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Aula II - Dia 23 de agosto de 2023

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Aula II – Dia 23 de agosto de 2023
AUTOTUTELA E JURISDIÇÃO
Conceitos iniciais:
· Jurisdição: diz respeito ao ato de se pronunciar ou dizer o direito em um caso concreto. 
· Lide: conflito de interesses caracterizado por uma pretensão resistida.
· Exemplo: devedor não paga dívida voluntariamente.
Assim, em casos de pretensão resistida, o Estado-Juiz é provocado para solucionar o conflito de interesses, através da aplicação do direito, pacificando a sociedade.
BREVE HISTÓRICO DA JURISDIÇÃO
· Nas sociedades mais primitivas não havia o Estado forte para resolver as lides. 
· Assim, os conflitos eram resolvidos pela autotutela (isto é, se fazia justiça com as próprias mãos) ou pela autocomposição.
AUTOTUTELA
Diz respeito à técnica de solução de conflitos pautada na imposição de vontade de uma das partes à outra. 
Também se constata a inexistência de atuação de terceiro alheio ao conflito, seja o Estado, seja outro indivíduo. 
Em realidade, não se fala muito acerca do conceito de justiça, vez que havia a imposição da vontade do mais forte ao mais fraco. 
AUTOCOMPOSIÇÃO:
É a forma de resolução dos conflitos em que as próprias partes chegam a um consenso.
A autocomposição pode ocorrer por intermédio da: 
· Desistência: uma das partes renuncia a sua pretensão;
· Exemplo: tenho direito ao crédito, mas desisto da cobrança.
· Submissão: a parte renuncia à resistência que oferecia à pretensão de outrem.
· Exemplo: locatário que insistia em não se retirar da casa locada, acaba cedendo e concordando em se retirar.
· Transação: quando ambas as partes cedem.
· Exemplo: em uma ação de indenização, o autor pretende o valor de R$ 10.000,00 e o réu oferece R$ 1.000,00 e chega-se a um valor de R$ 5.000,00.
ÁRBITROS 
Posteriormente, surgiu a figura dos árbitros, que eram pessoas em quem as partes podiam confiar, vez que eram isentas e imparciais.
Inicialmente, os primeiros árbitros eram anciãos e sacerdotes. 
JURISDIÇÃO ESTATAL
Pouco a pouco o Estado foi se fortalecendo e passou a concentrar o poder de dizer o direito, a partir da imposição da vontade aos particulares através da atividade desempenhada pelos juízes estatais.
Os juízes, representantes do Estado, resolveriam os conflitos de forma impositiva, no exercício da denominada jurisdição.
MEIOS ALTERNATIVOS À PACIFICAÇÃO SOCIAL CONTEMPORÂNEOS
Mediação: é o método de autocomposição por intermédio do qual as partes chegam as partes chegam a um acordo. 
· Existe a figura de um terceiro que é o mediador, mas que não pode sugerir opções de acordo.
· Sua função é meramente de permitir e facilitar a conversa entre as partes.
· Atuação do mediador é passiva, mas não impõe seu ponto de vista ou soluções para o conflito de interesses.
Conciliação: é o método de autocomposição, que objetiva o acordo entre as partes. 
· O conciliador possui tarefa mais ativa, pois tem possibilidade de apresentar soluções e seu ponto de vista às partes, com a finalidade de resolver o problema social.
Arbitragem: é um método de heterocomposição. A solução é imposta por um terceiro, que é o árbitro.
· Apenas pode ser sujeito à arbitragem causas em que as partes sejam maiores e capazes e o objeto do litígio seja um direito disponível.
· Para que as partes se sujeitem à decisão do árbitro devem celebrar um contrato, que é a convenção de arbitragem. 
DIREITO PROCESSUAL E DIREITO MATERIAL.
Direito material disciplina as relações jurídicas entre os cidadãos, sob o ponto de vista da aquisição de direito e obrigações (de entregar, fazer ou não fazer).
Direito processual é o instrumento por intermédio do qual se busca a satisfação do direito material ou eventual reparação pela sua não observância. 
FONTES DO DIREITO PROCESSUAL
Fonte formal:
· Constituição Federal;
· Demais leis federais (art. 22, I, CRFB).
Fonte material: 
· São os valores éticos, morais, históricos, sociais, políticos e econômicos que auxiliam e lastreiam a criação das regras jurídicas.
· Exemplo: o dever de tentar a conciliação, preservação da dignidade humana, leis que promovam igualdade, etc.
Fontes suplementares ou de colmatação: 
· Doutrina;
· Jurisprudência;
· Princípios. 
Primeira atividade em grupo
Estimulando o pensamento crítico:
Quais as principais vantagens e/ou desvantagens que você enxerga nos meios alternativos de solução dos conflitos (mediação, conciliação e arbitragem) em comparação com a jurisdição estatal? 
Aula do dia 30 de agosto de 2023
Jurisdição: função tipicamente estatal, através da qual o Estado aplica a vontade da lei, de forma imparcial, substituindo a vontade das partes, com a finalidade de obter a paz social, através da composição do conflito.
· Função estatal;
· Imparcialidade;
· Substitui a vontade das partes;
· Compor o conflito;
· Alcançar a paz social.
Características da jurisdição: 
· Inércia: necessidade de provocação do Estado-juiz, por intermédio do direito de ação. 
· Adstrição do pedido: o juiz não pode decidir além, aquém ou fora do pedido.
· Ultra petita: além do pedido;
· Infra ou Citra petita: aquém de todos os pedidos;
· Extra petita: diversa ou fora do pedido.
· Substitutividade: dever de exercer a jurisdição, substituindo as partes na resolução do conflito.
· Definitividade: decisão judicial coloca fim à controvérsia, a princípio de forma definitiva.
· Possibilidade de recursos e ação rescisória.
Princípios inerentes à jurisdição
· Investidura: juiz precisa ser investido na função jurisdicional para exercer a jurisdição.
· Forma de investidura: concurso público de provas e títulos ou nomeação de profissional de reputação ilibada e notório conhecimento jurídico.
· Territorialidade (aderência ao território): juiz exerce jurisdição dentro de determinado espaço geográfico.
· Competência.
· Indeclinabilidade: juiz não pode se eximir de julgar.
· Caso não exista lei, o juiz não pode deixar de julgar o caso.
· Art. 4º, LINDB (Lei n. 4,657 de 1942) - Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
· Inafastabilidade do judiciário: garantia do direito de ação.
· Exceções constitucionais:
· Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
· I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99)
· II - processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade; 
· Juiz natural: partes não escolher livremente o juiz que julgará sua causa. Juiz é escolhido com base em critérios estabelecidos em lei.
· Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
· XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
· LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
Classificação da jurisdição: Não há espécie de jurisdição, em razão de ela ser indivisível.
· Classificação quanto ao tipo de pretensão:
· Penal;
· Civil;
· Esta inclui a eleitoral; trabalhista; tributária; empresarial; etc.
· Classificação com relação ao grau em que é exercida:
· Superior: órgão de competência recursal.
· Inferior: órgão de competência originária, exerce primeiro grau de jurisdição.
· Classificação com relação ao órgão que exerce:
· Jurisdição comum: competência para julgar causa de qualquer natureza.
· Jurisdição especial: competência para matérias específicas.
· Existência ou não de lide
· Jurisdição contenciosa: há lide a ser resolvida. 
· Jurisdição voluntária: apenas chancela estatal.
Estrutura do judiciário brasileiro
Art. 92,CRFB. São órgãos do Poder Judiciário:
I - o Supremo Tribunal Federal;
I-A o Conselho Nacional de Justiça; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
II - o Superior Tribunal de Justiça;
II-A - o Tribunal Superior do Trabalho; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 92, de 2016)
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;
VI - os Tribunais e Juízes Militares;
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.
§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Vide ADIN 3392)
§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição em todo o território nacional.
	
PROCESSO:
CONCEITO: conjunto de atos concatenados e ordenados que visam a uma decisão judicial satisfativa (análise de mérito).
AGENTES DO PROCESSO:
· Autor;
· Réu;
· Estado-Juiz;
· Eventualmente:
· MP;
· Testemunhas;
· Terceiros interessados.
PRINCÍPIOS INFORMADORES DO PROCESSO:
· Devido processo legal (art. 5º, LIV, CRFB);
· Processo devem obedecer à lei,
· Isonomia (art. 5º, CRFB)
· Tratamento igualitário, na medida das desigualdades.
· Contraditório (art. 5º, LV, CRFB);
· Motivação das Decisões (art. 93, IX, CRFB);
· Duplo grau de jurisdição (art. 5º, LV, CRFB);
· Duração razoável do processo (art. 5º, LXXXVIII, CRFB);
O FENÔMENO DA PRECLUSÃO
· Temporal;
· Prazo para prática do ato era de 10 (dez) dias. Pratico o ato no 12º dia. Será intempestivo, por preclusão temporal.
· Consumativa;
· Apenas se pode praticar o ato processual uma única e derradeira vez. 
· Exemplo: tenho 15 dias para interpor apelação. Interpus no 2º dia do prazo. Esqueci de acrescentar um argumento. Não posso juntar nova apelação ao processo, ainda que seja no 9º dia do prazo, vez que o ato “apresentação de apelação” já se consumou. 
· Lógica.
· Atitudes incompatíveis entre si.
· Exemplo: peço desistência ou dispensa de recurso. Não há possibilidade de recorrer, por haver preclusão lógica. 
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
· PRESSUPOSTOS DE EXISTÊNCIA:
· Órgão estatal investido de jurisdição;
· Partes;
· Demanda, traduzida na retirada da jurisdição de sua inércia.
· PRESSUPOSTOS DE VALIDADE:
· Juiz competente e imparcial;
· Capacidade das partes;
· Capacidade de ser parte: toda pessoa titular de um direito ou obrigação possui.
· Capacidade de estar em juízo: apenas os maiores e capazes possuem. Os incapazes, relativa ou absolutamente, serão representados ou assistidos.
· Capacidade postulatória: aptidão para prática de atos processuais.
· Apenas advogado possui.
· O MP também possui.
“Exceção”
· O autor poderá ser o postulante caso a causa seja menor que 20 salários mínimos 
· 
· Demanda regularmente formulada
· Em atendimento ao disposto no art. 319, CPC.
CLASSIFICAÇÃO DOS PROCESSOS
PROCESSO (FASE) DE CONHECIMENTO: possui esta nomenclatura porque é nesta fase que as partes trazes ao conhecimento do juiz seus pedidos e razões, pugnando pelo deferimento de sua tese.
· Decisão pode ser;
· Declaratória: apenas declara existência ou inexistência de uma situação ou autenticidade ou falsidade de documento.
· Exemplo: declarar que determinado contrato é autêntico. 
(Venda de um terreno várias vezes, para múltiplas pessoas )
· Constitutivo: decisão cria, modifica ou extingue relação jurídica.
· Exemplo: ação de rescisão de contrato. A decisão extingue o contrato.
(A compra de um carro novo com defeito. Fazer a entrega do mesmo e pegar o dinheiro, receber parte do dinheiro ou troca de peças, sem ônus para o adquirente)
· Condenatória: condena o réu ao cumprimento de uma obrigação.
· Exemplo: ação de danos patrimoniais; ação de cobrança.
PROCESSO (FASE) DE EXECUÇÃO: Visa a dar efetividade a uma decisão não cumprida voluntariamente.
Pode ser proveniente de um título executivo judicial ou extrajudicial.
SUJEITOS DO PROCESSO
· JUIZ
· É o sujeito imparcial do processo;
· Hipóteses de impedimento ou suspeição.
· Tem poder instrutório(determinar uma perícia etc ) e diretivo ( retirado da inercia, ele direciona os tramites) da ordem do processo;
· Livre convencimento motivado nas decisões. 
(liberdade para decisão)
· MINISTÉRIO PÚBLICO;
· Instituição permanente e essencial à atividade jurisdicional;
· Atua como parte (ação em que o mesmo e o postulante) ou fiscal da lei. (para guarda de criança ou idoso)
· DEFENSORIA PÚBLICA;
· Proteção dos direitos jurídicos das pessoas mais necessitadas;
· Visa a dar efetividade ao acesso à justiça.
· ADVOGADO PARTICULAR;
· Função essencial à justiça e que visa a defender os interesses dos clientes.
· Dotado de capacidade postulatória.
· ADVOGADO PÚBLICO;
· Defende os interesses das pessoas jurídicas de direito público. 
· TERCEIROS
· Possibilidade de intervenção de terceiros 
Assistência: terceiro interessado no processo pode ingressar na demanda, para auxiliar uma ou outra parte. 
Art. 119. Pendendo causa entre 2 (duas) ou mais pessoas, o terceiro juridicamente interessado em que a sentença seja favorável a uma delas poderá intervir no processo para assisti-la.
Denunciação da lide: pessoa que tem direito de regresso, por lei ou contrato, já inclui a terceiro no processo. Aproveita o mesmo processo para que a parte se resguarde. 
Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes:
(...)
II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido no processo.
Chamamento ao processo: o réu, na contestação, chama os demais devedores para integrarem o processo.
Art. 130. É admissível o chamamento ao processo, requerido pelo réu:
I - do afiançado, na ação em que o fiador for réu;
II - dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles;
III - dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns o pagamento da dívida comum.
Competência
É a medida de jurisdição 
Competência 
Competência é a medida de jurisdição.
Baseado em critérios de divisão de trabalho entre os diversos órgãos jurisdicionais, fixados em lei.
Critérios de fixação de competência:
Competência internacional: 
· Concorrente; ou
· Exclusiva. 
Competência interna:
· Territorial;
· Em razão da matéria;
· Em razão do valor da causa;
· Em razão da pessoa;
· Funcional (em razão da função)
Competência internacional concorrente: aquela que pode ser julgada no Brasil ou em outro Estado Nacional.
 Art. 21, CPC. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que:
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;
Exemplo 1: um francês pretende ajuizar uma ação de cobrança em face de um americano que possui domicílio no Brasil, essa demanda pode ser proposta no Brasil.
II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;
Exemplo 2: uma empresa espanhola celebra um contrato com uma empresa italiana, sendo que o objeto desse contrato é a realização de uma obra no Brasil. Eventual ação poderá ser proposta no Brasil, uma vez que a obrigação tem que ser cumprida aqui, mas também é possível que seja proposta na Espanha ou na Itália.
III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil.
Exemplo 3: um belga, de férias no Brasil, envolve-se em um acidente de trânsito no Rio de Janeiro, sendo que o condutor do outro veículo é um chileno. Tendo em vista que o fato (acidente) ocorreu no Brasil, eventual ação pode ser proposta aqui, mas a competência da autoridade judiciária brasileira pode concorrer com a competência da Bélgica e do Chile.
  Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações:
I - de alimentos, quando:
a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil;
Exemplo 4: Mãe brasileira e pai Português, com filha brasileira. A credora que mora no Brasil, pode exigir alimentos aqui no Brasil. 
b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedadede bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos;
Exemplo 5: Mãe argentina com filha argentinas e pai Português, mas com negócios no Brasil. A credora poderia ajuizar demanda no Brasil. 
II - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil;
Exemplo 6: Compro produtos no Shein, direto da China, como destinatário final. 
III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional.
Competência internacional exclusiva: apenas a autoridade judiciária brasileira pode julgar.
  Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra:
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;
Exemplo 7: um argentino, com domicílio no Uruguai, possui um imóvel situado no município de Natal-RN. O imóvel se encontra alugado, sendo que o locatário não tem efetuado o pagamento do aluguel. Assim, o proprietário/ locador pretende ajuizar ação de despejo c/c cobrança. Essa ação é de competência exclusiva do Brasil, pois o imóvel está situado aqui.
II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional;
Exemplo 8: um francês, que tinha domicílio em Portugal, faleceu e deixou no Brasil bens móveis e imóveis. O inventário dos bens deixados aqui é de competência exclusiva da autoridade judiciária brasileira.
III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional.
Exemplo 9: um casal de americanos, casados na Flórida e com domicílio em outro Estado dos EUA, possui bens no Brasil. O casal pretende se divorciar. Apesar do divórcio não ocorrer no Brasil, a partilha dos bens aqui situados obrigatoriamente tem que ocorrer perante a autoridade judiciária brasileira. 
Competência interna
Critérios absolutos e critérios relativos.
	Critério Absoluto
	Critério Relativo
	São obrigatórios (devem ser observados pelas partes)
	Não são obrigatórios 
	Visam a proteção do interesse público
	Visam a proteção do interesse das partes
	Partes não podem abrir mão (inderrogável)
	Partes podem abrir mão (podem ser derrogadas pelas partes)
	Pode ser alegada pelo juiz, de ofício
	Não pode ser alegada pelo juiz, de ofício
	Em qualquer grau de jurisdição 
	Apenas na contestação. Caso contrário, prorroga-se a competência.
	Critério em razão de função, matéria ou pessoa.
	Critério em razão do valor da causa ou território
Competência absoluta:
Art. 62. A competência determinada em razão da matéria, da pessoa ou da função é inderrogável por convenção das partes.
· Em razão da matéria: competência determinada pela matéria do processo.
Exemplo: matéria de direito do trabalho é da competência da Justiça do Trabalho, previdenciário na justiça federal e assim por diante. 
· Em razão da pessoa: competência fixada a partir de umas das partes. 
Exemplo:
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
(...)
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República;
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente:
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, (...);
b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal;
· Em razão da função: hierarquia do órgão (grau de jurisdição).
Exemplo: competência recursal (Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal).
Critérios de fixação de competência relativos:
Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações.
· Critério do valor da causa:
· Competência dos juizados especiais estaduais. 
· Até 40 salários mínimos
Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.
Art. 3º O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, processo e julgamento das causas cíveis de menor complexidade, assim consideradas:
I - as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo;
Lei nº 10.259, de 12 de julho de 2001.
Art. 3º Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, conciliar e julgar causas de competência da Justiça Federal até o valor de sessenta salários mínimos, bem como executar as suas sentenças.
(...)
§ 3º No foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial, a sua competência é absoluta.
· Critério territorial:
· Em razão do lugar (foro).
Art. 50. A ação em que o incapaz for réu será proposta no foro de domicílio de seu representante ou assistente.
(...)
Art. 51. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autora a União.
 (...)
Art. 53. É competente o foro:
(...)
II - de domicílio ou residência do alimentando, para a ação em que se pedem alimentos;
(...)
IV - do lugar do ato ou fato para a ação:
a) de reparação de dano;
b) em que for réu administrador ou gestor de negócios alheios;
V - de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, inclusive aeronaves.

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