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guia_atencao_saude_bucal_pessoa_deficiencia-46

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MINISTÉRIO DA SAÚDE
 Pessoas com Transtorno do Espectro Autista costumam não gostar de mudanças 
e precisam de rotina e continuidade nas atividades diárias, podendo reagir violentamente 
perante pequenas alterações no ambiente. O tratamento deve ser organizado e realizado 
em curto espaço de tempo (CAMPOS; SABBAGH-HADDAD, 2007).
 A presença da mãe ou cuidador ou responsável que tenha maior domínio e 
afinidade com o usuário deve ser incentivada em todas as consultas, priorizando o vínculo 
afetivo entre a equipe profissional, o usuário e a família (GADIA; TUCHMAN; ROTTA, 2004).
 Pesquisas em relação à abordagem psicológica do indivíduo com TEA no ambiente 
odontológico são escassas (KATZ et al., 2009). As técnicas de abordagem psicológicas mais 
citadas para essas pessoas são: “dizer-mostrar-fazer”, reforço positivo (elogios, premiação), 
evitar reforços negativos (punições ou qualquer tipo de ridicularização em função do 
comportamento negativo frente à experiência odontológica), técnica da modelagem, 
eliminação de estímulos sensoriais estressantes, uso de comandos e ordens claras e 
objetivas, uso do controle de voz, estabelecimento de uma rotina de atendimento (dia e 
horário das consultas) e sessões curtas. Essas técnicas podem ser utilizadas isoladamente 
ou associadas, devendo sempre levar em consideração as características de cada pessoa. 
 Apesar de ser um grande desafio, desde que seja realizado um trabalho prévio de 
adaptação, o tratamento odontológico de usuários com Transtorno do Espectro Autista, 
a nível ambulatorial, é passível de ser realizado.
 Zink et al. (2016) adaptou um facilitador de comunicação para indivíduos que 
apresenta severas dificuldades de comunicação, como o Transtorno do Espectro Autista, 
para a comunicação, por meio do uso de figuras adaptadas à odontologia, entre o usuário 
e o profissional durante o tratamento odontológico, facilitando a assistência em ambiente 
ambulatorial e minimizando a necessidade de uso de restrição física. Estudos apontam 
que a comunicação por figuras tem se apresentado como um método de intervenção 
promissor (GANZ et al., 2012). 
 A desinformação e o preconceito acabam contribuindo para situações de 
desamparo, exclusão social e não acesso aos direitos. Neste sentido, existe a necessidade 
de investir na formação e no treinamento dos profissionais que prestam atendimento às 
pessoas com Transtorno do Espectro Autista, especialmente os que trabalham nas áreas 
da saúde, educação e assistência social. (BRASIL, 2014a; BRASIL, 2015b; SÃO PAULO, 2011). 
Desta maneira, deve ser considerada de extrema importância a instituição de programas 
de prevenção em saúde bucal para essa população (JABER, 2011). 
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GUIA DE ATENÇÃO À SAÚDE BUCAL DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA
 Tornam-se necessários a prevenção e o início precoce da abordagem odontológica 
nesses indivíduos na APS, formando um adulto capaz de conhecer e aceitar o tratamento 
odontológico em ambiente ambulatorial, minimizando o número de intervenções com 
anestesia geral na fase adulta. O custo com estes procedimentos será minimizado, visto 
que o atendimento em ambiente hospitalar é sempre muito oneroso.
 
 O tratamento odontológico da pessoa com TEA deve ser realizado, preferencialmente, 
nas USF com profissionais capacitados, utilizando a abordagem lúdica e as tentativas de 
condicionamento. Os casos de dificuldade intermediária podem ser encaminhados aos CEO, 
com profissionais especializados no atendimento de pessoas com deficiência. Para casos 
mais graves, torna-se necessário o encaminhamento à atenção hospitalar para intervenção 
com anestesia geral.

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