Buscar

Desenvolvimento Psicossocial na Infância

Prévia do material em texto

CAPÍTULO 8 – DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL NA SEGUNDA INFÂNCIA (3 a 6 anos)
· Desenvolvimento da identidade
Autoconceito 
O autoconceito é um sistema de representações descritiva e avaliativas sobre a nossa pessoa, que determina como nos sentimos sobre nós mesmos e orienta nossas ações. Esse conceito sofre grandes mudanças na segunda infância. A criança incorpora em sua autoimagem a crescente compreensão de como os outros a veem.
O autoconceito começa a formar-se à medida que a criança desenvolve autoconsciência, e torna-se mais claro a medida que a pessoa adquire capacidades cognitivas e lida com as tarefas de desenvolvimento da infância, adolescência e idade adulta.
Um reflexo do desenvolvimento do autoconceito é a autodefinição, que é o modo como elas se descrevem, e que muda normalmente entre os 5 e 7 aos de idade. De acordo com um modelo neopiagetiano, a autodefinição passa de simples representações a mapeamentos representacionais. Esse modelo descreve 3 fases dessa passagem dos 5 aos 7 anos.
1° fase: representações únicas – suas declarações sobre si mesmo são unidimensionais (ex: eu gosto de pizza); o pensamento salta de um lado para outro, sem conexões lógicas; a criança não se imagina ter duas emoções ao mesmo tempo. Não consegue reconhecer que sua identidade real, a pessoa que ele é na verdade, não é a mesma que sua identidade ideal, a pessoa que ele gostaria de ser, e então se descreve como um modelo cheio de habilidade.
2° fase: associações representativas – faz associações lógicas entre um aspecto de sim mesmo e outro. (ex: posso correr rápido e subir bem alto), entretanto ainda não consegue ver como ele poderia ser bom em algumas coisas e em outras não.
3° fase: sistemas representacionais – começa a integrar aspectos específicos em sua identidade em um conceito geral e multidimensional. (ex: sou bom em gramática, mas sou ruim em matemática).
Autoestima
A autoestima é o julgamento que a criança faz sobre seu valor geral. Assim como o autoconceito geral, a autoestima na segunda infância tende a ser tudo ou nada: “eu sou bom” ou “eu sou mau”. A autoestima nessa fase não se baseia necessariamente na realidade. Elas tendem a aceitar julgamento dos adultos, que podem dar um retorno positivo ou negativo.
Quando a autoestima é alta, a criança é motivada a realizar coisas, no entanto, se a autoestima for contingente ao sucesso, a criança poderá ver o fracasso ou a crítica como uma indicação de seu valor e sentir-se incapaz de fazer melhor.
Crianças cuja autoestima é contingente focada no sucesso, tendem a se sentir desmoralizadas quando fracassam, em vez de tentar novas formas de obter aprovação, elas repetem as mesmas estratégias ou simplesmente desistem. As crianças com autoestima não contingente tendem a atribuir seu fracasso com fatores externos ou a necessidade de se esforçarem mais.
O foco dos pais e professores para desenvolver na criança a autoconfiança não contingente deve ser na ajuda específica e focalizada ao invés de criticar a criança como pessoa. (ex: “olha a etiqueta d sua camisa, está aparecendo na frente” ao invés de “você não vê que a sua camisa está ao contrário, quando vai aprender a se vestir sozinho?”)
Emoções
A capacidade de entender e regular, ou controlar, os próprios sentimentos é um dos avanços importantes da segunda infância. A autorregulação emocional ajuda a criança a guiar seu comportamento e contribui para a capacidade de conviver com o outro, elas são capazes de entender como os outros se sentem e sabem demonstrar suas emoções. Compreendem que quando alguém consegue o que quer ficará feliz, e alguém que não consegue ficará triste.
Uma razão para a confusão das crianças pequenas sobre seus sentimentos é que elas não entendem que podem ter reações emocionais contrárias ao mesmo tempo. 
As emoções autodirigidas como culpa, vergonha e orgulho, normalmente se desenvolvem ao final do terceiro ano, depois que a criança adquire consciência de si mesma e aceita os padrões de comportamento estabelecido pelos pais.
 A criança também lida com sentimentos conflitantes de acordo com o terceiro estágio no desenvolvimento psicossocial de Erikson (iniciativa versus culpa), que acontece quando a criança equilibra o desejo de atingir metas com ressalvas em relação a fazê-lo, ou seja, marca uma divisão entre duas partes da personalidade: a criança cheia de vontade de experimentar coisas novas, e a parte adulta, que examina as propriedades dos motivos e ações.

Continue navegando