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90 MINISTÉRIO DA SAÚDE Pessoas com Transtorno do Espectro Autista costumam não gostar de mudanças e precisam de rotina e continuidade nas atividades diárias, podendo reagir violentamente perante pequenas alterações no ambiente. O tratamento deve ser organizado e realizado em curto espaço de tempo (CAMPOS; SABBAGH-HADDAD, 2007). A presença da mãe ou cuidador ou responsável que tenha maior domínio e afinidade com o usuário deve ser incentivada em todas as consultas, priorizando o vínculo afetivo entre a equipe profissional, o usuário e a família (GADIA; TUCHMAN; ROTTA, 2004). Pesquisas em relação à abordagem psicológica do indivíduo com TEA no ambiente odontológico são escassas (KATZ et al., 2009). As técnicas de abordagem psicológicas mais citadas para essas pessoas são: “dizer-mostrar-fazer”, reforço positivo (elogios, premiação), evitar reforços negativos (punições ou qualquer tipo de ridicularização em função do comportamento negativo frente à experiência odontológica), técnica da modelagem, eliminação de estímulos sensoriais estressantes, uso de comandos e ordens claras e objetivas, uso do controle de voz, estabelecimento de uma rotina de atendimento (dia e horário das consultas) e sessões curtas. Essas técnicas podem ser utilizadas isoladamente ou associadas, devendo sempre levar em consideração as características de cada pessoa. Apesar de ser um grande desafio, desde que seja realizado um trabalho prévio de adaptação, o tratamento odontológico de usuários com Transtorno do Espectro Autista, a nível ambulatorial, é passível de ser realizado. Zink et al. (2016) adaptou um facilitador de comunicação para indivíduos que apresenta severas dificuldades de comunicação, como o Transtorno do Espectro Autista, para a comunicação, por meio do uso de figuras adaptadas à odontologia, entre o usuário e o profissional durante o tratamento odontológico, facilitando a assistência em ambiente ambulatorial e minimizando a necessidade de uso de restrição física. Estudos apontam que a comunicação por figuras tem se apresentado como um método de intervenção promissor (GANZ et al., 2012). A desinformação e o preconceito acabam contribuindo para situações de desamparo, exclusão social e não acesso aos direitos. Neste sentido, existe a necessidade de investir na formação e no treinamento dos profissionais que prestam atendimento às pessoas com Transtorno do Espectro Autista, especialmente os que trabalham nas áreas da saúde, educação e assistência social. (BRASIL, 2014a; BRASIL, 2015b; SÃO PAULO, 2011). Desta maneira, deve ser considerada de extrema importância a instituição de programas de prevenção em saúde bucal para essa população (JABER, 2011). 91 GUIA DE ATENÇÃO À SAÚDE BUCAL DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA Tornam-se necessários a prevenção e o início precoce da abordagem odontológica nesses indivíduos na APS, formando um adulto capaz de conhecer e aceitar o tratamento odontológico em ambiente ambulatorial, minimizando o número de intervenções com anestesia geral na fase adulta. O custo com estes procedimentos será minimizado, visto que o atendimento em ambiente hospitalar é sempre muito oneroso. O tratamento odontológico da pessoa com TEA deve ser realizado, preferencialmente, nas USF com profissionais capacitados, utilizando a abordagem lúdica e as tentativas de condicionamento. Os casos de dificuldade intermediária podem ser encaminhados aos CEO, com profissionais especializados no atendimento de pessoas com deficiência. Para casos mais graves, torna-se necessário o encaminhamento à atenção hospitalar para intervenção com anestesia geral.
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