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- Boa relação médico-paciente. Exige-se do médico uma postura diferenciada e cuidadosa, procurando deixar a paciente à vontade e tendo o cuidado de não permitir que a situação de fragilidade em que a paciente geralmente se encontra a impeça de expor seus receios, suas restrições e suas dúvidas. Em segundo lugar, muitas vezes o ginecologista é o “clínico da mulher”, ou seja, é a referência que a mulher tem como profissional da saúde, sendo o único médico que ela consulta regularmente. Isso quer dizer que, além dos aspectos relacionados à revisão ginecológica, é importante avaliar globalmente a paciente, a fim de detectar alterações em outros sistemas e fatores de risco para doenças importantes. Muita vezes, o ginecologista será o responsável para fazer diagnósticos clínicos na paciente. - Boa comunicação. - Anamnese. - Exame Físico. - A consulta inicia pela identificação da paciente (nome (incluindo nome social), idade, cor (câncer de endométrio é mais comum em paciente branco, por exemplo), estado civil (probabilidade de ISTs), grau de instrução (nível de entendimento), naturalidade e procedência, profissão (exposição a riscos), telefones e endereços). Seguem-se, como no processo clássico de entrevista de saúde, a pesquisa da queixa principal e a evolução e o comportamento da patologia que traz a paciente ao consultório. - Os passos da anamnese são comuns aos de qualquer consulta clínica e devem ser sempre observados de forma completa, pois a paciente tem de ser vista como um todo, não apenas como portadora de uma doença, tampouco como somente portadora de problemas ginecológicos. Devem, entretanto, ser enfatizados os seguintes pontos: Giovanna Lopes -> Revisão de sistemas: alterações no hábito intestinal (relacionadas à dor pélvica), alterações urinárias (infecções), dificuldade para dormir, apetite. -> Antecedentes mórbidos: doenças da infância (por exemplo, rubéola), cirurgias prévias (cistos de ovário, histerectomia, ooforectomia, cesarianas, curetagens), obesidade, uso de álcool, cigarro, drogas ou outros medicamentos, tromboembolismo, hipertensão, diabetes, alergias. -> Antecedentes familiares: história de câncer ginecológico (útero, ovário, endométrio) e câncer de mama (atenção à idade em que surgiu: pré ou pós- menopáusica), outras neoplasias (lembrar o câncer colorretal, pois requer realização mais precoce de testes de rastreamento, como toque retal, pesquisa de sangue oculto nas fezes, colonoscopia/retossigmoidoscopia), diabete, hipertensão, tromboembolismo, patologias de tireoide, osteoporose ou fratura de ossos longos em idade avançada. -> Perfil psicossocial: condições de habitação, noções de higiene, nível socioeconômico e grau de instrução (também dos pais), situação familiar, animais em casa, hábitos de vida (exercícios atualmente e no passado, exposição ao sol, ingestão de laticínios – avaliação de risco de osteoporose). - Na História da Doença Atual (HDA), sempre lembrar de caracterizar a queixa, anotar duração, irradiação. Por exemplo, se tratando de um corrimento, anotar a quantidade, coloração, odor, sintomas associados, duração... - Menarca, início das relações sexuais, menopausa; desenvolvimento puberal (menarca, telarca, pubarca), acne e hirsutismo, bem como velocidade de crescimento e obesidade, em comparação às colegas da mesma idade. - Data da última menstruação (DUM), regularidade dos ciclos, número médio de dias (mínimo e máximo, quando ciclos irregulares), duração do mênstruo e quantidade de fluxo menstrual, sintomas perimenstruais (cólicas, sensação de inchaço, labilidade emocional, dor mamária, cefaleia, prurido ou secreção vaginal), ciclos anovulatórios, alterações no padrão menstrual, atrasos. - Anticoncepção: qual o tipo, se já usou anticoncepcional hormonal (idade de início, por quanto tempo), quais os métodos já tentados e se os utilizou corretamente, nível de adaptação e satisfação com o método corrente, conhecimento de outros métodos. - História obstétrica: número de gestações, partos por via baixa (parto vaginal), cesarianas, abortos (espontâneos ou provocados); anormalidades detectadas no acompanhamento pré-natal, particularidades dos partos (fórceps, indução, etc.), indicações das cesarianas, peso dos recém- nascidos, tempo de amamentação; anticoncepção no puerpério, intervalo interpartal, infecções puerperais, ameaça de abortamento, partos prematuros; gestações ectópicas e molares. - Fluxos genitais: tipo de corrimento, se com ou sem odor, coloração, prurido. Já é oportuno orientar quanto à normalidade e às características da leucorreia fisiológica e do muco cervical. Devem ser investigados sintomas no parceiro, úlceras genitais, prurido vulvar e em monte púbico, adenomegalias inguinais e doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) tratadas previamente. O uso de jeans apertado, roupa íntima de material sintético, sabão em pó (não neutro) na lavagem das roupas e desodorante íntimo estão frequentemente relacionados a queixas de prurido vulvar. - Vida sexual: atividade, satisfação, libido, orgasmo. Pesquisar anorgasmia, frigidez, dispareunia (profunda ou à penetração), posições menos dolorosas, vaginismo, sangramento pós-coital. Também se devem aferir os riscos de exposição a DSTs (uso de preservativo, número de parceiros sexuais). Esse é um assunto difícil de abordar na primeira consulta; muitas vezes tais questões afloram em encontros subsequentes, quando a confiança já foi conquistada. É aconselhável, no entanto, que se pergunte algo sobre essa área, para demonstrar interesse e possibilidade de discussão de assuntos desse foro. - Sintomas climatéricos: fogachos, atrofia urogenital (dispareunia, secura vaginal, perda de urina), perda de libido, alterações cutâneas. Devem ser avaliados fatores de risco para osteoporose, doenças cardiovasculares, presença de diabete ou de outras endocrinopatias e dislipidemia. Além disso, pesquisar uso de hormonioterapia, por quanto tempo, de que tipo (cíclica ou contínua, combinada ou monoterapia). É importante determinar o padrão menstrual na perimenopausa, pois alterações caracterizadas pelo aumento de fluxo (em quantidade de sangramento ou número de dias) geralmente exigem avaliação endometrial. - Queixas mamárias: nódulos palpáveis, mastalgia (e padrão – se perimenstrual ou não), derrame papilar (se espontâneo ou somente à expressão intencional, além de sua característica – sanguinolento, amarelado e espesso, água-de-rocha). Fumo, idade na primeira gravidez a termo e número de gestações, uso de anticoncepção hormonal, idade na menopausa e antecedentes familiares são fatores epidemiológicos importantes a serem investigados. - Queixas urinárias: incontinência urinária (de esforço, de urgência ou mista), sensação de prolapso genital (“peso” ou “bola” na vagina, dificuldade na evacuação), infecções respiratórias de repetição, hábito miccional. - Tratamentos ginecológicos prévios, como cirurgias, cauterizações de colo e vulva, himenotomia e uso de cremes vaginais. Importante questionar sobre o último exame citopatológico (CP) de colo e seu resultado. Grávida pode colher o preventivo, mas tem que ter cuidado ao inserir a escovinha no orifício uterino. - Padrão menstrual: intervalo (28 a 32 dias), duração (de 4 a 8 dias), volume (100ml), cor (vermelho escuro sem coágulos), sintomas associados (mastalgia). - Avaliar a somatoscopia, incluindo lucidez, orientação, mucosas, estado geral, icterícia, olhar mucosas, se está febril ao toque... - O exame físico deve ser completo, como em qualquer avaliação clínica eletiva. Especial atenção deve-se prestar ao abdome (cicatrizes, ascite, irritação peritoneal), pressão arterial, peso, altura, impressão geral (estado geral, deambulação e postura, estado nutricional, autocuidado), membros inferiores (varizes -> contraindicação de alguns anticoncepcionais -> trombose)... - Inicia-se com a paciente sentada, colo desnudo, braços aolongo do corpo (inspeção estática); em seguida, observam-se as mamas enquanto a paciente ergue os braços acima da cabeça, depois com as mãos na cintura e fazendo uma contratura contra esta (inspeção dinâmica). Essa parte do exame é relevante para se detectarem retrações e abaulamentos, simetria entre as mamas, tumorações evidentes, secreção papilar espontânea e anormalidades nos mamilos. - Nas pacientes com linfadenectomia axilar prévia, deve-se aferir o edema do membro superior ipsilateral, muitas vezes medindo o perímetro braquial para comparações subsequentes. Ainda com a paciente sentada, procede-se à palpação das cadeias de linfonodos mais propensas a serem atingidas por um tumor. Palpam-se as regiões supraclavicular e cervical e, então, a cadeia axilar bilateralmente, procurando deixar o braço da paciente relaxado, geralmente apoiando seu membro superior no ombro e braço do examinador. O tumor de mama oculta começa com lesão em cadeia linfonodal axilar. - Prossegue-se com a palpação de cada mama. A paciente fica em decúbito dorsal, e o examinador deve ficar do lado da mama a ser examinada. O exame compreende dois momentos, ora com a mão espalmada e dedos juntos, realizando uma exploração completa da mama, ora com as polpas digitais para avaliar detalhes. Além de nódulos e massas, devem-se avaliar a presença de sinais inflamatórios, alterações na vascularização superficial e edema da pele da mama (peau dÕorange). - A expressão mamilar só é necessária quando há queixa de derrame papilar espontâneo. É realizada de maneira centrípeta, seguindo o movimento dos ponteiros de um relógio, para que se descubra o raio correspondente ao derrame, útil na abordagem cirúrgica, quando necessária. - Avaliar cor, simetria, textura (mama em “casca de laranja” -> onde tem lesão cancerígena), massas visíveis e/ou retrações, alterações na aréola (tamanho, forma e simetria), alterações na orientação dos mamilos, achatamento ou inversão (problemas na amamentação). - Em pessoas que tiveram câncer de mama, a mama que foi mastectomizada se chama “plastrão”. - Ter atenção em olhar a pele debaixo de mamas pendulares. - No quadrante superior externo é o local com mais propensão a ter metástases do câncer de mama. Pode ser com os dedos fazendo o “movimento de tocar piano” em movimento circular ou em cada quadrante, com uma determinada pressão. Inspeção Estática -> Estágios de Desenvolvimento da Mama de Tanner - Quando se passa ao exame pélvico, é importante o posicionamento correto da paciente. O ideal é a posição de litotomia (ou posição ginecológica) em mesa ginecológica: decúbito dorsal, nádegas junto à borda da mesa de exame, com coxas e joelhos fletidos amplamente abduzidas, descansando os pés ou a fossa poplítea nos estribos (perneiras). - É importante que a paciente esteja despida e, de preferência, coberta com um avental de abertura posterior e um lençol para cobrir parcialmente o abdome e os membros inferiores. Além da posição descrita, pode-se utilizar a posição lateral ou lateral-oblíqua-esquerda ou posição de Sims, que permitem a realização do toque em uma gestante em trabalho de parto e a visualização da vulva, mas exigem maior manipulação. - Quando não se dispõe de mesa ginecológica adequada, pode-se colocar a paciente em decúbito dorsal, deve-se solicitar que deixe os calcanhares próximos e que afaste bastante os joelhos. - Esse momento do exame é basicamente realizado somente com a inspeção. Observam-se a distribuição e as características dos pelos, o trofismo vulvar, as lacerações no períneo, a secreção exteriorizada, os condilomas e outras lesões cutâneas (erosões, ulcerações, discromias), a presença ou ausência de hímen, o tamanho dos pequenos lábios e o clitóris. Na região anal, procura-se por plicomas, hemorroidas, fissuras ou prolapsos. Quando há áreas suspeitas na vulva, pode-se utilizar o teste de Collins (com azul de toluidina a 2%), que colore com mais força as áreas com maior replicação celular, marcando assim o local para biópsia. - O vestíbulo e o introito vaginal devem ser avaliados também sob esforço (manobra de Valsalva), para verificar se ocorre descida da mucosa vaginal para próximo do vestíbulo, ou mesmo além dele (exteriorização). Com dois dedos introduzidos na entrada da vagina, solicita-se o esforço, e se observa que parte da vagina prolapsa: parede anterior (cistocele), uretra (uretrocele, ocorrendo retificação progressiva do seu ângulo), parede posterior (retocele) ou colo uterino/útero (prolapso uterino), ou mesmo a cúpula vaginal, nas histerectomizadas (elitrocele). Na presença de retocele, é importante realizar o toque retal e vaginal unidigital simultaneamente, para avaliar a presença ou não de alça intestinal entre o reto e a vagina (enterocele), e o quanto de tecido é interposto entre eles. Palpando-se o vestíbulo e solicitando que a paciente contraia o ânus, avalia-se quanta força exercem os músculos perineais e os elevadores do ânus; quando há rotura perineal ou diástase desses músculos, sente-se pressão mínima ou nula sobre os dedos, geralmente associada a uma menor quantidade de tecido entre a vagina e o reto. - Deve-se seguir uma sequência lógica: primeiro, examina-se (inspeção) os órgãos externos (vulva) e, depois, os órgãos genitais internos. - Avaliar na vulva: disposição dos pelos, forma do períneo, conformação externa da vulva (grandes lábios). Após isso, devemos avaliar a inspeção do intrólito vaginal, a face interna dos grandes lábios, o vestíbulo, hímen e carúnculas himenais, pequenos lábios, clitóris, meato uretral, glândulas de Skene e fúrcula vaginal. - Também pode se utilizar da Manobra de Valsava (inspeção dinâmica) para se avaliar possíveis prolapsos uterinos e de bexiga (cistocele) ou de reto (retocele). Nesse caso, as estruturas de contenção (fáscia endopélvica e ligamento largo) e as estruturas de sustentação (diafragma pélvico urogenital) estão comprometidos. A única forma de resolver é cirurgicamente. - Órgãos Externos: monte da púbis, lábios maiores, lábios menores, clitóris, vestíbulo e glândulas vestibulares (ou glândulas de Bartholini). - Órgãos Internos: ovários, tubas uterinas, útero e vagina. - Introduz-se o espéculo bivalve na vagina em sentido longitudinal-oblíquo (para desviar da uretra – introduz em 45º), afastando os pequenos lábios e imprimindo delicadamente um trajeto direcionado posteriormente, ao mesmo tempo em que se gira o instrumento para o sentido transversal. Sempre se deve avisar a paciente de que se está introduzindo o espéculo, preveni-la quanto ao desconforto e tranquilizá-la em relação à dor. - É aconselhável tocar com a ponta do espéculo no vestíbulo antes de introduzi-lo, para a paciente sentir a temperatura e o material do instrumento. Não se deve utilizar lubrificante, pois confunde a avaliação de secreções. - Após introduzido e aberto, procura-se individualizar o colo uterino e avaliar pregueamento e trofismo da mucosa vaginal, secreções, lesões da mucosa, septações vaginais, condilomas, pólipos, cistos de retenção e ectopia. - Após a coleta de secreção vaginal para o exame a fresco, devem-se limpar as secreções que ficam à frente do colo (pode-se utilizar soro), e só depois proceder à aplicação de ácido acético (concentrações podem variar de 1 a 5%). Aguardam-se alguns minutos (2-4 min), e se realiza novamente a inspeção do colo uterino, à procura de lesões que foram realçadas pelo produto (mais brancas e brilhantes, ou leucoacéticas). - Depois, aplica-se a solução de lugol para o teste de Schiller: se o colo se cora de forma uniforme, escura, o teste é considerado normal (“iodo positivo” ou “Schiller negativo”); se, ao contrário, há áreas que não se coram, o teste é considerado alterado (“iodo negativo” ou “Schiller positivo”). - Por vezes, quando se trata de mucosa vaginal atrófica, a coloração pode não ser uniforme, ouo colo adquire uma tonalidade mais fraca, até amarelada; nesse caso, o teste é normal, comumente designado como “iodo- claro”. Cabe ressaltar que somente a área de mucosa escamosa deve ficar corada. Não se espera, portanto, que as zonas com epitélio glandular (endocérvice, ectopia) fiquem coradas, bem como a zona de transformação epitelial, que pode adquirir coloração irregular. - A análise da secreção vaginal é importante para o diagnóstico de vulvovaginites. Em nosso serviço, sempre se realiza o exame a fresco: coleta-se a secreção vaginal com a extremidade arredondada da espátula de Ayre e se espalha o material sobre duas gotas colocadas nas extremidades de uma lâmina previamente preparada – uma com KOH a 10% e outra com soro fisiológico. A lâmina, depois do teste do odor amínico (whiff test: cheira-se a lâmina para detectar odor semelhante a peixe, indicativo de vaginose bacteriana), é levada ao microscópio para análise. - A outra extremidade da espátula de Ayre (em rabo-de-peixe) é utilizada para coleta de raspado cervical para CP de colo (ou exame preventivo do câncer de colo). A parte maior da espátula deve ser colocada no orifício cervical e depois girada em 360°, para coletar células de toda a circunferência da zona de transição. - O objetivo é destacar células da junção escamocolunar (JEC), isto é, a área em que a mucosa escamosa e a glandular se encontram, pois essa é a sede da maioria das alterações celulares neoplásicas e pré-neoplásicas. - Hoje em dia, praticamente todos os profissionais empregam também a escova endocervical para coleta de CP, especialmente nos casos em que a JEC localiza-se internamente no canal cervical. O material, depois de colhido, deve ser imediatamente espalhado sobre a lâmina e fixado (em geral com álcool etílico a 95%), para posterior análise citopatológica. Há também escovas especiais fabricadas para realização de citologia em meio líquido ou para realização de exames especiais, como captura híbrida para papiloma-vírus humano ou clamídia. - Nesse caso, a escova é introduzida quase que totalmente no canal cervical (apenas as cerdas mais proximais entram em contato com o orifício externo e a superfície do colo), devendo ser girada no mesmo sentido cerca de cinco vezes; após a retirada, sua ponta é colocada por inteiro em um frasco contendo o meio específico para análise. - O Instituto Nacional de Câncer do Brasil (INCA) recomenda oferecer rastreamento organizado para mulheres de 25 a 60 anos por meio do CP de colo. Mulheres com vida sexual ativa, independentemente da faixa etária, devem realizar o teste. Segundo o INCA, a periodicidade do rastreamento deve ser anual, podendo ocorrer a cada 3 anos após dois exames normais consecutivos com intervalo de 1 ano. Mulheres em grupos de risco (HIV- positivo ou imunodeprimidas) devem realizá-lo anualmente (Brasil, 2003). - Não é normal sair secreções alteradas de dentro do útero, apenas da vagina. Se algo sai do útero, ele está infectado. - O toque é realizado após enluvar a mão, com um ou dois dedos lubrificados (médio e indicador), introduzidos no canal vaginal, tentando avançar no sentido posterior, com pressão uniforme para trás. Para introduzir o(s) dedo(s), afastam-se os grandes e os pequenos lábios com o polegar e o dedo mínimo. Às vezes, é necessário orientar a paciente a relaxar o assoalho pélvico, pedindo-lhe que faça um breve esforço para baixo ou tossindo, o que facilita a penetração. - Os dedos devem explorar a musculatura pélvica, as paredes vaginais, a cérvice, o fundo-de-saco anterior e posterior. A outra mão é colocada sobre o baixo ventre, e as mãos são comprimidas delicadamente uma contra a outra, com o objetivo de apreender o útero e explorar sua forma, o tamanho, o posicionamento, a consistência, a sensibilidade e a mobilidade. - A retroversão do útero pode prejudicar a avaliação, especialmente do tamanho. - No exame bimanual, o ovário direito costuma ser palpável na mulher não obesa, e o ovário esquerdo é dificultado pelo cólon. Trompas e ligamentos redondos são palpáveis quase somente quando estão aumentados de volume, por inflamação ou infiltração. Procuram-se detectar também nódulos e tumorações no fundo-de-saco de Douglas, os quais podem significar endometriose e desencadear tenesmo ou dor quando tocados. - Não costuma ser realizado de rotina, mas não se deve dispensá-lo quando existem sintomas intestinais, suspeita de endometriose profunda ou de neoplasia ou sangramento retal. Na avaliação de distopias pélvicas, também é importante, a fim de descartar enterocele, utilizando-se então o toque bimanual (uma mão examinando a vagina; a outra, o reto).
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