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145 ra, e este ponto não é contestável; se se produz, entre as espécies, em razão da progressão geométrica do aumento dos indivíduos, uma encarniçada luta pela e- xistência numa certa idade, numa certa estação, ou durante um período qualquer da vida, e este ponto não é certamente contestável; tendo, então, em conta a infi- nita complexidade das relações mútuas de todos os seres organizados e das suas relações com as condições da sua existência, o que causa uma diversidade infini- ta e considerável de estruturas, de constituições e de hábitos, seria deveras extra- ordinário que se não produzissem jamais variações úteis à prosperidade de cada indivíduo, da mesma forma como se produzem tantas variações úteis ao homem. Mas, se as variações úteis a um ser organizado qualquer se apresentam algumas vezes, seguramente os indivíduos que disso são o objeto têm a melhor probabili- dade de vencer na luta pela existência; pois, em virtude do princípio tão poderoso da hereditariedade, estes indivíduos tendem a deixar os descendentes tendo o mesmo caráter que eles. Dei o nome de seleção natural a este princípio de con- servação ou de persistência do mais apto. Este princípio conduz ao aperfeiçoa- mento de cada criatura relativamente às condições orgânicas e inorgânicas da sua existência; e, por conseguinte, na maior parte dos casos, ao que podemos consi- derar como um progresso de organização. Todavia, as formas simples e inferiores persistem muito tempo quando são bem adaptadas às condições pouco comple- xas da sua existência. Em virtude do princípio da hereditariedade dos caracteres nas idades cor- respondentes, a seleção natural pode atuar sobre o ovo, sobre a semente ou so- bre o novo indivíduo, e modificá-los tão facilmente como pode modificar o adulto. Entre um grande número de animais, a seleção sexual vem no auxílio da seleção ordinária, assegurando aos machos mais vigorosos e melhor adaptados o maior número de descendentes. A seleção sexual desenvolve também nos machos ca- racteres que lhes são úteis nas suas rivalidades ou nas suas lutas com outros ma- chos, caracteres que podem transmitir-se somente a um sexo ou aos dois, se- guindo a forma de hereditariedade predominante na espécie. A seleção natural tem gozado realmente este papel? Tem realmente adap- tado as formas diversas da vida às suas condições e às suas estações diferentes?
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