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GESTÃO DO AGRONEGÓCIO MÓDULO ESPECÍFICO II Gestão de Tecnologias e Inovação Aplicadas ao Agronegócio Curso Técnico EaD Senar Formação Técnica Gestão de Tecnologias e Inovação Aplicadas ao Agronegócio SENAR - Brasília, 2022 S491c SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. Curso técnico EaD SENAR: gestão de tecnologias e inovação aplicadas ao agronegócio / Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. – Brasília, DF: SENAR, 2022. 88 p. : il. ; 21 x 29,7 cm – (SENAR Formação Técnica) Inclui bibliografia ISBN 978-65-86344-46-2 1. Agronegócio. 2. Ensino a distância. 3. Produtividade agrícola. I. Título. II. Série. CDU 630 Elaborado por Maurício Amormino Júnior | CRB6/2422 Sumário Introdução à Unidade Curricular ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 7 Tema 1: Ciência, tecnologia e inovação: conceitos e implicações no agronegócio ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 11 Tópico 1: Fundamentos de tecnologia e inovação: conhecimento, criatividade e colaboração ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 12 1.1 De que forma a inovação se apresenta no dia a dia em sociedade? –––––––– 12 1.2 Conhecer, colaborar e criar: superando desafios –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 15 Atividade de aprendizagem ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 19 Tópico 2: Ciência, tecnologia e inovação e seus impactos no agronegócio –– 19 2.1 Conceitos de ciência, tecnologia e inovação –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 20 2.2 Modernização da agricultura e relevância da C, T & I para o agronegócio –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 24 Atividade de aprendizagem ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 30 Tópico 3: Impactos da C, T & I em termos de sustentabilidade para o agronegócio –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 31 3.1 Aplicabilidade da tecnologia e da inovação em sustentabilidade –––––––––––––– 31 3.2 Uso racional dos recursos: materiais, humanos e naturais ––––––––––––––––––––––– 35 Atividade de aprendizagem ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 37 Encerramento do tema ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 37 Tema 2: O ambiente da cadeia produtiva no agronegócio ––––––––––––––––––––––––––––––––––– 39 Tópico 1: Gestão da inovação em cadeias produtivas: competitividade e tendências no contexto do agronegócio –––––––––––––––––––––––––––––– 40 1.1 Estímulo à inovação e à tecnologia: os ambientes institucional e organizacional em cadeias produtivas ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 43 1.2 O papel do produtor rural enquanto protagonista da inovação no meio rural ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 47 1.3 Desafios e ferramentas para a gestão da inovação em uma empresa rural ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 51 1.4 Ampliando os olhares: impactos da tecnologia e da inovação antes e depois da porteira –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 54 Atividade de aprendizagem ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 57 Tópico 2: Aplicações da tecnologia e da inovação em uma empresa rural –– 57 2.1 Conceitos em gestão de empresas rurais ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 57 2.2 Agricultura vertical e de precisão: conceitos e aplicabilidade ––––––––––––––––––– 60 Atividade de aprendizagem ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 65 Encerramento do tema ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 65 Tema 3: Agir no presente, planejando o futuro: estratégias em inovação para o agronegócio ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 67 Tópico 1: Dados e informações: gestão de impacto para a empresa rural –– 67 1.1 Adivinhar menos, conhecer mais: a relevância da gestão baseada em dados para o agronegócio ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 70 Atividade de aprendizagem ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 71 1.2 Extraindo informações para planejar o futuro: decisões de impacto ––––––– 72 1.3 Gestão do conhecimento: como utilizar as informações obtidas no planejamento do negócio rural ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 75 Atividade de aprendizagem ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 77 Tópico 2: Inovação e melhoria contínua: projetos, produtos e processos em agronegócio ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 77 2.1 Conceitos e aplicabilidade de projetos, produtos e processos –––––––––––––––––– 78 2.2 Como utilizar projetos para inovar em uma empresa rural ––––––––––––––––––––––– 81 Atividade de aprendizagem ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 82 Encerramento do tema ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 82 Encerramento da Unidade Curricular ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 83 Referências ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 84 Gabarito das atividades de aprendizagem ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 85 Tema 1: Ciência, tecnologia e inovação: conceitos e implicações no agronegócio –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 85 Tema 2: O ambiente da cadeia produtiva no agronegócio –––––––––––––––––––––––––––––– 85 Tema 3: Agir no presente, planejando o futuro: estratégias em inovação para o agronegócio ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 86 Introdução à Unidade Curricular 7GESTÃO DO AGRONEGÓCIO Gestão de Tecnologias e Inovação Aplicadas ao Agronegócio Introdução à Unidade Curricular A tecnologia e a inovação estão cada vez mais presentes no dia a dia da sociedade e, por isso, é fundamental compreender como aplicá-las para superar desafios. A aplica- ção de métodos e técnicas contribui para a promoção da sustentabilidade nas empre- sas rurais e incentiva o uso racional de recursos materiais, humanos e naturais. Nesse contexto, o profissional técnico em agronegócio poderá aplicar estratégias ino- vadoras, que fomentem novas ações de sustentabilidade em busca de melhorias con- tínuas. Para o agronegócio, a gestão de tecnologias e inovação nas cadeias produtivas é fundamental para garantir a competitividade da empresa rural e acompanhar as ten- dências desse setor. Portanto, é preciso agir no presente e planejar o futuro! A Unidade Curricular Gestão de Tecnologias e Inovação Aplicadas ao Agronegó- cio apresenta os conceitos e as implicações da tecnologia e da inovação aplicadas aos negócios rurais. Os assuntos abordados ajudarão você a compreender melhor as bases fundamentais para inovar e impactar positivamente o ambiente de negócios. Também será possível conhecer os conceitos de ciência, tecnologia e inovação, além dos concei- tos e das práticas de gestão em inovação. Encerraremos com um aprofundamento em conceitos de processos, produtos e projetos para inovar nocontexto do agronegócio. Capacidades técnicas Ao fim desta Unidade, você terá desenvolvido as competências técnicas de gestão, bem como os conhecimentos necessários para executar ações técnicas e operacionais em gestão de tec- nologias e inovação. Com carga horária de 40 horas, a Unidade foi organizada em três temas, diversos tó- picos e subtópicos relevantes para a sua formação profissional. CURSO TÉCNICO EAD SENAR8 Temas Tópicos Subtópicos Tema 1: Ciência, Tecnologia e Inovação: conceitos e implicações no agronegócio Tópico 1: Fundamentos de tecnologia e inovação: conhecimento, criatividade e colaboração 1.1 De que forma a inovação se apre- senta no dia a dia em sociedade? 1.2 Conhecer, colaborar e criar: supe- rando desafios Tópico 2: Ciência, Tecnologia e Inovação e seus impactos no agronegócio 2.1 Conceitos de ciência, tecnologia e inovação 2.2 Modernização da agricultura e relevância da C, T & I para o agronegócio Tópico 3: Impactos da C, T & I em termos de sustentabilidade para o agronegócio 3.1 Aplicabilidade da tecnologia e da inovação em sustentabilidade 3.2 Uso racional dos recursos: mate- riais, humanos e naturais Tema 2: O ambiente da cadeia produtiva do agronegócio Tópico 1: Gestão da inovação em cadeias produtivas: competitividade e tendências no contexto do agronegócio 1.1 Estímulo à inovação e à tecno- logia: os ambientes institucio- nal e organizacional em cadeias produtivas 1.2 O papel do produtor rural enquan- to protagonista da inovação no meio rural 1.3 Desafios e ferramentas para a gestão da inovação em uma em- presa rural 1.4 Ampliando os olhares: impactos da tecnologia e da inovação antes e depois da porteira. Tópico 2: Aplicações da tecnologia e da inovação em uma empresa rural 2.1 Conceitos em gestão de empresas rurais 2.2 Agricultura vertical e de precisão: conceitos e aplicabilidade 9GESTÃO DO AGRONEGÓCIO Gestão de Tecnologias e Inovação Aplicadas ao Agronegócio Temas Tópicos Subtópicos Tema 3: Agir no presente, planejando o futuro: estratégias em inovação para o agronegócio Tópico 1: Dados e informações: gestão de impacto para a empresa rural 1.1 Adivinhar menos, conhecer mais: a relevância da gestão baseada em dados para o agronegócio 1.2 Extraindo informações para plane- jar o futuro: decisões de impacto 1.3 Gestão do conhecimento: como utilizar as informações obtidas no planejamento do negócio rural Tópico 2: Inovação e melhoria contínua: projetos, produtos e processos em agronegócio 2.1 Conceitos e aplicabilidade de pro- jetos, produtos e processos 2.2 Como utilizar projetos para inovar em uma empresa rural Certifique-se de estudá-los com atenção e, se precisar, conte com o apoio da tutoria a distância desta Unidade Curricular. Para fixar seu conhecimento, ao fim de alguns tópicos, você vai encontrar atividades para colocar em prática o que aprendeu imediatamente após os conceitos e as teorias. Comentários do autor Todas as atividades buscam respeitar seu ritmo de aprendi- zagem e são coerentes com o que você será capaz de fazer a partir dos assuntos abordados. Ao fim desta apostila, é disponibilizado um gabarito para que você verifique suas respostas. Bons estudos! 01 Ciência, tecnologia e inovação: conceitos e implicações no agronegócio 11GESTÃO DO AGRONEGÓCIO Gestão de Tecnologias e Inovação Aplicadas ao Agronegócio Tema 1: Ciência, tecnologia e inovação: conceitos e implicações no agronegócio Tecnologia e inovação são conceitos presentes em praticamente todas as rodas de conversa na sociedade atual. Não poderia ser diferente, não é mesmo? Afinal, perten- cemos a uma sociedade imersa na Era da Informação, na qual mudança é a palavra de ordem. O tema de aula Ciência, tecnologia e inovação: conceitos e implicações no agro- negócio vai reforçar quais são as bases fundamentais da tecnologia e da inovação, além de fazer uma análise do impacto desses dois conceitos em nosso dia a dia. Fonte: Getty Images. Assim, você vai compreender a importância de aplicar esses conhecimentos no agronegócio. Capacidades técnicas Ao final deste tema, você terá desenvolvido as seguintes capacidades: • empregar os conceitos de inovação e tecnologia aplicados no agronegócio; e • aplicar estratégias inovadoras a fim de fomentar novas ações na busca por melhorias contínuas. CURSO TÉCNICO EAD SENAR12 Tópico 1: Fundamentos de tecnologia e inovação: conhecimento, criatividade e colaboração A tecnologia e a inovação estão cada vez mais presentes em nosso dia a dia, em ações rotineiras, como escutar música e fazer uso da internet para entrar em contato com parentes distantes. A tecnologia e a inovação têm mudado as formas como a sociedade enxerga o mundo e se relaciona com ele. No setor do agronegócio, essa pre- missa também é verdadeira. É im- possível dissociar a tecnologia e a inovação dos avanços surpreen- dentes desse setor tão importante para a economia brasileira. Fonte: Getty Images. Para crescer diante de tantos desafios que fazem parte do cotidiano do agronegócio, o uso da tecnologia e da inovação é fundamental! Mas, afinal, você sabe o que é tecno- logia e o que é inovação? Sabe a diferença entre esses dois conceitos? Para responder cada uma dessas perguntas, primeiro, é necessário conhecer as bases que sustentam o estudo da tecnologia e da inovação para que, então, seja possível aprofundar a compreensão sobre seu impacto no agronegócio. 1.1 De que forma a inovação se apresenta no dia a dia em sociedade? São inúmeras as situações em que estamos em contato com a tecnologia e a inovação em nosso dia a dia. Por exemplo, para pagar contas via internet banking, pedir co- mida por meio de aplicativos, ouvir música, conversar com os amigos remotamente, estudar e, até mesmo, fazer compras. Ao analisarmos tudo o que fazemos durante um dia inteiro, desde o momento em que nos levantamos até a hora de dormir, é possível perceber que diversas ferramentas tecnológicas nos auxiliam a executar diversas ati- vidades diárias. 13GESTÃO DO AGRONEGÓCIO Gestão de Tecnologias e Inovação Aplicadas ao Agronegócio Glossário Internet banking: Banco internético, e-banking, banco on- -line, online banking, banco virtual, banco eletrônico ou ban- co doméstico são termos usados para caracterizar transações, pagamentos e outras operações financeiras e de dados pela internet por meio de uma página segura de banco. A tecnologia e a inovação se apresentam de diferentes formas em nosso dia a dia, por meio de melhorias teoricamente simples, que facilitam o desenvolvimento de deter- minados processos, ou, até mesmo, de ferramentas que possibilitam a economia de recursos preciosos, como o tempo. Nesse contexto, inovar é fazer diferente. E, na maioria das situações, é possível fazer diferente. Perceber o impacto da inovação no dia a dia, bem como identificar o quanto é realmente possível implementar estratégias inovadoras, é o que mo- vimenta o mundo. Afinal, inovar requer dinamici- dade e movimento para instigar mudanças. A sociedade atual é pautada por transformações que acontecem a todo momento, em uma velocidade impressionante. Essas mudanças decorrem, principalmente, de questionamentos e inquietações. Toda essa transformação impacta a forma como as pessoas se relacionam entre si e a maneira como as empresas, em todo o mundo, se relacionam com o mercado, os clientes e a concorrência. Para sobreviver em um cenário tão dinâmico, a criatividade é cada vez mais reconhe- cida e valorizada, já que essa característica é a base principal da inovação. CURSO TÉCNICO EAD SENAR14 A criatividade é uma característica inata do ser humano, que se ex- pressa de maneira muito natural, especialmente durante a infância. O processo criativo está relacio- nado ao potencial de conceber no- vas ideias, ou seja, que nunca fo- ram apresentadas. Fonte: Getty Images. A principal diferença entre criatividade e inovação é o enfoquede cada um desses dois conceitos. Ser criativo significa desenvolver novas ideias, ao passo que ser inovador requer que essas ideias sejam colocadas em prática. No contexto de uma empresa, inovar significa aplicar novas ideias, com o propósito de atender a uma necessidade real, que impactem diretamente nos resultados do negócio por meio de processos mais simplificados, econômicos, sustentáveis e eficazes. Fonte: Getty Images. O desenvolvimento dos smartphones e o avanço da internet no século XXI modifi- caram a forma de comunicação entre as pessoas, facilitaram os meios de comuni- cação e impulsionaram o desenvolvimento de novos serviços. Um exemplo bastante comum de serviço fortemente modificado, a partir das Tecnologias da Informação 15GESTÃO DO AGRONEGÓCIO Gestão de Tecnologias e Inovação Aplicadas ao Agronegócio e Comunicação (TICs), é o internet banking, no qual as operações e transações ban- cárias acontecem por meio do computador ou do celular sem a necessidade de compa- recimento presencial às agências bancárias. Tecnologias da Informação e Co- municação (TICs) são o conjunto total de tecnologias que permitem a produção, o acesso e a propaga- ção de informações, assim como tecnologias que permitem e facili- tam a comunicação entre as pessoas (RODRIGUES et al., 2014). 1.2 Conhecer, colaborar e criar: superando desafios Você sabia que, além da criatividade, a inovação tem outros fundamentos que a sus- tentam, como o conhecimento e a colaboração? Em um cenário tão dinâmico e complexo como o que se apresenta atualmente, além de compreender o papel da cria- tividade para o desenvolvimento de inovações, é necessário reconhecer a relevância da cooperação para compartilhar experiências e desenvolver novas ideias em conjunto. Fonte: Shutterstock. CURSO TÉCNICO EAD SENAR16 Para compreender melhor, que tal um exemplo? Imagine que duas empresas desen- volvem o mesmo produto e oferecem serviços semelhantes no mercado. Consideremos que, para desenvolver esse produto, ambas as empresas implementaram processos semelhantes. Contudo, os colaboradores que trabalham nessas empresas são diferen- tes entre si, já que têm histórias de vida distintas. Mesmo com suas experiências individuais, as pessoas que se dedicam a uma organização contribuem para o resultado final por ela alcançado. Assim, apesar de ofertarem o mesmo produto, os serviços que suportam a oferta desse produto no mercado serão diferentes. O entendimento acerca da influência das pessoas na cons- trução dos negócios passou a ser valorizado a partir do início do século XX, com o início da Era da Informação. O avanço tecnológico, perceptível nesse período, facilitou o desenvolvimento de tare- fas operacionais, ou seja, o ato de fazer se tornou mais simples com o advento da tec- nologia. Essas mudanças permitiram que as empresas passassem a valorizar o ato de pensar e enfatizassem a importância da presença humana nas organizações. Considerando a velocidade com que as mudanças se apresentam na sociedade atual – especialmente em termos de desenvolvimento de novas tecnologias que influenciam diretamente a concorrência entre as empresas –, o compartilhamento do conhecimen- to é apontado como um grande diferencial competitivo. Diferencial competitivo é um ou mais atributos que fazem a empre- sa ser única e superior aos seus con- correntes. São vantagens e benefí- cios oferecidos aos clientes que as demais empresas não são capazes de oferecer (SEBRAE, 2021). Mas, qual a relação do compartilhamento de conhecimento com o exemplo das empre- sas que desenvolvem o mesmo produto, porém oferecem serviços diferentes ao mer- cado? A partir da colaboração entre as empresas, seria possível economizar esforços e, assim, elas poderiam trabalhar de forma conjunta para oferecer produtos diferen- ciados e mais inovadores. 17GESTÃO DO AGRONEGÓCIO Gestão de Tecnologias e Inovação Aplicadas ao Agronegócio O conhecimento é uma das bases da inovação, uma vez que diz respeito ao enten- dimento de conceitos, teorias e procedimentos que possibilitam o desenvolvimento de soluções para resolver problemas. Portanto, ampliar o conhecimento é um dos cami- nhos para a criatividade, e compartilhar esse conhecimento é imprescindível para a inovação. Nesse contexto, aprender, usar e compartilhar o conhecimento são etapas importantes do processo de inovação, dentro de uma mesma empresa ou entre em- presas distintas, do mesmo ou de diferentes setores. Tidd e Bessant (2015, p. 8) afir- mam que a inovação é uma ques- tão de conhecimento – criar novas possibilidades por meio da combi- nação de diferentes conjuntos de conhecimentos. Fonte: Shutterstock. A relevância do conhecimento como base para a inovação pode ser observada a partir do aumento do número de associações, congressos, seminários e publicações científi- cas que caracterizam a Era da Informação. A economia do conhecimento, uma das características principais desse período, fez com que setores tradicionalmente intensi- vos em mão de obra passassem a valorizar a comunicação estratégica, a Tecnologia da Informação, a cooperação e a inteligência empresarial. Essa valorização foi imprescindível para que di- versos setores da economia alcançassem o pata- mar atual de evolução tecnológica. Cooperar para inovar é um dos conceitos que estimulam o desenvolvimento de novas tecnologias no Brasil. Além de possibilitar a difusão do conhecimento, a cooperação facilita o acesso a recursos técnicos e produtivos e permite que as empresas se capa- citem para processos cada vez mais eficientes. CURSO TÉCNICO EAD SENAR18 Glossário Cooperar: atuar, juntamente com outros, para um mesmo fim; contribuir com trabalho, esforços, auxílio; colaborar. A cooperação pode acontecer dentro de uma mesma cadeia produtiva, a chamada co- operação vertical, ou com agentes externos a uma cadeia, como universidades e redes de pesquisa. Um dos princípios da cooperação é a colaboração em contraposição à competição, o que faz muito sentido quando se pensa em inovação. Isso porque uma empresa que busca inovação não o faz apenas dentro de uma única área do conhecimento. Existem diferentes fontes de informação que compõem as bases da inovação, uma vez que os novos produtos são cada vez mais multifuncionais, ou seja, não atendem a uma única funcionalidade. Um exemplo é o surgimento do smartphone. Originado dos telefones celulares, o smartphone teve sua evolução a partir da incorporação de funções de assistentes vir- tuais. Dessa forma, o mercado passou a dispor de um aparelho com múltiplas funções. Vale ressaltar que esse exemplo representa um dos maiores avanços da Tecnologia da Informação dos últimos anos. Confira, no infográfico, a evolução do smartphone nas últimas décadas: Telefone móvel Assistente virtual Smartphone com múltiplas funções Fonte: Elaborado pelo autor (2022). 19GESTÃO DO AGRONEGÓCIO Gestão de Tecnologias e Inovação Aplicadas ao Agronegócio A literatura comprova que as empresas inovadoras que cooperam têm maior capaci- dade de se apropriar do conhecimento gerado fora delas e, por isso, apresentam um desempenho global mais elevado. Essas empresas tendem a lançar inovação para o mercado e não apenas internamente (para si mesmas) e, assim, colaboram para o pro- cesso de inovação como um todo (ABRAMOVSKY et al., 2009; TETHER, 2002). Na sequência, faça a atividade para fixar seu aprendizado. Atividade de aprendizagem 1. Quando falamos em inovação, é bastante comum imaginarmos algo futu- rístico, que quebre paradigmas. Mas a inovação não se caracteriza apenas por seu radicalismo. Inúmeras inovações incrementais estão presentes em nosso dia a dia, inclusive no contexto do agronegócio. Com base nessa afirmativa, elabore um conceito para inovação e exemplifique-o a partir da utilização de uma inovação incremental no agronegócio. Tópico 2: Ciência, tecnologia e inovação e seus impactos no agronegócio O agronegócio é o setor mais dinâmico da economia brasileira.Assim, é papel do pro- fissional técnico em agronegócio conhecer as bases fundamentais da ciência, da tec- nologia e da inovação, bem como as diferentes formas de como esses conceitos se apresentam para que sejam implementados nos negócios rurais. CURSO TÉCNICO EAD SENAR20 Ciência, tecnologia e inovação no agronegócio. Fonte: Getty Images. 2.1 Conceitos de ciência, tecnologia e inovação As grandes conquistas realizadas pelo ser humano foram baseadas em um conjunto de conhecimentos acumulados ao longo de toda sua história, desde o surgimento do Homo sapiens até os dias de hoje. Assim, pode-se afirmar que a ciência é algo tão an- tigo quanto a própria existência da humanidade. Trata-se de um conjunto de conhecimentos de certas metodologias e equipamentos empregados com a finalidade de aprimorar ou solucionar dificuldades preexistentes no processo produtivo. Assim, a tecnologia consiste basicamente no uso de várias ciências ou saberes aplicados de forma prática nos processos produtivos de bens e serviços. Nesse aspecto, é possível observar que, geralmente, quando uma propriedade rural decide optar por certa tecnologia, acaba por adotar um pacote tecnológico de conhe- cimentos diversos. Vejamos alguns exemplos: 21GESTÃO DO AGRONEGÓCIO Gestão de Tecnologias e Inovação Aplicadas ao Agronegócio Ao adotar a mecanização com o uso de tratores, usualmente, tam- bém são adotadas práticas de adu- bação química. Fonte: Shutterstock. As propriedades dedicadas à sui- nocultura, ao investirem em um novo processo de coleta e arma- zenamento de resíduos, também precisam investir em equipamen- tos que possibilitem o aproveita- mento adequado dos gases com- bustíveis gerados pelo processo de fermentação anaeróbica. Fonte: Getty Images. Dessa forma, é fundamental buscar meios eficazes de distribuição de resíduos sólidos e líquidos sobre os solos a serem cultivados. Surge, então, a necessidade da interação entre diversas áreas de conhecimento para obter sucesso em cada etapa de produção. Também é importante observar que a tecnologia é dinâmica e se renova com o passar do tempo. Muitas tecnologias empregadas no Brasil na década de 1960, por exemplo, já não se aplicam mais, sobretudo devido aos apelos ambiental e social dos tempos atuais. O conjunto de conhecimentos adquiridos desde aquela época permite afirmar que algu- mas práticas não são mais racionalmente aceitas, como o plantio fora das curvas de nível, sem a construção de bons terraços, que causa o desmatamento de áreas de preservação. CURSO TÉCNICO EAD SENAR22 Fonte: Shutterstock. Nesse contexto, surgiram as Boas Práticas Agrícolas (BPA), que foram aprimora- das ao longo de muitos anos e podem ser adotadas pelos produtores rurais. Podem ser implementadas as seguintes práticas: • uso adequado de máquinas e implementos agrícolas; • melhoramento genético; • melhoramento da fertilidade do solo; • controle de pragas, doenças e plantas daninhas; • manejo conservacionista do solo; e • melhorias na ambiência genética e na nutrição animal. Glossário Boas práticas: conjunto de ações destinadas à produção agrí- cola, com atenção à redução de perdas, maior preservação am- biental e otimização dos recursos de produção. O desenvolvimento de novas tecnologias está diretamente relacionado às inovações. Inovação é o processo de transformar ideias em realidade e lhes capturar valor. Esse processo se traduz em quatro fases principais: a busca, a escolha estratégica, a imple- mentação e a captura de valor (TIDD; BESSANT, 2015). 23GESTÃO DO AGRONEGÓCIO Gestão de Tecnologias e Inovação Aplicadas ao Agronegócio Portanto, inovar é desenvolver soluções úteis para os problemas que se apresentam. Se é possível aplicar essas ideias e práticas e implementar esses equipamentos ao processo produtivo, a fim de gerar ganhos econômicos, reduzir custos, elevar receitas ou promover melhorias sociais, esse processo pode ser entendido como inovação tec- nológica (PINTO, 2012). Mas, nem sempre as inovações produzidas são demandadas pelo mercado. Elas podem estar associadas ao invencionismo (compulsão por inventar) e não são de aplicação imediata (GOMIDE; VILELA, 2015). Assim, nem toda invenção se caracteriza como uma inovação. Algumas adaptações feitas em equipamentos agrícolas nas fazendas podem produzir bons resultados, mas não constituem inovação. Exemplo: algumas propriedades usam motocicletas comuns para conduzir carretas, acionar pulverizadores, entre outras finalidades. Para se consolidar como inovação, além de ser totalmente nova ou apresentar me- lhorias significativas, a invenção deve ser aceita comercialmente pelo mercado con- sumidor. De modo geral, as inovações podem ser divididas de acordo com o grau de novidade. Isso porque inovar não significa apenas abrir novos mercados, mas também oferecer novas formas de servir aos mercados já estabelecidos. Por isso, em muitos casos, a inovação surge quan- do a forma de olhar para algo é repensada. CURSO TÉCNICO EAD SENAR24 A tecnologia estuda meios de resolver dificuldades dos processos produtivos por meio de um conjunto de conhecimentos ou ciências acumuladas ao longo do tempo. Já as inovações implicam retorno financeiro devido ao surgimento de novos produtos ou de melhorias implementadas nos processos e serviços. Esses assuntos têm uma estrei- ta relação entre si e, por isso, a pesquisa e a necessidade de produção otimizada são grandes fatores motivadores da inovação. Fonte: Getty Images. As tecnologias inovadoras são desenvolvidas por profissionais dotados de iniciativa e visão holística do empreendimento no qual estão envolvidos. Surge, então, a impor- tância de qualificar a mão de obra empregada no setor agropecuário. 2.2 Modernização da agricultura e relevância da C, T & I para o agronegócio As aplicações da ciência, da tecnologia e da inovação no agronegócio são visíveis no Brasil desde os anos 1960. Os resultados expressivos da produtividade das culturas agrícolas e pecuárias foram possíveis somente graças ao desenvolvimento e à incor- poração do conhecimento científico às produções agrícola e pecuária. Associados ao desenvolvimento de inovações tecnológicas, eles revolucionaram o trabalho no campo. 25GESTÃO DO AGRONEGÓCIO Gestão de Tecnologias e Inovação Aplicadas ao Agronegócio Tudo isso permitiu que o Brasil emergisse como um dos maiores exportadores de produtos agrope- cuários de todo o mundo, com pa- pel fundamental no fornecimento de carne, ave, soja, açúcar, café e laranja. Fonte: Getty Images. Para tanto, os investimentos feitos em pesquisa para setor rural no país foram fun- damentais, tanto na pesquisa básica quanto na aplicada, em instituições públicas e privadas voltadas ao assunto. A ascensão do agronegócio brasileiro ocorreu a partir da criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), especialmente com o desenvolvimento de novas e mais produtivas variedades de sementes e a adap- tação ao solo e ao clima, o que contribuiu diretamente para elevar a produtividade e a produção de alimentos no país. A produção de alimentos existe desde os primórdios da humanidade e, desde então, vem sofrendo transformações. A Primeira Revolução Agrícola, ocorrida entre os séculos XVIII e XIX, foi marcada pela substituição das pastagens naturais por artificiais, pelo abandono da produção baseada em sistemas de pousio e pelo aumento de produtividade dos sistemas agropecuários. Nesse período, também houve a aproximação da agricultura e da pecuária, que, his- toricamente, eram atividades opostas. Além disso, suas complementaridades e as sim- bioses naturais entre as espécies animais e vegetais foram aproveitadas para desenvol- ver a fertilidade dos solos. Essa aproximação permitiu, ainda, o estabelecimento de um sistema de rotação de cultivos e, a partir daí, foram observados os primeiros movimen- tos de transição em direção ao estabelecimento da chamada agricultura moderna. CURSO TÉCNICO EAD SENAR26 Agriculturamoderna. Fonte: Getty Images. A Segunda Revolução Agrícola, também conhecida como Revolução Verde, se prolongou ao longo do século XX e teve como premissa a mecanização e a motori- zação, apoiadas na seleção de variedades de plantas e raças de animais domésticos adaptados aos meios de produção industriais. A Revolução Verde ocorreu com base na necessidade de ampliação da produção de alimentos para alimentar a população mun- dial, principalmente por meio de incrementos de produtividade no campo. O aumento da produtividade no campo se tornou possível a partir da implantação de pacotes tecnológicos que, no Brasil, tiveram apoio determinante do governo por meio de subsídios de créditos agrícolas para estimular a produção agropecuária. Ação no campo Entre 1975 e 2017, a produção de grãos, que era de 38 milhões de toneladas, cresceu mais de seis vezes e atingiu 236 milhões, enquanto a área plantada apenas dobrou. Saiba mais Para compreender como a Terceira Revolução Industrial in- fluenciou as culturas agrícolas e pecuárias, acesse o material disponível para você na biblioteca do AVA. 27GESTÃO DO AGRONEGÓCIO Gestão de Tecnologias e Inovação Aplicadas ao Agronegócio Outros fatores também foram determinantes para a modernização da agricultura no Brasil, como os padrões de produção, bastante modificados desde os anos 1960. As práticas produtivas inadequadas, que causavam severos danos ambientais, como ero- são e assoreamento, foram substituídas por padrões produtivos mais modernos, que respeitam o meio ambiente. Duas grandes cadeias produtivas se consolidaram a partir de modificações expressivas nos padrões de produção, especialmente em termos de sanidade, manejo e instala- ções: a avicultura e a suinocultura. Avicultura. Fonte: Getty Images. Suinocultura. Fonte: Getty Images. Na suinocultura, robôs podem ser programados para se des- locarem sobre trilhos e realizarem todo o processo de dosa- gem de ração ideal para cada baia individual, além de regis- trarem a temperatura do ambiente, marcarem o consumo de alimento, controlarem o estoque de ração no silo e identifi- carem enfermidades (MARTIN NETO, 2010). Além disso, os avanços relacionados à organização produtiva permitiram elevar ex- pressivamente a produção nessas cadeias produtivas. Ação no campo No caso da carne de frango, por exemplo, a produção passou de 217 mil toneladas, em 1970, para 12,9 milhões de tonela- das, em 2016, o que consolidou o Brasil como o maior produtor e exportador mundial do produto. CURSO TÉCNICO EAD SENAR28 A utilização de tecnologias inovadoras também se justifica pela necessidade do produtor rural de se manter ativo e competitivo em um cenário capitalista, em que a competição motiva mercados e aponta tendências de produtos. Há uma tendência de integração de tecnologias voltadas à produção de alimentos de origem vegetal e animal, fibras, energia e madeira em uma mesma área, cultivados em sucessão ou em rotação num mesmo espaço. Uma das grandes vantagens dessa integração tecnológica é a quebra do ciclo biológico de certas pragas, doenças e plan- tas daninhas, além de proporcionar maior dinamismo à vida microbiana do solo. Do ponto de vista da viabilidade financeira da empresa rural, essa diversificação de pro- dutos cria fontes alternativas de renda. Fonte: Getty Images. Outro cenário cada vez mais presente é o uso de produtos oriundos do melhoramen- to genético vegetal e animal em larga escala. Dadas as diferentes raças de bovinos, com especificidades em suas diferentes formas de exploração, por exemplo, ainda é possível fazer cruzamentos direcionados entre elas, a fim de obter animais com melhor desempenho e adaptados a diferentes condições de exploração. 29GESTÃO DO AGRONEGÓCIO Gestão de Tecnologias e Inovação Aplicadas ao Agronegócio Há uma grande expectativa de que a engenharia genética continue avançando na criação de produ- tos transgênicos e contribua para o surgimento de espécies que se adaptem melhor aos solos mais pobres e às regiões de maior es- cassez hídrica, com o objetivo de garantir a segurança alimentar e a preservação ambiental. Fonte: Getty Images. Comentários do autor Pode-se dizer que as perspectivas para expansão das tecno- logias genéticas na agropecuária são enormes, e muitas pes- quisas têm sido realizadas mundo afora. Assim, é possível que algumas delas, em breve, apareçam como grandes inovações. Em relação às máquinas e aos implementos agrícolas, a expectativa de implementação de novas tecnologias está diretamente relacionada à automação e, principalmente, aos sistemas de sensoriamento remoto, com respostas mais rápidas e melhor qualidade de operação. Outra perspectiva é a de que leis ambientais e fiscalizações mais severas obriguem os produtores a adotar medidas voltadas para os manejos conservacionistas e a fazer uso mais racional dos insumos de produção. Além disso, leis trabalhistas que demandam maior investi- mento para garantir mais conforto e segurança aos colabo- radores também estarão mais presentes no campo. CURSO TÉCNICO EAD SENAR30 Com isso, o produtor rural terá que buscar formas de se adequar ao novo cenário para garantir sua presença no mercado por meio do uso de inovações e tecnologias que possibilitem maior rentabilidade. Portanto, as possibilidades de emprego de novas tecnologias no meio rural são amplas e estarão ao alcance de todos os produtores, in- dependentemente do tamanho da sua propriedade. Afinal, o que dita o emprego das tecnologias é a motivação do produtor em se manter competitivo no mercado. A história comprova que a evolução das tecnologias inovadoras, atualmente imple- mentadas na agropecuária, se deu de acordo com conhecimentos acumulados e, pos- teriormente, com a transmissão desses conhecimentos entre as gerações, o que per- mitiu haver sólidos aprimoramentos no setor produtivo agropecuário. Na sequência, resolva a atividade para fixar seu aprendizado. Atividade de aprendizagem 1. “O aumento da produtividade no campo se tornou possível a partir da im- plantação de pacotes tecnológicos que, no Brasil, tiveram apoio determi- nante do governo por meio de subsídios de créditos agrícolas para estimu- lar a produção agropecuária. Entre 1975 e 2017, a produção de grãos, que era de 38 milhões de toneladas, cresceu mais de seis vezes e atingiu 236 milhões, enquanto a área plantada apenas dobrou.” Dado o contexto de modernização da agricultura, que impulsionou o de- senvolvimento do agronegócio brasileiro a partir dos anos 1960, assinale a alternativa incorreta. a) A modernização da agricultura ocorreu com base na necessidade de ampliação da produção de alimentos para alimentar a população mundial, principalmente por meio de incrementos de produtividade no campo. b) O incremento de produtividade das culturas possibilitou o aumento do rendimento dos sistemas produtivos. c) A tecnologia foi uma ferramenta determinante para que a agricultura brasileira ex- perimentasse tamanha revolução em tão pouco tempo. d) A pesquisa agropecuária foi fundamental para embasar o desenvolvimento tecnoló- gico que caracterizou a modernização da agricultura a partir dos anos 1960. e) O aumento da produção, observado desde os anos 1960, é baseado essencialmente na expansão da área plantada. 31GESTÃO DO AGRONEGÓCIO Gestão de Tecnologias e Inovação Aplicadas ao Agronegócio Tópico 3: Impactos da C, T & I em termos de sustentabilidade para o agronegócio Apesar de muitos avanços terem sido observados nos últimos anos, a agropecuária possui uma forte dependência dos recursos naturais e, por isso, o aumento da produ- tividade deve estar atrelado a questões de sustentabilidade. Porém, é nítido que algu- mas tecnologias contribuem substancialmente para a redução de impactos ambientais e a preservação dos recursos naturais para as gerações futuras. Fonte: Shutterstock. Nesse sentido, a ciência, a tecnologia e a inovação não possibilitaram apenas a evolu- ção da produtividade no agronegócio, masa produção cada vez mais eficiente de pro- dutos advindos do campo. Isso representou uma economia considerável de recursos materiais, humanos e naturais envolvidos em todo o processo produtivo. Para compreender melhor a relação entre sustentabilidade, inovação e agronegócio, é fundamental que você, profissional técnico em agronegócio, reconheça alguns concei- tos importantes. 3.1 Aplicabilidade da tecnologia e da inovação em sustentabilidade O Brasil tem condições e recursos naturais excelentes para a produção agrícola e pecu- ária, e esse é o fator primordial para o sucesso do agronegócio brasileiro. Porém, o que aconteceria com esses recursos e com o próprio setor agropecuário se não houvesse o caráter inovador de quem empreende no agronegócio brasileiro? Como esse setor, tão relevante para a economia brasileira, se sairia nessa situação? CURSO TÉCNICO EAD SENAR32 Fonte: Getty Images. O Brasil é o país mais desenvolvido em agricultura tropical no mundo e dispõe de inovações que apresentam os seguintes benefícios: Redução e eliminação da erosão, preservação do solo, da vegetação e dos recursos hídricos. Redução do uso de insumos por meio de sistemas de agricultura de precisão que possibilitam o aumento da margem de lucro da propriedade. Implementação de estratégias de controle de pragas menos ofensivas. Melhoramento genético de sementes para o controle de qualidade da produção. Há diversas outras tecnologias e inovações que garantem a produção agropecuária competitiva e rentável, com sustentabilidade para o meio ambiente, responsabilidade social e qualidade dos alimentos. O uso de tecnologias e inovações nos processos pro- dutivos é fundamental para o desenvolvimento socioeconômico e a geração de riquezas. Entretanto, é possível considerar que a disponibilidade de recursos naturais é um dos fatores mais importantes, pois é o propulsor de todos os meios de produção. 33GESTÃO DO AGRONEGÓCIO Gestão de Tecnologias e Inovação Aplicadas ao Agronegócio Por exemplo, a disponibilidade de grandes extensões de terras pla- nas, que sejam mecanizáveis, com solos dotados de potencial para fa- zer a correção da acidez e boa dis- tribuição de chuvas ao longo do ano, é um atrativo para o investi- mento na exploração agropecuária em todos seus segmentos. Fonte: Getty Images. Ao mesmo tempo em que se sabe que a disponibilidade de recursos naturais é um fator determinante para o desenvolvimento da atividade agropecuária, sabe-se também que é preciso preservar esses recursos para que seja possível produzir agora e no futuro. E ninguém melhor para cuidar da terra do que o próprio produtor rural, não é mesmo? Culturalmente, a preocupação ambiental é um traço bastante característico da agricul- tura brasileira. Um exemplo disso é que o aumento da produção agropecuária obser- vada no país se dá muito mais pelo incremento de produtividade do que pela expansão da fronteira agrícola. Para refletir A preocupação com o meio ambiente, característica do produ- tor rural brasileiro, é de extrema relevância para que o Brasil continue a produzir e fornecer alimentos seguros e de qualida- de para a população mundial. Isso porque, há algum tempo, os consumidores já sinalizam que perceberam seu grande poder de influência sobre os processos de produção e reivindicam seus direitos de forma mais veemente. Esse comportamento pode ser observado nas exigências feitas pelos mercados europeus para aquisição de produtos brasileiros para a adoção das Boas Prá- ticas Agrícolas (BPA) e para a preservação ambiental. Esse fato, por si só, justifica a necessidade de o produtor rural empregar novas tecnologias em suas propriedades. CURSO TÉCNICO EAD SENAR34 Uma das práticas produtivas que colaboram para que o agro- negócio brasileiro seja reconhecido por sua sustentabilidade é a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), que consiste na estratégia de integrar lavoura, pecuária e flores- ta em uma mesma área. A aplicação desse método produtivo resulta em aumento de produtividade, bem como em benefícios ambientais para todo o sistema, que advêm da sinergia entre seus ele- mentos. Em sistemas como esse, a capacidade de sequestro de carbono é maior e há maior conforto térmico para os animais em função da sombra das árvores. Para o produtor rural, os sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) tam- bém representam diversificação de renda, uma vez que ele passa a ter mais de um produto para oferecer ao mercado. Outro exemplo de prática produtiva que corrobora com a sustentabilidade da produção agrícola brasileira é o plantio direto na palha, que consiste em um sistema de manejo do solo desenvolvido para reduzir o impacto da atividade. Plantio direto na palha. Fonte: Getty Images. Com isso, ferramentas comuns, como o arado e a grade, não são usadas no preparo do solo. As sementes são colocadas diretamente no solo sem revolvimento, e a manuten- ção dos restos de culturas anteriores é fundamental para o sucesso do plantio direto. Essa prática produtiva contribui, por exemplo, para melhorar a retenção de umidade no solo, o que impacta diretamente o rendimento das culturas em anos de seca. 35GESTÃO DO AGRONEGÓCIO Gestão de Tecnologias e Inovação Aplicadas ao Agronegócio 3.2 Uso racional dos recursos: materiais, humanos e naturais No tópico anterior, você entendeu a importância das contribuições de algumas práticas produtivas para a promoção de negócios rurais mais produtivos, eficientes e sustentá- veis. Parte desse resultado está diretamente relacionado às práticas produtivas adota- das no campo, como a iLPF e o plantio direto. Fonte: Getty Images. Para aprofundar o entendimento sobre os impactos das práticas produtivas em relação à sustentabilidade da produção agropecuária brasileira, é fundamental reconhecer o consumo dos recursos produtivos envolvidos e de que maneira a prática pode ser apli- cada de forma mais racional e consciente. Imagine que você, profissional técnico em agronegócio, trabalha na produção de uma cultura de grãos. Para produzir de forma adequada, você deve dominar os mais varia- dos conhecimentos, dados e informações, não é mesmo? Além disso, é essencial ter o conhecimento técnico necessário para selecionar as sementes, analisar a época de plantio, verificar as técnicas de semeadura e colheita que serão usadas e planejar as estratégias de combate a pragas e ervas daninhas. Para essas e outras decisões, que fazem parte do dia a dia da produção rural, é neces- sário que o produtor esteja atento e devidamente capacitado, a fim de reduzir os riscos e as incertezas inerentes à sua atuação. CURSO TÉCNICO EAD SENAR36 Todo esse entendimento vem sendo construído ao longo do tempo, e a atividade de produção no campo, que antes era vista como atrasada, passou a ser encarada como impres- cindível para a sustentação do país. É importante compreender esse contexto como um todo, já que essas modificações, inclusive comportamentais, impactam diretamente as práticas produtivas adotadas no campo e, consequentemente, os recursos consumidos pela atividade de produção. Para falar sobre o consumo de recursos pelos sistemas produtivos, um bom exemplo é o caso da agricultura de precisão, prática cada vez mais fortalecida e difundida no país. Ação no campo Ao contrário da agricultura convencional, em que o manejo das culturas é feito pela média insumos x área, a agricultura de precisão torna possível observar as características ambientais e agronômicas da área, que são coletadas diretamente no campo. Vale ressaltar que a área de produção não é uniforme. Portanto, alguns lugares apre- sentam variações na composição do solo, o que impacta diretamente sua fertilidade e, consequentemente, o resultado da produção. Com a análise e o registro dessas variações, o produtor rural pode otimizar a aplicação de insumos, como: Adubos Defensivos Recursos naturais A adoção dessas práticas mais racionais de produção é extremamente favorável para elevar aprodutividade no campo e, ao mesmo tempo, possibilitar a economia de recur- sos importantes para o sistema produtivo como um todo. Ou seja, usar a quantidade correta de insumos, de acordo com a capacidade de resposta do ecossistema. 37GESTÃO DO AGRONEGÓCIO Gestão de Tecnologias e Inovação Aplicadas ao Agronegócio Além da economia de insumos, a implementação de técnicas racionais de cultivo tam- bém favorece o meio ambiente, já que considera a capacidade de suporte e de rege- neração dos recursos naturais e, ainda, considera a mão de obra dos profissionais en- volvidos na atividade produtiva. Antes de encerrar este tema, fixe seus conhecimentos com a atividade proposta a seguir. Atividade de aprendizagem 1. O Brasil é reconhecido internacionalmente pela adoção de práticas produ- tivas como, por exemplo, a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta e o plan- tio direto, que propiciam o desenvolvimento da atividade de produção em harmonia com o meio ambiente. Acerca da sustentabilidade no agronegó- cio, assinale a alternativa correta. a) Sustentabilidade no agronegócio significa apenas se preocupar com os aspectos ambientais da atividade, ou seja, com os recursos naturais. b) Economia de recursos e uso racional dos insumos são conceitos opostos. c) Falar em sustentabilidade no agronegócio é também falar sobre a economia de re- cursos e o aumento da eficiência produtiva observada nos sistemas produtivos. d) Não é possível perceber preocupação com a atividade produtiva na adoção dos con- ceitos e nas práticas da agricultura de precisão. e) Para que o produtor rural adote práticas mais sustentáveis, não é necessário que esteja capacitado e atualizado. Encerramento do tema Você encerrou o tema Ciência, tecnologia e inovação: conceitos e implicações no agronegócio. Nele, você conheceu os conceitos e as bases que fundamentam o estudo e a aplicabilidade da tecnologia e da inovação. Também entendeu que é cada vez mais importante que o profissional técnico em agronegócio esteja preparado para atuar de maneira colaborativa e criativa, principalmente em um mundo imerso em mu- danças, dentro e fora das empresas. No próximo Tema, vamos conhecer o ambiente da cadeia produtiva nos negócios rurais. O ambiente da cadeia produtiva no agronegócio 02 39GESTÃO DO AGRONEGÓCIO Gestão de Tecnologias e Inovação Aplicadas ao Agronegócio Tema 2: O ambiente da cadeia produtiva no agronegócio A tecnologia e a inovação estão cada vez mais presentes no dia a dia da sociedade atual e seu impacto também é sentido pelas empresas dos mais diversos setores da economia. Especificamente para o agronegócio, a adoção de tecnologias e da inovação modificou os processos produtivos, com impactos diretos nos resultados obtidos por esse setor tão importante para o desenvolvimento do país. No tema de aula O ambiente da cadeia produtiva no agronegócio, você vai co- nhecer conceitos importantes para que a tecnologia e a inovação estejam ainda mais presentes no setor rural. Fonte: Getty Images. Esses conceitos influenciam diretamente os processos das cadeias produtivas e os am- bientes organizacionais e institucionais. CURSO TÉCNICO EAD SENAR40 Capacidades técnicas Ao fim deste tema, você terá desenvolvido as seguintes capacidades: • legislação e normas aplicadas à cadeia do agronegócio; • prospectar oportunidades do mercado de trabalho; • analisar o contexto da inovação tecnológica e sua importân- cia para o desenvolvimento do agronegócio; e • empregar os conceitos de inovação e tecnologia aplicados ao agronegócio. Tópico 1: Gestão da inovação em cadeias produtivas: competitividade e tendências no contexto do agronegócio A criatividade é uma das bases fundamentais para a inovação pois, a partir dela, é que surgem as ideias que produzem inovações. Mas, você sabia que um dos maiores pro- blemas enfrentados nas empresas, quando se trata de inovação, é confundi-la com a criatividade? Mais do que ter ideias, inovar significa colocar em prática as ideias que, de fato, sejam úteis para a resolução dos problemas que se apresentam. Fonte: Getty Images. 41GESTÃO DO AGRONEGÓCIO Gestão de Tecnologias e Inovação Aplicadas ao Agronegócio Entretanto, a inovação, de maneira isolada, também não é suficiente. Dessa forma, nin- guém assume a responsabilidade por gerenciar a inovação. O mesmo pode acontecer com as ideias: empresas que não gerenciam a criatividade, no sentido de conectá-la à gestão da inovação, certamente, estão fadadas ao fracasso. São muitos os casos de em- presas que se queixam da carência de profissionais criativos, mas o que lhes falta, na verdade, é o gerenciamento de ideias funcionais (DE BES e KOTLER, 2011). A inovação requer pessoas criativas, assim como a definição de estratégias e objetivos claros, além do estabelecimento de riscos, recursos e alocação de responsabilidades. O con- junto de todas essas tarefas é denominado gestão. Os setores da economia que garantem o desenvolvimento de um país e conseguem se manter atuantes, como é o caso do agronegócio no Brasil, só são capazes de de- sempenhar tal papel por meio da gestão adequada de conhecimento. Nesse contexto, a gestão pode ser entendida como um conjunto de ações planejadas, cujo objetivo é implantar meios de administrar a empresa rural e atendendo às expectativas dos clien- tes, fornecedores e colaboradores e, ao mesmo tempo, garantir o retorno financeiro adequado para a empresa. Atenção Como você já sabe, o emprego de inovações pode trazer incer- tezas e riscos durante sua implantação. Entretanto, empresas rurais que não se arriscam a implantar inovações e novas tec- nologias correm um grande risco de, mais cedo ou mais tarde, fechar as portas. Assim, implementar a gestão da inovação é fundamental para o sucesso continuado da empresa. A gestão da inovação requer definição de estratégias baseadas em di- versos conhecimentos do agronegócio. A própria base da inovação é o conhecimento, que não pode ser isolado; deve envolver diferentes profissionais, com pontos de vista diversos, para interpretar as informações das quais dispõem sobre a necessidade de inovar e evoluir no desenvolvimento e na implementação da solução inovadora. No entanto, quando uma empresa busca a inovação constantemente, pode haver uma grande quantidade de informações e de conhecimentos. Consequentemente, o excesso deles pode ser tão complexo de ser administrado quanto sua falta. Por isso, deve-se adotar técnicas para gerenciar a informação corretamente. CURSO TÉCNICO EAD SENAR42 A gestão da inovação ocorre quan- do é possível administrar informa- ções novas e intercalar as ideias na busca de algo que seja realmente novo dentro do processo produtivo. Para isso, deve haver, na empresa, um ambiente que fomente o desen- volvimento de competências e habi- lidades, trabalho em equipe, tolerân- cia e respeito mútuos, para que os colaboradores produzam inovação (PINTO, 2012). Esse ambiente resulta em um processo continuado de produção de inovação. Por isso, é essencial que as empresas rurais encontrem meios de criar tais ambientes na sua estrutura de produção. Portanto, fazer a gestão da inovação é muito importante para garantir a existência e a longevidade da propriedade e deve ser parte da estratégia de funcionamento da empresa rural. Fonte: Getty Images. 43GESTÃO DO AGRONEGÓCIO Gestão de Tecnologias e Inovação Aplicadas ao Agronegócio Ao implementar a gestão da inovação, a empresa cria meios de inovar de acordo com as demandas recebidas ou, até mesmo, com as observações de mercado. Em geral, valoriza as ideias de todos os colaboradores, o que contribui para a formação de um ambiente de trabalho estimulante à criatividade de todos. 1.1 Estímulo à inovação e à tecnologia: os ambientes institucional e organizacional em cadeias produtivas De maneira geral, a cadeia produtiva é a sequência de etapas e transformações pelas quais um insumo passa e sofre até a entrega do produto final ao consumidor.Ocorre que, toda essa sequência de etapas sofre influência de normas econômicas, políti- cas, sociais, morais e legais que estabelecem as bases para a produção e a distribui- ção dos produtos resultantes. O conjunto dessas normas é denominado ambiente institucional. O ambiente organizacional, por sua vez, é composto por estrutu- ras criadas para dar suporte à ca- deia como, por exemplo, empre- sas, universidades, associações e cooperativas. Fonte: Getty Images. Os ambientes institucional e organizacional em cadeias produtivas do agronegócio in- fluenciam, de maneira determinante, todo o andamento das atividades de cada um dos atores que os compõem, justamente, porque se tratam de instituições e regulamentos que devem ser observados pelas atividades econômicas ali exercidas. Nesse contexto, dada tamanha relevância e influência para as cadeias produtivas, também é impor- tante refletir sobre a maneira como esses ambientes impactam o desenvolvimento de tecnologias e inovações para o agronegócio. No Brasil, existem vários órgãos públicos e privados que apoiam pesquisas e inovação nos mais diversos setores da economia, entre eles a agropecuária. A atuação desses órgãos contribui para a geração de muitas oportunidades que, nem sempre, são ampla- mente difundidas e deixam de chegar ao alcance de possíveis interessados no meio rural. CURSO TÉCNICO EAD SENAR44 Fonte: Getty Images. Entretanto, algumas iniciativas podem reduzir a dificuldade de comunicação que existe entre o investidor e a parte interessada. O trabalho do Instituto Nacional de Empre- endedorismo e Inovação (Inei), por sua vez, tem o objetivo de identificar e difundir as principais fontes de fomento para a pesquisa e inovação no Brasil. De modo geral, a rede de apoio à pesquisa e à inovação existente no Brasil pode ser dividida em órgãos públicos e privados. Entre os órgãos públicos de fomento à pesqui- sa e à inovação, alguns podem ser destacados, como: a) Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) O CNPq é uma agência ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e tem como principal atribuição fomentar a pesquisa científica e tecnológica e incentivar a formação de pesquisadores brasileiros. Atua no fornecimento de bolsas de estudos para que pesquisadores trabalhem no Brasil e no exterior e, assim, aumentar as possibilidades de troca de experiências dos pesquisadores brasileiros com outros de diversas partes do mundo. O CNPq financia projetos de pesquisa por meio de editais públicos. Algumas linhas de atuação são voltadas especificamente para o agronegócio. 45GESTÃO DO AGRONEGÓCIO Gestão de Tecnologias e Inovação Aplicadas ao Agronegócio b) Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) A Capes é uma fundação do Ministério da Educação (MEC) que desempenha papel fundamental na expansão e na consolidação da pós-graduação em todo o Brasil. Entre as atribuições da Capes está a avaliação e o gerenciamento de cursos de pós-gradua- ção, além do apontamento de melhorias para o ensino superior no país. A Capes trabalha principalmente em parceria com instituições de ensino superior por meio de editais públicos para, entre outros objeti- vos, capacitar mão de obra a fim de atender demandas regionais e apoiar iniciativas com o objetivo de difundir novas tecnologias. Fonte: Getty Images. Também tem linhas de concessão de bolsas para diferentes pesquisadores vinculados a centros de pesquisa e de ensino Brasil afora. c) Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) A Finep é a Agência Brasileira da Inovação. Trata-se de uma empresa pública, vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, que oferece fomento à ciência, à tecnologia e à inovação em empresas, universidades, institutos tecnológi- cos e outras instituições públicas ou privadas. Tem várias linhas de atuação e oferece recursos reembolsáveis ou não. Uma delas é a Inova Agros, que apoia o desenvolvimento de insumos, o melhoramento genético, novas embalagens, além de máquinas e implementos agrícolas. Há também o Projeto Inovar, que estimula empresas com ideias inovadoras e pe- queno capital de giro. CURSO TÉCNICO EAD SENAR46 d) Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) O BNDES é uma empresa pública federal que faz financiamentos de longo prazo a cus- tos competitivos e visa ao desenvolvimento de projetos em todos os setores da econo- mia brasileira. É um dos principais órgãos do governo federal para o financiamento de grandes projetos. Financia também projetos para pessoas físicas voltados à geração de empregos, renda e inclusão social. Alguns órgãos citados anteriormente, como a Finep, usam recursos do BNDES. Na agropecuária, o BNDES financia projetos direcionados à bovinocultura de corte, à formação ou à reforma de pastos, aos gastos e aos tratos culturais, entre outros. Para tanto, o projeto deve seguir normas internas de submissão da proposta e, sobretudo, atender a questões socioambientais. e) Agentes estaduais de fomento à tecnologia De modo geral, todos os estados brasileiros são dotados de agentes estaduais de fomento à tecnologia e seguem as mesmas metodologias de repasse empregadas pelos agentes federais. Como exemplo, podem ser citados os seguintes agentes: Minas Gerais Fapemig São Paulo Fapesp Ceará Funcap Mato Grosso Fapemat 47GESTÃO DO AGRONEGÓCIO Gestão de Tecnologias e Inovação Aplicadas ao Agronegócio Santa Catarina Funcitec Rio Grande do Sul Fapergs Nesse caso, a origem dos recursos para financiar as pesquisas é a arrecadação geral do estado. Informação extra No site do Inei, é possível encontrar uma relação completa dos agentes de fomento por estado, com direcionamento para a unidade federativa de seu interesse. Além dos órgãos que operam com recursos públicos, diversas empresas também fi- nanciam pesquisas por meio de recursos e iniciativas próprios. Elas definem linhas de ações específicas de modo a atender a interesses internos. Empresas inovadoras que atuam no agronegócio e têm setores de pesquisa e desenvolvimento estruturados, normalmente, se apresentam como grandes agentes de fomento e estão em constante contato com o produtor rural. 1.2 O papel do produtor rural enquanto protagonista da inovação no meio rural O produtor rural tem um papel de destaque na geração de inovação agropecuária. Ele é o grande responsável por colocar em prática as tecnologias pensadas e construídas em ensaios de laboratórios ou em campos experimentais. Se essas tecnologias não forem validadas na propriedade rural, dadas todas as variáveis possíveis de serem en- contradas nessas condições, de nada servirão. As variáveis mais comuns presentes no meio rural são: • variação das condições de solo; • condições climáticas; • pragas; • doenças; • plantas daninhas; e • questões culturais. CURSO TÉCNICO EAD SENAR48 Além disso, dependendo da experiência e do tempo de dedicação à atividade produtiva, por exemplo, ninguém melhor para conhecer a terra do que o próprio produtor rural. Partindo desse princípio, é fundamental que o conhecimento e a experiência do produtor sejam levados em consideração com mais afinco no processo que envolve a inovação. Fonte: Getty Images. Do ponto de vista desse importante ator, considerando sua atuação dentro de uma em- presa rural, é possível distinguir a ocorrência de cinco tipos de inovação: • produto; • serviço; • processo; • marketing; e • organizacional Lembre-se que, ao falarmos em inovação, não necessariamente nos referimos a uma quebra de paradigma, algo capaz de modificar a estrutura do mercado. Antes, é pre- ciso falar sobre a aplicação de novas ideias com sucesso, que sejam, de fato, úteis ao que se propõem. A partir daí, pode surgir a descoberta de uma nova matéria-prima, uma modificação no desenvolvimento e no processo da produção ou um novo produto que influencie a expansão comercial da empresa. Nesse contexto, dois tiposde inovação devem ser destacados: a inovação de produto e a inovação de serviço. Por meio delas ocorre agregação de valor ao produto ou ser- viço que, por sua vez, fortalece a empresa e favorece seu posicionamento no mercado. 49GESTÃO DO AGRONEGÓCIO Gestão de Tecnologias e Inovação Aplicadas ao Agronegócio Imagine, por exemplo, o caso de um produtor rural de leite que, ao observar a necessidade do mercado consumidor, passa a produzir e ofer- tar queijos e iogurtes e, ao mesmo tempo, passa a oferecer horários para visitas guiadas na agroindús- tria em que ocorrem os processos de transformação dos produtos. Fonte: Shutterstock. Nesse caso, há duas inovações: a primeira se refere ao produto, pois, além do leite, o produtor agregou valor ao produto e passou a ofertar queijos e iogurtes; a segunda é a de serviço, pois a agroindústria, antes fechada ao público, passou a rece- ber visitas guiadas para apresentar o processo produtivo aos clientes que desejavam conhecê-lo. Fonte: Getty Images. Certamente, há um preparo prévio que deve ser feito para que essas inovações sejam colocadas em prática. Mas, o melhor termômetro para o desenvolvimento dessas inovações é o próprio cliente. Outro tipo é a inovação de processo. Os processos se referem aos métodos e às téc- nicas empregadas na produção. Esse é o ponto em que normalmente se concentra um maior emprego de tecnologias, já que é onde ocorre o desenvolvimento do produto. CURSO TÉCNICO EAD SENAR50 Nesse caso, imagine que o produtor de leite, ao invés de investir no desenvolvimento de outros produtos, como queijos e iogurtes, implantou melhorias no processo de pas- teurização do leite que já produzia. A inovação de processo, portanto, não proporciona mudança no produto final, mas gera alterações no método de produção. Outro exemplo: uma propriedade rural adquire um trator novo ou uma máquina que torna o trabalho mais eficiente e mais produtivo. Essa prática também caracteriza a inovação de processo. Assim, a tendência é a de que a propriedade tenha maior retor- no financeiro com o aumento da produção. Trator. Fonte: Getty Images. Máquina. Fonte: Getty Images. O quarto tipo é a inovação de marketing. Um exemplo bastante comum de aplica- ção desse tipo de inovação é a criação, pela empresa rural, de uma logomarca para seu negócio ou produto, já que está inovando na divulgação de seu nome no mercado. Esse processo é fundamental para manter relações comerciais com os clientes, pois possibilita identificar e diferenciar os produtos dos concorrentes. Dica A empresa também pode inovar na criação de embalagens mais duráveis ou recicláveis, por exemplo, além de pensar em formas criativas de fazer propaganda para uma boa aceitação do produto. Por fim, o último tipo é a inovação organizacional. Esse tipo de inovação consiste na adoção de ações que melhorem a qualidade do trabalho dos colaboradores, de modo a aumentar a produtividade deles. Nesse aspecto, as propriedades rurais podem fazer alguns investimentos como: 51GESTÃO DO AGRONEGÓCIO Gestão de Tecnologias e Inovação Aplicadas ao Agronegócio • locais para repouso; • instalações para integração e convivência; • promoção de refeições de forma confortável; • adoção de estratégias de atualização profissional; e • introdução da remuneração por desempenho. 1.3 Desafios e ferramentas para a gestão da inovação em uma empresa rural Considerando os tipos de inovação mencionados no tópico anterior, você deve estar se perguntando: como o produtor rural, atento às demandas do mercado, lida com tudo isso? O primeiro desafio é lidar com todas essas informações, dada a velocidade com que as mudanças acontecem na Era da Informação. Fonte: Getty Images. E, para saber lidar com tudo isso, certamente o produtor rural enfrentará barreiras culturais e de conhecimento, resistência a mudanças e, até mesmo, desafios de con- tratação de mão de obra adequada. A inovação é um processo e, como tal, necessita da implementação de ferramentas de gestão, como: CURSO TÉCNICO EAD SENAR52 Definição de metas Controle Mensuração Como processo, a inovação também precisa ser compreendida, desenvolvida e fomen- tada. Além disso, o processo de inovação precisa de estratégias para ocorrer, e com- pete à gestão todas essas importantes tarefas, que podem ser executadas e acompa- nhadas de maneira mais eficiente com o auxílio de ferramentas tecnológicas. Confira, a seguir, algumas as ferramentas mais importantes que auxiliam a gestão da inovação no campo: a) A informática no campo A informática ultrapassou os limites da zona urbana e, hoje, já é aplicada em larga escala no campo, o que representa um importante avanço tecnológico para a agro- pecuária. Ela tem se tornado um recurso básico no gerenciamento das propriedades rurais, tal como acontece nas indústrias. Funções como planejamento, con- trole e monitoramento são execu- tadas com mais eficiência, já que as informações podem ser adequa- damente planejadas e estar dispo- níveis no momento oportuno. Fonte: Getty Images. Em termos de gerenciamento de empresas rurais, o desenvolvimento da informática possibilitou a implantação de tecnologias avançadas, mais eficientes e de custos de- crescentes. O armazenamento e a manipulação de dados estão cada vez mais baratos. Assim, a maioria dos produtores rurais tem condições de armazenar e processar um volume considerável de dados. 53GESTÃO DO AGRONEGÓCIO Gestão de Tecnologias e Inovação Aplicadas ao Agronegócio A Tecnologia da Informação pode ser usada de diversas formas na agropecuária, como no emprego de planilhas para controle das atividades, na implementação de sistemas de gerenciamento de fazendas e no uso de softwares para gerenciamento dos reba- nhos e da produção agrícola. b) A internet no campo Um dos grandes benefícios proporcionados pela informática no campo é o uso da in- ternet. Por meio dela, o produtor pode ter acesso a informações sobre uma infinidade de assuntos, de todos os lugares do mundo. Essa caraterística torna a internet uma importante ferramenta na busca de informa- ções, conhecimentos técnicos, além de situações de clima e mercado, que podem ser relevantes para o processo de tomada de decisão. Ela também facilita a comunicação entre as pessoas que vivem no campo, o que pode reduzir custos e acelerar processos de produção. Dica Atualmente, é possível produzir uma imagem ou um vídeo de um fato ocorrido na fazenda e compartilhá-lo com técnicos de qualquer parte do mundo para obter um diagnóstico detalhado. c) A automação da produção agropecuária A automação contribui para a otimização de diversos recursos de produção, como: Insumos Defensivos Água Além disso, é um recurso cada vez mais necessário diante da constante redução da disponibilidade de mão de obra no meio rural. Uma grande tendência do processo de automação é criar ferramentas de trabalho que se assemelhem, o máximo possível, à mão de obra humana. No Brasil, a automação de processos produtivos na agropecuária se tornou mais comum a partir da década de 1980, com a introdução da agricultura de precisão, que proporcionou enormes avanços na mecanização dos campos. CURSO TÉCNICO EAD SENAR54 Automação no agronegócio. Fonte: Getty Images. Na agricultura, as máquinas e os implementos são capazes de desempenhar suas funções nas operações de plantio, adubação, controle de pragas, doenças e plantas daninhas, irrigação, colheita, beneficiamento e transporte. Eles empregam muita tec- nologia e proporcionam melhorias consideráveis na qualidade dos serviços executados. Entre essas tecnologias, podem ser citadas: • visão artificial para navegação autônoma (trabalho noturno); • sensores de presença e de velocidade para aplicação de defensivos e fertilizantes a taxas variáveis; e • softwares para processamento de imagens, com aplicações em tempo real ou pós-processamento de dados. 1.4 Ampliando os olhares: impactos da tecnologia e da inovação antes e depois da porteiraDe fato, a tecnologia e a inovação, são fatores indispensáveis quando olhamos para dentro da porteira e, diretamente, para o produtor rural. No entanto, antes que elas adentrem a porteira, alguns atores influenciam o agronegócio. É o caso da pesquisa agropecuária, desenvolvida tanto em empresas públicas e pri- vadas quanto em universidades por todo o Brasil. 55GESTÃO DO AGRONEGÓCIO Gestão de Tecnologias e Inovação Aplicadas ao Agronegócio Comentários do autor Para termos uma ideia da contribuição da pesquisa para os resultados que o setor rural apresenta atualmente, há autores que defendem que o crescimento do Brasil na produção agro- pecuária é consequência de muita pesquisa. A base para essa afirmação advém do fato de que, não fosse a pesquisa, a produção agrícola observada no Cerrado brasileiro não aconteceria. Dadas as condições inóspitas para o plantio, é possível observar as vastas áreas dedicadas à soja naquele bioma que só podem ser resultado de uma verdadeira revolução no campo. Plantação de soja. Fonte: Getty Images. Por meio da pesquisa, que resultou no desenvolvimento de tecnologias adequadas, centenas de espécies e processos produtivos foram adaptados à realidade do Brasil, consideradas as características edafoclimáticas do país. Mas, pensar nas atividades que acontecem antes da porteira não significa pensar so- mente em pesquisa! Outros fatores fazem parte desse segmento, como maquinários e implementos, cujo mercado se desenvolve em uma velocidade impressionante para ser capaz de prover aos produtores rurais ferramentas que correspondam às suas ne- cessidades no campo. CURSO TÉCNICO EAD SENAR56 Essas ferramentas possibilitaram a alavancagem da produtividade, observada na produção agríco- la do Brasil a partir dos anos 1960, e estão em constante desenvolvimento e evolução. Depois da porteira, a realidade da produção rural envolve as seguintes etapas: Transporte Logística Agroindústria Inclusive, essas etapas se reinventam a todo instante para acompanhar as necessida- des do campo. A tecnologia e a inovação depois da porteira permitiram uma evolução intangível para a qualidade e a segurança dos produtos agroindustriais. Isso influencia diretamente, de um lado, a decisão de consumo por parte do consumidor e, de outro, o fortalecimento da marca do produtor, assim como do agronegócio como um todo. Confira, a seguir, outras tecnologias que podem ser implementadas nos processos de produção depois da porteira: Métodos de conservação Dispor de embalagens para prolongar a vida útil dos alimentos. Logística da cadeia de suprimentos Usar sistemas de informação para integração da cadeia produtiva. Transporte e logística Adaptar os veículos de transporte para facilitar a logística. Armazenamento Implementar sistemas de armazenamento de acordo com as especificidades dos produtos. 57GESTÃO DO AGRONEGÓCIO Gestão de Tecnologias e Inovação Aplicadas ao Agronegócio Na sequência, resolva a atividade para fixar seu aprendizado. Atividade de aprendizagem 1. Não basta ser criativo e inovador: para que a inovação seja perene e traga resultados duradouros para a empresa em termos de vantagem competiti- va, é preciso haver esforço em nível de gestão da inovação. Com base nes- sa afirmativa, elenque, pelo menos, três atividades relacionadas à gestão da inovação que contribuem para o posicionamento estratégico da empre- sa no mercado. Tópico 2: Aplicações da tecnologia e da inovação em uma empresa rural Dado o caminho que deve ser percorrido para que as propriedades rurais incorporem a inovação em seu dia a dia e sejam cada vez mais produtivas e eficientes, iniciamos esse tópico com um assunto que é a base para o estudo da inovação: a gestão. 2.1 Conceitos em gestão de empresas rurais Passados mais de sessenta anos após a Revolução Verde, a história mostra claramente que, para fazer uso de tecnologias inovadoras, as propriedades rurais devem se orga- nizar na forma de empresas rurais, com planejamento e gestão a fim de obterem êxito. CURSO TÉCNICO EAD SENAR58 Fonte: Getty Images. Durante muito tempo, considerava-se como negócio rural simplesmente uma proprie- dade localizada na zona rural que cultivava a terra e explorava a capacidade produtiva do solo, com atividades ligadas à produção de alimentos de origem animal ou vegetal, além de fibra e energia. Hoje, o negócio rural deve se transformar em empresa rural, no sentido de utilização de técnicas de gestão modernas para ampliar a eficiência, a rentabilidade e a competitividade, por meio da aplicação de estratégias de gerencia- mento interno em suas atividades e na comercialização de seus produtos. Esses fatores são fundamentais para que uma propriedade rural se transforme em uma empresa. E, para tanto, ela deverá adotar procedimentos de organização adequados ao seu funcionamento, como: • preocupação com a qualidade do produto final; • redução de desperdícios; • pesquisas de mercado para identificar as principais necessidades dos consumidores; e • atenção com questões sociais e ambientais. As consequências práticas dessas ações são: • a redução de custos e a elevação de receitas; e • a garantia de um mercado mais estável, devido à maior aceitação dos produtos. Essas práticas podem ser implementadas por qualquer tipo de propriedade, grandes ou pequenas. Para tanto, deve-se fugir do tradicional e buscar meios de fazer a asso- ciação de experiências práticas, essenciais para o sucesso do agronegócio, com inova- ções tecnológicas dentro e fora da porteira, a fim de transformar a propriedade rural em uma empresa competitiva. 59GESTÃO DO AGRONEGÓCIO Gestão de Tecnologias e Inovação Aplicadas ao Agronegócio Empresa rural competitiva é aquela que, além de entender todas as etapas da pro- dução e o comportamento do mercado em que seus produtos são comercializados, consegue fazer bom uso de todo esse conhecimento. As principais características da empresa rural competitiva são: • organização administrativa; • percepção de mercado; • qualificação de mão de obra; e • capacidade para inovar e tomar decisões. Para tanto, é necessário que a empresa rural seja gerenciada por líderes criativos e que saibam organizar ideias. Esse é o ponto-chave do sucesso competitivo, já que as informações existem e estão disponíveis para todos. O grande diferencial é o em- prego das informações na tomada de decisão dentro da empresa. Fonte: Getty Images. Essas são práticas muito importantes e complexas de implementar em uma empresa ru- ral. Mas, se você, profissional técnico em agronegócio, tem uma visão ampla sobre todo o processo, poderá tomar decisões com segurança. A tomada de decisão pode ter vários níveis, como o estratégico, o tático, o operacional ou o administrativo (VALE, 2006). Vamos diferenciá-los: Decisões de nível estratégico Remetem às ações que repercutirão na empresa em longo prazo. Elas procuram manter a empresa sempre atenta às mudanças de mercado e às demandas da sociedade. Entre essas decisões, podemos citar as relacionadas à região na qual a empresa produzirá e comercializará seus produtos, à compra de insumos, como fertilizantes, sementes, defensivos, equipamentos em geral, e à possibilidade de financiamentos. CURSO TÉCNICO EAD SENAR60 Decisões táticas Referem-se a questões sobre o emprego de decisões estratégicas, ou seja, obje- tivam viabilizar decisões futuras, que necessitam de maior aprofundamento em estudos nas questões pontuais sobre o negócio. Por exemplo, buscar mão de obra local qualificada ou localizar terrenos adequados na região em que a empresa será estabelecida. Decisões operacionais ou administrativas Referem-se à realização de atividades específicas que garantam a eficiência e a eficácia do processo produtivo. Entre essas decisões, podem ser citadas a quanti- dade e a qualidade de matéria-prima que deverá ser comprada ou estocada, e a definição de deveres e direitos dos colaboradores. Todo esse arcabouço da empresa rural é fundamental
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