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IMAGINAÇÃO E CRIAÇÃO NA INFÂNCIA A Teoria Histórico-cultural (THiC) se propõe a estudar o desenvolvimento humano e seus processos constitutivos a partir da realidade objetiva dos sujeitos. A realidade material e objetivo é a fonte de todo desenvolvimento humano, o meio que esse indivíduo pertence. Às vezes existe um equívoco de colocar o adulto que convive com essa criança como um mediador, mas Vigotski nunca usou essa expressão. Como nas escolas, que dizem que precisam de alguém que faça a mediação entre o conteúdo e algum aluno com deficiência ou carência. Essa expressão não é vigotskiana, porque enquanto professor, psicológo e literato, ele entendia o meio como tudo aquilo, e todos aqueles com os quais a criança está em relação. Então o adulto e o professor não são uma ferramenta para o desenvolvimento infantil na phc. Eles são na verdade parte do meio, eles são meio, entre a criança e o seu próprio desenvolvimento. A criança enquanto corpo biológico e o próprio desenvolvimento psíquico desse corpo. Então, a mediação não se coloca entre os indivíduos, mas a partir dos objetos, a partir das coisas que estão nesse ambiente material. Essa materialidade então é muito importante, mas é importante entendê-la como algo que vai interferir em todos os humanos que estão ali, porque apesar de enfatizarmos as crianças, ali temos indivíduos de todas as idades em desenvolvimento. É importante entender isso para não instrumentalizarmos o fazer humano como algo a ser usado e depois ser descartado, não precisar mais dele. O indivíduo precisa a ser ensinado a fazer parte da humanidade, é um processo de humanização o processo hc, ele é lançado numa construção humana, compartilhada, das características do humano. Isso é o micro. Com relação ao macro, podemos dizer que se a humanidade é o que é, faz o que faz, é porque alguém nesse processo de humanização ensina e outra aprende. Se há questões sobre o modo de ser humano, sobre o modo de pensar humano, então temos que questionar aquilo que ensinamos aos outros quando elas entram num processo de humanização. Elas reproduzem o que elas aprendem, se elas aprendem um modo de ser, é esse modo que vão executar ao longo da vida. Na phc, trabalhamos com um conceito fundamental que é o de transformação. Se ensinamos os sujeitos a serem humanos, e ensinamos com conteúdos do que seja humanidade, mas ao mesmo tempo questionamos a humanidade, precisamos inserir nesse processo o conceito de transformação, tanto da humanidade, quanto do processo ensino-aprendizagem. Aqui está a chave para a gente começar a responder a questão da transformação da sociedade a partir da phc. Aqui o professor está aparentemente se dirigindo muito ao ensino, a pedagogia, mas no caso da psicologia, quando se está com um paciente, mesmo que o processo seja outro, ainda assim sempre haverá espaço para algumas indagações na narrativa que o cliente traz que faz com que ele pense esse processo. Quem é ele nesse processo, o quanto foi ensinado a ele no processo hc que o trouxe até aqui nessa narrativa que ele expõe e qual o potencial de transformação dessa narrativa. Sempre que pensarmos em transformação, a gente tem que pensar de dois angulos diferentes: o do desenvolvimento infantil, mas também do ponto de vista do processo clinico, psicologico, que é construir interrogações que faz com que o indivíduo pense se nesse processo hc de desenvolvimento existe lugares que ele pode elaborar uma transformação de si mesmo. E aí é uma psicologia que a gente fala que precisa estar extremamente relacionada ao meio, ao contexto, então obviamente vamos estar falando na transformação da sociedade. De onde vem essa humanidade que a gente critica? Vem de uma realidade objetiva que é ensinada. E por que é ensinado? “O meio é a fonte de todas as características especificamente humanas”. Tudo aquilo que há de humano em você, bom ou ruim, está diretamente relacionado ao meio em que você fica. Tudo que é humano em você nada mais é do que uma reprodução do contexto, do meio em que esse indivíduo vive. Aqui também tem uma questão que às vezes a gente não percebe. Quando as pessoas vão estudar psicologia, a maioria pensa na relação intrapsíquica, do ponto de vista subjetivo, e isso o Vigotski vai falar na “crise histórica da psicologia” de que tem mesmo uma gama enorme de psicologia que é só subjetividade. Só que na phc a gente é levado a pensar também no interpsíquica, na relação que está fora de nós, e que está primeiro fora de nós para depois estar em nós. Só que como a maioria vem pensando no subjetivo, quanto se depara com uma psicologia como essa que primeiro precisa ver o objetivo, o externo, o exterior, a recusa a esse tipo de olhar é muito rápida. Não me interessa o mundo. E aqui a fonte é essa, o meio, o externo. Isso, se não prestarmos atenção, mata a phc que a gente esteja querendo fazer. Então, querer fazer uma phc é perceber que o estudo do meio é fundamental, com todos os elementos, artefatos, signos, etc, para o desenvolvimento humano. As características que nos tornam humanos como pensamento, fala, imaginação, atenção, criação, memória intencional são brotos das relações e das vivências que constituímos com o meio e a aprendizagem que temos delas. Quando você olha uma planta e vê nela uma muda, um broto, você vê que ele está grudado num pedaço maior da planta que vai até o chão. Vigotski gostava dessa expressão broto porque ele é a parte mais frágil da planta, por ser recente, ainda em fase de crescimento. A imaginação é frágil, a atenção é frágil, a criação, a memória, tudo é muito precário, ao mesmo tempo que por ser broto tem muita potencialidade, vitalidade. Então temos uma relação dialética muito clara nessas características, se de um lado temos a fragilidade dessas construções por serem humanas, precárias, históricas e culturais, por outro lado tem o potencial de ser algo poderoso, transformador. O que ele está mostrando aqui é exatamente isso, nesse processo hc as nossas características podem e devem ser transformadas o tempo todo, mas com muito cuidado porque existe uma fragilidade em tudo que é humano. Por isso que falamos na phc em reconhecer processo, padrão, tomada de consciência, dominar o comportamento, porque qualquer deslize possível humano atinge frontalmente a fragilidade das nossas características e elas sofram distorções, de tal forma que começamos a ter disfunções psicológicas. “A Psicologia denomina de imaginação a atividade criadora baseada na capacidade de combinação de nosso cérebro” Vigotski. Aqui tem um pormenor no Vigotski. Para ele, a capacidade criadora, atividade criadora que está contida na imaginação não tem nada a ver com criação do nada, genial, totalmente inédita. Ele não trabalha com essa ideia de gênio, porque para ele quando o ser humano cria, ele cria a partir da materialidade. Toda criação humana é uma criação a partir de coisas que já existem como matéria, coisas que já existem. Sempre vem da fonte material, da realidade objetiva que temos no mundo. Da mesma forma é a consciência humana, a personalidade humana, o comportamento humano, eles não são do nada e nem são inatos. São uma reprodução do meio, do contexto em que vivemos. Essa ideia de criação do nada e a partir de alguma coisa é muito presente na teologia judaica quando ela vai se referir à criação. A criação do nada só é possível a yaveh (deus). O ser humano só cria a partir de alguma coisa. Quando lemos no gênesis, na mitologia da criação, que deus criou tudo da palavra, num dado momento da história, esse deus chama o homem que está lá e fala que ele vai dar nome aos animais. Ou seja, dar nome é uma criação, porém uma criação para algo que já existe na materialidade, o animal está lá só não tem nome. Deus convoca o homem para que ele participe da criação.Imaginar é combinar, misturar, arranjar o que se tem da memória a partir da vivência. Aqui tem duas outras coisas que a gente coloca nessa phc. Primeiro é a materialidade, o meio objetivo que fornece tudo que precisamos pra criar e imaginar. Segundo, invertendo a frase, a nossa vivência nesse meio constrói memórias. Tudo que a gente cria a gente cria a partir de uma capacidade combinatória que nosso cérebro tem de arranjar materiais. Tudo ao qual nós somos apresentados é convertido em memória. A nossa capacidade criativa, a criação humana nada mais é do que um exercício de trazer da memória materiais que já conhecemos da vivência e combinar, misturar e arranjar na materialidade. Esses materiais estão na materialidade, e quando a gente cria algo, imagina algo a partir desses a gente devolve isso para a materialidade. Você devolve o que tirou da materialidade, mas numa forma, num novo combinado. Isso é criação, isso é imaginação. Seja materiais físicos, convivências, etc. A minha vivência transforma isso em memória e eu devolvo numa nova forma. Eu faço isso a partir do que é vivência minha, não seu. Então, posso fazer arte, criar e imaginar a partir de qualquer coisa da materialidade, das minhas convivências que foram memoráveis, de materiais físicos, diversos tipos de situações, etc. Nada que se cria e se imagina virá se não for pela vivência e pela memória. Todo ato de criação é, antes de tudo, um ato de destruição. P. Picasso. Ele fala isso porque é destruir o que se tem para que se mostre o que não se vê, e não se vê porque é meu, o outro não vê. Não estamos falando só de arte, e sim de transformação de vida, de perspectiva. Estamos o tempo todo destruindo a materialidade para construir um drama sobre essa vivência. É arte e vida. Qualquer criação só é possível quando existem elementos para serem combinados. Se não existir vivência, memória, não tem criação. Quando eu crio algo de mim, da minha vivência, isso é tão humano que eu consigo com aquilo que é especificamente meu, me comunicar com todos. É uma produção individual, particular, e entre muitas aspas, solitária, o combinar é meu. Quando eu externalizo isso como criação, eu consigo me comunicar com todos os outros porque quanto mais eu desço na minha vivência e memória, mais eu me construo como humano, e quando faço isso eu consigo me comunicar. Quanto mais eu me reconheço no meu contexto hc, vivencio e construo memórias minhas e consigo comunicar isso, mais eu me humanizo, mais eu consigo me comunicar com a humanidade. Isso é muito interessante, porque quanto mais eu me conecto com minha história, memória do meu lugar, do meu povo, mais eu consigo me comunicar, inclusiva com os que não são do meu povo, época e lugar. Os elementos só existem quando existem vivências que podem ser reproduzidas e reconstituídas. A base de toda criação é a memória e a base de toda memória é a vivência. Quanto mais vivência, mais memória e mais elementos para serem combinados e maior a possibilidade criativa da imaginação. Por que Vigotski vai focar no desenvolvimento humano a partir da criança? Porque se você expuser a criança ao máximo de vivências que ela suporta enquanto criança no seu processo, você está construindo uma memória que potencialmente vai conduzir esse indivíduo a imaginar e criar situações extremamente novas para a realidade que ele vai viver. Mas tudo isso depende de como essa infância é exposta à vivência. Quanto mais essa infância for vivida intensamente, mais memória você carrega. Então é fundamental isso, mas ele também está expandindo isso para o ser humano em qualquer idade. A dificuldade do jovem e adulto é que você não se vê mais nessa condição de aprendiz de vivências. Toda criação se constrói sempre a partir de elementos da realidade que estão presentes na vivência da pessoa. Nise da Silveira colocou arte no tratamento psiquiátrico, mas com método, porque é uma passagem de uma situação real para uma artística, pra uma criação. E aí eu começo a olhar a minha memória a partir dos olhares dos outros, porque enquanto memória minha, vivência minha, só eu sofro ou me alegro com aquilo. Quando eu consigo devolver pra materialidade, externalizar, eu consigo olhar pra aquilo com os olhos dos outros, de uma outra maneira, de uma outra forma. A arte se relaciona com a vida, da mesma forma que o vinho com a uva [...] a arte haure seu material da vida, mas oferece muito mais que o material, algo que ainda não havia nele próprio. Vigotski. A imaginação e a criação são funções culturais. Se são culturais, são históricas. Se são históricas, são aprendidas. Toda criação é coletiva porque não vem do nada, cria-se do que já existe. AULA 2 Esse não é um livro escrito de forma tradicional, e sim uma reunião de palestras que Vigotski proferiu para pais e professores de escolas do governo do regime na URSS, e assim ele faria essas palestras serem o mais acessíveis possível para a plateia. O objetivo nesse livro era esse: mostrar como que nos estudos dele sobre a compreensão dos processos psíquicos, a criação e a imaginação tinham fundamental importância na natureza social do desenvolvimento humano. Ele estava explicando por que ele indicava trabalhos direcionados às crianças que provocassem a imaginação e a criação. “As fps são relações sociais internalizadas”, com esse resumo ele dá o processo de filo, socio, onto e micro. Em dependência à assimilação da cultura está o desenvolvimento da criança, quanto mais da cultura eu assumo, mais eu me desenvolvo. Essa assimilação não é passiva, é ativa, eu só assimilo a cultura participando dela ativamente, se eu não participar ativamente dela eu não consigo assumir. Essa participação ativa na cultura significa que eu só consigo internalizar, assimilar, assumir, se eu exercitar aquilo que a cultura me sugere. Toda vez que estou excluído do exercício cultural, da possibilidade da atividade cultural, eu tenho o meu desenvolvimento negado. Essa é a ideia da thic. Trecho: “eu me relaciono comigo como as pessoas se relacionam comigo”, porque tudo é social aqui. Depois de adolescente, adulto, quando todos os estragos já estão feitos, e esse indivíduo cai numa clínica, isso tem que ser trazido à tona, é muito complicado, dolorido e lento, mas a possibilidade de transformação e crescimento vai passar por essa identificação de como eu me trato e por que eu me trato desse jeito, e aí vai se evidenciando as relações sociais nas quais eu fui submetido muito cedo e que interferiram diretamente na minha personalidade. As nossas relações são diversas e complexas, não são só com um determinado grupo, são múltiplas as relações sociais num mesmo dia, relações diversas e extremamente elaboradas, elas têm ganchos umas nas outras, e a gente fica no meio desse drama tentando interpretar quem é quem, o que está acontecendo e o que somos nós, por isso ele chama isso de drama (Vigotski), ele tem uma visão sobre isso muito artística, teatral mesmo, como se fôssemos o ator em várias peças diferentes e ainda temos que ser aquele indivíduo que dá sustentação para o ator. Então somos o ator em formação constantemente, os vários personagens que temos que interpretar nos vários cenários que a gente tem, e antes do ator nós também somos sujeitos, porque ator não é só ator, ele também é outras coisas na vida dele. O desenvolvimento humano e a formação da consciência dependem muito da forma verbal com a qual a gente se relaciona com o mundo. A forma como a gente fala, como a gente usa a linguagem, o nosso manejo do signo (palavra) diz muito sobre o nosso desenvolvimento e a nossa consciência. A gente só faz uso do signo e da linguagem em decorrência da internalização da cultura. Para manejarmos bem a linguagem a gente precisa ter internalizado a cultura. As palavras comomeio e modo de comunicação com o outro e como generalização da experiência desempenham um papel central não só no desenvolvimento do pensamento, mas na evolução histórica da consciência como um todo. “A palavra consciente é o microcosmo da consciência humana”, ele quer dizer que a palavra cheia, viva, que mostra a internalização cultural é o microcosmo da consciência humana. Essa consciência é enorme, mas o fato de eu saber usar corretamente a palavra para as minhas relações sociais mostra o quanto eu possuo de consciência, do quanto minha consciência é constituída dessa cultura. E aí é no sentido de falar certo, de se colocar corretamente (não é sobre falar o português certo, é muito mais que isso, é o uso da palavra como expressão do comportamento, do sentimento e do pensamento). Se a forma como eu manipulo a palavra consegue expressar o meu comportamento, sentimento e pensamento, isso é uma palavra consciente, cheia da cultura, do processo hc do desenvolvimento humano, e cheio da minha consciência. Isto se dá de uma forma em mim e se dá de outra forma no outro. É sempre diverso, não existe um modo único de se fazer isso. A ideia é criar condições para que haja novas formas para a participação de qualquer pessoa na cultura, não só crianças. Tirar o lacre da imaginação e criação para o indivíduo participar da cultura. “É na trama social, com base no trabalho e nas ideias dos outros, nomeados ou anônimos, que se pode criar e produzir o novo”. Não se cria do nada, sempre implica um modo de participação e apropriação na cultura e na história. AULA 3 Atividade criadora do ser humano é aquela em que se cria algo novo, pouco importa se é um objeto externo ou uma construção da mente ou do sentimento, conhecido apenas pela pessoa em que essa construção habita e se manifesta. Dois tipos de atividades principais: reconstituidor ou reprodutivo, que está intimamente ligado à memória e sua essência consiste em reproduzir ou repetir meios de conduta anteriormente criados e elaborados, ou ressuscitar marcas de impressões prescedentes. Minha atividade nada cria de novo, e sua base é a repetição mais ou menos precisa daquilo que existiu. É fácil compreender o enorme significado da conservação da experiência anterior na vida do homem, o que facilita na sua adaptação ao mundo que cerca ao criar e elaborar hábitos permanentes que se repetem em condições iguais. Modelo e reproduzo o que existe em mim ou assimilei e elaborarei anteriormente. Vigotski usa 2 expressões para falar do nosso jeito de viver: experiência e vivência. A experiência é algo que se memoriza, no sentido de reprodução, no sentido de que, havendo as condições idênticas que me lembrem a uma experiência que eu tive, eu reproduzo aquela imaginação, eu volto naquele cenário que estive antes, que eu fui informado antes sobre ele, que eu vi, que eu li, etc. Então boa parte da atividade imaginativa é no sentido de conservar as experiências do passado, de fazer com que essas experiências estejam guardadas numa determinada condição que eu possa reproduzir em condições idênticas. Isso significa que boa parte da minha imaginação, na verdade, é reprodução de alguma conservação, de algo que guardei na minha memória. Isso é importante de pontuar para a gente sair do senso comum de que imaginação é sobre algo novo. Boa parte da imaginação é sobre algo que queremos reviver. Nosso cérebro é capaz de conservar uma experiência porque durante a experiência ele se altera, ele se modifica. Quando acontece alguma experiência, a plasticidade cerebral se altera por conta dessa experiência aqui, e essa alteração é no sentido de guardar essa experiência na memória. Obviamente não conservamos 100% de tudo que está acontecendo, mas a gente conserva aquilo que é identificado como significativo naquele momento por uma série de motivos, cognição, emoção, etc. Mas o fato é que o nosso cérebro se modifica quando vivemos uma determinada experiência. Comparação que é feita na segunda página do capítulo 1: a cera tem mais plasticidade que a água e o ferro, porque admite modificação mais facilmente do que o ferro e conserva a marca desta melhor que a água. Somente se tomadas juntas, essas duas propriedades formam a plasticidade da nossa substância nervosa. Vigotski repete várias vezes a palavra “marca”, porque a experiência é conservada na memória porque ela gera uma marca. No ponto de vista da clínica, isso é importante porque vários dos distúrbios e sofrimentos mentais e psíquicos são oriundos de marcas de experiência, marcas que ficam, que se acumulam por conta da experiência. E no processo de entender experiência e vivência que a phc começa a mexer nessas marcas, nessa conservação, criando uma nova interpretação para isso. Quanto mais uma determinada experiência é vivida, mais essa marca vai se aprofundando na nossa memória, mais vai se conservando. Por exemplo, pessoas que vivem sob repetidas experiências de violência vão sofrendo uma intensidade dessa marca na memória. Da mesma forma, quando tem pessoas que vivem repetidamente situações de afetos alegres, é outra marca, e isso cria padrões. Quando a gente fala que é preciso identificar seu processo histórico social, é no sentido de identificar o que acontece de forma recorrente, o que te marca, é conseguir visualizar os padrões das ocorrências que acontecem com você, porque a gente sempre volta à marca, aquilo é um memorial, então aquilo sempre vai retornar. Nosso cérebro e nossos nervos que possuem uma enorme plasticidade, modificam com facilidade sua estrutura mais tênue sob determinadas influências, e se os estímulos são suficientemente fortes e repetidos com bastante frequência, conservam a marca dessas modificações. Como trabalhar isso na clínica? Primeiro entender que a constituição da nossa subjetividade é demarcada pela memória, pela conservação de marcas memoriais, e aí precisamos descobrir que marcas são essas. E depois, quando Vigotski falar de vivência, ele vai falar que é na vivência que a gente transforma essas experiências em algo que pode ser reinterpretado. Além da conservação para reprodução, o cérebro produz um outro tipo de atividade, que sem ela não haveria capacidade de adaptação a modificações novas e inesperadas no meio, que é a atividade combinatória ou criadora. A imaginação criadora tem a ver com informações, impressões de coisas que não vi e vivi, então posso imaginar o passado e imaginar o futuro combinando ou criando o esboço de um quadro. Não vai ser o quadro pronto porque eu nem estive no passado nem estou no futuro, então eu posso construir um esboço de um quadro de informações que me são ofertadas na experiência sobre o passado e o futuro. E nessa imaginação de uma coisa que não vivi, eu tenho a capacidade de não só conservar mas também de transformar, porque se eu estou imaginando o passado, eu vou imaginar o passado através de impressões que me foram dadas, e nessas impressões e imaginações eu posso ir combinando elementos para construir esse passado. Da mesma forma sobre o futuro, eu posso imaginar um futuro e tanto no passado quanto no futuro serem imaginações de quadros distintos da minha realidade presente. Nesse sentido, essa segunda atividade pode mexer naquela memória que está conservada. Se eu mudo minha posição em relação à memória conservada, eu posso criar um outro cenário distinto daquele que foi conservado, marcado na memória para ser conservado. Tudo aquilo que está conservado na minha memória são impressões, não são fatos. O fato passou, não consigo registrá-lo como tal. Quando me dou conta de que minha memória é marcada por impressões, então posso modificar meu olhar sobre elas. Toda atividade do homem que tem como resultado a criação de novas imagens ou ações, e não a reprodução de impressões ou açõesanteriores da sua experiência, pertence ao gênero de comportamento criador ou combinador. “O cérebro não é apenas o órgão que conserva e reproduz nossa experiência anterior, mas também é o que combina e reelabora, de forma criadora, elementos da experiência anterior, erigindo novas situações e novos comportamentos.”. Se eu entendo que minha memória é marcada por impressões, e se eu vou acessá-las de um novo lugar, um lugar combinatório e criador, eu estou na verdade produzindo novas situações, e aí eu estou na vivência. A vivência é isso, quando eu pego a experiência e não olho para a experiência como algo conservado meramente, mas a transformo em uma nova leitura, ou seja, eu vou vivenciar isso, e essa vivência me dá condição de criar uma nova situação e um novo comportamento, porque eu me dei conta que meu passado nada mais é que uma impressão na minha memória, e como impressão eu posso revê-la sem a necessidade de revivê-la. Se a minha capacidade de viver fosse só remetida à conservação da memória e reprodução, tudo que eu faria aqui seria só uma reprodução do que houve. Muitos dos nossos sofrimentos psíquicos são por conta dessa referência absoluta ao passado o tempo todo, como se o passado nos constituísse 100%. Mas o cérebro exige uma função vital que é a releitura do passado. É a atividade criadora que faz a propulsão da nossa vida no futuro, mas é criadora em cima do passado conservado, a partir do presente. Eu me incomodo com meu processo hc, com a padronização do comportamento, e aí vou buscar numa investigação séria sobre mim quais são essas experiências que deixaram essas marcas no meu processo hc, e eu faço isso a partir do presente. E eu só consigo fazer isso se eu fizer uma releitura, uma reedição apontada para o futuro, para eu sair do padrão. Imaginação -> atividade criadora -> combinação “A psicologia denomina imaginação ou fantasia a essa atividade criadora baseada na capacidade de combinação do nosso cérebro.” A imaginação, base de toda atividade criadora, manifesta-se, sem dúvida, em todos os campos da vida cultural, tornando igualmente possível a criação científica, a artística e a técnica. Tudo que nos cerca e que nos cerca que foi feito pelas mãos dos homens, é produto da imaginação e criação humana que nela se baseia. A gente tem 2 características de produção humana que evidencia nosso poder cultural enquanto humanos: de um lado os instrumentos e artefatos culturais e de outros os signos. Mesmo que você não seja artístico, você compõe dentro da humanidade como alguém capaz de participação na produção coletiva que são os instrumentos e artefatos culturais e os signos. Nesse sentido, quando a gente não domina, não toma consciência do que são, para que servem e como devem ser usados os instrumentos e artefatos culturais e os signos, a gente abre a mão desse segundo movimento do cérebro que é o da imaginação criadora. Então, instrumentalizar a vida com tudo aquilo que o ser humano já criou para ser usado na vida, tudo que criou para aumentar seu corpo qualitativo e quantitativamente, aumentar sua potência fazendo com que se libertar da natureza e transforme o que é natural em cultural, e ao mesmo tempo dominar os signos, as palavras, a construção dos pensamentos, é sim criar. Falar é criar, falar sobre as marcas do passado de uma outra maneira, de um outro lugar, criando uma interpretação nova para aquilo, é criar. Então, mesmo que você não seja artista, quando você fala sobre si, de um outro lugar, fazendo fazer sua experiência sair da conservação para uma nova interpretação, você está criando. Tudo que existe que foi criado pelo ser humano, na verdade é uma imagem coletivamente por várias pessoas, até que alguém consegue produzir aquilo como instrumento. Quando eu revisito a minha memória e faço uma releitura dela criando um comportamento novo e uma realidade nova, essa criação contribui com a criação coletiva. Porque tudo é coletivo nesse processo, as minhas marcas não foram feitas individualmente, foram feitas no coletivo. Para o senso comum, criação é o destino de alguns eleitos, gênios, talentos. A criação, na verdade, existe por toda parte em que o homem imagina, combina, modifica e cria algo novo. A brincadeira também é imaginação e criação. É claro que na brincadeira elas reproduzem muito do que viram, conservaram aquela impressão, mas esses elementos da experiência anterior nunca se reproduzem na brincadeira exatamente como ocorreram na realidade, então a brincadeira é uma reelaboração criativa dessas impressões vivenciadas, uma combinação dessas impressões e baseadas nela a construção de uma realidade nova que atende aos anseios da criança. AULA 4 As vivências trazem experiências que se conservam e que vão sendo usadas como material da imaginação. Como ocorre a atividade criadora de combinação? Complexidade -> Lentidão -> Gradação. Do simples ao complexo, em cada período da infância há uma característica de criação. A combinação depende de outras formas de atividade, em especial, do acúmulo de experiências. A imaginação não é um divertimento ocioso da mente, uma atividade suspensa no ar, mas uma função vital. No livro, Vigotski mostra 4 tipos de relação entre a atividade de imaginação e a realidade. Primeira relação entre a atividade de imaginação e a realidade, que é aquilo que já falamos: toda obra de imaginação constrói-se sempre de elementos tomados da realidade e da presentes na experiência anterior pessoa. A imaginação sempre se constrói com materiais absorvidos da realidade. A atividade criadora da imaginação depende diretamente da riqueza e da diversidade da experiência anterior da pessoa porque essa experiência constitui o material com que se criam as construções da fantasia. Segunda relação entre a atividade de imaginação e a realidade: o produto final da fantasia ou da imaginação com algum fenômeno complexo da realidade. Essa forma de relação torna-se possível somente graças à experiência ou social. A segunda relação fantasia- realidade é que eu posso imaginar a partir do que o outro conta, a partir da experiência alheia, ou da experiência social. É devido ao fato de que a minha imaginação não funciona livremente, mas orienta-se pela experiência de outrem, atua como se fosse por ele guiada, que se alcança tal resultado, isto é, o produto da imaginação coincide com a realidade. A pessoa não se restringe ao círculo e a limites estreitos de sua experiência, mas pode aventurar-se para além deles, assimilando a experiência histórica ou social alheias com a ajuda da imaginação. A nossa imaginação serve à nossa experiência. Há uma dependência dupla, mútua entre imaginação e experiência. Terceira relação entre a atividade de imaginação e a realidade: qualquer sentimento, emoção tende a se encarnar em imagens conhecidas correspondentes a esse sentimento. A emoção parece possuir a capacidade de selecionar impressões, ideias e imagens consonantes com o ânimo que nos domina num determinado instante. As nossas emoções fazem uma leitura daquilo que a gente está vivenciando nessa terceira relação. As imagens e as fantasias propiciam uma língua interna para o nosso sentimento. O sentimento seleciona elementos isolados da realidade, combinando- os numa relação que se determina internamente pelo nosso ânimo, e não externamente, conforme a lógica das imagens. É fácil entender que a fantasia guiada pelo fator emocional – pela logica interna do sentimento – constituirá o tipo de imaginação mais subjetivo, mais interno. A relação inversa também existe. “Todas as formas de imaginação criativa contêm em si elementos afetivos”. Isso significa que qualquer construção da fantasia influi, inversamente, em nossos sentimentos e a despeito de essa construção por si só não corresponder à realidade, todo sentimentoque provoca é verdadeiro, realmente vivenciado pela pessoa e dela se apossa. As emoções provocadas pelas imagens artísticas fantásticas das páginas de um livro ou do palco de teatro são completamente reais e vivenciadas por nós de verdade, franca e profundamente. Quarta relação entre a atividade de imaginação e a realidade: a sua essência consiste em que a construção da fantasia pode ser algo completamente novo, que nunca aconteceu na experiência de uma pessoa e sem qualquer correspondência com algum objeto realmente existente, no entanto, ao ser externamente encarnada, ao adquirir uma concretude material, essa imaginação “cristalizada”, que se fez objeto, começa a existir realmente no mundo e a influir sobre outras coisas. Mantém uma relação persuasiva, ágil e prática com a realidade porque, ao se encarnarem, tornam-se tão reais quanto as demais coisas e passam a influir no mundo real que os cerca. É quando temos diante de nós o círculo completo descrito pela imaginação que os dois fatores – intelectual e emocional – revelam-se igualmente necessários para o ato de criação. Tanto o sentimento quanto o pensamento movem a criação humana. Numa obra de arte, frequentemente encontramos justaposições de traços distantes uns dos outros e aparentemente desconexos, que, todavia, não são estranhos uns aos outros, como a ideia de dor de dente e de casamento, mas unidos por uma lógica interna. AULA 5 Para o Vigotski, a criação é o ato final do processo, e se dá em processo com vários atos. A imaginação é um processo extremamente complexo. O que denominamos de criação é, comumente, apenas o ato catastrófico do parto que ocorre como resultado de um longo período de gestação e desenvolvimento do feto. No início desse processo estão sempre as percepções externas e internas que compõem a base da nossa experiência. O que a criança vê e ouve são os primeiros pontos de apoio para sua futura criação. Ela acumula material com o qual será construída a sua fantasia. Segue-se então um processo complexo de reelaboração desse material, ou seja, não é exatamente como ela ouve ou como ela vê, ela pega essas impressões e isso vai ser reelaborado. Segue, então, a reelaboração desse material: a dissociação e a associação das impressões percebidas são parte importantes desse processo. A dissociação consiste em fragmentar esse todo complexo em partes. A dissociação é uma condição necessária para a atividade posterior da fantasia. Eu rompo com a realidade que percebi para organizar uma fantasia, e é necessário esse rompimento. Esse processo de dissociação está na base do pensamento abstrato, da formação de conceitos. Um conceito é um tipo real em referência à realidade, ele não é real, mas ele dá conta de determinados pontos da realidade, não quer dizer que existe de fato. O conceito é uma fantasia, e se você não é estimulado ou não consegue criar fantasias, provavelmente você terá dificuldade em formar conceitos. As marcas externas se modificam, se movem, morrem, vivem e isso tudo é feito internamente, o que eu recebo do mundo exterior eu modifico internamente de acordo com meus estímulos nervosos que são dinâmicos. Esse processo é de extrema importância em todo o desenvolvimento mental humano; ele está na base do pensamento abstrato, da formação de conceitos. A esse processo segue-se o de modificação a que se submetem os elementos dissociados. Tal processo de modificação ou de distorção baseia-se na natureza dinâmica dos nossos estímulos nervosos internos e nas imagens que lhe correspondem. As marcas das impressões externas são processos, movem-se, modificam-se, vivem e morrem. Nesse movimento está a garantia de sua modificação sob a influência de fatores internos que as distorcem e reelaboram. O momento subsequente é a associação, a união dos elementos dissociados e modificados, a combinação de imagens individuais. Falando apenas do aspecto interno da imaginação (sem falar da parte em que a imaginação se encarna ou se cristaliza em imagens externas), indicaremos os fatores psicológicos de que depende o andamento de cada um daqueles processos. O primeiro é a necessidade do homem de se adaptar ao meio que o cerca. Na base da criação há sempre uma inadaptação da qual surgem necessidades, anseios e desejos. A existência de necessidades ou anseios põe em movimento o processo de imaginação. A ação de outro fator, mais precisamente do meio circundante, é muito menos evidente e, por isso, bem mais importante. Nenhuma invenção e descoberta científica pode surgir antes que aconteçam as condições materiais e psicológicas necessárias para o seu surgimento. As classes privilegiadas detêm um percentual incomensuravelmente maior de inventores...porque exatamente nessas classes estão presentes todas as condições necessárias para a criação. E uma dessas condições é a existência de uma classe desprivilegiada. Resumindo: até aqui a gente pôde ver o quanto Vigotski coloca o peso da criação nessa relação externo-interno na não passividade do indivíduo na criação, na conservação das imagens, porque a gente não conserva do jeito que a gente recebe, a gente conserva selecionando, a memória faz close, aumenta coisas e diminui coisas, não é um processo biológico, fisiológico, é um processo social, a gente faz isso enquanto ser humano, essa manipulação de memória para poder conservação, e também somos ativos na dissociação, na modificação, na associação e na composição da fantasia. Além de selecionarmos a memória, a gente a dissocia, faz ela ficar moída, desfiada, e nesse desfiar que a gente vai combinar como se fosse uma colcha de retalhos, e em um dado momento ela volta para a realidade, a gente a devolve para a realidade. Isso nada mais é do que Vigotski explicando como o método dialético na nossa imaginação. O nosso modo de criar, nosso modo de imaginar, é dialético. Ela absorve a tese, ele desfia essa tese criando uma antítese e devolve para realidade uma síntese, que é a fantasia. AULA 6 A imaginação da criança, como está claro de acordo com o que Vigotski fala na página 46, não é mais rica, e sim mais pobre que a do adulto; ao longo do processo de desenvolvimento da criança, desenvolve-se também a sua imaginação, atingindo a sua maturidade somente na idade adulta. Por que então os adultos param de fantasiar? Se tudo está relaciona às vivências, experiências do indivíduo, o que teria acontecido nesse meio que o adulto vivencia sua vida que está impedindo que esse indivíduo fantasie e imagine? Considerar não só a falta de imaginação e fantasia como sendo produto do tipo de vida que a gente tem, do modo de vida, mas também considerar que a falta de fantasia e imaginação pode estar apontando para sérias questões psíquicas. A criança é capaz de imaginar bem menos que o adulto por conta da falta de vivência da criança, no entanto, ela confia muito mais no que ela imagina do que o adulto, ao mesmo tempo que ela controla muito menos a imaginação. Então, a questão anterior sobre o modo de vida, que poderia estar imaginando os adultos de imaginar e fantasiar, e isso poderia estar associado a algumas questões psíquicas, começa a ser respondida aqui quando Vigotski diz que não é só isso, o adulto também controla mais a imaginação por causa da razão. Spinoza é muito crítico da imaginação. Para ele, a imaginação é um ponto fraco do ser humano, porque ele acha que tudo tem que ser levado ao crivo da razão, e qualquer imaginação ele entende como sendo uma superstição, uma fantasia, uma fraqueza do pensamento humano. E aí Vigotski diz que a imaginação sem a razão é uma característica da infantilidade. A imaginação e a fantasia sem o crivo da razão é uma característica da infantilidade. Neste sentido, eles estão em acordo apesar do Spinoza ser contra a imaginação de modo geral, aqui, pareceque Vigotski dá uma solução para o que Spinoza dizia. Não é problema imaginar ou fantasiar, desde que isso seja sob o controle da razão, como será na idade adulta. Depois que as linhas da imaginação e criação se cruzam, “a atividade da imaginação continua, mas previamente modificada: a imaginação adapta-se às condições racionais, já não é imaginação pura, e sim, mista.”. No entanto, não é assim em muitas pessoas, porque em muitas o desenvolvimento assume outra variante, que é a curva MN¹ que decresce no gráfico com rapidez e assinala a queda ou retraimento da imaginação. Para Ribot, esse é o caso mais comum. “Apenas os ricamente dotados de imaginação são exceção; a maioria, aos poucos, entra na prosa da vida prática, enterra os sonhos da sua juventude, considera o amor uma quimera, etc. Mas isso é uma regressão e não um aniquilamento, porque a imaginação criadora não desaparece em ninguém, apenas transforma-se em casualidade.” A gente pode estar parando de imaginar e fantasiar por conta do meio e do modo de vida que temos, e isso pode ter repercussões psíquicas, que podem ser apresentadas nessa estabilidade e instabilidade da mente que ele fala no trecho na parte 50, que é a não adequação dessa mente às novas características do indivíduo, que são as características de um adulto. Por isso que grande parte das questões psíquicas se desenrolam no final da adolescência e início da juventude. Exatamente esse período que a crise de transição está acontecendo para a vida adulta, e a falta de adequação nisso cria muita instabilidade. Se esse meio que o indivíduo convive, vivencia, for desordenado, sem os processos claros, sem afetividade necessária, essa instabilidade aumenta. Na página 51, ele fala de uma fase da adolescência em que a atividade de imaginação mais difundida e popular é a literária. Mas, depois, rapidamente ocorre de novo o processo de retração do interesse pela criação literária (assim como já tinham perdido interesse em outra fase pelos desenhos, pelos contos de fada), e entram numa fase crítica. Nessa mesma época, apresentam-se dois tipos principais de imaginação: a plástica e a emocional, ou a imaginação externa e interna. A imaginação plástica usa predominantemente os dados de impressões externas, ou seja, referências dos quais você tem impressões, não precisa ter certeza, descrição, você tem são referências e dessas referências você tem impressões. A imaginação emocional, pelo contrário, se constrói por elementos tomados de dentro, que são impressões, referências que se transformam em imaginação emocional. Ou seja, se você não tiver o crivo da razão, as impressões sobre referências se transformam em emoções. A esse respeito, é necessário indicar o duplo papel que a imaginação pode desempenhar no comportamento do ser humano. Tanto pode levar a pessoa para a realidade, quanto distanciá-la dela.
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