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Unidade IV

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Responsável pelo Conteúdo: 
Profª. Rossana Perillo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Crédito Público 
Nesta Unidade falaremos sobre Crédito Público. Este tema é 
de extrema importância, dado a importância que as operações 
de créditos alcançaram no orçamento público. Mais uma vez 
peço que gerencie seu tempo de estudo, leia o material e faça 
as atividades que estão propostas na plataforma Blackboard. 
Programe-se e não deixe as atividades para última hora. 
Nesta Unidade IV os temos seguintes objetivos: 
 Dotar os estudantes de conhecimentos básicos sobre o 
crédito público, em especial sobre sua evolução 
histórica e sua classificação (empréstimos, dívida 
pública, internos e externos, forçados e voluntários, 
etc). 
 
Atenção 
Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar 
as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma. 
 
 
 
 
 
 
 
Depois da Segunda Guerra Mundial, 
o endividamento público tornou-se uma das 
principais preocupações das economias 
capitalistas. Hoje, a política econômica tem 
como fundamental função a redução do 
déficit público. 
A dívida pública significa o conjunto 
de compromissos firmados pelo Estado com 
terceiros, ou seja, o resultado das operações 
de crédito contratadas pelo Estado. 
Como vimos nas unidades anteriores, o objetivo da atividade financeira do Estado é a 
satisfação do bem comum. Para que isso ocorra, o Estado necessita de dinheiro. Hoje a 
receita tributária é uma das principais fontes de receita do Estado, porém muitas vezes, as 
fontes de arrecadação de recursos do Estado não são suficientes para que este faça todos os 
investimentos que a população necessita. E por isso, o Estado se utiliza dos créditos públicos 
para compor os recursos que serão investidos. 
Porém, a cada empréstimo contratado o Estado, automaticamente, se endivida. Isso 
por que a cada registro efetuado no ativo há registro equivalente no passivo. 
As operações de crédito público constituem-se em uma obrigação bilateral, onde duas 
partes convencionam os termos do contrato e assinam, só que no presente caso, sempre um 
dos polos será o Poder Público. 
Nesta unidade veremos um pouco da história do crédito público, sua relevância no 
cenário econômico, natureza jurídica, classificações e diversos outros pontos relevantes sobre 
o tema. 
Importante se faz o estudo desta matéria, pois, dotará o estudante de conhecimento 
que irá possibilitar uma maior fiscalização e acompanhamento da ação do Estado quanto ao 
endividamento público. 
 
 
Contextualização 
 
 
 
 
 
1. CRÉDITO PÚBLICO 
O termo crédito tem origem do latim creditum, que por sua vez se origina da palavra 
credere, que tem como significado confiança. Logo, temos que crédito é confiança. 
A Constituição Federal possibilitou ao Estado efetuar operações de crédito em geral, 
sob as mais diversas modalidades e, ao mesmo tempo, permitiu que a lei orçamentária anual 
de cada entidade política previsse a contratação de operações de crédito por antecipação de 
receitas (§ 8º do art. 165). E mais, para assegurar o exercício dessa faculdade excepcionou da 
proibição de vincular as receitas de impostos a órgãos, fundos ou despesas permitindo, 
expressamente, a prestação de garantia na contratação dessas operações de crédito (art. 167, 
IV da CF). 
1.1. BREVE HISTÓRICO 
Encontramos relatos na história que desde a antiguidade já se falava em crédito 
público. 
Harada narra que tem relatos históricos onde Cartago tomava dinheiro emprestado de 
romanos ricos para custear indenizações impostas após a guerra de Zama. 
Na Idade Média era comum esse tipo de negociação. Só que o empréstimo em 
dinheiro, até os primeiros séculos da Idade Moderna, era considerado negócios entre os 
príncipes. Não tinha cunho hereditário, a dívida era pessoal e intransferível. 
Já na época moderna, quando começou ocorrer a separação entre os bens do Rei e os 
bens estatais, o empréstimo público passou a ser um processo financeiro do Estado, e 
principalmente, passou a ser controlado pelos representantes do povo. 
Hoje, o empréstimo público é de extrema importância para a vida financeira do 
Estado, pois constitui-se uma fonte de alcance das finalidades públicas. 
 
 
Material Teórico 
 
 
1.2. CONCEITO 
 
Na definição de Lafayete Josué Petter (Direito Financeiro, ed. 4, 2009), crédito público é 
“como um processo financeiro consistente em vários métodos de obtenção de dinheiro 
pelo Estado, sob a condição de devolver, em geral, acrescido de juros e dentro de um 
determinado prazo preestabelecido”. 
 
A doutrina em geral se utiliza indistintamente das expressões empréstimo público, 
crédito público e dívida pública. 
Outra parte defende que a expressão crédito público é mais abrangente do que 
empréstimo público. O crédito público teria duplo sentido, tanto para as operações que o 
Estado recebe dinheiro como os casos em que fornece dinheiro para terceiros. O empréstimo 
público se configuraria apenas nos casos onde o Estado recebe pecúnia sob promessa de 
devolvê-lo no futuro, normalmente corrigido por juros. Já a Dívida Pública abrange os 
empréstimos captados no mercado financeiro interno ou externo, através de contratos 
assinados com bancos e instituições financeiras ou do oferecimento de títulos ao público em 
geral. A dívida pública nada mais é do que o resultado de um empréstimo público. 
Neste material, por considerarmos que no ato da operação de crédito público ou 
empréstimo público o Estado automaticamente cria uma obrigação denominada dívida 
pública, trabalharemos Crédito, Empréstimo e Dívida como sinônimos. 
 
1.3. NATUREZA JURÍDICA DO CRÉDITO PÚBLICO 
Na doutrina brasileira encontramos basicamente 3 correntes sobre a natureza jurídica 
do crédito público. 
1. Teoria Ato de Soberania: defende que o empréstimo público é um simples ato de 
soberania, que se configura apenas um ato unilateral do Estado resultado do poder de 
autodeterminação e auto obrigação, e assim, não estando sujeito a qualquer tipo de controle, 
inclusive jurisdicional, não havendo nada que obrigue o Estado a cumprir com suas obrigações 
quanto ao pagamento. 
2. Teoria Ato Legislativo: defende que o empréstimo é um resultado de um ato do legislativo, 
pois as partes só poderiam aderir aquilo que está estabelecido na lei. Ao contrário da teoria do 
ato de soberania, o Estado estaria sujeito a lei que ele mesmo elaborou. Esta teoria não deixa 
de considerar o crédito público como um contrato. 
3. Teoria Contratual: defende que se trata de um contrato, sendo mútuo, com prazo certo a 
restituir os valores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.4. CRÉDITO PÚBLICO X RECEITA PÚBLICA 
Para doutrina majoritária, crédito público não pode ser confundido com receita 
pública. Isso por que o crédito público não aumenta o patrimônio público, pois ao entrar em 
caixa automaticamente terá sua correspondência no passivo estatal. Ou seja, cada soma que 
entra nos cofres públicos, a título de empréstimo público, corresponde a um dever de 
restituição do valor dentro de prazo determinado. Já a receita pública, como já foi dito em 
Unidade anterior, corresponde ao ingresso de recursos aos cofres públicos, sem qualquer 
contrapartida, que se incorporam de forma definitiva ao patrimônio estatal. 
Vale ressaltar que o empréstimo público perdeu o seu caráter de medida extraordinária 
para não contrariar o Princípio da Exclusividade, que proíbe que tenha na Lei Orçamentária 
dispositivo estranho a previsão de receita e autorização de despesa. 
Hoje se tornou uma operação pela qual o Estado recorre ao mercado interno ou 
externo em busca de recursos dos quais necessita, devido, em regra, a insuficiência da 
arrecadação tributária, assumindo a obrigação de devolvero capital nas condições por ele 
fixadas e por isso alguns doutrinadores caracterizam os empréstimos como receitas impróprias. 
Essa classificação também se dá por encontrarmos a Contratação de Crédito se encontrar na 
classificação contida na Lei 4320/64 como Receitas de Capital. 
Observe que o empréstimo distingue-se dos tributos por não ter caráter compulsório. 
Em regra, os tributos não possuem promessa de devolução, ao contrário dos empréstimos 
públicos que o Estado sempre assume a obrigação restituir o capital acrescido das vantagens e 
nas condições determinadas. 
 
Diálogo com o Autor 
A teoria aceita pela maior parte da doutrina é que a natureza jurídica do crédito público é 
contratual. 
Geraldo Ataliba, defensor da tese contratualista conceitua Crédito Público como “contrato pelo qual 
alguém transfere a uma pessoa pública- seja ela política ou meramente administrativa- certa quantia 
de dinheiro, com a obrigação desta de entregar igual quantia de dinheiro, com ou sem vantagens 
pecuniárias, no prazo convencionado.” 
 
 
1.5. CONTRATAÇÃO DO CRÉDITO PÚBLICO 
Na contratação do empréstimo público devem ser observadas algumas condições 
impostas, mesmo porque se trata de um contrato de direito público, senão vejamos: 
 Deve haver previsão orçamentária; 
 Exige disposição legal específica do órgão legislativo solicitante; 
 Há obrigatoriedade de autorização e controle do Senado; 
 Necessária a finalidade pública; 
 É possível alteração unilateral de determinadas cláusulas, se assim estiver previsto na lei; 
 Há sujeição a prestação de contas; 
 Pode haver rescisão unilateral em caso de resgate antecipado; 
Por força do art. 32 da Lei de Responsabilidade Fiscal, Lei Complementar n°101/2000- 
LRF, é vedada a realização de operação de crédito entre um ente da Federação, diretamente 
ou por intermédio de fundo, autarquia, fundação ou empresa estatal dependente, e outro, 
inclusive suas entidades da administração indireta, ainda que sob a forma de novação, 
refinanciamento ou postergação de dívida contraída anteriormente. 
Temos como exceção a essa vedação as operações entre instituição financeira estatal e 
outro ente da federação, inclusive suas entidades da administração indireta, que não se 
destinem a financiar, direta ou indiretamente, despesas correntes e refinanciar dívidas não 
contraídas junto à própria instituição concedente. 
Já no art. 12 da LRF, encontramos dispositivo que veda a contratação de operação de 
crédito que exceda as despesas de capital, salvo as autorizadas mediante créditos 
suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovada por maioria absoluta. Tal 
vedação visa coibir o desequilíbrio orçamentário. 
A LRF, determina que ao Ministério da Fazenda cabe o controle do cumprimento das 
condições e vedações das operações de crédito. 
 
1.6. CLASSIFICAÇÃO DO CRÉDITO PÚBLICO 
As classificações recorrentes na doutrina são: 
1.6.1. Quanto ao Prazo: Empréstimo perpétuo e empréstimo temporário 
Os empréstimos perpétuos são aqueles sem previsão de restituição, por parte do 
Estado, do capital principal. Prevê apenas o pagamento de juros ou rendas, indefinidamente. 
São divididos em remíveis e irremíveis. 
 
 
Os remíveis são aqueles que o Estado reserva-se o direito ou faculdade de reembolsar 
quando quiser. São representados por títulos da dívida pública, negociáveis em bolsa (cotação 
variável). Os irremíveis são aqueles onde não há previsão de reembolso (reembolso 
impossível). 
Os empréstimos temporários são aqueles com prazo definido para resgate. Podem ser a 
curto prazo, também chamados “operações de crédito por antecipação de receita”, com 
reembolso previsto dentro do período financeiro em que são celebrados, onde visam, 
sobretudo, cobrir déficits transitórios decorrentes da falta de sincronia entre receitas e 
despesas, diminuir o poder de compra, visando atenuar o processo inflacionário. 
1.6.2. Quanto ao local de contratação: Empréstimos Internos e Empréstimos Externos 
Empréstimos internos são aqueles obtidos pelo ente público dentro do território 
nacional, em moeda nacional e em conformidade com a legislação de regência pátria. Os 
empréstimos internos dão origem à dívida interna. 
Já os empréstimos externos são aqueles obtidos no exterior, em moeda estrangeira, 
com uma pessoa não nacional, regido pelo Direito Público Internacional. Podem ser crédito 
estrangeiro, que é aquele que o Estado celebra o contrato em moeda estrangeira, com pessoa 
não nacional definida ou crédito internacional que é aquele fornecido por instituições 
multinacionais, plurinacionais ou internacionais, que não são vinculadas a nenhum país 
determinado. O Empréstimo Externo dá origem à dívida externa. 
1.6.3. Quanto à Compulsoriedade: Empréstimo Compulsórios e Empréstimos 
Voluntários 
Empréstimo Compulsório ou Crédito Forçado é considerado uma forma imprópria de 
crédito público, não necessita da anuência do prestamista, já que jungido a um regime jurídico 
de direito público (ato de império). 
No nosso ordenamento existem as antecipações tributárias, como forma de obtenção 
de crédito forçado, como, por exemplo, impostos: IPI, IRPF. Há, também, o empréstimo 
compulsório – artigo 148 da CF. 
Os outros meios (técnicas) para obtenção de créditos compulsórios se embasam na 
retenção/manipulação dos depósitos em dinheiro que as pessoas fazem nas instituições 
financeiras e bancárias, bem como na emissão do papel moeda e de títulos e bônus do 
Tesouro. 
Em síntese, temos três meios de que se vale o Estado para obtenção de créditos 
compulsórios: 
 
 
 
 Antecipação tributárias – ARO’s; 
 Retenção/manipulação dos depósitos em dinheiro que as pessoas fazem nas instituições 
financeiras e bancárias; 
 Emissão do papel moeda e de títulos e bônus do Tesouro. 
 
A “ARO’s” (antecipação de receitas orçamentárias) permite que o Estado realize 
empréstimo de curto prazo a ser devolvido no mesmo exercício financeiro para suprir o déficit 
de caixa. Deve ser classificada como receita Extra-Orçamentária. 
A ARO’s destina-se a atender insuficiência de caixa durante o exercício financeiro e 
cumprirá as exigências previstas no art. 32 (já citadas no item 1.5) e mais as seguintes: 
 Realizar-se-á somente a partir do 10° dia do início do exercício; 
 Deverá ser liquidada, com juros e outros encargos incidentes, até dia 10/12 de cada 
ano; 
 Não será autorizada se forem cobrados outros encargos que não taxa de juros da 
operação, obrigatoriamente prefixada ou indexada à taxa básica financeira ou a que vier a 
essa substituir; 
 Será vedada a contratação no último ano de mandato de Presidente da República, 
Governadores e Prefeitos, e enquanto existir operação pendente. 
Trata-se de uma exceção ao princípio da vedação da vinculação do produto de 
arrecadação de impostos a órgãos, fundos ou despesas (art. 167, IV da CF), permitindo a 
utilização de receitas futuras como instrumento de garantia. 
As operações de crédito em geral são definidas por exclusão, vale mencionar, são as 
que não se enquadram nas operações de crédito por antecipação de receitas, correspondendo 
aos empréstimos de longo prazo que visam atender, via de regra, despesas de capital 
(investimentos, inversões financeiras e transferências de capital). 
Vale ressaltar que a escolha do agente financeiro que irá efetuar a operação se dará por 
meio de processo competitivo eletrônico, leilão, promovido pelo Banco Central. O Banco 
Central acompanhará o saldo em aberto, e no caso de inobservância dos limites, aplicará as 
sanções cabíveis à instituição credora. 
O autor Régis Fernandes de Oliveira defende que a figura do Empréstimo Compulsório 
deve ser excluída do tema Empréstimo Público, pois aquele não pode ser considerado 
 
 
empréstimo por ser compulsório, e não pode ser compulsório se é empréstimo, o que 
descaracterizaria o mútuo. 
O empréstimo voluntário (crédito público próprio) deriva da autonomia das vontadese 
reflete a convergência do Estado e do prestamista que objetiva, além da devolução do 
dinheiro no prazo estipulado, o pagamento dos juros e a atualização monetária, se for o caso. 
1.6.4. Quanto à Competência: Federal, Estadual e Municipal. 
 Federal: empréstimo público tomado pela União. 
 Estadual: empréstimo público realizado pelo Estado-membro. 
 Municipal: empréstimo público feito pelo Município. 
 
1.6.5. Dívida Pública Flutuante e Dívida Pública Fundada 
Dívida pública flutuante, segundo glossário STN, é “a contraída pelo Tesouro Nacional, 
por um breve e determinado período de tempo, quer como administrador de terceiros, 
confiados à sua guarda, quer para atender às momentâneas necessidades de caixa. Segundo a 
Lei nº 4.320/64, a dívida flutuante compreende os restos a pagar, excluídos os serviços de 
dívida, os serviços de dívida a pagar, os depósitos e os débitos de tesouraria”. Normalmente 
atinge somente o âmbito interno, pois considera-se como uma dívida administrativa, pois os 
recursos são utilizados para a satisfação de necessidades imediatas do erário, provenientes de 
despesas imprevistas. 
Dívida pública fundada ou consolidada é aquela que compreende compromisso de 
exigibilidade superior a 12 meses. Corresponde ao total das obrigações financeiras assumidas 
em virtude da Constituição, Leis, contratos, convênios ou tratados e da realização de 
operações de crédito. Normalmente visa atender a desequilíbrio orçamentário ou a 
financiamento de obras e serviços públicos, que dependem de autorização legislativa para 
amortização ou resgate. 
A LRF ampliou o conceito de Dívida Fundada ao determinar que também integram a 
dívida pública consolidada as operações de crédito de prazo inferior a doze meses cujas 
receitas tenham constado do orçamento e que os precatórios judiciais não pagos durante a 
execução do orçamento em que houverem sido incluídos integram a dívida consolidada, para 
fins de aplicação dos limites. 
Divide-se em dívida pública fundada interna e externa. A interna é aquela que 
compreende os compromissos contraídos dentro do país. A externa é aquela onde os 
empréstimos são contratados ou lançados no exterior. 
 
 
O não pagamento, pelos Estados e Municípios, da dívida fundada, por mais de dois 
anos consecutivos, sem motivo de força maior, enseja a intervenção da União e do Estado, 
nos termos dos artigos: 34, V, alínea “a” e 35, I, ambos da Carta Magna. 
 
1.6.6. Dívida Pública Contratual e Mobiliária 
Dívida Contratual é aquela que inclui cartas de intenções, memorandos e programação 
de metas macroeconômicas com as Instituições Financeiras Multilaterais (IFM’s). 
A Dívida Mobiliária do governo central é aquela que corresponde ao total de títulos 
públicos federais emitidos pelo Banco Central e pelo Tesouro Nacional que estão em poder do 
setor privado. A dívida Mobiliária dos governos estaduais e municipais corresponde ao total 
de títulos emitidos pelos respectivos Tesouros Estadual e Municipal, incluindo os títulos 
emitidos para pagamento de precatórios. 
1.6.7. Dívida Administrativa e Dívida Financeira 
A dívida administrativa resulta do desempenho das finalidades próprias dos ramos da 
Administração Pública e não necessita de lei especial para ser contraída. Já a dívida financeira 
é resultado de um empréstimo público devidamente autorizado em lei especial. 
 
1.7. CRÉDITO PÚBLICO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
 Art. 22, VII, da CF: é de competência da União a política de crédito do Estado; 
 Art. 52, V a XI da CF: é de competência exclusiva do Senado a fiscalização; 
 Art. 163 CF: é reservado à lei complementar dispor sobre crédito público; 
 Art. 26 e 33 do ADCT; CPI da dívida pública e autorização de expedição de títulos da dívida 
pública para pagar precatórios anteriores à CF/88; 
 Art. 182, §4º, inc. III e art. 184 da CF: títulos da dívida pública para fazer face à desapropriação 
para fins de reforma urbana ou de reforma agrária; 
 Arts. 34, V, “a” e 35, I, da CF/88: hipóteses de intervenção federal ou estadual no caso da dívida 
fundada não ser paga em até dois anos. 
 
Cabe à União determinar a política a respeito dos empréstimos públicos, bem como 
realizar a fiscalização das operações. 
O Congresso Nacional detém a competência legislativa genérica sobre o tema (art. 48, 
II da CF). Além desta legislação, há necessidade de que o Senado Federal fixe os limites 
globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União, Estados, do DF 
e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo Poder Público (art. 
52, VII da CF). 
1.7.1. Princípios do Crédito Público 
 
 
Além dos princípios gerais da Administração que se encontram previstos no "caput" do 
art. 37 da Constituição Federal – legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e 
eficiência – devemos observar a relevância de serem aqui descritos os princípios da 
transparência e seriedade. 
Esses princípios, junto com os que estudamos na Unidade III, regulam o que podemos 
chamar de “sistema constitucional financeiro” e se apresentam voltados à disciplina da 
atividade financeira pública. 
Passemos, então, a tecer breves comentários, com base nos ensinamentos do Prof. Ricardo 
Lobo Torres, sobre esses princípios: 
 Legalidade: é o responsável por exprimir a obrigatoriedade que terá a Administração Pública, na figura 
do gestor público, de ver-se sujeitado à formalidade das prescrições legais; ou seja, no que cabe aos 
créditos públicos é o princípio que determina que a origem dos créditos públicos deverá, 
necessariamente, ser regulada por leis federais específicas e que somente poderão ser tomados nos 
moldes legais fixados por tais leis; 
 Impessoalidade: é caracterizado por forçar a Administração para que esta observe, nas suas decisões, 
os critérios objetivos previamente estabelecidos na norma legal – em função da obrigatoriedade na sua 
vinculação – afastando a discricionariedade do Administrador e a possibilidade de subjetivismos na 
condução dos atos públicos; ou seja, não deve o gestor público agir em prol de interesses pessoais, 
devendo agir sempre com impessoalidade, o que é fundamental, quando se tem o poder de contratar 
empréstimos de assombrosos valores; 
 Moralidade: defende-se que a moralidade não necessitaria estar prevista em qualquer lei para ser 
passível de ser exigida do Administrador Público – pois, não terá qualquer lei o condão de fazer nascer, 
fazer surgir a moral em um indivíduo; afinal nascemos já dotados ou não desse atributo, vez que o 
mesmo é intrínseco ao caráter de cada ser humano. Assim, apesar de elevada ao "status" de princípio, a 
moralidade, em verdade, deveria ser vista tão somente como um atributo necessário e até mesmo 
indissociável da tarefa de qualquer cidadão que venha a exercer quaisquer das funções públicas, em 
especial aquelas relacionadas com a responsabilidade pelo desembolso ou arrecadação das verbas 
públicas, o que se adequa perfeitamente ao assunto em estudo: os créditos públicos; 
 Publicidade: consiste em fazer com que através da divulgação dos atos emanados da Administração 
Pública todos tenham conhecimento das ações do Estado. 
 Eficiência: refere-se à possibilidade que o Estado tem de equacionar para obter maiores e melhores 
resultados. Pode ser traduzido pelo equacionamento das receitas e despesas públicas, é o controle fiscal, 
com maior eficiência, para minimizar gastos e maximizar resultados, com o melhor aproveitamento do 
crédito público disponível; 
 Transparência: podendo ser confundido com o princípio da publicidade, esse princípio faz com que no 
orçamento público constem, expressa e claramente, todos os empréstimos assumidos pelo Estado, de tal 
forma que sejam de conhecimento amplo; 
 Seriedade: que poderia, em uma primeira e rápida análise, ser confundido com o princípio da 
moralidade, na verdade vem querer significar a gravidade do comprometimento do Estado e quedeve 
ser considerado para que se honre o compromisso assumido com o credor do crédito público – decerto 
que, para tanto, fundado no princípio da moralidade pública. Assim, honrando-se a seriedade do 
negócio jurídico pactuado, torna-se irretratável a promessa assumida pelo Estado com a contratação do 
empréstimo, sendo ainda assegurada a restituição do crédito tomado, acrescido dos juros contratados. 
 
 
 
1.8. ETAPAS DA FORMALIZAÇÃO DO CRÉDITO PÚBLICO 
I. Resolução do Senado: autorização financeira do Senado para a feitura do empréstimo; 
II. Promulgação da lei autorizadora: feita pelo Congresso Nacional autorizando o Poder Executivo a 
emitir os títulos ou fazer o contrato de mútuo; 
III. Contrato de mútuo ou títulos da dívida pública: efetiva-se com a emissão dos títulos pelo Poder 
Executivo ou com a contratação do mútuo bancário. 
 
1.9. FORMAS DE EXTINÇÃO DO CRÉDITO PÚBLICO 
1.9.1. Amortização 
É a forma mais comum de extinção dos empréstimos. Ocorre com o pagamento 
sucessivo das parcelas do empréstimo até o resgate total e pode-se efetuar através da compra 
de papéis no mercado ou diretamente junto ao credor na forma de pagamento. 
As formas clássicas de pagamento, de resgate do empréstimo público são: 
 Todos os títulos são resgatados simultaneamente na data do vencimento; 
 Pagamento em série por meio de sorteios periódicos; 
 Por meio do pagamento de rendas vitalícias; 
 Através de saldos orçamentários (o Estado compra seus próprios títulos na Bolsa, geralmente 
quando a cotação está abaixo do valor nominal). 
 
1.9.2. Conversão 
Quando o Estado modifica as condições anteriores do empréstimo público; depende da 
aquiescência do credor. É forma de extinção parcial da Dívida Pública. O que foi negociado 
está extinto. 
Baleeiro diz que “Conversão é a alteração feita pelo Estado, após a emissão, de 
qualquer das condições fixadas para a obtenção do crédito público, objetivando 
diminuir a carga anual do encargo que ele tem de suportar, em contrapartida à 
subscrição”. Ainda classifica a Conversão em três tipos: 
 FORÇADA: “em que o Estado impõe ao mutuante a substituição do título primitivo por um 
novo, que oferece menor vantagem que o anterior, podendo tal imposição ser feita 
indiretamente, quando, por exemplo, o Estado não obriga a referida substituição, mas decreta a 
caducidade dos títulos que não forem substituídos; tal modalidade de conversão atenta contra o 
direito adquirido do mutuante e é repelida nos países em que os tribunais controlam a 
constitucionalidade das leis”. 
 FACULTATIVA: o Estado não obriga à substituição do título, ele concede ao mutuante, sem 
exercer qualquer forma de coação, a possibilidade de escolher trocar seu título primitivo por 
um novo, que não lhe retira nenhuma vantagem e ainda lhe oferece um juro maior ou de 
permanecer com o título antigo. 
 
 
 OBRIGATÓRIA: o Estado oferece ao mutuante o direito de opção que consiste no reembolso 
do valor do título primitivo (descontados juros) ou na troca por outro título que oferece uma 
vantagem menor. 
 
1.9.3. Repúdio 
Pode ser chamado de calote. Ocorre quando o Estado não reconhece a dívida 
assumida pelos regimes não políticos, não consolidados ou mediante atos de corrupção. 
1.9.4. Compensação 
Ocorre quando o Estado deve a uma pessoa e essa pessoa também deve ao Estado, 
porém o CTN exige para a compensação lei específica autorizando tal feito. É uma 
peculiaridade que só existe na compensação. 
 
2. BANCO CENTRAL 
O Banco Central tem papel fundamental nas finanças públicas, em especial por conta 
do monopólio da emissão da moeda, da compra e venda de títulos do Tesouro Nacional e 
dos depósitos das disponibilidades de caixa da União. 
 Emissão de moeda: 
O BC tem o monopólio de emissão de moeda, bem como de câmbio. Não se incluem 
no conceito de moeda os títulos de crédito ainda que emitidos pelo Governo, nem os 
depósitos e reservas bancárias. 
 Compra e venda de Títulos do Tesouro Nacional: 
O art. 164 §2º da Constituição Federal autoriza o BC a comprar e vender títulos do 
Tesouro nacional com o objetivo de regular a oferta de moeda ou a taxa de juros. 
 Depósito dos poderes públicos: 
 As disponibilidades de caixa da União devem ser depositadas no BC, enquanto as dos 
Estados, Municípios e outros órgãos ou entidades do Poder Público, devem 
OBRIGATORIAMENTE ser depositadas em instituição financeira oficial. 
É a autoridade monetária que controla os efeitos financeiros e executa a política 
monetária e cambial do país. É instituição central de autoridade e controle monetário e 
creditício. Principal fonte das normas, que não leis, sobre o sistema financeiro público e 
privado e das operações de crédito dos entes da Federação. 
O Banco Central tem papel acentuado no contexto da Lei de Responsabilidade Fiscal. 
Logo no Art. 7º é definida a integração do resultado do Banco Central, apurado após a 
constituição ou reversão das reservas como receita do Tesouro Nacional. O resultado negativo 
 
 
constituirá obrigação do Tesouro para com o Banco, consignado em dotação específica no 
orçamento. O impacto e o custo fiscal das suas operações deve ser demonstrado 
trimestralmente evidenciando o cumprimento da LDO. Noventa dias após o encerramento do 
semestre também apresentará perante as Comissões temáticas respectivas no Congresso, além 
dos balanços, a avaliação do cumprimento das metas das políticas monetária, creditícia e 
cambial (Art. 9, § 5º). 
Como já vimos, na definição da dívida pública mobiliária inclui-se na representação 
dos títulos emitidos pela União, do próprio Banco Central, e os da dívida dos Estados e 
Municípios (Art. 29). O Art. 39 define as operações com o Banco Central. Elas estão sujeitas 
às vedações de operações de crédito entre um ente da Federação e outro, por via de fundo, 
autarquia, fundação, empresa estatal dependente e outras entidades da administração direta e 
indireta, mesmo sob a forma de renovação, refinanciamento o postergação (Art. 35). 
Acrescenta-se a estas as vedações à compra de títulos da dívida na data da colocação no 
mercado, exceto pelo refinanciamento do estoque de Letras, Série Especial, existente na 
carteira das instituições financeiras. 
Estão vedadas ainda as permutas, mesmo que temporárias, de título da dívida de ente 
da Federação e a concessão de garantia (Art. 39). Os títulos da Carteira do Banco Central não 
podem ser adquiridos pelo Tesouro Nacional, ainda que com cláusula de reversão, exceto 
para redução da dívida mobiliária. 
 
3. FMI e BIRDE 
Com a criação do Fundo Monetário Internacional- FMI e Banco Interamericano de 
Reconstrução e Desenvolvimento Econômico- Bird, inaugurou-se uma nova fase nas 
operações de crédito externo. 
3.1. FMI 
O FMI tem como finalidade manter um bom funcionamento do sistema financeiro 
mundial, estimulando a cooperação monetária no âmbito internacional. 
Tem como principais objetivos: 
 Promover a cooperação monetária internacional, fornecendo um mecanismo de consulta e 
colaboração na resolução dos problemas financeiros; 
 Favorecer a expansão equilibrada do comércio, proporcionando níveis elevados de 
emprego e trazendo desenvolvimento dos recursos produtivos; 
 Oferecer ajuda financeira aos países membros em dificuldades econômicas, emprestando 
recursos com prazos limitados; 
 Contribuir para a instituição de um sistema multilateral de pagamentos e promover a 
estabilidade dos câmbios. 
 
 
3.2. Bird 
Como o nome já indica, o Bird destina-se a colaborar na tarefa de reconstrução e 
valorização do território dos países membros. Inicialmente dedicava-se a financiar a 
reconstrução de países arrasados pela guerra, e com advento do plano Marshall, teve seu 
campo transferido para o setor de desenvolvimento, dando ênfase para a luta contra a 
pobreza nos países membros em desenvolvimento, concedendo empréstimos para os países 
que tenham rendas médias com bons antecedentesde crédito. Os recursos do Bird, em sua 
grande parte, são levantados pelas vendas de títulos nos mercados internacionais de capital. 
Importante destacar a diferença entre o Banco Mundial e o Grupo do Banco Mundial. 
O primeiro é formado pelo Bird e pela AID- Associação Internacional de 
Desenvolvimento. A AID proporciona empréstimos a países mais pobres sem a incidência de 
juros. 
Já o Grupo do Banco Mundial é formado pelo Bird, AID e mais IFC- Corporação 
Financeira Internacional, CIADI- Centro Internacional para Arbitragem de Disputas sobre 
Investimento e AMGI- Agência Multilateral de Garantia de Investimentos. 
 
 
 
 
 
JARDIM, Eduardo Marcial Ferreira. Manual de direito financeiro e tributário. 6. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2003. 
PETTER, Lafayete Josúe. Direito Financeiro. 3. ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2008. 
CAMPOS, Dejalma de. Direito Financeiro e orçamentário. 4 ed. São Paulo; Atlas, 2006. 
 
 
Material Complementar 
 
 
 
 
 
 
 
 
HARADA, Kiyoshi. Direito financeiro e tributário. 18. ed. São Paulo: Atlas, 2009. 
OLIVEIRA, Régis Fernandes de. Curso de direito financeiro. 2. ed. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2008. 
 
CREPALDI, Silvio Aparecido; CREPALDI, Guilherme Simões. Direito Financeiro. Rio de 
Janeiro: Forense, 2009. 
NASCIMENTO, Edson Ronaldo; DEBUS, Ivo. Lei complementar 101/2002 – entendendo 
a lei de responsabilidade fiscal. 2. ed. Brasília: Ministério da Fazenda. 2002. 
Constituição Federal de 1988. 
 
 
Referências 
 
 
 
 
 
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Anotações

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