação por métodos imunocitoquímicos.
131
 
 
Prolongamentos dos neurônios podem ser 
regenerados, mas lesões no corpo celular provocam a 
morte do neurônio. Como o neurônio exerce uma 
influência trófica sobre a célula com qual faz sinapse, 
especialmente as células musculares e glandulares, a sua 
morte pode levar a célula-efetora à atrofia.
132
 
A sobrevivência do oligodendrócito depende de 
sinais provenientes do axônio. Se perder o contato com o 
axônio sofre apoptose.
133
 
No SNC, quando os neurônios morrem, eles são 
removidos pelas células microgliais e por macrófagos, e 
a área lesada é reparada pela proliferação dos astrócitos 
(glioses).
134,135
 
Os circuitos neuronais são capazes de se reorganizar 
após uma lesão, recuperando a atividade perdida 
(plasticidade neuronal). Novas sinapses são 
estabelecidas com o crescimento dos prolongamentos de 
neurônios, estimulados por fatores de crescimento, as 
neurotrofinas, produzidas por neurônios, pelas células da 
glia e pelas células-alvo.
136 
 
125
 GARTNER & HIATT. Op. cit., p. 200. 
126
 ROSS & PAWLINA. Op. cit., pp. 382-384. 
127
 LOWE & ANDERSON. Op. cit., pp. 94, 102. 
128
 ROSS & PAWLINA. Op. cit., p. 383. 
129
 HAM & CORMACK. Op. cit., p. 484. 
130
 LOWE & ANDERSON. Op. cit., p. 94. 
131
 ROSS & PAWLINA. Op. cit., p. 384. 
132 GARTNER & HIATT. Op. cit., p. 223. 
133
 ROSS & PAWLINA. Op. cit., p. 396. 
134
 GARTNER & HIATT. Op. cit., p. 223. 
135
 LOWE & ANDERSON. Op. cit., p. 94. 
136
 GARTNER & HIATT. Op. cit., pp. 223-224. 
TATIANA MONTANARI 
96 
 
3.5 – Células ependimárias 
 
São células cúbicas ou colunares, com microvilos 
e, muitas delas, com cílios. O núcleo é ovoide, basal e 
com cromatina condensada. Elas se colocam lado a 
lado e unem-se por desmossomos, lembrando um 
tecido epitelial, mas não se apóiam sobre uma lâmina 
basal. Possuem prolongamentos que se colocam no 
interior do tecido nervoso, mesclando-se com os 
prolongamentos dos astrócitos subjacentes. O 
epêndima reveste as cavidades cerebrais (ventrículos) 
e o canal central da medula espinal (Figuras 4.11 e 
4.17).
137
 
 
 
Figura 4.17 - Células ependimárias. HE. Objetiva de 100x 
(1.373x). 
 
As células ependimárias que revestem os 
ventrículos são modificadas e formam o epitélio dos 
plexos coroides. Elas possuem microvilos, pregas 
basais, numerosas mitocôndrias, zônulas de oclusão e 
lâmina basal. Transportam água, íons e proteínas, 
produzindo o líquido cerebrospinal.
138,139
 
 
3.6 – Células satélites e células de Schwann 
 
Estas células estão localizadas no SNP.
140
 
As células satélites estão ao redor dos corpos dos 
neurônios nos gânglios nervosos (Figuras 4.3, 4.18 a 
4.20). São pequenas, achatadas, com núcleo escuro, 
heterocromático. Possuem GFAP, junções gap e uma 
lâmina basal na face externa. Elas mantêm um 
microambiente controlado em torno do neurônio, 
permitindo isolamento elétrico e uma via para trocas 
metabólicas. Aquelas dos gânglios autônomos do 
intestino podem ainda participar na neurotransmissão 
 
137
 LOWE & ANDERSON. Op. cit., pp. 93-96, 103. 
138
 GARTNER & HIATT. Op. cit., pp. 200, 217, 219-220. 
139
 GENESER. Op. cit., pp. 291-292. 
140
 GARTNER & HIATT. Op. cit., p. 201. 
e ajudar a coordenar as atividades dos sistemas 
nervoso e imune.
141,142
 
As células de Schwann são alongadas, com núcleo 
também alongado, Golgi pouco desenvolvido e 
poucas mitocôndrias. Contêm GFAP e são 
circundadas pela lâmina externa. Não possuem 
prolongamentos e com seu próprio corpo, dando até 
mais de 50 voltas, envolvem o axônio e formam a 
fibra nervosa mielínica (Figuras 4.18 e 4.21 a 
4.23).
143,144
 
 
 
Figura 4.18 - Na zona cortical do gânglio sensorial, há os 
corpos dos neurônios pseudounipolares circundados pelas 
células satélites. Na zona medular, há as fibras nervosas, ou 
seja, o prolongamento dos neurônios envolto pelas células 
de Schwann. Entre os elementos nervosos, há fibroblastos e 
fibras colágenas. HE. Objetiva de 10x. 
 
Theodor Schwann (1810-1822), anatomista e 
fisiologista alemão, foi professor de anatomia em 
Louvain. Estabeleceu a teoria celular.
145
 
 
Filogeneticamente a mielinização pelas células de 
Schwann é um processo mais antigo que aquela realizada 
pelos oligodendrócitos. Os peixes elasmobrânquios (p. 
ex., tubarões) foram os primeiros a apresentar bainha de 
mielina primitiva. Subindo na escala filogenética, as 
formas primitivas de mielinização e as células que fazem 
esse processo confinam-se ao SNP, e os oligodendrócitos 
passam a ser as células mielinizantes no SNC. Como um 
oligodendrócito mieliniza vários axônios, a diminuição 
no número de células necessárias paraa mielinização 
levou a uma economia de espaço físico, importante para 
o desenvolvimento de um sistema nervoso mais 
complexo e versátil.
146
 
 
141
 OVALLE & NAHIRNEY. Op. cit., p. 129. 
142
 ROSS & PAWLINA. Op. cit., pp. 66, 376. 
143
 GARTNER & HIATT. Op. cit., pp. 199, 202. 
144
 ROSS & PAWLINA. Op. cit., p. 66. 
145
 MARQUES. Op. cit., p. 248. 
146
 Ibid. pp. 248-249. 
T. Montanari 
T. Montanari

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