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CONVERSANDO SOBRE DANÇAS Dançar é uma forma de expressão corporal na qual ma- nifestamos sentidos e significados culturais por meio dos gestos combinados com o ritmo e o espaço. A ocupação dos espaços e os deslocamentos são mo- vimentos que podem ser tanto os coreografados quanto aqueles utilizados em nossa vida cotidiana. Quando reali- zados nas danças, os movimentos são livres do ato utilitá- rio, fato que liberta a criatividade e a possibilidade de se movimentar, ocupar os espaços e se deslocar de maneira quase infinita. Essa liberdade proporciona ao indivíduo a descoberta de potencialidades que estavam subjacentes, porque as demandas de movimento da vida cotidiana nem sempre permitem o acesso a elas, e, portanto, ficam latentes na pessoa. O que significa dizer que as aprendizagens da dança ocorrem na própria ação, nos deslocamentos e nos planos que envolvem descobertas de como se movimentar no espaço em determinado ritmo. Essas descobertas possibili- tam a aprendizagem de múltiplas dimensões relacionadas à movimentação corporal. Quando atravessamos uma rua, e precisamos calcular o tempo necessário para efetuar deslocamentos no ambiente, estamos constantemente integrando e avaliando, de forma intuitiva, as informações sobre tempo, distância e velocidade. Trabalhar o desenvolvimento espaço-temporal de maneira prática é fundamental durante as aulas de dança para a aquisição dessas habilidades. Toda criança precisa conhecer as potencialidades referen- tes à compreensão da relação existente entre o deslocamento do corpo ou parte dele no espaço, e de quanto tempo essa ação necessita para se concretizar. Na conexão entre ambos está inserido o conceito de ritmo. Para dançar é necessário um controle cognitivo para or- ganizar a sequência de movimentos no tempo e no espaço, pois, sem essa capacidade, o resultado da dança fica com- pletamente comprometido, tanto na sua proposição quanto esteticamente. Na verdade, esse controle está presente na vida cotidiana por meio de outras práticas corporais, mas é o dançar que potencializa o desenvolvimento da estrutura espaço-temporal, pois nele há uma correlação direta e mo- mentânea de interdependência das ações, em que qualquer equívoco em relação ao movimento no tempo ou no espaço, por menor que seja, compromete a ação como um todo. Dessa forma, é fundamental que as crianças, ao dançarem, possam compreender a importância do desenvolvimento da relação espaço-temporal e do controle corporal para garantir o desenvolvimento e a estética do fazer coletivo, ressaltando ainda essas habilidades como fundamentais não somente para o dançar, mas também para a vida cotidiana. No aspecto social, é importante ressaltar que os movi- mentos realizados ao dançar criam uma condição de inter- dependência entre o movimento individual e a ação coletiva. Nesse sentido, é imprescindível mostrar aos estudantes que essa interdependência está relacionada ao fazer individual e à capacidade de organização rítmica de cada participante, criando, assim, o senso de responsabilidade, fundamental para o desempenho coletivo ao dançar. No âmbito cultural, viver essa experiência por meio da compreensão dos gestos que representam as diferentes culturas visitadas nesta unidade possibilita, além de expe- rimentar diferentes gestos realizados no ritmo e no espaço, a conexão com diferentes culturas e a (res)significação da expressão corporal manifestada por meio dos movimentos que caracterizam as propostas das danças e os traços cul- turais dos povos que as praticam, possibilitando, inclusive, reconhecer elementos comuns entre elas. PRATICANDO DANÇAS Prática 1: DANÇAS DO BRASIL Conhecendo a prática corporal Mantendo a proposta dos 3o e 4o anos, esta unidade traz ainda outras danças praticadas no Brasil, o que reforça a diversidade brasileira evidenciada pela prática de diferentes manifestações em uma mesma região. Mostre aos estudantes algumas outras danças brasileiras praticadas em cada região, conforme as sugestões a seguir: Balaio: dança típica do Sul, na qual os participantes formam duas rodas concêntricas, uma de homens e outra de mulheres, em que executam movimentos circulares e sapateado. Mostre aos estudantes o vídeo disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=3jOEy2ZN8hg> (acesso em: 24 abr. 2021) para que conheçam o balaio. Mineiro-pau: dança típica do Sudeste, com formação em roda e em fileira, com execução de batida de bastões no chão e entre os participantes. Mostre aos estudan- tes o vídeo disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=ySUjWa0KJ74> (acesso em: 24 abr. 2021) para que conheçam a dança. Camaleão: dança típica do Norte, praticada aos pares, com formação em roda e execução de passos laterais, troca de lugares, requebrados e palmeados. Mostre aos estudan- tes o vídeo disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=Qrg3QOLBwuM> (acesso em: 24 abr. 2021) para que conheçam essa dança do Norte. Vilão: dança típica do Centro-Oeste, praticada em grupo, com execução de passos e batidas de bastões MP137 Em posse das respostas, é possível construir um quadro sociocultural da relação entre a dança e a comunidade, evidenciando-a como uma manifestação da expressão cul- tural coletiva e incentivando a valorização da diversidade e das vivências culturais. Durante a reflexão, esteja atento a qualquer demonstra- ção de preconceito tanto em relação à prática das danças quanto em relação às culturas que elas representam e a seus praticantes. Vivenciando a prática corporal Dança do coco Material: equipamento audiovisual. Aprofunde as aprendizagens sobre a dança do coco, reservada para experimentação nesta unidade. Coco é uma dança originária da região Nordeste, mais es- pecificamente dos estados de Pernambuco, Alagoas e Paraíba. Seu surgimento tem como referência os engenhos de açúcar operados por homens e mulheres escravizados, que trabalha- vam como coqueiros e coqueiras, ou quebradores de coco. A dança é marcada pelos tambores, cantos que retratavam a realidade dos trabalhadores e manifestações do coletivo de participantes que dançavam em roda, em fileiras, aos pares e com passos solos. A origem e o senso comunitário da dança precisam ser contextualizados, pois são molas que impulsionarão os estudantes a conversar e a refletir sobre possíveis posturas Diferentemente de outras danças, o coco não demanda um grande local para a prática, e permite aos dançarinos li- berdade de criação de seus passos, possibilitando uma ampla gama de exploração de movimentos no espaço, conforme a marcação rítmica. Nesse sentido, começando pelo passo base é possível criar uma infinidade de outros passos usando habilidades motoras combinadas com movimentos de braços, pernas e tronco. Coloque, então, uma música para que os estudantes ex- perimentem livremente o ritmo do coco e, posteriormente, oriente-os a executar uma pequena apresentação. Por meio da mediação, auxilie-os a organizar a formação no espaço para os passos de início da apresentação; os momentos para as dinâmicas coletivas, em pares e solos; e a formação e os movimentos de encerramento. Você encontra uma música de coco disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=_u6nufWq1oM>. (acesso em: 24 abr. 2021). Dialogando sobre a prática Ao final da experiência converse com os estudantes so- bre as sensações deles ao dançar; como foi a experiência de expressão corporal do coco, levando em consideração seu significado cultural; se havia algum preconceito ou resistência em relação à prática; se houve alguma dificuldade em relação ao ritmo, aos movimentos e aos deslocamentos. Faça com que eles reflitam e conversem sobre a preserva- ção cultural e a narrativa de recortes históricos ou cotidianos mantidos vivos pelas danças ao longo do tempo. marcados pelo apito do regente. Mostre aos estudan- tes o vídeo disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=LLkLBfvi0S8> (acesso em: 24 abr. 2021) para que conheçam a dançado vilão. Coco: dança típica do Nordeste, marcada por melodia com refrão responsivo e movimentos em roda, em fileiras, em pares e solo. Mostre aos estudantes o vídeo disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=xdz9ZCnVOz0>. (acesso em: 24 abr. 2021) para que conheçam a dança. Para ampliar o engajamento dos estudantes em relação ao tema e integrá-los à percepção de ritmos, movimentos e espaço, pergunte a eles: QUESTÕES GERADORAS Alguém conhece alguma dessas danças? Quais semelhanças e diferenças podemos perceber entre elas em relação ao ritmo, aos movimentos e ao espaço? Quais danças temos em nossa região? Vocês conhecem alguém que pratica algum tipo de dança? Quem? É homem? É mulher? É criança? Dança do coco. Apresentação de coco pela Trupé Cia. de Artes durante o evento Arraial Arte, Pirapora do Bom Jesus, SP, 2019. C E S A R D IN IZ /P U LS A R IM A G E N S preconceituosas e injustiças em relação a temas como o ra- cismo e o sexismo, vislumbrando nas discussões a construção de ideias alinhadas à consciência crítica, à democracia, ao respeito às diferenças e ao exercício da cidadania. MP138
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