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DISSERTACAO FINAL Viviane_Abrantes_Jardim

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Universidade do Estado do Rio de Janeiro 
Centro Biomédico 
Faculdade de Ciências Médicas 
 
 
 
 
Viviane Abrantes Jardim 
 
 
 
 
 
 
Composição corporal em pacientes com doença inflamatória 
intestinal: antropometria versus bioimpedância 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2013 
Viviane Abrantes Jardim 
 
 
 
 
 
Composição corporal em pacientes com doença inflamatória intestinal: 
antropometria versus bioimpedância 
 
 
 
 
Dissertação apresentada, como requisito 
parcial para a obtenção do título de Mestre, 
ao Programa de Pós-graduação em 
Fisiopatologia Clínica e Experimental da 
Universidade do Estado do Rio de Janeiro. 
 
 
 
 
 
 
Orientador: Prof. Dr. Ruy Garcia Marques 
Coorientadora: Prof.ª Dra. Cristina Fajardo Diestel 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2013
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CATALOGAÇÃO NA FONTE 
UERJ/REDE SIRIUS/BIBLIOTECA CB-A 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Autorizo apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial 
desta dissertação desde que citada a fonte. 
 
 
 
_____________________________________________ _____________________ 
Assinatura Data 
 
 
 
 
 
J37 Jardim, Viviane Abrantes. 
 Composição corporal em pacientes com doença inflamatória 
intestinal: antropometria versus bioimpedância / Viviane Abrantes 
Jardim. - 2013. 
 84 f. 
 
 Orientador: Ruy Garcia Marques. 
 Coorientadora: Cristina Fajardo Diestel. 
 Dissertação (Mestrado) – Universidade do Estado do Rio de 
Janeiro, Faculdade de Ciências Médicas. Pós-graduação em 
Fisiopatologia Clínica e Experimental. 
 
 1. Intestinos - Doenças inflamatórias - Teses. 2. Doença de 
Crohn. 3. Proctocolite. 4. Composição corporal - Teses. 5. 
Antropometria - Teses. 6. Impedância elétrica - Uso diagnóstico. I. 
Marques, Ruy Garcia. II. Diestel, Cristina Fajardo. III. Universidade 
do Estado do Rio de Janeiro. Faculdade de Ciências Médicas. IV. 
Título. 
 
 CDU 616.34 
Viviane Abrantes Jardim 
 
Composição corporal em pacientes com doença inflamatória intestinal: 
antropometria versus bioimpedância 
 
Dissertação apresentada, como requisito 
parcial para a obtenção do título de Mestre, 
ao Programa de Pós-graduação em 
Fisiopatologia Clínica e Experimental da 
Universidade do Estado do Rio de Janeiro. 
 
Aprovada em 25 de março de 2013. 
Orientador: Ruy Garcia Marques 
Faculdade de Ciências Médicas – UERJ 
 
Coorientadora: Cristina Fajardo Diestel 
Hospital Universitário Pedro Ernesto – UERJ 
 
Banca Examinadora 
 
 
_____________________________________________ 
 Prof.ª Dra. Márcia Regina Simas Torres Klein 
 Instituto de Nutrição - UERJ 
 
 
_____________________________________________ 
 Prof. Dr. Gustavo Casimiro Lopes 
 Laboratório de Atividade Física e Promoção da Saúde – UERJ 
 
 
_____________________________________________ 
 Prof.ª Dra. Cyrla Zaltman 
 Universidade Federal do Rio de Janeiro 
 
 
 
 
 
 
2013 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aos meus pais, Lucia e Paulo (sempre presente em meu coração), e à minha 
irmã, Gabriela, pelo exemplo, apoio e incentivo durante toda a minha 
formação. 
 
Ao meu marido, Jeferson, pelo amor, paciência e companheirismo em 
todos os momentos. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Ao meu orientador, Ruy Garcia Marques, pelos ensinamentos transmitidos e 
pela oportunidade de realizar este trabalho. 
A minha coorientadora, Cristina Fajardo Diestel, exemplo de profissional 
competente e dedicada, pela orientação em todas as etapas deste estudo e pelos 
inúmeros ensinamentos transmitidos, não somente durante esta jornada, mas 
também ao longo da minha formação profissional. 
À nutricionista Márcia Regina Simas Torres Klein, pelo imenso auxílio e pelos 
conhecimentos técnicos fundamentais para a realização deste estudo. 
Ao professor José Firmino Nogueira Neto e toda a equipe do Laboratório de 
Lípides (LabLip) da UERJ, pelo profissionalismo na avaliação laboratorial de todos 
os participantes desta pesquisa. 
Ao professor Gustavo Casimiro Lopes e toda a sua equipe do Laboratório de 
Cineantropometria do Instituto de Educação Física da UERJ, pela dedicação e 
comprometimento na avaliação antropométrica de todos os indivíduos participantes 
deste projeto. 
À Dra. Ana Teresa Pugas Carvalho, por permitir o contato da nossa equipe 
com os pacientes atendidos, sob sua supervisão, no ambulatório de Doença 
Inflamatória Intestinal do Hospital Universitário Pedro Ernesto. 
À nutricionista e amiga Beatriz Peixoto Ramos, pelo auxílio em todas as 
etapas da coleta de dados, e por dividir comigo as angústias, reclamações e as 
risadas durante a realização deste trabalho. 
A toda a minha família, especialmente à minha mãe e a minha irmã, pelo 
amor incondicional e apoio durante toda a minha vida. 
Ao meu marido, Jeferson, pelo companheirismo, incentivo e compreensão 
pelas horas de convívio subtraídas, e pela paciência em ouvir minhas incansáveis 
reclamações ao longo desta pesquisa. 
Às queridas amigas, Helena Aguiar e Raquel Zimermann pela amizade 
incondicional, apesar da distância, e por torcerem pelas minhas conquistas. 
A todos os pacientes que participaram desta pesquisa, por acreditarem e 
confiarem em nossa equipe. 
 
E a todos aqueles que me cercaram com palavras de incentivo durante os 
momentos difíceis, e que contribuíram, de alguma maneira, para que este trabalho 
pudesse ser realizado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
JARDIM, Viviane Abrantes. Composição corporal em pacientes com doença 
inflamatória intestinal: antropometria versus bioimpedância. 2013. 84 f. 
Dissertação (Mestrado em Fisiopatologia Clínica e Experimental). Universidade do 
Estado do Rio de Janeiro, 2013. 
 
A Doença Inflamatória Intestinal (DII) é uma desordem caracterizada pela 
inflamação difusa do trato gastrointestinal. Os dois principais tipos de DII são a 
Retocolite Ulcerativa (RCU) e a Doença de Crohn (DC) e ambas cursam com 
alterações no estado nutricional (EN). O objetivo deste estudo foi comparar a 
composição corporal, obtida por meio de diferentes métodos, em pacientes com DC 
e RCU em atendimento ambulatorial, avaliando possíveis diferenças nos grupos de 
doentes entre si e quando comparados a indivíduos saudáveis. Foi realizado um 
estudo transversal incluindo 101 pacientes com DII, sendo 50 com DC (GDC) e 51 
com RCU (GRCU), além de 35 indivíduos saudáveis (GCON), selecionados no 
Ambulatório do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da Universidade do 
Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Informações sócio-demográficas e pessoais, 
como prática de exercício físico, tabagismo, doenças pregressas e procedimentos 
cirúrgicos prévios foram coletadas. A avaliação antropométrica consistiu de: peso; 
altura; circunferências do braço, da cintura e do quadril; circunferência muscular do 
braço (CMB) e pregas cutâneas do tríceps, bíceps, peitoral, axilar, subescapular, 
suprailíaca, supraespinhal, abdominal, perna e coxa. O percentual de gordura 
corporal (% GC) foi estimado a partir de equações que utilizam o somatório de 
pregas cutâneas e por meio de bioimpedância elétrica (BIA). Para estimar o 
percentual de gordura subcutânea foi utilizado o somatório de dez dobras. As 
variáveis laboratoriais analisadas foram: hemograma completo, proteínas totais, 
albumina, globulina, velocidade de hemossedimentação e proteína C reativa. As 
análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o software STATA versão 10.0. A 
classificação do EN, por meio do índice de massa corporal(IMC), evidenciou baixa 
prevalência de desnutrição nos três grupos avaliados. Ao analisar diretamente as 
medidas antropométricas de peso e IMC, observou-se que os pacientes com DC 
apresentaram valores significativamente menores do que os indivíduos do grupo 
controle. A avaliação da CMB mostrou que os pacientes do GDC e GRCU 
apresentaram depleção de massa magra em comparação aos indivíduos do GCON, 
porém sem apresentar diferenças entre os dois grupos de pacientes com DII. Em 
relação ao %GC obtido por BIA não foram verificadas diferenças entre os três 
grupos de estudo. Ao se verificar o %GC com a utilização das fórmulas de Peterson, 
Durnin & Womersley e Jackson & Pollock (que utiliza o somatório de três dobras) 
observou-se que os pacientes com DC apresentaram tecido adiposo 
significativamente depletado em relação aos indivíduos do GCON e do GRCU. Ao 
compararmos os %GC obtidos por diferentes métodos de estimativa, observou-se 
que as equações de Jackson & Pollock (que utilizam o somatório de três e sete 
dobras) apresentaram resultados significativamente menores quando comparados 
aos das equações de Peterson e Durnin & Womersley, nos dois grupos de 
pacientes. Os níveis séricos de proteínas totais e albumina, e a contagem total de 
hemácias foram menores nos indivíduos com DC quando comparados aos 
indivíduos do grupo controle e/ou aos indivíduos do grupo com RCU. Os pacientes 
com DC apresentaram comprometimento importante do EN em comparação aos 
pacientes com RCU e, notadamente, em relação aos indivíduos saudáveis. 
 
Palavras-chave: Doença inflamatória intestinal. Composição corporal. Estado 
nutricional. Antropometria. Bioimpedância elétrica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
Inflammatory Bowel Disease (IBD) is a disorder characterized by diffuse 
inflammation of the gastrointestinal tract. The two main types of IBD are ulcerative 
colitis (UC) and Crohn's disease (CD), both coursing with changes in nutritional 
status (NS). The objective of this study was to investigate the existence of 
associations between body composition measured by electrical bioimpedance (BIA) 
and by the equations used for the estimate of fat percent in patients with CD and UC 
on ambulatory treatment and when compared to healthy individuals. A cross-
sectional study was conducted on 101 patients with IBD, 50 of them with CD (GCD) 
and 51 with UC (GUC), and on 35 healthy subjects (GCON), selected at the 
Ambulatory of Pedro Ernesto University Hospital (HUPE) of the Rio de Janeiro State 
University (UERJ). Sociodemographic information such as practice of physical 
activity, smoking habit, previous diseases and surgical procedures was collected. 
Anthropometric evaluation consisted of weight; height; arm, waist and hip 
circumferences; arm muscle circumference (AMC), and the following skin folds: 
triceps, biceps, pectoral, axillary, subscapular, suprailiac, supraspinal, abdominal, 
leg, and thigh. Percent body fat (%BF) was estimated using equations based on the 
sum of skin folds and by BIA. Percent subcutaneous fat was estimated as the sum of 
ten folds. The laboratory variables analyzed, included: complete blood count, total 
protein, albumin, globulin, erythrocyte sedimentation rate, and C-reactive protein. 
Data were analyzed statistically using the STATA software, version 10.0. 
Classification of NS based on body mass index (BMI) revealed a low prevalence of 
malnutrition in the groups evaluated. Direct analysis of weight and BMI 
measurements revealed that patients with CD had significantly lower values than 
GCON individuals. The evaluation of AMC showed that GCD and GUC patients had 
depleted lean mass compared to GCON individuals, with no difference between the 
two groups of patients with IBD. No differences in %BF determined by BIA were 
detected among the three study groups. When %BF was determined using the 
formulas of Peterson, Durnin & Womersley and Jackson & Pollock (which use the 
sum of three folds), patients with CD were found to have significantly depleted 
adipose tissue compared to GCON and GUC individuals. Comparison of %BF values 
obtained by different estimate methods showed that the equations of Jackson & 
Pollock (which use the sum of three and seven folds) yielded significantly lower 
results than the equations of Peterson and Durnin & Womersley for the two patient 
groups. Seric levels of total protein and albumin, as well as red blood cell count and 
relative count of lymphocytes were lower in the individuals with CD than the 
individuals of the control group and/or the patients with UC. Patients with CD showed 
significant involvement of NS compared to patients with UC and especially compared 
to healthy individuals. 
 
Keywords: Inflammatory bowel disease. Body composition. Nutritional status. 
Anthropometry. Electrical bioimpedance. 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
 
Tabela 1 – Características dos participantes do estudo................................... 33 
Tabela 2 – Características específicas dos pacientes com doença de Crohn. 34 
Tabela 3 – Valores médios das variáveis antropométricas e de 
bioimpedância elétrica................................................................... 
 
36 
Tabela 4 – Comparação entre os métodos de avaliação da composição 
corporal.......................................................................................... 
 
37 
Tabela 5 – Correlação entre o percentual de gordura corporal obtido por 
diferentes métodos........................................................................ 
Tabela 6 – Valores médios das variáveis laboratoriais..................................... 
 
38 
39 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
AMB 
ANCOVA 
ANOVA 
BIA 
CB 
CC 
CCR 
CMB 
CQ 
DC 
DEXA 
DII 
EDTA 
EN 
GCON 
GDC 
GRCU 
GC 
%GC 
HUPE 
IL-1 
IL-6 
IMC 
LabLip 
MM 
%MM 
PCAb 
PCAx 
PCB 
PCC 
PCPt 
Área muscular do braço 
Análise de covariância 
Análise de variância 
Bioimpedância elétrica 
Circunferência do braço 
Circunferência da cintura 
Câncer colorretal 
Circunferência muscular do braço 
Circunferência do quadril 
Doença de Crohn 
Absorciometria com raios X de dupla energia 
Doença Inflamatória Intestinal 
Ácido etilenodiamino tetra-acético 
Estado nutricional 
Grupo controle 
Grupo com Doença de Crohn 
Grupo com Retocolite Ulcerativa 
Gordura corporal 
Percentual de gordura corporal 
Hospital Universitário Pedro Ernesto 
Interleucina 1 
Interleucina 6 
Índice de massa corporal 
Laboratório de Lípides 
Massa magra 
Percentual de massa magra 
Prega cutânea abdominal 
Prega cutânea axilar média 
Prega cutânea do bíceps 
Prega cutânea da coxa 
Prega cutânea peitoral 
PCPr 
PCR 
PCSE 
PCSEsp 
PCSI 
PCT 
RCU 
Soma 10D 
TGI 
TNF-α 
UERJ 
VHS 
 
Prega cutânea da perna 
Proteína C-reativa 
Prega cutânea subescapular 
Prega cutânea supra-espinhal 
Prega cutânea supra-ilíaca 
Prega cutânea triciptal 
Retocolite ulcerativa 
Somatório das dez dobras cutâneas 
Trato gastrointestinal 
Fator de necrose tumoral alfa 
Universidade do Estado do Rio de Janeiro 
Velocidade de hemossedimentação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 INTRODUÇÃO.................................................................................. 15 
1 OBJETIVO ....................................................................................... 22 
1.1 Objetivo geral ................................................................................. 22 
1.2 Objetivos específicos .................................................................... 22 
2 MÉTODO ......................................................................................... 23 
2.1 Critérios de inclusão ......................................................................24 
2.2 Critérios de exclusão ..................................................................... 24 
2.3 Coleta de dados ............................................................................. 24 
2.4 Avaliação laboratorial..................................................................... 
2.5 Avaliação antropométrica ............................................................. 
25 
26 
2.5.1 Peso, altura e índice de massa corporal .......................................... 27 
2.5.2 Circunferências da cintura e do quadril............................................ 27 
2.5.3 Circunferência do braço e circunferência muscular do braço .......... 27 
2.5.4 Pregas cutâneas............................................................................... 28 
2.6 Gordura corporal ............................................................................ 29 
2.7 Cálculo do tamanho da amostra.................................................... 31 
2.8 Análise estatística........................................................................... 32 
3 RESULTADOS ................................................................................ 33 
4 DISCUSSÃO .................................................................................... 40 
5 CONCLUSÃO .................................................................................. 50 
 REFERÊNCIAS ............................................................................... 51 
 APÊNDICE A - Características da população estudada.................. 59 
 APÊNDICE B - Variáveis antropométricas....................................... 
 APÊNDICE C - Variáveis antropométricas (continuação)................ 
 APÊNDICE D - Variáveis da análise de composição corporal por 
BIA.................................................................................................... 
 APÊNDICE E - Variáveis laboratoriais.............................................. 
 APÊNDICE F - Variáveis laboratoriais (continuação)....................... 
63 
66 
 
69 
72 
75 
 ANEXO A - Termo de consentimento livre e esclarecido para os 
pacientes com DII............................................................................. 
 
78 
 
 ANEXO B – Termo de consentimento livre e esclarecido para o 
grupo controle.................................................................................. 
 ANEXO C – Protocolo de avaliação clínica para os pacientes 
com DII............................................................................................. 
 ANEXO D – Protocolo de avaliação clínica para o grupo controle.. 
 ANEXO E – Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa............... 
 
 
 
 
 
79 
 
80 
83 
84 
 
 
 
 
 
 
15 
 
INTRODUÇÃO 
 
A doença inflamatória intestinal (DII) é uma condição inflamatória crônica do 
trato gastrointestinal (TGI) que se manifesta como Retocolite Ulcerativa (RCU) e 
Doença de Crohn (DC)(1). Cerca de 20% dos pacientes exibem um quadro clínico 
que se situa entre as duas doenças, sendo então utilizado o termo “colite não 
classificada”(2). 
A etiologia da DII permanece desconhecida, porém é consenso que resulte da 
interação entre agentes genéticos, imunológicos, ambientais (possivelmente 
microbiológicos)(3), alimentares (com baixa ingestão de fibras e consumo elevado de 
açúcar e gordura animal)(4) e relativos a alterações na permeabilidade da barreira do 
epitélio intestinal(3). 
A RCU é uma doença intestinal exclusiva do intestino grosso, caracterizada 
pelo surgimento de lesões inflamatórias limitadas à camada mucosa, estendendo-se 
em direção proximal, afetando parte ou todo o órgão, de forma uniforme e contínua, 
com nítida demarcação entre a mucosa envolvida e a mucosa intacta. Apresenta 
também grande incidência de envolvimento do reto, sendo em determinados casos 
restrita a essa localização(5;6). 
A DC é uma doença intestinal capaz de acometer qualquer parte do TGI, 
desde a boca até o ânus, embora as partes mais comumente envolvidas sejam o 
intestino delgado distal e o cólon. O processo inflamatório é transmural, estendendo-
se através da parede intestinal, da mucosa até a serosa, apresentando 
acometimento segmentar, com áreas descontínuas normais no meio do intestino 
acometido(7). Ela pode ser definida pela sua localização (íleo terminal, cólon, 
ileocolônica, trato gastrointestinal superior) ou pelo padrão da doença (ulcerativo, 
penetrante ou estenosante). Ao contrário da RCU, que quase sempre afeta o reto, 
esse segmento em geral é preservado na DC, que, além disso, pode apresentar 
envolvimento exclusivo do canal anal(8). 
A evolução das DIIs depende da extensão, localização e atividade da lesão 
inflamatória e, de uma forma geral, a severidade dos sintomas relaciona-se à 
gravidade da doença. Nos pacientes com RCU o sintoma predominante é a diarreia 
que, comumente, está associada a sangue nas fezes. Urgência e incontinência fecal 
podem limitar a capacidade do paciente em suas funções sociais. Outros sintomas 
incluem febre e dor, que pode ocorrer no quadrante inferior ou no reto. Na DC, os 
16 
 
sintomas predominantes são diarreia, anorexia, perda de peso e dor abdominal. No 
entanto, o volume de diarreia e a hematoquesia são habitualmente menores em 
comparação aos indivíduos com RCU(9). 
No que concerne aos aspectos clínicos, tanto a DC como a RCU cursam com 
períodos de exacerbação e remissão(8). O espectro de gravidade da doença e o 
impacto nutricional são amplos, em parte relacionados ao local, natureza e extensão 
do comprometimento intestinal(10). 
Apesar de envolver principalmente o intestino, a DII também está associada a 
manifestações em outros sistemas do organismo. Cerca de 50% a 60% dos 
pacientes com DII sofrem de manifestações extra-intestinais e aproximadamente 
25% têm mais de uma dessas manifestações(11). O envolvimento de ossos e 
articulações, pele, olhos, fígado e vias biliares é mais comum, mas o sistema de 
coagulação sanguínea, os pulmões, os rins e o sistema nervoso também podem ser 
afetados(12). A DII apresenta, também, importante associação com o 
desenvolvimento de câncer colorretal (CCR), que pode ser responsável por 10% a 
15% das mortes entre esses pacientes(13). 
As DIIs acometem pacientes jovens, economicamente ativos e apresentam 
alta morbidade. Isso representa grande custo econômico para os indivíduos e para a 
saúde pública devido ao uso prolongado de medicamentos, necessidade de 
inúmeros e complexos exames diagnósticos, frequentes internações hospitalares e, 
muitas vezes, realização de procedimentos cirúrgicos(14). Alguns estudos 
populacionais sugerem que o pico de idade para a ocorrência de DC é de 20 a 30 
anos, e para RCU entre 30 e 40 anos, podendo ocorrer um segundo pico entre 60 e 
70 anos para ambas as doenças. Em relação ao sexo, a RCU é ligeiramente mais 
frequente em homens (60%), enquanto a DC ocorre de 20% a 30% mais 
frequentemente em mulheres, especialmente em áreas de alta incidência(15). 
O aumento da incidência das DIIs tem sido associado com maior grau de 
industrialização e à ocidentalização no estilo de vida, incluindo hábitos alimentares e 
tabagismo(16). No Brasil, são poucos os estudos epidemiológicos que permitem 
conhecer a incidência e a prevalência das DIIs. A maioria deles apenas descreve as 
características clínicas da doença e a frequência de internação hospitalar devido a 
DII, sem referência para a incidência e prevalência destas doenças em termos 
populacionais. Dados recentes mostram que as internações devido a DII se 
tornaram mais frequentes com predominância de DC em comparação com RCU(17). 
17 
 
 O diagnóstico das DIIs é fundamentado em critérios clínicos, laboratoriais,endoscópicos, radiológicos e histológicos, sendo que nenhum deles, sozinho, é 
suficiente para estabelecer um diagnóstico preciso. Diversas técnicas estão 
atualmente disponíveis para auxiliar o diagnóstico correto dessas enfermidades, 
como, por exemplo, endoscopia, enteroscopia por tomografia ou por ressonância 
magnética, colonoscopia e trânsito de intestino delgado, porém, cada uma delas 
apresenta uma indicação específica, observando-se as suas limitações(11). 
O tratamento na DII visa promover a qualidade de vida para os pacientes, 
reduzindo os sinais e sintomas da doença com o mínimo de efeitos colaterais 
possíveis, além de prevenir o desenvolvimento de neoplasias colorretais(18;19). Os 
objetivos incluem induzir e manter o paciente em remissão, prevenir a recidiva, curar 
fístulas e evitar procedimentos cirúrgicos em caráter de emergência, ao invés de 
reverter o mecanismo patogênico subjacente(20;21). 
Corticosteróides, aminosalicilatos e agentes imunossupressores, tais como a 
azatioprina, são utilizados rotineiramente. Outras drogas, como o metronidazol e 
antibióticos de largo espectro, são úteis em alguns casos, enquanto a colestiramina, 
o cromoglicato de sódio, sais de bismuto e arsênico, e óleo de peixe fornecem 
terapias alternativas. Uma nova abordagem para o tratamento das DIIs utilizando 
preparações de anticorpos monoclonais humanizados produziu resultados 
encorajadores e pode, eventualmente, fornecer uma boa alternativa aos tratamentos 
tradicionais, haja vista que pode modificar as vias inflamatórias afetadas(20). 
A progressão da lesão anatômica pode levar ao desenvolvimento de 
complicações que são inacessíveis à terapia medicamentosa e requerem tratamento 
cirúrgico. Na DC, as principais indicações envolvem obstruções, abcessos, 
hemorragias e fístulas. Na RCU, os procedimentos cirúrgicos são importantes 
principalmente nos casos de megacólon tóxico, perfurações e hemorragia 
incontrolável. Em ambas as doenças, as indicações incluem também a 
intratabilidade clínica e a transformação neoplásica(22). 
A DII está frequentemente associada ao baixo peso e à desnutrição, 
especialmente nos pacientes com DC(23-25). A patogênese da desnutrição é 
multifatorial(26;27), podendo estar relacionada à diminuição na ingestão de nutrientes, 
ao processo inflamatório, à diarreia, às múltiplas ressecções e ao supercrescimento 
bacteriano(24;25;28-30), ao aumento do gasto energético(26;31) e, por fim, às terapias 
farmacológicas(28;32). 
18 
 
Pacientes com DII apresentam diferenças importantes em relação ao estado 
nutricional (EN)(23;25;33-35). A maioria dos estudos em pacientes com DC mostrou que 
o IMC apresenta-se diminuído(33;36-38), mas alguns autores mostram que não existe 
diferença significativa quando comparado aos indivíduos saudáveis(34;39;40). O baixo 
peso dos pacientes parece estar relacionado ao déficit de tecido adiposo, em 
detrimento da preservação de massa magra(33;41;42), mas alguns autores relataram 
existência de déficit de massa magra nesses pacientes(34;43), sendo 
significativamente maior em pacientes com DC do que com RCU(34). 
A perda de tecido adiposo pode trazer consequências importantes, uma vez 
que esse tecido é responsável pelo controle da temperatura corporal, 
armazenamento energético, transporte de vitaminas lipossolúveis e secreção de 
proteínas e peptídeos bioativos com ação local e a distância(44). Os déficits de massa 
magra, entretanto, apresentam maior gravidade e estão associados ao aumento da 
morbidade, à perda de força muscular, à alteração do metabolismo energético e às 
alterações da barreira intestinal, levando ao aumento da susceptibilidade a 
infecções(45). 
Embora a perda de peso seja um problema conhecido, particularmente na 
doença ativa, o ganho de peso excessivo pode ocorrer, mascarando possíveis 
deficiências nutricionais, sendo esses pacientes erroneamente considerados 
saudáveis(46). Entretanto, essa alteração no peso pode preceder o diagnóstico de 
DII, haja vista que o excesso de peso é considerado atualmente um problema de 
saúde pública mundial, resultante do consumo de alimentos industrializados, do 
sedentarismo e da mudança de status socioeconômico, ou consequente ao 
tratamento da própria doença(47). 
A terapia com corticosteróides, amplamente utilizada no tratamento das DIIs, 
pode estimular o aumento da ingestão alimentar, além de reduzir a massa muscular 
e o gasto energético, com consequente aumento de peso(34). Os efeitos catabólicos 
dos esteróides na composição corporal e no metabolismo energético incluem 
desmineralização óssea, retardo no crescimento, aumento da deposição de gordura 
e resistência à insulina(48). Tais fatores ganham grande importância diante do 
conhecimento atual sobre o tecido adiposo e seu papel no processo inflamatório(46). 
Um aumento da prevalência de obesidade em pacientes com DII foi descrita 
recentemente. Os números variam entre 15% e 20% em alguns estudos, com mais 
de 40% dos pacientes com excesso de peso(49). Embora não haja evidência de que 
19 
 
a obesidade altera o curso da doença, há dados na literatura sugerindo que 
pacientes com DC e sobrepeso requerem tratamento medicamentoso mais 
agressivo e intervenção cirúrgica mais precoce(50). Já os pacientes com DC obesos, 
apresentam taxas de complicações pós-operatórias maiores quando comparados 
aos pacientes não obesos(51). 
O peso corporal e o IMC são medidas antropométricas básicas e importantes, 
amplamente empregadas na prática clínica para a avaliação do EN. Apesar da 
facilidade de mensuração, o peso e o IMC não permitem a distinção entre massa 
gorda, massa magra e fluidos, sendo, portanto, considerados medidas globais de 
todos os compartimentos corporais. Dessa forma, a determinação da composição 
corporal pode refletir mais detalhadamente o EN desses pacientes, que pode ser 
influenciado por diversos fatores, como hormônios, medicações, ingestão alimentar 
e também pelo próprio processo fisiopatológico de uma doença crônica(34). Portanto, 
a avaliação do EN ideal para a melhor abordagem dietética na DII requer medições 
precisas da composição corporal(23). 
Diversos fatores podem influenciar a composição corporal. O efeito das 
citocinas inflamatórias no metabolismo de nutrientes nos pacientes com DC tem sido 
investigado. Fator de necrose tumoral (TNF-α), interleucina 1 (IL-1) e interleucina 6 
(IL-6), que são citocinas pró-inflamatórias, têm demonstrado significativos efeitos 
deletérios no metabolismo proteico(52). Quando os níveis de TNF-α estão 
aumentados, o que ocorre principalmente durante os períodos de atividade da 
doença, a síntese de proteínas para fins nutricionais é afetada pelo desvio de 
aminoácidos para a síntese de proteínas inflamatórias(53). 
Outro fator relacionado à alteração na composição corporal são as 
ressecções intestinais, principalmente nos pacientes com DC. Pacientes submetidos 
a esses procedimentos frequentemente apresentam menor peso corporal e menor 
IMC quando comparados a indivíduos saudáveis. Essa diferença é resultado 
principalmente da má absorção de nutrientes devido à reduzida superfície de 
absorção, embora uma ingestão alimentar reduzida devido à anorexia ou dor 
abdominal, além de restrição na ingestão de lipídios para diminuir a diarreia, possam 
também contribuir em alguns pacientes(42). Permanece incerto se os estoques de 
tecido adiposo ou massa magra estão reduzidos em pacientes submetidos a 
ressecções intestinais. Alguns autores mostraram que a massa magra está mais 
20 
 
reduzida do que a gordura corporal(43;54), embora outros estudos tenham mostrado 
uma redução predominante na massa gorda(42;55;56). 
A variedade de resultados e conclusões de estudos anteriores sobre o EN de 
pacientes com DC e RCU, provavelmente, é consequência da heterogeneidade das 
populações estudadas. Além disso, os métodos de avaliação nutricional diferem 
quantoà precisão, complexidade, disponibilidade e custo(25). 
A avaliação nutricional é o primeiro passo para o sucesso do manejo 
nutricional(25). Existem diversos métodos para avaliar o EN incluindo história 
nutricional, exames físicos, parâmetros laboratoriais objetivos e critérios clínicos(57). 
Recentemente, testes mais complexos, como os de análise de composição corporal 
também vêm sendo amplamente utilizados(58). No entanto, até o momento, não 
existe um padrão ouro para a avaliação do EN desses pacientes. A avaliação 
nutricional inclui, portanto, a combinação de diversos parâmetros nutricionais(25). 
Diversas técnicas estão atualmente disponíveis para a 
avaliação precisa da composição corporal, mas algumas estão associadas com a 
exposição dos indivíduos à radiação, como a tomografia computadorizada e 
absorciometria com raios X de dupla energia (DEXA), ou são desagradáveis para o 
paciente, assim como a pesagem hidrostática. Outras são trabalhosas e requerem 
acesso a equipamentos e técnicas avançadas, como a avaliação tecidual de 
minerais, principalmente o potássio, o que implica em alto custo e que, por isso, não 
são habitualmente utilizadas na prática clínica e ambulatorial(59). 
Apesar dos avanços tecnológicos, a antropometria continua mantendo sua 
devida importância na avaliação do EN(60). As dobras cutâneas são habitualmente 
utilizadas para a determinação do percentual de gordura corporal (%GC), por 
constituírem método de baixo custo operacional, não invasivo e relativamente 
simples(61). Porém, sua realização requer treinamento prolongado para que se 
obtenham resultados confiáveis, pois a dificuldade de padronização dos avaliadores 
em relação aos pontos de medidas, assim como, dos procedimentos adotados para 
a realização das mesmas podem limitar a utilização do método(62). 
Existem na literatura diversas equações que utilizam as medidas de dobras 
cutâneas e outras medidas antropométricas, como circunferências, para 
determinação da composição corporal(63). Contudo, a validade dessas equações é 
restrita à população da qual elas foram derivadas. Diante da grande variabilidade 
dos compartimentos corporais entre as populações, é possível que as estimativas de 
21 
 
gordura corporal (GC), obtidas com as fórmulas disponíveis, apresentem erros(61). 
Assim, a validade e acurácia dessas equações precisam ser cuidadosamente 
avaliadas(59). 
Da mesma forma, as análises laboratoriais, associadas ao exame clínico e à 
antropometria, também apresentam grande utilidade para o diagnóstico nutricional, 
contribuindo na informação da quantidade e da qualidade de determinados 
nutrientes e funções que poderiam estar prejudicados por situações de deficiência 
ou excesso no organismo(60). 
Embora seja um método seguro, não invasivo e rápido, a utilização da 
Bioimpedância Elétrica (BIA) é limitada pelo custo do equipamento e pela 
necessidade de preparo específico(64). As medidas antropométricas, tais como 
dobras cutâneas e circunferências, podem indicar o EN e o padrão de gordura 
corporal(65). Quando comparadas à BIA, apresentam a vantagem do uso de 
equipamentos de fácil aquisição e baixo custo, facilitando a sua utilização em nível 
ambulatorial(61). 
Sabe-se que pacientes com DII apresentam diferenças importantes em 
relação ao EN. Entretanto, poucos autores avaliaram, ao mesmo tempo, pacientes 
com DC e RCU, e os estudos disponíveis na literatura médica especializada ainda 
apresentam muitas contradições. Existem poucos estudos publicados considerando 
o EN em pacientes com RCU e DC utilizando ampla variedade de parâmetros 
antropométricos e bioquímicos(23-25;36). 
Deste modo, a avaliação detalhada do EN e da composição corporal de 
pacientes com DII, utilizando diferentes métodos, como a antropometria e BIA, tem 
grande importância durante os períodos de atividade de doença, assim como na sua 
remissão clínica. Essa avaliação contribuiria para o tratamento e controle dessas 
doenças, possibilitando aos profissionais de saúde um atendimento nutricional 
adequado e fornecendo diretrizes objetivas para o suporte nutricional necessário. 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
1 OBJETIVO 
 
1.1 Objetivo geral 
 
Comparar a composição corporal, obtida com a utilização de diferentes 
métodos, em pacientes com DC e RCU em atendimento ambulatorial, avaliando 
possíveis diferenças nos grupos de doentes entre si, e quando comparados a 
indivíduos saudáveis. 
 
1.2 Objetivos específicos 
 
 Realizar avaliação da composição corporal com a utilização de BIA, avaliação 
antropométrica e bioquímica, em pacientes com DC, RCU e em indivíduos 
saudáveis. 
 Comparar a composição corporal entre os três grupos de indivíduos – DC, 
RCU e saudáveis –, após ajustes para fatores que podem interferir na mesma, como 
uso atual de corticosteróides, prática de atividade física, atividade de doença, idade 
e sexo. 
 Investigar a existência de associações entre a composição corporal 
mensurada pelo uso de BIA e as equações utilizadas para a estimativa de 
percentual de gordura. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
2 MÉTODO 
 
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital 
Universitário Pedro Ernesto (2234-CEP/HUPE). Todos os participantes assinaram o 
termo de consentimento livre e esclarecido, após a explicação detalhada sobre os 
objetivos e métodos do estudo, e antes de qualquer procedimento. Os pacientes que 
participaram da pesquisa não sofreram qualquer risco relativo à coleta de dados. O 
tratamento efetuado não foi diferente para os pacientes que não concordaram em 
participar do estudo e todos os procedimentos seguiram rigorosamente a legislação 
existente para a pesquisa com seres humanos. 
Foi realizado um estudo transversal, incluindo 101 pacientes, de ambos os 
sexos, selecionados no ambulatório de Gastroenterologia especializado em Doenças 
Inflamatórias Intestinais (DII) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da 
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), no período compreendido entre 
julho de 2008 e janeiro de 2010. Dentre os pacientes selecionados, 50 possuíam 
diagnóstico de DC e 51 de RCU. A abordagem inicial desses pacientes foi realizada 
por meio de contato telefônico, no qual eram convidados a participar do estudo, 
mediante prévio esclarecimento das suas características. 
No período compreendido entre março de 2010 e janeiro de 2011, foram 
incluídos no estudo 35 indivíduos saudáveis para a composição do grupo controle, 
selecionados no ambulatório geral de Gastroenterologia do mesmo hospital. Neste 
ambulatório, são acompanhados pacientes com sintomas simples de desconforto do 
TGI, com alterações que não comprometem o estado nutricional (EN) do indivíduo, 
e, por isso, considerados saudáveis. 
Os indivíduos que, pelo contato telefônico, foram considerados elegíveis para 
o estudo e aceitaram dele participar, tiveram sua visita agendada ao setor de 
Nutrição do HUPE. Durante o contato telefônico, todas as orientações relacionadas 
ao preparo para a avaliação da composição corporal e para a coleta de sangue, bem 
como a indicação de vestimenta adequada para a avaliação antropométrica, foram 
passadas. 
Ao comparecer à visita programada, os pacientes realizaram todas as etapas da 
pesquisa, que consistiram em: preenchimento de questionário com informações 
pessoais e relacionadas à doença (somente para os pacientes com DC e RCU), 
avaliação laboratorial, avaliação da composição corporal e avaliação antropométrica. 
24 
 
2.1 Critérios de inclusão 
 
Os pacientes incluídos no estudo preenchiam os seguintes critérios: idade 
entre 18 e 65 anos; diagnóstico de DC ou RCU, fundamentado em critérios clínicos, 
endoscópicos, radiológicos, laboratoriais e histológicos, definidos e registrados em 
prontuário médico; e preenchimento e assinatura do termo de consentimento livre e 
esclarecido. 
Os indivíduossaudáveis pertencentes ao grupo controle deveriam atender 
aos seguintes critérios: idade entre 18 e 65 anos; ausência de alteração na ingestão 
alimentar nos últimos seis meses; e preenchimento e assinatura do termo de 
consentimento livre e esclarecido. 
 
2.2 Critérios de exclusão 
 
Foram excluídos do estudo: indivíduos com outras doenças comprovadamente 
relacionadas com alterações ou comprometimento do EN, como câncer, síndrome 
da imunodeficiência adquirida, enfermidades hepáticas e disfunções renais ou 
endócrinas; indivíduos com sinais de edema ou desidratação; e gestantes ou 
lactantes. 
 
2.3 Coleta de dados 
 
Todos os indivíduos participantes da pesquisa responderam a um 
questionário com informações sócio-demográficas e pessoais, como prática de 
exercício físico, tabagismo, doenças pregressas e procedimentos cirúrgicos prévios. 
As demais informações necessárias para a realização do presente estudo foram 
coletadas com base nos dados previamente documentados nos prontuários médicos 
desses pacientes. 
Foi considerado praticante de exercício físico o indivíduo que realizava 
regularmente qualquer exercício aeróbico ou de força, no mínimo três vezes por 
semana, e foram considerados tabagistas aqueles que mantivessem consumo de 
tabaco diário ou que houvessem fumado por mais de dez anos, em algum período 
da vida, desconsiderando-se a quantidade consumida diariamente. 
25 
 
No grupo de pacientes (RCU e DC), informações referentes às principais 
características de cada uma das doenças estudadas foram colhidas do prontuário 
médico, com o objetivo de detalhar suas manifestações, a topografia da doença, sua 
forma predominante, além de verificar o tempo de diagnóstico, o tratamento 
medicamentoso utilizado, procedimentos cirúrgicos realizados e a sintomatologia 
atual de cada paciente. 
Nessa ocasião, os pacientes também foram classificados segundo a presença 
de atividade de doença ou remissão clínica, com base nos critérios de Harvey e 
Bradshaw(66) para DC e de Truelove e Witts(67) para RCU. 
 
2.4 Avaliação laboratorial 
 
As amostras de sangue foram coletadas por profissionais capacitados e 
armazenadas em tubos específicos (contendo ou não ácido etilenodiamino tetra-
acético – EDTA), sendo imediatamente enviadas ao laboratório. Todas as análises 
foram realizadas no Laboratório de Lípides (LabLip) da Faculdade de Ciências 
Médicas da UERJ. 
Os seguintes parâmetros foram avaliados: hemograma completo, proteínas 
totais, albumina, globulina, velocidade de hemossedimentação (VHS) e proteína C-
reativa (PCR), segundo os métodos, aparelhos e kits descritos abaixo: 
 
 Hemograma 
Equipamento: Contador Hematológico Automatizado KX-21N Sysmex® 
Kit: Cellpack – marca Sysmex 
Stromatolyzer WH – marca Sysmex 
Controle utilizado: Eightcheck-3WP X-TRA 
Determinações: hemácias, hemoglobina, hematócrito, plaquetas e 
leucócitos. 
 
Proteínas totais 
 Método: Biureto 
 Equipamento: Analisador Automático A15 marca BioSystems 
 Kit: BioSystems 
 Unidade: g/dl 
26 
 
Albumina 
 Método: Verde de Bromocresol 
 Equipamento: Analisador Automático A15 marca BioSystems 
 Kit: BioSystems 
 Unidade: g/dl 
 
Globulina 
 A determinação foi realizada por meio de cálculo, segundo a equação: 
 Globulina = Proteínas totais – albumina. 
 Unidade: g/dl 
 
Velocidade de hemossedimentação 
 Método: Wintrobe. 
 Unidade: mm/h 
 
Proteína C-reativa 
 Método: Turbidimetria 
 Equipamento: Analisador Automático A15 marca BioSystems 
 Kit: BioSystems 
 Unidade: mg/l 
 
2.5 Avaliação antropométrica 
 
A avaliação antropométrica consistiu das seguintes medidas: peso corporal 
(quilogramas); estatura (centímetros); circunferências do braço relaxado (CB), da 
cintura (CC) e do quadril (CQ) (centímetros); circunferência muscular do braço 
(CMB) e as pregas cutâneas do tríceps (PCT), bíceps (PCB), peitoral (PCPt), axilar 
média (PCAx), subescapular (PCSE), supra-ilíaca (PCSI), supraespinhal (PCSEsp), 
abdominal (PCAb), perna (PCPr) e da coxa (PCC) (milímetros). 
Todas as mensurações foram realizadas no Laboratório de Cineantropometria 
do Instituto de Educação Física da UERJ, por profissionais treinados e capacitados 
e, de cada variável, foram realizadas três medidas, utilizando-se para análise a 
média entre os três valores obtidos. 
 
27 
 
2.5.1 Peso, estatura e IMC 
 
O peso foi aferido em balança antropométrica da marca Filizola®, com 
precisão de 100 g, estando os pacientes em jejum, sem sapatos e vestindo roupas 
leves. 
A estatura foi aferida com a utilização de estadiômetro com haste móvel da 
mesma balança, com precisão de 0,5 cm. O paciente foi posicionado descalço, com 
o peso igualmente distribuído entre os pés, com o dorso reto, membros superiores 
estendidos ao longo do corpo e calcanhares juntos, tocando a haste vertical do 
estadiômetro. 
O IMC foi calculado dividindo-se o peso (kg) pela altura ao quadrado 
(m2)(68). 
Para a classificação do EN a partir do IMC, foram utilizados os padrões 
propostos pela Organização Mundial de Saúde(68). 
 
2.5.2 Circunferências da cintura e do quadril 
 
As circunferências da cintura (CC) e do quadril (CQ) foram mensuradas 
estando os pacientes em pé e com o auxílio de uma fita métrica inextensível. A CC 
foi determinada no ponto médio entre a última costela e a crista ilíaca, mantendo-se 
a fita paralela ao chão, sem comprimir a pele, ao final de uma expiração normal, com 
o abdome relaxado(68). A CQ foi medida na maior circunferência na extensão 
posterior das nádegas. 
 
2.5.3 Circunferência do Braço e Circunferência Muscular do Braço 
 
 A circunferência do braço (CB) foi mensurada no ponto médio entre o acrômio 
e o olécrano, com auxílio de fita graduada flexível e inextensível, com o paciente em 
pé e com o membro superior direito relaxado na lateral do corpo, com a palma da 
mão voltada para coxa. 
 
A CMB foi obtida de forma indireta, utilizando-se os dados da CB e PCT: 
(CMB = CB – 0,314 x PCT). 
 
28 
 
2.5.4 Pregas cutâneas 
 
 As pregas cutâneas foram determinadas com a utilização de um plicômetro 
tipo Lange Skinfold Caliper. Todas as mensurações foram realizadas no lado direito 
do corpo, sendo o local identificado e marcado com caneta apropriada. O 
pinçamento da dobra cutânea foi feito com a mão esquerda e com os dedos polegar 
e indicador, cerca de 1 cm acima do local marcado. As hastes do plicômetro foram 
colocadas perpendicularmente à dobra, aproximadamente 1 cm abaixo do local 
pinçado, e em seguida, soltas lentamente. As dobras foram mantidas pressionadas 
durante a realização das medidas e no momento da leitura(69). 
 
Prega cutânea triciptal (PCT) – foi mensurada na face posterior do braço direito, 
paralelo ao eixo longitudinal, no ponto que compreende a distância média entre o 
acrômio e o processo do olécrano da ulna(70). 
 
Prega cutânea do bíceps (PCB) – foi aferida no ponto médio na face anterior do 
braço, entre o processo acromial da clavícula e o processo do olécrano da ulna(70). 
 
Prega cutânea peitoral (PCPt) – foi avaliada no primeiro terço (proximal) da linha 
formada entre a axila anterior e o mamilo para ambos os sexos, com o plicômetro no 
sentido perpendicular ao braço(71). 
 
Prega cutânea axilar média (PCAx) – foi mensurada no ponto de interseção entre a 
linha axilar média e uma linha imaginária transversal na altura do apêndice xifóide do 
esterno. A medida foi realizada verticalmente ao eixo longitudinal, com o membro 
superior do avaliado para trás ou para frente, para facilitar a obtenção e leitura da 
medida(72). 
 
Prega cutânea subescapular (PCSE) – foi aferida obliquamente em relação ao eixo 
longitudinal, seguindo a orientação dos arcos costais, sendo localizada 2 cm abaixo 
do ângulo inferior da escápula(70). 
Prega cutânea supra-ilíaca (PCSI) – foi determinada obliquamente em relaçãoao 
eixo longitudinal, na metade da distância entre o último arco costal e a crista ilíaca, 
29 
 
sobre a linha axilar média, sendo necessário que o avaliado afastasse o membro 
superior para trás para permitir boa execução e leitura da medida(71). 
 
Prega cutânea supra-espinhal (PCSEsp) – foi avaliada 5 a 7 cm acima da espinha 
ilíaca anterior, sobre uma linha que vai da borda axilar anterior para baixo e para a 
região medial a 45 graus(70). 
 
Prega cutânea abdominal (PCAb) – foi aferida a aproximadamente 2 cm à direita da 
cicatriz umbilical, paralelamente ao eixo longitudinal do corpo(70). 
 
Prega cutânea da perna (PCPr) – foi determinada no ponto medial da perna, no 
maior perímetro da panturrilha, estando o avaliado sentado, com a articulação do 
joelho em flexão de 90 graus, o tornozelo em posição anatômica e o pé com ou sem 
apoio(70). 
 
Prega cutânea da coxa (PCC) – foi mensurada verticalmente no ponto médio entre a 
prega inguinal e a borda superior da patela, estando o avaliado em pé e com a perna 
relaxada(70). 
 
2.6 Gordura corporal (GC) 
 
O percentual de GC (%GC) foi estimado a partir de equações de predição que 
utilizam o somatório de pregas cutâneas e por Bioimpedância elétrica (BIA). Foram 
utilizadas as equações propostas por Durnin & Wormersley(73), Jackson & Pollock(74), 
Jackson e cols(75) e Peterson(65). 
 
Durnin & Wormersley (1974) propuseram a estimativa do %GC a partir da 
aferição de quatro dobras cutâneas: bíceps, tríceps, subescapular e supra-ilíaca. 
Desenvolveram este método avaliando homens e mulheres, com idade entre 16 e 72 
anos, sendo que os indivíduos eram, em sua maioria, sedentários. Ao final das 
análises foi gerada uma tabela de consulta, contendo ampla faixa do somatório das 
quatro dobras com o equivalente %GC, de acordo com idade e sexo(73). 
Jackson & Pollock (1978) e Jackson e cols (1980) desenvolveram equações 
de estimativa do %GC, utilizando sete ou três dobras cutâneas. Utilizaram no 
30 
 
estabelecimento destes modelos homens com idade entre 18 e 61 anos e mulheres 
com idade entre 18 e 55 anos, os quais variaram, consideravelmente, quanto à 
estrutura e composição corporal, além da prática de atividade física. Para a 
determinação do %GC utilizando o somatório de três dobras, foram utilizadas as 
medidas das pregas peitoral, abdominal e da coxa para os homens, e do tríceps, 
supra-ilíaca e da coxa para as mulheres. Foi gerada uma tabela de consulta 
contendo ampla faixa do somatório das três dobras com o equivalente %GC, de 
acordo com idade e sexo(74;75). Para a determinação do %GC utilizando o somatório 
de sete dobras, foram utilizadas as medidas das pregas subescapular, axilar média, 
triciptal, coxa, supra-ilíaca, abdominal e peitoral, para ambos os sexos, em conjunto 
com dados referentes à idade, por meio das seguintes equações: 
 
Homens(74): 
Densidade Corporal = 1,11200000 - [0,00043499 (ST) + 0,00000055 (ST)²] - 
[0,00028826 (idade)] 
 
Mulheres(75): 
Densidade Corporal = 1,0970 - [0,00046971 (ST) + 0,00000056 (ST)²] - 
[0,00012828 (idade)] 
 
ST= soma das pregas cutâneas subescapular, axilar média, tríceps, coxa, supra-ilíaca, 
abdominal e peitoral. 
 
%GC= [(4,95/Densidade Corporal) - 4,50] x100 
 
Na determinação do %GC, segundo Peterson (2003), foram, ainda, utilizadas 
fórmulas validadas com um modelo de quatro compartimentos corporais, onde 
também foram incluídos indivíduos obesos. Para estimar o percentual de gordura 
utilizou-se o somatório das pregas do tríceps, subescapular, supra-ilíaca e da coxa, 
juntamente com dados referentes à idade e altura, por meio das seguintes 
equações(65): 
 
 
 
31 
 
Homens: 
%GC = 20,94878 + (idade x 0,1166) – (altura x 0,11666) + (soma 4 x 0,42696) 
– (soma 42 x 0,00159) 
 
Mulheres: 
%GC = 22,18945 + (idade x 0,06368) + (IMC x 0,60404) - (altura x 0,14520) + 
(soma 4 x 0,30919) - (soma 42 x 0,00099562) 
 
Soma 4 = soma das pregas cutâneas do tríceps, subescapular, supra-ilíaca e da coxa. Altura 
em centímetros. 
 
Para a estimativa da quantidade de gordura subcutânea foi utilizado o 
somatório das dez dobras (PCT, PCB, PCPt, PCAx, PCSE, PCSI, PCSEsp, PCAb, 
PCPr e PCC). 
 
Na realização de BIA, utilizou-se o modelo tetrapolar, empregando-se o 
equipamento Biodynamics modelo 450®, de acordo com as recomendações da 
European Society of Parenteral and Enteral Nutrition (ESPEN)(76). O protocolo de 
preparo foi o seguinte: 
• 12 horas de jejum* 
* Foi considerado este período de jejum a fim de garantir condições adequadas 
para as análises bioquímicas, além da avaliação da composição corporal pela 
bioimpedância elétrica. 
• 48 horas sem ingestão de bebida alcoólica 
• 12 horas sem prática de atividade física 
• 24 horas sem ingestão de café, chás, mate, chocolate ou bebidas à base 
de cola 
• mulheres deveriam estar obrigatoriamente fora do período menstrual 
 
2.7 Cálculo do tamanho da amostra 
 
O tamanho da amostra foi calculado com base no estudo realizado por 
Geerling e cols(23), no qual foram observados valores significativamente mais baixos 
de IMC no grupo de pacientes com RCU (diagnóstico há menos de cinco anos) em 
32 
 
comparação com o grupo controle (22,7 ± 2,4 vs. 24,7 ± 3,4 p < 0,01). Foram 
considerados erro tipo I de 0,05, erro tipo II de 0,20 e grupo de pacientes com 
tamanho três vezes superior ao grupo de controles. Nestas condições, o tamanho 
mínimo da amostra deveria ser de 19 participantes no grupo controle e de 57 nos 
grupos de pacientes (DC + RCU). 
 
2.8 Análise estatística 
 
As variáveis contínuas foram expressas como média e desvio padrão. A 
apresentação das variáveis categóricas foi realizada com o seu número absoluto e 
frequência relativa. As variáveis que não apresentaram distribuição normal (PCR-US 
e CMB), cuja verificação foi realizada pelo teste de Shapiro-Wilk, foram 
transformadas em logaritmo (LOG). 
A comparação das características gerais dos três grupos de estudo (idade, 
sexo, exercício físico e tabagismo) foi realizada por meio de análise de variância 
(ANOVA), entre variáveis contínuas, e pelo teste de Kruskal-Wallis, para variáveis 
categóricas. As características específicas das DII (atividade de doença, uso de 
corticóide e tempo de diagnóstico) foram comparadas somente entre os pacientes 
com DC e RCU, por meio do teste t de Student, para variáveis contínuas, e pelo 
teste de Mann-Whitney, para variáveis categóricas. 
A ANOVA também foi utilizada para realizar as comparações entre as outras 
variáveis contínuas dos três grupos de estudo, seguida pelo pós-teste de Bonferroni, 
para comparações entre os grupos (dois a dois). A análise de covariância 
(ANCOVA) foi utilizada com o objetivo de realizar ajustes para fatores de 
confundimento (sexo, idade, exercício físico, atividade da doença e uso de 
corticóide). 
Para avaliar o grau de associação entre as estimativas do %GC obtidas pela 
mensuração das pregas cutâneas e a obtida por BIA foi utilizado o coeficiente de 
correlação de Pearson. 
As análises estatísticas foram realizadas com a utilização do software STATA 
versão 10.0. (StataCorp, College Station, TX, USA). O nível de significância adotado 
foi p< 0,05. 
 
 
33 
 
3 RESULTADOS 
 
 
Foram avaliados 136 indivíduos, sendo 50 pacientes com DC (GDC), 51 
pacientes com RCU (GRCU) e 35 indivíduos saudáveis (GCON). As características 
dos participantes do estudo podem ser observadas na Tabela 1. 
Não foram observadas diferenças significativas entre os três grupos em 
relação à idade, sexo, prática de exercício físico e tabagismo. As características 
relacionadas à presença de DII foram comparadas apenas entre os pacientes com 
DC e RCU, não havendo diferenças significativas entre os dois grupos em relação à 
atividade da doença, uso de corticóide e tempo de diagnóstico (Tabela 1). 
 
 
Tabela 1. Características dos participantes do estudo.Característica GCON 
(n = 35) 
 GDC 
(n = 50) 
GRCU 
(n=51) 
 
p
 
Idade (anos) 40,89 ± 14,02 42,08 ± 11,98 46,39±11,67 0,09 0,09† 
Sexo (feminino/masculino) 22/13 24/26 33/18 0,30† 
Exercício físico (n; %) 10 (3,5%) 11 (5,5%) 10 (5,1%) 0,77† 
Tabagismo (n; %) 7 (20%) 18 (36%) 16 (32%) 0,45† 
Atividade doença (n; %) - 14 (28%) 11(22%) 0,46††
Uso corticoide (n; %) - 9 (18%) 5 (10%) 0,48†† 
Tempo de diagnóstico (anos) - 10,10±7,80 7,87±5,20 0,09†† 
Os valores são expressos como média ± desvio padrão da média. 
GCON = Grupo controle; GDC = Grupo de pacientes com Doença de Crohn; GRCU = Grupo de pacientes com 
Retocolite ulcerativa. 
† = Valor p referente à comparação entre os três grupos estudados por ANOVA (variáveis contínuas) ou Kruskal 
– Wallis (variáveis categóricas). 
†† = Valor p referente à comparação entre os dois grupos de pacientes (GDC vs. GRCU) por teste t de Student 
(variáveis contínuas) ou Mann– Whitney (variáveis categóricas). 
 
 
A Tabela 2 apresenta as principais características relacionadas ao padrão da 
doença observadas nos pacientes com DC. Verificou-se que, em relação à 
localização da doença, a maior parte dos pacientes (46%; n=23) apresentava 
acometimento da região íleocolônica, e as formas predominantes da doença 
observadas foram as do tipo ulcerativa (28%; n=14) e a do tipo fistulizante e 
estenosante (28%; n=14). Observou-se que 22% (n=11) dos pacientes com DC 
haviam sido submetidos a algum tipo de ressecção cirúrgica, sendo o cólon (46%; 
n= 5) a região mais abordada. 
 
34 
 
Tabela 2. Características específicas dos pacientes com doença de Crohn. 
Característica (n; %) 
 
Localização da 
Doença 
(n = 50) 
Ileal 
Íleocolônica 
Colite 
Delgado 
Outros 
8 (16%) 
23 (46%) 
11 (22%) 
5 (10%) 
3 (6%) 
 
Forma 
predominante 
da Doença 
(n = 50) 
 
 
Fistulizante 
Estenosante 
Fistulizante/ 
estenosante 
Ulcerativa 
 
 11 (22%) 
11 (22%) 
 
14 (28%) 
14 (28%) 
 
Ressecção 
intestinal prévia 
(n = 50) 
 
 
 
Sim 
Não 
 
 
11 (22%) 
39 (78%) 
Localização da 
ressecção 
(n = 11) 
Delgado 
Íleo colônica 
Colón 
3 (27%) 
3 (27%) 
5 (46%) 
 
 
 
Com a utilização do IMC, verificou-se, globalmente, o EN dos participantes do 
estudo. No GCON, 3% (n=1) dos indivíduos eram desnutridos, 43% (n=15) eram 
eutróficos e 54% (n= 19) tinham sobrepeso. Entre os pacientes com DC, 8% (n=4) 
apresentavam-se desnutridos, 58% (n=29) eutróficos e 34% (n=17) encontravam-se 
com sobrepeso; já entre os pacientes com RCU, 2% (n= 1) eram desnutridos, 49% 
(n=25) eram eutróficos e 49% (n=25) apresentavam sobrepeso. 
Na Tabela 3 são observados os valores médios das variáveis antropométricas 
e de bioimpedância elétrica, e o resultado das comparações das variáveis entre os 
três grupos de indivíduos. Verificou-se que os pacientes com DC apresentaram peso 
e IMC significativamente menores do que os indivíduos do GCON (p<0,008 e 
p<0,004, respectivamente). Essa diferença não foi observada em relação aos 
pacientes com RCU. 
A CMB foi significativamente menor nos pacientes com DC e RCU quando 
comparados aos indivíduos do GCON (p<0,0001 e p<0,03, respectivamente), porém 
sem apresentar diferenças entre os dois grupos de pacientes (p>0,053). Já o 
somatório das dez dobras cutâneas mostrou-se significativamente menor entre os 
pacientes do GDC quando comparados aos indivíduos do GCON (p<0,01). 
Com relação aos percentuais de gordura estimados a partir da aferição de 
dobras cutâneas, observou-se que as equações de Peterson, Durnin & Womersley e 
35 
 
Jackson & Pollock (que utilizam o somatório de três dobras) apresentaram valores 
significativamente menores nos pacientes com DC quando comparados aos 
pacientes com RCU (p<0,048; p<0,035; e p<0,045, respectivamente) e aos 
indivíduos saudáveis (p<0,019; p<0,044; e p<0,012, respectivamente). 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
 
 
Tabela 3. Valores médios das variáveis antropométricas e de bioimpedância elétrica. 
 
 GCON vs. GDC 
vs. GRCU 
GCON vs. GDC GCON vs. GRCU GDC vs. GRCU 
GCON GDC GRCU Variáveis 
(n= 35) (n= 50) (n= 51) 
 
 p
†
 
 
 p
‡
 
 
p* 
 
p** 
 
p* 
 
p** 
 
p* 
 
p** 
Estatura (cm) 162,06 ± 10,48 164,13 ± 10,07 162,05 ± 10,47 0,340 0,970 0,986 0,919 1,000 0,941 0,467 0,807 
Peso corporal (kg) 69,28 ± 12,15 64,37 ± 14,09 68,23 ± 14,99 0,216 0,026 0,340 0,008 1,000 0,541 0,500 0,051 
IMC (kg/m2) 26,44 ± 4,57 23,92 ± 4,89 26,09 ± 4,68 0,024 0,017 0,049 0,004 1,000 0,369 0,069 0,058 
CC (cm) 81,17 ± 9,09 79,11 ± 10,71 83,94 ± 12,09 0,090 0,027 1,000 0,033 0,744 0,730 0,088 0,015 
CQ (cm) 99,92 ± 8,32 94,15 ± 8,57 98,57 ± 9,88 0,009 0,012 0,014 0,003 1,000 0,360 0,049 0,053 
CB (cm) 30,93 ± 4,18 27,89 ± 3,69 29,89 ± 4,09 0,002 0,000 0,002 0,000 0,708 0,130 0,040 0,006 
PCT (mm) 20,49 ± 8,43 20,42 ± 7,66 24,45 ± 8,09 0,039 0,145 0,262 0,145 1,000 0,559 0,041 0,051 
CMB (cm) 23,55 ± 4,20 21,48 ± 3,59 22,21 ± 3,91 0,057 0,005 0,052 0,0001 0,353 0,030 1,000 0,053 
Somatório 10D 228,8 ± 71,78 178,3 ± 66,87 209,9 ± 53,74 0,005 0,013 0,006 0,010 1,000 0,187 0,047 0,058 
%MM (BIA) 72,38 ± 9,67 73,73 ± 9,53 70,17 ± 7,39 0,133 0,677 1,000 0,486 0,812 0,698 0,139 0,378 
%GC (BIA) 27,45 ± 9,80 26,25 ± 9,54 29,82 ± 7,39 0,131 0,700 1,000 0,0720 1,000 0,729 0,112 0,1580 
%GC (Peterson) 35,62 ± 8,26 30,91 ± 9,19 35,46 ± 6,01 0,005 0,020 0,023 0,019 1,000 0,258 0,013 0,048 
%GC (Pollock 3D) 26,9 ± 9,87 22,0 ± 8,64 26,3 ± 7,76 0,017 0,019 0,039 0,012 1,000 0,306 0,049 0,045 
%GC (Pollock 7D) 28,2 ± 9,23 23,4 ± 8,49 27,6 ± 6,80 0,011 0,017 0,027 0,012 1,000 0,229 0,035 0,064 
%GC (Durnin) 34,5 ± 9,68 30,9 ± 9,18 35,7 ± 6,62 0,018 0,042 0,185 0,044 1,000 0,802 0,017 0,035 
Os valores são expressos como média ± desvio padrão da média. 
GCON = Grupo controle; GDC = Grupo de pacientes com doença de Crohn; GRCU = Grupo de pacientes com retocolite ulcerativa; 
IMC = Índice de massa corporal; CC = Circunferência da cintura; CQ = Circunferência do quadril; CB = Circunferência do braço; PCT = Prega cutânea triciptal; CMB = Circunferência muscular do braço; 
Somatório 10D = somatório das pregas cutâneas do tríceps, bíceps, peitoral, axilar média, subescapular, supra-ilíaca, supraespinhal, abdominal, perna medial e da coxa; %MM (BIA) = Percentual de massa 
magra pela Bioimpedância elétrica; % GC (BIA) = Percentual de gordura corporal pela Bioimpedância elétrica; % GC (Peterson) = Percentual de gordura corporal avaliado pela fórmula de Peterson (2003); % 
GC (Pollock 3D) = Percentual de gordura corporal avaliado pelas fórmulas de Jackson & Pollock (1978) e Jackson e cols (1980); % GC (Pollock 7D) = Percentual de gordura corporal avaliado pelas fórmulas de 
Jackson & Pollock (1978) e Jackson e cols (1980); % GC (Durnin) = Percentual de gordura corporal avaliado pela fórmula de Durnin & Wormersley (1974). 
† = Valor p referente à comparação entre os três grupos estudados por ANOVA; 
‡ = Valor p referente à comparação entre os três grupos estudados por ANCOVA, ajustando para sexo, idade, atividade de doença, uso atual de corticóide e prática de exercício físico; 
* = Valor p referente ao pós-teste ANOVA (Bonferroni); 
** = Valor p referente à ANCOVA, ajustando para sexo, idade, atividade de doença, uso atual de corticóide e prática de exercício físico. 
37 
 
A Tabela 4 apresenta os resultados das comparações entre os diferentes 
métodos de avaliação da composição corporal. Observou-se que as equações de 
Jackson & Pollock (que utilizam o somatório de três e sete dobras) apresentaram 
valores significativamente menores quando comparados aos das equações de 
Peterson (p<0,001) e Durnin & Womersley (p<0,001), nos dois grupos de pacientes. 
O %GC estimado pela BIA mostrou-se significativamente menor do que o 
encontrado pela equação de Peterson nos pacientes do GDC (p<0,05) e menor do 
que as equações de Peterson e Durnin & Womersley nos pacientes do GRCU 
(p<0,001 e p<0,001, respectivamente) e GCON (p<0,01 e p<0,05, respectivamente).Tabela 4. Comparação entre os métodos de avaliação da composição corporal. 
 
Métodos GCON (n = 35) 
p* 
GDC (n = 50) 
p* 
GRCU (n=51) 
p* 
 Peterson vs Pollock 3D <0,01 <0,001 <0,001 
Peterson vs Pollock 7D <0,05 <0,001 <0,001 
Peterson vs Durnin >0,05 >0,05 >0,05 
Peterson vs BIA <0,01 <0,05 <0,001 
Pollock 3D vs Pollock 7D >0,05 >0,05 >0,05 
Pollock 3D vs Durnin <0,01 <0,001 <0,001 
Pollock 3D vs BIA >0,05 >0,05 >0,05 
Pollock 7D vs Durnin >0,05 <0,001 <0,001 
Pollock 7D vs BIA >0,05 >0,05 >0,05 
Durnin vs BIA <0,05 >0,05 <0,001 
GCON = Grupo controle; GDC = Grupo de pacientes com Doença de Crohn; GRCU = Grupo de pacientes com 
Retocolite ulcerativa. 
Peterson = Percentual de gordura corporal avaliado pela fórmula de Peterson (2003); Pollock 3D = Percentual de 
gordura corporal avaliado pelas fórmulas de Jackson & Pollock (1978) e Jackson e cols (1980); Pollock 7D = 
Percentual de gordura corporal avaliado pelas fórmulas de Jackson & Pollock (1978) e Jackson e cols (1980); 
Durnin = Percentual de gordura corporal avaliado pela fórmula de Durnin & Wormersley (1974); BIA = Percentual 
de gordura corporal pela Bioimpedância elétrica; 
* = Valor p referente ao pós-teste ANOVA (Bonferroni). 
 
 
 
Na Tabela 5 são observadas as correlações entre o percentual de gordura 
corporal obtido por diferentes métodos. Verificou-se que houve forte correlação entre 
as diferentes equações de estimativa de gordura corporal e a BIA. 
 
 
 
 
 
 
38 
 
Tabela 5. Correlação entre o percentual de gordura corporal obtido por diferentes 
métodos. 
 
Métodos GCON (n = 35) GDC (n = 50) GRCU (n = 51) 
 r* p r* p r* p 
Pollock 3D x Pollock 7D 0,97 < 0,001 0,95 < 0,001 0,94 < 0,001 
Pollock 3D x Durnin 0,95 < 0,001 0,91 < 0,001 0,87 < 0,001 
Pollock 3Dx Peterson 0,91 < 0,001 0,94 < 0,001 0,90 < 0,001 
Pollock 3D x BIA 0,84 < 0,001 0,86 < 0,001 0,72 < 0,001 
Pollock 7Dx Durnin 0,96 < 0,001 0,96 < 0,001 0,91 < 0,001 
Pollock 7Dx Peterson 0,94 < 0,001 0,96 < 0,001 0,93 < 0,001 
Pollock 7D x BIA 0,87 < 0,001 0,86 < 0,001 0,76 < 0,001 
Peterson x Durnin 0,96 < 0,001 0,94 < 0,001 0,92 < 0,001 
Peterson x BIA 0,96 < 0,001 0,89 < 0,001 0,84 < 0,001 
Durnin x BIA 0,91 < 0,001 0,86 < 0,001 0,79 < 0,001 
GCON = Grupo controle; GDC = Grupo de pacientes com Doença de Crohn; GRCU = Grupo de pacientes com Retocolite 
ulcerativa. 
Pollock 3D = Percentual de gordura corporal avaliado pelas fórmulas de Jackson & Pollock (1978) e Jackson e cols 
(1980); Pollock 7D = Percentual de gordura corporal avaliado pelas fórmulas de Jackson & Pollock (1978) e Jackson e 
cols (1980); Durnin = Percentual de gordura corporal avaliado pela fórmula de Durnin & Wormersley (1974); Peterson = 
Percentual de gordura corporal avaliado pela fórmula de Peterson (2003); BIA = Percentual de gordura corporal pela 
Bioimpedância elétrica. 
* = Valor r referente ao coeficiente de correlação de Pearson. 
 
 
 
 
Os valores médios das variáveis laboratoriais e o resultado das comparações 
das variáveis entre os três grupos de indivíduos podem ser observados na Tabela 6. 
Os pacientes com DC apresentaram menores contagens de hemácias e linfócitos 
quando comparados aos indivíduos do GCON (p<0,038 e p<0,002, respectivamente) 
e GRCU (p<0,004 e p<0,002, respectivamente). Os valores de VHS mostraram-se 
significativamente maiores nos pacientes com DC quando comparados aos 
indivíduos do GCON (p<0,013). O valor de proteínas totais foi significativamente 
menor nos pacientes com DC quando comparado aos com RCU (p<0,008), 
enquanto os valores de albumina foram significativamente menores quando 
comparados aos indivíduos do GCON (p<0,000) e GRCU (p<0,030). 
39 
 
 
 
 
Tabela 6. Valores médios das variáveis laboratoriais. 
 
 GCON vs. GDC 
vs. GRCU 
GCON vs. GDC GCON vs. GRCU GDC vs. GRCU 
GCON GDC GRCU 
Variáveis 
(n= 35) (n= 50) (n= 51) 
p† p‡ P* p** p* p** p* p** 
Hemácias (milhões/mcl) 4,78 ± 1,23 4,41 ± 0,53 4,49 ± 0,45 0,086 0,060 0,092 0,038 0,266 0,274 1,000 0,004 
Hemoglobina (g/dl) 13,62 ± 1,90 13,06 ± 1,65 12,89 ±1,43 0,123 0,185 0,388 0,075 0,135 0,204 1,000 0,911 
Hematócrito (%) 39,76 ± 4,31 38,99 ± 4,44 39,03 ± 3,74 0,658 0,366 1,000 0,098 1,000 0,883 1,000 0,393 
Leucócitos (mil/ µl) 6,59 ± 1,92 6,44 ± 2,30 6,26 ± 2,07 0,772 0,203 1,000 0,088 1,000 0,176 1,000 0,655 
Linfócitos (%) 31,36 ± 9,02 23,03 ± 9,37 29,91 ± 8,87 0,000 0,001 0,000 0,002 1,000 0,970 0,001 0,002 
Neutrófilos (%) 59,46 ± 10,31 66,42 ± 10,56 60,34 ± 10,15 0,003 0,016 0,001 0,027 1,000 0,779 0,012 0,013 
VHS (mm) 17,88 ± 12,92 23,85 ± 13,09 23,76 ± 15,36 0,099 0,124 0,163 0,013 0,168 0,465 1,000 0,253 
PCR (mg/dl) 0,41 ± 0,39 0,85 ± 1,05 0,59 ± 0,82 0,335 0,275 0,429 0,277 1,000 0,793 1,000 0,194 
Proteínas totais (g/dl) 7,20 ± 0,50 6,88 ± 0,78 7,27 ± 0,62 0,008 0,015 0,083 0,064 1,000 0,383 0,010 0,008 
Albumina (g/dl) 4,14 ± 0,36 3,75 ± 0,39 3,94 ± 0,42 0,000 0,002 0,000 0,000 0,071 0,246 0,048 0,030 
Globulina (g/dl) 3,07 ± 0,41 3,132 ± 0,51 3,33 ± 0,49 0,027 0,061 1,000 0,797 0,043 0,046 0,111 0,040 
Os valores são expressos como média ± desvio padrão da média. 
GCON = Grupo controle; GDC = Grupo de pacientes com doença de Crohn; GRCU = Grupos de pacientes com retocolite ulcerativa; 
VHS = velocidade de hemossedimentação; PCR = proteína C reativa; 
†
 = Valor p referente à comparação entre os três grupos estudados por ANOVA; 
‡
 = Valor p referente à comparação entre os três grupos estudados por ANCOVA, ajustando para sexo, idade, atividade de doença, uso atual de corticóide e prática de exercício físico; 
* = Valor p referente ao pós-teste ANOVA (Bonferroni); 
** = Valor p referente à ANCOVA, ajustando para sexo, idade, atividade de doença, uso atual de corticóide e prática de exercício físico. 
 
 
 
 
 
40 
 
4 DISCUSSÃO 
 
A desnutrição tem sido frequentemente relatada em pacientes com DII, 
particularmente naqueles com DC ativa(41;77;78). A etiologia dessa desnutrição é 
multifatorial e o estado nutricional (EN) é resultado de um complexo processo 
fisiopatológico que inclui baixa ingestão alimentar devido a dor pós-prandial, diarreia 
ou anorexia, má absorção e má digestão devido à atividade de doença, ressecções 
intestinais prévias, assim como perdas proteicas através do intestino e estresse 
metabólico associado à inflamação e terapia com corticóides(79-81). 
A presença de desnutrição, entretanto, não é limitada aos períodos de 
exacerbação da doença. Mais recentemente, pesquisadores têm demonstrado 
alterações nos estoques de tecido adiposo, massa muscular e ossos, mesmo nos 
pacientes em remissão clínica(34;82;83). Enquanto a perda de peso e a baixa 
densidade mineral óssea são bem documentadas na DC, poucos estudos têm 
focado em outros componentes da composição corporal, como a massa magra e os 
estoques de gordura(34;42). A determinação da composição corporal tem grande 
importância na prática clínica e na avaliação de populações, pois pode refletir mais 
detalhadamente o EN desses indivíduos(34), além de permitir a associação da 
gordura corporal com diversas alterações metabólicas(84). 
Existem diversos métodos para a avaliação do EN, mas, até o momento, não 
há um padrão ouro para a avaliação desse grupo de pacientes(25). Dentre as 
técnicas utilizadas para a avaliação da composição corporal destacam-se a 
tomografia computadorizada, ressonância magnética, bioimpedância elétrica, dobras 
cutâneas, DEXA e pesagem hidrostática(85). A escolha do método a ser utilizado 
dependerá de quais compartimentos corporais se pretende determinar e de outros 
aspectos, como custo, validade, aplicabilidade do método e grau de treinamento 
necessário ao avaliador(63). 
Entre os métodos antropométricos, as dobras cutâneas são habitualmente 
utilizadas para a determinação do percentual de gordura corporal, devido ao baixo 
custo operacional e à relativa simplicidade de utilização(61;85). Existem na literatura 
diversas equações que utilizam as medidas de dobras cutâneas e outras medidasantropométricas, como circunferências, para determinação da composição 
corporal(63). 
41 
 
Neste estudo, optou-se pela utilização das equações de Durnin & 
Wormersley(73), Jackson & Pollock(74) e Jackson e cols(75) para a avaliação 
antropométrica do %GC, por serem as equações mais utilizadas no Brasil(61). Essas 
equações foram desenvolvidas e validadas utilizando o modelo de dois 
compartimentos corporais, que divide a composição corporal em massa gorda e 
massa livre de gordura. Com esse modelo, pressupõe-se que o nível de hidratação e 
o conteúdo mineral ósseo são estáveis, não considerando as alterações em função 
da idade, sexo e etnia(86). Como a análise de somente dois compartimentos 
corporais tem sido questionada(87-89), utilizou-se também a equação de Peterson(65), 
que se fundamenta no modelo de quatro compartimentos corporais (gordura, massa 
muscular, água e conteúdo mineral). 
Dessa forma, para a determinação de um diagnóstico nutricional mais 
completo, optou-se pela associação da análise de composição corporal com 
medidas antropométricas e parâmetros laboratoriais, uma vez que estes são 
rotineiramente utilizados no ambiente hospitalar e ambulatorial. Assim, a seleção de 
todos estes métodos levou em consideração, principalmente, o baixo custo e a 
praticidade de suas técnicas, tornando-os, por isso, disponíveis e adequados para o 
uso rotineiro, além de possuírem validação de seus resultados(65;90;91). 
Grande parte dos estudos que avaliaram a composição corporal em pacientes 
com DII utilizaram apenas pacientes com DC, comparando-os a indivíduos 
saudáveis(41;43;50;64;92;93), sendo pequeno o número de pesquisas que compararam, 
ao mesmo tempo, pacientes com DC, RCU e um grupo controle(23;25;33-35). Apesar do 
grande número de investigações, não há, entretanto, consenso acerca das 
alterações envolvendo a composição corporal destes pacientes. Por isso, neste 
estudo se buscou realizar abordagem mais abrangente, comparando, ao mesmo 
tempo, os pacientes com DC e RCU com os indivíduos saudáveis, controlando, 
ainda, o efeito de outros fatores, como sexo, idade, atividade de doença, uso atual 
de corticóide e prática atual de atividade física, que podem influenciar o EN e a 
composição corporal. 
A classificação do EN, por meio do IMC, evidenciou baixa prevalência de 
desnutrição nos três grupos avaliados, encontrando-se 2% no GRCU e, como 
esperado, maior proporção no GDC (8%). Rocha e cols (2009) observaram 
prevalência de desnutrição de 14% entre os pacientes com DC e de 5,7% entre os 
pacientes com RCU(24). Inversamente, Mijac e cols (2010), verificaram prevalência 
42 
 
substancialmente maior de desnutridos (68,4%), porém avaliaram conjuntamente os 
pacientes com DC e RCU, e todos se encontravam na fase ativa da doença(25). Este 
fato pode justificar esse achado, uma vez que na fase ativa esses pacientes 
apresentam sintomas mais exacerbados, como anorexia, dor abdominal e diarreia, 
podendo levar a menor ingestão alimentar e, consequentemente, menor peso 
corporal(29). 
 Ainda em relação ao IMC, observou-se grande prevalência de excesso de 
peso, principalmente no GCON (54%) e no GRCU (49%), mas também entre os 
pacientes com DC (34%). Um aumento da prevalência de obesidade em pacientes 
com DII foi descrita recentemente(49). Dados de Valongueiro e cols (2005) mostraram 
que um terço dos pacientes com DC inativa apresentava sobrepeso, em similaridade 
ao grupo controle(94). Essa alteração no peso pode preceder o diagnóstico de DII, 
haja vista que o excesso de peso é considerado atualmente um problema de saúde 
pública mundial(47). Embora não haja evidência de que a obesidade altera o curso 
clínico da doença, há dados na literatura sugerindo que pacientes com DC e 
sobrepeso requerem tratamento medicamentoso mais agressivo e intervenção 
cirúrgica mais precoce(50). 
Ao serem analisadas diretamente as medidas antropométricas de peso e IMC, 
observou-se que apenas os pacientes com DC apresentaram-se com valores 
inferiores aos indivíduos do GCON, o que também foi observado por outros 
autores(33;43). Isto pode ser explicado, possivelmente, pelas diversas intercorrências 
comumente encontradas durante o curso clínico da DC, como maior acometimento 
do intestino delgado, com prejuízo da função absortiva e perda de nutrientes através 
de fístulas, além de complicações, como abcessos e estenoses(3). Mijac e cols 
(2010) verificaram que tanto os pacientes com DC como os com RCU apresentaram 
peso e IMC significativamente reduzidos em comparação aos indivíduos controles. 
No entanto, essa diferença não foi observada quando os dois grupos de pacientes 
foram comparados, provavelmente porque ambos encontravam-se na fase ativa da 
doença(25). 
Em contraposição, Jahnsen e cols (2003) encontraram valores de peso e IMC 
superiores nos pacientes com RCU, enquanto os mesmos parâmetros 
permaneceram semelhantes entre os pacientes com DC e os indivíduos saudáveis. 
Os autores sugeriram que o elevado IMC dos pacientes com RCU, frente aos 
indivíduos saudáveis, poderia estar relacionado ao seu sedentarismo(34). 
43 
 
Neste estudo, os pacientes que haviam sido submetidos a ressecções 
intestinais prévias não foram separados dos demais na análise dos dados. 
Resultados da literatura mostram que pacientes submetidos a esses procedimentos 
apresentam frequentemente menor peso corporal e IMC do que indivíduos 
saudáveis(95). Haderslev e cols (2003) observaram que o baixo peso encontrado nos 
pacientes submetidos a enterectomias foi predominantemente resultado de 
diminuição significativa na massa gorda, enquanto a redução da massa livre de 
gordura foi relativamente pequena e insignificante(42). 
A CC foi utilizada em função da sua associação com adiposidade visceral e 
desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis. Apesar do excesso de 
peso encontrado na população estudada, em nenhum dos grupos a média de CC foi 
superior aos valores estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde(68), e os 
pacientes com DC apresentaram valores significativamente menores do que o 
GCON e GRCU. Esse resultado não condiz com o elevado percentual de excesso 
de peso encontrado. Entretanto, neste estudo não houve diferenciação entre 
sobrepeso e obesidade, podendo-se especular que o excesso de peso esteja 
predominantemente relacionado com sobrepeso e não, propriamente, com a 
obesidade. 
Os estoques de massa magra têm se mostrado significativamente reduzidos 
nos pacientes com DC, mesmo em remissão clínica(34). Dados preliminares 
documentaram alta prevalência de redução da massa magra em 63% dos pacientes 
com DC comparado a 21% nos controles(96). Ao avaliarmos a circunferência 
muscular do braço (CMB), os pacientes do GDC e GRCU apresentaram tecido 
muscular depletado em comparação aos indivíduos do GCON. Resultados 
semelhantes foram encontrados por Mijac e cols (2010) que avaliaram pacientes 
com DII em atividade. Entretanto, os pacientes com RCU apresentaram depleção 
superior quando comparados aos pacientes com DC. Esses autores sugeriram que 
os dados encontrados poderiam estar relacionados ao fato de que as deficiências 
nutricionais podem se desenvolver mais rapidamente nos pacientes com RCU 
durante períodos de atividade de doença, pois sua agudização é geralmente maior 
nesses pacientes(25). 
A avaliação da CMB também foi realizada por Capristo e cols (1998) e 
Valentini e cols (2008). Entretanto, ao verificarem que este parâmetro possuía boa 
correlação com a massa magra disponibilizada pela BIA, utilizaram apenas esta para 
44 
 
comparações entre os grupos, não mencionando diretamente os resultados de 
CMB(33;35). Rocha e cols (2009) utilizaram a medida da área muscular do braço 
(AMB) para avaliar depleção de massa muscular em pacientes com DII em atividade 
e durante a fase de remissão. Encontraram depleção de massa magra em ambos os 
grupos de pacientes durante

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